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Apostila Gratuita Falência e Recuperação Judicial (Lei 11.101/05) https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ I. Disposições aplicáveis a falência e a recuperação judicial 1º Disposições preliminares a) pessoas sujeitas a sua aplicação: A lei de Falência somente se aplica ao empresário individual, de responsabilidade limitada "EIRELI" e sociedades empresárias, estando excluídas as sociedades simples. Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. b) pessoas excluídas de sua aplicação (art. 2º): no universo de pessoas sujeitas a aplicação da lei, existem alguns empresários e sociedades que foram excluídas da incidência da nova lei: 1º empresa pública e sociedade de economia mista: são chamadas pela doutrina de totalmente excluídas, posto que em nenhuma hipótese poderão requerer falência. 2º instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores: são chamadas de parcialmente excluídas, posto que em princípio não podem sofrer falência. Contudo, todas elas podem passar por liquidação extrajudicial e, nesse caso, será nomeado um liquidante que poderá pedir a falência dessas entidades. Destaca-se que são equiparadas as entidades anteriores a empresa de leasing e a administradora de cartão de crédito. Nesse sentido: https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ STJ - Súmula nº 283: As empresas administradoras de cartão de crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por elas cobrados não sofrem as limitações da Lei de Usura. c) Juízo competente: nos termos do art. 3º da Lei, é competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. Inicialmente, convém destacar que o juízo competente para esse tipo de causa será sempre o da Justiça Comum Estadual, em virtude do disposto no art. 109, I da CF: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; Com relação ao conceito de principal estabelecimento, temos três correntes doutrinárias: 1º - A sede contratual ou estatutária; 2º - A sede administrativa; 3º - No local em que a sociedade ou empresário tenha maior volume de bens (critério econômico). A doutrina majoritária e o STJ (CC 116.743/MG) adotam a terceira corrente, já que isso facilita a arrecadação dos bens e a posterior alienação dos mesmos pelo empresário ou sociedade. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 2º Disposições comuns à recuperação judicial e à falência Art. 5o Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência: I – as obrigações a título gratuito; II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor. Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. § 1o Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida. § 2o É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8o desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença. § 3o O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1o e 2o deste artigo poderá determinar a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria. § 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial. a) Suspensão das execuções Conforme o caput, a decretação de recuperação judicial suspende todas as execuções em face do devedor, inclusive aquelas de credores particulares https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ em face do sócio solidário. Por sua vez, o §4º afirma que em hipótese nenhuma essa suspensão excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contados do deferimento do processamento da recuperação. Apesar da clareza do texto legal, o STJ, com base no princípio da continuidade das empresas, entende que, nos casos em que o devedor vem cumprindo com o disposto no plano de recuperação judicial, é possível a prorrogação do prazo de 180 dias de suspensão das ações e execuções em face do devedor (CC 111614/DF). b) Deferimento da recuperação judicial e cadastros de restrição e tabelionatos de protestos Tendo sido decretada a recuperação judicial, as ações e execuções que tramitavam contra a empresa em recuperação serão suspensas. A dúvida que surge é a seguinte: além da suspensão das ações e execuções, o deferimento da recuperação judicial acarreta também a retirada do nome da empresa do SPC, SERASA e demais cadastros negativos? O STJ entendeu que NÃO. Para ele, o deferimento do processamento de recuperação judicial, por si só, não enseja a suspensão ou o cancelamento da negativação do nome do devedor nos cadastros de restrição ao crédito e nos tabelionatos de protestos. Isso porque deferimento do processamento de recuperação judicial suspende o curso das ações e execuções propostas em face do devedor, nos termos do art. 6º, caput e § 4º, da Lei nº 11.101/2005, o que não que dizer, https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ contudo, que essa providência (suspensão das ações e execuções) extinga o direito dos credores (direito creditório propriamente dito). A dívida continua existindo. Assim, se a dívida continua existindo (e apenas a execução é que está suspensa), não se pode aceitar a retirada do nome da empresa em recuperação dos serviços de proteção ao crédito e tabelionato de protesto (REsp 1.374.259-MT). Há algum momento a partir do qual será possível retirar o nome da empresa dos cadastros restritivos? SIM. Isso ocorre no momento em que o plano de recuperação judicial for aprovado. Após esse fato, será possível providenciar a baixa dos protestos e a retirada do nome da empresa dos cadastros de inadimplentes em relação às dívidas que estiverem sujeitas ao referido plano. O fundamento é que, com a aprovação do plano, ocorre a novação dos débitos, ou seja, as dívidas anteriores serão substituídas pelas novas condições firmadas no plano. Por fim, cumpre ressaltar que essa baixa dos protestos e retirada do nome dos cadastros ficará sob condição resolutiva devendo a empresa cumprir todas as obrigações previstas no acordo de recuperação judicialuma vez que, se desatendê-las, será possível reincluí-la nos referidos cadastros. (REsp 1.260.301/DF) c) Extinção das execuções individuais propostas contra devedor em recuperação judicial https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Após a aprovação do plano de recuperação judicial pela assembleia de credores e a posterior homologação pelo juízo competente, deverão ser extintas - e não apenas suspensas - as execuções individuais até então propostas contra a recuperanda nas quais se busca a cobrança de créditos constantes do plano (REsp 1.272.697-DF). d) @direitodiretoblog - O fato da empresa se encontrar em recuperação judicial obsta a homologação de sentença arbitral estrangeira? A polêmica aqui é saber se o artigo o art. 6º da Lei 11.101/2005, que prevê a suspensão de todas as ações e execuções em face do devedor com o deferimento do processamento da recuperação judicial, constitui óbice à homologação de sentença arbitral estrangeira que imputa à recuperanda obrigação de pagar. O STJ (SEC 14.408-EX) entendeu que NÃO. Para tanto afirmou que o artigo 6º, por visar a preservação da empresa, com a consequente manutenção dos empregos, TEM POR OBJETIVO IMPEDIR ATOS DE EXECUÇÃO contra o patrimônio da empresa. A homologação de sentença estrangeira É UM ATO CONSTITUTIVO que, destinando-se a viabilizar a eficácia jurídica de um provimento jurisdicional alienígena no território nacional, de modo que tal decisão possa vir a ser aqui executada. A homologação é, portanto, um pressuposto lógico da execução da decisão estrangeira, NÃO SE CONFUNDINDO, por óbvio, COM O PRÓPRIO https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ FEITO EXECUTIVO, o qual será instalado posteriormente - se for o caso -, e em conformidade com a legislação pátria. Assim, o art. 6º, § 4º, da Lei de Falências não é óbice à homologação de sentença arbitral internacional, uma vez que se está em fase antecedente, apenas emprestando eficácia jurídica a esse provimento, a partir do que caberá ao Juízo da execução decidir o procedimento a ser adotado. Por fim, Ainda que assim não fosse, é certo que a suspensão da exigibilidade do direito creditório, prevista no mencionado dispositivo legal é temporária, não implicando a extinção do feito executivo, haja vista que a recuperação judicial de