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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MARANHÃO - IFMA DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE ENGENHARIA CIVIL SILVIO MANOEL GOMES OLIVEIRA MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS CAUSADAS POR UMIDADE EM RESIDÊNCIAS - UM ESTUDO DE CASO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO LUÍS SÃO LUÍS – MA 2020 SILVIO MANOEL GOMES OLIVEIRA MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS CAUSADAS POR UMIDADE EM RESIDÊNCIAS - UM ESTUDO DE CASO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO LUÍS Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Civil do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil. Orientadora: Prof.ª. Dr.ª Conceição de Maria Pinheiro Correia. SÃO LUÍS – MA 2020 SILVIO MANOEL GOMES OLIVEIRA ESTUDO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS CAUSADAS POR UMIDADE EM RESIDÊNCIAS DA GRANDE SÃO LUIS Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Civil do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil. Aprovada em / /______ BANCA EXAMINADORA Orientadora Prof.ª Dra. Conceição de Maria Pinheiro Correia Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - IFMA Departamento Acadêmico de Construção Civil 1º Examinador Prof. Esp. Elys Regina Rego Sampaio Neves Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - IFMA Departamento Acadêmico de Construção Civil 2º Examinador Prof. Esp. Benedito de Sousa Mota Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - IFMA Departamento Acadêmico de Construção Civil À minha mãe e eterna rainha, Maria de Jesus Mendes Gomes. Que onde quer que você esteja, possa se orgulhar. Dedico o término desta parte de minha caminhada para você e a você. Eu uso o necessário, somente o necessário. O extraordinário é demais. Eu digo: necessário. Somente o necessário. Por isso que essa vida eu vivo em paz. AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer à minha irmã Bruna Thalena por anos de companheirismo e, especialmente, ao meu pai, Silvio Costa, que mesmo nos momentos mais difíceis, sempre me proporcionou plenas condições para que fosse possível focar nos meus estudos e pudesse assim estar concluindo mais esta etapa da minha vida. Espero um dia lhe retribuir tudo que o senhor me proporcionou e proporciona nessa vida. Obrigado e amo vocês, minha família. Gostaria de agradecer às minhas tias, Lourdes e Maria José, por todo o suporte, amor e carinho dado desde sempre, por se tornarem minhas mães quando mais precisei. Obrigado e amo vocês, tias. Gostaria de agradecer aos meus primos quase irmãos, Felipe, Pedro e Sara, por todo o amor e afeto que vocês me proporcionam, que embora não sejamos filhos dos mesmos pais, compartilhamos o mesmo amor um pelo outro. Obrigado e amo vocês, primos. Gostaria de agradecer aos meus tios, Henrique e Zeca, pelos debates filosóficos, pelo auxilio que sempre me prestaram e prestam, por se mostrarem sempre presentes e solícitos e por demonstrarem tamanho amor por mim. Obrigado e amo vocês, tios. Gostaria de agradecer à minha companheira, Teresa Cristina, por todo o auxílio técnico, sendo praticamente minha segunda orientadora, me corrigindo e me ajudando na escrita deste trabalho; mas obrigado, principalmente, por todo o suporte emocional, estando comigo no meu pior momento, me incentivando, me ouvindo, me acalmando, sempre me fazendo melhor. Obrigado e te amo, mozão. Gostaria de agradecer aos meus amigos do galhera, Gabryhel, Igor, Isabella, Jéssica, Tamires, Victor e Yago, por serem meus amigos, por estarem sempre me incentivando, torcendo pelo meu melhor, me dando apoio e suporte, me fazendo sorrir e me dando companhia quando mais precisei. Obrigado e amo vocês, galhera. Gostaria de agradecer à minha amiga, Carol Soares, obrigado por todo suporte e carinho dado durante todos os anos de amizade. Obrigado e te amo, amiga. Gostaria de agradecer aos meus amigos de curso, Juliana, Lauber, Marina, Ronald, pelas noites divertidas de estudo, pelo auxílio ao estudar e por fazer dessa caminhada mais fácil. Obrigado e amo vocês, amigos. Gostaria de agradecer a todos os professores do IFMA que contribuíram para meu crescimento acadêmico e profissional, em especial à minha orientadora Conceição, por todo o auxílio e suporte que me proporcionou durante toda essa jornada, sem vocês nada disso seria possível. Obrigado por tudo, professores. E por último e, necessariamente, mais importante, gostaria de agradecer a minha mãe, Maria de Jesus, que não pôde acompanhar o fim dessa jornada, mas foi a pessoa que sempre me incentivou a estudar, sempre acreditou em mim, sempre me mostrou a importância da educação, a mulher que as vezes não podia me ajudar nas lições da escola, mas passava horas e mais horas ao meu lado, me dando apoio e me incentivando sentada ao meu lado na mesa, me olhando estudar. Espero que onde você esteja você se orgulhe de mim, sei que se estivesse aqui, você seria a mais orgulhosa de todos neste momento. Saiba que essa conquista mais que pra mim, é pra você. Você sempre foi e sempre será o amor da minha vida. Te amo, minha eterna rainha. RESUMO É comum se deparar com prédios não tão antigos que se encontram em estado precário por conta de patologias, muitas delas que poderiam ter sido evitadas ou pelo menos atenuadas caso houvesse um cuidado maior com a impermeabilização. Dessa forma este trabalho busca fazer uma análise de manifestações patológicas relacionadas a incorreta impermeabilização em residências da Grande São Luís, demonstrando as patologias mais recorrentes e fazendo sugestões de soluções mais viáveis para tratá-las. Foi realizada uma revisão bibliográfica sobre patologia, desempenho, vida útil e impermeabilização, abordando também temas como problemas ocasionados pela umidade, histórico da impermeabilização, conceitos importantes para entendimento do conteúdo, principais patologias relacionadas a erros de impermeabilização, vantagens da aplicação correta de um sistema impermeabilizante no início da obra. A metodologia de Lichtenstein (1986) foi utilizada para o estudo de caso, a mesma propõe o levantamento de subsídios, diagnóstico da situação e, após isso, a definição de conduta, sugerindo possíveis tratamentos para cada caso. Neste estudo foi feito o levantamento de subsídios através de visitas realizadas nas residências em diferentes bairros da Grande São Luís. Foram registradas imagens de patologias nos locais. Após analisadas as imagens e os locais constatou- se que as patologias mais recorrentes foram, em ordem de frequência de ocorrência, manchas de infiltração, seguido por mofo e bolor, descascamento, eflorescências e bolhas na pintura. Observou-se também que inúmeros proprietários e empreiteiras são displicentes no que diz respeito a impermeabilização, constatou-se também a importância da impermeabilização no início da obra e da realização de manutenções preventivas como método mais eficaz e menos oneroso a fim de evitar o surgimento de patologias relacionadas a umidade. Palavras chave: patologia, impermeabilização, umidade, são luís. ABSTRACT It is common to find not so old buildings that are in a precarious state due to pathologies,many of those pathologies could have been avoided or at least mitigated if there was a greater care with waterproofing. This paper aims to develop an analysis of pathological manifestations related to bad or lack of waterproofing in homes in the Greater São Luís, it is demonstrating the most recurrent pathologies and making suggestions for more viable solutions to treat those pathologies. A bibliographic review on construction pathologies, performance, lifespan and waterproofing was done. It was also approached issues such as problems caused by humidity, the waterproofing history, important concepts to understand the content of the paper, main pathologies related to the lack or poor performance of waterproofing, the importance and advantages of the application of an efficient waterproofing system at the beginning of the construction process and also the importance of its periodic maintenance. The methodology of Lichtenstein (1986) was used for the case study. It proposes the survey of subsidies, diagnosis of the situation and, after that, the definition of a conduct, suggesting possible treatments for each case. To ratify the teorical discussion of the paper, a survey of subsidies through visits to homes in different neighborhoods in Greater São Luís have been carried out. Images of pathologies were recorded at the locations. After analyzing the images and locations, it was found that the most recurrent pathologies were, in order of occurrence frequency, infiltration stains, followed by mold and mildew, peeling, efflorescence and bubbles in the painting. In this paper, it was found that countless residents and construction workers are careless with regard to waterproofing and its importance. It was also noticed the importance of the waterproofing at the beginning of the construction process and the carrying out of preventive maintenance of it, as the most effective and least costly method for avoid the appearance of pathologies related to moisture and infiltration. Key words: pathology, waterproofing, humidity, São Luís. LISTA DE SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas BS – British Standard NBR – Norma Brasileira Regulamentadora CEB – Comitê Euro-International du Béton CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção a/c – Fator água/cimento ISO – International Organization for Standardzation PeBBu – Performance Based Building Network IBI – Instituto Brasileiro de Impermeabilização LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Origem de patologias por etapas construtivas ................................. 