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5 PROVAS EM ESP+ëCIE

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
PROVAS EM ESPÉCIE
ATUALIZADO EM 27/06/2017
PROVAS EM ESPÉCIE[endnoteRef:1] [1: Este material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas, referências e trechos de doutrina, informativos de jurisprudência, enunciados de súmulas, artigos de lei, anotações oriundas de questões, entre outros, além de estar em constante processo de atualização legislativa e jurisprudencial pela equipe do Ciclos R3.] 
1. Prova Pericial
Segundo Tourinho Filho é a modalidade probatória onde a autoridade utilizará um especialista em determinada seara do conhecimento humano e que funciona como auxiliar da administração da justiça, qual seja, o perito. Como o perito é auxiliar da administração da justiça, ele deve ser imparcial e as hipóteses de suspeição e impedimento, aplicáveis aos juízes, lhe são extensíveis no que for compatível (art. 252 e 254, CPP). Nada impede que apresentemos uma exceção de suspeição ou de impedimento que será julgada pelo juiz em decisão irrecorrível (art. 95, I, CPP). 
STJ – é dispensável no crime de falsificação de documento, mormente quando há confissão.
É gênero. Espécies: exame de corpo de delito, exame de sanidade mental (autorização do juiz – de ofício ou a requerimento. Pode ser no inquérito, mediante requerimento da autoridade policial), constatação da idade do acusado.
	
*#OUSESABER: Qual a única perícia prevista no CPP que o Delegado não pode determinar? Trata-se do exame de insanidade mental, que só pode ser realizado mediante ordem judicial (art. 149, "caput", do CPP), de ofício, a requerimento do MP, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do acusado ou, ainda, mediante pedido da autoridade policial, se na fase de inquérito.
Obs.: se, em prova objetiva, a questão apenas transcrever o art. 6º, VII, recomenda-se que assinale como correta. Se, porém, afirmar expressamente também que o Delegado pode determinar o exame de insanidade mental, aí estará incorreta.
1.1. Classificação
a) Perito oficial: é aquele que integra os quadros do funcionalismo público como perito. Deve atuar com autonomia para que não ocorra ingerência interna da autoridade
b) Perito não oficial: é a pessoa comum do povo convocada a atuar como perito. O perito não oficial é também conhecido como juramentado (ausência de compromisso = mera irregularidade – jurisprudência), afinal assumirá compromisso na nomeação. Já o oficial assume o compromisso no momento em que é empossado. 
Para ser perito é necessário nível superior completo. Regra de transição: os peritos que ingressaram por concurso antes da exigência tem direito adquirido. Todavia, estão proibidos de promover perícia médica. 
É necessário um perito oficial ou dois não oficiais (Caso seja realizado por apenas um não oficial – nulidade relativa). A Súmula 361 do STF (No processo penal, é nulo o exame realizado por um só perito, considerando-se impedido o que tiver funcionando anteriormente na diligência de apreensão.) tem parcial aplicação, pois só haverá nulidade do laudo quando o perito não oficial o subscreve monocraticamente. Na Lei de Tóxicos, o laudo de constatação será subscrito por um só perito, pouco importa se oficial ou não. STF já firmou o entendimento que é válido o laudo de arma de fogo realizado por dois policiais.
        Art. 177.  No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.
Obs. casos especiais
· Lei de drogas – um perito oficial ou um perito não oficial. Não fica impedido de elaborar o laudo definitivo.
· Processo Penal Militar – sempre que possível, dois peritos.
· Crimes contra a propriedade imaterial – um oficial ou um não oficial
· Juizado – boletim médico ou prova equivalente substitui
· Crime falimentar- laudo do contador 
1.2. Responsabilidade Criminal
	Se o perito falta com o seu dever na produção da perícia ou na confecção do laudo, será responsabilizado pelo crime de falsa perícia (art. 342, CP). 
Falso testemunho ou falsa perícia
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. (Vide Lei nº 12.850, de 2.013) (Vigência)
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.
1.3. Laudo Pericial
	É a formalização do trabalho intelectual do perito e que vai externalizar as suas conclusões (art. 160, CPP). O prazo é de 10 dias, prorrogáveis a requerimento do perito, admitindo-se a essencialidade no caso e a deliberação da autoridade. Além disso, o laudo pericial deve ser levado aos autos com pelo menos 10 dias de antecedência da realização da audiência de instrução e julgamento para que as partes tenham acesso e possam se manifestar quanto à impugnação ou não do laudo. Se oferecido extemporaneamente a nulidade é relativa, devendo o réu demostrar prejuízo – STF
Não é condição de procedibilidade, de forma que a denúncia pode ser recebida, sendo ele realizado depois. Exceções: I. Lei de drogas - laudo preliminar para prisão em flagrante e consequentemente para o oferecimento da denúncia (condição específica de procedibilidade – pode ser dispensada no caso de impossibilidade. Ex. droga sumiu. A obrigatoriedade é para quando é possível realizar o exame). II. Crime contra a propriedade imaterial art. 525 – exame pericial dos objetos que constituem o corpo de delito (condição específica de procedibilidade).
