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AULA 2 CPP 2

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PROCESSO PENAL II
1
AULA 2
TEORIA GERAL DA PROVA II – Provas em espécie
1. Meios de prova: interrogatório; direito ao silêncio; a chamada de corréu.
2. Prova pericial: conceito; exame de corpo de delito (direto e indireto); laudo complementar; peritos oficiais e peritos particulares; exames grafotécnicos.
3. Declarações do ofendido; acareação; prova documental.
4. Prova testemunhal: classificação; dever de depor; isenção e proibição; número legal nos diversos procedimentos; 
5. Reconhecimento de pessoas coisas; reconhecimento judicial e extrajudicial.
1. Prova pericial: conceito; exame de corpo de delito (direto e indireto); laudo complementar; peritos oficiais e peritos particulares; exames grafotécnicos.
	A partir do art. 158, CPP... 
Conceito
	Entende-se por perícia o exame procedido por pessoa que tenha determinados conhecimentos técnicos, científicos ou práticos acerca dos fatos, circunstâncias objetivas ou condições pessoais inerentes ao fato punível a fim de comprová-los.
						(Tourinho Filho)
	- é o exame feito por pessoas com conhecimentos técnicos (juízes não possuem tais conhecimentos);
	- a perícia tem valor relativo e não absoluto, corroborando o sistema de valoração da prova chamado Sistema da Persuasão Racional (ou do livre convencimento motivado).
Atualização legislativa...
Art. 158.  Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.	
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva:  (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
I - violência doméstica e familiar contra mulher;   (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.   (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
Logo...
	- o juiz não está obrigado a aceitar como verdadeira nenhuma perícia, podendo aceitá-la ou rejeitá-la, no todo ou em parte;
Jurisprudência do STF
	“O juiz de direito não está adstrito às conclusões do laudo pericial, especialmente em se referindo a juízo de constatação de fatos”.
					(HC 85.955-1)
	
QUESTÃO: Qual a perícia que não pode ser determinada pela autoridade policial?
RESPOSTA
	O exame de insanidade mental do acusado, nos termos do art. 149, § 1º, CPP.
Art. 149...  
        § 1o  O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação da autoridade policial ao juiz competente. 
Atualização legislativa...
	Lei nº 13.964/19 – Pacote Anticrime (Arts 158-A – F)
CADEIA DE CUSTÓDIA
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.      (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
	
 Perito
	- é um apreciador técnico, auxiliar do juiz, com a função estatal de fornecer dados instrutórios de natureza material destinados à descoberta da verdade.
	
 Pode ser de duas espécies:
	a) Perito oficial – são servidores públicos de carreira, cuja função consiste em realizar perícias determinadas pela autoridade policial ou pelo juiz da causa.
	b) Perito não oficial – é a pessoa nomeada pelo juiz ou pela autoridade policial para realizar determinado exame pericial.
	
Observações...
	- ambos deverão ser portadores de diploma de curso superior;
	- número de peritos não oficiais: 2;
	- o perito não oficial deve prestar compromisso;
	- para fins penais, os dois tipos são considerados servidores públicos.
	- art. 159, § 7º - perícia complexa: pode ter mais de um perito oficial.
	
12
 
	       Art. 159.  O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. (apenas 1 perito oficial)
        
	§ 1o  Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. 
	§ 2o  Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. 
	
 Assistente técnico
	- é uma pessoa dotada de conhecimentos técnicos, auxiliar das partes, que tem por finalidade trazer ao processo informações especializadas relacionadas à perícia;
	- antes da reforma do CPP (Lei nº 11.690/2008) somente existia no processo civil.
Ex: Caso Isabella Nardoni, a família contratou um assistente técnico para auxiliar nas provas. 
	      
Diferenças...
 Perito Assistente técnico
- auxiliar do juízo. - auxiliar das partes (é parcial).
- está sujeito às causas de - não está sujeito. 
impedimento e suspeição. 
- é considerado serv pub para - não é considerado. 
fins penais.
- se fizer afirmação falsa: - não responde. (*) 
crime de falsa perícia (art. 342)
Art. 159...       
 	§ 3o  Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. 
        	§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. 
Exame de corpo de delito  (a partir do art. 161)     
	Corpo de delito é a prova da existência do crime. É o conjunto de vestígios materiais ou sensíveis deixados pela infração penal (materialidade do delito).
	Exame de corpo de delito é a verificação da prova da existência do crime, feita por peritos, diretamente, ou por intermédio de outras evidências. 
 	