21 Figura 2 - Lei da evolução de custos (Lei de Sitter) .......................................... 23 Figura 3 - Estrutura de concreto armado deteriorada ....................................... 25 Figura 4 - Desempenho ao longo do tempo ...................................................... 28 Figura 5 - Incidência de patologias mais comuns ............................................. 32 Figura 6 - Umidade por infiltração ascendente por capilaridade ....................... 33 Figura 7 - Tipos de umidade ............................................................................. 35 Figura 8 - Ações da água causadoras de manifestações patológicas .............. 42 Figura 9 – Mofo em parede ............................................................................... 43 Figura 10 - Manchas de infiltração .................................................................... 44 Figura 11 – Eflorescência em platibanda e abaixo da janela ............................ 44 Figura 12 – Degradação da pintura devido a umidade ..................................... 45 Figura 13 – Corrosão em armadura .................................................................. 46 Figura 14 – Fluxograma de diagnóstico ............................................................ 48 Figura 15 – Manchas de infiltração na residência A. ........................................ 50 Figura 16 – Parede com mofo e bolor na residência A. .................................... 51 Figura 17 – Foto aproximada da parede com mofo da residência A ................. 52 Figura 18 – Mancha na parede interna do quarto da residência B ................... 53 Figura 19 – Parte externa da parede do quarto da residência B ....................... 53 Figura 20 – Teto do banheiro com mofo na residência B ................................. 54 Figura 21 – Mancha de infiltração na parede da residência B. ......................... 55 Figura 22 – Mofo e bolor na parede do fundo da residência C ......................... 56 Figura 23 – Eflorescências na residência C. ..................................................... 57 Figura 24 – Mofo, fissuras e vegetação na residência C. ................................. 58 Figura 25 – Mancha de infiltração na residência D. .......................................... 59 Figura 26 – Descascamento da pintura e mofo na residência D. ...................... 59 Figura 27 – Bolhas na parede da residência D. ................................................ 60 Figura 28 – Eflorescências e mofo no fundo da residência D. .......................... 61 Figura 29 – Mofo e eflorescências em quarto na residência E. ........................ 62 Figura 30 – Eflorescências em outro quarto na residência E. ........................... 62 Figura 31 – Eflorescências e descascamento na residência E ......................... 63 Figura 32 – Mofo e manchas de infiltração na residência E.............................. 64 Figura 33 - Gráfico de pizza da ocorrência de patologias no estudo ................ 65 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Vida útil de projeto ........................................................................... 20 Tabela 2 - Vida útil de projeto recomendada pelos ingleses, BS 7543. ........... 20 Tabela 3 - Ocorrência de patologias de acordo com a fase da construção ...... 22 Tabela 4 - Natureza da falha em alguns países ................................................ 30 Tabela 5 – Residências analisadas .................................................................. 49 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 13 1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................. 14 1.2 OBJETIVOS ....................................................................................... 15 1.2.1 Objetivos gerais .............................................................................. 15 1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................... 15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 16 2.1 PATOLOGIAS .................................................................................... 16 2.2 VIDA ÚTIL, DURABILIDADE E DESEMPENHO ................................ 24 2.3 UMIDADE NAS CONSTRUÇÕES ...................................................... 29 2.3.1 Umidade de infiltração .................................................................... 31 2.3.2 Umidade ascensional (umidade por capilaridade) .......................... 32 2.3.3 Umidade por condensação ............................................................. 33 2.3.4 Umidade de obra ............................................................................ 34 2.3.5 Umidade acidental .......................................................................... 34 2.4 IMPERMEABILIZAÇÃO E SUA IMPORTÂNCIA ................................ 35 2.4.1 Histórico da impermeabilização no Brasil .......................................36 2.4.2 Tipos de impermeabilização ........................................................... 38 2.4.3 Patologias por falha ou ausência de impermeabilização ................ 40 3 METODOLOGIA ....................................................................................... 47 3.1 PRIMEIRA ETAPA: LEVANTAMENTO DE SUBSÍDIOS .................... 47 3.2 SEGUNDA ETAPA: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ......................... 47 3.3 TERCEIRA ETAPA: DEFINIÇÃO DA CONDUTA............................... 48 3.4 SELEÇÃO DE CASOS ....................................................................... 49 4 ESTUDO DE CASO .................................................................................. 50 4.1 CASO 1 – Manchas de infiltração na residência A. ............................ 50 4.2 CASO 2 – Mofo e bolor na residência A. ............................................ 51 4.3 CASO 3 – Manchas de umidade na residência B............................... 52 4.4 CASO 4 – Mofo na residência B. ........................................................ 54 4.5 CASO 5 – Manchas de infiltração na residência B. ............................ 55 4.6 CASO 6 – Mofo e bolor na residência C. ............................................ 56 4.7 CASO 7 – Eflorescências, mofo, vegetação e fissuras no quintal da residência C. ................................................................................................. 57 4.8 CASO 8 – Manchas de infiltração, bolhas e descolamento da pintura na residência D. ................................................................................................. 59 4.9 CASO 9 – Eflorescências e mofo na residência D. ............................ 61 4.10 CASO 10 – Mofo e eflorescências na residência E. ........................... 62 4.11 CASO 11 – Mofo, eflorescências, manchas de infiltração, bolha e descascamento do revestimento na residência D. ........................................ 63 4.12 RESULTADOS ................................................................................... 64 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 66 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 68 13 1 INTRODUÇÃO Desde os primórdios da humanidade o homem sempre necessitou de abrigo de alguma espécie para se instalar, no início abrigava-se em cavernas para se proteger da natureza e de predadores. Com o tempo o homem começou a criar estruturas para os mais diversos tipos de atividades e necessidades. Um edifício é uma construção com diversas finalidades, dada suas eventuais exigências, e cada um diferencia-se de acordo com a atividade que abriga, podendo ser habitacional, cultural, serviços, industrial, etc. Com o avanço da humanidade também houve um avanço nos processos construtivos como um todo, além do aumento da demanda da construção destes edifícios, favorecendo assim o surgimento de empresas e pessoas especializadas na área. No cenário atual da construção civil existe uma crescente competitividade o que obriga as empresas da área executarem obras em espaços de tempo cada vez menores e utilizando cada vez menos recursos, tendo-se que contratar mão de obra mais barata, desse modo surgiu uma deficiência tanto de qualificação dos trabalhadores quanto na qualidade da execução das obras, propiciando assim um ambiente favorável a falhas na execução que futuramente manifestaram-se nas mais variadas formas de patologias. Junto a estes fatores, pode-se adicionar a crise na construção civil durante os últimos tempos, que resulta na necessidade de executar obras em prazos cada vez menores, gastando-se menos em materiais e mão de obra, ocasionando-se assim uma piora na qualidade das edificações, como pode ser visto devido aos inúmeros casos de patologias que podem ser comumente observados na maioria dos edifícios. Ao realizar diminuição de custos de construção de uma edificação muitas empreiteiras tendem ignorar a necessidade de impermeabilização e, futuramente, são obrigadas a realizarem manutenções corretivas e tratamento de patologias. A impermeabilização pode ser considerada uma das principais etapas da construção, tendo em vista que ela propicia conforto aos usuários finais das mesmas. Uma impermeabilização quando aplicada de forma correta e eficiente oferece proteção aos diversos elementos de uma obra dos efeitos nocivos de inúmeras 14 intempéries, assim evitando a ocorrência de inúmeros problemas patológicos que poderiam surgir em decorrência da infiltração de água ou outros componentes agressivos da atmosfera. Podendo ser possível afirmar que a vida útil de uma edificação aumenta consideravelmente caso seja feita correta aplicação de um sistema impermeabilizante. 