        Art. 525.  No caso de haver o crime deixado vestígio, a queixa ou a denúncia não será recebida se não for instruída com o exame pericial dos objetos que constituam o corpo de delito.
	Estrutura:
i. Preâmbulo: qualificação do perito e indicação do objeto da perícia;
ii. Esboço fático: os peritos vão descrever as suas impressões sensoriais quanto ao objeto da perícia (art. 6º, I, do CPP); narrativa contextual.
iii. Esboço técnico: cabe ao perito aplicar as suas regras de conhecimento ao que foi analisado.
iv. Resposta aos quesitos;
v. Parte autenticativa: local, data, assinatura
1.4. Momento para apresentação dos quesitos:
	Podem ser apresentados até antes do início da perícia. O legislador não promoveu uma dosagem temporal de prazo.O entendimento prevalente é de que durante o inquérito, o Defensor Público e o advogado do indiciado não serão admitidos a apresentar quesitos, em razão da inquisitoriedade da investigação. 
1.5. Divergência entre os peritos
a) Aspecto formal: Nesse caso, eles podem optar por elaborar laudos separados. Todavia, se elaborarem laudo único, devem especificar os motivos da divergência;
b) Postura da autoridade: Cabe ao juiz nomear um terceiro perito para solucionar a divergência. Se o terceiro perito não solucionar a divergência, o juiz poderá determinar uma nova perícia com a intervenção de outros peritos.
Observação: subsistem duas posições quanto à necessidade de nomeação do terceiro perito. Para Mirabete, a nomeação do terceiro perito é impositiva pela leitura fria do CPP. Para Guilherme Nucci, a nomeação do terceiro perito é facultativa, afinal pelo livre convencimento motivado, o magistrado já poderá decidir conforme o seu entendimento. 
1.6. Defeitos do laudo
Os defeitos do laudo podem ser supridos a qualquer tempo. Todavia, se o defeito é estrutural, o laudo passa a ser imprestável, devendo-se determinar outra perícia com a intervenção de outros peritos.
1.7. Sistemas de valoração da prova
a) sistema vinculatório:por ele, a autoridade está vinculada à conclusão do perito, não podendo se distanciar do laudo pericial. Esse sistema, por seu rigorismo, está afastado do nosso sistema. 
b) sistema liberatório: por ele, a autoridade pode divergir do laudo, já que o juiz é livre para decidir, desde que motive (art. 93, IX, da CRFB/88 c/c art. 155, do CPP). 
Parágrafo único.  A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente.
        Art. 182.  O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte
1.8. Assistente técnico
É o técnico contratado pela parte para elaborar um parecer técnico na expectativa de ratificar ou descredenciar o laudo pericial, em razão dos interesses do seu contratante. Em verdade, o assistente técnico é o perito de confiança da parte. Noutros termos, servirá para confirmar, por parecer, o laudo realizado pelo perito ou rechaçá-lo. Advertência: vale lembrar que o assistente não interfere na elaboração do laudo pericial, nem na atuação do perito. 
Pode intervir na fase inquisitorial? Não. 
Pode responder pelo crime de falsa perícia? Não. Trata-se de crime de mão própria. O assistente não pode ser considerado funcionário público, mas pode responder por falsidade ideológica.
1.9. Admissibilidade 
Cabe ao juiz deliberar quanto à admissibilidade ou não do assistente técnico, em decisão irrecorrível. Nada impede que a decisão seja impugnada via mandado de segurança.
1.10. Quantidade 
Em regra, teremos um assistente para cada parte. Todavia, nas perícias complexas, que são aquelas que exigem o domínio de mais de um ramo do conhecimento humano, poderíamos ter mais de um assistente e mais de um perito oficial, cada qual na sua especialidade.
1.11. Casos concretos
I. Produto impróprio para o consumo – exame pericial obrigatório.
*Para caracterizar o delito previsto no art. 7º, IX, da Lei 8.137/1990 (crime contra relação de consumo), é imprescindível a realização de perícia a fim de atestar se as mercadorias apreendidas estão em condições impróprias para o consumo, não sendo suficiente, para a comprovação da materialidade delitiva, auto de infração informando a inexistência de registro do Serviço de Inspeção Estadual (SIE). STJ. 5ª Turma. RHC 49.752-SC, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 14/4/2015 (Info 560) #IMPORTANTE: Nesse crime, o STF entendeu que cabe suspensão condicional do processo, já que a pena de multa é alternativa (“ou”).
