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MATERIAL DIDÁTICO INTRODUÇÃO À ENGENHARIA AMBIENTAL U N I V E R S I DA D E CANDIDO MENDES CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 Impressão e Editoração 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas SUMÁRIO UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................. 03 UNIDADE 2 – ENGENHARIA AMBIENTAL ........................................................... 05 UNIDADE 3 – TEMÁTICA AMBIENTAL................................................................. 15 3.1 Evolução e conceito .......................................................................................... 17 UNIDADE 4 – APLICAÇÕES DA ENGENHARIA AMBIENTAL ............................ 30 4.1 Dimensões e unidades ...................................................................................... 30 4.2 Saneamento, poluição hídrica, tratamento de água .......................................... 32 4.3 Resíduos, aterros controlados, incineração ...................................................... 34 4.4 Compostagem, contaminação dos solos, descontaminação ............................. 37 4.5 Poluição do ar, geração de energia ................................................................... 41 UNIDADE 5 – DECISÕES EM ENGENHARIA AMBIENTAL ................................. 44 5.1 Baseadas em análises técnicas ........................................................................ 48 5.2 Baseadas em análises econômicas .................................................................. 50 5.3 Baseadas em análises de custo/benefício ........................................................ 51 5.4 Baseadas em análises de risco ......................................................................... 52 5.5 Baseadas em análises de impacto ambiental ................................................... 58 5.6 Baseadas em análise ética ................................................................................ 61 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 64 3 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO Em linhas gerais, o engenheiro do ambiente ou engenheiro ambiental tem por missão identificar e solucionar problemas ambientais que, diga-se de passagem, não são poucos! Poluição sonora, da água, da terra, do ar que são consequência principalmente da atividade do homem no meio ambiente, engloba, digamos, o bruto dos problemas ambientais. As consequentes ramificações desse macro universo de problemas ambientais serão vistas em detalhes ao longo do curso, a saber: saneamento, poluição hídrica, tratamento da água, dos resíduos; aterros controlados, incineração; compostagem, contaminação dos solos, descontaminação; poluição do ar, geração de energia; métodos e técnicas para analisar, avaliar e controlar a qualidade ambienta; para tratar águas e esgotos; os diversos indicadores ambientais, passando pelo Indicador de Salubridade Ambiental (ISA), Indicador de Qualidade de Aterro de Resíduo (IQAR); resíduos perigosos, saneamento ambiental; a normalização, auditorias e certificação ambiental; projetos, planejamento e licenciamento; legislação, direito ambiental, estes são alguns dos conteúdos a serem estudados. Enquanto Especialista em Engenharia Ambiental esperamos que este profissional desenvolva habilidades e competências (identificar, formular e resolver problemas; comunicar-se eficientemente; projetar e conduzir experimentos; atuar multidisciplinarmente; ser ético e responsável). Essas são apenas algumas das competências para aplicar os conhecimentos científicos e empíricos, na construção de estruturas, modelos e processos que visem a converter/utilizar os recursos naturais para atendimento às necessidades humanas de maneira racional e sustentável. Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicas. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 4 incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 5 UNIDADE 2 – ENGENHARIA AMBIENTAL Uma vez que a engenharia ambiental reúne conhecimentos da engenharia e das ciências do meio ambiente, poderíamos iniciar com uma definição mais ampla do que é a engenharia: engenharia é a profissão na qual o conhecimento de matemática e de ciências naturais é obtido a partir de estudo, experiência e prática; é aplicada com cuidado para desenvolver formas de utilizar economicamente materiais e forças da natureza para o benefício da humanidade. Assim sendo, engenheiros não são cientistas, dadas as diferenças existentes entre os mesmos. Cientistas descobrem coisas; engenheiros fazem-nas funcionar. Isso mostra que é inerente, no desenvolvimento profissional dos engenheiros, que eles tenham que obter experiência, prática e capacidade de avaliação junto a profissionais mais experientes (ZILBERMAN, 2004). São características que deve permear o universo de um engenheiro, ou seja, seu profissionalismo: as decisões profissionais são feitas por meio de princípios gerais, teorias ou proposições que são independentes das particularidades do caso que está sendo considerado; as decisões implicam conhecimento em uma área específica, na qual a pessoa é um expert. O profissional é um expert somente na sua profissão e não em tudo; as relações profissionais com os clientes devem ser objetivas e independem de sentimentos particulares entre eles; um profissional adquire status e é recompensado financeiramente pelo que realiza e não por suas qualidades inerentes ou pertencimento a uma associação ou determinado sindicato; as decisões do profissional são assumidas em benefício do cliente e não devem depender de seu interessepessoal; o profissional se inscreve em uma associação técnica e aceita somente a autoridade desses colegas como sanção de seu próprio procedimento. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 6 Um profissional é alguém que sabe o que é bom para os clientes mais do que eles próprios. O conhecimento do profissional coloca o cliente em uma situação bastante vulnerável, e essa vulnerabilidade tem gerado a necessidade da existência de códigos profissionais e de ética que servem para proteger o cliente. São esses códigos que são impostos pelo grupo de colegas e pares quanto à avaliação da atuação dos profissionais. A engenharia ambiental pertence ao ramo da engenharia civil que basicamente possui estabelecido um código de ética que engloba esses princípios e que é aplicado pelos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREAs). Os entendimentos anteriores nos levam a inferir que a engenharia ambiental irá tratar: da solução de problemas de saneamento ambiental, principalmente no fornecimento de abastecimento público de água segura, potável, palatável e generalizada; na disposição adequada de esgotos e resíduos sólidos ou de suas reciclagens; na adequada drenagem de áreas urbanas e rurais para um saneamento correto das mesmas; no controle da poluição hídrica, atmosférica e do solo, bem como do impacto social e ambiental de suas soluções. Mais ainda, tem a ver com os problemas de engenharia no campo da saúde pública, tais como doenças devidas a artrópodes, eliminação de problemas de saúde causados por atividades industriais e adequado fornecimento de saneamento nas áreas urbanas, rurais e recreacionais, bem como os efeitos dos avanços tecnológicos no ambiente em geral. Zilberman (2004) ressalta que, por outro lado, também é importante definir o que não é engenharia ambiental: basicamente ela não se preocupa com aquecimento, ventilação ou condicionamento de ar, nem tampouco com arquitetura paisagística. Não deve, ainda, ser confundida com funções de engenharia estrutural Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 7 ou arquitetônica associadas a ambientes construídos, tais como casas, edifícios, escritórios ou outros locais de trabalho. De acordo com a definição citada de engenharia ambiental, fica claro que os trabalhos a serem desenvolvidos envolvem amplos conhecimentos sobre ciências naturais e ambientais. Existem no Brasil pelo menos 20 universidades/faculdades entre públicas e privadas que oferecem o curso de Engenharia Ambiental, e uma pesquisa realizada para Revista EXAME aponta que dentre as 30 profissões mais promissoras para o ano de 2013, dez estão dentro das engenharias, e segundo os headhunters1, os engenheiros ambientais estão entre os mais procurados. São notícias que abrem perspectivas positivas e motivam os profissionais a buscarem especialização para estarem sempre atualizados e aptos a serem selecionados, visto ser um mercado competitivo. Entre os profissionais mais procurados atualmente estão os Engenheiros Ambientais, que segundo headhunters consultados por EXAME.com estão sendo requisitados mais fortemente nos setores químico e petroquímico, sendo que outros setores também demandam este profissional, que pode ter formação em Engenharia Ambiental ou Engenharia Química com pós em ambiental, segundo o especialista da Robert Half. A expectativa é que, nos próximos anos, mais empresas separem a área ambiental do setor de segurança de trabalho, de acordo com Daniela Ribeiro, da Robert Half: “O profissional precisa primeiro entender o negócio da companhia, os produtos e impacto no meio ambiente para, então, reformular os processos”, afirma a especialista da Mariaca. Atualmente, no entanto, a maioria das empresas mantém essas duas áreas unidas. Neste caso, o papel do profissional vai desde “manter a operação sem acidentes até garantir que a área produtiva não afete o ambiente, evitando 1 “Caça-talentos”, pessoas ou grupo de pessoas, especializados em procurar profissionais talentosos ou perfis preestabelecidos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 8 desperdícios, fazendo tratamento de resíduos”, afirma Diego Mariz, da Michael Page. (Revista EXAME.com reportagem de 21/02/2013). Segundo a Associação nacional dos Engenheiros Ambientais (ANEAM, 2013) no Brasil, a Engenharia Ambiental é voltada para o desenvolvimento econômico sustentável com a função de resolver problemas concretos de prevenção e remediação (atividade corretiva) diante das ações antrópicas, mediante aplicações da tecnologia disponível, pontual e localmente apropriada, respeitando os limites dos recursos naturais. O engenheiro ambiental busca atuar em diversas áreas desenvolvendo e aplicando tecnologias para proteger o ambiente dos danos causados pelas atividades humanas. Sua principal função é preservar a qualidade da água, do ar e do solo e buscar medidas mitigadoras quando o dano ambiental não pode ser evitado. Para isso planeja, coordena e administra redes de distribuição de água e estações de tratamento de esgoto, supervisiona a coleta e o descarte dos resíduos, avalia o impacto de grandes obras sobre o meio ambiente para prevenir danos ao Meio Ambiente, atua na prevenção contra a poluição causada por indústrias. Em agências de meio ambiente e em polos industriais, controla, previne e trata a poluição atmosférica. Pode, ainda, monitorar o ambiente marinho e costeiro, atuando na prevenção e no controle de erosões em praias. De modo geral, tanto no âmbito público como privado, sua atuação deve atender aos objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente e das demandas que o mercado de trabalho exige. O engenheiro ambiental é habilitado a propor soluções socialmente justas e ecologicamente corretas para os problemas ambientais como poluição dos rios, do ar, descarte do lixo, aquecimento global, entre outros. Pode ser contratado pela iniciativa privada, órgãos públicos e terceiro setor. Para isso, a questão ecológica tem de estar no sangue. Tem de se preocupar com a causa, mas de uma forma bem prática e aplicada. Tem de ter facilidade para comunicação e também para desenvolvimento de projetos (CHAGAS, 2012). A engenharia ambiental foi criada pela Portaria nº 1.693, de 05 de dezembro de 1994, do Ministério de Estado da Educação e do Desporto. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 9 A Resolução nº 447, de 22 de setembro de 2000 dispõe sobre o registro profissional do Engenheiro Ambiental e discrimina suas atividades profissionais. O art. 2º diz que compete ao Engenheiro Ambiental o desempenho das atividades 01 a 14 e 18 do art. 1º da Resolução nº 218, de 29 de junho de 1973, referentes à administração, gestão e ordenamento ambientais e ao monitoramento e mitigação de impactos ambientais, seus serviços afins e correlatos.Art. 4º – os engenheiros ambientais integrarão o grupo ou categoria Engenharia, Modalidade Civil, prevista no art. 8º da Resolução 335, de 27 de outubro de 1989. A resolução nº 218, de 29 de junho de 1973 discrimina as atividades das diferentes modalidades profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia. RESOLVE: Art. 1º - Para efeito de fiscalização do exercício profissional correspondente às diferentes modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia em nível superior e em nível médio, ficam designadas as seguintes atividades para o Engenheiro Ambiental: atividade 01 – supervisão, coordenação e orientação técnica; atividade 02 – estudo, planejamento, projeto e especificação; atividade 03 – estudo de viabilidade técnico-econômica; atividade 04 – assistência, assessoria e consultoria; atividade 05 – direção de obra e serviço técnico; atividade 06 – vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico; atividade 07 – desempenho de cargo e função técnica; atividade 08 – ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica, extensão; atividade 09 – elaboração de orçamento; atividade 10 – padronização, mensuração e controle de qualidade; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 10 atividade 11 – execução de obra e serviço técnico; atividade 12 – fiscalização de obra e serviço técnico; atividade 13 – produção técnica e especializada; atividade 14 – condução de trabalho técnico; atividade 18 – execução de desenho técnico. De acordo com a Portaria nº 1693, 5 de dezembro de 1994, do Ministério da Educação e do Desporto, as ementas das matérias do curso de engenharia ambiental devem conter os seguintes conteúdos: Biologia — origem da vida e evolução das Espécies. A célula. Funções celulares. Nutrição e respiração. Código genético. Reprodução. Os organismos e as espécies. Fundamentos da microbiologia. Organismos patogênicos e decompositores. Ecologia microbiana; Geologia — características físicas da Terra. Minerais e rochas, Intemperismo. Solos. Hidrogeologia. Ambientes geológicos da erosão e deposição. Geodinâmica. Tectônica. Geomorfologia; Climatologia — elementos