sociedade devedora não atinge o direito material do credor. § 5o Aplica-se o disposto no § 2o deste artigo à recuperação judicial durante o período de suspensão de que trata o § 4o deste artigo, mas, após o fim da suspensão, as execuções trabalhistas poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja inscrito no quadro-geral de credores. § 6o Independentemente da verificação periódica perante os cartórios de distribuição, as ações que venham a ser propostas contra o devedor deverão ser comunicadas ao juízo da falência ou da recuperação judicial: I – pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial; II – pelo devedor, imediatamente após a citação. § 7o As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica. § 8o A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ II. Da Falência 1º - Legitimidade Ativa Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei; II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade; IV – qualquer credor. A falência é considerada uma execução coletiva ou concursal, posto que, apesar de ela iniciar com um pedido de falência, quando o magistrado defere esse pedido haverá o pagamento de todos os credores do devedor e não apenas daquele ajuizou ação. De acordo com a lei, são legitimados para propor a ação de falência: a) O próprio devedor (autofalência): Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes documentos: É possível que o próprio devedor peça a sua falência. É o que a doutrina chama de autofalência. Para tanto, além de estar em crise econômico- financeira, é necessário ainda que ele julgue não atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial (Princípio da preservação da empresa). Só poderá ser decretada a falência daquela empresa que não conseguir atender aos requisitos da recuperação judicial. Estando em crise financeira e não atendendo os requisitos para pleitear sua recuperação judicial, o empresário ou sociedade deverá requerer a sua falência. A lei fala deverá e não poderá, justamente porque ela visa a https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ proteção do crédito público, já que se a empresa está em crise, não cabendo recuperação, a tendência é que se ela continuar operando irá aumentar sua dívida. b) O Cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante: Art. 96. (…) § 1o Não será decretada a falência de sociedade anônima após liquidado e partilhado seu ativo nem do espólio após 1 (um) ano da morte do devedor. Essa hipótese só se aplica ao empresário individual. Ademais, nesse caso, os interessados têm o prazo máximo de 01 ano, contado da morte do empresário individual, para requerer sua falência. c) O quotista ou acionista do devedor (sócio da sociedade) Qualquer sócio da sociedade poderá requerer sua falência na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade. d) Qualquer Credor: Art. 97. (…) § 1o O credor empresário apresentará certidão do Registro Público de Empresas que comprove a regularidade de suas atividades. Qualquer espécie de credor poderá requerer a falência do devedor. Contudo, a lei faz uma ressalva, se o credor for empresário, em regra, ele só poderá ajuizar a ação de falência se exercer atividade regular. Isso significa que ele deverá estar registrado na Junta Comercial. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ A questão da sociedade comum: sociedade em comum é aquela não foi registrada, funcionando, assim, de forma irregular. Assim, estando irregular, a sociedade em comum não pode pedir a falência de terceiros. Contudo, mesmo irregular, a lei permite que ela possa requerer a sua própria falência. e) Pedido feito pelo credor que não tem domicílio no país: Art. 97. (…) § 2o O credor que não tiver domicílio no Brasil deverá prestar caução relativa às custas e ao pagamento da indenização de que trata o art. 101 desta Lei. O credor que não tiver domicílio no país poderá ajuizar a ação de falência, desde que preste uma caução relativa às custas e ao pagamento de indenização por perdas e danos no caso de ação ajuizada com dolo. f) A questão da falência requerida pela fazenda pública: Nesse caso, a doutrina divide-se em duas correntes: 1º Corrente: seria possível o pedido de falência da Fazenda Pública, com base nos seguintes argumentos: a) Proteção do crédito público: ao requerer a falência, a Fazenda Pública estaria preservando o próprio crédito público, já que se a empresa em crise, a qual não cabe recuperação, continuar as suas atividades,as suas dívidas só irão aumentar, comprometendo o crédito público. b) Preservação da Fazenda contra os sonegadores: com a falência, além da preservação do crédito público, busca-se preservar a Fazenda dos sonegadores tributários. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ c) Possibilidade de protesto de CDA: atualmente, com a nova legislação, é possível protestar CDA. 2º Corrente: não seria possível o pedido de falência da Fazenda Pública, com base nos seguintes argumentos: a) Ordem ética: não pode o empresariado ser intimado com ameaça de morte empresarial. O estado, ao contrário, deveria apoiar o fomento da indústria. b) Ordem política: o pedido de falência pela Fazenda é uma sanção política do Estado, que não é aceito pelo STF. c) Ordem Jurídica: com esse pedido, estaria o empresário obrigado a parcelar a dívida, não podendo discutir o crédito tributário, retirando do empresário o direito ao contraditório. Ademais, a Fazenda estaria cobrando um título emitido unilateralmente, de modo que não seria justo falir aquele que não participou da produção do título. O STJ adota a 2º Corrente (REsp 363.206). f) Credor trabalhista possui legitimidade ativa para pedir falência de devedor A natureza trabalhista do crédito não impede que o credor requeira a falência do devedor. Assim, o credor trabalhista tem legitimidade ativa para ingressar com pedido de falência, considerando que o art. 97, IV, da Lei nº 11.101/2005 não faz distinção entre credores (REsp 1.544.267/DF). 2º - Legitimidade Passiva Somente poderá figurar no polo passivo de uma ação de falência o empresário individual ou sociedade empresária. No caso de sociedade empresária, poderá ser réu da ação até mesmo as sociedades irregulares, como a sociedade em comum. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 3º Hipóteses de cabimento de pedido de falência (Art. 94) a) Impontualidade Injustificada Será decretada a falência do devedor que, sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência. Aqui, é possível que um título executivo judicial (sentença condenatória) seja usado para decretar a falência do devedor. Para isso, o título deve estar protesto (sem protesto não cabe falência.). Atentar-se para o fato de que a obrigação deve ser superior a 40 salários-mínimos. Se a obrigação for igual a 40 salários-mínimos, não caberá falência. Ela deve ser maior. 1º Autor do pedido de falência não precisa provar insolvência patrimonial do devedor: O autor do pedido de falência não precisa demonstrar que existem indícios da insolvência ou da insuficiência patrimonial do devedor, bastando que a situação se enquadre em uma das hipóteses do art. 94 da Lei nº 11.101/2005. Assim, independentemente de indícios ou provas de insuficiência patrimonial, é possível a decretação da quebra do devedor que não paga, sem relevante razão de direito, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência (art. 94, I, da Lei nº 11.101/2005) (REsp 1.532.154- SC). 2º Desnecessidade de tentativa de executar o título: https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Para pedir a falência com base neste inciso não é necessário que o requerente tenha tentado executar o título. Não se revela como exigência para a decretação da quebra a execução prévia. Assim, é desnecessário o prévio ajuizamento de execução forçada para se requerer falência com fundamento na impontualidade do devedor. A duplicata virtual protestada por indicação é título executivo apto a instruir pedido de falência com base na impontualidade do devedor. Logo, se o devedor não pagar uma duplicata virtual em valor superior a 40 salários mínimos é possível que seja decretada a sua falência (REsp 1.354.776-MG). 