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Geografia-Política AULA 36 GEOPOLÍTICA REGIONAL 1 Sumário Introdução .................................................................................................................................... 2 Objetivos ....................................................................................................................................... 2 1. Regionalização brasileira ..................................................................................................... 2 1.1. Importância da regionalização do espaço .................................................................. 2 1.2. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE .................................................. 3 1.3. IBGE e a regionalização do território brasileiro .......................................................... 3 Exercícios ...................................................................................................................................... 6 Gabarito ........................................................................................................................................ 8 Resumo ......................................................................................................................................... 8 2 Introdução Na apostila Geopolítica do desenvolvimento nacional, observamos a questão desenvolvimentista na industrialização do país, nesta apostila iremos aprender as várias regionalizações que o território brasileiro apresentou durante o século XX. Vamos mostrar como esse assunto é bem interessante, pois a partir dele você poderá entender que alguns agentes/atores são fundamentais na organização do espaço geográfico. Existem inúmeras divisões do espaço geográfico mundial, mas podemos separar duas formas de regionalização mais conhecidas e utilizadas. Uma é a setorização da Terra por critérios naturais, em especial pelos continentes, uma classificação como base a geologia, ou seja, o resultado de uma divisão natural operada ao longo do tempo geológico, que separou os continentes, por exemplo. A outra é a divisão do espaço mundial por critérios sociais ou político- econômicos: o Norte (países ricos e industrializados) e o Sul (países pobres ou em desenvolvimento). Agora vamos estudar a regionalização no território brasileiro pela ação do Estado, ou seja, como as classificações tomam como referência a sociedade, a divisão do espaço com base em elementos político-econômicos, e, o homem, aqui visto como agente principal, transformando o seu meio natural e, por consequência, o social. Objetivos • Analisar a importância da regionalização do espaço brasileiro • Compreender as propostas de divisão regional do IBGE 1. Regionalização brasileira 1.1. Importância da regionalização do espaço Uma regionalização pode motivar uma reflexão teórica ou atender as necessidades impostas por uma política setorial, prática de planejamento ou ainda no que tange propostas de desenvolvimento regional. A regionalização coloca-se como um instrumento básico do planejamento e pode contribuir para corroborar o desenvolvimento. Uma mesma região pode ser regionalizada de diversas formas, de acordo com o interesse de quem regionaliza. 3 1.2. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE Em 1936, foi criado o Conselho Nacional de Geografia, e, paralelamente, para responder ao projeto de modernização, em 1937, foi criado o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE), com a responsabilidade de coletar informações estatísticas para medir as potencialidades do espaço brasileiro. Com a influência do método de análise positivista quantitativa, o IBGE valorizou naquele momento o estudo dos domínios físicos e do meio natural em detrimento da análise humana. O prestígio pelo IBGE, naquele momento, era fruto do maior domínio do território nacional. Podemos citar que “descobria-se” todo território antes inacessível, contando com os instrumentos como “Marcha para o Oeste”, interiorizando a colonização, a infraestrutura e a administração. Era um aparato técnico do Estado. Assim, IBGE é o primeiro órgão do Estado a trabalhar a unidade na diversidade do Brasil, atendendo a administração pública em seus aspectos jurídicos (legislação), tributários e eleitorais. Na reforma de 1967, o IBGE torna-se uma fundação pública vinculada ao Ministério do Planejamento, instituída pelo decreto 161 de 13/02/1967. O principal argumento utilizado para a mudança estava na ampliação de autonomia para realizar suas pesquisas, perdendo seu caráter de elaboração de políticas estratégicas, para órgão fornecedor de dados. Desde então, o órgão identifica, mapeia e analisa o território, conta a população, mostra como a economia evolui através do trabalho e da produção das pessoas e revela como elas vivem. Busca retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento da sua realidade, revela a situação econômica, social e demográfica na perspectiva do espaço territorial nacional. Faz um retrato objetivo do País provendo a sociedade e os governos com informações estatísticas confiáveis. Na reestruturação institucional do Estado nacional ocorrida década de 1960, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) foi criado, uma fundação pública federal vinculada ao Ministério da Economia criada em 1964. 1.3. IBGE e a regionalização do território brasileiro Na proposta política de industrialização e de integração de mercado interno, iniciada por Getúlio Vargas, o conhecimento estatístico estava entre umas das prioridades do governo nacional para planejar trajetórias de desenvolvimento. 