e fatores climáticos. Tipos de classificação de climas; Hidrologia — ciclo biológico. Balanço hídrico. Bacias hidrográficas. Escoamento superficial e subterrâneo. Transporte de sedimentos; Ecologia Geral e Aplicada — fatores ecológicos. Populações. Comunidade. Ecossistemas. Sucessões ecológicas. Ações antrópicas. Mudanças globais; Hidráulica — hidrostática e hidrodinâmica. Escoamento sob pressão. Escoamento em canais. Hidrometria; Cartografia — cartografia. Topografia. Fotogrametria. Sensoriamento remoto; Recursos Naturais — recursos renováveis e não renováveis. Caracterização e aproveitamento dos recursos naturais; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 11 Poluição Ambiental — qualidade ambiental. Poluentes e contaminantes. Critérios. Padrões de emissão. Controle; Impactos Ambientais — conceituação. Fatores ambientais. Instrumentos de identificação e análise. Os Impactos ambientais. Avaliação de Impactos Ambientais; Sistemas de Tratamento de Água e de Resíduos — processos físico- químicos e biológicos do tratamento da água e dos resíduos sólidos, líquidos e gasosos; Legislação e Direito Ambiental — evolução do direito ambiental. História da legislação ambiental. Legislação Básica Federal, Estadual e Municipal. Trâmite e práticas legais; Saúde Ambiental — conceito de Saúde. Saúde Pública. Ecologia das doenças. Epidemiologia. Saúde ocupacional; Planejamento Ambiental — teoria de planejamento. Planejamento no sistema de gestão ambiental; Sistemas Hidráulicos e Sanitários — sistema de abastecimento de água. Sistemas de esgotos sanitários. Sistemas de drenagem. Sistemas de coleta, transporte e disposição de resíduos sólidos; Física e Matemática — os cálculos são fundamentais no curso, pois antes de tudo ele é um curso de engenharia, o profissional terá que construir projetos. Então, essas disciplinas estão integradas no curso de Engenharia Ambiental. O perfil do profissional é para quem gosta de atividades de campo, de viagens e de pesquisas ao ar livre pode se dar bem na profissão. O graduado pode trabalhar com geologia do petróleo – na identificação de campos – mineração, localização de aquíferos e acompanhamento da exploração, em estudos de impacto ambiental e em geotecnia, que engloba análise prévia para a construção de obras. Vale guardar... Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 12 De forma resumida, podemos concluir que a Engenharia ambiental é um ramo da engenharia que estuda os problemas ambientais de forma integrada nas dimensões apresentadas no esquema abaixo: Suas áreas de atuação seriam: 1) análise de riscos ambientais; 2) auditorias; 3) diagnósticos ambientais; 4) avaliação de impactos ambientais; 5) contabilidade ambiental; 6) controle de qualidade ambiental – sistemas de monitoramento e vigilância; 7) detecção remota aplicada a ambiente e ordenamento do território; 8) ecodesign e análise do ciclo de vida; 9) educação e sensibilização ambiental; 10) geologia ambiental; 11) gestão ambiental; 12) gestão de recursos naturais e conservação da natureza (Meio Urbano, Rural e Costeiro); 13) gestão de resíduos sólidos; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 13 14) licenciamento Ambiental; 15) modelagem ambiental; 16) ordenamento do território (uso do solo), planejamento regional e urbano; 17) planejamento energético e energias renováveis; 18) poluição da água, poluição atmosférica, poluição do solo e ruído; 19) redes de saneamento; 20) hidrologia e hidrogeologia; 21) remediação de Áreas Degradadas; 22) regulamentação e normalização ambiental; 23) tecnologia/Produção limpa; 24) tratamento de águas residuárias e de abastecimento; 25) redução e controle das emissões de material particulado (LEAL JUNIOR; SALOMON, 2009). O mercado de trabalho do Engenheiro Ambiental pode ser composto de: empresas privadas; indústrias de comércio; indústrias de Serviços; organizações não-governamentais (ONGs); organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs); órgãos governamentais; empresas de Consultorias. Devido a sua formação multidisciplinar e visão holística, o profissional de Engenharia Ambiental tem um papel fundamental na composição de equipes técnicas para combate aos desastres naturais e redução dos riscos, vistos que estes eventos ocorrem pela associação de fatores como crescimento populacional e ocupação de áreas de forma desordenada, a exclusão social, a expansão urbana sem planejamento, o aumento de áreas impermeáveis, a ocupação de encostas ouSite: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 14 de locais de baixadas, o aumento do número de pessoas em áreas de risco, aumento da precipitação pluviométrica em determinados locais de risco, além de ausências de planejamento territorial, zoneamentos ambientais, mapas de riscos, modelos de previsão, dentre outros (ANEAM, 2013). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 15 UNIDADE 3 – TEMÁTICA AMBIENTAL A ciência ambiental, que engloba a engenharia ambiental, é baseada numa filosofia na qual várias linhas de pesquisa, em determinadas áreas consideradas relevantes, são de importância fundamental, e se desenvolvem em torno de temas- chave, como perspectiva global, população humana, sustentabilidade, o mundo urbano, valores, conhecimento e justiça social (ZILBERMAN, 2004). Até bem recentemente, acreditava-se de forma generalizada que a atividade humana acarretava apenas reflexos locais ou, no máximo, mudanças regionais no ambiente. É sabido que os efeitos da atividade humana no planeta são de tal envergadura que, atualmente, este se encontra às voltas com experimentações ambientais não planejadas cujos resultados, na maior parte das vezes, são imprevisíveis. O principal objetivo desta ciência emergente é obter conhecimentos básicos para entender sistematicamente como o planeta funciona. Esse conhecimento poderá ser aplicado para ajudar a resolver os problemas ambientais globais, portanto, a emergência dessa ciência ambiental abriu novos horizontes para o entendimento das relações entre ciências biológicas e físicas, o que requer cooperação interdisciplinar e educação. Na base de praticamente todos os problemas ambientais está o rápido crescimento da população humana. De fato, será difícil resolver outros problemas, a menos que a quantidade de pessoas que habitam o ambiente esteja de acordo com sua capacidade de sustentação. Talvez, a maior responsabilidade nessa área esteja vinculada ao esclarecimento e à educação dos seres humanos para os problemas populacionais. À medida que a população se torna mais educada e a taxa de analfabetismo decresce, o crescimento populacional tende também a se estabilizar, e até a decrescer. Sustentabilidade é uma terminologia que recentemente ganhou popularidade e que, de uma forma geral, significa a utilização de determinado recurso natural de tal forma que ele permaneça continuamente disponível. Entretanto, o termo é usado de forma vaga e equivocadamente em certas circunstâncias. Alguns o definem como a garantia de que as futuras gerações terão iguais oportunidades de acesso aos Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 16 recursos oferecidos atualmente pelo planeta. Outros argumentam que sustentabilidade se refere a tipos de desenvolvimento que são economicamente viáveis, não agridem ao ambiente e são socialmente justos. Entretanto, todos concordam com a necessidade de se aprender como manter os recursos ambientais, de forma a continuarem a prover benefícios à população humana e a outras formas de vida no planeta. Por outro lado, um número crescente de pessoas está vivendo em áreas urbanas. Infelizmente os centros urbanos têm sido negligenciados e a qualidade ambiental urbana tem sofrido prejuízos, através de poluição aérea, problemas de destinação de resíduos sólidos, inquietações sociais e outras formas de “estresse” do ambiente. No passado, os poucos que estudavam o ambiente centravam sua atenção no selvagem ou natural, em vez de dirigirem seus esforços na direção do ambiente urbanizado. Hoje já se observa a necessidade de um maior foco em aglomerações urbanas e em cidades como ambiente onde se possa viver. Encontrar soluções para problemas ambientais envolve mais que simplesmente juntar fatos e entendimentos de temas científicos de um problema particular. Também tem muito a ver com os sistemas de valores vigentes e os temas de justiça social. Para resolver problemas ambientais em um determinado local é importante entender quais os seus valores e as possíveis soluções que seriam socialmente justas. A partir daí, é possível aplicar conhecimentos científicos sobre determinado problema e achar soluções aceitáveis para o mesmo (ZILBERMAN, 2004). Assim, os técnicos e cientistas que trabalham no campo da ciência ambiental, ou mais especificamente na engenharia ambiental, encontram-se no limite de uma mudança significativa na abordagem de temas ambientais. Dois caminhos se afiguram como possíveis. Um caminho é aquele que se pode descrever como business as usual (negócio como de costume), ou seja, a mesma abordagem dos problemas ambientais como tem sido feita nos últimos trinta anos; uma abordagem que produziu muitos avanços e, ao mesmo tempo, muitas falhas. Este caminho enfatizou a confrontação, o emocionalismo e a necessidade de basear soluções em velhos Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 17 mitos da natureza, devido à falta de entendimento de fatores básicos sobre ambiente e de como funciona o sistema ecológico natural. Outro caminho oferece a potencialidade de soluções mais duradouras e melhor sucedidas para os problemas ambientais. Busca sair da solução dos problemas através do confronto, para usar a cooperação, e se afasta das explicações do ambiente através de velhos mitos da natureza, na direção de utilizar base científica sólida, a partir da qual os temas ambientais devem ser encarados. Concordamos com Zilberman (2004) quando afirma que condiz com o engenheiro ambiental seguir o segundo caminho o qual parte de se ter uma ideia de como o problema ambiental era tratado, aceitar que houve uma evolução e tratá-lo hoje por meio da conscientização e cooperação entre todos os envolvidos como o meio ambiente, ou seja, órgãos públicos, empresas privadas e sociedade de maneira geral. 3.1 Evolução e conceito Antes de 1960, poucas pessoas haviam sequer ouvido falar de ecologia, e o termo ambiente tinha pouco ou nenhum sentido político ou social. O aparecimento do livro Primavera silenciosa, escrito por Rachel Carson, assim como a ocorrência de alguns eventos especialmente agressivos ao ambiente, como os derramamentos de óleo de navios e o perigo de extinção de algumas espécies (baleias, elefantes, pássaros, macacos), destacadamente publicados na imprensa mundial, transformaram o problema ambiental em um assunto popular. Como ocorre a qualquer assunto novo, seja político ou social, no início apenas uma minoria reconheceu sua importância e que os problemas deveriam ser enfatizados – reforçada a negatividade dos mesmos – de forma a chamar a atenção pública para as preocupações ambientais. Os primeiros tempos do ambientalismo moderno foram dominados por confrontações entre aqueles rotulados ambientalistas e os chamados desenvolvimentistas. Cada grupo via a si própriocomo o salvador do mundo e tratava de mostrar que o ponto de vista do outro era estereotipado. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 18 O contraste entre as duas abordagens pode ser, de uma forma simplificada, assim descrito: os ambientalistas acreditavam que o mundo seria destruído se as pessoas não mudassem sua visão de meio ambiente. Portanto, acreditavam que tinham a chave para a salvação do planeta numa nova “visão de mundo”, que dependia, apenas secundariamente, de fatos, conhecimentos e ciência. Para esses ambientalistas, economia e desenvolvimento social significavam destruição do ambiente e, daí, o fim da civilização, da extinção de muitas espécies e, potencialmente, a extinção do ser humano; os desenvolvimentistas, por outro lado, acreditavam que o progresso e o bem- estar social e econômico eram necessários se a população e a civilização quisessem prosperar. Do seu ponto de vista, os ambientalistas representavam uma visão extremada e perigosa, com o foco no ambiente em detrimento da população, foco este que os desenvolvimentistas pensavam que iria destruir a própria base da civilização, levando à ruína o estilo de vida moderno. Ressalte-se que, a essas limitações das primeiras abordagens de temas ambientais, acrescia-se a falta de conhecimento científico e de know-how prático. A ciência ambiental estava na sua infância e, inclusive, algumas pessoas até viam a ciência como parte do problema e não da solução. Atualmente, alguma coisa já mudou significativamente. O ambiente é aceito amplamente como um tema maior tanto social como político; as pesquisas de opinião pública mostram repetidamente que as pessoas, em todo o mundo, classificam o ambiente como um dos assuntos mais importantes. Não se precisa mais provar que os problemas ambientais são sérios; a época de confrontações por si mesmas parece já ter passado. Há, atualmente, um reconhecimento de que as verdadeiras soluções para os problemas que atingem o ambiente incluem e dependem dos seres humanos, de que se deve buscar sustentabilidade não apenas do ambiente, mas também das atividades econômicas, de forma que a humanidade e o ambiente possam conviver para o futuro. O ambiente é complexo e multifacetado e mais uma vez podemos inferir que a inserção do engenheiro nesta problemática implica colocá-lo frente a novos Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 19 desafios que cobrem uma gama bastante extensa de tópicos: da química da camada de ozônio na atmosfera até a ética ambiental. Há necessidade de uma maior familiarização com as várias linhas de pensamento para permitir a absorção de conhecimentos, de forma a criar uma base sólida para os futuros estudos a serem desenvolvidos. Este papel deve ser desempenhado pela engenharia ambiental dada sua interdisciplinaridade (ZILBERMAN, 2004). Voltando à evolução da questão ambiental, embora a preocupação com o meio ambiente date do século XIX, somente no século XX e, principalmente, a partir dos anos 1970 passou a ter repercussão na sociedade, com a visão de que o problema não poderia ser de responsabilidade localizada, mas de responsabilidade globalizada. A frase “pensar globalmente, agir localmente” é um resumo do pensamento que passou a dominar os organismos ambientalistas de várias partes do mundo. A