II. Furto qualificado pelo rompimento de obstáculo – obrigatório, quando possível. 
III. Porte ilegal de arma - desnecessária a realização de perícia. É irrelevante a potencialidade lesiva da arma.
III. Roubo com emprego de arma. É necessário que a arma utilizada no roubo seja apreendida e periciada para que incida a majorante? NÃO. O reconhecimento da causa de aumento prevista no art. 157, § 2º, I, do Código Penal prescinde (dispensa) da apreensão e da realização de perícia na arma, desde que provado o seu uso no roubo por outros meios de prova. Se o acusado alegar o contrário ou sustentar a ausência de potencial lesivo na arma empregada para intimidar a vítima, será dele o ônus de produzir tal prova, nos termos do art. 156 do Código de Processo Penal. Arma de brinquedo – não incide a majorante.
INFORMATIVO 571 – STJ: Importante!!! É imprescindível a realização de perícia oficial para comprovar a prática do crime previsto no art. 54 da Lei 9.605/98. “Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.” STJ. 6ª Turma. REsp 1.417.279-SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 22/9/2015 (Info 571). 
- Exige-se a perícia mesmo no caso em que o Ministério Público impute apenas a possibilidade de resultar danos à saúde humana (crime de perigo)? SIM. Mesmo na parte em que se tutela o crime de perigo, faz-se imprescindível a prova do risco de dano à saúde. Isso porque, para a caracterização do delito, não basta a ação de poluir; é necessário que a poluição seja capaz de causar danos à saúde humana e não há como verificar se tal condição se encontra presente sem prova técnica.
*Para a comprovação da materialidade do delito previsto no art. 184, § 2º, do CP, é suficiente a perícia realizada por amostragem. Assim, não se exige que a perícia seja feita sobre todos os bens apreendidos. Além disso, a perícia pode ser feita apenas sobre os aspectos externos do material apreendido, não sendo necessário que seja examinado o conteúdo de cada um dos DVD’s. Por fim, para a configuração do delito em questão, é dispensável a identificação individualizada dos titulares dos direitos autorais violados ou de quem os represente. STJ. 3ª Seção. REsp 1.456.239-MG e REsp 1.485.832-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 12/8/2015 (recurso repetitivo) (Info 567). 
1.12. Autópsia e Exumação 
        Art. 161.  O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.
        Art. 162.  A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
        Parágrafo único.  Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante.
        Art. 163.  Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.
        Parágrafo único.  O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto.
        Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
        Art. 165.  Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.
        Art. 166.  Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações.
        Parágrafo único.  Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver.
1.13. Lesões corporais e exame complementar
Art. 168.  Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
        § 1o  No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
        § 2o  Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, - LESAO CORPORAL GRAVE – INCAPACIDADE POR MAIS DE 30 DIAS -do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.
        § 3o  A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
1.14. Exames laboratoriais e contraprova
        Art. 170.  Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente,os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.
1.15. Avaliação do prejuízo causado pelo delito
Objetivos: 
· Aplicação do princípio da insignificância: se presentes os demais requisitos
· Reconhecimento de figuras delituosas como furto e roubo privilegiados. Jurisprudência: o salário mínimo vigente à época do crime pode ser utilizado como parâmetro 
· Valor mínimo a ser fixado pelo juiz pela reparação dos danos
Art. 172.  Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do crime. Parágrafo único.  Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências.
1.16. Exame grafotécnico
        Art. 174.  No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
        I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada;
        II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida;
        III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados;
        IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever- NÃO ESTÁ OBRIGADO – Princípio do nemotenetur se detegere.
2. Exame De Corpo De Delito
Corpo de delito é o conjunto de vestígios deixados pela infração, quaisquer que sejam eles. É a perícia que tem por objeto os vestígios deixados pela infração. Advertência:os crimes que deixam vestígios são chamados de não transeuntes ou intranseuntes. É uma espécie de perícia. Não precisa de autorização judicial.
Art. 184.  Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.
2.1. Necessidade – quando possível
Essa perícia é considerada como um ato necessário, e a omissão quanto à sua designação é fato gerador de nulidade absoluta do processo (quando possível) (art. 564, III, b, do CPP). O magistrado pode, identificando a ausência do exame determinar a sua realização, a qualquer tempo, se ainda for possível. O mais indicado, no entanto, em que pese a norma legal, seria, diante da impossibilidade de realização da perícia, e da insuficiência da prova testemunhal, que o réu fosse absolvido.
Não pode ser negada pelo magistrado quando não realizada e requerida em juízo. 
2.2. Horário
Esta perícia será realizada 24h por dia, de modo que não há um horário fixado, respeitando-se, apenas, a inviolabilidade domiciliar. 
2.3. Procedimento 
A realização do exame comporta uma análise gradativa do modo de proceder, em razão da interpretação dos arts. 158 e 167, do CPP, subsistindo três posições: 
1ª posição (Guilherme Nucci): se o crime deixou vestígio, será realizado o exame direto, que é aquele onde o perito dispõe dos vestígios para análise. Não sendo possível, será realizado o exame indireto, que é aquele onde os peritos vão se valer de elementos acessórios na elaboração do laudo. Por sua vez, se ambos forem frustrados, a ausência da perícia pode ser suprida pela prova testemunhal (art. 167, do CPP), e jamais pela confissão (art. 168, do CPP). 