4 Dentro dessa perspectiva, o IBGE ficou responsável em fazer levantamentos demográficos, econômicos e sociais diante da necessidade de um conhecimento aprofundado do território nacional, objetivando, na década de 1940, mais sua integração e, nos anos posteriores, à própria noção de planejamento como suporte à ideia de desenvolvimento. CAI NA PROVA! Antes da primeira divisão regional oficial criada pelo IBGE em 1942, algumas propostas tiveram significativa projeção nos meios intelectuais e mesmo em órgãos da administração pública. No debate que antecedem a divisão do IBGE, destacam-se as seguintes: a de André Rebouças (1889), dividindo o país em “10 áreas agrícolas”; Elisée Reclus (1893), dividindo o país em 8 regiões; Said Ali (1905), propondo 5 regiões para o Brasil; Delgado de Carvalho (1913), cuja proposta serviu de base para a primeira divisão oficial; Pierre Denis (1927), que dividiu o país em 6 regiões; e finalmente Betim Paes Leme (1937), com suas 7 regiões, usando como principal critério a estrutura geológica do território. Os primeiros estudos de divisão regional em 1941 foram realizados pela coordenação do engenheiro e geógrafo Fábio Macedo Soares Guimarães (1904- 1979). Avaliou as propostas da época, e elaborou uma única divisão regional do país buscando divulgar dados estatísticos que compunha a realidade socioespacial. A proposta sugeria como características naturais o elemento central na definição dos limites regionais internos do Brasil. Assim, a primeira regionalização, foi baseada no conceito de região natural. Todas as unidades regionais foram identificadas através do estudo das influências entre diferentes fatores naturais, como o clima, vegetação e relevo. Buscava a uniformidadedos elementos da natureza. Era constituído por cinco importantes regiões, norte, nordeste, leste, sul e centro-oeste. A região nordeste foi subdividida em nordeste ocidental e oriental, a região leste foi subdivida em setentrional e meridional. No século XX, foram elaboradas pelo IBGE divisões regionais contemplando os conceitos de Zonas Fisiográficas (década de 1940), Microrregiões e Mesorregiões Homogêneas (1968 e 1976) e Mesorregiões e Microrregiões Geográficas (1989). 5 No ano de 1945, O IBGE divulga uma nova regionalização do Brasil, levando como elemento norteador as sub-regiões denominadas zonas fisiográficas. Aqui se levava em consideração a questão física do território com vista a elementos estatísticos municipais. Temos a divisão regional do Brasil com sete regiões, sendo elas a região Norte, Nordeste Ocidental, Nordeste Oriental, Centro-Oeste, Leste Setentrional, Leste Meridional e Sul. Na porção norte do Amazonas foi criado o território de Rio Branco, onde atualmente é o estado de Roraima. Ao norte do Pará foi criado o estado do Amapá. O estado do Mato Grosso perdeu uma porção a noroeste (identificado como Guaporé) e outra ao sul (identificado como Ponta Porã). Os estados do Paraná e Santa Catarina foram cortados a oeste, dando origem ao território de Iguaçu. Em 1950, o território de Ponta Porã e Iguaçu foi suprimido, os estados do Maranhão e do Piauí passaram a compor a região Nordeste. Os estados da Bahia, Sergipe, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro formavam a região Leste. Em 1960, Brasília foi criada, e o Distrito Federal, capital do país, foi transferido para a região Centro-Oeste. Em 1962, o Acre tornou-se estado e o território de Rio Branco modifica-se o nome para Roraima. Em 1969, oficializa-se uma nova proposta de regionalização pelo IBGE, fundamentada no conceito de regiões homogêneas, em uma combinação de características físicas, demográficas e econômicas. O resultado foi a divisão regional em 360 microrregiões homogêneas, ordenadas em cinco grandes macrorregiões. O Brasil reconfigura suas regiões, sendo criada a região Sudeste (substituiu a região Leste), composta pelos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. A justificativa estava amparada com base no processo de industrialização e do crescimento econômico do país, com grande concentração de indústrias nessa área, configurando a base de uma região central do caráter econômico. O Nordeste recebeu os estados da Bahia e Sergipe. Ambos os estados, apresentavam baixa pluviosidade e integra o polígono das Secas, condição natural geradora de problemas socioeconômicos comuns àquela região. Todo o território de Goiás pertencia ao Centro-Oeste. Mato Grosso foi desmembrado alguns anos depois, dando origem ao estado de Mato Grosso do Sul. A regionalização de 1969 buscava subsidiar o planejamento econômico do Governo Militar instalado, considerava as atividades econômicas fundamentais para a diferenciação, fatores determinantes para realizar políticas de investimentos e valorização de áreas. A mais conhecida das divisões regionais do Brasil é a divisão oficial do IBGE de 1970, adaptada em 1990 (pelas alterações da constituição) em que estabeleceu as 6 cinco macrorregiões, ou grandes regiões. Sendo, a região Norte, região nordeste, região sudeste, região Sul. O Estado do Tocantins foi criado após o desmembramento do norte de Goiás e incorporado à região Norte; Roraima, Amapá e Rondônia tornaram-se estados, e Fernando de Noronha foi incorporado ao estado de Pernambuco. Todas as regionalizações propostas pelo IBGE, o limite das regiões coincide como os limites estaduais. As divisões buscavam de maneira sintética a organização territorial das