1.1 JUSTIFICATIVA Problemas patológicos tornaram-se tema de grande relevância na situação atual da construção civil. Esse tipo de problema vem sendo cada vez mais comum, pois as edificações necessitam de cuidados e manutenções periódicas para manter um bom funcionamento. Tendo em vista isso deve-se planejar e prever os problemas, evitando assim a necessidade de serviços de manutenções corretivas, utilizando práticas corretas de construção, efetuando a realização de manutenções periódicas para prevenir a edificação do surgimento de patologias e, consequentemente, garantindo um maior tempo de vida útil para a construção. Em decorrência do alto índice de patologias relacionadas a problemas originados por erro de execução ou falta de manutenção, o estudo do tema visa realizar uma análise deste tipo de patologia, identificando sua origem e realizando a indicação de possíveis soluções para os problemas citados, visando assim obter um maior esclarecimento relativo ao assunto. A falta de informação no que diz respeito a importância da impermeabilização, principalmente no início da obra, é um dos responsáveis da rápida degradação de uma edificação. Inúmeras construtoras só voltam sua atenção a impermeabilização e às patologias relacionadas a ela na fase final da obra, quando a correção é mais difícil e possui um custo mais alto. Em decorrência da alta incidência de problemas relativos a umidade e infiltrações, o estudo desse tema visa realizar uma análise sobre a origem das patologias, importância da correta aplicação de um sistema impermeabilizante, enfatizar as vantagens de ser aplicado no início da obra, bem como as vantagens da utilização de uma manutenção preventiva ao invés da manutenção corretiva e indicar possíveis soluções para patologias relacionadas ao assunto. 15 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivos gerais O objetivo deste estudo é apresentar possíveis soluções para corrigir manifestações patológicas relacionadas a umidade. 1.2.2 Objetivos específicos I. Identificar as patologias mais comuns relacionadas a umidade. II. Demonstrar a importância e vantagens de uma correta aplicação de um sistema impermeabilizante. III. Propor soluções para as patologias analisadas. 16 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 PATOLOGIAS Desde os tempos antigos o homem se preocupa com a construção de estruturas que se adaptam às suas necessidades, logo acumulou um vasto conhecimento científico com o passar do tempo, permitindo assim a criação da tecnologia da construção, abrangendo de forma sistemática a concepção, o cálculo, a análise e o detalhamento das estruturas (RIPPER; SOUZA, 1998). Apesar disto e pelo fato de ainda existirem certas limitações no que diz respeito ao desenvolvimento cientifico e tecnológico, além das inevitáveis falhas humanas, seja de execução ou de concepção de projeto, têm-se constatado que algumas estruturas acabam tendo seu desempenho comprometido, assim surgindo o que chamamos de patologiasda construção civil (RIPPER; SOUZA, 1998). O termo patologia, de origem grega (páthos, doença, e lógos, estudo), é largamente utilizado nas mais variadas áreas, como na medicina, por exemplo, variando o objeto de estudo de acordo com o ramo em que é utilizado (SILVA, 2011). Gonçalves (2015) associou o termo patologia para sua utilização na construção civil com a definição do termo na medicina, onde é utilizado para designar a área em que se tem como objeto de estudo as origens, sintomas e natureza de doenças. Logo, patologias, no contexto da engenharia civil, são as manifestações que venham a prejudicar o desempenho esperado de uma edificação, seus subsistemas, componentes e elementos. Comumente contextualizado com sua utilização em ciências biológicas por se tratar de estudos investigativos com relação a alterações estruturais e funcionais de células, tecidos ou órgãos, provocados por agentes externos ou falhas construtivas, no caso de problemas de nascença (SILVA, 2011). Ainda comparando com a sua aplicação nas ciências biológicas, toda patologia ou doença tem uma ou mais causas que agem por meio de determinados mecanismos que causam alterações funcionais no organismo ou parte dele (SILVA, 2011). 17 Nazario e Zancan (2011) conceituam patologia como: Patologia, de acordo com os dicionários, é a parte da medicina que estuda as doenças. A palavra patologia tem origem grega de “phatos” que significa sofrimento, doença, e de “logia” que é ciência, estudo. Então, conforme os dicionários existentes pode-se definir a palavra patologia como a ciência que estuda a origem, os sintomas e a natureza das doenças. (NAZÁRIO E ZANCAN, 2011, p. 01). Deste modo, patologia das construções é o ramo da engenharia civil que foca na análise do desempenho insatisfatório de quaisquer que sejam os elementos da composição de uma edificação, desempenho este, que é regulamentado por inúmeras normas técnicas, a análise do problema abordado é o que aborda a área de patologias, fazendo uma análise sistemática através dos tipos de manifestações, causas e origens, a engenharia adota o termo patologia das construções para identificar o ramo de estudo que tem como foco as origens e mecanismos de ocorrência dos desempenhos insatisfatórios que afetam aspectos estruturais e estéticos de uma edificação (CREMONINI, 1988). As causas da manifestação dos fenômenos patológicos podem ser as mais variadas possíveis, indo desde o desgaste natural, a acidentes, falta de responsabilidade ou conhecimento por parte dos profissionais, usuários que não fazem a utilização dos materiais que obedeçam as normas e especificações corretas ou até mesmo a falta de manutenção correta da estrutura, muitas comumente ocorrendo devido a razões econômicas, dentre outras (RIPPER; SOUZA, 1998). Pode-se dizer ainda, de forma genérica, que entende-se por patologia das construções o ramo da engenharia civil que se preocupa em estudar as origens, meios de manifestação, consequências e mecanismos de ocorrência de falhas, estes fatores trazem consiga uma necessidade de uma sistematização dos conhecimentos nesta área, para futuro diagnóstico e poder assim trabalhar na geração de planos de intervenção para resolução destas manifestações (DO CARMO, 2003). A solução para um problema patológico envolve um conjunto procedimentos complexos que precisam ser realizados, a prática profissional utilizada na análise destes problemas tem sido muitas vezes caracterizada pela falta de uma método sistemático e cientificamente comprovado, normalmente sendo substituído pela experiência profissional do responsável, experiência que foi obtida ao longo de anos 18 e a utilização de métodos empíricos de análise prévia, este fator torna-se relevante quando se demonstra a necessidade de uma análise pormenorizada e individualizada do problema em questão, quando estes demonstram ser mais complexos que o usual (DO CARMO, 2003). Na construção civil, os problemas mais comuns como, por exemplo, fissuras nos elementos estruturais e trincas no revestimento, podem ser subdivididos em dois tipos, os problemas de natureza mais simples ou então complexos. Para problemas de natureza simples, aceita-se uma padronização, podendo que seja solucionado sem a necessidade de um profissional que possua conhecimentos específica na área, já os de natureza complexa, que necessitam de uma análise complexa e pormenorizada do problema, sendo assim necessário o conhecimento específico da área em questão, para tais análises cabe a utilização de ferramentas de análise, auxiliando assim o profissional da área no diagnóstico da situação (RIPPER; SOUZA, 1998). A área que tem como objeto de estudo as patologias é fundamental na busca da otimização da qualidade dos processos construtivos e na melhoria das construções em geral no que diz respeito a habitabilidade e durabilidade. Como forma de evitar o surgimento de manifestações patológicas é necessário a realização de um estudo detalhado das origens para apenas assim obter um melhor entendimento do fenômeno em questão e auxiliar na decisão de definição de como proceder para resolver o problema (NAZARIO; ZANCAN, 2011). As patologias na construção civil não ocorrem isoladamente e de forma aleatória, normalmente existe uma origem relacionada a alguma falha ocorrida em alguma das fases do processo de concepção de uma edificação, sendo de vital importância ter o conhecimento de como o problema se originou e o histórico da edificação para, somente assim, poder apontar em que fase do processo aconteceu o erro que veio a originar o problema patológico (HELENE, 2003). Do Carmo (DO CARMO, 2003) afirma que: O conhecimento da causa que gerou o problema é importante para que se possa prescrever a terapêutica adequada para o problema em questão, uma vez que se tratarmos os sintomas sem eliminar a causa, o problema tende a se manifestar novamente (DO CARMO, 2003, p. 11). Como forma de minimizar a possibilidade de ocorrência de falhas durante o processo de execução da obra é necessário a adoção de um programa de controle de 19 qualidade tornando assim menor a probabilidade do surgimento de problemas patológicos. Este controle de qualidade não deve se concentrar em apenas uma etapa, mas sim durante todas as etapas do processo de