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antropologia cultural em Moçambique

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Antropologia Cultural 
de Moçambique 
 
 
 
 
 
Universidade Pedagógica 
Moçambique 
 Antropologia Cultural de Moçambique i 
 
Direitos de autor (copyright) 
É proibida qualquer reprodução parcial ou total deste obra sem a permissão do autor 
ou da entidade proponente. 
 
 
 
 
 
Ficha Técnica 
 
Título: Manual de Antropologia Cultural de Moçambique 
Autor: Gregório Zacarias Vilanculo 
Maquetização: Gregório Zacarias Vilanculo 
Coordenação: Departamento de Ensino Aberto e a Distância – UP-Maxixe 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Pedagógica/ 
Sagrada Família-Maxixe 
Inhambane-Moçambique 
Fax: (+258)293-30354/30359 
E-mail:info@unisaf.ac.mz 
Website: www.unisaf.ac.mz 
 Antropologia Cultural de Moçambique ii 
 
Agradecimentos 
 
À Universidade Pedagógica, pela oportunidade que nos concedeu para a elaboração 
deste material diáctico. 
À todos os que de forma directa ou indirecta contribuiram para a elaboração deste 
módulo. 
 Antropologia Cultural de Moçambique iii 
 
Indice 
Visão geral 1 
Benvindo ao Módulo de Antropologia Cultural de Moçambique .................................... 1 
Objectivos do curso .......................................................................................................... 2 
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................... 3 
Como está estruturado este módulo .................................................................................. 3 
Ícones de actividade .......................................................................................................... 4 
Habilidades de estudo ....................................................................................................... 4 
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................. 5 
Avaliação .......................................................................................................................... 5 
Unidade I. Introdução geral à Disciplina 7 
Lição nº 1. Definição de Antropologia, objecto de estudo e objectivos ........................... 9 
Sumário ........................................................................................................................... 11 
Exercícios ........................................................................................................................ 12 
Lição nº 2. Áreas de estudo da Antropologia ................................................................. 13 
Sumário ........................................................................................................................... 20 
Exercícios ........................................................................................................................ 22 
Lição nº 1. Métodos da Antropologia ............................................................................. 23 
Sumário ........................................................................................................................... 27 
Exercícios ........................................................................................................................ 27 
Unidade II. O Pensamento Antropológico 29 
Lição nº 1.Periodizição do Pensamento Antropológico ................................................. 31 
Sumário ........................................................................................................................... 35 
Exercícios ........................................................................................................................ 36 
Lição nº 2.As correntes do pensamento antropológico: o evolucionismo ...................... 38 
Sumário ........................................................................................................................... 41 
Exercícios ........................................................................................................................ 41 
Lição nº 3.As correntes do pensamento antropológico: o difusionismo ......................... 43 
Sumário ........................................................................................................................... 47 
Exercícios ........................................................................................................................ 48 
Lição nº 4.As correntes do pensamento antropológico: o funcionalismo ....................... 51 
Sumário ........................................................................................................................... 55 
Exercícios ........................................................................................................................ 56 
Lição nº 5.As correntes do pensamento antropológico: o estruturalismo ....................... 58 
Sumário ........................................................................................................................... 60 
Exercícios ........................................................................................................................ 61 
Unidade III. A Cultura e as Culturas 63 
Lição nº 1.O conceito antropológico de cultura .............................................................. 64 
Sumário ........................................................................................................................... 67 
Exercícios ........................................................................................................................ 67 
 Antropologia Cultural de Moçambique iv 
 
Lição nº 2.Elementos da cultura ..................................................................................... 69 
Sumário ........................................................................................................................... 73 
Exercícios ........................................................................................................................ 73 
Lição nº 3.Características da Cultura .............................................................................. 75 
Sumário ........................................................................................................................... 79 
Exercícios ........................................................................................................................ 80 
Lição nº 4.O conceito dinamismo cultural e os processos deenculturação, aculturaação, 
desculturação e inculturação ........................................................................................... 83 
Sumário ........................................................................................................................... 87 
Exercícios ........................................................................................................................ 88 
Lição nº 5.Os factores da cultura .................................................................................... 89 
Sumário ........................................................................................................................... 91 
Exercícios ........................................................................................................................ 91 
Lição nº 6. Etnocentrismo versus Relativismo Cultural ................................................. 92 
Sumário ........................................................................................................................... 95 
Exercícios ........................................................................................................................96 
Lição nº 1.As origens da cultura moçambicana .............................................................. 97 
Sumário ......................................................................................................................... 102 
Exercícios ...................................................................................................................... 103 
 
Unidade IV. O Parentesco e a Família 104 
Lição nº 1.Parentesco, casamento e família em Moçambique ...................................... 105 
Sumário ......................................................................................................................... 110 
Exercícios ...................................................................................................................... 111 
Lição nº 2.O lobolo em Moçambique: um velho idioma para novas vivências ........... 113 
Sumário ......................................................................................................................... 117 
Exercícios ...................................................................................................................... 118 
Lição nº 3. Ritos, rituais e ritos de passagem ............................................................... 119 
Sumário ......................................................................................................................... 122 
Exercícios ...................................................................................................................... 122 
Lição nº 4. A religião como fenómeno sócio-cultural .................................................. 125 
Sumário ......................................................................................................................... 129 
Exercícios ...................................................................................................................... 130 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 1 
 
Visão geral 
Benvindo ao Módulo 
“Antropologia Cultural de 
Moçambique” 
 
O Homem, para além, da sua biologia, é produto da cultura. 
É a cultura que faz do Homem um ser de relações. Cada 
sociedade, cada povo, possui as suas manifestações 
culturais. O módulo de Antropologia Cultural de Moçambique 
ajudar-nos-á a compreender que, longe de haver somente 
uma formação cultural que dê sentido às acções dos 
homens, toda e qualquer cultura é coerente em si mesma 
quando vista de forma total e a partir de seus próprios 
pressupostos. 
Mais ainda, podemos aprender que nossa cultura e 
sociedade não são as únicas, nem as mais verdadeiras, 
originais e autênticas. A antropologia pode nos ensinar uma 
importante lição: nossa 
sociedade não é superior a qualquer outra, seja ela uma 
tribo do Sudão, na África, ou uma tribo indígena da américa 
latina. 
Enfim, a antropologia nos ensina a nos descentrarmos de 
nós mesmos assim como de nossa própria sociedade e 
cultura. Isso é um exercício fantástico e que nos abre as 
portas para novos universos, novas possibilidades e 
alternativas de aprendermos com os outros e de nos vermos 
através dos outros, conhecendo-nos mais profundamente. 
 Antropologia Cultural de Moçambique 2 
 
Afinal, como disse Sahlins “o homem apreende o mundo a 
partir de esquemas simbólicos que ordenam o mundo, mas 
que jamais são os únicos possíveis”. 
Com isto pode se perceber que esta disciplina participa na 
formação humana, social e cívica do indivíduo, através do 
desenvolvimento de conhecimentos básicos sobre a cultura 
no geral, e a cultura moçambicana, em particular. 
Objectivos do Módulo 
Quando terminar o estudo do Módulo de Antropologia 
Cultural de Moçambique o estudante deverá ser capaz de: 
 
 
Objectivos 
 Identificar as trajectórias do pensamento 
antropológico desde a emergência à actualidade. 
 
 Conhecer o saber e o fazer antropológicos actuais. 
 
 Familiarizar-se com as abordagens da noção de 
cultura do clássico ao pós-moderno. 
 
 Reconhecer as linhas de homogeneidades e 
heterogeneidades do território etnográfico nacional. 
 
 Apresentar algumas das novas questões e 
paradigmas da antropologia, com reflexos em 
Moçambique. 
 
 Ter capacidade de aplicar os conceitos e os 
conhecimentos adquiridos na análise das dinámicas e 
factos socioculturais dos diferentes contextos 
moçambicanos. 
 Antropologia Cultural de Moçambique 3 
 
 
 
 
Quem deveria estudar este 
módulo 
Este Módulo foi concebido para todos aqueles que estão 
inscritos nos Cursos de Licenciatura em Ensino Básico e 
Administração e Gestão Escolar (AGE) à distância, 
oferecidos pela Universidade Pedagógica. São estudantes 
que possuem 12ª classe ou equivalente. 
Como está estruturado este 
módulo 
Todos os módulos dos cursos a Universidade Pedagógica 
encontram-se estruturados da seguinte maneira: 
Páginas introdutórias 
 Um índice completo. 
 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, 
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer 
para completar o estudo. Recomendamos vivamente que 
leia esta secção com atenção antes de começar o seu 
estudo. 
Conteúdo do módulo 
O curso está estruturado em unidades. Cada unidade 
incluirá uma introdução, objectivos da unidade, 
conteúdo da unidade incluindo actividades de 
aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais 
actividades para auto-avaliação. 
 Antropologia Cultural de Moçambique 4 
 
Outros recursos 
Para quem esteja interessado em aprender mais, 
apresentamos uma lista de recursos adicionais para você 
explorar. Estes recursos podem incluir livros, artigos ou sites 
na internet. 
Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação 
Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no 
final de cada unidade. No final de cada lição são 
apresentadas tarefas de auto-avaliação. 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones 
nas margens das folhas. Estes icones servem para 
identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. 
Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova 
actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. 
 
