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PROFª HELENA PERES A NOVA ORDEM MUNDIAL O ESPAÇO GEOPOLÍTICO E A GLOBALIZAÇÃO O FIM DA GUERRA FRIA E O INÍCIO DE UM MUNDO MULTIPOLAR (OU UNIPOLAR?) Com o advento de uma Nova Ordem Mundial, a geopolítica internacional sofreu profundas transformações no início da década de 1990. Isso porque, com o fim da oposição “capitalismo x o mundo se defrontou com uma realidade marcada pela existência de um único sistema socialismo”, político-econômico, o capitalismo. Exceto por Cuba, China e Coreia do Norte, que ainda apresentam suas economias fundamentadas parcialmente no socialismo, o capitalismo é o sistema em vigor no mundo desde o início da década de 90. À fragmentação do socialismo somaram-se as profundas transformações que já vinham afetando as principais economias capitalistas desde a segunda metade do séc. XX, resultando na chamada Nova Ordem Mundial. As origens dessa nova ordem estão no período imediatamente posterior à Segunda Guerra Mundial (1 de setembro de 1939 – 2 de setembro de 1945), no momento em que os Estados Unidos assumiram a supremacia do sistema capitalista. Essa supremacia dos EUA fundamentava-se no domínio de armas nucleares, no uso do dólar como padrão monetário internacional, na capacidade de financiar a reconstrução dos países destruídos com a guerra e na ampliação dos investimentos das empresas transnacionais nos países subdesenvolvidos. Durante a Segunda Guerra, os EUA atravessaram um período de crescimento econômico acelerado. Assim, quando o conflito terminou, sua economia estava forte e dinamizada, e esse país assumia o papel de maior credor do mundo capitalista. Além disso, a Conferência de Bretton Woods, que em 1944 estabeleceu as regras da economia mundial, determinou que o dólar substituiria o ouro como padrão monetário internacional. Os EUA também financiaram a reconstrução da economia japonesa, visando criar um polo capitalista desenvolvido na Ásia e, desse modo, também impedir o avançado socialismo no continente. A ascensão da economia japonesa foi acompanhada de uma expansão econômica e financeira do país em direção aos seus vizinhos da Ásia, originando uma região de forte dinamismo econômico. Portanto, com o fim da Guerra Fria (1947 – 1991 ), o que se viu foi a emergência de um mundo capitalista liderado pelos Estados Unidos, mas com a presença de outros países muito fortes do ponto de vista econômico – com destaque para o Japão e a Alemanha. Daí, podemos apontar que, do ponto de vista da economia e do comércio internacional, o mundo se tornou multipolar. Contudo, do ponto de vista político e militar, a verdade é que com a queda da União Soviética, não havia mais nenhum país capaz de rivalizar com o enorme poder estadunidense. Portanto, de acordo com esse aspecto, o mundo passou a ser unipolar. ACELERAÇÃO ECONÔMICA E TECNOLÓGICA A tecnologia desenvolvida durante a Segunda Guerra Mundial estabeleceu um novo padrão de desenvolvimento tecnológico, que levou à modernização e a posterior automatização da indústria. Com a robotização industrial, aceleraram-se os processos de fabricação, o que permitiu grande aumento e diversificação da produção. O acelerado desenvolvimento tecnológico tornou o espaço cada vez mais artificializado, principalmente naqueles países onde o atrelamento da ciência à técnica era maior. A retração do meio natural e a expansão do meio técnico-científico mostraram-se como uma faceta do processo em curso, na medida que tal expansão foi assumida como modelo de desenvolvimento em praticamente todos os países. Favorecidas pelo desenvolvimento tecnológico, particularmente a automatização da indústria, a informatização dos escritórios e a rapidez nos transportes e comunicações, as relações econômicas também se aceleraram, de modo que o capitalismo ingressou numa fase de grande desenvolvimento. A competição por mercados consumidores, por sua vez, estimulou ainda mais o avanço da tecnologia e o aumento da produção industrial, principalmente nos Estados Unidos, no Japão, nos países da União Europeia e nos novos países industrializados (NPI’s) originários do “mundo subdesenvolvido” da Ásia. A INTERNACIONALIZAÇÃO DO CAPITAL Desde que surgiu, e devido à sua essência — produzir para o mercado, objetivando o lucro e, consequentemente, a acumulação da riqueza — o capitalismo sempre tendeu à internacionalização, ou seja, à incorporação do maior número possível de povos ou nações ao espaço sob o seu domínio. No princípio, a Divisão Internacional do Trabalho funcionava através do chamado pacto colonial, segundo o qual a atividade industrial era privilégio das metrópoles que vendiam seus produtos às