3º Possibilidade de litisconsórcio entre credores: Art. 94. (…) § 1o Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite mínimo para o pedido de falência com base no inciso I do caput deste artigo. Admite-se a reunião de credores a fim de perfazer o limite mínimo de mais de 40 salários-mínimos para o pedido. b) Execução frustrada Ocorre execução frustrada quando o executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia bens a penhora dentro do prazo legal. Aqui, já existe uma ação executiva contra o devedor. c) Prática de atos de falência Art. 94. (…) III - (…): a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; d) simula a transferência de seu https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial. Atos de falência são comportamentos previstos na legislação, de forma que se o empresário os pratica, haverá uma presunção de seu estado de insolvência. Dentre esses atos, os mais importantes são: 1º Liquidação precipitada: liquidação antecipada é a venda de bens sem a devida reposição; 2º Descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação judicial: durante os primeiros 02 anos, o juiz da recuperação judicial vai acompanhar o plano. O plano, contudo, poderá ter prazo superior a esse, desde que haja concordância dos credores. Assim, se o descumprimento ocorrer dentro dos primeiros 02 anos, não será necessário ajuizar ação de falência, posto que isso é pedido ao próprio juiz que acompanha a recuperação. Após 02 anos, contudo, é preciso ajuizar a ação. No pedido de falência, é desnecessária a demonstração da insolvência econômica do devedor: No pedido de falência é desnecessário que o requerente demonstre a insolvência econômica do devedor. Se ele não pagou a dívida e esta se enquadra na descrição dos incisos do art. 94, é possível fazer o pedido de falência independentemente da condição econômica real do empresário. O pressuposto para a instauração de processo de falência é a insolvência jurídica, que é caracterizada a partir de situações objetivamente apontadas pelo ordenamento jurídico no art. 94 da Lei nº 11.101/2005: a https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ impontualidade injustificada (inciso I), execução frustrada (inciso II) e a prática de atos de falência (inciso III). A insolvência que autoriza a decretação de falência é presumida, uma vez que a lei presume que o empresário individual ou a sociedade empresária que se encontram em uma das situações apontadas pela norma estão em estado pré-falimentar. É bem por isso que se mostra possível a decretação de falência independentemente de comprovaçãoda insolvência econômica, ou mesmo depois de demonstrado que o patrimônio do devedor supera o valor de suas dívidas. Verifica-se, assim, que a falência é diferente da chamada insolvência civil. O pressuposto da insolvência civil é a insolvência econômica (art. 748 do CPC), o que não se exige no caso da falência (STJ - REsp 1.433.652-RJ). 4º - Aspectos Processuais da ação de falência a) Legitimidade ativa do credor que não possui crédito vencido O credor que não possui crédito vencido poderá ajuizar pedido de falência com base nas três hipóteses anteriores. Para tanto, ele poderá fazer uso de créditos vencidos de outros credores. O que legitima seu pedido é o fato de ele ser credor. O credor de crédito não vencido poderá provar o seu pedido com base em protesto de outros títulos ou certidão processual, no caso de execução frustrada. b) Citação O processo falimentar é uma execução coletiva, assim, ele permite a utilização das regras do processo de execução individual. Por isso, é possível a citação por edital, mas não é possível a citação por correios. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ c) Extinção sem resolução do mérito em caso de litisconsórcio do art. 94, §1º No caso de litisconsórcio, se o devedor comprovar o pagamento a um dos litisconsortes, de forma que o valor do débito fique inferior a 40 salários- mínimos, o juiz deverá extinguir o processo sem resolução do mérito, por ausência de uma dos pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo. d) Objeto da ação A ação de falência não se presta a cobrar o débito, mas tão somente para decretar a falência. 5º - Possíveis movimentos do devedor após sua citação a) Apresentar contestação Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez) dias. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez) dias. b) Depósito Elisivo Art.98. (…) Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 94 desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que a falência não será decretada e, caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o levantamento do valor pelo autor https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Após o depósito elisivo, o juiz estará impedido de decretar a falência do devedor. Isso porque a falência pressupõe um estado de insolvência, que é afastado pelo depósito. O depósito tem que ser feito dentro do prazo de contestação, devendo corresponder ao valor principal + correção + juros + honorários. Justamente para possibilitar o depósito elisivo, na citação da falência, o juiz já tem que arbitrar o valor dos honorários. É possível ainda contestar e depositar ao mesmo tempo. O depósito não significa o reconhecimento do pedido, ele apenas impede a decretação da falência. c) Pedido de recuperação judicial Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua recuperação judicial. A recuperação judicial suspende o processo de falência, por isso, alguns doutrinadores chamam essa hipótese de recuperação judicial de recuperação judicial suspensiva. Há semelhança entre a recuperação judicial suspensiva e a concordata suspensiva?: a concordata poderia ser suspensiva ou preventiva. A diferença é que entre elas havia uma sentença declaratória de falência. Assim, se o juiz decretasse a falência, o devedor não poderia mais pedir concordata preventiva, pois ela só era apreciada antes da sentença declaratória. Após a falência só era possível a concordata suspensiva, que tinha esse nome justamente porque suspendia os efeitos da falência. Assim, não há semelhança entre a recuperação judicial suspensiva e a concordata suspensiva, porque na recuperação não se suspende os efeitos da decretação de falência, mas o processo falimentar. A falência nem ao menos chega a ser decretada. 6º - Sentença https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido cabe apelação. Ao apreciar a causa, o juiz poderá proferir as seguintes sentenças: a) sentença de procedência: em sendo procedente, a sentença vai se chamar declaratória, sendo atacada por agravo de instrumento; b) sentença de improcedência: nesse caso a sentença vai se chamar negatório, sendo atacada por apelação. a) Aplicação Subsidiária do CPC: Aplica-se o Código de Processo Civil, no que couber, aos procedimentos previstos nesta Lei. b) Requisitos da sentença declaratória 1º Nomeação do administrador Judicial: o administrador judicial veio para substituir a figura do síndico. Não há mais síndico na falência. Nos termos do art. 21 da Lei, O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. @direitodiretoblog - De quem é a responsabilidade pela remuneração do administrador judicial?: Nos termos da lei de falências caberá ao devedor ou à massa falida arcar com as despesas relativas à remuneração do administrador judicial e das pessoas eventualmente contratadas para auxiliá-lo: Art. 25. Caberá ao devedor ou à massa falida arcar com as despesas relativas à remuneração do administrador judicial e das pessoas eventualmente contratadas para auxiliá-lo. O STJ, contudo, entendeu que é possível impor ao credor que requereu a falência da sociedade empresária a obrigação de adiantar as despesas https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ relativas à remuneração do administrador judicial, quando a referida pessoa jurídica não for encontrada - o que resultou na sua citação por edital e na decretação, incontinenti, da falência -e existirem dúvidas se os bens a serem arrecadados serão suficientes para arcar com a mencionada dívida (REsp 1.526.790/SP). Caso a ação prossiga e sejam arrecadados bens suficientes para a remuneração do administrador, a massa falida irá restituir o valor adiantado pelo credor, fazendo com que seja cumprido o art. 25 da Lei nº 11.101/2005. c) Fixação do termo legal da falência Além de nomear o administrador, o juiz deverá fixar o termo legal da falência, que é um lapso temporal que antecede a falência. O objetivo desse termo é evitar o cometimento de fraude durante o período que antecede a falência. Alguns doutrinadores costumam chamar esse termo legal de período suspeito ou cinzento. Nos termos do art. 99, II, o termo lega não poderá retrair por mais de 90 dias, é dizer, ele vai até 90 dias antes da decretação da falência. d) Marco inicial do termo legal Com relação ao marco inicial do termo legal de 90 dias, este vai depender do fundamento da sentença de falência, podendo ser: 1º Data do primeiro protesto: quando o pedido for feito com base na impontualidade injustificada (Art. 94, I), conta-se os 90 dias da data do primeiro protesto. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 2º Data do pedido de falência: quando o pedido for feito com base no art. 94, incisos II e III, conta-se os 90 dias da data do pedido de falência. 3º Data do pedido de recuperação judicial: quando a recuperação judicial converte-se em falência, conta-se da data do pedido de recuperação judicial. e) Efeitos da Sentença Declaratória 1º Quanto ao falido Quanto ao falido, o primeiro efeito é que diz que o empresário falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações (Art. 102). Ocorre que, nas sociedadesempresariais, quem ficará inabilitado é, regra geral, a pessoa jurídica. O sócio não pode ser considerado falido. Contudo, caso o sócio pertença uma sociedade de responsabilidade ilimitada, a decisão que decreta a falência dessa sociedade também acarreta a falência do sócio. Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar contestação, se assim o desejarem. Por fim, a declaração de falência suspende o exercício do direito de retirada ou de recebimento do valor de suas quotas ou ações, por parte dos sócios da sociedade falida. No caso de concessionárias de serviços públicos, a decretação de falência também tem como efeito a extinção automática da concessão. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ a) Capacidade processual do falido para a propositura de ação rescisória O falido poderá propor ação rescisória para desconstituir a sentença que decretou a falência? SIM. O falido tem capacidade para propor ação rescisória para desconstituir a sentença transitada em julgado que decretou a sua falência. Depois que é decretada a falência, a sociedade empresária falida não mais possui personalidade jurídica e não poderá postular, em nome próprio, direitos da massa falida, nem mesmo em caráter extraordinário. Diz-se que ela sofre uma capitis diminutio (diminuição de sua capacidade) referente aos direitos patrimoniais envolvidos na falência, sendo afastada da administração dos seus bens. Sendo assim, num processo em que se discuta, por exemplo, a venda desses bens, o falido apenas poderia acompanhá-lo como assistente. Ele não poderia, portanto, tomar a iniciativa das ações com relação a bens da massa. No entanto, no caso em que se pretenda rescindir decisão que decreta falência, a situação é diferente. Nesse caso, nem a massa nem os credores têm interesse na desconstituição da decretação de falência. Realmente, o falido é o único interessado. Por isso, se a legitimidade deste para propor a rescisão do decreto falimentar fosse retirada, ele ficaria eternamente falido, ainda que injustamente, ainda que contrariamente à ordem legal. Desse modo, o STJ entende que o falido mantém a legitimidade para a propositura de ações pessoais, podendo, inclusive, ajuizar ação rescisória para tentar reverter o decreto falimentar (REsp 1.126.521-MT). Art. 195. A decretação da falência das concessionárias de serviços públicos implica extinção da concessão, na forma da lei. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 2º Quanto aos credores O primeiro efeito quanto aos credores é a constituição da massa falida. A massa falida é constituída pela união dos bens e dos credores do falido, subdividindo-se em: 1) massa falida subjetiva: composta pelos credores do falido; 2) massa falida objetiva: composta pelos bens do falido. O segundo efeito é a formação do chamado juízo universal. O juízo de falência possui a chamada vis attractiva, é dizer, o juízo que decretou a falência passa a ter competência para julgar todas as ações e execuções que envolvam bens, interesses e negócios do falido. Em razão disso, haverá a suspensão de todas as ações e execuções que envolvam bens, interesses e negócios do falido, exceto: Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo. 1º Ações Trabalhistas (Art. 6º, §2º): a competência para julgar a reclamação trabalhista continua na Justiça do Trabalho até a apuração do respectivo crédito. Só após a condenação do falido é que o valor será inscrito no quadro geral de credores. Assim, as ações trabalhistas só serão suspensas quando já se souber o valor da condenação. 2º Execuções Fiscais 3º Ações que demandarem quantia ilíquida (Art. 6º, §1º): serão julgadas normalmente até que seja apurado o valor da condenação. Após, esse valor deverá ser habilitado na falência. 4º Ações em que o falido for autor ou litisconsorte ativo. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ O terceiro efeito da decretação da falência em relação aos credores é a suspensão da fluência dos juros. Art. 124. Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados. Não se sujeitam a esse efeito os juros das debêntures e dos créditos com garantia real, mas por eles responde, exclusivamente, o produto dos bens que constituem a garantia. Parágrafo único. Excetuam-se desta disposição os juros das debêntures e dos créditos com garantia real, mas por eles responde, exclusivamente, o produto dos bens que constituem a garantia. O quarto efeito é o vencimento antecipado de toda a dívida do falido. Art. 77. A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os créditos em moeda estrangeira para a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os efeitos desta Lei. Por fim, o quinto efeito é a suspensão do curso da prescrição das obrigações do falido, que recomeça a correr do dia em que transitar em julgado a sentença do encerramento da falência. Art. 157. O prazo prescricional relativo às obrigações do falido recomeça a correr a partir do dia em que transitar em julgado a sentença do encerramento da falência. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Quanto aos contratos: nos termos do Art. 117, Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê. Assim, quem decide pelo cumprimento ou não dos contratos bilaterais é o administrador, não havendo rescisão automática pela falência. O contratante, contudo, pode interpelar o administrador judicial, no prazo de 90 dias, contados da assinatura do termo de sua nomeação, para que, no prazo de 10 dias, informe se cumpre ou não contrato. A declaração negativa ou o silêncio do administrador judicial confere ao contraente o direito à indenização, cujo valor, apurado em processo ordinário, constituirá crédito quirografário. 1º Contrato de locação: a falência do locador (aquele que aluga) não resolve o contrato de locação e na falência do locatário (aquele que paga o aluguel), o administrador judicial pode, a qualquer tempo, denunciar o contrato. 2º Mandatos: o mandato conferido pelo devedor, antes da falência, para realização de negócios, cessará seus efeitos com a decretação da falência, cabendo ao mandatário prestar contas de sua gestão. O mandato conferido para representação judicial do devedor continua em vigor até que seja expressamente revogado pelo administrador judicial. Para o falido, cessa o mandato ou comissão que houver recebido antes da falência, salvo os que versarem sobre matéria estranha a atividade empresarial. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 3º Contas Bancárias: as contas correntes com o devedor consideram-se encerradas no momento da decretação da falência, verificando o respectivo saldo.f) Natureza jurídica da sentença declaratória de falência A sentença declaratória de falência tem caráter predominantemente constitutivo, pois é a partir da sua decretação que incidirá o regime falimentar sobre o empresário ou sociedade, colocando-os em uma situação jurídica diversa da anterior, tendo como efeitos, dentre outros, o afastamento da administração dos bens, a constituição da massa falida, o vencimento antecipado da dívida e a nomeação do administrador judicial. 7º Arrecadação dos bens Após a nomeação do administrador judicial, ele deverá fazer a arrecadação de todos os bens que estão na posse do falido. Após a arrecadação, o administrador deverá proceder com a avaliação dos bens e a realização do ativo (venda judicial deles). No processo falimentar há três modalidades de venda judicial: a) Leilão (Art. 142, §3º): poderá ser tanto de bens móveis como imóveis. O leilão é feito de forma oral. b) Proposta Fechada (Art. 142, §4º): aqui, o magistrado estabelece uma audiência pública para a venda dos bens, onde os interessados levarão suas propostas em envelopes fechados, a serem entregues no cartório judicial, ocasião em que devem receber um recibo. O interessado só poderá ingressar na audiência com esse recibo. Após, o magistrado abre as propostas e declara o vencedor. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ c) Pregão (Art. 142, §§ 5º e 6º): é uma modalidade híbrida. É uma mistura de leilão com proposta fechada. d) Obrigatoriedade de intervenção do MP (Art. 142, §7º): Em qualquer modalidade de alienação, o Ministério Público será intimado pessoalmente, sob pena de nulidade. e) Ordem de preferência: O Art. 140 da lei estabelece uma ordem de preferência nas alienações dos bens. A ordem é a seguinte: 1º Alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco. 2º Alienação da empresa, com a venda de suas filais ou unidades produtivas isoladamente. 3º alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor. 4º alienação dos bens individualmente considerados. f) Inexistência de sucessão nas dívidas da sociedade: a nova lei de falências inovou ao estabelece que o adquirente não responde pelas obrigações do falido, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidente do trabalho: Art. 141. (…). II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho. 8º - Pagamento dos credores a) Habilitação dos créditos https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Após a decretação da falência, o juiz ordenará ao falido que apresente, no prazo de 05 dias, relação nominal dos credores, sob pena de desobediência. De posse dessas informações, o juiz ordenará a publicação de edital contendo a íntegra da decisão que decretou a falência e a relação dos credores. A partir da publicação do edital, os credores terão o prazo de 15 dias para apresentar ao administrador judicial as suas divergências quando aos créditos relacionados no edital. A habilitação do crédito dentro do prazo legal de 15 dias é um pedido administrativo, dirigido ao administrador judicial. Assim, para habilitar administrativamente um crédito não é necessário advogado ou pagamento de custas. b) Da impugnação Após o prazo de 15 dias, o administrador deverá elabora uma nova relação de credores, a ser divulgada em 45 dias. Divulgada a nova relação, qualquer credor, o devedor ou seus sócios e o MP podem, no prazo de 10 dias, apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores. A impugnação é uma ação (necessitando de advogado e pagamento de custas), que segue o rito ordinário. Havendo impugnação, quadro geral de credores só será formado após o trânsito em julgado da última impugnação. c) Da habilitação retardatária Aquele que não habilitou o seu crédito dentro do prazo legal, poderá fazê- lo, desde que obedecidas as seguintes regras: 1º Se a habilitação retardatária for apresentada antes da homologação do quadro geral de credores, será recebida como uma impugnação. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 2º Se a habilitação retardatária for apresentada após a homologação do quadro geral de credores, é preciso ingressar com uma ação chamada ação de retificação, que seguirá o rito ordinário. d) Da perda do direito de rateio Os créditos retardatários perderão o direito a eventuais rateios. 9º - Da ordem de classificação dos créditos na falência a) créditos com preferência absoluta Antes do pagamento de qualquer crédito, deverão ser pagos os seguintes: 1º As despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável à administração da massa falida, que deverão ser pagas tão logo haja disponibilidade de caixa: Art. 150. As despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável à administração da falência, inclusive na hipótese de continuação provisória das atividades previstas no inciso XI do caput do art. 99 desta Lei, serão pagas pelo administrador judicial com os recursos disponíveis em caixa. 2º Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos três meses anteriores a decretação da falência, até o limite de 05 salários- mínimos por trabalhador, que serão pagos tão logo haja disponibilidade de caixa: Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa. 3º O pedido de restituição, na hipótese de um bem de terceiro sido vendido: https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre em poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir sua restituição. Art. 86. (…) Parágrafo único. As restituições de que trata este artigo somente serão efetuadas após o pagamento previsto no art. 151 desta Lei. Esses três créditos devem ser pagos antes do pagamento de todos os outros. Após eles, deverão ser pagos os créditos extraconcursais. b) créditos extraconcursais São as dívidas da massa falida, é dizer, aquelas contraídas após a decretação da falência. São eles: Art. 84: (...) V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei. 1º Crédito tributário cujo fato gerador ocorreu depois da decretação da falência Quando o fato gerador ocorrer antes da decretação, o crédito será concursal, quando ocorrer após, será extraconcursal. Art. 67. Os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a recuperação judicial, inclusive aqueles relativos a despesas com fornecedores de bens ou serviços e contratos de mútuo, serão considerados extraconcursais, em caso de decretação de falência, respeitada, no que couber, a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 2º Despesas feitas após o deferimento do processamento da recuperação judicial São extraconcursais os créditos originários de negócios jurídicos realizados após a data em que foi deferido o pedido de processamento de recuperação judicial (REsp1.398.092-SC). 3º Remuneração do Administrador Judicial A remuneração devida ao administrador judicial e seus auxiliares também são consideradas extraconcursais. Art. 84. (…) I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência. Sobre o tema, o art. 24, §1º, da lei estabelece que o juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes. Ademais, em qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá 5% (cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na falência. Posteriormente, foi acrescentado o §5º no artigo 24, estabelecendo que a remuneração do administrador judicial fica reduzida ao limite de 2% (dois por cento), no caso de microempresas e empresas de pequeno porte. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Por fim, temos que a nova lei Revogou a Súmula 219 do STJ. 4º As custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido vencida. 5º As despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, bem como custas do processo de falência. 6º As quantias fornecidas à massa pelos credores. 