Habilidades de estudo 
Caro estudante! 
Para tirar maior proveito deste módulo terá de buscar 
através de uma leitura cuidadosa das obras de consulta a 
maior parte da informação ligada ao assunto abordado. Para 
o efeito, no fim de cada lição apresenta-se uma sugestão de 
livros para leitura complementar. 
Uma pergunta bem compreendida representa meia resposta, 
por isso, antes de resolver qualquer tarefa ou problema, o 
estudante deve certificar se compreendeu a questão 
colocada. 
Deve fazer sempre que possível, uma sistematização das 
ideias apresentadas na lição corrente. 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 5 
 
Precisa de apoio? 
Em caso de necessidade de apoio o estudante poderá 
procurar o tutor de especialidade, os tutores locais dentro 
dos parâmetros a serem acordados para efeitos de 
acompanhamento. 
Tarefas (avaliação e auto-
avaliação) 
A avaliação será contínua e sistemática. No final de cada 
unidade temática encontrará uma série de perguntas que 
poderão servir para a sua auto-avaliação. 
Em caso de recomendar-se trabalhos de pesquisas, apela-
se ao estudante a evitar todas as formas de plágio, sendo 
por isso, necessário que faça referência às obras 
consultadas. 
Uma leitura constante deste módulo e da bibliografia 
complementar patente no final de cada unidade temática é 
fundamental para o sucesso do seu processo de 
aprendizagem. 
Avaliação 
A avaliação será feita através de testes escritos.Será 
admitido ao exame final o estudante que obtiver uma média 
de frequência igual ou superior a dez valores. Será aprovado 
o estudante que obtiver dez valores aproximados ou mais no 
exame. 
Poder-se-á recorrer à trabalhos de investigação caso 
delibere-se necessários para o aprofundamento de algumas 
temáticas aqui abordadas. 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 7 
 
Unidade I 
Introdução geral à Disciplina 
Introdução 
 
Nesta unidade far-se-á uma discussão a volta dos 
principais conceitos e das definições da disciplina. 
Serão discutidos os conceitos básicos de Antropologia, 
Antropologia Cultural, o objecto de estudo e os principais 
métodos usados em antropologia. 
Ao terminar esta unidade será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 
 Definir o conceito de antropologia e o seu objecto de 
estudo; 
 Identificar os principais métodos usados em antropologia; 
 Explicar as áreas de estudo da antropologia.~ 
 Demonstrar a relação que existe entre a educação e a 
antropologia. 
 
 
 
 
 
 
Terminologia 
 
Antropologia, antropologia linguistica, antropologia biológica, 
antropologia pré-histórica, antropologia psicológica, 
antropologia social e cultural, educação. 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 9 
 
Lição n˚ 1 
Definição de Antropologia, 
Objecto de estudo e objectivos 
 
Introdução 
Esta lição vai abordar sobre o conceito de antropologia, seu 
objecto de estudo e seus objectivos. 
Ao completer esta lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 
 
 
 Definir o conceito de antropologia; 
 Identificar o objecto de estudo da antropologia; 
 Explicar o objectivo da antropologia. 
 
 
 
 
Terminologia 
 
Antropologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 10 
 
Antropologia: o que é? 
A nossa disciplina chama-se Antropologia Cultural de 
Moçambique. Antes de definirmos o que é antropologia 
cultural, e mais ainda, antes de fazermos uma 
contextualização, a nível de Moçambique é importante que 
tenhamos em consideração a definição do próprio termo 
antropologia. 
No sentido etimológico, o termo Antropologia deriva do 
grego άνθρωποςantrophos (homem) e λόγος (logos - razão / 
pensamento, tratado). No sentido lato, a Antropologia 
costuma ser definida como uma ciência social preocupada 
em estudar o homem e a humanidade de maneira 
totalizante, ou seja, abrangendo todas as suas dimensões. É 
uma ciência social porque faz parte do conjunto das 
chamadas ciências sociais, isto é, aquele conjunto de 
ciências que estudam os aspectos sociais do mundo 
humano, ou seja, a vida social de indivíduos e grupos 
humanos, tais como: Sociologia, Ciência Política, a História, 
a Geografia, Economia, Administração, Direito, etc. 
Preocupa-se em estudar cientificamente o ser humano, isto 
é, aplicando os métodos de estudo científico. 
O que diferencia a perspectiva antropológica sobre o homem 
das outras ciências sociais ou humanas, em primeiro lugar, é 
que a antropologia busca uma explicação totalizadora do 
homem, que leve em conta a dimensão biológica, 
psicológica e cultural; em segundo lugar, a perspectiva 
antropológica possui uma dimensão temporal muito mais 
abrangente, abarcando tanto o momento actual quanto o 
passado da humanidade. 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 11 
 
Objecto de estudo 
A antropologia como ciência do biológico e do cultural tem 
seu objecto de estudo: o homem e as suas obras. O objecto 
de estudo da antropologia engloba o conhecimento de 
sociedades humanas, letradas ou ágrafas, extintas ou vivas, 
existentens nas várias regiões da terra. 
O antrópologo tem a tarefa de explicar os princípios da 
formação e do desenvolvimento das sociedades e culturas 
humanas. Toda a investigação antropológica vale-se do 
método comparativo em busca de respostas para os 
problemas que se levantam, na tentativa de compreender as 
semelhanças e as diferenças físicas, psíquicas, culturais e 
sociais entre os grupos humanos. Exemplo: brancos e 
negros; língua diversificadas; a indumentária do índio e do 
não-índio; o culto do sol e a presença da pirâmide no Egipto 
e nas civilizações pré-colombianas... 
 
Objectivo da antropologia 
A antropologia fixa como seu objectivo o estudo da 
humanidade como um todo, visando ao homem como 
expressão global – biopsicosociocultural – isto é, o homem 
como ser biológico pensante, produtor de culturas e 
participante da sociedade, tentando chegar, assim, à 
compreensão da existência humana. 
 
Sumário 
A antropologia é a ciência que estuda o Homem na sua 
totalidade. Difere-se de outras ciências sociais e humanas 
porque ela busca uma expplicação totalizadora do homem. 
Ela fixa como seu objectivo o estudo do homem como 
 Antropologia Cultural de Moçambique 12 
 
expressão global, ou seja, como um ser 
biopsicosociocultural. 
Exercícios 
 
 
Auto-avaliação 
 
1. Das afirmações que seguem, diga se são verdadeiras 
ou falsas. 
a. A antropologia é uma ciência que estuda o 
Homem na sua totalidade. 
b. O objecto de estudo da antropologia é a cultura. 
c. Explicar o homem em todas as dimensões é o 
objectivo último da antropologia. 
 
 
Bibliografia Básica 
 
ERICKENS, Thomas Hylland. NIELSEN, Fin Sivert. História 
da Antropologia. 4ª ed. Editora Vozes, Petrópolis, R J, 2010. 
SANTOS, Armindo dos. Antropologia Geral: etnografia, 
Etnologia, Antropologia Socal. Universiadade Aberta, 2002. 
COLLEYN, Jean-Paul. Elementos de Antroplogia Social e 
Cultural. Edições 70, Lisboa, 2005. 
TITIEV, Mischa. Introdução à Antropologia Cultural. 9ª ed. 
Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2002. 
LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo, 
Brasiliense, 2003. 
 Antropologia Cultural de Moçambique 13 
 
Lição n˚ 2 
Áreas de estudo da Antropologia 
Introdução 
Nesta lição far-se-á uma abordagem relacionada com os 
seguintes conceitos: antropologia biológica, antropologia 
pré-histórica, antropologia linguística, antropologia 
psicológica, antropologia social e cultural. 
 
Ao completer esta lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 Definir os conceitos de antropologia ; antropologia 
biológica, antropologia pré-histórica, antropologia 
linguística, antropologia psicológica, antropologia 
social e cultural. 
 Discriminar os diferentes ramos ou áreas de estudo 
da antropologia. 
 
 
 
 
Terminologia 
 
Antropologia, antropologia linguística, antropologia biológica, 
antropologia pré-histórica, antropologia psicológica e 
antropologia social e cultural. 
 