colônias. Agora, para escapar dos encargos sociais e do pagamento dos salários conquistados pelos trabalhadores de seus países, as grandes empresas industriais dos países desenvolvidos optaram pela estratégia de, em vez de apenas continuarem exportando seus produtos, também os produz nos países subdesenvolvidos, até então apenas importadores de bens industrializados que consumiam. Dessa maneira, barateando custos, graças ao emprego de mão-de-obra bem mais barata, menos encargos sociais, incentivos fiscais etc., e, assim, mantendo, ou até aumentando lucros, puderam praticar altas taxas de investimento e acumulação. Grandes empresas de países desenvolvidos, também conhecidas como corporações, instalaram filiais em países subdesenvolvidos, onde passaram a produzir um elenco cada vez maior de produtos. Por produzirem seus diferentes produtos em muitos países, tais empresas ficaram conhecidas como multinacionais ou transnacionais. Ou seja, a Nova Ordem Mundial aprofundou a complexificação da Divisão Internacional do Trabalho, já que muitos países deixam de ser apenas fornecedores de alimentos e matérias-primas para o mercado internacional e se tornam produtores e até exportadores de produtos industrializados – como é o caso do Brasil. OS POLOS DE PODER NA ECONOMIA GLOBALIZADA Na nova ordem mundial, a bipolaridade representada por Estados Unidos e União Soviética foi substituída pela multipolaridade. Os polos de poder econômico de maior destaque na atualidade são: Estados Unidos, União Europeia, Japão, China e determinados países emergentes. Apesar de a economia globalizada ser definida como multipolar, os principais dados referentes ao desempenho econômico internacional demonstram que existem três grandes polos que lideram a economia do mundo: o bloco americano, o asiático e o europeu, que controlam mais de 80% dos investimentos mundiais. RESUMO A derrubada do muro de Berlim, em 1989, e a posterior dissolução da URSS, em 1991, fizeram como que a antiga ordem mundial deixasse de existir. Nesse momento, acaba o mundo bipolar, e surgia uma Nova Ordem Mundial, marcada pelo domínio hegemônico dos EUA como principal potência política e militar. Podemos destacar a expansão do processo de globalização como uma das principais características da nova ordem mundial, levando ao aumento dos fluxos mundiais de pessoas, mercadoria, capitais e informações. Assim, se expandiram transações econômicas, surgiram novos blocos econômicos e despontaram, no campo da economia, países como Alemanha e Japão. Portanto, pode-se afirmar que a nova ordem mundial, iniciada a partir dos anos 1990, é marcada por uma unipolaridade no campo militar e político, e por uma multipolaridade no campo da economia. Contudo, mesmo com a supremacia militar norte-americana, a globalização e as relações econômicas deixaram os países (inclusive os EUA) mais dependentes entre si. Uma guerra de grandes proporções é sempre evitada. Pode-se dizer que a geopolítica atual é marcada por grandes incertezas, uma vez que diversos atores estão surgindoa todo instante, sejam eles econômicos, como os BRICS, ou terroristas, como o Estado Islâmico, relativizando e criando novos cenários geopolíticos. O que é a Globalização: Globalização é o processo de aproximação entre as diversas sociedades e nações existentes por todo o mundo, seja no âmbito econômico, social, cultural ou político. Porém, o principal destaque dado pela globalização está na integração de mercado existente entre os países. A globalização permitiu uma maior conexão entre pontos distintos do planeta, fazendo com que compartilhassem de características em comum. Desta forma, nasce a ideia de Aldeia Global, ou seja, um mundo globalizado onde tudo está interligado. O processo de globalização se constitui pelo modo como os mercados de diferentes países e regiões interagem entre si, aproximando mercadorias e pessoas. Costumes, tradições, comidas e produtos típicos de determinada localidade passam a estar presentes em outros lugares totalmente diferentes. Isso acontece graças a troca e liberdade de informações que a globalização pode proporcionar. A quebra de fronteiras gerou uma expansão capitalista onde foi possível realizar transações financeiras e expandir os negócios - até então restritos ao mercado interno - para mercados distantes e emergentes. Efeitos da Globalização O mundo globalizado é construído por um conjunto de "redes", seja de informações, transportes, de comércio, etc. Todos esses aspectos passam a estar interligados, gerando uma maior interação espaço- temporal entre as nações. A expansão das empresas e criação das multinacionais é outro efeito significativo para o mundo contemporâneo