primeira Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente foi realizada em Estocolmo, em 1972, com repercussão internacional, e foi um passo na conscientização da sociedade mundial sobre os problemas ecológicos. Em 1975, foi realizado um Seminário Internacional de Educação em Belgrado, com a participação de vários países e resultados apresentados na chamada Carta de Belgrado, cujo conteúdo pode ser assim resumido: qualidade de vida ligada à felicidade humana; preservação e melhoria das potencialidades humanas; e, desenvolvimento do bem-estar social e individual; Todos esses itens são subordinados à harmonia com o meio ambiente, biofísico e antrópico. Segundo Ferreira (2007), esse documento propunha que qualquer ação de preservação ambiental deveria, primeiramente, passar por uma educação ambiental. Seria preciso: (1) conscientizar os cidadãos de todo o mundo sobre o problema; (2) disponibilizar acesso a conhecimento específico sobre o meio ambiente; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 20 (3) promover atitudes para a preservação; (4) desenvolver habilidades específicas para ações ambientais; (5) criar uma capacidade de avaliação das ações e programas implantados; e, (6) promover a participação de todos na solução dos problemas. Os programas de educação ambiental a serem desenvolvidos pelos países deveriam conscientizar as crianças sobre a importância de cuidar do meio ambiente. Entretanto, só a conscientização não seria suficiente para ações efetivas por parte delas enquanto crianças e, posteriormente, como adultos. Assim, seria fundamental a disseminação de um conhecimento adequado da ciência ambiental. Conscientização e conhecimentos, juntos, poderiam realmente promover atitudes corretas e o desenvolvimento de habilidades específicas para a solução de problemas no futuro. Essas crianças poderiam ser profissionais com condições de ajudar a resolver os problemas do meio ambiente e, mais que isso, já teriam internalizado em sua formação cultural a questão ambiental, tanto quanto a questão da ética, a dos bons costumes, etc. Isso tudo poderia melhorar sua capacidade de decisão como profissionais e cidadãos que teriam o meio ambiente como pano de fundo para suas futuras decisões. O grande desafio da educação ambiental foi, então, dividido em quatro tópicos: (1) conscientização; (2) sensibilização; (3) responsabilidade social; e (4) desenvolvimento sustentável. Tudo isso para manter o grande desafio da humanidade, que é o de continuar a viver. Mas não só Belgrado promoveu um encontro de países com preocupações voltadas para os problemas ambientais do planeta. Em Estocolmo, em 1988, outra reunião foi realizada, mas foi em 1992, na ECO-92, ou United Nations Conference on Environment and Development (Unced), realizada na cidade do Rio de Janeiro, que se estabeleceu um compromisso maior dos países participantes com o assunto e onde os conceitos de “ambientalmente correto” e de “desenvolvimento sustentável” Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 21 tomaram maior dimensão e começaram a fazer parte do dia-a-dia das sociedades civilizadas e, consequentemente, do cotidiano de um número maior de empresas. O documento produzido na ECO-92, conhecido como Agenda 21, ainda é ponto de referência na implantação de programas e políticas de governos e de empresas ao redor do mundo e tem marcado uma significativa mudança nas relações comerciais, em suas diversas formas. Foi assinado por 170 países e é considerado “o maior esforço conjunto, feito por governos de todo o mundo,para identificar as ações que combinem o desenvolvimento com a proteção do meio ambiente”. Basicamente, ele define que deve existir reorientação da educação, na direção do desenvolvimento sustentável; ampliação da conscientização pública e, incentivo ao treinamento. É considerado, ainda, um programa estratégico, universal, para se alcançar o desenvolvimento sustentável no século XXI. A Agenda 21 é dividida em quatro seções: (1) aspectos sociais, que versam sobre as relações entre meio ambiente e pobreza, saúde, comércio, dívida externa, consumo e população; (2) conservação e administração de recursos, que se detêm nas maneiras de gerenciar recursos físicos (como terra, mares, energia e lixo) para garantir o desenvolvimento sustentável; (3) fortalecimento dos grupos sociais, através de formas variadas de apoio a grupos sociais organizados e minoritários que colaboram para a sustentabilidade; e, (4) meios de implantação, através de programas de financiamento e do papel das atividades governamentais e não governamentais. No Capítulo 8, letra d, a Agenda 21 trata da necessidade de que países e organismos internacionais desenvolvam um sistema de contabilidade que integre as questões sociais, ambientais e econômicas. Embora o texto descreva o sistema como importante para os países – para que se possa medir como os impactos causados à natureza pelo uso de seus recursos naturais na produção de bens e serviços podem ser considerados no cálculo do PIB Ecológico ou PIB verde –, esse capítulo da Agenda 21 tem relação direta com a contabilidade das empresas. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 22 Afinal, se cada entidade econômica tivesse seus eventos econômicos medidos também sob os aspectos ecológicos, o cálculo do PIB Verde seria alcançado. Há de se ressaltar que, no Brasil, o IBGE vem envidando esforços no sentido de desenvolver um Sistema Integrado de Contas Econômico-Ambientais (Sicea). Estamos falando de evolução, mas precisamos entender alguns conceitos básicos que dão uma dimensão mais exata da problemática ambiental, a começar por ecologia! Os quatro princípios da ecologia são: 1. toda entidade em particular está ligada a todo o resto; 2. tudo vai para algum lugar; 3. você não pode conseguir as coisas de lugar nenhum; 4. a natureza é sábia (GRAY; BEBBINGTON; WALTERS, 1993 apud FERREIRA, 2007). Esses princípios que nos levarão ao conceito de ecologia podem ser melhor entendidos a partir do processo de interação entre o homem e o meio ambiente, que Rubenstein (1994 apud FERREIRA, 2007) apresenta como o ciclo universal da vida. Este ciclo, dividido em 6 (seis) fases distintas, a partir das necessidades humanas, é resumido a seguir: Colheita/ extração Fase 1 Regeneração Fase 2 Manufatura Fase 3 Necessidades humanas Distribuição Fase 4 Em serviço ou uso Fase 5 Disponibilização ou reciclagem Fase 6 Fonte: Ferreira (2007, p. 15) Esse quadro foi elaborado com base na análise do setor madeireiro. No primeiro momento, ele considera que, para suprir as necessidades humanas de Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 23 papel e madeira, existe um risco de produzir excesso de oferta em relação à verdadeira demanda. No segundo, o risco é de debilitação da terra. No terceiro, existe a possibilidade de regeneração ou replantio; no caso desta etapa não se realizar adequadamente, o preço da floresta será afetado. Na fase de manufatura, várias ocorrências são possíveis, tais como a emissão de toxinas que não serão eliminadas naturalmente e o uso não sustentável de energia. Na distribuição, os custos com transporte e a consequente queima de combustível fóssil (o petróleo, por exemplo). Na fase de uso do produto, podem acontecer dois tipos de impacto, um positivo e outro negativo, como no caso da madeira e do automóvel: enquanto a madeira absorve o CO2, o carro expele o gás. Já na última fase, falhas em reciclar os recursos utilizados resultam em “lixões” ou aterros e descargas tóxicas. No caso de lixo de recursos escassos, como minério e minerais, a possibilidade de que se torne renovável é bastante limitada e ocorre no momento da produção, quando eles são eficientes e, ainda, asseguram o máximo de reciclagem. A sistematização teórica desses problemas resultou nos conceitos a seguir apresentados (os mais usuais): ecologia – pode ser definida como a ciência das condições de existência do ser vivo em seu meio; ecossistema – o sistema formado pelo conjunto das populações que ocupam um território e pelos elementos abióticos a ele ligados; meio ambiente – é uma área de conhecimento considerada como multidisciplinar. Seu corpo de conhecimentos forma-se com base no conhecimento das outras ciências. Pode ser dividido em seis aspectos: 1. ar; 2. água; 3. solo e subsolo; 4. fauna; 5. flora; 6. paisagem. O que se tem procurado, mais recentemente, é avaliar como o uso dado a cada um desses aspectos tem causado impacto na saúde e no bem-estar do ser humano. Do que se pode observar, o homem não foi muito feliz nessas questões, pois o uso dos recursos naturais disponíveis, embora tenha trazido melhora nas Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 24 condições de vida, trouxe também a poluição, com todos os seus impactos na condição de vida, e também trouxe preocupações quanto às possibilidades futuras de se continuar vivendo. Relembrando aqui os ambientalistas, estes acreditam que o desenvolvimento trouxe mais malefícios do que benefícios e, portanto, radicalizam em suas opiniões sobre como continuar esse desenvolvimento, indicando que somente deveriam existir projetos que não alterem, de modo algum, o meio ambiente. Já outros grupos consideram que deve haver equilíbrio entre o meio ambiente e o desenvolvimento econômico. De qualquer modo, todos consideram a questão extremamente séria. Conforme Mazon (1992, p. 84): A poluição dos oceanos, o buraco na camada de ozônio, o aumento da concentração dos gases geradores do efeito estufa e o desaparecimento de espécies são fatos que nos lembram de uma lição fundamental: a capacidade da biosfera e dos sistemas geoquímicos básicos de suportar intrusões humanas é limitada. A escala da população e da atividade econômica já é tão grande que os impactos ambientais que já foram locais e negligenciáveis agora são globais e inevitáveis. Para Comune (1994, p. 46), As poluições ambientais são fenômenos objetivos, mensuráveis na maioria dos casos, cujas características principais decorrem do fato de sempre estarem relacionadas com danos que provocam ao meio ambiente. (...) As poluições que provocam os mais graves problemas no meio urbano são a poluição do ar, a da água, os resíduos sólidos (lixo) e o barulho. Meio ambiente e poluição, entretanto, não são os únicos termos importantes para aprofundamento da discussão; vários outros também o são e nos diversos fóruns onde o assunto é debatido nasceram, entre outros, termos e expressões comodesenvolvimento sustentável, externalidades (aplicada ao meio ambiente), impacto ambiental. Desenvolvimento sustentável: em um dos mais importantes eventos sobre meio ambiente, a ECO-92, a expressão desenvolvimento sustentável apresentou-se como de suma importância para futuras decisões relativas ao meio ambiente. Embora existam várias definições escritas com palavras diferentes, elas mantêm a mesma interpretação, como exemplifica a seguinte formulação: Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 25 Desenvolvimento sustentável implica usar os recursos renováveis naturais de maneira a não degradá-los ou eliminá-los, ou diminuir sua utilidade para as gerações futuras. Implica usar os recursos minerais não renováveis de maneira tal que não necessariamente se destrua o acesso a eles pelas gerações futuras (BARONI, 1992, p. 16). Implica ainda, conforme a definição adotada pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED), o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer as habilidades das futuras gerações de satisfazerem suas necessidades. Crescimento sustentável: difere da abordagem econômica tradicional de crescimento econômico; este último é orientado para a produção, por seu enfoque sobre o produto interno e limitações na quantidade e qualidade dos fatores de produção; é uma visão quantitativa. O crescimento sustentável, por sua vez, incorpora indicadores de Renda Nacional voltada para o bem-estar, o que é uma visão qualitativa. A questão pode ser melhor exemplificada quando se reporta ao vazamento de óleo ocasionado pela Exxon, no Alasca. Nessa ocasião, embora os danos ao meio ambiente tivessem sido desastrosos, diminuindo a possibilidade de uso dos recursos naturais e econômicos no futuro, as atividades de limpeza dessa área representaram um aumento do produto interno nos Estados Unidos, pois, como colocou Capra (1982, p. 220), os “custos sociais, como os de acidentes, litígios e assistência à saúde, são adicionados como contribuições positivas para o PNB”. Análise custo-benefício: corriqueiramente usada no trato da questão ambiental, pressupõe exame sistemático e comparativo das diversas alternativas de ação, buscando evidenciar qual a que trará melhor resultado à organização. Ocorre que essa análise, segundo Ferreira (2007), amplamente usada na avaliação de projetos, tende a ser mais quantitativa do que qualitativa. Em se tratando de meio ambiente, é necessário que a ela se incorporem outros fatores de análise, pois a natureza do resultado a ser obtido não é simplesmente o maior lucro, e sim, pode-se dizer, um lucro ambientalmente correto. Este último deve ser entendido como o lucro obtido nos casos em que os recursos utilizados não causam impacto negativamente no meio ambiente. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 26 Externalidade: é vista como o fato inquestionável de que qualquer atividade afeta, de modo favorável ou desfavorável, outras atividades ao longo do processo produtivo; é um processo em cadeia, que pode ser analisado sob aspecto tecnológico ou monetário. Conforme Comune (1994, p. 50), Surge sempre que a produção ou o consumo de um bem tem efeitos paralelos sobre os consumidores ou produtores envolvidos, efeitos estes que não são plenamente refletidos nos preços de mercado. Impacto ambiental: a mudança em um parâmetro ambiental, sobre um período específico e em uma área definida, resultante de uma atividade particular, comparada com a situação que deveria ter ocorrido se a atividade não tivesse sido iniciada (WATHERN, 1988 apud FERREIRA, 2007). Efeitos ambientais: são as consequências dessas mudanças (os impactos). Impactos diretos: são aqueles cujas consequências podem ser diretamente identificadas com uma atividade em particular. Também chamados de impactos primários. Impactos indiretos: são aqueles cujas consequências não podem ser diretamente identificadas com uma atividade em particular. Também chamados de impactos secundários, terciários, etc. A definição de um impacto ambiental deve levar em consideração dois componentes específicos: o espacial e o temporal. O espacial delimita em que extensão de área os efeitos daquele impacto serão percebidos e o temporal delimita o tempo em que se espera que determinado impacto venha a causar efeitos. Isso se faz necessário porque uma emissão de gases, por exemplo, pode estender-se por 2 ou 20 km, a partir do local de emissão, dependendo das condições geográficas e climáticas, e seus efeitos poderão ser sentidos imediatamente, ou após dois anos da emissão. Certificados negociáveis: a ideia básica é o desenvolvimento de um sistema de emissão de certificados comercializáveis que visem atingir uma redução ou mesmo a manutenção dos níveis atuais de poluição. Esses certificados habilitariam o seu detentor a negociar, em mercado aberto, uma quantidade determinada de Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 27 poluição referente a seus próprios esforços para diminuir os impactos ambientais causados por suas atividades e que seriam uma possibilidade de a empresa ressarcir-se dos custos incorridos para diminuir seu nível de poluição. Essas certificações poderiam ser feitas por países, regiões ou empresas. O valor de mercado desses títulos dependeria da necessidade dos compradores de “comprar” o direito de poluir, em comparação com seus próprios esforços (custos) para diminuir a poluição. Essas ideias decorreram da necessidade de se criarem mecanismos para um desenvolvimento limpo e resultaram num acordo internacional denominado Protocolo de Kyoto. Assinado em 1997, somente em fevereiro de 2005 pôde ser operacionalizado, com a assinatura do número mínimo de países – a adesão ao Protocolo é voluntária. Seu objetivo principal é promover o desenvolvimento sustentável com a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEEs). Para isso, foram estabelecidos alguns critérios e mecanismos. Os países que fazem parte do Protocolo foram divididos em dois grupos: os países desenvolvidos – considerados os maiores responsáveis pelo nível de poluição atual e obrigados a reduzir suas emissões de gases no período de 2008 a 2012 em 5% sobre o nível de emissões que tinham em 1990; e, os países em desenvolvimento – cujo direito de alcançar melhores condições sociais deve respeitar o meio ambiente. Essa divisão incluiu no Anexo I do Protocolo, os países desenvolvidos e no Anexo II, os países em desenvolvimento. Os que integram o Anexo I têm o compromisso ou obrigação de reduzir a emissão de gases e os incluídos no Anexo II têm a oportunidade de desenvolver projetos que ajudem a preservar e a melhorar as condições climáticas, reduzindo ou diminuindo os GEEs. As formas encontradas para alcançar o objetivo do Protocolo foram as seguintes: comércio de emissões – permite aos países do Anexo I ou suas empresas que cumprirem a meta de redução comercializar o excedente com outros países ou empresas pertencentes também ao Anexo I. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.brou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 28 mecanismos de flexibilização: - implementação conjunta – permite a implementação em conjunto de projetos de redução de emissão por países ou empresas do Anexo I; - mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL) – permitem o sequestro de carbono através de empreendimentos que reduzam o efeito estufa; isso é conseguido, por exemplo, através da plantação de florestas, cujas árvores têm a capacidade de estocar o carbono em seu processo de crescimento, limpando, assim, o ar. Esses projetos podem ser desenvolvidos por países não pertencentes ao Anexo I. No Brasil, algumas empresas têm empreendimentos de reflorestamento que poderão habilitá-las a emitir esses certificados. Entre elas a Peugeot e a Aracruz Celulose. Contudo, o primeiro projeto a receber autorização da ONU para a emissão de certificados é a NOVAGERAR, em Nova Iguaçu, no Estado do Rio de Janeiro. Embora a princípio pareça estranho negociar o direito de poluir, esse pode ser um caminho viável para países em desenvolvimento (FERREIRA, 2007). A expectativa é de que a venda desses títulos possa trazer recursos que permitam desenvolvimento sustentável. Essa atividade, contudo, deve ser vista com a devida prudência; as florestas, a longo prazo, também podem trazer poluição, pelo processo de queima de madeira. Vale guardar... Meio ambiente é a expressão que se refere, na verdade, a uma realidade complexa que abarca elementos naturais, sociais e culturais. Sua noção não está restrita ao ambiente natural, às reservas ecológicas e às plantas, mas sim em um todo no qual o ser humano e suas atividades estão inseridos. Meio ambiente é o conjunto dos agentes físicos, químicos, biológicos e dos fatores sociais susceptíveis de exercerem um efeito direto ou mesmo indireto, imediato ou a longo prazo, sobre todos os seres vivos, inclusive o homem (IBGE, 2004). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 29 Embora já consagrada, a expressão “meio ambiente” é objeto de críticas. Conforme Sirvinskas (2002), a palavra meio refere-se àquilo que está no centro de alguma coisa, enquanto ambiente indica o lugar em que os seres vivos habitam. No entanto, a expressão já está consagrada, e, de fato, o que importa é ter de forma clara a ideia que a expressão encerra. Assim, a definição do meio ambiente, que também foi apropriada pela legislação nacional, embora criticada, reúne as seguintes características no que se refere ao seu entendimento: - meio ambiente natural – constituído pelo solo, água, ar atmosférico, flora, fauna, biosfera etc.; - meio ambiente artificial – formado por toda a complexidade do espaço urbano e rural, seus prédios, indústrias, ruas, árvores, loteamentos, logradouros públicos, plantações, usinas hidrelétricas etc.; e, - meio ambiente cultural – integrado por todo o patrimônio artístico, histórico, turístico, paisagístico, arquitetônico etc., podendo-se acrescentar aqui as relações econômico-sociais de forma geral. Será com base nesta visão, estabelecida de forma didática, que buscar-se-á abordar as questões que circundam os atuais problemas ambientais. Saliente-se, desde já, que o meio ambiente, pela própria extensão da definição, não pode ser analisado de forma isolada (tendo em vista a interação dos seus compartimentos), mas sim observado numa perspectiva sistêmica a que forçosamente a sua abordagem como bem da vida e da sociedade se reporta. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 30 UNIDADE 4 – APLICAÇÕES DA ENGENHARIA AMBIENTAL Citamos na introdução as várias áreas de atuação do Engenheiro Ambiental. Não podemos nos furtar a apresentar algumas de suas aplicações, lembrando que embora nem todos os problemas sejam resolvidos na base de cálculos, estes fazem parte da essência da engenharia. São os cálculos, por meio de suas unidades e dimensões que possibilitam descrever o mundo físico. 4.1 Dimensões e unidades Como unidades básicas temos a força (F), massa (M), comprimento (L) e tempo (T). As derivadas são calculadas por meio da manipulação aritmética de uma ou mais das dimensões fundamentais. Por exemplo: velocidade (comprimento pelo tempo – C/T), volume (L3). Ao acrescentar unidades aos números que não são adimensionais, são obtidos os seguintes benefícios práticos: redução da chance de cometer erros nos cálculos; redução do volume de cálculos e do tempo gasto na resolução dos problemas; abordagem lógica do problema, ao invés da mera lembrança de fórmulas e de substituição de números nas mesmas; fácil interpretação do significado físico dos números utilizados. Na resolução dos problemas, podem ser utilizados os dois sistemas de unidades mais comumente empregados. 1. SI - Formalmente chamado de Le Système Internationale d’Unités ou Sistema Internacional de Unidades informalmente chamado de SI. 2. AE – Ou Sistema Americano de Unidades de Engenharia. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 31 O SI tem algumas vantagens sobre o sistema AE no que diz respeito à menor quantidade de nomes associados às unidades e à maior facilidade de conversão de um conjunto de unidades para outro. As tabelas abaixo relacionam as dimensões e suas respectivas representações para o SI e para o sistema AE. Dimensões e Representações para o SI Dimensões e Representações para o AE Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 32 No SI as unidades, com exceção do tempo, e seus múltiplos e submúltiplos estão relacionados por fatores designados por prefixos indicados na próxima tabela. Prefixos mais utilizados do SI: Problemas que não requerem soluções, estes podem ser solucionados com base nos seguintes passos: definir cuidadosamente o problema; introduzir hipóteses simples; calcular uma resposta; checar a resposta, tanto sistemática quanto realisticamente. Separação e balanço de materiais; reações, utilização de reatores, fluxo e balanço de energia também são meios para que a engenharia atinja seus objetivos. 4.2 Saneamento, poluição hídrica, tratamento de água Várias são as doenças causadas por um meio ambiente poluído e desequilibrado, pois normalmente há a presença de substâncias tóxicas ou condições favoráveis à proliferação de microrganismos. Esses são, muitas vezes, nocivos à saúde humana e responsáveis por epidemias e endemias. As transmissões de doenças causadas por agentes biológicos podem ser por contado direto, através de vetores, de fontes e de dejetos, daí a necessidade de saneamento (FREIRE, 2013). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento:manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 33 Ao conjunto de medidas que visa preservar ou modificar as condições do ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde, a qualidade de vida da população e melhorar a produtividade do indivíduo, como o abastecimento de água e disposição de esgotos, a coleta e tratamento do lixo, controle de animais e insetos, saneamento de alimentos, escolas, locais de trabalho e de lazer e habitações, dá-se o nome de saneamento. As doenças de veiculação hídrica têm sua origem nos despejos, pela falta de tratamento da água e do esgoto, ou na contaminação da água por metais pesados e substâncias tóxicas, principalmente pela atividade industrial e agrícola. Podemos citar como doenças de veiculação a cólera, hepatite e dengue. A falta de água e esgoto tratados são responsáveis pela maioria das doenças gastrintestinais. São muitas as doenças de veiculação hídrica, como a cólera, a hepatite e dengue. A poluição, que é qualquer alteração no ambiente que pode gerar impactos negativos, é o principal motivo da escassez de água, pois a torna imprópria para diversos usos e são várias as causas para a alteração das características químicas, físicas e biológicas da água. A presença de matérias orgânicas provenientes de esgotos, que normalmente são lançados aos corpos d'água sem nenhum tipo de tratamento, o lançamento de resíduos sólidos como o lixo, metais pesados provenientes de indústrias, detergentes não-biodegradáveis, materiais radioativos e de substâncias tóxicas lançadas pela agricultura (agrotóxicos e inseticidas), vazamento de depósitos ou dutos transportadores de produtos químicos, o derramamento de derivados de petróleo, a variação da temperatura e da coloração da água pelo despejo de indústrias, além do solo contaminado, do desmatamento e da destruição de reservas naturais, são os maiores responsáveis pela degradação da água. As matas ciliares, vegetações que se desenvolvem ao longo do curso d'água, protegem as margens dos mananciais e dos rios, evitando a erosão provocada pela chuva. Caso não haja essa proteção, a profundidade do rio vai diminuindo e a velocidade de escoamento de suas águas aumenta, favorecendo a erosão, enchentes em épocas chuvosas, e a seca em épocas de estiagem. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 34 A lixiviação de fertilizantes usados na agricultura, o despejo de lixo e esgoto e o lançamento de efluentes industriais, contendo nitrogênio e fósforo, desencadeiam a eutrofização, que é um processo no qual o acúmulo de nutrientes no corpo d'água favorece um enorme crescimento de microrganismos que consomem rapidamente o oxigênio dissolvido, fazendo com que a concentração do mesmo caia drasticamente, prejudicando as espécies aeróbicas, tornando o meio anaeróbico, onde são produzidos gases, toxinas e odores desagradáveis. Pode ocorrer, em alguns casos, a proliferação de algas, uma vez que há um excesso de nutrientes e muita luz na superfície, sendo restritamente esse local onde as algas são favorecidas (FREIRE, 2013). Todas essas alterações ocasionam a morte de peixes e da flora, e inadequação da água para outros fins, desequilíbrio ecológico, alteração na estética do local. Dificultam o seu tratamento e consequentemente aumentam seu custo. A princípio, um curso d'água é capaz de se autorrestabelecer naturalmente, através de um processo de autodepuração, porém, o grande crescimento da população juntamente com a ocupação desordenada do espaço territorial e a expansão industrial são responsáveis pelo descarrego de toneladas de substâncias a cada ano, superando a velocidade de autodepuração do rio. Para a recuperação dos cursos d'água e para a garantia de água para todos, são necessárias medidas diversas como a implantação de sistemas de coleta e tratamento de esgoto, tanto domésticos, quanto industriais, sendo o primeiro de responsabilidade do órgão de saneamento do município e o segundo de responsabilidade da própria indústria (FREIRE, 2013). 