2ª posição (posição prevalente): para o STJ e para o STF, o exame indireto não conta com rigor formal, nem com elaboração de laudo, sendo sinônimo da oitiva da prova testemunhal ou produção de prova documental. Advertência: essa posição se assemelha à adotada pelo art. 328, do CPPM. 
3ª posição (Denílson Feitosa):para ele, o exame indireto pode contar com a intervenção do perito e a elaboração do laudo ou se resumir à analise judicial do contexto probatório com a oitiva de testemunhas, sem a existência de laudo.
3. INTERROGATÓRIO DO RÉU
A primeira lei de reforma do interrogatório é a Lei 10.793/03, e, mais recentemente, houve alterações realizadas pela Lei 11.900/09.
Interrogatório é o momento da persecução penal em que o imputado poderá, se desejar, apresentar a sua versão dos fatos, como expressão concreta do exercício da sua autodefesa.
3.1. Natureza jurídica
1ª posição (CPP- topograficamente): considera o interrogatório do réu como um meio de prova, pois que se encontra, topograficamente, enquadrado no Capítulo III, Título VII. Sistema inquisitorial.
2ª posição: enquadra o interrogatório como meio de defesa. Nesse caso, segundo Eugênio Pacelli, a análise constitucional faz concluir que não mais subsistem consequências processuais que permeiam o procedimento do interrogatório, como eventual condução coercitiva (art. 260, do CPP) e a revelia, afinal o exercício da defesa não pode ser sancionado. 
3ª posição (Denílson Feitosa e STF): o interrogatório é considerado meio de prova e meio de defesa, indistintamente. Há, portanto, uma equivalência. 
4ª posição (Guilherme Nucci):DPUpara ele, o interrogatório é, primordialmente, um meio de defesa, e, subsidiariamente, um meio de prova. Fica estabelecida, dessa forma, uma gradação de importância. 
3.2. Necessidade 
O juiz deverá oportunizar a realização do interrogatório, sob pena de nulidade do processo (art. 564, III, e, do CPP). 
Obs.: gradação da nulidade: subsistem duas posições quanto ao grau da nulidade ocasionada:
1ª posição: para Eugênio Pacelli, a nulidade é absoluta, já que o prejuízo é presumido, por ofensa ao princípio da ampla defesa.
2ª posição (Guilherme Nucci e STF – HC 82.933): a posição preponderante é que se está diante de uma nulidade meramente relativa, e o prejuízo deve ser demonstrado. 
Obs.: Atualmente, em requerimento subscrito pelo advogado e pelo réu, é admitido o não comparecimento na sessão plenária do júri, frustrando o interrogatório, diante da estratégia defensiva (art. 457, §2º, do CPP). 
Obs.: na legislação eleitoral, o interrogatório acaba por ser substituído por uma manifestação (resposta) escrita (art. 359, parágrafo único, do Código Eleitoral).
3.3. Procedimento
3.4. Direito de entrevista preliminar reservada
	Atualmente, o interrogado tem direito de se entrevistar reservadamente com o seu defensor, para a construção técnica da estratégia a ser adotada no interrogatório. 
        Art. 266.  A constituição de defensor independerá de instrumento de mandato, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório.
3.5. Presença do advogado
	Diante do advento da Lei 10.792/03 é necessário reconhecer que a presença do advogado é obrigatória, sob pena de nulidade absoluta, já que a defesa técnica é indisponível (súmula 523, STF).	  
NO PROCESSO PENAL, A FALTA DA DEFESA CONSTITUI NULIDADE ABSOLUTA, MAS A SUA DEFICIÊNCIA SÓ O ANULARÁ SE HOUVER PROVA DE PREJUÍZO PARA O RÉU.
Ausência do advogado – nulidade absoluta. Independe de prejuízo
Ausência de MP – nulidade relativa
3.6. Interrogatório do réu preso
	Em um primeiro momento, nos idos de 2001 e 2002, a doutrina intensificou a discussão quanto à realização da videoconferência no Brasil, nascendo, assim, duas posições: 
	a) para Alexandre de Moraes, o instituto deveria ser imediatamente implementado, não só como redução de custos, como também para evitar o risco de fuga no deslocamento de presos;
	b) segundo René Ariel Dotti, a videoconferência viola a dignidade da pessoa humana, trazendo impessoalidade ao ato, afastando o juiz do jurisdicionado e comprometendo a análise cognitiva do julgador na formação da culpa do réu. DPU
	Num segundo momento – 2003 – a Lei 10.782/03 reformou o interrogatório e foi omissa no tratamento da videoconferência, trazendo, contudo, o instituto da ida do juiz ao estabelecimentoprisional, desde que presentes os seguintes requisitos cumulativos: sala própria, publicidade do ato, segurança do juiz, dos auxiliares e do Ministério Público e presença do defensor ou advogado. 
	No terceiro momento, em 2005, a Lei estadual paulista 11.819 disciplinou a videoconferência no Estado de São Paulo, iniciando-se a sua utilização.