a partir da globalização. Desta forma, empresas presentes em determinado país passam a atuar em outras nações, gerando empregos e possibilidade de trocas comerciais entre as regiões. No entanto, também é preciso destacar o ponto de vista negativo deste novo cenário. Em alguns casos, a presença de "empresas globais" em países subdesenvolvidos representa a exploração destes, seja da mão de obra ou de matérias-primas locais. A globalização também provocou a criação dos blocos econômicos, grupos de países que se unem em prol do desenvolvimento e crescimento de suas respectivas economias. A União Europeia, o Mercosul e o NAFTA são alguns dos blocos econômicos mais conhecidos. A coordenação entre Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC) iniciou-se de maneira informal em 2006, com reunião de trabalho entre os chanceleres dos quatro países à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas. Desde então, o acrônimo (INICIAS DOS PAÍSES MEMBROS), criado alguns anos antes pelo mercado financeiro, não mais se limitou a identificar quatro economias emergentes. O BRIC passou a constituir mecanismo de cooperação em áreas que tenham o potencial de gerar resultados concretos aos brasileiros e aos povos dos demais membros. Desde 2009, os Chefes de Estado e de governo do agrupamento se encontram anualmente. Em 2011, na Cúpula de Sanya, a África do Sul passou a fazer parte do agrupamento, acrescentando o "S" ao acrônimo, agora BRICS. Nos últimos 10 anos, ocorreram 10 reuniões de Cúpula, com a presença de todos os líderes do mecanismo: • I Cúpula: Ecaterimburgo, Rússia, junho de 2009; • II Cúpula: Brasília, Brasil, abril de 2010; • III Cúpula: Sanya, China, abril de 2011; • IV Cúpula: Nova Délhi, Índia, março de 2012; • V Cúpula: Durban, África do Sul, março de 2013; • VI Cúpula: Fortaleza, Brasil, julho de 2014; • VII Cúpula: Ufá, Rússia, julho de 2015; • VIII Cúpula: Benaulim (Goa), Índia, outubro de 2016; • IX Cúpula: Xiamen, China, setembro de 2017; • X Cúpula: Joanesburgo, África do Sul, julho de 2018; e • XI Cúpula: Brasília, Brasil, novembro de 2019. Desde a primeira cúpula, em 2009, o BRICS têm expandido significativamente suas atividades em diversos campos, mas foi o campo financeiro que garantiu, desde o início, maior visibilidade ao agrupamento. Os então quatro países membros passaram a atuar de forma concertada, a partir da crise de 2008, no âmbito do G20, FMI e Banco Mundial, com propostas concretas de reforma das estruturas de governança financeira global, em linha com o aumento do peso relativo dos países emergentes na economia mundial. O papel desempenhado pelo BRICS foi fundamental para a reforma das quotas do FMI, aprovada em Seul, em 2010*. No mesmo campo, a cooperação BRICS levou ao lançamento das duas primeiras instituições do mecanismo: o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e o Arranjo Contingente de Reservas (ACR). A criação do banco visou a responder ao problema global da escassez de recursos para o financiamento de projetos de infraestrutura. A partir de 2015, o BRICS passou a buscar novas áreas de cooperação, sempre tendo presente a necessidade de obter benefícios palpáveis para os cinco países. Para o Brasil, as áreas de saúde, ciência, tecnologia e inovação, economia digital e cooperação no combate ao crime transnacional são prioritárias nesse esforço de avançar novas áreas de atuação. A XI Cúpula será realizada em Brasília, em 13 e 14 de novembro, no Palácio Itamaraty, sob o lema “BRICS: crescimento econômico para um futuro inovador”. Antecedendo o encontro de líderes, a presidência brasileira organizará dezenas de encontros que terão como prioridades (i) o fortalecimento da cooperação em ciência, tecnologia e inovação; (ii) o reforço da cooperação em economia digital; (iii) o adensamento da cooperação no combate aos ilícitos transnacionais, em especial ao crime organizado, à lavagem de dinheiro e ao tráfico de entorpecentes; e (iv) o incentivo à aproximação entre o Novo Banco de Desenvolvimento e o Conselho Empresarial. (UNIFAL-MG) 1 Para responder a questão, leia o fragmento abaixo. Em 4 de outubro de 1957, quando os soviéticos colocaram em órbita o primeiro satélite artificial - Sputnik-1 , o mundo vivia sob tensão constante. [...]. Hoje, a Guerra Fria não existe mais, mas o clima no espaço ainda está longe de refletir o ambiente de interação globalizada que mudou a economia, a política e a ciência em terra firme. Ao contrário do que acontece em outras áreas tecnológicas, o país que quiser lançar satélites por conta própria hoje tem de aprender sozinho. Os americanos não querem que a tecnologia de lançadores de satélites que pode ser utilizada para lançar bombas caia na mão de determinados países, mesmo que sejam amigos, [...]