questões sociais e políticas. Outra regionalização do espaço brasileiro é a divisão territorial por Complexos Regionais. Nesta classificação, observa-se uma nítida divisão territorial do trabalho, baseada no modelo de desenvolvimento econômico estabelecido internamente. Nessa análise regional as fronteiras entre os estados não são relevantes. São eles, Complexo regional Nordeste, Complexo Regional Centro-Sul, Complexo Regional da Amazônia. Os geógrafos Milton Santos e María Laura Silveira, também propõem uma regionalização do território, o que chama atenção nessa classificação, está a divisão do território em quatro partes, respeitando o meio técnico científico informacional. São elas, região Amazônica, região Nordeste, região Centro-Oeste, região Concentrada. Exercícios 1. (ENEM, 2016 / ADAPTADA). “A população brasileira cresceu 0,9%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Neste ano, o Brasil tem 201,03 milhões, ou seja, 1,79 milhão a mais do que no ano passado (199,24 milhões). O crescimento é menor do que o observado entre 2011 e 2012, que havia sido 0,93%. Segundo o pesquisador do IBGE Gabriel Borges, a tendência é que o ritmo de crescimento da população caia até 2042, ano em que a população brasileira para de crescer. “A população vai crescendo, cada vez menos, até 2042, quando começa a diminuir”, disse ele (...)”. (Fonte: ABDALA, V. População brasileira cresce 0,9% entre 2012 e 2013. Agência Brasil, 29-08- 2013.) Com base no trecho acima, podemos afirmar que uma possível consequência direta da progressiva diminuição do crescimento populacional do Brasil nos próximos anos é o /a: a) o controle das migrações internas. b) o envelhecimento populacional. c) a ampliação da população economicamente ativa. 7 d) a redução do número de mortes. e) o fim do inchaço habitacional nas metrópoles. 2. (UFPR / ADAPTADA) Observe o mapa de divisão regional do Brasil e, em seguida, assinale a proposição correta: a) O número 5 assinala a região Sul, onde se concentram numerosos descendentes de europeus, que utilizaram a terra mantendo a cobertura vegetal original, adotando um sistema de agricultura extensiva e de autoconsumo. b) O número 1 corresponde à região de maior área, onde as condições naturais permitiram o estabelecimento de uma floresta temperada homogênea e que vem apresentando crescente extensão de áreas devastadas, porque ainda não utiliza modelos de desenvolvimento sustentável. c) O número 2 indica a região que teve menor importância econômico-social no período colonial e que, após o período áureo da mineração, voltou às condições de pobreza dos primeiros séculos de colonização. d) O número 4 identifica a região que apresenta maior índice de industrialização, com destaque para as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, que polarizam as demais regiões brasileiras. e) O número 3 assinala a região Centro-Oeste, que passou a crescer após a construção de Brasília, mesmo apresentando condições naturais adversas, advindas da presença do bioma caatinga. 1. (PUCMG / ADAPTADA) Analise as afirmativas a seguir no que tange às grandes regiões geoeconômicas brasileiras: I. A Amazônia é a região mais extensa e com a paisagem menos modificada do espaço geográfico brasileiro; atualmente, é pólo de atração populacional. 8 II. O Nordeste, antiga área de ocupação, hoje é pólo de repulsão demográfica, devido à estagnação da economia na maior parte do espaço e à falta de eficazes programas governamentais e empresariais. III. O Centro-Sul tem perdido significativos índices de sua produção agrícola e industrial para as novas fronteiras agrícolas e pólos de desenvolvimento subsidiados por Superintendências Regionais. Podemos afirmar que: a) apenas as afirmativas I e II estão corretas. b) apenas as afirmativasI e III estão corretas. c) apenas as afirmativas II e III estão corretas. d) todas as afirmativas estão corretas. e) todas as afirmativas estão incorretas. Gabarito 1. Resposta: Letra D 2. Resposta: Letra D 3. Resposta: Letra A Resumo Podemos identificar quais os principais conceitos de região que foram utilizados em cada regionalização no país. A proposta de 1942 foi fundamentada principalmente no conceito de região natural, já as divisões de 1970 e 1992 tiveram como base os conceitos de região homogênea e polarizada. A divisão de 1970 teve como principal objetivo subsidiar o planejamento econômico do Governo Militar instalado, enquanto a proposta de 1990 foi a primeira a utilizar explicitamente conceitos do materialismo histórico para a definição das regiões. A divisão territorial por Complexos Regionais, faz uso de uma nítida divisão territorial do trabalho, baseada no modelo de desenvolvimento econômico estabelecido internamente. Nessa análise regional as fronteiras entre os estados não são relevantes. São eles, Complexo regional Nordeste, Complexo Regional Centro- Sul, Complexo Regional da Amazônia. Já a regionalização do território nacional, pelos geógrafos Milton Santos e María Laura Silveira, chama atenção pela 9 classificação em quatro partes, respeitando o meio técnico científico informacional. São elas, região Amazônica, região Nordeste, região Centro-Oeste, região Concentrada. 10 Referências bibliográficas CONTEL, Fabio Betioli. As divisões regionais do IBGE no século XX (1942, 1970 e 1990), Terra Brasilis (Nova Série) [Online], n.3 | 2014. CAMPOS, Rui Ribeiro de. Breve história do pensamento geográfico brasileiro nos séculos XIX e XX. Jundiaí, Paco editorial, 2011.
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