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Aposentadoria Especial A Aposentadoria Especial é o benefício previdenciário concedido ao trabalhador que exerce suas atividades laborais exposto a agentes nocivos, que podem causar algum prejuízo à sua saúde e integridade física ao longo do tempo. O benefício não sofre incidência do Fator Previdenciário. O benefício é concedido mediante a comprovação de que o trabalhador exerceu a atividade com exposição a algum agente nocivo definido pela legislação em vigor à época do trabalho realizado. Requisitos da Aposentadoria Especial A carência mínima exigida para a concessão do benefício é de 180 contribuições. O trabalhador precisa também exercer sua atividade com exposição à agentes nocivos por um determinado período de tempo. O tempo de contribuição necessário pode ser de 15 anos, 20 anos ou 25 anos a depender do agente nocivo a que o trabalhador foi exposto. Exemplo clássico no Direito Previdenciário é o do mineiro, que se aposenta com este benefício excepcional após 15 anos de atividade. O segurado que exercer mais de uma atividade especial durante seu período contributivo, mas sem completar o período mínimo (15, 20 ou 25 anos), poderá converter o período total de cada atividade e, ao final, somar todos os períodos para concessão do benefício. Para efeito de enquadramento, será utilizado sempre a atividade preponderante. Conversão de tempo de atividade Conversão de tempo em mais de uma atividade especial Quando a soma dos tempos de atividade especial do trabalhador não for suficiente para a concessão de aposentadoria, ele poderá usar esse período especial como período comum, para a concessão de Aposentadoria por Tempo de Contribuição. Esse tempo de atividade especial deverá ser convertido para atividade comum mediante aplicação de um multiplicador. É importante lembrar apenas que, como nesse caso o segurado pedirá Aposentadoria por Tempo de Contribuição, valem as regras destas, inclusive a aplicação do Fator Previdenciário. O valor do benefício é obtido pela média aritmética de 80% do período contributivo do segurado, referente às maiores contribuições, a partir de julho de 1994. Segue portanto a regra geral do artigo 29, da Lei 8.213/91. Se o segurado tem 300 meses de contribuição no total (25 anos), será considerado apenas 240 contribuições (80%). Deverá então selecionar as 240 maiores contribuições (as 60 menores, 20%, são desconsideradas para o cálculo). Após, divide-se essas 240 por 240 (média aritmética simples). Agentes nocivos. Os agentes nocivos podem ser divididos em agentes biológicos, agentes químicos ou agentes físicos. Direito Adquirido A nossa Constituição protege o direito adquirido, assim entendido aquele que já está incorporado no patrimônio jurídico da pessoa, sendo vedado, quer ao administrador, legislador ou magistrado alterar uma situação jurídica já constituída. Pela evolução legislativa observa-se que os critérios utilizados para a comprovação da atividade especial foram sendo alterados pelo legislador. No início bastava o enquadramento em atividade profissional sujeita a condições especiais, regime vigente no período anterior à Lei 9.032/95. A partir desta lei, a contagem passou a ser condicionada à apresentação de prova da efetiva exposição do trabalhador a condições agressivas a sua saúde física. Posteriormente, a Lei nº 9.528/97 passou a exigir, inclusive, a apresentação de laudo técnico de condições ambientais do trabalho a ser emitido pela empresa. Assim, a interpretação das disposições legais acima estudadas deve observar o direito adquirido à contagem do tempo em atividade especial dia a dia, pois seria incoerente exigir laudo técnico dos segurados em