construção. Os processos construtivos assim como a utilização de um manual de forma correta de uso e a manutenção frequente da construção diminui consideravelmente a chance do surgimento de manifestações patológicas (CBIC, 2013). Segundo Gnipper e Mikaldo Jr: A importância do estudo das patologias construtivas, em particular aquelas relativas aos sistemas prediais em apreço, reside na possibilidade da atuação preventiva, especialmente quando elas têm por causa falhas no processo de produção dos respectivos projetos de engenharia (GNIPPER; MIKALDO JR, 2007, p. 02). As edificações tem seu processo de deterioração iniciado no momento em que são concluídas e entregues para iniciar seu uso, esse processo ocorre devido ao desgaste gerado pela própria utilização da edificação por parte do usuário. Temos isso por conta do desgaste ocasionado pelo uso, pela ação do tempo e também devido as características dos materiais utilizados na construção do edifício. Devido a isso é necessário a realização de manutenções recorrentes a fim de minimizar os efeitos dos desgastes, assim diminuindo a chance de uma perda de desempenho precoce da edificação, prolongando assim sua vida útil (DARDENGO, 2010). De acordo com a NBR 5.674:1999, norma que trata sobre a manutenção de edificações, as construções possuem algumas características que as tornam ímpar no que diz respeito a sua comparação com outros produtos, pois elas precisam ter desempenho satisfatório em todos os seus componentes, atendendo seus usuários de forma satisfatória por um grande número deanos (conforme mostra a tabela 1 e a tabela 2), resistindo a intempéries e a utilização. 20 Tabela 1 - Vida útil de projeto Fonte: ABNT NBR 15575-1: Edificações Habitacionais - Desempenho (2013) Tabela 2 - Vida útil de projeto recomendada pelos ingleses, BS 7543. Fonte: Helene ([2014]) Pode-se observar que existem muitas edificações que deixam a desejar no quesito qualidade, esse fenômeno é ainda mais comum quando se trata de edificações residenciais. Tem-se uma deterioração precoce de áreas comuns, bem como das áreas internas, gerando assim um gasto aos proprietários para corrigir as patologias. São inúmeras as razões para essas deficiências, porém boa parte delas são provenientes de falhas que foram ocasionadas durante alguma das etapas dos processos construtivos da edificação: planejamento, projeto, execução, materiais, utilização e manutenção (DARDENGO, 2010). Helene (2003) afirma que as principais causas de patologias na construção civil são: falhas de projeto, falhas de execução, compra de materiais e problemas ao utiliza- 21 los e falta de manutenção após a edificação estar ocupada, como apresentado na figura 1. Atualmente boa parte das empreiteiras tende a preferir uma criação mais rápida e superficial dos projetos para iniciar as obras o mais rápido possível, conforme mostra figura 1, assim ocasionando o aumento do número de incidências de patologias na construção. Devido a falhas. no que tange as especificações do projeto, torna-se necessário a tomada de decisões emergenciais durante a execução da obra, muito possivelmente ocasionando problemas na construção, que futuramente podem tornar- se patologias (HELENE, 2003). Figura 1 – Origem de patologias por etapas construtivas Fonte: Helene (2003) adaptada pelo autor Conforme mostrado na figura 1 a ocorrência de patologias não se dá apenas em decorrência da preferência das empreiteiras por projetos apressados e superficiais, mas também por conta da tentativa de economizar utilizando mão de obra não qualificada e materiais de baixa qualidade, proporcionando assim inúmeras manifestações patológicas oriundas de falhas de execução e problemas nos materiais empregados na obra. No entanto, não são todos os problemas patológicos que são originados por erros de concepção ou execução, ou ausência de um controle de qualidade, pode-se dizer que algumas patologias também são originadas por conta do uso de forma incorreta e da falta de manutenção da construção, devido isso a criação de normas Projeto 40% Planejamento 4% Materiais 18% Execução 28% Uso 10% 22 técnicas auxiliam na formatação de documentos que descrevem a forma correta de utilização e manutenção, servindo de ajuda para usuários na realização de manutenção preventiva a fim de evitar futuros problemas patológicos. Pode-se também citar como causas de patologias os fenômenos sazonais que são característicos de toda região e variam de um local para o outro, podendo assim variar de acordo com o clima da região em que a edificação está inserida (DAL MOLIN, 1988). As patologias na construção civil podem ser decorrentes de qualquer uma das três principais fases de construção de uma edificação: projeto, execução e utilização. Esta divisão de ocorrências é exemplificada de forma mais específica pela tabela 3 onde descreve em percentuais a possiblidade de patologias. Tabela 3 - Ocorrência de patologias de acordo com a fase da construção Fonte: Oliveira (2013) No que diz respeito a recuperação de estruturas afetadas por patologias Oliveira (2013) afirma que quanto antes as correções forem executadas, serão mais efetivas, fáceis de executar, duráveis e muito mais baratas, ou seja, é mais fácil e barato reparar uma patologia na fase de execução do que na fase pós ocupação da edificação. Pode-se observar isso mais claramente figura 2, que mostra a chamada Lei de Sitter. Sitter foi um colaborador do CEB, que demonstra os custos para consertar determinada patologia aumentando seguindo uma progressão geométrica conforme avança mais tempo para ser solucionada. Sitter dividiu a obra em 4 períodos de tempo, que são: projeto, execução, manutenção preventiva, que é executada antes dos três primeiros anos de conclusão, 23 e a manutenção corretiva, que é executada após o surgimento das manifestações patológicas. Cada etapa segue uma progressão de razão cinco, ou seja, o custo para realizar uma medida durante a fase de execução é 25 vezes menor do que na fase de manutenção corretiva que é após o prédio estar em uso. Por exemplo uma alteração quando feita na fase de projeto teria custo de R$1, na fase de execução seria R$5, na fase de manutenção preventiva seria R$25 e na manutenção corretiva teria custo de R$125, conforme mostra a figura 2. Figura 2 - Lei da evolução de custos (Lei de Sitter) Fonte: Oliveira (2013) Para demonstrar como pode-se economizar tomando as decisões antecipadamente Oliveira (2013) cita o exemplo de reduzir a proporção de a/c (água/cimento) do concreto a fim de aumentar sua durabilidade e proteção à armadura, porém essa mesma medida se considerada durante o projeto permitiria um redimensionamento automático da estrutura, acarretando na diminuição das dimensões dos componentes estruturais, e, por consequência, economia com fôrmas, redução da taxa de armadura, volumes, peso próprio, etc. Por conta de fatores como a falta de treinamento e conhecimento teórico por parte dos profissionais da área, a ABNT criou novas normas avaliativas do padrão de 24 qualidade do produto construção, com o intuito de que satisfaça os requisitos mínimos para as pessoas que virão a adquirir os imóveis como, por exemplo, a norma técnica ABNT NBR 15575/2013 – Desempenho de edificações habitacionais, que tem como objetivo realizar a avaliação do produto oferecido por construtoras levando em consideração os padrões mínimos de conforto, estabilidade, vida útil adequada da edificação, segurança estrutural e contra incêndios (CBIC, 2013). Conforme a Câmara Brasileira da Indústria da Construção: Avaliar o desempenho de sistemas construtivos é um avanço para o setor e constitui o caminho para a evolução de todos que compõem a cadeia da construção civil, é preciso somar esforços para melhorar a qualidade das habitações brasileiras, otimizar o uso dos recursos, compatibilizar e, consequentemente, valorizar o projeto. (CBIC, 2013, p. 10). 2.2 VIDA ÚTIL, DURABILIDADE E DESEMPENHO Para Borges (2010) a questão temporal no que diz respeito a desempenho é muito complexa e deve ser considerada tanto na concepção quanto no projeto de construções de forma adequada. Afirma também que durabilidade, vida do desempenho e vida útil são termos recorrentes da literatura e abordam a questão temporal do desempenho, que, por vezes, tem seus conceitos não compreendidos na íntegra pela indústria da construção civil. Desempenho, segundo Souza e Ripper (1998), pode ser entendido como o modo que determinado produto se comporta ao executar sua função, durante sua vida útil. O desempenho deve ser representado e medido com de acordo com o trabalho que será feito conforme as etapas de projeto, construção e manutenção. Então pode-se entender que desempenho na construção civil é o comportamento da edificação e seus sistemas enquanto está em uso. Desempenho esse que pode variar de um local para outro de acordo com inúmeros fatores como, por exemplo, trabalhos na etapa de projeto, construção e manutenção, condição de exposição, essa exposição é considerada como o conjunto de ações atuantes na edificação, como cargas aplicadas, ações externas ou ações devido a ocupação (THOMAZ, 1989). 