7º Créditos decorrentes de honorários advocatícios e falência Para saber em qual categoria os honorários advocatícios (contratuais ou legais) pertencem, faz-se necessário atentar-se para o seguinte. Se eles referirem-se a serviços prestados antes da decretação da falência, por ser verba alimentar, serão equiparados aos créditos trabalhistas, estando, portanto, enquadrados no inciso I, do art. 83. Já os honorários de advogado resultantes de trabalhos prestados à massa falida, depois de ter sido decretada a falência são considerados como créditos extraconcursais, nos termos dos arts. 84 e 149 da Lei 11.101/2005 (REsp 1.152.218-RS). c) Créditos concursais Após o pagamento dos créditos extraconcursais, passa-se ao pagamento dos créditos concursais, previstos no art. 83 da Lei. São eles: https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 1º Os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho Inicialmente, faz-se necessário saber que o limite de 150 salários-mínimos não se aplica aos créditos decorrentes de acidente de trabalho, mas apenas aos créditos decorrentes da legislação do trabalho. Nesse caso, o crédito trabalhista que exceder o limite de 150 salários-mínimos é considerado quirografário. Cessão de crédito trabalhista: a lei permite a cessão do crédito trabalhista. Nesse caso, os créditos cedidos a terceiros serão considerados quirografários. 2º créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado. 3º créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias: As multas tributárias foram excluídas dessa categoria. 4º créditos com privilégio especial. 5º créditos com privilégio geral. 6º créditos quirografários. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 7ºas multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias. 8º créditos subordinados. Resumo da ordem de pagamento: 1º O crédito da administração da massa falida. 2º Crédito de natureza trabalhista estritamente salarial, até 05 salários- mínimos. 3º crédito decorrente de pedido de restituição. 4º Crédito extraconcursal. 5º Crédito concursal. 6º Pago todos os credores, o saldo, se houver, será entregue ao falido. 10º - Pedido de restituição a) conceito Aquele que tiver um bem arrecadado indevidamente pela massa falida, poderá fazer um pedido de restituição para revê-lo. Trata-se de uma ação de rito ordinário a ser ajuizado no juízo da falência. b) hipóteses de cabimento 1) coisa vendida a crédito e entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não alienada (art. 85, parágrafo único). O prazo de 15 dias conta-se do requerimento de https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ falência e não da sua decretação, bem como se conta o prazo da entrega efetiva e não de sua remessa. 2) O bem objeto de alienação fiduciária. 3) A importância entregue, em moeda corrente nacional, decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para exportação (Arts. 75, §§3º e 4º, da Lei 4.728/65). 4) O contratante de boa fé nas hipóteses de ação revocatória. c) Possibilidade de restituição em dinheiro (Art. 86 e Súmula 417 do STF): A restituição proceder-se-á em dinheiro nas seguintes hipóteses: 1) quando a coisa a ser restituída não mais existir. Se o bem foi vendido, o requerente receberá o valor da venda; se o bem tiver se deteriorado, receberá o valor da avaliação. 2) Quando o adiantamento em contrato de câmbio for em dinheiro. 3) O contratante de boa fé nas hipóteses de ação revocatória. 4) Quando o bem na posse do falido for dinheiro (Ex: o empregador desconta o dinheiro do INSS e não o repassa). d) Apelação Da sentença que julgar o pedido de restituição cabe apelação, sem efeito suspensivo. e) Prazo de restituição A restituição de bens é imediata, devendo a coisa ser entregue no prazo de 48 horas. A restituição em dinheiro só será paga após o pagamento dos https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ créditos previstos nos arts. 150 e 151. Em ambos os casos, não havendo contestação do pedido, a massa não será condenada ao pagamento de honorários advocatícios. 11º Ação Revocatória a) Atos ineficazes Durante o termo legal da falência, a prática dos atos previstos no art. 129 será ineficaz em relação à massa falida. b) Ineficácia objetiva Trata-se de uma hipótese de ineficácia objetiva, posto que os atos serão considerados ineficazes tenha ou não o contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, é dizer, independentemente da intenção dele. c) Taxatividade O rol do art. 129 é taxativo. d) Formas de Decretação A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada em defesa ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso do processo. e) Atos Revogáveis S ão revogáveis os atos praticados dentro do termo legal com o objetivo de prejudicar credores. Trata-se, aqui, de uma ineficácia subjetiva, já que se exige prova da intenção de fraudar os credores. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ f) Objetivo da ação revocatória A ação revocatória não visa anular ou desfazer os atos praticados pelo devedor, mas tão somente torná-los sem efeito perante a massa falida. Assim, caso o devedor falido consiga pagar todas as suas dívidas, alcançando a extinção de suas obrigações, os atos praticados serão plenamente eficazes. g) Processamento da ação revocatória A ação revocatória é o meio hábil para pleitear a declaração de ineficácia dos atos previstos nos arts. 129 e 130, sendo processada da seguinte forma: 1º - Rito e juízo competente: deverá observar o rito ordinário e deve ser proposta perante o juízo da falência. 2º - Legitimidade ativa: a legitimidade ativa para sua proposição é concorrente entre o administrador, os credores e o MP. 3º - Legitimidade passiva: a ação deverá ser proposta contra todos que figurarem no ato ou que porefeito dele foram beneficiados, contra terceiros adquirentes, se estes tiveram conhecimento da intenção de fraudar credores. Contra os herdeiros e legatários dessas pessoas. 4º - Prazo: A ação deverá ser proposta no prazo decadencial de 03 anos, contados da decretação da falência. 5º - Sentença: da sentença cabe apelação. Nesse caso, se a ação tem fundamento no art. 129. a apelação não terá efeito suspensivo, ao passo que se ela se fundamentar no art. 130, será recebida em ambos os efeitos. 6º - Direitos de terceiros: na hipótese de ineficácia, o contratante de boa fé terá direito a restituição. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 7º - Ação Revocatória X Ação Paulina: a ação revocatória não se confunde com a pauliana, possuindo as seguintes diferenças: Ação Revocatória Ação Paulina Ação Falimentar Ação genuinamente civil. Busca a ineficácia do ato em relação à massa falida. Busca a nulidade do ato. Poderá ser proposta pelo administrador, credor ou MP. O autor da ação é sempre o credor, que haja em interesse próprio. 12º - Extinção de processo falimentar a) Sentença de encerramento Concluído a realização de todo o ativo, e distribuído o produto entre os credores, o administrador judicial apresentará suas contas ao juiz no prazo de 30 dias. O juiz irá analisar essas contas na própria sentença de encerramento, que será proferida independentemente de existir credores não pagos. b) Sentença de extinção das obrigações do falido A sentença de extinção das obrigações do falido é aquela que promove a reabilitação do falido. Ela será proferida nas seguintes hipóteses: 1) o pagamento de todos os créditos; 2) o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo; 3) o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto na Lei; https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 4) o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto na Lei. A extinção das obrigações do falido depende da quitação dos tributos?: Nos processos de falência ajuizados anteriormente à vigência da Lei nº 11.101/2005, a decretação da extinção das obrigações do falido prescinde da apresentação de prova da quitação de tributos (REsp 1.426.422-RJ). Existe divergência se, na vigência da Lei nº 11.101/2005, a quitação dos tributos é condição para a extinção das obrigações do falido. A Min. Nancy Andrighi sustenta que sim. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ III. Recuperação Judicial 1º - Diferenças para a concordata Antes da nova lei de falências, o instrumento legal para que o empresário saísse de uma crise financeira era concordata, prevista no Decreto-Lei 7.661/45. As principais diferenças entre os instrumentos são as seguintes. Concordata Recuperação Só fazia o pagamento de créditos quirografário. Faz o pagamento de vários tipos de crédito. Só havia remissão parcial ou dilação de prazo. Há meios mais modernos de superar a crise. O credor não participava do processo. O credor participa do processo. 