 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 14 
 
Se é verdade que todas as ciências encontram-se 
fragmentadas em diferentes ramos de estudo que permitem 
um estudo mais exaustivo e significativo não é menos 
verdade que a Antropologia segue a mais lógica. Assim, a 
Antropologia tal como outras ciências, subdivide-se em 
áreas de estudo específicos que permitem uma melhor 
compreensão do objecto em causa. Evocar aqui os campos 
de estudo da Antropologia, torna-se aqui imperioso, pois, 
permite-nos perceber a Antropologia como uma ciência 
integrante a qual no seu desenvolvimento inicial não fazia a 
distinção entre os diferentes domínios de conhecimento, 
considerados na perspectiva de uma problemática teórica 
geral sobre o Homem. Na visão de SANTOS (2002: 35) a 
designação genérica antropologia cobria grosso modo no 
mínimo– e continua a integrar mas de forma independente – 
cinco domínios de estudo fundamentais: a) a antropologia 
biológica (que substitui a antiga antropologia física); b) a 
antropologia pré-histórica; c) a antropologia psicológica; 
d) a antropologia linguística; e) a antropologia social e 
cultural. 
É importante realçar que esta ordem de anunciação não 
reflecte realmente uma qualquer hierarquia subordinativa 
entre elas, mas tão somente uma forma arbitrária de 
apresentação. 
 
A antropologia biológica 
No século XIX e nos princípios do século XX, a palavra 
antropologia era empregue exclusivamente no sentido de 
antropologia física, a ciência cujo objecto se centrava em 
especial nos caracteres biológicos dos homens segundo a 
noção de raça, a hereditariedade, etc. A antropologia física 
designa-se hoje de antropologia biológica e não se 
 Antropologia Cultural de Moçambique 15 
 
preocupa especialmente com as raças e a sua anatomia 
comparada (com as formas e mensurações dos cránios e 
esqueletos, da cor da pele, dos olhos e do cabelo). A 
antropologia biológica, diz essencialmente respeito ao 
estudo das variações dos caracteres biológicos do homem 
no espaço e no tempo. Por outras palavras, est ciência 
debruça-se sobre o estudo das relações entre o património 
genético humano e o meio geográfico e social, relacionando 
as particularidades morfológicas e fisiológicas com o 
contexto ambiental e com a evolução destas 
particularidades. Em consequência do meio físico, a 
antropologia biológica toma em consideração os factores 
culturais que influenciam o crescimento e o conjunto das 
transformações ou fases sucessivas pelas quais passam os 
individuos desde a sua concepção biológica até à 
maturidade. 
O actual domínio da antropologia biológica, na sua 
contribuição mais directa para evidenciar a relação entre 
factores sócio-culturais e caracteres biológicos do homem, 
debruça-se em particular sobre a genética das populações e 
participa, cada vez mais –directa ou indirectamente – no 
debate sobre o derivado do inato e o dependente do 
adquirido assim como sobre a sua contínua interacção. 
 
A antropologia histórica 
Aantropologia histórica corresponde a um vasto programa 
de investigação sobre o passado das sociedades 
desaparecidas e das actuais. A a ela pode acrescentar-se a 
antropologia pré-histórica e a etno-história. 
A antropologia pré-histórica, estuda a existência do 
homem num passado muito remoto, relativamente ao qual 
não existem documentos escritos. Por esta razão, a 
 Antropologia Cultural de Moçambique 16 
 
investigação faz-se recorrendo à busca de vestígios 
materiais deixados por sociedades muito antigas e 
conservados no solo. Encontrar ossadas humanas em 
determinados lugares, resulta em provas da existência do 
homem nesses locais, mas também objectos de todo o 
género podem indiciar a sua actividade passada. Pelo que 
acaba de ser dito se pode compreender que a antropologia 
pré-histórica tem por finalidade a reconstituição das 
sociedades desaparecidasnos seus diferentes aspectos. 
A diferença entre a etno-história e a antropologia pré-
histórica reside no facto de o etno-historiador trabalhar 
directamente com o tempo da oralidade local e o 
antropólogo pré-historiador recolher o seu material de 
investigação em escavações feitas no solo. 
A palavra etno-história foi criada pelos etnólogos americanos 
para referir os seus trabalhos relativos às tentativas de 
reconstituição da história dos índios, a partir das tradições e 
factos recolhidos. Por esta altura, era corrente dizer-se que 
onde não havia documentos escritos não havia história. 
Obviamente, a falta de documentos não evidencia a falta de 
história, mas tão somente a falta. Assim, na origem, a etno-
história correspondia ao estudo das sociedades sem escrita, 
dependentes da memória oral, e ditas sem história. Ora não 
existem sociedades sem história e a escrita não constitui um 
dado informativo evidente quanto à revelação do passado. 
 
A antropologia linguística 
Este domínio corresponde ao confronto entre a antropologia 
e a linguística enquanto ciência que estuda a linguagem 
como parte integrante do património cultural de uma 
sociedade. Com efeito, a linguagem corresponde a uma 
realidade social fundamental através da qual os membros de 
 Antropologia Cultural de Moçambique 17 
 
uma sociedade comunicam e exprimem as suas ideias, o 
seus valores, as suas preocupações, etc. Pela sua 
amplitude, a linguagem constitui um domínio cuja 
problemática pressupõe uma abordagem necessariamente 
interdisciplinar. Sem o estudo da língua não seria possível 
compreender as suas categorias afectivas e cognitivas, as 
quais constituem precisamente o campo de estudo da etno-
linguística. 
 
Segundo Claude Lévi-Strauss (1958), a linguagem pode ser 
encarada, nas suas relações com a cultura, segundo três 
aspectos. Todos eles são fundamentados na observação e 
levantam problemas particulares, para além de constituírem 
o ponto de partida de concepções explicativas sobre as 
relações entre a linguagem e a cultura: 1) a linguagem 
corresponde a um dos aspectos da cultura; 2) a linguagem é 
igualmente uma produção cultural, na medida em que 
reflecte, pela natureza e projecção dos seus sistemas 
simbólicos, certas características de uma cultura; 3) 
finalmente, a linguagem corresponde a uma condição da 
cultura. É um facto observado, que a linguagem assume, 
totalmente ou em parte, a permanência de certos aspectos 
da cultura. Num plano teórico, ela própria é uma cultura se a 
considerarmos um sistema de comunicação priviligiado que 
fornece a chave de acesso aos sistemas particulares de 
comunicação como aos diversos aspectos da cultura. 
Através do estudo da língua é possível esperar 
compreender, por exemplo, as categorias mentais do 
parentesco, cristalizadas nas nomenclaturas dos termos de 
parantesco e reconstituir as sagas genealógicas que 
permitem retraçar as histórias familiares e identificar as 
categorias parentais operatórias. 
 Antropologia Cultural de Moçambique 18 
 
O estudo da língua na forma oral é o único meio obrigatório 
que o investigador tem para aceder à sociedade e à cultura 
em observação. Diga-se incidentemente que alguns dos 
quadros linguísticos referidos, exclusivamente orais, se 
alteraram quando os antropólogos iniciaram o estudo destas 
sociedades e obrigatoriamente as suas línguas, começando 
a transcrevê-las foneticamente e em seguida a fixar a 
sintaxe. 
 
A antropologia psicológica 
A antropologia psicológica define-se como o domínio que se 
interessa pelo estudo dos mecanismos do psiquismo 
humano, na sua interacção com a permância social. O 
presente domínio não tem por objectivo o indivíduo, 
enquanto actor particular, o qual pertence ao domínio da 
psicologia, mas define o encontro entre a antropologia e a 
psicologia no que corresponde à necessidade de 
compreensão da subjectividade que preside à acção dos 
indivíduos em sociedade. Ou seja, corresponde à 
necessidade de passar do objectivismo ao subjectivismo. 
Neste campo, entronca o fenómeno de representação sobre 
a realidade social e a acção derivada da percepção desta 
mesma realidade pelos diferentes acores sociais. 
 
A antropologia social e cultural 
Se avançarmos do estudo do passado para o presente da 
dimensão cultural, entramos no campo de estudos da 
antropologia socialou cultural; o objeto desta área da 
antropologia são as formas em que as sociedades percebem 
o mundo e como organizam o seu cotidiano. 
 Antropologia Cultural de Moçambique19 
 
A antropologia social e cultural estuda a cultura de um grupo 
tanto na sua dimensão instrumental, chamada de cultura 
material, que se refere às coisas que os homens produzem e 
com as quais intervêm na natureza, quanto na sua dimensão 
cosmológica-cognitiva-organizacional, que abrange os 
sistemas de idéias e de valores, através dos quais se 
organiza a percepção do mundo. 
Esta dimensão diz respeito aos elementos ideológicos que 
compõem a definição de cultura (que posteriormente 
estudaremos), a saber, a língua, a religião, o sistema de 
direito, etc. 
A parte organizacional da antropologia social ou cultural diz 
respeito às formas que os grupos humanos concebem para 
estabelecer a circulação dos indivíduos no seu interior, isto 
é, as regras de casamento e de parentesco, as divisões em 
grupos menores como clãs, fratriase linhagens. 
Em outras palavras, a antropologia social e cultural diz 
respeito a tudo que constitui uma sociedade: seus modos 
de produção econômica, suas técnicas, sua organização 
política e jurídica, seus sistemas de parentesco, seus 
sistemas de conhecimento, suas crenças religiosas, sua 
língua, sua psicologia, suas criações artísticas, suas 
técnicas,etc. 
Para terminar com esta diferenciação das áreas da 
antropologia temos que nos referir rapidamente por que 
denominamos a dimensão cultural no presente como 
antropologia social ou cultural. Basicamente, é uma 
diferenciação derivada de interesses distintos das escolas 
antropológicas inglesa e americana. 
Os antropólogos ingleses se interessaram pela organização 
social e política dos grupos que estudavam, e assim, 
focaram seus estudos na idéia de sociedade, por isto a 
 Antropologia Cultural de Moçambique 20 
 
escola foi chamada de antropologia social (embora alguns, 
como Malinowski, tenham utilizado na sua produção o 
conceito de cultura). 
Já os americanos se interessavam pelas variações 
culturais, pela sua difusão e como os indivíduos são 
moldados pela cultura; por isto se denominou a essa 
escola como antropologia cultural ouculturalismo. 
 