25 No que tange a questão da durabilidade a NBR 6118:2003 a define como a capacidade da estrutura de resistir às influencias ambientais previstas e definidasno projeto estrutural. Ainda na mesma NBR, no que trata da durabilidade de estruturas de concreto, é dito que: [...] devem ser projetadas e construídas de modo que sob as condições ambientais previstas na época do projeto e quando utilizadas conforme preconizado em projeto, conservem sua segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante o período correspondente à sua vida útil. (ABNT, 2003, p. 19). Para Lotterman (2019) a durabilidade não é apenas uma característica do material, mas sim o resultado da interação deste material com o meio em que o mesmo se encontra e está exposto. Exposição essa que pode provocar alterações no desempenho, conforme mostrado na figura 3, causando uma queda na capacidade do atendimento das necessidades do usuário, ou seja, causando uma degradação. Figura 3 - Estrutura de concreto armado deteriorada Fonte: Lotterman (2019) Já a NBR 15575:2013, conceitua durabilidade como sendo o intervalo de tempo em que se dá início a degradação da edificação até o dia em que a construção, seus elementos, componentes e sistemas deixam de cumprir sua função de forma 26 satisfatória; devendo-se realizar as manutenções preventivas pré-definidas em projeto de forma correta. Mehta e Monteiro (2008) afirmam que todo material tem sua durabilidade finita, devido a interações ambientais que modificam a microestrutura do material e, por consequência, as propriedades do material com o passar do tempo. Pode ser considerado o fim da vida útil quando há tal deterioração da propriedade do material que a utilização do mesmo passa a ser deveras duvidoso ou dispendioso. Segundo Silva (2001) as definições dos termos durabilidade e vida útil são tão próximas que inúmeras vezes ambos são utilizados de forma incorreta. No que diz respeito a durabilidade de uma estrutura pode-se dizer que é uma qualidade da estrutura, enquanto a vida útil seria a quantificação dessa qualidade Para Dardengo (2010) a vida útil de uma edificação pode ser definida como o período de tempo em que as propriedades da edificação apresentam um desempenho acima dos limites mínimos especificados. E é de vital importância conhecer a curva de deterioração de cada um dos materiais envolvidos na construção para a criação de orçamentos corretos e de programas de manutenção adequados. Oliveira (2013) definiu o termo vida útil como período de tempo que a estrutura consegue manter suas características, acima dos critérios mínimos, no que diz respeito a sua resistência, funcionalidade e aspectos externos. Levando em consideração que as estruturas citadas devem ser projetadas, construídas e operadas de forma que, sem necessitar de manutenção ou de reparos que não estejam pré- definidos em projeto ou em normas referentes a isto, consigam manter sua aparência, funcionalidade e aspectos de segurança a níveis acima do mínimo. Já o termo durabilidade das construções pode-se entender como a capacidade da estrutura de manter suas características e desempenho durante seu período de vida útil. Barbosa (2009) afirma que é de extrema importância conhecer as características e principais influentes no processo de deterioração de qualquer material, conhecimento esse que só pode ser obtido através de pesquisas na área, seja em laboratórios ou em construções. Cabendo ressaltar que a maior dificuldade para se determinar a vida útil de um edifício se deve ao fato de que as características dos materiais, os mais variados elementos estruturais e as condições de exposição da estrutura, influenciam de forma considerável na vida útil da construção. 27 Para Helene (1997), pode-se classificar a vida útil de uma estrutura segundos os tópicos abaixo: a) Vida útil de serviço: intervalo de tempo que corresponde ao tempo de vida da estrutura até o aparecimento de manchas, fissuras ou destacamento no concreto. Esse intervalo varia de acordo com a demanda da estrutura no que diz respeito a sua usabilidade, pois em determinadas estruturas é inaceitável o aparecimento das patologias citadas acima, enquanto em outras a vida útil de serviço é dada como terminada apenas no início de incidências de queda de pedaços de concreto. b) Vida útil de projeto: É o intervalo de tempo que deve ser utilizado na etapa do projeto da estrutura, primando sua utilização a favor da segurança. Pode ser dito como o tempo necessário para que o cloreto, ou carbonatação, atinja a armadura presente na estrutura de concreto, podendo ser denominado como período de iniciação. c) Vida útil última: É o intervalo de tempo para que a estrutura em questão atinja, total ou parcialmente, a ruptura ou colapso, por conta da diminuição da aderência da armadura com o concreto ou por conta de uma redução significativa da seção resistente da armadura de aço. d) Vida útil residual: Intervalo de tempo, contado a partir de uma vistoria, que pode ser realizada a qualquer momento, que a estrutura ainda consegue de exercer suas funções de forma satisfatória. Borges (2010) afirma que a vida útil de um projeto é o período de tempo desejado, projetado ou requerido para um determinado nível de desempenho previsto, e a durabilidade é a capacidade de qualquer componente, elemento ou sistema de manter desempenho previsto durante determinado período de tempo. A durabilidade de qualquer componente ou sistema deve ser compatível com a vida útil especificada. Para Souza e Ripper (1998) a vida útil é o período no qual as propriedades da estrutura, como segurança e funcionalidade, por exemplo, mantém-se em níveis de acima dos estabelecidos como mínimo aceitáveis. Sendo necessário, para elaboração de qualquer programa de manutenção e orçamento para aquela obra, o conhecimento da curva de deterioração de cada componente, sistema e elemento daquela obra. 28 O responsável por estabelecer a VUP (vida útil de projeto) também é responsável por determinar as ações de manutenção que devem ser realizadas a fim de que a VUP seja cumprida de forma satisfatória. Também deve-se salientar de que o usuário também tem um papel importante no cumprimento da VUP, pois o mesmo precisa realizar integralmente as ações de manutenção que são de sua responsabilidade para que a VUP seja atingida. A NBR 15575 afirma que a vida útil de uma construção pode ser prolongada através de realizações de manutenções periódicas, pois todo material ou sistema de uma edificação tem seu desempenho reduzido com o tempo, sendo assim é necessário a realização de manutenções periódicas com o intuito de recuperar parte do desempenho reduzido ao longo dos anos e assim manter a estrutura com uma vida útil mais longa, este comportamento é demonstrado esquematicamente na figura 4. Figura 4 - Desempenho ao longo do tempo Fonte: NBR 15575 (2013) A falta de conhecimento por parte do usuário, associado a falta de manutenção, sobre elementos que podem causar danos a estrutura, como exposição a umidade por tempos excessivamente longos, aplicação de produtos agressivos ao concreto e 29 armaduras, podem gerar graves problemas a estrutura (AMORIM, 2010) assim podendo ocasionar uma diminuição considerável da vida útil de projeto. Para Dardengo (2010) a realização de manutenções periódicas na construção se dá pelo fato de haver uma necessidade da recuperação do desempenho perdido decorrente de ações do tempo, exposição, entre outras, ocasionando assim uma maior vida útil para o edifício, de acordo com a estratégia de manutenções adotadas. Um bom programa de manutenções executado de forma correta pode reduzir drasticamente os custos gerados com reparação da edificação (LOTTERMAN, 2010). É necessário o conhecimento da durabilidade de todos os sistemas, elementos e componentes por parte dos projetistas para, somente assim, compatibiliza-los com a vida útil do projeto (BORGES, 2010). 2.3 UMIDADE NAS CONSTRUÇÕES A vidaútil de qualquer edificação está diretamente ligada aos processos que foram tomados durante a fase de projeto, execução e durante sua manutenção, que visavam proteger a construção de agentes agressivos como calor, ação dos ventos e umidade. Desde os primórdios da humanidade o homem precisa enfrentar a ação da água como forma de sobrevivência, assim fazendo com que os primatas habitassem as cavernas. Embora eles estivessem protegidos de água da chuva, continuavam expostos a umidade oriunda do solo (ARAÚJO, 2017). A umidade é o maior inimigo da saúde dos ocupantes e também da construção, para combater esse problema que são exigidos inúmeros cuidados durante a obra; cuidados estes que muitas vezes são ignorados, seja por falta de conhecimento ou responsabilidade, partindo-se para soluções mais rápidas e baratas (RIPPER, 1996). As patologias geradas por conta da umidade são consideradas as mais trabalhosas de serem corrigidas, pelo fato de envolver uma alta complexidade dos fenômenos envolvidos e ao baixo número de estudos e pesquisas relacionados a esta área (GNIPPER; MIKALDO, 2007). As manifestações patológicas geradas por conta de umidade são recorrentes nas edificações. Manifestando-se através dos inúmeros elementos como fachadas, 30 pisos, paredes internas, forros, entre outros. Estes problemas podem ser oriundos de deficiências de impermeabilização dos baldrames, porosidade dos revestimentos argamassados, percolação pelas telhas, defeitos, desgaste ou entupimentos em calhas e condutores pluviais, vazamentos de tubulações de água ou esgoto, problemas de projetos ou execução, entre outros (TORRES; SILVA, 2015). Segundo Verçoza (1991) a ocorrência de umidade na edificação ocasiona um ambiente propício para o surgimento de inúmeras patologias, como eflorescências, corrosões, deterioração de pinturas e de rebocos, fungos, descolamentos e fissuras, além da perda de capacidade estrutural de alvenarias e estruturas de concreto. Ainda afirmava que a umidade na edificação podia ter origem através de capilaridades, chuva, vazamentos na rede hidráulica ou até por meio da condensação. A água é um dos maiores causadores de patologias, de forma direta ou indireta, quer se encontre no estado de gelo, no líquido ou mesmo enquanto vapor de água. Pode ser vista como um agente de degradação ou como meio para a instalação de outros agentes (QUERUZ, 2007). Segundo Araújo (2017) com o decorrer do tempo a água vem se mostrando como um dos principais agentes causadores de patologias nas edificações. Agindo de forma direta ou indireta tanto no seu estado gasoso, sólido ou líquido, ela deve ser vista como um agente agressor ou como um meio para a instalação de novos agentes. Isso pode ser observado analisando a tabela 4, onde podemos ver que a umidade é a patologia mais comum de 2 dentre os 3 países analisados. Tabela 4 - Natureza da falha em alguns países Fonte: Picchi (1986, apud Araújo, 2017) adaptada pelo autor 31 Para Lersch (2003) os principais causadores de água/umidade nas construções são: • Umidade de infiltração. • Umidade ascensional. • Umidade por condensação. • Umidade de obra. • Umidade acidental. 