2º Aspectos gerais a) foro competente Mesma regra da falência. b) Benefício da justiça gratuita É pacífico no STJ que a pessoa jurídica pode se aproveitar dos benefícios da justiça gratuita, desde que demonstre a incapacidade de arcar com as despesas processuais sem prejudicar a sua própria manutenção. Assim, como as empresas em recuperação judicial estão assumidamente em crise, é possível a concessão do benéfico da justiça gratuita. c) Inaplicabilidade do prazo em dobro para recorrer aos credores na recuperação judicial https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ O CPC prevê que, quando houver litisconsórcio, seja ele ativo (dois ou mais autores) ou passivo (dois ou mais réus), caso os litisconsortes tenham advogados diferentes, os seus prazos serão contados em dobro (art. 229 do CPC 2015). Na recuperação judicial existe a possibilidade de litisconsórcio ativo. Ex: três sociedades empresárias, integrantes do mesmo grupo econômico, estão em situação de extrema dificuldade econômica e decidem pedir a recuperação judicial. Em caso de litisconsórcio ativo,é possível aplicar o art. 229 do CPC 2015. Por outro lado, na recuperação judicial não existe a possibilidade de litisconsórcio passivo. O motivo é muito simples: no processo de recuperação judicial não existem réus. Os credores não são réus. Ocupam a posição de interessados. Portanto, não havendo réus, não se pode falar que exista litisconsórcio passivo entre os credores da recuperanda. Assim, se no processo de recuperação judicial uma decisão desagradar aos credores e eles decidirem recorrer, não terão prazo em dobro, mesmo que possuam advogados diferentes. Em outras palavras, é inaplicável aos credores da sociedade recuperanda o prazo em dobro para recorrer previsto no art. 229 do CPC 2015 (REsp 1.324.671-SP). 3º - Requisitos da Recuperação Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. a) não ser falido O empresário não poderá ser falido e, se foi, devem estar extintos, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades dai decorrentes. b) não ter, há menos de 05 anos, obtido a concessão de recuperação judicial Os 05 anos, nesse caso, são contados da data da obtenção do pedido e não do seu requerimento. c) não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial (Válido para micro e pequena empresa). d) não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes falimentares. e) ser devedor em atividade regular há mais de 02 anos. 4º - Legitimidade para requerer a recuperação Em regra, somente o devedor poderá requerer a recuperação judicial. O credor somente pode pedir a falência do devedor, não a recuperação. Ademais, a lei permite ainda que a recuperação judicial seja requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Aquele que está em concordata poderá requerer a recuperação?: Depende. A concordata poderia ser suspensiva ou preventiva. A diferença é que entre elas havia uma sentença declaratória de falência. Assim, se o juiz decretasse a falência, o devedor não poderia mais pedir concordata preventiva, pois ela só era apreciada antes da sentença declaratória. Após a falência só era possível a concordata suspensiva, que tinha esse nome justamente porque suspendia os efeitos da falência. Assim, somente aquele que estivesse em concordata preventiva poderia requerer a recuperaçãojudicial, isso porque um dos requisitos da lei para recuperação é não ser falido. 5º - Créditos sujeitos aos efeitos da recuperação judicial a) Créditos incluídos Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos. O crédito trabalhista decorrente de serviço prestado pelo empregado antes da recuperação judicial a ela estará sujeito: Os créditos trabalhistas litigiosos referentes a serviços prestados pelo trabalhador à empresa antes da recuperação judicial deverão estar sujeitos a ela, mesmo queno momento do pedido tais créditos não estivessem consolidados? SIM. A partir do momento em que o empregado trabalha, ele se torna credor de seu empregador, tendo direito ao recebimento das verbas trabalhistas. Esse crédito existe independentemente de decisão judicial. Se o empregador não paga e o empregado ingressa com reclamação trabalhista, a sentença apenas reconhecerá (declarará) a existência do direito do trabalhador, condenando o patrão a pagar. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Não é a sentença, contudo, que constitui o direito, mas apenas o declara. Isso significa que, se este crédito foi constituído em momento anterior ao pedido de recuperação judicial, deverá se submeter aos seus efeitos. Desse modo, se as verbas trabalhistas estão relacionadas com serviços prestados pelo empregado em momento anterior ao pedido de recuperação judicial, tais verbas também estarão sujeitas a esse procedimento, mesmo que a sentença trabalhista tenha sido prolatada somente depois do deferimento da recuperação. A consolidação do crédito trabalhista (ainda que inexigível e ilíquido) não depende de provimento judicial que o declare — e muito menos do transcurso de seu trânsito em julgado —, para efeito de sua sujeição aos efeitos da recuperação judicial (REsp 1.634.046/RS). b) Créditos excluídos: 1º Créditos tributários (Art. 6º, §7º c/c 57); 2º Créditos decorrentes de propriedade fiduciária. 3º Créditos decorrentes de arrendamento mercantil. 4º Créditos decorrentes de compra e venda com reserva de domínio. 5º Créditos decorrentes de de compra e venda de imóvel com cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade. Art. 49. (…) § 3o Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial. Ressalva: nos termos do §3º do artigo 49, em regra, os créditos enumerados do nº 02 ao 05, não estão sujeitos ao plano de recuperação judicial (Regra). Contudo, parte final do dispositivo consagra uma exceção, nos casos de bens essenciais para a atividade da empresa, ainda que sejam alguns dos créditos previstos (nº 02 a 05), ele passará a se sujeitar a recuperação judicial. Por exemplo, se uma empresa de transportes possui 100 caminhões, e 10 deles foram adquiridos por alienação fiduciária, o aludido crédito não irá se sujeitar a recuperação judicial, já que a empresa poderá sobreviver com os demais caminhões. Contudo, caso a mesma empresa somente possua um caminhão, adquirido por alienação fiduciária, ele passará a se sujeitar a recuperação judicial, já que ele deve ser considerado essencial a atividade da empresa. Com base nisso, o STJ já decidiu que se a garantia da alienação fiduciária for o imóvel que funciona o estabelecimento do devedor ou forem bens móveis essenciais à atividade empresarial da empresa em recuperação judicial, nesse caso, mesmo sendo crédito de alienação fiduciária, deverá ficar sujeita aos efeitos da recuperação judicial (CC 131.656-PE). Por fim, ressalta-se mais uma vez que para se enquadrar na parte final do § 3º, o bem objeto da alienação fiduciária deve ser o essencial à atividade empresarial. Se o contrato de alienação fiduciária for referente a um bem não essencial, esse crédito continua fora da recuperação judicial. É dizer, em regra, tais créditos não estão sujeitos a recuperação (regra), submetendo-se a ela apenas nos casos em que forem essenciais para a atividade da empresa em recuperação (exceção). 6º Crédito decorrente de adiantamento de contra de câmbio. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 7º Crédito posteriores ao pedido de recuperação judicial. 8º Crédito decorrente de ação de despejo: Em ação de despejo movida pelo proprietário locador, a retomada da posse direta do imóvel locado à sociedade empresária em recuperação judicial, com base na Lei do Inquilinato (Lei 8.245⁄91), não se submete à competência do Juízo universal da recuperação. O credor proprietário de imóvel, quanto à retomada do bem, não está sujeito aos efeitos da recuperação judicial (Lei 11.101⁄2005, art. 49, § 3º). Em suma: a ação de despejo não se submete ao juízo universal da falência, podendo continuar a tramitar normalmente, inclusive com a retomada do bem pelo locador (proprietário) (CC 123.116-SP). 