Sumário 
A Antropologia tal como outras ciências, subdivide-se em 
áreas de estudo específicos que permitem uma melhor 
compreensão do objecto em causa. A designação genérica 
antropologia cobria e continua a integrar mas de forma 
independente – cinco domínios de estudo fundamentais: a) a 
antropologia biológica: a ciência cujo objecto se centrava em 
especial nos caracteres biológicos dos homens segundo a 
noção de raça, a hereditariedade, etc; b) a antropologia 
histórica que estuda o passado das sociedades 
desaparecidas e das actuais e pode ramificar-se em 
antropologia pré-histórica e etno-historia; c) a antropologia 
psicológica que se constitui como aquele domínio que se 
interessa pelo estudo dos mecanismos do psiquismo 
humano, na sua interacção com a permância social.; d) a 
antropologia linguística sendo aquele domínio 
correspondente ao confronto entre a antropologia e a 
linguística enquanto ciência que estuda a linguagem como 
parte integrante do património cultural de uma sociedade e) 
a antropologia social e cultural cujo objeto de estudo são as 
formas em que as sociedades percebem o mundo e como 
organizam o seu cotidiano. 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 21 
 
Exercícios 
 
Auto-avaliação 
 
1. Identifique as áreas de estudo da antropologia. 
2. Demonstre que a antropologia socio-cultural é 
diferente da antropologia psicológica. 
3. Discuta a antropologia linguística. 
4. Haverá alguma diferença entre a antropologia física e 
a antropologia biológica? 
5. A antropologia histórica estuda, também, as 
sociedades mais remotas. 
a. Na tua opinião, qual seria o contributo desta área 
científica para a reconstrução da história socio-cultural 
de Moçambique. 
 
 
 
Bibliografia Básica 
 
ERICKENS, Thomas Hylland. NIELSEN, Fin Sivert. História 
da Antropologia. 4ª ed. Editora Vozes, Petrópolis, R J, 2010. 
SANTOS, Armindo dos. Antropologia Geral: etnografia, 
Etnologia, Antropologia Socal. Universiadade Aberta, 2002. 
COLLEYN, Jean-Paul. Elementos de Antroplogia Social e 
Cultural. Edições 70, Lisboa, 2005. 
TITIEV, Mischa. Introdução à Antropologia Cultural. 9ª ed. 
Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2002. 
LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo, 
Brasiliense, 2003. 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 23 
 
Lição n˚ 3 
Métodos da Antropologia 
Introdução 
Nesta lição abordar-se-á os métodos antropológicos e as 
premissas antropológicas que devem guiar o trabalho de 
pesquisa do antropológo. 
 
Ao completer esta lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 Identificar os principais métodos da antropologia; 
 Caracterizar as premissas antropológicas; 
 Explicar discriminando os métodos da antropologia e as 
premissas antropológicas. 
 
 
 
Terminologia 
 
Método histórico, método comparativo, método estatístico. 
 
 
 
 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 24 
 
Do estudo teórico “na mesa” à “pesquisa no campo” 
Os primeiros antropólogos evolucionistas da segunda 
metade do século XIX, foram designados, no âmbito da 
história da antropologia, estudiosos da “mesa” (Tylor, Frazer, 
Morgan): esses trabalhavam sobre narrativas e descrições 
de realidades efectuadas por observadores não 
profissionais. Portanto, eles trabalhavam, com um material 
de “segunda mão”, recolhido, às vezes, sem critérios 
científicos ou para finalidades diferentes, que porém 
permitia-lhes colherem elementos para reflectirem sobre a 
diversidae dos “costumes” humanos. Este tipo de fontes 
consentia-lhes que elaborassem uma escala evolutiva das 
formas de vida humanas e do desenvolvimento das culturas. 
A partir dos últimos anos do século XIX os antropólogos 
experimentavam uma nova modalidade de fazer a pesquisa: 
a pesquisa de campo, isto é, observação directa dos modos 
de vida dos outros efectuada concretamente nos lugares 
pre-seleccionados para a pesquisa. 
Nos primeiros decénios do século XX a prática da pesquisa 
no campo se consolida e é a partir deste momento e desta 
nova modalidade de pesquisa que a antropologia define os 
seus métodos, os seus objectos e o seu estatuto científico e 
académico. São as pesquisas dos primeiros antropólogos 
funcionalistas britânicos e de alguns culturalistas americanos 
que marcam o início da prática etnográfica, mudando a 
atenção do “estudo na mesa” ao estudo da “sociedade” no 
campo e na sua inteireza. 
A etnografia como método e como prática de pesquisa 
No trabalho antropológico se entende comumente com o 
termo “etnografia” a fase da recolha dos dados num 
determinado lugar pré-escolhido para a pesquisa (conhecido 
como “terreno etnográfico”, ou simplesmente “terreno” ou 
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 Antropologia Cultural de Moçambique 25 
 
“campo”). O que distingue a antropologia das outras 
disciplinas científicas é examente esta modalidade de 
investigar, que prevê períodos de longa permanência no 
terreno, a imersão no contexto de pesquisa, o conhecimento 
da língua ou do dialecto do lugar, a observação 
aprofundada, a compartilha de práticas quotidianas com 
pessoas que constituem “o objecto” pesquisa. 
Bronislaw Malinowki que efectuou as suas pesquisas nas 
ilhas Trobiand da Melanésia entre 1915 e 1918, não foi o 
primeiro antropólogo a colocar em prática uma pesquisa 
etnográfica do tipo “moderno”. Foi, porém, um dos primeiros 
a indicar conscientemente nas práticas acima indicadas os 
elementos característicosda pesquisa de campo e, portanto, 
a pesquisa antropológica. A ele, se deve, o facto de ter sido 
o primeiro a teorizar e colocar em prática a centralidade do 
método de observação partecipante no processo de 
compreensão e explicação antropológica e ter construido, a 
partir de tal consciência, aquela figura do etnógrafo 
profissional. A expressão observação participante sintetiza 
as modalidades de interacção do antropólogo com o campo 
de pesquisa durante a fase etnográfica da pesquisa: ele tem 
a obrigação de viver dentro da comunidade pesquisada, de 
participar na vida quotidana deles e, ao mesmo tempo, 
aquela de estudá-la, de observá-la (e observar mesmo a si 
no decurso da pesquisa). O antropólogo no campo, através 
da imersão no contexto estudado, procura adquirir as 
competências e os conhecimentos de um “nativo”, sem no 
entanto, beliscar a sua posição de observador externo. 
A prática etnográfica não constitui simplesmente o método 
de base da pesquisa antropológica. Para além desses 
diversos argumentos teóricos, a pesquisa antropológica é 
constituida do tipo de conhecimento que o antropólogo 
procura aprofundar. É exactamente a relação prolongada e 
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 Antropologia Cultural de Moçambique 26 
 
quotidiana com homens e mulheres de sociedades diversas 
e com os contextos culturais em que estes vivem, que 
confere aos “dados” etnográficos um carácter “qualitativo” 
e a cada pesquisa antropológica uma dimensão 
“interpretativa”. No esforço contínuo de compreender a 
lógica interna do contexto pesquisado, o antropólogo, 
reformulará continuamente as suas questões: durante a 
etnografia, o problema não é tanto o de encontrar respostas 
às próprias questões, mas de identificar questões e 
problemas que tenham sentido para as pessoas a que se 
dirige a pesquisa. Por esta razão, os objectos da pesquisa 
antropológica não são objectos concretos e predefinidos, 
mas se constituem constantemente no decurso da pesquisa 
(Kilani, 1994, p.51). 
Com isto, queremos dizer que a análise antropológica de 
dados pode ser qualitativa mas também quantitativa. 
Ademais, é necessário salientar que a antropologia vale-se, 
também do seguintes métodos: 
Método Histórico: Consiste em investigar eventos do 
passado, a fim de compreender os modos de vida do 
presente, que só podem ser explicados a partir da 
reconstrução da cultura e da observação das mudanças 
ocorridas ao longo do tempo. 
Método Estatístico: Os dados, depois de coletados, são 
reduzido a termos quantitativos, demonstrados em tabelas, 
gráficos, quadros etc. 
Método Comparativo: Permite verificar diferenças e 
semelhanças apresentadas pelo material coletado. A 
Antropologia Física compara fósseis ou grupos humanos 
existentes, analisando características anatômicas: cor de 
pele, do cabelo, dos olhos, índice cefálico etc. 
 