	No quarto momento, em 2007, o STF reconheceu a inconstitucionalidade da lei paulista, e os interrogatórios até então realizados foram considerados como prova ilícita – Nulidade absoluta por violação do devido processo legal. Inconstitucionalidade formal: competência exclusiva da União para legislar sobre processo.
	O quinto momento ocorreu em 2009, quando o Congresso editou a Lei 11.900, que disciplina a videoconferência no art. 185, do CPP.
3.7. Interrogatório por videoconferência/online/tele interrogatório.
	Caracteriza-se pela utilização dos novos sistemas tecnológicos para efetivação do interrogatório, por meio da captação de som e imagem, de forma bidirecional, e transmissão ao vivo, por sistema satelitário ou tecnologia similar.§ 9o  Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o acompanhamento do ato processual pelo acusado e seu defensor. 
Obs. righttobepresent – presença remota do acusado. Pode acompanhar os demais atos da audiência. 
3.7.1. Hipóteses
São taxativas e a realização da videoconferência deve ser entendida como ultimaratio:
a) para garantia da segurança pública: o risco subsiste quando o agente integra facção criminosa ou exista um risco concreto de fuga durante o deslocamento; não basta o risco genérico. Todo deslocamento tem risco.
b) impossibilidade do deslocamento do réu, em virtude de enfermidade ou velhice. Não havendo tecnologia para a videoconferência, é admitido, nesta hipótese, que o interrogatório seja realizado onde o réu estiver (art. 220, do CPP); há outras dificuldades. Ex. falta de escolta. 
c) havendo risco de intimidação da vítima ou das testemunhas. Esta hipótese só será utilizada se não for possível ouvir a própria vítima ou as testemunhas pela videoconferência. Não havendo estrutura tecnológica e subsistindo o risco de intimidação, o réu será retirado da sala, com a oitiva da vítima e das testemunhas na presença do advogado de defesa;
d) garantia da ordem pública: é sinônimo de ordem pública social, almejando-se, aqui, evitar conturbação da comarca.
3.7.2. Requisitos formais
a) ordem judicial motivada: é uma cláusula de reserva jurisdicional, de modo que a autorização só poderá partir do juiz. Percebe-se, por critério interpretativo, que a videoconferência ocorrerá na fase processual, não sendo aplicável à investigação e ao Plenário do Júri;
b) as partes devem ser intimadas da decisão com antecedência mínima de 10 (dez) dias, para que possam se preparar para o ato;
c) direito de entrevista preliminar reservada: mesmo na videoconferência, a entrevista preliminar deve ser respeitada;
d) direito de comunicação: os advogados, que estão em locais distintos, e o próprio réu, têm o direito de se comunicar sem ingerência do Estado;
e) fiscalização: a sala de transmissão localizada no estabelecimento prisional se submete a uma multifiscalização do Ministério Público, do juiz da causa, Corregedoria do Judiciário e OAB. 
3.8. Regras interpretativas do interrogatório
1ª regra – Regra geral: Ida do juiz ao estabelecimento prisional, à luz do art. 185, §1, CPP.
2ª regra – Regra específica: Interrogatório por videoconferência, que só é cabível em 4 hipóteses, como visto: garantia da segurança e ordem pública, risco de ameaça a vitima ou testemunhas e risco de fuga do réu.
3ª regra – Regra subsidiária a 1ª e 2ª regra. Não havendo os requisitos para que se implemente a 1ª regra ou tecnologia para que se efetive a videoconferência, resta ao juiz determinar a condução do preso ao fórum – última opção.
3.9. Estrutura do interrogatório – ato bifásico.
I – Qualificação do réu com a colheita de elementos que vão diferenciá-lo das demais pessoas, certificando que ele é quem alega ser.
II – Informação quanto ao direito ao silêncio.
Obs.: Subsistem no Brasil duas posições quanto à abrangência do silêncio à qualificação do réu, quais sejam: 1 – Para Guilherme Nucci, o silêncio não abrange a qualificação, cabendo, inclusive, responsabilidade criminal do réu por falsa identidade (art. 307, CP). Posição majoritária. 2 – Para Aury Lopes Jr, o direito ao silêncio engloba a qualificação, já que, neste momento, a verdade pode prejudicar o réu.
Obs. Autodefesa e uso de documento falso (art. 304 do CP)
Como expressão do direito a autodefesa, o réu pode apresentar um documento falso para não se prejudicar criminalmente? (Ex: João é parado em uma blitz da PM e, sabendo que havia um mandado de prisão contra si expedido, apresenta a cédula de identidade de seu irmão)
Não. Na hipótese retratada, João poderia ser condenado por uso de documento falso. Esse é o entendimento do STF e STJ:
Autodefesa e falsa identidade (art. 307 do CP)
Inicialmente, cumpre estabelecer a distinção entre falsa identidade e uso de documento falso.
	Art. 307 – Falsa identidade
	Art. 304 – Uso de documento falso
	Consiste na simples atribuição de falsa identidade, sem a utilização de documento falso.