2.3.1 Umidade de infiltração Por meio de pequenas trincas a umidade do meio externo passa para áreas internas, devido à alta capacidade dos materiais de absorver a umidade do ar ou até mesmo por falha na interface dos elementos construtivos. Comumente sendo ocasionada por água da chuva, pode ser agravada com o aumento da pressão de infiltração se combinada com o vento (RIGHI, 2009). As patologias mais comuns causados pela umidade proveniente da chuva estão: infiltrações, eflorescência, bolores, goteiras, manchas e degradação dos elementos construtivos (GIONGO, 2007 apud ARAÚJO, 2017). Lersch (2003) também afirma que a presença de água é um dos principais causadores de danos verificados nas edificações. Além de causar inúmeras patologias, também torna o meio propício para o surgimento de inúmeras outras, sendo um principal veículo para alguns mecanismos de deterioração, isso se aplica tantos para construções mais antigas e históricas quanto nas edificações mais contemporâneas e recentes. De acordo com a figura 5, pode-se observar as infiltrações estão entre as patologias mais recorrentes nas edificações, ocorrendo em aproximadamente 85% das amostras analisadas. 32 Figura 5 - Incidência de patologias mais comuns Fonte: Barbosa (2003, apud Araújo, 2017) adaptada pelo autor 2.3.2 Umidade ascensional (umidade por capilaridade) Caracteriza-se pela presença de água proveniente do solo, através de fenômenos sazonais que ocasionam um aumento de umidade ou também pela presença permanente de umidade de lençóis freáticos superficiais (RIGHI, 2009). Devido ao fenômeno da capilaridade a ascensão da água por paredes pode ocorrer. A água ascende pelos vasos capilares pequenos até o momento em que a mesma atinge um equilíbrio com a força da gravidade. O fator de maior relevância no que diz respeito a quanto a água ascende é o diâmetro do vaso capilar, quanto menor o diâmetro, maior a altura (QUERUZ, 2007). A ocorrência desse tipo de umidade é mais comum de ser percebida em pisos e paredes, porém ocorre em regiões mais baixas, ficando, mais comumente, abaixo dos 0,8m da altura relativa do solo, conforme demostra a figura 6 (VERÇOZA, 1991). 33 Figura 6 - Umidade por infiltração ascendente por capilaridade Fonte: https://projetos.habitissimo.com.br ([20--]) adaptada pelo autor 2.3.3 Umidade por condensação Segundo a NBR 9575/2010 é a água com origem na condensação de vapor d’água presente no ambiente sobre a superfície de um elemento construtivo deste ambiente. A umidade obtida por condensação resulta da presença de excessiva umidade no ar e da existência de superfícies com temperatura abaixo da correspondente ao ponto de orvalho. Este tipo de umidade ocorre devido a uma redução da capacidade de absorção de umidade pelo ar quando este é resfriado na interface da parede, assim causando a umidade por condensação. Diferentes materiais se comportam de diferentes maneiras no que diz respeito a condensação, de acordo com sua densidade: os materiais mais densos são mais atacados, enquanto os materiais de densidade menor sofrem menos. Conclui-se que este tipo de umidade tende a ocorrer de forma mais superficial, não penetrando grandes oportunidade nos elementos (QUERUZ, 2007). 34 2.3.4 Umidade de obra Pode-se afirmar que é a umidade originada pela execução da construção, é aquela necessária para a obra, porém com o tempo ela deixa de existir cerca de seis meses depois. É encontrada nos poros dos materiais, como, por exemplo, a água utilizada para execução de concretos e argamassas, pinturas, entre outros. (VERÇOZA, 1991). Caracteriza-se como a umidade que permaneceu interna aos materiais utilizados na construção, que durante a execução acaba por se exteriorizar em decorrência do equilíbrio que se estabelece entre material e ambiente. Como exemplo deste tipo de umidade podemos citar a umidade contida nas argamassas de reboco, que transferem sua umidade para as alvenarias, ocasionando na alvenaria a necessidade de um prazo maior de cura do próprio reboco para entrar em equilíbrio com o ambiente interno (RIGHI, 2009). 2.3.5 Umidade acidental A umidade com esse tipo de origem tem uma importância especial quando se trata de edificações mais antigas, pois pode haver presença de materiais com tempo de vida já excedido, que não costumam ser contempladas com planos de manutenção predial. É a umidade causada por falhas nos sistemas de tubulações, como águas pluviais, esgoto e água potável, e que geram infiltrações, conforme mostra a figura 7. 35 Figura 7 - Tipos de umidade Fonte: Teixeira ([201-])2.4 IMPERMEABILIZAÇÃO E SUA IMPORTÂNCIA Embora a água seja de vital importância para a sobrevivência da humanidade, também é um dos principais agentes agressivos quando se trata de construções. Ela é a principal responsável por grande parte dos problemas nas edificações, segundo levantamentos realizados junto a setores ligados à construção civil. A água em qualquer um dos seus estados físicos, seja gasoso, líquido ou sólido, possui um 36 determinado grau de agressividade, podendo provocar inúmeras patologias na edificação. A ocorrência de infiltração não acontece de uma hora pra outra, mas sim de forma lenta e gradual, deteriorando aos poucos os elementos construtivos. A água infiltrada na estrutura e na superfície pode afetar toda a estrutura, como o concreto, alvenaria, entre outros, deixando assim o ambiente insalubre, devido a umidade e também diminuindo a vida útil das construções (ARAÚJO, 2017). 2.4.1 Histórico da impermeabilização no Brasil Segundo Araújo (2017) desde os tempos primordiais o homem busca um meio de proteger-se dos riscos ocasionados por forças da natureza, como, por exemplo, vento, neve, sol e chuva. Isso fez com que o homem se mantivesse em constante evolução no que diz respeito a construção e manutenção de seu abrigo, a fim de criar uma estrutura que lhe proporcionasse um certo grau de proteção e conforto. Segundo Felizardo e Pelisser (2013), o homem das cavernas começou a se refugiar em cavernas a fim de proteger-se das chuvas, animais e frio e logo percebeu que a umidade ascendia do solo e penetrava pelas paredes, o que tornava a vida dentro das cavernas insalubre, assim fazendo com que o homem das cavernas aos poucos fosse sempre aprimorando seus métodos construtivos e isolando a sua habitação. A impermeabilização na construção civil visa proporcionar a proteção das obras e edificações, evitando a ação da água e, por consequência, evitar que a edificação sofra as agressões e deteriorações causadas pela mesma (ARAÚJO, 2017). Picchi (1986) afirma que, provavelmente, os betuminosos foram primeiros materiais utilizados pelo homem para impermeabilizar construções, ou seja, as primeiras cavernas eram “impermeabilizadas” utilizando os asfaltos e alcatrões. Tem- se notícia do emprego destes materiais na impermeabilização de terraços e piscinas desde 3000 A.C. De acordo Arantes (2007, apud Gnoatto; Nuernberg, 2014), houve um grande avanço no âmbito da impermeabilização a partir da primeira metade do século XIX através da Revolução Industrial. Devido ao fato de construções mais antigas serem 37 menores que as atuais, era mais comum a utilização de coberturas muito inclinadas para o melhor escoamento da água. Com o advento industrialização, começou-se a construir grandes vãos horizontais (lajes planas), que eram impermeabilizadas com asfalto. A história da impermeabilização no Brasil é relativamente recente, tendo em vista até os anos de 1970 havia poucas soluções relativas a esse no mercado. A partir da década de 70 que as grandes obras de impermeabilização tiveram início, como, por exemplo, a construção dos metrôs do Rio de Janeiro e de São Paulo, sendo que somente o metrô do Rio de Janeiro houve a impermeabilização de mais de 1,5 milhões de metros quadrados. Somente em 1975 houve a criação das primeiras normas brasileiras sobre o tema foram criadas, sendo uma delas a NBR 279, editada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), também se criou o Comitê Brasileiro de Isolação Térmica e Impermeabilização (CB-22). Ainda objetivando a melhoria das normas relativas à impermeabilização foi essencial a criação do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI). Atualmente, há no Brasil uma vasta coleção de normas técnicas extremamente atuais relativas à impermeabilização e, para a manta asfáltica, que é um produto líder do mercado, a norma da ABNT NBR 9952 é uma das mais modernas do mundo (ISCHAKEWITSCH, 2011 apud GNOATTO; NUERNBERG, 2014). A NBR 9575/2010: Impermeabilização - Seleção e projeto definiu impermeabilização como “conjunto de operações e técnicas construtivas (serviços), composto por uma ou mais camadas, que tem por finalidade proteger as construções contra a ação deletéria de fluidos, de vapores e da umidade.” (ABNT, 2003, p. 09). Após muitos anos para normatizar os sistemas impermeabilizantes e também torná-los mais adequados a fim de atender necessidades da construção civil no Brasil. Moraes (2002, apud Gnoatto; Nuernberg, 2014) conclui que o setor de impermeabilização, que engloba fabricantes, projetistas, construtoras, concreteiras, aplicadores e o comércio especializado, vem dando passos importantes quando se trata de transformar essa atividade em um elemento indispensável em uma obra, além de tentar incluí-la como um ramo da Engenharia Civil. 