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 Antropologia Cultural de Moçambique 27 
 
 
Sumário 
Os primeiros antropólogos evolucionistas da segunda 
metade do século XIX, foram designados, no âmbito da 
história da antropologia, estudiosos da “mesa” (Tylor, Frazer, 
Morgan) porque eles trabalhavam com um material de 
“segunda mão”. A partir dos últimos anos do século XIX os 
antropólogos experimentavam uma nova modalidade de 
fazer a pesquisa: a pesquisa de campo, isto é, observação 
directa dos modos de vida dos outros efectuada 
concretamente nos lugares pre-seleccionados para a 
pesquisa. Assim, a prática etnográfica passou a ser o 
método mais priviligiado para a investigação antropológica. 
Além disso, a antropologia vale-se do método histórico, do 
método comparativo e do método estatístico. 
. 
Exercícios 
 
 
Auto-avaliação 
 
1. O que entendes por etnografia? 
2. Porque os primeiros antropólogos evolucionistas 
eram considerados “antropólogos da mesa”? 
3. Na sua opinião, acha que seja pertinente que o 
antropólogo conheça a cultura, sobretudo, a língua 
do povo em estudo? 
4. Em que consiste o método histórico? 
5. Justifique a pertinência da análise qualitativa na 
pesquisa antropológica. 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 28 
 
 
 
 
Bibliografia Básica 
 
MARTINEZ, Francisco Lerma. Antropologia Cultural: guia 
para estudo.Paulinas Editorial, 5ª edição, Maputo, 2007. 
SINISCALCHI, Valeria. Antropologia Culturale. 
Un’introduzione. Carocci, Italia, 2008. 
 Antropologia Cultural de Moçambique 29 
 
 
Unidade II 
O Pensamento Antropológico 
 
Introdução 
Esta unidade traz à tona o historial do pensamento 
antropológico e as correntes que sustentaram o 
desenvolvimento científico da antropologia até aos nossos 
dias. Far-se-á uma análise da periodização do pensamento 
antropológico e das principais ideias peculiares. 
Serão discutidas as principais correntes que influenciaram o 
desenvolvimento da antropologia tais como: o 
evolucionismo, o difusionismo, o funcionalismo e o 
estruturalismo. 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 Discriminar os quatros períodos que caracterizam a 
história da antropologia; 
 Descrever cada período e identificar os principais 
pensadores que influenciaram o pensamento 
antropológico; 
 Identificar as principais correntes antropológicas; 
 Descrever cada uma das correntes mostrando as 
principais ideias defendidas por cada. 
 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 30 
 
 
 
Terminologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Período de formação, período de convergência, período de 
construcção, período crítico, evolucionismo, difusionismo, 
funcinalismo, estruturalismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 31 
 
Lição n˚ 1 
Periodização do 
pensamento antropológico 
Introdução 
Nesta lição falar-se-á dos principais períodos ou etapas 
históricas que caracterizam o pensamento antropológico. 
Assim, ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos 
 
 
 
 Identificar os principais períodos do pensamento 
antropológico. 
 Descrever justificando os quatro períodos do pensamento 
antropológico; 
 Identificar os principais expoentes que influenciaram o 
pensamento antropológico em cada um dos períodos. 
 
 
 
 
Terminologia 
 
Período de formação, período de convergência, período de 
construcção, período crítico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 32 
 
Parece-nos arbitrária qualquer divisão da história da 
antropologia, no entanto, a pertinência da periodização 
histórica desta disciplina repousa na necessidade de 
obtermos um mínimo de rigor e sitematização metodológicos 
que permitem a caracterização teórica das abordagens dos 
vários pensadores. Mello e Lerma, debruçam-se sobre a 
divisão histórica apresentada por T.K Penniman, que 
segundo este último, o pensamento antropológico 
obedece à quatro períodos, a saber: período de 
formação, período de convergência, período de 
construção e período crítico. 
 
I. Período de formação (...até 1835) 
Começa com a história da própria humanidade e diz respeito 
a toda a reflexão do Homem sobre si e sobre o universo que 
o rodeia. Neste período esteve presente a preocupação com 
a origem, a realidade e o destino do homem, procurando 
explicar o seu passado, sua história e suarelação com o 
mundo do além. Neste contexto, podemos dizer que todas 
as manifestações culturais do homem ao longo do tempo, 
desde as mais longíquas, contribuiram para a efectiva 
formação da antropologia, nomeadamente as pirâmides do 
Egipto, as pinturas ruperestres encontradas em várias 
regiões do mundo, o sistema de parantesco, os sistemas 
sociais da antiguidade, os fósseis, sistemas religiosos, etc. 
Este período corresponde ainda à epoca de grandes 
descobertas e expansões dos europeus pelo mundo, que 
permitiu colectar dados etnográficos para compreender a 
complexidade das manifestações culturais o que mais tarde 
iria incidir na separação da Antropologia em vários ramos 
(arqueologia, linguísitica, biologia, etcc.), mercê da 
 Antropologia Cultural de Moçambique 33 
 
acumulação de conhecimentos vastos que por si exigiam 
uma especialização dos estudiosos. 
 
II.Período de convergência (1835-1869) 
Este período é assim designado porque existe nele uma 
unidade em torno do conceito de evolução.(processo de 
desenvolvimento natural, biológico e espiritual no qual toda a 
natureza , com seus seres vivos ou inanimados, se 
aperfeiçoa progressivamente, realizando novas 
capacidades, manifestações e potencialidades. Do ponto de 
vista meramente biológico, a evolução pode ser definida 
como descendência com variações).Este conceito neste 
período anima as pesquisas e reflexões nos domínios da 
Biologia, Filosofia, Sociologia e da própria Antropologia. O 
período é ainda marcado por debates ardentes, surgimento 
de várias revistas e numerosas associações científicas e 
humanitárias como: 
a) Sociedade de etnografia (1839) e sociedade de 
antropologia (1843) ambas em París. 
b) Sociedade de Etnologia de Londres (1843). 
Estas sociedades eram tidas como humanitárias porque o 
motivo que deu a sua origem estava ligado a um sentimento 
humanistas em relação aos povos “primitvivos” face às 
depredações coloniais. As sociedades em si eram tidas 
como amigas dos povos primitivos. 
Através da linha evolutiva se podia classificar toda a 
humanidade desde os primeiros estágios, chamados de 
selvageria, passando pela barbárie, até a civilização. 
 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 34 
 
III.Período de construção (1869 -1900) 
Este período é uma simples consolidação do anterior, o 
número de associações e sociedades cresceu 
vertiginosamente por toda a Europa e pelos E.U.A. O 
período de convergência distingue-se do da construção pelo 
facto de neste último, o evolucionismo ter alcançado o seu 
apogeu com a teoria de Charles Darwin sobre a origem das 
espécies, descrita em uma obra clássica intitulado Sobre a 
Origem das Espécies. 
Ainda neste período, a Antropologia moderniza-se com o 
surgimento de grandes publicações de Edward Tylor como 
“A cultura Primitiva” (1871), onde através do método 
comparativo o autor tenta explicar a evolução pela qual 
passou a religião ao longo dos tempos. Outra obra marcante 
é a de Lewis Morgan “Sociedade Primitiva” (1877), que 
procurou estabelecer o caminho seguido pela instituição 
familiar através de vários estádios do desenvolvimento. 
Se tormarmos como exemplo, a organização familiar, a 
evolução começaria com a família consanguínea 
(casamento entre irmãos dentro de um grupo), passando 
pela família por pares, ou sindiásmica (um homem e uma 
mulher sem coabitar); o próximo estágio seria o da 
famíliapatriarcal, um homem e várias mulheres; até chegar 
no último estágio, que é o da família monogâmica, de um 
homem e uma mulher coabitando juntos na mesma casa. 
Taylor é considerado um dos principais expoentes desse 
período, pois, foi quem definiu o termo antropológico de 
cultura e o apresentou como objecto da Antropologia. Outros 
estudiosos: Bachofen, Sumner, Maine, Milennan, etc. 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 35 
 
IV. Período crítico (1900 à...) 
Este período vai até aos nossos dias, tendo se caracterizado 
pelos avanços em vários domínios do saber, progresso dos 
meios de comunicação, democratização da educação e 
institucionalização da Antropologia como uma disciplina 
universitária. Estes factores permitiram a publicação de 
escritos que puseram a ciência antropológica ao serviço não 
só do colonialismo, como também das universidades. 
Os povos outrora objectos de estudo de antropólogos 
europeus e norte-americanos começaram a cultivar também 
estudos de Antropologia. A realidade sociocultural tomou 
novos rumos e passou a ser analisada por olhares diversos. 
Alguns antropólogos também começaram a dedicar-se aos 
estudos na área da psicologia, da linguística, de folcloristica 
e dos efeitos perversos do urbanismo. 
 
