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04 DAS TESTEMUNHAS

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DAS TESTEMUNHAS - (Art. 202/225 do CPP)
Houve alteração pela Lei nº 11.690/2008
É a pessoa que declara o que sabe, perante o juiz, acerca de fatos sobre os quais se litiga.
A testemunha depõe sobre suas percepções sensoriais em relação ao fato imputado (visão, audição, paladar, olfato e tato).
Características: 
- judicialidade: prestado em juízo (muito embora possa ser prestado no IP);
- oralidade: o depoimento é prestado a viva voz, embora reduzido a termo;
- objetividade: restringir-se aos fatos, sem externar suas opiniões ou fazer juízo de valor;
- retrospectividade: a testemunha depõe sobre fatos passados, não devendo tentar fazer previsões ou prognósticos.
Quem pode ser testemunha?
Art. 202 do CPP, qualquer pessoa (não se excluindo os insanos, enfermos, doentes, menores).
Impedimentos (206): 
as testemunhas têm o dever jurídico de depor (342 do CP - “calar a verdade”), entretanto poderão eximir-se em algumas situações:
- ascendente ou descendente;
- afim em linha reta;
- cônjuge;
- irmão.
Obs.: salvo se não for possível de outro modo provar-se o fato, ou se a pessoa quiser fazê-lo (nestas situações não se colhe o compromisso do art. 203).
Obs.: as testemunhas que são ouvidas sem o compromisso são denominadas declarantes.
Obs.: também não se defere o compromisso aos deficientes e doentes mentais e aos menores de 14 anos (208); São considerados informantes e não são computados no número máximo de testemunhas.
São proibidas de depor e devem guardar segredo do que sabem, as pessoas (art. 207):
- em razão da função;
- ministério;
- ofício ou profissão . 
Ex.: tutor, curador, padre, advogado, médico, psicólogo, juiz, promotor etc (caso da advogada do maníaco do parque que entregou a confissão de seu cliente à veja).
Obs.: salvo se desobrigadas pela parte e quiserem dar seu testemunho (art. 207, parte final)
Também deputados e senadores também não são obrigados a testemunhar sobre informações recebidas em razão do mandato (art. 53, par. 6. CF).
DEVERES:
- obrigação de comparecer ao juízo na data designada;
 - em caso de não comparecimento injustificado:
(condução coercitiva, multa do art. 453 do CPP; e crime de desobediência).
- prestar depoimento verdadeiro, sob pena do art. 342 do CP (art. 211);
- comunicar ao juiz, no período de um ano, qualquer mudança de endereço (art. 224 CPP).
Obs.: no crime de falso testemunho discute-se se a ação penal pode ser iniciada antes de trânsito em julgado do processo em que houve o falso testemunho (em face da possibilidade de retratação, causa de extinção da punibilidade).
Número de testemunhas: 
- processo comum (reclusão): 08 (401 CPP);
- plenário do júri: 05 (417, par 2. e 421, par. único);
- processo sumário e Lei nº 9.099/95: 05 (539 CPP).
- Obs.: não são computados os ofendidos e informantes.
Espécies:
Numerárias: arroladas pelas partes e que prestam compromisso;
Referidas: são mencionadas nos autos e podem ser ouvidas pelo juiz (art. 209, par. 1º);
Informantes: não prestam o compromisso do art. 203 – menores de 14 anos e 206);
Visuais:
Aurículares: 
Local do depoimento: foro da causa
Exceções:
- Autoridades (221)
- Testemunha fora da jurisdição (222) –obs. : as partes devem ser intimadas da expedição;
- Militares (221, par 2º);
- Func. Público (221, par. 3º)
Procedimento para a oitiva da testemunha:
- Identificação;
- Ouvidas separadamente (incomunicáveis entre si- vide art. 210 do CPP atual);
- Verificação de impedimento (206) ou proibição (207);
- Compromisso (203);
- Advertência sobre falso testemunho (342 do CP).
Contradita: art. 214 do CPP
Antes as partes faziam reperguntas das partes: terminada a inquirição, as partes podem perguntar através do juiz (ordem de perguntas)
Hoje (art. 212 do CPP) as partes podem perguntar diretamente à testemunha.
O réu pode ser retirado da audiência ou realizada videoconferência (nova redação do art. 217 do CPP)
Valor probatório: é importante em nosso processo penal, mas deve ter coerência com as demais provas (ver fase policial);
Obs.: cuidado (lembrar o velho ditado: “é a prostituta das provas”). 
Depoimento infantil
Depoimento de prostitutas
Depoimento de policiais (ver jurisprudência) 
“Prova- Os depoimentos dos Policiais, prestados sob compromisso e compatíveis com o conjunto probatório, merecem credibilidade, como o de qualquer pessoa, até prova em contrário” (RJDTACrim 53/139, Apelação nº 1.233.509/5, Comarca de São Paulo, Relator Juiz Vidal de Castro, j. de 22/03/2001).
“Não se pode afirmar, em tese, a invalidade de depoimento de Policiais, pelo simples fato de o serem, sem que outras razões justifiquem sua rejeição” (STF – HC 72500/SP, 1ª Turma, Rel. Sidney Sanches, DJU 04/08/95, p. 22448).
“VALIDADE DO DEPOIMENTO TESTEMUNHAL DE AGENTES POLICIAIS. O valor do depoimento testemunhal de servidores policiais – especialmente quando prestados em juízo, sob a garantia do contraditório - reveste-se de inquestionável eficácia probatória, não se podendo desqualificá-lo pelo só fato de emanar de agentes estatais incumbidos, por dever de ofício, da repressão penal. O depoimento testemunhal do agente policial somente não terá valor, quando se evidenciar que esse servidor do Estado, por revelar interesse particular na investigação penal, age facciosamente ou quando se demonstrar –tal como ocorre com as demais testemunhas – que as suas declarações não encontram suporte e nem se harmonizam com outros elementos probatórios idôneos. Doutrina e jurisprudência” (STF – HC 73518/SP – 1ª Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJU 18/10/96, p. 39846).

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