	Aqui há obrigatoriamente o uso de documento falso.
	Ex: ao ser parado em uma blitz, o agente afirma que seu nome é Pedro Silva, quando, na verdade, ele é João Lima.
	Ex: ao ser parado em uma blitz, o agente afirma que seu nome é Pedro Silva e apresenta o RG falsificado com esse nome, quando, na verdade, ele é João Lima.
Assim como no caso do uso de documento falso, também na hipótese de falsa identidade, o STF entende que há crime quando o agente, não se incriminar, atribui a si uma identidade que não é sua. Essa questão já foi, inclusive, analisada pelo Pleno do STF em regime de repercussão geral:
O princípio constitucional da autodefesa (art. 5º, inciso LXIII, da CF/88) não alcança aquele que atribui falsa identidade perante autoridade policial com o intento de ocultar maus antecedentes, sendo, portanto, típica a conduta praticada pelo agente (art. 307 do CP). O tema possui densidade constitucional e extrapola os limites subjetivos das partes.
STF. Plenário. RE 640139 RG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/09/2011.
Trata-se também da posição do STJ:
É típica a conduta do acusado que, no momento da prisão em flagrante, atribui para si falsa identidade (art. 307 do CP), ainda que em alegada situação de autodefesa. Isso porque a referida conduta não constitui extensão da garantia à ampla defesa, visto tratar-se de conduta típica, por ofensa à fé pública e aos interesses de disciplina social, prejudicial, inclusive, a eventual terceiro cujo nome seja utilizado no falso. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.362.524-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/10/2013 (recurso repetitivo).
Em suma, tanto o STF como o STJ entendem que a alegação de autodefesa não serve para descaracterizar a prática dos delitos do art. 304 ou do art. 307 do CP.
III – Perguntas ao réu. 
-Quanto à pessoa do réu (pregressamento): Elas servem pra aferir o histórico de vida do agente e serão pontuadas pelo magistrado na dosimetria da pena na aferição das circunstâncias judiciais (art. 59, CP) e, ainda, podem servir de parâmetro para constatar a coculpabilidade do Estado que nada mais é que a corresponsabilidade pela situação criminógena do réu, em razão das omissões nos mais variados setores sociais. Consequências da coculpabilidade: Segundo Rogério Greco, ela pode servir para abrandar a pena ou impactar nas situações mais específicas na absolvição do réu por inexigibilidade de conduta diversa.
-Quanto ao fato criminoso: Onde o réu poderá apresentar a sua versão.
IV – Possibilidades de reperguntas pelo promotor ou advogado de defesa. Obs.: O juiz pode denegar as reperguntas. Requerer a consignação em ata da denegação (art. 488, CPP). Nada impede que o réu invoque o silêncio, mesmo nas perguntas do seu próprio advogado.
V – Será lavrado um auto assinado por todos os presentes com a consignação fidedignadas perguntas e respostas.
1ª Observação: se o réu não pode, não sabe, ou não quer assinar o interrogatório, o que fazer? Consignar o fato no termo (art. 195 CPP). Essa solução jurídica oscila a depender do caso que está sendo praticado. No interrogatório é assim, mas em outros atos é diferente, como na prisão em flagrante, em que será assinado por duas testemunhas.
2ª Observação: se o acusado é estrangeiro e todos na audiência falam a sua língua, admite-se a realização do interrogatório sem a presença de intérprete? Não, deve ser nomeado um intérprete mesmo assim, respeitando-se, inclusive, a publicidade, para que todos compreendam o conteúdo do interrogatório. Ressalve-se, apenas, as hipóteses em que a língua estrangeira é similar à nossa (art. 193 do PP).
3ª Observação: se o réu é portador de necessidades especiais, deve o juiz adequar o interrogatório, dando preferência, no que for possível, à palavra falada (art. 192 do CPP).
4ª Observação: de acordo com o art. 6º. V, do CPP, a oitiva do indiciado perante o delegado deve seguir, no que for compatível com a inquisitoriedade, a disciplina normativa do interrogatório judicial. Recentemente, a OAB encaminhou um requerimento ao Ministério da Justiça para que se formule projeto de lei reconhecendo a obrigatoriedade da presença do advogado na oitiva do suspeito e de testemunhas durante a investigação.
5ª Observação: Réu entre 18 e 21 anos incompletos: até 2008, quando o réu tinha entre 18 e 21 anos ele seria interrogado com acompanhamento de curador, sob pena de nulidade absoluta do processo. Mas o art. 194 do CPP que exigia isso foi expressamente revogado. Com a advento do art. 5º do CC, reconhece-se que os maiores de 18 são absolutamente capazes, e a figura do curador não mais subsiste. Diante disso, tem-se por consequência a revogação expressa do art. 194 do CPP e sepultamento da súmula 352 do STF. NÃO É NULO O PROCESSO PENAL POR FALTA DE NOMEAÇÃO DE CURADOR AO RÉU MENOR QUE TEVE A ASSISTÊNCIA DE DEFENSOR DATIVO.