4.3 Resíduos, aterros controlados, incineração Nos grandes centros, a coleta e acondicionamentos dos resíduos sólidos urbanos são decisivos para que tais resíduos não prejudiquem os cursos d'água, tanto por despejo nas águas quanto pelo líquido percolado. Os resíduos urbanos, ou lixo doméstico, são materiais descartados gerados por processos de origem residencial, comercial e pública, sendo incluídos os Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 35 de ruas e praças, que são denominados lixo de varrição. São encontrados papel, papelão, vidro, latas, plásticos, trapos, folhas, galhos e terra, restos de alimentos e madeira. O lixo, quando acondicionado inadequadamente, pode transmitir doenças, direta (organismos patogênicos nos resíduos) e indiretamente (pela água, solo e ar contaminados e através de animais como mosca e ratos). Quando contém resíduos perigosos, como produtos químicos nocivos ou oriundos de hospitais, representa maior risco à saúde humana. A queima inadequada do lixo libera na atmosfera gases extremamente tóxicos com grave prejuízo à saúde. Resíduos da construção civil são provenientes de demolições e restos de obras e solos de escavações. O entulho é geralmente um material inerte passível de reaproveitamento, porém pode conter resíduos tóxicos como tinta e solvente. Os resíduos especiais são gerados em serviços de saúde ou em indústrias, pois representam perigo à saúde pública e ao meio ambiente e necessitam de especificidades quanto ao seu acondicionamento, manuseio, transporte, tratamento e destino final. Materiais radioativos, medicamentos, inflamáveis, reativos e tóxicos são exemplos desse tipo de resíduo. Constituem os resíduos sépticos. São do tipo especiais e são produzidos em hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, clínicas veterinárias e postos de saúde. Os resíduos assépticos destes locais, constituídos por papéis, restos da preparação de alimentos, resíduos de limpezas gerais e outros materiais que não entram em contato direto com pacientes ou com os resíduos sépticos, são considerados como domiciliares. Para a disposição final dos resíduos, há o aterro sanitário e o aterro controlado. O aterro sanitário é a melhor solução para a destinação final do lixo. O aterro controlado é um local utilizado para despejo do lixo coletado, no estado bruto, com cuidado de, após a jornada de trabalho, cobri-lo com uma camada de terra, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais. Porém ainda oferece grandes riscos ao meio ambiente (FREIRE, 2013). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 36 O aterro sanitário é uma área projetada sob critérios de engenharia e normas operacionais específicas, onde o lixo doméstico é depositado em camadas alternadas de lixo e solo, permitindo mantê-lo confinado sem causar maiores danos ao ambiente, minimizando odores, evitando incêndios e impedindo a proliferação de insetos e roedores. São necessários, antes da construção do aterro, estudos geológicos,geotécnicos e topográficos para que a área a ser projetada no aterro não comprometa o ambiente. A incineração, que consiste na queima do resíduo em altas temperaturas, tem a grande vantagem de reduzir o peso e o volume do material, além da eliminação da matéria orgânica e consequentemente a patogenicidade do resíduo, porém ainda é um método de altos custos. O maior problema da incineração é a poluição do ar pelos gases originados na combustão do lixo, sendo que, na maioria das vezes, não há quaisquer tratamentos desses gases, e a mão de obra não costuma ser especializada, agravando ainda mais esse problema. Para a garantia do ambiente, a combustão deve ser continuamente controlada, pois os incineradores podem provocar a volatilização de metais pesados e formar cinzas ricas em metais, principalmente mercúrio, chumbo e cádmio. Os gases da incineração do lixo são o gás carbônico (CO2); dióxido de enxofre (SO2); nitrogênio (N2); oxigênio (O2); água (H2O) e cinzas. O lixo hospitalar deverá ser incinerado sempre que possível, sendo o aterro sanitário a segunda opção. No caso do aterro sanitário, deverá ser aterrado em valas especiais. Quando o lixo é queimado indiscriminadamente em lixões, o problema é ainda maior, lançando no ar fuligem e produtos cancerígenos na atmosfera vizinha ao lixão. O lixão é um local onde os resíduos são jogados a céu aberto, e não há qualquer tipo de tratamento ou condições adequadas de acondicionamento, comprometendo o ambiente e a saúde pública. Ocorre a contaminação do solo e de lençóis freáticos pela percolação dos líquidos formados pela decomposição inadequada do lixo, liberação descontrolada de gases, que podem ser combustíveis Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 37 como o metano, proliferação de vetores, espalhamento de lixo por ação do vento, e atração de animais e pessoas, já que não há nenhum tipo de controle sobre a área. As Usinas de Lixo (Usinas de Triagem) são instalações simples, onde funcionários com a ajuda de maquinários – esteira rolante, eletroímãs e peneiras – separam os objetos recicláveis da massa principal do lixo que será compostada ou aterrada (massa orgânica). Os materiais separados na usina, devido à sujeira e contaminação, valem muito menos no mercado de recicláveis que aqueles coletados seletivamente. Sua operação tem custo alto, exigindo troca periódica de peças e um tempo “de descanso” para manutenção, sendo que o retorno financeiro de uma usina é nulo (FREIRE, 2013). 4.4 Compostagem, contaminação dos solos, descontaminação A compostagem é um recurso para o aproveitamento dos restos orgânicos do lixo doméstico ou resíduos agrícolas. A decomposição biológica desses restos é induzida e otimizada através de técnicas de controle de temperatura, umidade e aeração de pilhas desse rejeito, favorecendo o crescimento e a atuação de microrganismos, garantindo a estabilidade da pilha e evitando odores inconvenientes. A decomposição se dá em algumas etapas. Na primeira, ocorre a decomposição da matéria orgânica facilmente degradável, há um grande aumento de temperatura (até os 70 graus) e, por esse aumento de temperatura, são eliminados os microrganismos patogênicos, ovos de parasitas e lavas de insetos. Essa etapa é de 10 a 15 dias. Na segunda etapa, que é a etapa de semimaturação, a temperatura da pilha de rejeito abaixa para 35-45 graus e, durante cerca de 60 a 120 dias, as bactérias, os actinomicetos e os fungos continuarão a atuar na decomposição da pilha. Por último, ocorre a etapa da maturação/humificação, na qual substâncias mais resistentes à decomposição como lignina e celulose são transformadas em substâncias húmicas pelos pequenos animais do solo como as minhocas. O húmus (composto) é formado pela matéria orgânica mais resistente à decomposição pelos Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 38 microrganismos. No solo, elas vão sendo lentamente decompostas pelos microrganismos e liberando nutrientes que são utilizados pelas raízes das plantas. Nessa etapa, a temperatura está entre 25-30 graus. Dessa decomposição resulta um composto orgânico biologicamente estável e pouco agressivo aos organismos do solo e plantas, e é aplicado ao solo melhorando suas características e aumentando a produção de vegetais, não ocasionando nenhum risco ao ambiente. Esse composto também pode ser usado como corretivo orgânico, principalmente de solos argilosos e arenosos, pobres em matéria orgânica. A matéria orgânica deixa o solo mais fofo e leve, possibilitando que as raízes utilizem a água e os nutrientes mais facilmente. Quando não há um monitoramento adequado, corre-se o risco de contaminação do solo pela infiltração do chorume e percolados. Essa contaminação pode ocorrer pela adição de resíduos líquidos, sólidos, gasosos e águas contaminadas que modificam suas características naturais e suas utilizações. O solo atua frequentemente como um filtro, tendo a capacidade de depuração e imobilizando grande parte das impurezas nele depositadas. No entanto, essa capacidade é limitada. Além da adição de substâncias, o solo sofre degradação por meio da desertificação, uso de tecnologias inadequadas e destruição de sua vegetação pelo desmatamento ou queimadas. O uso de adubos sintéticos modifica consideravelmente as características do solo, já que nem as plantas nem os microrganismos do solo conseguem absorver o excesso de nitrogênio e fósforo, aplicados na maioria das vezes, em grandes quantidades e sem nenhum manejo. O uso intensivo de agrotóxicos pode provocar acidez do solo, grande concentração de metais pesados, acarretar a salinização do solo e toxidade nas plantas. Eles podem ser pesticidas, fungicidas ou herbicidas. Há um aumento contínuo das doses de pesticidas, uma vez que, pela falta de um manejo adequado, muitos insetos criam resistência a eles. Com as chuvas, esses produtos químicos infiltram-se no solo e contaminam os lençóis d'água e Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 39 escorrem para os rios. No homem, esses produtos podem causar câncer e problemas no fígado. O desmatamento ocorre como resultado das atividades econômicas, como a agricultura, ou para a pecuária, quando a vegetação nativa é substituída por pasto, ou diretamente para o uso da madeira como fonte de energia (lenha e carvão). Além de comprometer a biodiversidade, deixa os solos descobertos e expostos à erosão, A desertificação atual é resultante da devastação, por meio de queimadas, e a introdução de plantas rasteiras que não protegem o solo contra a erosão e a exposição do sol. Ocorrendo a evaporação, até em zonas mais profundas, essa água sobe à superfície e leva sais e minerais que formam uma crosta impermeável, contribuindo ainda mais para a erosão e o desgaste do solo. O uso intensivo do solo, juntamente com a falta de técnicas de conservação e descanso, ocasiona a erosão comprometendo a produtividade. A irrigação mal conduzida provoca a salinização dos solos e inviabiliza algumas áreas e perímetros irrigados. O problema tem sido provocadotanto pelo tipo de sistema de irrigação, muitas vezes inadequado às características do solo, quanto, principalmente, pela maneira como a atividade é executada. A salinização é a degradação de terras férteis causada pelo excesso sal. Por ação da evaporação, o sal contido no solo e em pedras do subsolo se desloca através de espaços vazios existentes no solo e atinge a superfície prejudicando a produção agrícola. Também pode ocorrer um excesso de sais na camada superior do solo por carreamento. A atividade agrícola intensiva, a ocupação indevida do solo nas áreas urbanas e a retirada de material de áreas concentradas podem provocar ainda processos erosivos. A descontaminação de um solo pode ser in-situ, onde a descontaminação é feita no local, como a biorremediação, a injeção de ar e a lavagem do solo, ou ex- situ, onde há a retirada do solo para tratamento no biorreator ou landfarming, e o confinamento da área contaminada, que é considerado um processo de solução provisória para o problema. A lavagem do solo é um tratamento físico-químico onde a substância que contamina o solo é transferida para um aceitador de fase líquida ou gasosa. Com Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 40 isso ocorre a separação do solo e de seus contaminantes. Outro tratamento físico- químico é a injeção de ar, que acelera o processo de degradação dos poluentes. A biorremediação consiste na utilização de microrganismos para metabolizar os poluentes. Tanto o solo quanto a água contêm elevado número de microrganismos que, gradativamente, vão se adequando às fontes de energia e carbono do meio. Pode-se fazer as correções das condições ambientais para que o metabolismos dos mesmos seja otimizado, como a injeção de ar, controle de umidade, correção de pH ou fornecimento de nutrientes. Esses microrganismos podem ser nativos do solo ou introduzidos estrategicamente para conseguir um melhor resultado, podendo ser geneticamente modificados ou não. Esse tratamento biológico do solo diminui os riscos para a saúde pública, bem como para o ecossistema e, ao contrário da incineração ou dos métodos químicos, não interfere nas propriedades naturais do solo. A técnica ex-situ de landfarming é a disposição do resíduo no solo. No caso de um solo contaminado, é a mistura do solo poluído com um solo saudável, sob condições controladas para que haja a degradação e a imobilização dos contaminantes. Os biorreatores são sistemas completamente fechados que permitem o controle de emissões e possibilita, na maioria dos casos, a redução do tempo de processo. A utilização de biorreatores permite o monitoramento, maior controle das variáveis como a concentração balanceada de nutrientes, umidade, valor de pH e temperatura. Algumas técnicas ainda possuem altos custos, e, mesmo com as tecnologias atualmente disponíveis, uma parte dos solos contaminados ainda não é passível de descontaminação, por causa de problemas como emissões gasosas de alto risco e concentrações residuais muito elevadas. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 41 4.5 Poluição do ar, geração de energia Várias outras atividades humanas, como a queima de combustível fóssil e a queima do lixo, liberam, na atmosfera, toneladas de substâncias nocivas ao sistema respiratório e à pele. A atmosfera é uma massa de gases onde permanentemente ocorrem reações químicas. Ela absorve uma variedade de sólidos, gases e líquidos provenientes de fontes naturais e industriais que podem se dispersar, reagir entre si ou com outras substâncias já presentes na atmosfera. A quantidade e qualidade dos poluentes emitidos por fontes industriais dependem de vários fatores, como as matérias-primas e combustíveis envolvidos no processo, a eficiência do processo, o produto fabricado e o grau de medidas de controle de emissões, e influenciam diretamente no tipo e concentração do poluente. O padrão de qualidade do ar define as concentrações máximas de um componente gasoso presente na atmosfera de modo a garantir a proteção da saúde e do bem-estar das pessoas. São poluentes atmosféricos, as partículas totais em suspensão, as partículas inaláveis, a fumaça, o ozônio, os dióxido de nitrogênio e de enxofre e o monóxido de carbono. As medidas visando à redução de tais poluentes na atmosfera são: diminuição da produção, substituição das matérias-primas e reagentes, mudança dos processos e as operações; diminuição das quantidades geradas, mudança dos combustíveis, boa manutenção dos equipamentos, mudança dos processos e operações; diluição através de chaminés elevadas (levando em conta o processo, a fonte geradora e às condições meteorológicas); adequada construção e manutenção dos edifícios, armazenamento dos produtos e adequada disposição de resíduos; concentrar os poluentes na fonte para tratamento efetivo antes do lançamento na atmosfera; retenção dos poluentes após geração através de equipamentos de controle de poluição do ar, como coletores secos, coletores inerciais e gravitacionais, ciclones, lavador venturi, lavador de leito, incineradores de gás, equipamentos absorventes e adsorventes. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 42 Outra medida mitigadora é a utilização de gases que iriam poluir a atmosfera para a produção de energia. O biogás é formado pela decomposição de resíduos orgânicos depositados nos aterros e lixões e tem como um dos seus componentes o gás metano (CH4). O metano é um dos principais gases causadores do efeito estufa, fenômeno com elevado potencial de alterar o sistema climático do planeta. A busca por fontes de energia renováveis vem crescendo, porque as atuais formas de produção de energia trazem impactos negativos para o ambiente e para a população. No que diz respeito à produção de energia elétrica, diferentes fontes de energia alternativa podem diversificar ou incrementar a matriz energética atualmente existente, tais como a eólica, a solar, a biomassa e também a proveniente do biogás. A produção de energia nuclear obtém energia elétrica em larga escala. Essa energia pode ser obtida através da fissão nuclear do urânio, do plutônio, do tório, ou da fusão nuclear do hidrogênio. As usinas nucleares são usinas térmicas que aproveitam a energia do urânio e do plutônio. O principal impacto ambiental dessas usinas é a geração de lixo atômico, para o qual não há meio de descontaminação. A biomassa é uma forma indireta de aproveitamento da energia solar absorvida pelas plantas, já que resulta da conversão da luz do sol em energia química. É a matéria orgânica, de origem animal ou vegetal, que pode ser utilizada na produção energética, sendo pouco poluente em comparação a outras formas de obtenção. Todos os organismos biológicos que podem ser aproveitados como fontes de energia são chamados de biomassa. Entre as matérias-primas mais utilizadas estão a cana-de-açúcar, a beterraba e o eucalipto (dos quais se extrai álcool), o lixo orgânico (que dá origem ao biogás), a lenha e o carvão vegetal, além de alguns óleos vegetais (amendoim, soja, dendê e mamona)dos quais são feitos os biodieseis. O uso desse tipo de fonte renovável de energia está diminuindo a emissão de gases poluentes na atmosfera e não há a emissão de dióxido de carbono. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 43 As usinas térmicas produzem energia elétrica através de um gerador que é impulsionado pela queima de combustível. Ao queimar, o combustível aquece uma caldeira com água, produzindo vapor com uma pressão tão alta que move as pás de uma turbina que, por sua vez, aciona o gerador. O combustível para as usinas térmicas pode ser carvão, óleo, gás natural e madeira. Os principais impactos ambientais negativos de usinas térmicas são a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa, emissão de óxidos de enxofre e nitrogênio (no caso de queima de carvão e óleo) e geração de resíduos nas atividades de manutenção de seus equipamentos. A energia eólica é produzida através do acionamento de geradores por pás movidas por massas de ar, gerando energia elétrica. A energia dos ventos é considerada limpa, uma vez que é renovável e não requer combustões que produzam resíduos poluentes nem a destruição de recursos naturais. Para que sua produção seja rentável, é necessário que o local seja estrategicamente escolhido pela quantidade certa de ventos, e que haja o agrupamento de aerogeradores, o que normalmente é dificultado pelo seu alto custo. Os principais impactos ambientais dos geradores eólicos são a geração de ruídos, poluição visual, devido a seu grande porte e a interferência na rota de aves migratórias. A energia solar consiste na conversão direta da luz do sol em energia elétrica realizadas por painéis com células fotoelétricas, que transformam a energia luminosa do sol em energia elétrica. O aproveitamento da energia solar não é muito grande, pois o custo de produção dos painéis é elevado. A eletricidade a partir da luz solar causa baixo impacto ambiental, por não gerar nenhum tipo de resíduo diretamente, sendo considerada uma energia limpa, a qual restringe-se à matéria-prima necessária para a construção dos painéis fotovoltaicos (FREIRE, 2012). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 44 UNIDADE 5 – DECISÕES EM ENGENHARIA AMBIENTAL Qualquer projeto de engenharia, grande ou pequeno, inclui em sua implantação uma série de decisões tomadas pelos engenheiros. Às vezes, tais decisões revelam-se equivocadas e suas consequências podem ser catastróficas, outras são corretas, sendo aprimoradas mostrando a responsabilidade e comprometimento do engenheiro não só para com a profissão, mas principalmente para com os seres vivos de maneira geral. Como diz Gray (2000 apud VESELIND E MORGAN, 2011), médicos normalmente só podem ferir uma pessoa por vez, ao passo que engenheiros têm potencial para ferir milhares devido a sistemas projetados incorretamente. Pois bem, vamos iniciar as considerações acerca das decisões em engenharia com um caso ocorrido na Pensilvânia, em 1948, que ilustra uma decisão, digamos, errada. O EPISÓDIO DONORA Era uma típica tarde de outono no oeste da Pensilvânia, o céu estava nublado e parado (Shrenk et al., 1949). Os moradores de Donora, pequena cidade às margens do Rio Monongahela, não prestaram muita atenção àquilo que parecia ser um dia especialmente carregado. Já tinham visto dias piores. Algumas pessoas lembravam-se de dias em que o ar estava tão pesado que era possível ver a poluição pairando no ar. Naquela tarde de sábado, as crianças se preparavam para o desfile de Halloween, e os rapazes estavam envolvidos com os preparativos para o jogo de futebol americano do colegial. O técnico do time adversário era contra a realização do jogo. Afirmava que o técnico do Donora havia encomendado aquela nuvem de poluição que pairava sobre o campo. Se alguém fizesse um passe, ninguém veria a bola e os jogadores da retranca não conseguiriam fazê-la reaparecer. Foi um dia cinzento e nublado muito diferente: até o fim da noite do dia 26 de outubro, 11 pessoas morreram e mais 10 morreriam nas horas seguintes. A nuvem de poluição estava tão densa que os médicos que atendiam os doentes perdiam-se Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 45 no trajeto de uma casa para outra. Na segunda-feira, quase metade da população da cidadezinha de 14 mil habitantes estava ou nos hospitais ou de cama em casa com fortes dores de cabeça, vômitos e cólicas. Os animais domésticos sofreram mais que todo mundo: os passarinhos morreram, e muitos cães e gatos já estavam mortos ou agonizando. Até as plantas das casas sucumbiram aos efeitos do smog (neblina esfumaçada). Não havia ambulâncias nem hospitais suficientes, e muitas pessoas morreram por falta de cuidados imediatos. Os bombeiros foram acionados. Traziam tanques de oxigênio para atender apenas aqueles que estivessem em piores condições. Como não havia oxigênio para todo mundo, foram distribuindo o que tinha em doses reduzidas para cada um e seguiam adiante para atender mais pessoas. Quando a atmosfera finalmente clareou no dia 31 de outubro, seis dias depois da intensa neblina e fumaça tóxica, restaram os rastros de uma tragédia de imensas proporções (à medida que tragédias da qualidade do ar começaram a ser conhecidas) e as consequências foram terríveis. A publicidade em torno do incidente em Donora provocou uma conscientização sobre o controle da qualidade do ar nas comunidades americanas. Segundo os funcionários da saúde, se a neblina continuasse por mais uma noite, quase 10 mil pessoas teriam morrido. Que fatores contribuíram para que essa tragédia ocorresse em Donora? Em primeiro lugar, Donora era uma cidade metalúrgica, com três grandes fábricas instaladas: de aço, de fios e cabos, e de zinco para galvanização dos cabos. As três fábricas juntas produziam fios galvanizados. O transporte era feito pelo Rio Monongahela até os mercados mundiais, e a disponibilidade de matérias-primas e mão de obra confiável (em geral, importada da Europa oriental) tornou a cidade muito próspera. Naquela tarde de sábado, quando a condição da qualidade do ar na cidade ficou crítica, as fábricas diminuíram a produção, mas, aparentemente, os administradores não perceberam que suas empresas eram as responsáveis diretas pelas condições de saúde dos habitantes de Donora. Apenas no domingo à noite, quando foram informados sobre a tragédia, é que fecharam os fornos e as chaminés das fábricas. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 46 Em segundo lugar, Donora está localizada às margens do Rio Monongahela, com altos rochedos no entorno, formando uma bacia com a cidade bem no meio (ilustrações abaixo). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas /tarde - 13:12 as 18:00 horas 47 Na noite de 25 de outubro de 1948, ocorreu uma inversão térmica nas condições do vale. Essa condição meteorológica, sem ter nada a ver com poluição, limitou o movimento ascendente do ar e criou uma espécie de barreira sobre o vale. Os poluentes emitidos pelas fábricas não conseguiram sair e ficaram presos sob a barreira, produzindo um nível crescente de concentrações tóxicas. As metalúrgicas alegaram que não eram responsáveis pelo acidente. Na verdade, não se registrou nenhuma falha durante a investigação realizada. As empresas estavam operando de acordo com a lei e não obrigavam nenhum operário a trabalhar em suas fábricas, ou morar em Donora. Na falta de legislação específica, as empresas não se sentiram obrigadas a pagar pelo equipamento para combater a poluição, nem a alterar seus processos de fabricação para reduzir a poluição do ar. Os empresários acreditavam que, se fossem os únicos a pagar pelo equipamento e por sua instalação para combater a poluição, estariam em desvantagem competitiva e seriam obrigados a encerrar suas atividades. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 48 A tragédia obrigou o estado da Pensilvânia e também o governo federal a tomar uma atitude, que contou com o único e grande feito, enviando a Lei do Ar Limpo ao Congresso em 1955, mas apenas em 1972, a lei federal começou a vigorar. Em Donora e nas imediações de Pittsburgh, entretanto, ninguém nunca confirmou as péssimas condições do ar, o que constituía um requisito para manter bons empregos e prosperidade. A imprensa de Pittsburgh cobriu a tragédia de Donora comparando-a com uma fuga da cadeia. Até o início da década de 1950 havia o medo de que, se as pessoas protestassem contra a poluição, as fábricas fechariam e não haveria emprego para mais ninguém. No entanto, a fábrica de zinco, a principal responsável pela formação da neblina tóxica, foi fechada apenas em 1957, e as outras duas só encerraram suas atividades dez anos mais tarde. Atualmente, Donora não se parece mais com a antiga cidade, porém entrou para a história em razão do significativo episódio que deu início à nossa atual mobilização na direção do compromisso com o ar limpo (VESILIND; MORGAN, 2011). A história acima ilustra como são importantes e, muitas vezes cruciais, as decisões de engenharia, as quais perpassam por muitos estudos e multidisciplinares. Veremos a seguir algumas dimensões que envolvem as escolhas e tomadas de decisões por parte dos engenheiros ambientais. 5.1 Baseadas em análises técnicas Em engenharia, raramente há “o melhor jeito” de se projetar alguma coisa. Se já houvesse um melhor jeito, a engenharia se estagnaria, a inovação cessaria e a paralisia técnica iria se estabelecer. Assim como temos de reconhecer que não há uma única obra de arte perfeita, como, por exemplo, uma pintura, também não existe uma instalação perfeita de tratamento de água. Se houvesse uma pintura ou uma instalação perfeita, todas as instalações de tratamento do futuro se pareceriam com ela, assim como todas as pinturas seriam iguais (VESILIND; MORGAN, 2011). Até pouco tempo, por exemplo nas avalições escolares, tínhamos apenas uma questão certa dentre as opções. As demais eram erradas. Esse conceito, esse Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 49 modo de “ensinar” felizmente tem mudado. Hoje é preciso analisar, interpretar e vários podem ser os caminhos para se chegar a um consenso, a um modo de resolver determinados problemas. Na prática da engenharia, muitas decisões técnicas podem estar certas, de modo que um problema pode apresentar várias soluções técnicas igualmente corretas. Por exemplo, um esgoto pode ser construído com concreto, ferro fundido, aço, alumínio, porcelana, vidro e muitos outros materiais. Com os procedimentos adequados de projetos de engenharia, esse esgoto permitiria a descarga do fluxo e, portanto, seria tecnicamente correto. As decisões técnicas têm como característica a possibilidade de ser verificadas por outros engenheiros. Antes que um desenho de projeto deixe o escritório de engenharia, ele é verificado várias vezes para assegurar que as decisões técnicas estejam corretas; ou seja, se estrutura/máquina/processo funcionarão como desejado se tudo for construído conforme as especificações. As decisões técnicas, portanto, são claramente calculadas e podem ser avaliadas e verificadas por outros profissionais competentes. Ao executarmos análises técnicas, frequentemente, não dispomos de todas as informações necessárias para tomar decisões. Portanto, é necessário fazer suposições. Estas, é claro, devem ser realizadas a partir dos melhores dados disponíveis, com uma pitada (às vezes generosa) de bom-senso. Por exemplo, ao estimarmos a taxa de geração de resíduos sólidos de uma comunidade, seria melhor coletar dados sobre a geração naquela comunidade (por exemplo, através de análise dos registros dos coletores de lixo) em vez de confiar em médias nacionais, pois cada comunidade é única. Além disso, os engenheiros normalmente não projetam sistemas que durem apenas um ou dois anos; portanto, as projeções devem ser feitas a partir da população futura da comunidade e de padrões de geração de resíduos. Evidentemente, as pressões da prática moderna exigem não apenas que as decisões de engenharia sejam efetivas (ou seja, funcionem), mas também que sejam econômicas (funcionem a um custo mínimo). Nesse sentido, enquanto os cálculos técnicos são capazes de resolver questões técnicas, as questões de custo Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 50 exigem uma forma diferente de tomada de decisões em engenharia – a análise econômica. 