6º - Procedimento a) petição inicial Na petição inicial, o requerer deverá observar aos requisitos do art. 51 da lei, dentre eles: 1) exposição das causas concretas do estado de crise; 2) as demonstrações contábeis dos últimos 03 exercícios; 3) a relação dos bens particulares dos sócios. b) O despacho do juiz (Art. 52) Estando em ordem a documentação exigida pela lei, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato nomeará o administrador judicial. Ademais, o despacho de processamento prova a suspensão de todas as execuções do devedor pelo prazo de 180 dias. Nesse sentido, não serão suspensas, contudo, as seguintes ações: 1º As ações que envolvam créditos excluídos da recuperação; https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 2º As ações que demandem quantia ilíquida; 3º As ações trabalhistas, que só serão suspensas quando chegar na fase de execução. 4º STJ - Súmula 581: A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das ações e execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória. c) Impossibilidade de constrição judicial que comprometa a atividade empresarial: O STJ, com o objetivo de viabilizar a saída da situação de crise, não admite que os credores que estejam fora da recuperação promovam constrição judicial que comprometa a atividade da empresa. d) Competência para a execução do crédito trabalhista em caso de empresa em recuperação judicial O STF entendeu que é da justiça comum que analisa a recuperação e não da justiça do trabalho. e) Irrecorribilidade do despacho de processamento Do despacho de processamento não cabe recuperação. Inteligência da súmula 264 do STJ. g) Expedição de Edital https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ O despacho de processamento terá que ser publicado em edital, que deverá conter: 1) o resumo do pedido do autor; 2)os termos da decisão que deferiu o processamento; 3) a relação dos credores; 4) a advertência acerca dos prazos de habilitação dos créditos e para apresentação de objeção. h) Habilitação do crédito Aplicam-se as mesmas regras da falência. i) Apresentação do plano de recuperação judicia O devedor terá o prazo improrrogável de 60 dias, contados da publicação da decisão que deferiu o processamento da recuperação judicial, para apresentar o plano. j) Consequências da não apresentação do plano no prazo de 60 dias A não apresentação no prazo provoca a convolação em falência do devedor. h) Objeção e apresentação do plano pelos credores Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano no prazo de 30 dias, contados da publicação da nova relação de credores. Havendo rejeição de qualquer credor, o juiz convocará assembleia geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação judicial. Rejeitado o plano, o juiz decretará a falência. l) Decisão concessiva https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Após a aprovação do plano, ele só poderá ser executado se houver uma decisão concessiva pela juiz. A questão da necessidade de apresentação de certidão negativa de débito tributário: a lei estabelece como condição para uma decisão concessiva do juiz a apresentação de CND. A doutrina, contudo, entende que se trata de uma sanção política, não sendo ela aplicada em razão disso. O devedor em recuperação tem o direito de discutir o crédito tributário, de forma que essa exigência violaria o seu direito ao contraditório. Ademais, mesmo havendo recuperação, as execuções fiscais não serão suspensas. m) Efeitos da decisão concessiva 1º Novação A decisão concessiva implica na novação dos créditos anteriores ao pedido (extingue-se, portanto, as dívidas anteriores e cria-se uma nova dívida). Como a novação induz a extinção da relação jurídica anterior, substituída por uma nova, não será mais possível falar em inadimplência do devedor com base na dívida extinta. Diante disso, não se justifica a manutenção do nome da recuperanda ou de seus sócios em cadastros de inadimplentes em virtude da dívida novada (AgRg no Ag 948.785/RS). Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado o disposto no § 1o do art. 50 desta Lei. Contudo, ao contrário da novação civil, em que se extingue os acessórios e as garantias da dívida, em sede de recuperação judicial ocorre justamente o https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ contrário, ou seja, as garantias são mantidas, sobretudo as garantias reais, as quais só serão suprimidas ou substituídas “mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia”, por ocasião da alienação do bem gravado. Art. 49. (…) § 1o Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e brigados de regresso. Art. 50. (…) § 1o Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia. Em razão da manutenção dessas garantias, o STJ entendeu que a recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das execuções nem induz suspensão ou extinção de ações ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória, pois não se lhes aplicam a suspensão prevista nos arts. 6º, caput, e 52, inciso III, ou a novação a que se refere o art. 59, caput, por força do que dispõe o art. 49, § 1º, todos da Lei 11.101/2005 (REsp 1.333.349-SP). 2º Formação de título executivo judicial: A decisão concessiva constitui um título executivo judicial contra o devedor. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 3º Recurso Da decisão concessiva caberá agravo de instrumento, que poderá ser interposto por qualquer credor ou pelo MP. 7º - Do Plano de Recuperação a) limite temporal Não há limite temporal para a duração do plano. Contudo, somente nos dois primeiros anos é que ele será acompanhado pelo juiz. Após esse prazo, o juiz encerrará o processo de recuperação judicial, mas o plano poderá prosseguir normalmente. b) Limitações ao plano O rol de ações previstas no art. 50 é meramente exemplificativo, podendo o devedor apresentar outras alternativas que julgar necessárias para a saída da crise. A única limitação ao plano é aquela prevista no art. 54: Art. 54. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial. Parágrafo único. O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias para o pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários- mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores ao pedido de recuperação judicial. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial. O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ (trinta) dias para o pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários- mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores ao pedido de recuperação judicial. 8º - Assembleia Geral de credores a) Composição: A assembleia é composta por 04 classes de credores: 1º Classe um: titulares de créditos trabalhistas ou de acidentes do trabalho. Respondem com a totalidade do crédito. 2º Classe dois: titulares de crédito com garantia real. 3º Classe três: titulares de créditos quirografário, com privilégio especial e geral e subordinados. 4º Classe quatro: titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa de pequeno porte. Vinculação de todos os credores à determinação de plano de recuperação judicial aprovado por maioria pela assembleia geral de credores: Se, no âmbito de Assembleia Geral de Credores, a maioria deles - devidamente representados pelas respectivas classes -optar, por meio de dispositivo expressamente consignado em plano de recuperação judicial, pela supressão de todas as garantias fidejussórias e reais existentes em nome dos credores na data da aprovação do plano, todos eles - inclusive os que não compareceram à Assembleia ou os que, ao comparecerem, abstiveram - se ou votaram contrariamente à homologação do acordo - estarão indistintamente vinculados a essa determinação (REsp 1.532.943- MT). b) Quórum https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 1º Classe um e quatro: nessas classes, a votação é pela maioria dos credores presentes (maioria simples), independentemente do valor de seus créditos. É o chamado voto por cabeça (pouco importa o valor do crédito). 2º Classe dois e três: a proposta deverá ser aprovado por credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes. c) Ausência de direito a voto: O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de verificação de quorum de deliberação se o plano de recuperação judicial não alterar o valor ou as condições originais de pagamento de seu crédito @direitodiretoblog – Os bondholders
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