períodos anteriores a 1995. Em conclusão, o cômputo do tempo laborado em condições especiais deve ser considerado dia a dia observando o respectivo regime jurídico previdenciário, não sendo aplicáveis retroativamente as disposições contidas na Lei 9.032/95 e eventuais Ordens de Serviço ainda em vigor. Assim, desde 29.04.1995, não cabe mais o enquadramento das categorias profissionais dos Decretos nº 53.831/64 e 83.080/79 para efeito de conversão do tempo de serviço especial em comum, pois se faz necessária a comprovação dos agentes nocivos constantes do anexo IV do RBPS, aprovado pelo Dec. 2.172/97 (atualmente pelo Dec. 3.048/99), ressalvado o direito adquirido dos segurados que já implementaram as condições para a obtenção do benefício e ressalvado também que se considere como especial o tempo até então trabalhado. Alega portanto que tem direito adquirido (art. 5º, XXXIV, da Constituição Federal a ver considerados tais períodos como tempo de serviço especial, de acordo com a sistemática vigente à época em que o labor foi executado. Ainda, que tem direito à conversão de todo o tempo de serviço especial em tempo de serviço comum, consoante facultado pelo § 5º do art. 57 da Lei 8.213/91. Embora tal dispositivo tenha sido revogado pela Medida Provisória n. 1663, de 28-5-1998, em tendo o Congresso Nacional rejeitado tal revogação quando de sua conversão na Lei 9.711, de 20 de novembro de 1998, continua sendo viável a conversão. O Quadro Anexo do Decreto 53.831, de 25/03/1964, o Anexo I do Decreto 83.080, de 24/01/1979, o Anexo IV do Decreto 2.172, de 05/03/1997, e o Anexo IV do Decreto nº 3.048, de 06/05/1999, alterado pelo Decreto 4.882, de 18/11/2003, consideram insalubres as atividades que expõem o segurado a níveis de pressão sonora superiores a 80, 85 e 90 decibéis, de acordo com os Códigos 1.1.6, 1.1.5, 2.0.1 e 2.0.1, in verbis: Período Trabalhado Enquadramento Limites de Tolerância Até 05/03/1997 1. Anexo do Decreto 53.831/64; 2. Anexo I do Decreto 83.080/79. 1. Até 80 dB; 2. Até 90 dB. De 06/031997 a 06/05/1999 Anexo IV do Decreto 2.172/97. Até 90 dB. De 07/05/1999 a 18/11/2003 Anexo IV do Decreto 3.048/99, na redação original. Até 90 dB. A partir de 19/11/2003 Anexo IV do Decreto 3.048/99 com a alteração introduzida pelo Decreto 4.882/2003 Até 85 dB. Equipamento de Proteção Individual – EPI A utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) é irrelevante para o reconhecimento das atividades exercida em condições especiais, prejudiciais à saúde ou à integridade física do trabalhador, no período anterior a 02 de junho de 1998, conforme reconhecido pelo próprio INSS por meio da Ordem de Serviço INSS/DSS nº 564/97, em vigor até a mencionada data. Em período posterior a junho de 1998, a desconfiguração da natureza especial da atividade em decorrência do uso de EPIs é admissível desde que haja laudo técnico afirmando, de forma inequívoca, que a sua utilização pelo trabalhador reduziu efetivamente os efeitos nocivos do agente agressivo a níveis toleráveis ou os neutralizou (STJ, REsp 720.082/MG, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, DJ 10/04/2006, p. 279; TRF4, EINF 2001.72.06.002406-8, Terceira Seção, Relator Fernando Quadros da Silva, D.E. 08/01/2010). Para tanto, não basta o mero preenchimento dos campos específicos no PPP, onde simplesmente são respondidas as perguntas 'EPI eficaz?' e 'EPC eficaz?', sem qualquer detalhamento acerca da total elisão ou neutralização do agente nocivo. “Nº 2002.38.00.055507-1 de Tribunal Regional Federal da 1a Região, Primeira Turma, 16 de Abril de 2008 PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA ESPECIAL - AGENTE NOCIVO: RUÍDO COM MÉDIA SUPERIOR AO LIMITE REGULAMENTAR - DIREITO ADQUIRIDO À FORMA DE CONTAGEM DO TEMPO - DECRETO Nº 53.831/64 - USO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO - REMESSA OFICIAL PARCIALMENTE PROVIDA. 