Espécies de exame de corpo de delito (art. 158, CPP)     
	a) Direto: é aquele realizado nos delitos que deixam vestígios (transeuntes);
	b) Indireto: é aquele realizado nos delitos que não deixam vestígios (intranseuntes), ou nos delitos que deixam vestígios, mas no momento da perícia não mais subsistem.
Observação
	As leis penais especiais normalmente trazem os procedimentos específicos para a realização dos exames e perícias.
Exemplos:
	ECA – art. 182, § 2º;
	Lei de Drogas;
	Lei dos Juizados Especiais Criminais – art. 77, §2º;
	Lei Maria da Penha – art. 12, § 3º; etc...
	
Laudo complementar (ou exame complementar) – art. 168
	Há 3 hipóteses em que será possível a confecção do laudo complementar:
	a) em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto (art. 168, caput);
	b) em caso de inobservância de formalidades, omissões, obscuridades ou contradições;
	c) se julgar conveniente, a autoridade policial ou judicial poderá ordenar que se proceda a novo exame por outros peritos.
Observação
 	A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal (§3º).
	
	
Exames grafotécnicos (art. 174)
	- é o exame que busca certificar, admitindo como certo, por comparação, que a letra inserida em determinado escrito pertence à pessoa investigada;
	
	- este tipo de prova pode servir para incriminar alguém ou até mesmo afastar a participação de pessoa cuja letra não for reconhecida.
 	
Análise do inciso IV do art. 174, CPP
	... a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado.
	Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. 
SOLUÇÃO
	- a autoridade poderá fazer a requisição de documentos em arquivos ou estabelecimentos públicos onde se encontrem os escritos da pessoa a qual é atribuída a letra.
Ex: Um contrato preenchido de próprio punho pelo investigado, juntado em uma ação cível qualquer, para a prova de um direito e, nessa demanda, reconhecido como seu.
	
 2. Meios de prova: interrogatório; direito ao silêncio; a chamada de corréu. Confissão.A partir do art. 185, CPP... 
Conceito de Interrogatório
	É o ato processual que confere oportunidade ao acusado de se dirigir diretamente ao juiz, apresentando a sua versão defensiva aos fatos que lhe foram imputados pela acusação, podendo inclusive indicar meios de prova, bem como confessar, se entender cabível, ou mesmo permanecer em silêncio, fornecendo apenas dados de qualificação. 
				(Guilherme de Souza Nucci)
 Resumindo...
	É o ato pelo qual o juiz ouve o acusado sobre a imputação que lhe é feita.
 Natureza jurídica 
	De acordo com o CPP: meio de prova, devido à sua localização;
	De acordo com a doutrina: mista (meio de prova e de defesa).
 direito ao silêncio. 
Interrogatório por videoconferência 
(Lei nº 11.900/09) – art. 185, §§ 2º ao 7º
a) Caráter excepcional (§ 2º)
	- deve haver decisão fundamentada indicando a necessidade de realização do ato por videoconferência;
	- as partes devem ser intimadas com 10 dias de antecedência;
	- o juiz pode agir de ofício ou mediante requerimento das partes. 
	
	
b) Hipóteses (§ 2º, I, II, III, IV)
	- prevenir risco à segurança pública;
	- viabilizar a participação do acusado no ato processual. Ex: enfermidade;
	- impedir a influência do réu no ânimo da testemunha ou da vítima;
	- responder à gravíssima questão de ordem pública. 
Ex: onda de ataques do PCC.
	
c) Presença de advogado e defensor no presídio e na sala de audiência (§ 5º).
	São 2 pessoas: defensor e advogado, um na sala de audiência e outro no presídio.
d) Videoconferência para os demais atos processuais (§ 8º).
	Ex: inquirição de testemunha. 
	
	
Momento do interrogatório (Lei nº 11.719/2008)
	A reforma processual penal estabeleceu um novo momento para a realização do interrogatório.
Art. 400.  Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. 
	
	
Exceções
	1. Lei de Drogas – o interrogatório é o primeiro ato (art. 57);
	2. Código de Processo Penal Militar – o interrogatório é o primeiro ato; (Decisão STF, mar 2016)
	3. Processos de competência originária dos tribunais – também é o primeiro ato.
	