5.2 Baseadas em análises econômicas Normalmente, os engenheiros trabalham para um empregador ou cliente o qual exige que várias alternativas para a solução de um problema de engenharia sejam analisadas com base nos custos. Por exemplo, se um engenheiro municipal está considerando a compra de veículos de coleta de refugos e descobre que pode adquirir caminhões caros com capacidade de grande compactação dos resíduos, tornando, assim, a viagem ao aterro mais eficiente, ou caminhões baratos que exigem mais viagens ao aterro, como ele saberá qual é menos dispendioso para a comunidade? Obviamente, a alternativa de menor custo total (com todos os dados de custos fornecidos) seria a decisão mais racional. Além das dificuldades de estimar os custos necessários, a análise econômica é complicada devido ao fato de que o dinheiro muda de valor com o tempo. Aqui podemos citar a questão da inflação, dos investimentos mais rentáveis (aplicar para render mais dinheiro ou aplicar em uma obra, por exemplo). De modo similar, não faz sentido algum somar os custos operacionais anuais de uma instalação ou peça de equipamento no período correspondente (em anos, no caso) à toda a vida útil do equipamento, pois, novamente, os valores serão diferentes a cada ano e a soma desses valores seria como somar maçãs e laranjas, uma vez que o dinheiro muda de valor com o tempo. Porexemplo, se uma comunidade gastar R$ 4.000,00 para operar e manter um caminhão de coleta de lixo durante um ano e R$ 5.000,00 no ano seguinte, a comunidade precisará de menos de R$ 9.000,00 investidos para cobrir as despesas (o mesmo conceito se aplica à poupança pessoal para futuras despesas como faculdade ou aposentadoria). Essa questão pode representar um problema para as comunidades que estão tentando apenas compreender quanto custa construir instalações ou operar serviços públicos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 51 A técnica utilizada para contornar essa dificuldade é comparar os custos de diversas alternativas com base no custo anual ou no valor presente do projeto. No cálculo do custo anual, todos os custos representam o dinheiro de que a comunidade precisa anualmente para operar determinada instalação e recompor o débito. Os custos operacionais são estimados ano a ano e os custos de capital são calculados como as reservas anuais necessárias para cobrir os débitos durante a vida útil esperada do projeto. No caso do cálculo do valor presente, os custos de capital são as reservas necessárias para construir as instalações e os custos operacionais são calculados como se o dinheiro a ser pago por elas estivesse disponível hoje e fosse depositado no banco para ser utilizado pela operação durante sua vida útil esperada. Um projeto com um custo operacional mais alto exigiria um investimento inicial maior para se ter reservas suficientes, a fim de pagar o custo de operação. O método do custo anual ou o do valor presente são, na maioria dos casos, um método aceitável de comparação entre diferentes soluções alternativas. A conversão de custo de capital em custo anual e o cálculo do valor presente do custo operacional podem ser executados de modo mais rápido utilizando-se tabelas (ou calculadoras pré-programadas). 5.3 Baseadas em análises de custo/benefício Na década de 1940, o Bureau of Reclamation (agência responsável pelo gerenciamento de águas, que, no Brasil, corresponde ao Departamento de Gerenciamento de Águas) e o Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA disputaram os dólares dos cofres públicos em sua busca por represar todos os rios com fluxo livre de água no país. Para convencer o Congresso da necessidade de projetos importantes de armazenamento de água, foi desenvolvida uma técnica chamada análise de custo- benefício. Esse processo mostrou-se tão útil quanto fácil. Ao se considerar um projeto, compara-se uma estimativa de seus benefícios decorrentes com os custos incorridos, por meio do valor obtido pela divisão dos benefícios pelos custos. Se essa razão custo-benefício for maior do que 1,0, o projeto é claramente viável, Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 52 sendo que os projetos com os quocientes custo-benefício mais altos devem ser construídos primeiro, pois fornecerão maior retorno sobre o investimento. Submetendo seus projetos a essa análise, o Bureau e o Corpo de Engenheiros puderam argumentar em favor de um aumento nos gastos dos fundos públicos e conseguiram classificar os projetos propostos em ordem de prioridade. Como no caso da análise econômica, os cálculos nas análises de custo- benefício, são expressos em termos monetários. Por exemplo, os benefícios de um canal poderiam ser calculados como economias monetárias em custos de transporte. Mas, alguns benefícios e custos (como ar limpo, flores, rafting, odores ruins, poluição de lençóis freáticos e ruas sujas) não são facilmente expressos em termos monetários. No entanto, tais benefícios e custos são muito reais e de algum modo devem ser incluídos na análise. Uma solução é simplesmente forçar a atribuição de valores monetários a esses benefícios. Na estimativa de benefícios de lagos artificiais, por exemplo, as vantagens recreacionais são calculadas prevendo-se quanto as pessoas estariam dispostas a pagar para utilizar essas instalações. Há, é claro, muitas dificuldades em usar essa técnica. O valor atribuído a um real varia substancialmente de pessoa para pessoa, e algumas se beneficiam mais de projetos públicos do que outras, mas todos compartilham o custo. Devido aos problemas envolvidos na estimativa desses benefícios, eles podem ser exagerados para aumentar o quociente custo-benefício. Assim, é possível justificar, praticamente, qualquer projeto em função de benefícios que podem ser ajustados conforme a necessidade (VESILIND; MORGAN, 2011). 5.4 Baseadas em análises de risco Com frequência, os benefícios de um projeto proposto não são itens simples, como valores recreacionais, mas trazem preocupações mais sérias de saúde humana. Quando a vida e a saúde entram nos cálculos de custo-benefício, as análises são classificadas de análises de risco/custo/benefício para indicar que há pessoas em risco. Nos últimos anos, ficaram mais conhecidas como análises de risco. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 53 Essa análise é dividida ainda em avaliação de risco e gerenciamento de risco. A primeira envolve um estudo e análise dos efeitos potenciais de certas ameaças à saúde humana. Utilizando informações estatísticas, a avaliação de risco objetiva ser uma ferramenta para proporcionar informações adicionais importantes à tomada de decisões. O gerenciamento de risco, por outro lado, é o processo de redução de riscos considerados inaceitáveis. Em nossa vida diária, aplicamos os dois casos continuamente. Fumar cigarros é um risco para nossa saúde e é possível calcular seus potenciais efeitos. Parar de fumar é um método de gerenciamento de risco, pois seu efeito é reduzir o risco de morrer de certas doenças. De fato, o risco de morrer por qualquer motivo é de 100%. A profissão médica ainda não salvou ninguém da morte. A questão, portanto, é quando a morte irá ocorrer e qual será sua causa. Há três modos de se calcular o risco de morrer devido a uma determinada causa. Primeiro, o risco pode ser definido como o quociente do número de mortes em uma dada população exposta a um poluente pelo número de mortes em uma população não exposta a determinado poluente. Isso corresponde a Risco = D1 / D0, onde D1 = número de mortes em uma dada população exposta a um poluente específico por unidade de tempo, Do = número de mortes em uma população de tamanho similar não exposta ao poluente por unidade de tempo. Um segundo método de se calcular riscos é determinar o número de mortes em razão de várias causas por população e comparar esses quocientes. Ou seja: D Risco relativo de morrer da causa A = DA / P, onde DA = número de mortes devido à uma causa A em uma unidade de tempo; P = população. Alguns riscos são aceitos por nossa escolha, enquanto outros são impostos externamente a nós. Escolhemos, por exemplo, beber álcool, dirigir carros ou voar de avião. Cada uma dessas atividades apresenta um risco calculado, pois todos os anos morrem pessoas em consequência do abuso de álcool, acidentes de carros e de aviões. A maioria de nós pondera subconscientemente esses riscos e decide arriscar. Normalmente, as pessoas são capazes deaceitar certos riscos se a probabilidade de morte devida à causa do risco for da ordem de 0,01, ou seja, 1% do total das mortes seja atribuído à respectiva causa (VESILIND; MORGAN, 2011). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 54 Alguns riscos, no entanto, decorrem de imposições externas e pouco podemos fazer em relação a eles. Por exemplo, a expectativa de vida de pessoas que vivem em atmosferas urbanas poluídas é, consideravelmente, menor do que a de pessoas que vivem experiências idênticas, mas respirando ar puro. Não há muito a fazer sobre esse risco (exceto mudar-se), no entanto, trata-se do tipo de risco de que as pessoas mais se ressentem. De fato, estudos mostraram que a aceitabilidade de um risco involuntário é de ordem 1.000 vezes menor do que a aceitabilidade de um risco voluntário. Esse comportamento humano pode explicar porque as pessoas que fumam cigarro ainda assim reclamam da qualidade do ar ou por que as pessoas dirigem embriagadas indo a uma audiência pública para protestar contra a construção de um aeroporto devido ao medo de um acidente aéreo. Algumas agências federais e estaduais utilizam uma análise de risco modificada em que o benefício é uma vida salva. Por exemplo, se um certo tipo de guard-rail de autoestradas deve ser instalado, é possível que seu uso reduza de algum número a expectativa de fatalidades nessa via. Se um valor foi atribuído a cada vida, o benefício total pode ser calculado como o número de vidas salvas vezes o valor de uma vida. Estabelecer esse número é tanto uma decisão de engenharia como de política pública, respondendo, idealmente, à opinião pública. A verdade é que os cálculos de risco estão repletos de incerteza. Por exemplo, o relatório da Academia Nacional de Ciências sobre sacarina conclui que, durante os próximos 70 anos, a expectativa de casos de câncer de bexiga em humanos decorrente de exposição diária a 120 mg de sacarina, nos EUA, pode variar de 0,22 a 1.144.000 casos. Esse é um intervalo bastante impressionante, mesmo em toxicologia. O problema, obviamente, é que temos de extrapolar dados com diferenças de muitas outras ordens de magnitude e que, frequentemente, não são de humanos, mas de outras espécies, exigindo, assim, uma conversão. No entanto, as agências governamentais encontram-se cada vez mais na situação de ter de tomar decisões com base nesses dados espúrios (VESILIND; MORGAN, 2011). a) Procedimento de análise de risco ambiental Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 55 A análise de risco ambiental se dá em diferentes etapas. 1. Definir a fonte e o tipo do poluente em questão. De onde ele vem? De que poluente se trata? 2. Identificar os modos e as taxas de exposição. Como chega até os seres humanos e como pode causar problemas de saúde? 3. Identificar os receptores em questão. Quem são as pessoas em risco? 4. Determinar o potencial de impacto do poluente à saúde do receptor. Ou seja, definir a relação dose-resposta ou os efeitos adversos observados em doses específicas. 5. Decidir qual é o impacto aceitável. Que efeito é considerado baixo o suficiente para ser aceitável ao público? 6. Com base no efeito permissível, calcular o nível aceitável para o receptor e, em seguida, calcular as emissões máximas permitidas. 7. Se a emissão ou descarga for atualmente (ou planeja-se que seja) maior do que o máximo permitido, determinar qual tecnologia é necessária para garantir que esse limite não seja superado. A definição da fonte e do tipo de poluente, geralmente, é mais difícil do que possa parecer. Suponha que uma usina de tratamento de um resíduo perigoso será construída próxima a uma área povoada. Que tipos de poluentes devem ser considerados? Se a usina for misturar e combinar vários resíduos perigosos durante a redução de sua toxicidade, quais produtos desse processo devem ser avaliados? Em outros casos, a identificação tanto do poluente como de sua fonte constitui um problema simples, como o da produção de clorofórmio durante a adição de cloro à água potável ou o da gasolina de um vazamento de tanque de armazenamento subterrâneo. A definição do modo pode ser razoavelmente direta, como no caso da cloração da água. Em outras situações, como o efeito do chumbo atmosférico, o poluente pode entrar no corpo humano de várias formas, incluindo alimentação, pele e água. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 56 A definição do receptor pode causar dificuldade, uma vez que nem todos os seres humanos apresentam o tamanho e a altura padrão. A Agência de Proteção Ambiental (EPA, Environmental Protection Agency) dos EUA tentou simplificar essas análises, sugerindo que todos os seres humanos adultos tivessem 70 kg, vivessem por 70 anos, bebessem 2 litros de água diariamente e respirassem 20 m3 de ar todos os dias. Esses valores são utilizados para a comparação de riscos. A definição do efeito é uma das etapas mais difíceis na análise de risco, pois presume certa resposta do corpo humano aos diferentes poluentes. Tornou-se lugar- comum considerar dois tipos de efeitos: os cancerígenos e os não cancerígenos. Assume-se que a curva de dose-resposta de substâncias tóxicas não cancerígenas seja linear em função de um limiar. Como apresentado na curva A da Figura abaixo, uma baixa dose de determinada toxina não causaria problemas mensuráveis; entretanto, qualquer aumento maior do que o limiar terá um efeito prejudicial. Considera-se aceitável, por exemplo, a ingestão de certa quantidade de mercúrio, pois é impossível mostrar que ela tenha qualquer efeito prejudicial sobre a saúde humana. No entanto, altas doses apresentam, documentadamente, impactos negativos. Algumas toxinas, como o zinco, são, na verdade, nutrientes necessários para nosso sistema metabólico e, portanto, para a saúde. A ausência dessas substâncias químicas em nossa dieta pode ser prejudicial, mas altas doses podem ser tóxicas. Um exemplo disso é a curva B na mesma ilustração. A curva de dose-resposta de produtos químicos que causam câncer ainda está em discussão. Algumas autoridades sugerem que a curva seja linear, partindo de efeito zero em concentração zero, com o efeito danoso aumentando linearmente como apresentado na curva C da ilustração. Toda dose finita de um cancerígeno pode causar um aumento finito na incidência de câncer. De um ponto de vista alternativo, o corpo é resistente a pequenas doses de cancerígenos e há um limiar abaixo do qual não há efeito adverso (similar à curva A). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 57 b) Gerenciamento do risco ambiental Se é de responsabilidade do governo proteger as vidas de seus cidadãos contra invasões estrangeiras e ataques criminosos, é igualmente sua responsabilidade proteger a saúde e a vida de seus cidadãos de outros perigos potenciais, como a queda de pontes e os poluentes tóxicos do ar.No entanto, o governo possui um orçamento limitado, por isso espera-se que esse dinheiro seja distribuído de modo a atingir os maiores benefícios de saúde e segurança. Se dois produtos químicos estiverem colocando as pessoas em risco, é racional despender fundos e esforços para eliminar a substância que apresente o maior risco. Contudo, isso é realmente o que desejamos? Suponha, por exemplo, que seja mais eficiente economicamente gastar mais dinheiro e recursos para tornar as minas de carvão mais seguras do que para executar missões heroicas de resgate em caso de acidentes. Pode ser mais “eficiente em relação a riscos” empregar o dinheiro disponível em segurança, eliminar todas as equipes de resgate e, simplesmente, aceitar os poucos acidentes inevitáveis que ocorrerão. Porém, como não haverá mais equipes de resgate, os mineradores presos por algum acidente serão deixados a sua própria sorte. No entanto, o efeito líquido geral seria que menos vidas de mineradores de carvão serão perdidas. Mesmo que essa conclusão fosse eficiente em relação aos riscos, nós a consideraríamos inaceitável. A vida humana é considerada sagrada. Esse valor não significa que infinitos recursos devam ser dirigidos para salvar vidas, mas que, em vez disso, um dos rituais sagrados de nossa sociedade é tentar salvar pessoas em Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 58 necessidade aguda ou crítica, como vítimas de acidentes de trânsito, mineradores de carvão presos em minas, entre outros. Assim, o cálculo puramente racional, como o do exemplo dos mineradores acima, pode não nos levar a conclusões que consideremos aceitáveis (VESILIND; MORGAN, 2011). Nessas análises de risco, os benefícios geralmente são apenas para os seres humanos e constituem benefícios de curto prazo. De modo similar, os custos determinados em uma análise econômica de custos constituem custos orçamentários reais, dinheiro que provém diretamente dos bolsos da agência. Os custos relacionados à degradação ambiental e os custos de longo prazo, que são muito difíceis de quantificar, não são incluídos nesses cálculos. O fato de que os custos ambientais e de longo prazo ainda não possam ser considerados nessas análises, aliado ao clamoroso abuso de análises de custo-benefício pelas agências governamentais, torna necessário aplicar outra ferramenta de tomada de decisões – a análise de impacto ambiental. 5.5 Baseadas em análises de impacto ambiental Mais uma vez tomando por base exemplos americanos citados por Vesilind e Morgan (2011), em 12 de janeiro de 1970, o Presidente Nixon assinou a Lei de Política Ambiental Nacional dos EUA (NEPA, National Environmental Policy Act), que tinha como intuito “encorajar a harmonia produtiva e agradável entre o homem e seu meio ambiente”. Como em outras legislações criativas e inovadoras, a lei continha muitas cláusulas que eram difíceis de implantar na prática. No entanto, essa lei forneceu o modelo de legislação ambiental logo adotado pela maior parte do mundo ocidental. A NEPA estabeleceu o Conselho de Qualidade Ambiental (CEQ, Council on Environmental Quality), que deveria vigiar as atividades federais que afetassem o meio ambiente. O CEQ era diretamente subordinado ao presidente. A forma pela qual esse conselho monitoraria as atividades federais significativas em relação ao impacto sobre o meio ambiente era um relatório chamado avaliação de impacto ambiental (EIS, Environmental Impact Statement). Essa cláusula da NEPA pouco Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 59 considerada, inserida na Seção 102, estipula que a EIS deve constituir inventário, análise e avaliação do efeito de um projeto planejado sobre a qualidade ambiental. A EIS deve ser escrita primeiro em minuta pela agência federal em questão e para cada projeto significativo, em seguida, essa minuta deve ser submetida à opinião pública. Por fim, o relatório é reescrito, levando-se em consideração o sentimento do público e os comentários de outras agências governamentais. Quando concluída, a EIS é submetida ao CEQ (hoje Secretaria de Política Ambiental da Casa Branca) que, então, deve fazer uma recomendação ao presidente sobre a sensatez de se implantar o projeto. O impacto da Seção 102 da NEPA sobre as agências federais foi traumático, pois não haviam sido providas com mão de obra ou treinamento, nem preparadas “psicologicamente” para aceitar essa nova restrição (como elas a viam) em suas atividades. Assim, os primeiros anos da EIS foram tumultuados, com muitas disputas sobre a adequação dos relatórios de impacto ambiental levadas à Justiça. O conflito, é claro, surgia quando a alternativa econômica ou aquela com maior quociente custo-benefício, resultava também no maior impacto ambiental adverso. As decisões precisavam ser tomadas e, frequentemente, o custo-benefício vencia o impacto ambiental. É importante, no entanto, que, a partir de 1970, a consideração do efeito do projeto sobre o meio ambiente passou a ser obrigatória, enquanto, antes disso, tais preocupações não eram sequer reconhecidas, que dirá incluídas em processos de tomada de decisões. As agências governamentais tendem a conduzir estudos internos de impacto ambiental e propor apenas os projetos que apresentem tanto um quociente custo- benefício alto como baixo impacto ambiental adverso. A maioria das avaliações de impacto ambiental são, dessa maneira, escritas como a justificação de uma alternativa que já foi selecionada pela agência. Uma reorganização na Casa Branca resultou na extinção do Conselho de Qualidade Ambiental e o estabelecimento de uma Secretaria de Política Ambiental da Casa Branca. Essa secretaria executa as funções do CEQ, bem como estabelece a política ambiental em seu mais alto nível. É importante notar que a abolição do Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 60 CEQ e a criação da nova Secretaria não altera a necessidade de se revisar as minutas de EISs, aplicando-se ainda as exigências da NEPA. Embora o antigo CEQ tenha desenvolvido algumas diretrizes praticamente completas para a EIS, o formato dessa avaliação ainda é variável e julgamentos e informações qualitativas consideráveis (alguns diriam prejulgamentos) entram em todas as EISs. Cada agência parece ter desenvolvido sua própria metodologia dentro das restrições das diretrizes do CEQ, tornando-se difícil alegar que um formato seja superior a outro. Como não há EIS padrão, a discussão a seguir é uma descrição das várias alternativas dentro do modelo geral. Sugere-se que a EIS deve ter três partes: inventário, análise e avaliação. a) Inventário A primeira tarefa na elaboração de uma EIS é a coleta de dados, como informações hidrológicas, meteorológicas e biológicas. Uma relação das espécies de plantas e animais na área em questão, por exemplo, deve ser incluída no inventário. Não deve ser feita nenhuma decisão nesse estágio, pois todos os aspectos levantados pertencem ao inventário. b) Análise O segundo estágio constitui a parte analítica. Trata-se da parte mecânica da EIS, na qual os dados coletadosno inventário são inseridos em mecanismos de avaliação e os números são processados adequadamente. Muitas metodologias de análise já foram sugeridas; como: a. importância do impacto; b. magnitude do impacto; c. natureza do impacto (se negativo ou positivo). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 61 c) Avaliação A comparação dos resultados do procedimento de análise e o desenvolvimento das conclusões finais estão inseridos na avaliação. É importante reconhecer que as duas etapas anteriores, inventário e análise, constituem processos simples e diretos em comparação com a etapa final, que exige julgamento. Durante a etapa do desenvolvimento da EIS, as conclusões são escritas e apresentadas. Normalmente, o leitor da EIS lê apenas as conclusões e nunca se preocupa em rever todos os pressupostos que entram nos cálculos de análise, sendo importante incluir na avaliação o teor de tais cálculos e enfatizar o nível de incerteza da etapa de análise. 5.6 Baseadas em análise ética De acordo com o senso comum, uma pessoa ética é uma pessoa com altas qualidades. Similarmente, considera-se uma pessoa moral quando a mesma tem determinadas opiniões convencionais sobre sexo. Concepções incorretas. A moral constitui os valores que as pessoas escolhem para orientar o modo como devem tratar umas às outras. Um valor moral, nesse sentido, pode ser falar a verdade, e, desse modo, algumas pessoas escolherão ser sinceras. Tais pessoas são consideradas pessoas morais com relação à verdade por agirem de acordo com suas convicções morais. Se, no entanto, uma pessoa não der valor à sinceridade, dizer a verdade será irrelevante e essa pessoa não terá um valor moral relacionado à sinceridade. Na verdade, é possível manter uma perspectiva moral de que sempre se deve mentir e, nesse caso, uma pessoa seria considerada moral se mentisse, pois assim ela estaria agindo conforme sua convicção moral. A maioria das pessoas racionais concordará que é muito melhor viver em uma sociedade em que as pessoas não mintam, enganem ou roubem. Certamente, existem sociedades em que essas coisas ocorrem, mas, tendo escolha, a maioria das pessoas não gostaria de se comportar desse modo e escolheria viver em sociedades em que todos compartilhassem valores morais que fornecessem benefícios mútuos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 62 Embora seja bastante óbvio concordar que não é aceitável mentir, enganar ou roubar, e que a maioria das pessoas não fará isso, um problema muito mais difícil é decidir o que fazer quando surgem conflitos entre valores. Por exemplo, suponha a necessidade de se mentir para o cumprimento de uma promessa. Como podemos decidir o que fazer quando os valores diferem? Em questões econômicas, ocorre uma situação similar. Nesse caso, como decidimos qual projeto realizar com recursos limitados? Conforme discutido anteriormente, utilizamos a análise de custo- benefício. De que forma, então, tomar uma decisão diante de conflitos de valores morais? Utilizando uma análise ética. A ética fornece um modelo sistematizado de tomada de decisões quando os valores entram em conflito. A seleção da natureza e da função dessa ferramenta de tomada de decisões depende dos próprios valores morais de quem a utiliza. Tanto a análise econômica como a de custo-benefício são métodos para tomada de decisões com base (principalmente) financeira. A análise de risco calcula o potencial de danos à saúde e a análise de impacto ambiental fornece meios para decidir com base em efeitos de longo prazo sobre os recursos. De modo similar, a ética é um modelo para a tomada de decisões; no entanto, os parâmetros de interesse não são dinheiro ou dados ambientais, mas valores. Disso decorre que, como a ética é um sistema de tomada de decisões, uma pessoa ética é aquela que toma decisões com base em um sistema ético. Qualquer sistema! O aspecto mais importante de qualquer código ou sistema de ética adotado por alguém é que se deve estar preparado para defender que esse é um sistema que todos deveriam empregar. Se a defesa desse sistema ético for ineficiente ou equivocada, ele será considerado inadequado, e, assim, uma pessoa racional o abandonaria e buscaria outro cuja adoção por todos pudesse ser defendida. Filosofias à parte, vamos situar o engenheiro ambiental! Os métodos de tomada de decisões disponíveis aos engenheiros estendem- se dos mais objetivos (técnicos) aos mais subjetivos (éticos). O método inerente de tomada de decisões é o mesmo em todos os casos. O problema primeiro é Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 63 analisado – separado e visto de muitas perspectivas. Quando todos os números estão disponíveis e as variáveis estão avaliadas, as informações são sintetizadas em uma solução. Então, essa solução é vista como um todo para checar se ela “faz sentido” ou, o que talvez seja mais importante, “pareça certa”. Esse processo é particularmente válido nas decisões éticas, em que, raramente, há números para comparação. Conforme as decisões de engenharia passem de técnicas para éticas, elas se tornam cada vez menos quantitativas e cada vez mais sujeitas aos gostos pessoais, prejulgamento e preocupações do responsável pelas decisões. Seria razoável sugerir que em algum ponto tais decisões deixam de ser verdadeiramente decisões de engenharia? Não foram poucos os engenheiros importantes que defenderam eloquentemente as decisões técnicas como as únicas verdadeiras decisões de engenharia. Outras preocupações devem ser deixadas a um “tomador de decisões” indefinido, que presumidamente possua treinamento e bases para tais resoluções, das quais o engenheiro talvez não seja capaz e, certamente, não é responsável, cabendo a este fornecer apenas uma engenharia que funcione. Essa visão, é claro, libertaria o engenheiro, de todo julgamento (não técnico) e o tornaria um robô virtual inteligente, trabalhando às ordens de seu cliente ou empregador. Sob tal argumento, as consequências sociais de suas ações (como elas afetam a sociedade como um todo) são de pouco interesse, contanto, que seu cliente ou empregador seja bem atendido. Felizmente, a maioria dos engenheiros não aceita essa negligência. Reconhecemos que a engenharia, talvez mais do que outras profissões, pode fazer diferença (lembrem a fala de Gray sobre médicos e engenheiros). Os projetos que envolvem mudança ambiental ou manipulação precisarão, invariavelmente, dos serviços de um engenheiro profissional. Estamos, assim, moralmente comprometidos, como talvez uma engrenagem indispensável na roda do progresso, para buscar as melhores soluções não apenas tecnicamente, mas também econômica e eticamente. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 64 REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS BÁSICAS BRAGA, B.; HESPANHOL, Evanildo. Introdução à Engenharia Ambiental: o desafio dodesenvolvimento sustentável. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. VESILIND, P. Aarne; MORGAN, Susan M. Introdução à Engenharia Ambiental. Trad. da 2 ed. norte-americana. São Paulo: Cengage Learning, 2011. ZILBERMAN, Isaac. Introdução à Engenharia Ambiental. Canoas: Ed. Ulbra, 2004. REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ENGENHEIROS AMBIENTAIS (ANEAM). ANEAM fortalece o papel da engenharia ambiental no combate a desastres naturais no país (2012). Disponível em: http://www.aneam.org.br/noticias/carreira/1330-os-melhores- cursos-de-engenharia-ambiental-do-brasil ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ENGENHEIROS AMBIENTAIS (ANEAM). 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