6ª Observação: Inovações tecnológicas: atualmente as novas ferramentas tecnológicas podem ser utilizadas para documentar o interrogatório, como a captação de som e imagem, além da estenotipia, que nada mais é do que uma técnica de redução de palavras por símbolos (§1º do art. 405 do CPP). Segundo Eugenio Pacceli, haverá uma maior fidedignidade ao interrogatório.
7ª Observação: Pluralidade de réus: Se existir pluralidade de réus, eles necessariamente serão interrogados de maneira separada, pois um ato único com a presença do comparsa pode ocasionar nulidade, notadamente quando as teses forem conflitantes (art. 191 do CPP). Os advogados podem fazer perguntas aos corréus – STJ e STF- sob pena de nulidade absoluta. Deve constar na ata a irresignação do defensor.
INF/STF 747. Julho 2014
8ª Observação: Renovação do ato: A qualquer momento o réu pode ser reinterrogado por deliberação expressa do juiz, de ofício, ou por requerimento das partes. Advirta-se que, se houve confissão e o réu quer se retratar, deve o juiz oportunizar o reinterrogatório, sob pena de nulidade do processo (Art. 196 do CPP).
9ª obs: STF decidiu que se o interrogatório foi realizado no início da persecução criminal quando vigente essa previsão, não precisa ser repetido. Tempus regitactum. Afora isso, deve o acusado demostrar prejuízo.
Obs. Lei de drogas/CPPM/procedimento originário de Tribunais: procedimentos especiais que trazem o interrogatório no início. 
STF #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO
	MILITAR
	AO FINAL
	PROCEDIMENTO ORIGINÁRIO DE TRIBUNAIS
	AO FINAL
	LEI DE DROGAS
	• Último julgado do STF tratando de forma específica sobre o tema: decidiu que seria no início.
• Último julgado do STF tratando sobre o CPPM, no qual se mencionou, em obiter dictum, o tema na Lei de Drogas: os Ministros afirmaram que o interrogatório deveria ser feito apenas ao final da instrução.
ATENÇÃO:
A exigência de realização do interrogatório ao final da instrução criminal, conforme o art. 400 do CPP, é aplicável no âmbito de processo penal militar. 
A realização do interrogatório ao final da instrução criminal, prevista no art. 400 do CPP, na redação dada pela Lei nº 11.719/2008, também se aplica às ações penais em trâmite na Justiça Militar, em detrimento do art. 302 do Decreto-Lei nº 1.002/69. 
Logo, na hipótese de crimes militares, o interrogatório também deve ser realizado depois da oitiva das testemunhas, ao final da instrução. STF. Plenário. HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/3/2016 (Info 816) – Dizer o Direito
Obs. Condução coercitiva para o interrogatório: a lei prevê, mas doutrina e jurisprudência rechaçam. E no caso de condução para o reconhecimento pessoal: PODE!
Obs. interrogatório por carta precatória. Possível
Obs. Interrogatório continua submetido ao sistema presidencialista.
Obs.: Art. 616.  No julgamento das apelações poderá o tribunal, câmara ou turma proceder a novo interrogatório do acusado, reinquirir testemunhas ou determinar outras diligências.
*#OUSESABER: O que se entende por interrogatório sub-reptício? Conforme consta no livro "Terminologias e Teorias Inusitadas", dos autores João Biffe Júnior e Joaquim Leitão Júnior: "O interrogatório sub-reptício acontece quando há gravação clandestina de conversa informal com o preso, hipótese em que este não consente com a gravação ambiental e tampouco é advertido do seu direito de permanecer em silêncio". É, portanto, a modalidade de interrogatório que, além de realizar-se sem as formalidades legais do interrogatório no inquérito policial, acontece sem que o indiciado seja advertido do seu direito ao silêncio, e por estas razões não é admitido no Brasil. 
4. Confissão
É o meio de prova que significa admitir a culpa, por quem é suspeito ou acusado pela prática de uma infração penal, fazendo-a de modo voluntário, expresso e pessoal, diante da autoridade competente, em um ato público e formal. 
Pode ser: JUDICIAL (perante o juiz, como todas as garantias) ou EXTRAJUDICIAL (fora do juízo, na polícia ou no MP).
Art. 199.  A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo nos autos, observado o disposto no art. 195.
Valor da prova: a confissão extrajudicial somente vale se for ratificada (confirmada) em juízo. Obs.: pode ter valor quando a) júri b) feita na presença do defensor.
Art. 197.  O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância.
Atenuante: a confissão é uma circunstância atenuante. Não pode ser estendida a outros acusados que não confessaram. A confissão tem que ser livre e voluntária (por sua própria vontade), mas não precisa ser espontânea (sincera). Entretanto, para valer como atenuante precisa ser espontânea. Ex. Sujeito apreendido com droga confessa que a droga era sua, mas afirma que era para seu consumo, o que mais tarde ficou provado que era para tráfico, no caso houve confissão não espontânea, não servindo com causa atenuante. A confissão deve ser livre e espontânea.