	
Interrogatório de réu preso
	- deve ser realizado, como regra, no estabelecimento penal em que se encontra o acusado, e não mais no fórum;
	 - busca-se evitar o risco de fuga no deslocamento do preso sob escolta.
Porém...
	- Lei nº 11.719/2008: o interrogatório foi transferido para o final da fase de instrução;
	- em uma só audiência colhem-se todas as provas (testemunhas, ofendido, peritos, etc.) e interroga-se o réu;
	- logo, torna-se inviável que o juiz se dirija ao presídio para interrogar o acusado.
	art. 185...
	§ 1o  O interrogatório do réu preso será  realizado, em sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato. (Redação dada pela Lei nº 11.900, de 2009) 
Obs: Sala própria não é cela.
 Direito ao silêncio (art. 186, CPP)
	- consagrado pela CF no art. 5º, LXIII, é o direito de todo acusado de permanecer calado, em qualquer procedimento (judicial ou extrajudicial);
	- a antiga redação do art. 186 dizia que o silêncio poderia ser interpretado em prejuízo da própria defesa.
 Interrogatório de corréu
	Será feito em separado, conforme determina o art. 191, CPP.
	Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente. 
 
 Jurisprudência do STF - (14 JUN 2018)
	Por maioria de votos, o Plenário STF declarou que a condução coercitiva de réu ou investigado para interrogatório, constante do art. 260, CPP, não foi recepcionada pela CF. A decisão foi tomada no julgamento das ADPF 395 e 444, ajuizadas, respectivamente, pelo PT e pela OAB. O emprego da medida, segundo o entendimento majoritário, representa restrição à liberdade de locomoção e viola a presunção de não culpabilidade, sendo, portanto, incompatível com a Constituição Federal.
 Confissão – a partir art. 197, CPP
	É admitir contra si, por quem seja suspeito ou acusado de um crime, tendo pleno discernimento, voluntária, expressa e pessoalmente, diante da autoridade competente, em ato solene e público, reduzido a termo, a prática de algum fato criminoso.
 Natureza jurídica
	Trata-se de um meio de prova, isto é, um dos instrumentos disponíveis para que o juiz atinja a verdade dos fatos.
QUESTÃO: A confissão tem valor relativo ou absoluto?
 Valor relativo da confissão
	Art. 197.  O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância. 
 A confissão e o silêncio do acusado 
	
Art. 198.  O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a formação do convencimento do juiz.
	A parte final do dispositivo, que prevê a possibilidade de ser levado em conta o silêncio do acusado para a formação do convencimento do magistrado não foi recepcionada pela CF.
 Características – art. 200, CPP
	
	a) Retratabilidade – pode o acusado voltar atrás, retirar o que disse, já que a acusação não adquire direitos na confissão do denunciado.
	b) Divisibilidade – o juiz pode considerá-la apenas parcialmente.
       
 3. Declarações do Ofendido. Acareação. Prova documental. (art. 201, §§ 1º ao 6º, CPP)
Art. 201.  Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações. 
 
 Condução coercitiva (§ 1º) – do ofendido
	§ 1o  Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade.  
 Acareação – art. 229, CPP
	É o ato processual, presidido pelo juiz, que coloca frente a frente os depoentes, confrontando e comparando declarações contraditórias ou divergentes.
Natureza jurídica
	Trata-se de um meio de prova, por meio do qual o magistrado consegue eliminar do processo declarações e depoimentos divergentes.
 Admissibilidade da acareação
	Pode dar-se, conforme prescreve o art. 229, CPP, entre todos os sujeitos envolvidos no processo.
Art. 229.  A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
Observação	
	
	A Lei nº 11.900/2009 viabilizou a realização de acareação por meio de videoconferência, tornando desnecessária a utilização da precatória.
Art. 185 ,§ 8o ...
 
Prova documental – a partir art. 231, CPP
	É toda base materialmente disposta a concentrar e expressar um pensamento ou qualquer manifestação de vontade do ser humano, que sirva para demonstrar e provar um fato ou acontecimento juridicamente relevante.
Ex: escritos, fotos, desenhos, esquemas, CDs, etc.
 