Sumário 
A história do pensamento antropológico pode ser subdividida 
em quatro períodos fundamentais, tais são: o período de 
formação, o período de convergência, o período de 
construção e período crítico. O período de formação (...até 
1835) refere-se aquele que começa com a história da própria 
humanidade extende-se até à época das descobertas e 
expansões dos europeus pelo mundo e diz respeito a toda a 
reflexão do Homem sobre si e sobre o universo que o rodeia. 
O período de convergência (1835 -1869) centraliza seus 
debates em torno do conceito de evolução e que influenciou 
para o surgimento de acesos debates, criação de várias 
revistas e numerosas associações científicas. O período de 
construção (1869 -1900) constitui-se como um período de 
consolidação do anterior e distingue-se pelo facto de neste 
 Antropologia Cultural de Moçambique 36 
 
último, o evolucionismo ter alcançado o apogeu com a teoria 
de Charles Darwin sobre as espécies e a publicação de 
obras clássicas da antropologia. O último período, ou seja, o 
período crítico (1900 à...) caracteriza-se pelos avanços em 
vários domínios do saber, progresso dos meios de 
comunicação, democratização da educação e 
institucionalização da Antropologia como uma disciplina 
universitária. 
 
Exercícios 
 
 
Auto-avaliação 
 
1. Identifique os períodos fundamentais do pensamento 
antropológixco. 
2. Refira-te às principais diferenças entre o perídio de 
construção e o período de convergência. 
3. Caracterize o período crítico. 
 
 
Bibliografia básica 
 
DE MELLO, Luiz Gonzaga. Antropologia cultural, pgs 220-
277. 
MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zélia Maria 
Neves. Antropologia: uma introdução. 6ª ed., São Paulo: 
Atlas, 2006. 
TOMÁS, Adelino Esteves. Manual de Antropologia Sócio-
Cultural. Universidade Pedagogica Sagrada Família, sd. 
ERICKENS, Thomas Hylland. NIELSEN, Fin Sivert. História 
da Antropologia. 4ª ed. Editora Vozes, Petrópolis, R J, 2010. 
 Antropologia Cultural de Moçambique 37 
 
GONÇALVES, António Custódio. Trajectórias do 
Pensamento Antropológico. Universidade Aberta, 2002. 
SANTOS, Armindo dos. Antropologia Geral: etnografia, 
Etnologia, Antropologia Socal. Universiadade Aberta, 
2002.pgs. 123-170. 
COLLEYN, Jean-Paul. Elementos de Antroplogia Social e 
Cultural. Edições 70, Lisboa, 2005. 
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito 
antropológico. 14ª ed., Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 
2001. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 38 
 
Lição n˚ 2 
As correntes do pensamento 
antropológico: o evolucionismo 
Introdução 
A antropologia desenvolveu-se graças a existência de 
diversas correntes antropológicas que se debruçaram sobre 
diversos temas referentes à ciência antropológica: o 
evolucionismo, o difusionismo,o funcionalismo, o 
estruturalismo. 
Na lição de hoje vamos centralizar a nossa discussão em 
volta da corrente evolucionista. 
 
Ao completer esta lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 Descrever o evolucionismo enquanto corrente 
antropológica; 
 Identificar os principais expoentes do evolucionismo. 
 Identificar as principais características do evolucionismo. 
 
 
 
 
Terminologia 
 
 
Evolucionismo, factor tempo, tempo cultural, paralelismo 
cultural, evolução.. 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 39 
 
O evolucionismo de acordo com alguns autores (Colleyn, 
2005; Gonzaga, 000; Santos, 2002) foi influenciado pelo 
darwinismo e pela teoria da evolução das espécies. Esta 
escola ou corrente antropológica afirma que a espécie 
humana evolui lentamente e que se podem classificar todas 
as sociedades existentes em função do estádio de 
desenvolvimento alcançado. A ideia parte do princípio 
enunciado por Charles Darwin, segundo o qual, o mundo 
vivo é resultado de uma longa acumulação de mutações e 
evolução das espécies, isto é, na visão dos autores 
representantes desta corrente antropológica, tal como as 
espécies animais evoluem, as culturas também evoluem 
com o tempo. As culturas evoluem através de mutações, 
interagindo ou não com o meio exterior. Etward Taylor, 
Lewis Morgan e Herbert Spencer são alguns dos autores 
associados ao evolucionismo oficial e as suas teorias 
consituiram-se como uma tentativa de formalizar o 
pensamento antropológico com linhas científicas modeladas 
conforme a teoria biológica da evolução, ou seja, se os 
organismos podem se desenvolver com o passar do tempo 
com leis compreensíveis e deterministas, parece então 
razoável que sociedades também o possam. Assim sendo, 
para MELLO, as principais caracterísiticas do evolucionismo 
resumem-se em: 
I. Vastidão do objecto: o objecto do evolucionismo é 
tão vasto que se confude com o da Antropologia no 
geral, pois, abrange a cultura como um todo ligado à 
espécie humana. O evolucionismo não trata sobre 
manifestações culturais de um povo particular, mas diz 
respeito à cultura como um património comum a toda a 
humanidade, procurando explicar os aspectos culturais 
comuns aos povos. 
 Antropologia Cultural de Moçambique 40 
 
II. Factor tempo: o evolucionismo levou em 
consideração o factor cronológico, tendo criado uma 
temporização nova designada “tempo cultural” por 
meio do qual são caracterizados os estádios de cultura 
vividos pelos povos, daí resulta a utilização do 
conceito “paralelismo cultural” que assenta no 
pressuposto de que tanto os povos primitivos como os 
civilizados têm uma origem cultural simultânea, 
diferindo no facto de os povos primitivos terem-se 
retardo na evolução cultural devido ao facto de se 
terem apegado aos valores e tradições do passado. 
III. Uso do método comparativo: o evolucionismo faz 
interpretações das instituições do passado através da 
reconstrução do próprio passado, por intermédio do 
método comparativo, explicando o desconhecido por 
aquilo que se conhece. 
IV. Introdução de novos temas e conceitos: os 
principais temas abordados pelo evolucionismo são a 
religião e a família e em qualquer destes temas a 
preocupação é explicar que a cultura obedece a uma 
evolução universal, isto é, que a cultura surgiu 
simultaneamente em todas as partes. 
O evolucionismo teve o seu mérito de trazer para a 
Antropologia uma série de neologismo que enriqueceu o 
quadro conceptual desta disciplina e que até hoje se 
mantém actualizado, por exemplo, o conceito de cultura, 
religião, patriarcado, magia, clã, tribo, incesto, totem, 
matriarcado, parentesco, evolução cultural, etc. 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 41 
 
Sumário 
O evolucionismo foi influenciado pelo darwinismo e pela 
teoria da evolução das espécies. Esta escola ou corrente 
antropológica afirma que a espécie humana evolui 
lentamente e que se podem classificar todas as sociedades 
existentes em função do estádio de desenvolvimento 
alcançado. As principais caracterísiticas do evolucionismo 
resumem-se em: vastidão do objecto, factor tempo, uso do 
método comparativo e a introdução de novos temas e 
conceitos. 
Exercícios 
 
 
Auto-avaliação 
 
1. Quem são os representantes desta corrente 
antropolóigca. 
2. Debruce-se sobre as principais características 
do evolucionismo. 
3. Em linhas gerais, qual é a ideia central desta 
corrente antropológica. 
 
Bibliografia básica 
 
DE MELLO, Luiz Gonzaga. Antropologia cultural, pgs 220-
277. 
MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zélia Maria 
Neves. Antropologia: uma introdução. 6ª ed., São Paulo: 
Atlas, 2006. 
TOMÁS, Adelino Esteves. Manual de Antropologia Sócio-
Cultural. Universidade Pedagogica Sagrada Família, sd. 
 Antropologia Cultural de Moçambique 42 
 
ERICKENS, Thomas Hylland. NIELSEN, Fin Sivert. História 
da Antropologia. 4ª ed. Editora Vozes, Petrópolis, R J, 2010. 
GONÇALVES, António Custódio. Trajectórias do 
Pensamento Antropológico. Universidade Aberta, 2002. 
SANTOS, Armindo dos. Antropologia Geral: etnografia, 
Etnologia, Antropologia Socal. Universiadade Aberta, 
2002.pgs. 123-170. 
COLLEYN, Jean-Paul. Elementos de Antroplogia Social e 
Cultural. Edições 70, Lisboa, 2005. 
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito 
antropológico. 14ª ed., Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 
2001. 
 