1. O seguradoque presta serviço em condições especiais, nos termos da legislação então vigente, e que teria direito por isso à aposentadoria especial, faz jus ao cômputo do tempo nos moldes previstos à época em que realizada a atividade. Isso se verifica à medida em que se trabalha. Assim, eventual alteração no regime ocorrida posteriormente, mesmo que não mais reconheça aquela atividade como especial, não retira do trabalhador o direito à contagem do tempo de serviço na forma anterior, porque já inserida em seu patrimônio jurídico. (STJ; RESP 425.660/SC; DJ 05/08/2002 PG:407; Relator Min. FELIX FISCHER). 2. Tratando-se de período anterior à edição da Lei nº 9.032/95, não há necessidade de comprovação de exposição permanente e efetiva aos agentes nocivos, conforme orientação da Instrução Normativa 84 do INSS, de 22.01.2003 (art. 146). 3. Com relação ao nível de ruído, o rol de agentes nocivos constante dos Anexos do Decreto nº 83.080/79 e do Anexo ao Decreto nº 53.831/69, vigorou até o advento do Decreto nº 2.172/97 (05.03.97). De tal forma, para os períodos de atividade até 05.03.97, deve-se considerar como agente agressivo a exposição a locais com ruídos acima de 80 db, constante do Anexo ao Decreto nº 53.831/64 (item 1.1.6), menor que o limite de 90 db fixada no Anexo I do Decreto nº 83.080/79 (item 1.1.5). Só a partir de então deve ser considerado o Anexo do Decreto nº 2.172/97 (código 2.0.1), que alterou o limite para 90 db. Precedentes do TRF/1ª Região (AC 1998.38.00.033993-9/MG; Relator DES. FEDERAL ANTONIO SAVIO DE OLIVEIRA CHAVES; PRIMEIRA TURMA; DJ 16/07/2001 P.35); (AC 96.01.21046-6/MG; Relator DES. FEDERAL JIRAIR ARAM MEGUERIAN; SEGUNDA TURMA; DJ 06/10/1997 P.81985). 4. Constatado que as atividades descritas têm enquadramento no Decreto nºs 53.831/64 (itens 1.1.6 - “ruído”), devem ser reconhecidos os períodos de 11.02.1976 a 08.06.1982 e de 20.06.1984 a 17.08.1990, como tempo de serviço especial, com possibilidade de conversão para tempo comum (art. 70, § 2º, Decreto nº 3.048/99, com redação do Decreto nº 4.827/03). 5. Esta Corte já se posicionou no sentido de que “o uso de equipamentos de proteção não descaracteriza a situação de agressividade ou nocividade à saúde ou à integridade física, no ambiente de trabalho” (AMS 2001.38.00.017669-3/MG, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL TOURINHO NETO, SEGUNDA TURMA do TRF 1ª Região, DJ de 24/10/2002 P.44), principalmente quando não há provas cabais de que sua efetiva utilização tenha neutralizado por completo a ação deletéria dos agentes ambientais nocivos. 6. Considerando que o tempo de atividade especial (11.02.76 a 08.06.82 e de 20.06.84 a 17.08.90), somado ao tempo comum enumerado pelo Juízo a quo às fls. 140 e reconhecido administrativamente pelo INSS (cf. Resumo de Documentos para Cálculo de fls. 23/24), perfaz um total superior a 30 anos, resta garantida ao impetrante a aposentadoria proporcional por tempo de contribuição. 7. Implementadas as condições para concessão do benefício antes do advento da Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/1998, as inovações constitucionais não atingem o direito adquirido. 8. Afastada a aplicação da taxa SELIC, as verbas em atraso a partir da impetração devem ser corrigidas monetariamente nos termos da Lei nº 6.899/81, aplicando-se os índices legais de correção, acrescidas de juros à razão de 1% ao mês, a partir da notificação da notificação do impetrado. 9. Remessa oficial parcialmente provida.”
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