Art. 232.  Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares.
QUESTÃO: Um e-mail pode ser considerado documento? 
 
Resposta: Sim
	Baseado no critério ampliativo do conceito de documento, o e-mail transmitido por alguém deve ser considerado documento.
	
	Além disso, a Lei nº 11.419/2006 (Informatização do Processo), assim dispõe em seu art. 11:
	“Os documentos produzidos eletronicamente e juntados aos processoseletrônicos com garantia da origem e de seu signatário, na forma estabelecida nesta lei, serão considerados originais para todos os efeitos legais”.
Momento de apresentação do documento
	Art. 231.  Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo.
Exceção (Procedimento do Júri)
	Art. 479.  Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. 
4. Prova Testemunhal 
	- classificação;
	- características;
	- dever de depor; 
	- isenção e proibição; 
	- sistema de inquirição. 
Conceito de testemunha
	É a pessoa que declara ter tomado conhecimento de algo, podendo, pois, confirmar a veracidade do ocorrido, agindo sob o compromisso de ser imparcial e dizer a verdade.
Natureza jurídica
	No processo penal, é meio de prova, tanto quanto a confissão, os documentos, a perícia e outros elementos.
Classificação
	a) Numerárias: são as testemunhas arroladas pelas partes de acordo com o número máximo previsto em lei, e que são compromissadas. 
	b) Extranumerárias: ouvidas por iniciativa do juiz, também compromissadas, as quais foram arroladas além do número permitido em lei. 
	c) Informantes: não prestam compromisso e são também extranumerárias. 
	d) Referidas: ouvidas pelo juiz (CPP, art. 209, § 1º), quando “referidas” por outras que já depuseram. 
Características
	- judicialidade: é aquela produzida em juízo, na presença do juiz e das partes;
	- oralidade: o depoimento deve ser prestado verbalmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito (art. 204 e § único);
	- individualidade: cada testemunha é ouvida isoladamente, de forma que uma não ouça o depoimento da outra (art. 210, CPP).
	
Exceção à característica da oralidade
	- depoimento por escrito: art. 221, § 1º, CPP.
§ 1o  O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício. 
(ministros de Estado, Presidente STJ não!)
	
Dever de depor
	- a própria lei impõe à testemunha o dever de depor;
	- não se trata de um direito, mas de uma obrigação, passível de punição em caso de negativa.
	Art. 206.  A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor... 
 
Sanções aplicáveis... (art. 219)
	- multa no valor de 1 a 10 salários mínimos (art. 458, c/c art. 436, § 2º); 
	- crime de desobediência; e 
	- pagamento das custas da diligência relacionadas à condução coercitiva.
Isenção (art. 206, 2ª parte)
	Como regra geral, as pessoas têm o dever de testemunhar.
Art. 206.  A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
Obs: São pessoas vinculadas intimamente ao réu.
	
Proibição de depor (art. 207)
	Trata-se de imposição legal a determinadas pessoas, que, em razão da sua qualidade, não podem prestar depoimento nem declarações.
Art. 207.  São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. (tem que prestar o compromisso)
Sistema de inquirição
	Antes da reforma processual de 2008, as perguntas das partes eram requeridas ao juiz, que as formulava à testemunha. 
	Tratava-se aqui do sistema presidencialista, em que havia a intermediação do magistrado na inquirição da testemunha. 
	- com o advento da Lei nº 11.690/2008, esse sistema restou superado, nos termos do art. 212, CPP;
	- passamos a adotar o sistema do cross examination, em que as partes se reportam à testemunha diretamente, o qual já era adotado no plenário do Tribunal do Júri.
	
5. Reconhecimento de pessoas e coisas (a partir art. 226)
Conceito
	É o ato pelo qual uma pessoa admite e afirma como certa a identidade de outra ou a qualidade de uma coisa.
Natureza jurídica
	Trata-se de meio de prova. 
	
Procedimento
	- o art. 226 descreve o procedimento para o reconhecimento de pessoas;
	- o art. 227 descreve o procedimento para o reconhecimento de objetos (coisas).
	
	
Reconhecimento fotográfico
	- tem sido admitido como prova, porém, deve ser analisado com critério e cautela;
	- no entanto, convém ressaltar que o reconhecimento fotográfico, isoladamente (sem outras provas), não pode ensejar uma sentença condenatória.
65
Reconhecimento de pessoas e coisas por videoconferência
	A Lei nº 11.900/09 acrescentou o § 8º ao art. 185, CPP, passando a prever tal possibilidade.
      