 
 
 
 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 43 
 
Lição n˚ 3 
 As correntes do pensamento 
antropológico: o difusionismo 
 
Introdução 
Nesta lição faremos abordagem de uma outra corrente que 
influenciou o pensamento antropológico: o difusionismo. 
Ao completer esta lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 Identificar os principais expoentes desta corrente 
antropológica. 
 Descrever o difusionismo mencionando as suas principais 
características. 
 Diferenciar as três escolas que sustentam a corrente 
difusionista. 
 
 
 
 
Terminologia 
 
Difusionismo, historicismo, difusão cultural, difusionismo 
inglês, difusionismo alemão, difusionismo americano. 
 
 
 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 44 
 
 
O difusionismo, também conhecido por historicismo, opunha-
se à corrente evolucionista partindo da ideia segundo a qual, 
na história da humanidade, as verdadeiras inovações são 
em número reduzido e propagam-se a partir de centros 
culturais, ou seja, sustenta que as inovações são iniciadas 
numa cultura específica, para só então serem difundidas de 
várias maneiras a partir desse ponto inicial. É evidente que 
existe a difusão cultural: o nosso alfabeto veio dos fenícios, 
os nossos algarismos são árabes, o cristianismo veio do 
Médio Oriente, etc. 
A influência da escola difusionista foi, porém, efémera por 
causa dos exageros de alguns dos seus promotores, que 
faziam da difusão o factor único da evolução das 
sociedades. Os principais autores difusionistas são alemães 
ou austríacos (o padre Schmidt, 1868 – 1954; F. Graebner, 
1877-1934; L. Frobenius, 1873 -1938), mas houve também 
um “hiperdifusionismo” inglês com G. Elliot-Smith (1871-
1937) e o seu discípulo W. J. Perry. 
Os difusionistas tinham tendência para ignorar o fenómeno 
de convergência que faz com que uma mesma instituição ou 
um mesmo traço cultural se encontre em civilizações 
diferentes, sem que haja uma origem comum. Por exemplo, 
em todos os sistemas económicos de auto-subsistência em 
que o parantescoé importante, o estatuto de um homem 
será menos avaliado pelo número e raridade de bens que 
possui, do que pelo número maior ou menor de parentes 
dedicados com que pode contar. Características importantes 
podem ser historicamente produzidas sem que se deva 
pensar numa origem comum. Se os Maias do Iucatão e os 
Hindus conheciam o zero, é claro que não houve difusão 
deste traço entre essas duas culturas. 
 Antropologia Cultural de Moçambique 45 
 
Actualmente considera-se vã a procura das origens; no que 
respeita à história remota dos povos sem escrita, só se 
podem estabelecer algumas referências prudentes; e, 
sobretudo, um elemento de um sistema social é ininteligível 
quando extraído do conjunto que o contém e o explica. 
Há historicamente três linhas de pensamento difusionistas a 
que chamaremos escolas: 
a) O difusionismo inglês ou a escola inglesa: 
defende a difusão como sendo a única causa da 
expansão e dinâmica cultural, nega a teoria do 
paralelismo cultual exposta pelo evolucionismo e 
considera a existência apenas de um centro cultural 
(difusão heliocentrica), desde o qual todos os traços 
culturais foram difundidos. Este centro cultural era o 
Egipto Antigo. Os principais proponentes dessa teoria 
foram Grafton Elliot Smith (1871-1937) e William 
James Perry (1887 -1949), ambos estudaram o Egipto 
Antigo intensamente, resultando na sua crença que o 
Egipto era o único centro cultural. As teorias destes 
pensadores passaram a ser designadas de pan-
egiptismo 
b) O difusionismo alemão ou escola alemã: os seus 
fundadores são Father Wilhelm Schmidt e Fritz 
Graebener, os quais defenderam a teoria dos 
círculos culturaisde difusão que surgiram em 
determinados espaçoes e épocas e daí se difundiram. 
Estes teóricos acreditavam que o progresso da 
difusão seria a via mais eficiente para o avanço da 
civilização e advogavam a necessidade de fortalecer 
os contactos dos povos menos civilizados com os 
círculos culturais. O que em certo modo procurava 
legitimar a exploração colonial da Europa pelo mundo. 
O difusionismo é importante ainda hoje. O conceito de 
 Antropologia Cultural de Moçambique 46 
 
difusionismo explicaa como alguns traços culturais 
adquiridos e difundidos. 
c) O difusionismo americano ou escola americana. 
Considerou as culturas particulares como sendo o 
principal campo de estudo da Antropologia. Segundo 
Franz Boas, a cultura é tão complexa que não permite 
um levantamento histórico de carácter universal. A 
antropologia deve centrar os seus estudos em 
pequenas comunidades culturais, nomeadamente 
clãs, tribos, castas e outras formas primitivas de 
organização social. Acrescenta Boas que a difusão 
não é um processo linear e mecânico, mas pressupõe 
uma elaboração complexa por parte dos povos que 
apreende certos traços culturais. Considera que para 
a compreensão das culturas é importante o seu 
levantamento histórico, pois o facto de determinados 
traços culturais terem origem diversas condiciona a 
compreensão da cultura, ou seja, precisa-se conhecer 
a história de uma dada cultura para compreender a 
cultura em si. 
Em síntese, o difusionismo ajuda a explicar a aculturação, 
mas não é a capaz de explicar todos os aspectos culturais 
como os primeiros difusionistas acreditavam. Existem 
exemplos de culturas em contactos próximos, mas que não 
partilham muitos traços. Por isso, o difusionismo aparece 
como uma corrente problemática por várias razões. Primeiro, 
é difícil demonstrar que uma inovação teve um ponto de 
partida único. Segundo, muitas invenções e ideias culturais 
podem ter sido descobertas ou ter evoluído isoladamente. 
Terceiro, as adaptações às necessidades humanas sociais 
podem facilmente ter tomado formas similares em diversas 
culturas, caso tenham sido as melhores soluções possíveis 
para problemas similares. Por exemplo, o aparecimento de 
 Antropologia Cultural de Moçambique 47 
 
pirâmides no Egipto e na América Central se que, até hoje, 
nada tenha provado que a técnica de edificação de 
pirâmides se tenha difundido do Egipto à America Central, o 
mesmo se pode afirmar em relação ao fogo que já era 
utilizado pelos índios americanos e pelos africanos sem que 
estes povos tenham tido contacto algum no passado. 
 
Sumário 
O difusionismo, também conhecido por historicismo, opunha-
se à corrente evolucionista. O difusionismo sustenta que as 
inovações são iniciadas numa cultura específica, para só 
então serem difundidas de várias maneiras a partir desse 
ponto inicial. Há historicamente três linhas de pensamento 
difusionistas a saber: a) o difusionismo inglês que defende a 
difusão como sendo a única causa da expansão e dinâmica 
cultural; b) o difusionismo alemão que defendia a teoria dos 
círculos culturais de difusão. Os defensores acreditavam 
que o progresso da difusão seria a via mais eficiente para o 
avanço da civilização e advogavam a necessidade de 
fortalecer os contactos dos povos menos civilizados com os 
círculos culturais e; c) o difusionismo americano 
representadopor Franz Boas que sutenta que a difusão não 
é um processo linear e mecânico, mas pressupõe uma 
elaboração complexa por parte dos povos que apreende 
certos traços culturais. 
 Antropologia Cultural de Moçambique 48 
 
Exercícios 
 
 
Auto-avaliação 
 
1. Identifique as três escolas de pensamento 
antropológico que podemos encontrar na corrente 
difusionista. 
2. Debruce-se sobre o difusionismo, não se esquecendo 
de olhar para a principal ideia defendida por esta 
correne antropológica. 
3. “as inovações são iniciadas numa cultura específica, 
para só então serem difundidas de várias maneiras a 
partir desse ponto inicial” 
a. Concordas? Justifique.. 
 