38 2.4.2 Tipos de impermeabilização Em 2010, houve uma atualização na norma 9575 com a publicação atualizada da NBR 9575:2010 - Impermeabilização: Seleção e projeto, a nomenclatura dos sistemas de impermeabilização mudou. Ao invés da separação dos sistemas impermeabilizantes entre rígidos e flexíveis, passou-se a ser utilizada uma classificação levando em conta seu componente principal: cimentício, asfáltico ou polimérico (GNOATTO; NUERNBERG, 2014). A NBR 9575 (2010) divide os tipos de impermeabilização da seguinte forma: • Cimentícios: a) argamassa com aditivo impermeabilizante; b) argamassa modificada com polímero; c) argamassa polimérica; d) cimento modificado com polímero. • Asfálticos: a) membrana de asfalto modificado sem adição de polímero; b) membrana de asfalto elastomérico; c) membrana de emulsão asfáltica; d) membrana de asfalto elastomérico, em solução; e) manta asfáltica. • Poliméricos: a) membrana elastométrica de policloropreno e polietileno clorossulfonado; b) membrana elastomérica de poliisobutileno isopreno (1.1.R), em solução; c) membrana elastomérica de estireno-butadieno-estireno (S.B.S.); d) membrana elastomérica de estireno-butadieno-estireno-ruber (S.B.R.); e) membrana de poliuretano; f) membrana de poliuréia; g) membrana de poliuretano modificado com asfalto; h) membrana de polímero acrílico com ou sem cimento; i) membrana acrílica para impermeabilização; 39 j) Membrana epoxídica; k) Manta de acetato de etilvinila (E.V.A.); l) Manta de policloreto de vinila (P.V.G.); m) Manta de polietileno de alta densidade (P.E.A.D.); n) Manta elastomérica de etilenopropilenodieno-monômero (E.P.D.M.); o) Manta elastomérica de poliisobutileno isopreno (I.l.R.). Os diferentes sistemas de impermeabilização também podem ser divididos como rígidos e flexíveis, variando de acordo com seu grau de elasticidade. O tipo de sistema impermeabilizante mais adequado para cada caso vai variar, de acordo com diversos fatores, tais como a solicitação imposta pela água na parte que necessita ser impermeabilizada, a tendência dessa área à movimentação, sua exposição a intempéries, tamanho, interface com os outros sistemas construtivos, entre outros (SILVA, [2015]). Segundo a NBR 9575 (2010) impermeabilização rígida é definida como: “conjunto de materiais ou produtos que não apresentam características de flexibilidade compatíveis e aplicáveis às partes construtivas não sujeitas à movimentação do elemento construtivo.” (ABNT, 2010, p. 09). A mesma norma também define impermeabilização flexível como: “conjunto de materiais ou produtos que apresentam características de flexibilidade compatíveis e aplicáveis às partes construtivas sujeitas à movimentação do elemento construtivo.” (ABNT, 2010, p. 09). José Morgado, diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI), reforça a importância de cada tipo de impermeabilização citando dois exemplos: Produtos de impermeabilização rígida não podem ser aplicados emuma laje térrea, pois ele não aguenta o movimento da estrutura. Então, tanto a estrutura quanto a impermeabilização irão trincar. Da mesma forma, um impermeabilizante flexível não deve ser aplicado em subsolos com umidade ou lençol freático, porque vai criar uma bolha. Nesse caso, a versão rígida é a ideal. A divisão feita pela NBR 9574 (2008) - Execução de impermeabilização, separa os sistemas de impermeabilização conforme as partes construtivas em que são aplicados, sendo sujeitas à fissuração ou não. Sendo assim ficando divididos como: 40 • Rígidos (Cimentícios): conjunto de materiais ou produtos aplicáveis nas áreas construtivas que são menos suscetíveis à fissuração (partes mais estáveis da edificação, menos sujeitas a movimentações, vibrações e variações térmicas). • Flexíveis (Asfálticos e Poliméricos): conjunto de materiais ou produtos aplicáveis nas áreas construtivas que são mais suscetíveis à fissuração (partes menos estáveis da edificação, mais sujeitas a movimentações, vibrações e variações térmicas). 2.4.3 Patologias por falha ou ausência de impermeabilização O aparecimento de problemas relativos à umidade traz grande desconforto e insatisfação. E o tratamento desse tipo de patologia normalmente tem custo elevado quando seu surgimento pode ser associado a diversas causas como o método construtivo utilizado, qualidade dos materiais empregados na construção da obra, falta de impermeabilização e falta de manutenção (SOUZA, 2008). As falhas no processo de impermeabilização têm como principais consequências: a) Danos à saúde do usuário: As pessoas que residem em locais com problemas de infiltração de água devem estar alertas que a umidade é o maior criadouro de mofos. Os esporos (sementes) podem causar ou agravar problemas respiratórios e transmitem bactérias que podem causar até infecções. b) Danos à terceiros: Pode afetar as construções adjacentes e vizinhos com pequenas ou grandes inundações, reparos que necessitem de interações com vizinhos, contaminações em reservatórios, etc. c) Problemas estruturais: Quando o concreto armado está associado a infiltração, temos problemas de corrosão. Além disso, a umidade é responsável pela degradação de diversos materiais. d) Prejuízos financeiros: Existe um custo para a execução de toda e atividade de reparo, além disso pode-se levar em consideração também a desvalorização do imóvel e gastos com possíveis ações judiciais. 41 A origem das falhas relativas à impermeabilização, de acordo com Moraes (2002), em projeto pode se dar em decorrência de: a) Inexistência do próprio projeto de impermeabilização; b) Especificação incorreta dos materiais; c) Erro de dimensionamento e/ou previsão do número de coletores pluviais responsáveis pelo escoamento d’água; d) Incompatibilização de outros projetos no projeto de impermeabilização; Em relação a execução, primordialmente causadas por aplicadores e operários, Godóy e Barros (1997, apud Moraes, 2002) destacam: a) Falta de argamassa de regularização ocasionando furos na impermeabilização; b) Não realizar o arredondamento de cantos e arestas; c) Execução da impermeabilização sobre base úmida, no caso de aplicações de soluções asfálticas, podendo causar perda a aderência e gerando bolhas que ocasionarão deslocamento e rupturas da camada impermeabilizante; d) Execução da impermeabilização sobre base empoeirada, comprometendo a aderência; e) Juntas travadas por tábuas ou pedras, com cantos cortantes que podem causar furos na impermeabilização; f) Uso de camadas grossas na aplicação da emulsão asfáltica, a fim de efetuar o trabalho mais rápido, porém assim dificultando a cura da emulsão; g) Falhas em emendas; h) Perfuração de mantas por conta da ação de sapatos com areia, carrinhos ou outros objetos. Também existem os defeitos ocasionados pelo residente em decorrência da má utilização e/ou manutenção da edificação, Cantu (1997, apud MORAES, 2002) destaca: a) Danos causados em função da aplicação de peso excessivo (entulho, equipamentos, entre outros) sobre a impermeabilização; 42 b) Perfuração da impermeabilização após instalação de antenas, varais, grades e outros, sem a realização de reparos posteriores. c) Troca de pisos; d) Instalação de floreiras na cobertura de modo que torna possível a penetração de água por cima do rodapé impermeabilizado; Pode-se citar vários tipos de patologias ocasionadas por conta de infiltrações, como o aparecimento de manchas e goteiras, mofo e bolor, eflorescência, degradação dos revestimentos e argamassa de diversas formas, corrosão do aço do concreto armado, degradação do concreto por dissolução de sais, formação de vegetação e bolhas (CARMO, 2000 apud FERRAZ, 2016). A água é um dos principais agentes de degradação e pode penetrar na casa de diversas maneiras causando patologias. Através da chuva ou do solo, a água em seus mais diversos estados pode penetrar e provocar danos a edificação, conforme mostra a figura 8. Figura 8 - Ações da água causadoras de manifestações patológicas Fonte: Pozzobon (2007, apud Ferraz, 2016) 43 • Mofo ou bolores: Mofo pode ser definido como o resultado de fungos vegetais que ocasionam a deterioração de materiais utilizados na construção; bolores podem ser definidos como fungos que se decompõe e se alimentam de matérias orgânicas que são decompostas por eles. Ocorre com mais frequência em paredes úmidas em decorrência de infiltração ou vazamentos, conforme a figura 9. Podem desagregar os tijolos aos poucos, tornando a superfície opaca e com mau aspecto. A umidade causadora do mofo pode ter diversas origens como alto nível da mesma no ar, falhas construtivas, umidade interna da alvenaria, entre outras (VERÇOZA, 1991). Figura 9 – Mofo em parede Fonte: Autor (2020) • Manchas e goteiras: A partir do momento que a água atravessa uma barreira e ficar aderente ao outro lado, ela pode ocasionar uma mancha, conforme mostrado na figura 10; e se a quantidade de água for maior pode até gotejar e fluir. As manchas e goteiras sempre desvalorizam o imóvel e a umidade deteriora qualquer material de construção. São os problemas mais comuns das infiltrações. Segundo Verçoza (1991), as manchas são a consequência da saturação de água em um material. E as goteiras são oriundas de vazamentos ou infiltrações em marquises, terraços ou de água de chuva. 