. Mesmo quando existe um projeto envolvendo vários países, como a Estação Espacial Internacional, a colaboração se dá mais pela divisão do trabalho do que pela transferência da tecnologia entre os países. [...]. Hoje, apenas EUA, União Europeia, Rússia, China, Índia e Japão são capazes de colocar satélites em órbita. Cada um aprendeu a fazê-lo sozinho. GARCIA, Rafael. 50 anos depois do Sputnik, espaço ainda vê Guerra Fria. Folha de S. Paulo, 30/09/2007. O fim da Guerra Fria entre os EUA e a URSS e o novo avanço do capitalismo com a globalização mundial estabeleceram uma nova ordem geopolítica. Sobre esse assunto é correto afirmar que: a) houve a eliminação das fronteiras nacionais com a fusão de países em blocos econômicos regionais e o surgimento do domínio das tecnologias de ponta pelos novos países industrializados e subdesenvolvidos. b) surgiram áreas de livre comércio como reservas de mercado para multinacionais, disputas entre capitalismo e socialismo representadas por EUA pela União Europeia. c) houve a divisão do mundo em Primeiro Mundo (países capitalistas desenvolvidos), Segundo Mundo (países socialistas) e Terceiro Mundo (países capitalistas subdesenvolvidos e os deeconomia em transição do socialismo para o capitalismo). d) surgiram blocos econômicos regionais; novos centros de poder - como o Japão e a União Europeia - e tensões entre interesses políticos e econômicos dos países desenvolvidos do Norte e subdesenvolvidos do Sul. 2. (IBMECRJ) A chamada Nova Ordem Mundial, que marcou o final do século XX, é caracterizada por uma série de importantes acontecimentos, EXCETO: a) A queda do Muro de Berlim. b) A implosão da União Soviética c) A redemocratização da Europa Oriental. d) A reunificação da Coréia e) O fim da Guerra Fria. 3 – “Cansados do domínio americano do sistema financeiro global, cinco potências emergentes vão lançar esta semana sua própria versão do Banco Mundial (Bird) e Fundo Monetário Internacional (FMI). Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — o chamado grupo do Brics — estão buscando ‘alternativas à ordem mundial existente’, segundo as palavras de Harold Trinkunas, diretor da Iniciativa Latino-Americana do Brookings Institute […]” (O Globo, 14/07/2014. Banco de fomento do Brics é alternativa à ordem mundial existente, dizem líderes e analistas. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia>. Acesso em: 19/09/2014). A posição do Brics frente à Nova Ordem Mundial reflete, de certo modo, a polarização econômica que marcou o mundo após a Guerra Fria. Tal polarização reflete-se na oposição entre: a) o norte desenvolvido e o sul subdesenvolvido b) o leste socialista e o oeste capitalista c) as economias planificadas e as economias de mercado. d) as potências industriais e as sociedades agrícolas. e) os países imperialistas e as nações neocoloniais. 4 – (UERJ – 2009) G-20 adota linha dura para combater crise Grupo anuncia maior controle para o sistema financeiro Cercada de expectativas, a reunião do G-20, grupo que congrega os países mais ricos e os principais emergentes do mundo, chegou ao fim, em Londres, com o consenso da necessidade de combate aos paraísos fiscais e da criação de novas regras de fiscalização para o sistema financeiro. Além disso, os líderes concordaram, dentre várias medidas, em injetar US$ 1,1 trilhão na economia para debelar a crise. Adaptado de http://zerohora.clicrbs.com.br A passagem da década de 1980 para a de 1990 ficou marcada como um momento histórico no qual se esgotou um arranjo geopolítico e teve início uma nova ordem política internacional, cuja configuração mais clara ainda está em andamento. Conforme se observa na notícia, essa nova geopolítica possui a seguinte característica marcante: a) diminuição dos fluxos internacionais de capital b) aumento do número de polos de poder mundial c) redução das desigualdades sociais entre o Norte e o Sul d) crescimento da probabilidade de conflitos entre países centrais e periféricos 5 – (VUNESP) No fim da década de oitenta e início dos anos noventa a bipolaridade mundial declinou; da polaridade ideológica e militar leste/oeste passou-se para a econômica norte/sul. Isto significa dizer que atualmente há uma oposição entre: a) O oeste rico e industrializado e o leste pobre e agrário. b) O oeste pobre e agrário e o sul rico e muito industrializado. c) O leste pobre e agrário e o norte rico e industrializado. d) O sul rico e industrializado e o norte pobre e agrário. e) O norte rico e industrializado e o sul pobre e em processo de industrialização. GABARITO 1 – D 2 – D 3 – A 4 – B 5 - E