 
Bibliografia Básica 
 
DE MELLO, Luiz Gonzaga. Antropologia cultural, pgs 220-
277. 
MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zélia Maria 
Neves. Antropologia: uma introdução. 6ª ed., São Paulo: 
Atlas, 2006. 
TOMÁS, Adelino Esteves. Manual de Antropologia Sócio-
Cultural. Universidade Pedagogica Sagrada Família, sd. 
ERICKENS, Thomas Hylland. NIELSEN, Fin Sivert. História 
da Antropologia. 4ª ed. Editora Vozes, Petrópolis, R J, 2010. 
GONÇALVES, António Custódio. Trajectórias do 
Pensamento Antropológico. Universidade Aberta, 2002. 
SANTOS, Armindo dos. Antropologia Geral: etnografia, 
Etnologia, Antropologia Socal. Universiadade Aberta, 
2002.pgs. 123-170. 
COLLEYN, Jean-Paul. Elementos de Antroplogia Social e 
Cultural. Edições 70, Lisboa, 2005. 
 Antropologia Cultural de Moçambique 49 
 
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito 
antropológico. 14ª ed., Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 
2001. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 51 
 
Lição n˚ 4 
As correntes do pensamento 
antropológico: o funcionalismo 
Introdução 
Dando continuação ao que vimos nas lições anteriores, 
nesta lição, discuteremos a corrente antropológica 
funcionalista. 
Ao completer esta lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 Distinguir as duas escolas do pensamento funcionalista; 
 Identificar os principais expoentes desta corrente 
antropológica. 
 Descrever o funcionalismo mencionando as suas 
principais características. 
 
 
 
 
Terminologia 
 
Funcionalismo, função, instituição, estrutura, organização, 
indivíduo, estatuto, normas e sanções, necessidades, 
significado, função social. 
 
 
 
 Antropologia Cultural de Moçambique 52 
 
 
O funcionalismoopõe-se ao evolucionismo e ao difusionismo 
priviligiando, já não uma abordagem diacrónica (ao longo do 
tempo), mas sim uma abordagem sincrónica da sociedade. 
Trata-se de compreender como funciona uma sociedade. 
Para isso, o conhecimento da sua história pode ser útil, mas 
não necessário. Para se compreender como funciona uma 
língua, estuda-se a gramática, a fonética, a fonologia, etc.; 
mas não é necessário estudar a história das palavras. Dois 
são os pólos mais salientes do funcionalismo: o 
funcionalismo de Bronislaw Malinowski e o funcionalismo de 
Radcliffe-Brown. 
 
A. O Funcionalsimo de Bronislaw Malinowski 
Bronislaw Malinowski foi um dos expoentes da antropologia 
funcionalista britânica da primeira metade do século XX. 
Para ele, devido à influência de Wilhelm Wundt, cada 
sociedade deveria ser estudada como um “todo”, como um 
organismo possuidor de uma lógica interna e singular, 
subdividido através de de uma complexa rede de relações 
entre os indivíduos. Ele também acreditava que a análise 
antropológica deveria se realizar de forma sincrônica, 
imediata e levando em conta os factores sociais, 
psicológicos e biológicos dos nativos. 
Para compreender a complexidade social das diferentes 
sociedades o funcionalismo de Malinowski, conhecido como 
biopsicológico, defende que as instituições sociais têm como 
função satisfazer as necessidades biológicas dos indivíduos. 
Ou seja, segundo a definição de Laplantine (2003), cada 
pessoa possui um conjunto de precisões, cabendo a cultura 
desenvolver diferentes maneiras de resolver essas 
necessidades, de forma colectiva, através das instituições. 
 Antropologia Cultural de Moçambique 53 
 
No livro Uma Teoria Científica da Cultura, Malinowski (1970) 
afirma que a cultura representa a totalidade social, o 
conjunto de todas as instituições, um “ambiente artificial”, 
uma forma de resolver as necessidades humanas. O mesmo 
define função como uma acção colectiva responsável por 
satisfazer uma necessidade (fome, procriação, protecção, 
etc.). Mas, para que isso ocorra, é preciso que haja 
cooperação, organização entre os indíviduos. A organização, 
por sua vez, precisa de um arranjo, de uma estrutura bem 
definida, a qual se chama instituição. 
Para que uma instituição possa existir, um conjunto de 
valores tradicionais que dizem respeito a essa instituição 
necessita ser aceite pela colectividade, bem como é 
necessário que haja uma relação entre as pessoas e com o 
ambiente físico e com a cultura. Para o autor há um conjunto 
de elementos que caracterizam a instituição, a saber: 
O Pessoal: pois toda a instituição funciona graças aos 
indivíduos que a compõem cada um dos quais realizando 
uma função determinada. 
O Estatuto: éparao autor a posição que cada indivíduo 
ocupará na instituição e em função da qual espera um certo 
reconhecimento por parte dos outros integrantes da 
instituição. 
A Função: é justamente o papel que cada indivíduo irá 
desempenhar na instituição, isto é, o conjunto de 
expectativas que os membros da instituição têm para com 
cada um dos seus membros. 
As normas e sanções: Malinowski observa que qualquer 
instituição só cumpre os propósitos para os quais ffoi criada 
se cada membro do grupo cumprir as suas funções, isto é, 
se obedecer as normas da instituição. Observa ainda que 
fazer cumprir essas funções, o grupo institui um conjunto de 
 Antropologia Cultural de Moçambique 54 
 
sanções ou de recompensas que orientam as actuações dos 
seus membros. 
A satisfação de necessidades: Malinowski observa que 
qualquer instituição só cumpre os propósitos para os quais 
foi criada se cada membro do grupo cumprir as suas 
funções, isto é, se obedecer as normas da instituição. 
Observa ainda que para fazer cumprir essas funções, o 
grupo institui um conjunto de sanções ou de recompensas 
que orientam as actuações dos seus membros. 
O pesquisador da área de antropologia, na visão de 
Malinowski, dentro da perspectiva funcionalista, deve 
observar cada detalhe da cultura estudada, por mais simples 
que possa parecer, a fim de reconstruir de forma precisa a 
lógica daquela cultura. Por isso, é importante a observação 
participante, uma metodologia desenvolvida por Malinowski, 
resultante do aperfeiçoamento do trabalho de campo, onde o 
observador convive durante um longo período com a 
colecctividade por ele estudada, participando de todas as 
actividades, do dia-a-dia, no intuito de apreender toda a 
complexidade da cultura. 
 
B. O Funcionalismo de Radcliffe-Brown 
Alfred Reginald Radcliffe-Brown (1881-1995) foi discípulo de 
Malinowski, os seus estudos centram-se nos conceitos de 
estrutura e função em que apela para a analogia com os 
organismos vivos. 
A estrutura deve ser entendida como uma série de relações 
entre entidades. Assim, como a estrutura da célula realiza 
um sem-número de relações entre moléculas complexas, a 
estrutura da sociedade também o faz em relação às várias 
partes que a compõem, cada uma das quais cumprindo uma 
função específica. 
 Antropologia Cultural de Moçambique 55 
 
Radcliffe-Brown fundou uma abordagem teórico-
antropológica conhecida como estruturo-funcionalismo. 
Cada sociedade estudada era considerada como uma 
“totalidade”, como um organismo cujas partes eram 
integradas e funcionavam de um modo mecânico para 
manter a estabilidade social. Como estruturo-funcionalista, 
as preocupações de Radcliffe-Brown estavam ligadas à 
descoberta de princípios comuns entre as diversas 
estruturas sociais, o significado dos rituais, dos tabus e mitos 
e suas funções exercidas na manutenção da sociedade. 
Radcliffe-Brown introduziu dois conceitos básicos na 
literatura antropológica: significado e função social. Segundo 
o autor, para compreender um determinado ritual é 
necessário, inicialmente, encontrar seu significado, isto é, os 
sentimentos que ele expressa e as razões que os nativos 
apontam, para em seguida identificar sua função social 
naquilo que é importante para assegurar a coesão social 
necessária para a subsistência do grupo. 
O sistema de parantesco foi um dos elementos 
fundamentais de sua análise. Considerava-o, mesmo, como 
elemento fundamental para a compreensão da organização 
social em sociedades de pequena escala, já que expressava 
um sistema jurídico de normas e regras que impõem direitos 
e deveres. 
 
Sumário 
A escola antropológica inglesa da primeira metade do século 
XX se dividiu praticamente entre grupos encabeçados por 
dois antropólogos: Malinowski e Radcliffe-Brown. Apesar de 
ambos serem adeptos do funcionalismo, existem 
especificidades que definiam cada um. A ideia de função do 
 Antropologia Cultural de Moçambique 56 
 
primeiro, que recebeu influência de Wilhem Wundt, estava 
relacionada à satisfação de necessidades individuais 
enquanto o segundo, o seguidor de Durkheim, acreditava 
que a função existe independente dos “actores individuais”, 
estando ligada à manutenção da vida social, das redes de 
conexões entre pessoas. 
As concepções também eram diferentes no sentido de que, 
para Malinowski, o indivíduo era responsável pela existência 
das instituições da sociedade, sendo o “motor” que fazia que 
as mesmas se movimentassem, mas, para Radcliffe-Brown, 
as instituições e a estrutura social eram autónomas com 
relação ao indivíduo, que apenas possuía um papel 
secundário, sendo mais importante o estudo da estrutura. 
Exercícios 
 
 
Auto-avaliação 
 
1. Qual é a ideia principal defendida pelos funcionalistas. 
2. Quem são os principais expoentes desta corrente do 
pensamento

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