44 Figura 10 - Manchas de infiltração Fonte: Autor (2020) • Eflorescência: Esse fenômeno é decorrente da infiltração de água, seja essa infiltração por capilaridade, percolação ou mesmo por força do gradiente hidráulico. Os sais que se encontram na água são levados até a superfície, assim reagindo com o dióxido de carbono do ar, fazendo com que a água evapore e fique apenas os sais restando, assim ocasionando uma mancha esbranquiçada na superfície, conforme a figura 11. Ou seja, para ocorrer a eflorescência precisa-se dos seguintes requisitos: umidade, sais e o transporte dessa solução para um local que ocorra a evaporação da água (FERRAZ, 2016). Figura 11 – Eflorescência em platibanda e abaixo da janela Fonte: Castro e Martins (2014, apud Martins, 2018) adaptada pelo autor 45 • Degradação de pintura e revestimento: Pode-se citar como problemas na pintura o surgimento de bolhas, manchas, descascamento, entre outros, conforme mostrado na figura 12. Os problemas causados por umidade geralmente não aparecem imediatamente após a aplicação da tinta. Podem ser causados também por umidade do ar, vazamento nas tubulações e infiltrações. Caso a mancha ou bolha surgir no meio da parede, geralmente é um indício de infiltração na instalação hidráulica. Já a infiltração causada por umidade oriunda do solo, pode ser evitada com a aplicação de impermeabilização que cabe ao caso. (VALLE, 2008apud FERRAZ, 2016). Figura 12 – Degradação da pintura devido a umidade Fonte: Autor (2020) • Degradação de armaduras: Oxidação é a alteração lenta do estado de um metal em seus óxidos. Forma-se um sal que possui pouca aderência, de aspecto desagradável e com volume superior ao do ferro de origem. O processo de oxidação é bastante complexo e não cabe descrevê-lo aqui, porém, o importante é saber que o fator que dá condições favoráveis ao surgimento da oxidação é a umidade. Logo, é necessário a correta impermeabilização do concreto, pois se a umidade entrar em contato com a armadura, ocorrerá a oxidação, conforme mostrado na figura 13, fazendo com que aumente de volume e rompa o cobrimento do concreto armado (HELENE, 2003 apud FERRAZ, 2016). 46 Figura 13 – Corrosão em armadura Fonte: Autor (2020) 47 3 METODOLOGIA A metodologia adotada nesta pesquisa apresenta como base a estrutura genérica do método na patologia proposto por Lichtenstein (1986). O mesmo propôs uma estrutura para análise de problemas patológicos que consiste em uma sequência de três etapas distintas. 3.1 PRIMEIRA ETAPA: LEVANTAMENTO DE SUBSÍDIOS A etapa de levantamento de subsídios consiste em acumular e organizar as informações necessárias para se obter um entendimento completo do fenômeno em questão. As informações podem ser obtidas através de vistorias realizadas no local, levantamento histórico do problema e do edifício ou através de ensaios e análises complementares (LICHTENSTEIN, 1986). Caso as vistorias dos locais e o levantamento histórico do problema resultem em informações suficiente para realização de um diagnóstico, ensaios complementares não precisam ser realizados (ARAÚJO, 2016). 3.2 SEGUNDA ETAPA: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO A etapa de diagnóstico consiste em entender os fenômenos bem como suas múltiplas relações de causa e efeito que normalmente os caracterizam. Ou seja, a etapa de diagnóstico é responsável por entender os “porquês” e “como” a partir de dados conhecidos (LICHTENSTEIN, 1986). O diagnóstico será dado a partir do levantamento visual e fotográfico realizado em consonância com o estudo bibliográfico tendo como base o fluxograma proposto por Lichtenstein, conforme mostrado na Figura 14. 48 Figura 14 – Fluxograma de diagnóstico Fonte: Nolêto (2016) adaptado pelo autor 3.3 TERCEIRA ETAPA: DEFINIÇÃO DA CONDUTA A etapa de definição de conduta tem como objetivo prescrever o trabalho a ser executado a fim de resolver o problema em questão, nisto incluindo a definição dos meios e mão de obra que serão necessários e a previsão de consequências no desempenho final. Para a definição de conduta é feito o prognóstico da situação bem como as alternativas de intervenções relacionadas aos respectivos prognósticos (LICHTENSTEIN, 1986). A última etapa consistirá em um estudo das alternativas de intervenção para, posteriormente, definir uma conduta para solucionar os problemas. A interpretação 49 dos dados fotográficos será visual e conforme a bibliografia disponível, onde serão abordadas possíveis soluções para cada situação de patologia em questão. 3.4 SELEÇÃO DE CASOS Para o seguinte estudo foram realizadas a seleção de residências em diferentes locais da cidade que apresentassem patologias referentes a impermeabilização. As construções estão localizadas em diferentes regiões da grande São Luís, Maranhão. A tabela 5 mostra a localização das mesmas. Tabela 5 – Residências analisadas Fonte: Autor (2020) 50 4 ESTUDO DE CASO Para realização deste trabalho foram realizadas visitas em algumas residências com o intuito de identificar as falhas relativas à umidade e problemas de impermeabilização mais frequentes, além de suas possíveis causas e formas de prevenir ou corrigi-las. Para isto foram feitos registros fotográficos dos problemas identificados. 4.1 CASO 1 – Manchas de infiltração na residência A. • Levantamento de subsídios: Manchas de infiltração em parede do quarto na residência A (Figura 15). Figura 15 – Manchas de infiltração na residência A. Fonte: Autor (2020) • Diagnóstico da situação: A parede do quarto está localizada ao lado de um tanque utilizado para armazenagem de água. A impermeabilização do tanque não foi feita de forma correta propiciando assim a infiltração na parede e provocando as manchas de infiltração na parede do quarto da residência A. 51 • Definição de conduta: Para realizar a impermeabilização do tanque primeiro é necessário fazer a secagem do mesmo, em seguida retirar o revestimento e o emboço, após isso, com a alvenaria exposta, selar eventuais fissuras, aplicar a argamassa com aditivo impermeabilizantes e utilizar o revestimento que desejar. Aguardar uma semana após realizada a impermeabilização do tanque e verificar se as manchas de infiltração sumiram, caso contrário realizar a pintura da parede. 4.2 CASO 2 – Mofo e bolor na residência A. • Levantamento de subsídios: Manchas verdes escuras, mofo e bolor em uma área externa da residência A (Figura 16 e 17). Figura 16 – Parede com mofo e bolor na residência A. Fonte: Autor (2020) 52 Figura 17 – Foto aproximada da parede com mofo da residência A Fonte: Autor (2020) • Diagnóstico da situação: A incidência de mofo ocorre devido a umidade ocasionada pela água da chuva e escoamento de uma calha sem o condutor vertical, somado a falta de limpeza e manutenção do local. • Definição de conduta: Primeiro instalar o componente vertical na calha presente no local a fim de realizar a coleta de água e destina-la a um ralo. Realizar a lavagem do muro com escova e solução e hipoclorito de sódio ou produtos desinfetantes, como água sanitária, aguardar a secagem da superfície e repintar. Após isso realizar periodicamente a limpeza da região para evitar a criação de novas patologias. 4.3 CASO 3 – Manchas de umidade na residência B. • Levantamento de subsídios: Mancha de infiltração localizada em quarto na residência B (Figura 18 e 19). 53 Figura 18 – Mancha na parede interna do quarto da residência B Fonte: Autor (2020) Figura 19 – Parte externa da parede do quarto da residência B Fonte: Autor (2020) 54 • Diagnóstico da situação: Foram identificadas as presenças de manchas de infiltração na parede do quarto oriundas de falhas de impermeabilização na parte externa, pois a mesma está em local aberto e recebe umidade proveniente da chuva e do escoamento de uma calha sem o seu condutor vertical. • Definição de conduta: Fazer a utilização de um condutor vertical que direcione a água do telhado a algum ralo. Retirar o reboco e a pintura na parte externa, expondo a alvenaria, após isso adicionar aditivos impermeabilizantes no chapisco e aplicar na parede. Adicionar aditivos impermeabilizantes na argamassa e refazer o emboço, após isso aplicar a pintura ou massa de preferência. 4.4 CASO 4 – Mofo na residência B. • Levantamento de subsídios: Mofo no teto do banheiro da residência B. (Figura 20). Figura 20 – Teto do banheiro com mofo na residência B Fonte: Autor (2020) 55 • Diagnóstico da situação: Foi constatado que não há ventilação no banheiro, com o clima quente e excesso de umidade do local, há constantemente a evaporação de água. Tendo em vista que o local não possui uma saída de ventilação, o vapor sobe para o teto onde condensa, o que favorece a criação do mofo. • Definição de conduta: Realizar a limpeza no local com a utilização de escova e solução de hipoclorito de sódio ou desinfetantes. Fazer a instalação de esquadrias no local a fim de aumentar a ventilação e evitar que venha a ocorrer novamente a criação
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