REFERÊNCIAS
 - NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal , 11. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. 
 - CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal, 19 ed. – São Paulo: Saraiva, 2012.
 
 - BARROS, Francisco Dirceu. Processo Penal para Concursos, vol. III, Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 
67
EXERCÍCIOS
1. Sobre as regras que disciplinam a produção da prova testemunhal no processo penal, é correto afirmar que:
a) O juiz, mesmo quando considerar necessário, não poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes;
b) O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, mesmo quando inseparáveis da narrativa do fato;
c) O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito, vedando-se, também, qualquer consulta a apontamentos;
d) A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou filho adotivo do ofendido, mesmo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias;
e) Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa. 
68
1. RESPOSTA (MP/MG – XXXVII Concurso)
Alternativa “e”.
Fundamento: art. 209, § 2º, CPP.
Art. 209.  O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes. 
(testemunhas do juízo)
               § 2o  Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa.
Alternativa “b” – art. 213
Alternativa “c” – art. 204, § único
Alternativa “d” – art. 206
	
69
 2. Julgue a assertiva a seguir conforme seja verdadeira ou falsa:
	
	Considere que em determinada ação penal foi realizada perícia de natureza contábil, nos moldes determinados pela legislação pertinente, o que resultou na elaboração do competente laudo de exame pericial. Na fase decisória, o juiz discordou das conclusões dos peritos e, de forma fundamentada, descartou o laudo pericial ao exarar a sentença. Nessa situação, a sentença é nula, pois o exame pericial vincula o juiz da causa.
	
70
 2. RESPOSTA (PC/TO – 2008 – Delegado)
	
Falsa.
Fundamento: art. 182, CPP. Sistema da persuasão racional do juiz (ou do livre convencimento motivado).
71
 3. Julgue a assertiva a seguir conforme seja verdadeira ou falsa: 
	
	O interrogatório judicial, como meio de defesa, exige a presença física do acusado, de forma que a sua realização por meio de videoconferência é inadmissível no processo penal.
72
 3. RESPOSTA (PC/ES – Perito/2011)
Falsa.
Comentário: O próprio Código de Processo Penal permite que não só o interrogatório seja realizado por videoconferência, mas diversas outras ações.
Art.185, §§ 2º e 8º.
73
EXERCÍCIOS DO CADERNO
1. O Padre José Roberto ouviu, em confissão, Maria admitir que mantém por conta própria estabelecimento onde ocorre exploração sexual, com intuito de lucro. No local, admitiu Maria ao Vigário que garotas de programa atendem clientes para satisfazer seus diversos desejos sexuais mediante o pagamento de entrada no valor de R$100,00 no estabelecimento, e o valor de R$500,00 para a atendente. Maria, efetivamente, responde a processo crime onde lhe foi imputada a conduta descrita no art. 229 do CP. O Ministério Público arrolou o Padre José Roberto como testemunha da acusação e pretende ouvi-lo na AIJ, já que trata-se de testemunha com alto grau de idoneidade. 
Pergunta-se: Pode o magistrado obrigar o Padre a depor em juízo, sob pena de cometer o crime do art. 342 do CP? A prova produzida em juízo nesse caso seria considerada válida? 
74
RESPOSTA
	De acordo com o art. 207, CPP o magistrado não pode obrigar o padre a depor em juízo, SALVO se desobrigado pela parte interessada e quiser dar o seu testemunho.
Art. 207.  São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.
75
QUESTÃO OBJETIVA
2. (Ministério Público – BA/2010) À luz do Código de Processo Penal, deve-se afirmar que:
a)    A prova testemunhal não pode suprir a falta do exame de corpo de delito, ainda que tenham desaparecidos os vestígios do crime;
b)    A confissão será indivisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do Juiz de Direito, fundado no exame das provas em conjunto;
c)    O ofendido não deve ser comunicado da sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem;
d)    As pessoas proibidas de depor em razão da profissão, poderão fazê-lo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho; neste caso, porém, não deverão prestar compromisso legal;
e)    Todas as afirmativas estão incorretas.
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RESPOSTA
Alternativa “e”.
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