Atenção: Incide a atenuante da confissão (art. 65, III, “d”, CPP), ainda que haja retratação em juízo, desde que tenha concorrido para a condenação (STJ, HC 184.559/MS; STF, HC 91.654/PR).
A confissão, como as demais provas, tem valor relativo, devendo ser cotejada com os demais elementos constantes nos autos (art. 197 do CPP).
STJ: Info 506:
DIREITO PENAL. CONFISSÃO ESPONTÂNEA. INCIDÊNCIA DA ATENUANTE.
A confissão realizada em juízo, desde que espontânea, é suficiente para fazer incidir a atenuante prevista no art. 65, III, d, do CP, quando expressamente utilizada para a formação do convencimento do julgador. O CP confere à confissão espontânea do acusado, no art. 65, inciso III, d, a estatura de atenuante genérica, para fins de apuração da pena a ser atribuída na segunda fase do sistema trifásico de cálculo da sanção penal. Com efeito, a afirmação de que as demais provas seriam suficientespara a condenação do paciente, a despeito da confissão espontânea, não autoriza a exclusão da atenuante, se ela efetivamente ocorreu e foi utilizada na formação do convencimento do julgador. Precedentes citados: HC 172.201-MG, DJe 24/5/2012, e HC 98.931-SP, DJe 15/8/2011. REsp 1.183.157-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/10/2012. 
Confissão simples: réu confessa e nada invoca em seu favor.
Confissão qualificada: réu confessa e invoca algo em seu favor, ex: excludentes da ilicitude.
Confissão complexa: réu confessa vários fatos.
Confissão implícita: o acusado paga a indenização. Não tem efeitos no processo penal.
Confissão ficta ou presumida: NÃO existe no CPP.
Atenção: O Art. 198 do CPP (O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a formação do convencimento do juiz) foi tacitamente revogado pelo parágrafo único do art. 186 do CPP (O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa[footnoteRef:1]), INCLUÍDO PELA Lei nº 10.792, de 1º.12.2003. [1: A seguinte assertiva foi considerada correta (TJPR – 2017): O exercício do direito ao silêncio não gera presunção de culpabilidade para o acusado, tampouco pode ser interpretado em prejuízo da defesa.] 
Confissão delatória: réu confessa e delata terceiras pessoas. As leis estão prevendo vários prêmios (DELAÇÃO PREMIADA) (LEI DO CRIME ORGANIZADO, LAVAGEM DE CAPITAIS, PROTEÇÃO DAS VITÍMAS E TESTEMUNHAS, LEI DE DROGAS). É o que se chama de DIREITO PENAL PREMIAL. O delator é denominado também de COLABORADOR DA JUSTIÇA.
STJ: Info 495
Se o réu confessa o crime, mas suas declarações não representam efetiva colaboração com a investigação policial e com o processo criminal nem fornecem informações eficazes para a descoberta da trama delituosa, ele não terá direito ao benefício da delação premiada. 
*#OUSESABER #SELIGANOSINÔNIMO: Chamamento de corréu é expressão sinônima a delação premiada. Trata-se, portanto, de uma das espécies de colaboração premiada. Pressupõe que o delator confesse a prática criminosa e incrimine os comparsas. Não se confunde, todavia, com a colaboração premiada, tendo em vista que esta se trata de gênero em que o investigado não apenas identifica os comparsas, mas também presta outras informações. Ex: localização da vítima com sua integridade física preservada, sem necessariamente delatar comparsas. 
Processo Penal: CPP, Art. 200.  A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto.
Características da confissão:
· É ato personalíssimo
· É ato livre
· É Retratável: é possível confessar e retratar-se e cabe também a retratação da retratação.
· É Divisível: o réu pode confessar uma parte e a outra não, ou seja, pode confessar um crime e outro não.
	AUTO-DENÚNCIA
	DELAÇÃO
	O sujeito procura a autoridade e fala que foi ele o responsável
	É chamar a si a culpa e indicar os outros comparsas
	
	Prova testemunhal
	Meios de prova
DIREITO PENAL. FURTO QUALIFICADO. FORMAÇÃO DE QUADRILHA. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS. CONJUNTO PROBATÓRIO. AUTORIA COMPROVADA. DINHEIRO SUBTRAÍDO NÃO RECUPERADO. CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. CIRCUNSTÂNCIA NEUTRA. CONFISSÃO E REINCIDÊNCIA. COMPENSAÇÃO. CONTINUIDADE DELITIVA ENTRE FURTOS E FORMAÇÃO DE QUADRILHA. IMPOSSIBILIDADE. REGIME FECHADO. 
1. A autoria da formação de quadrilha restou comprovada pelas gravações de diálogos e pelas demais provas dos autos, que apontam claramente para a culpabilidade dos acusados.
2. O fato de os valores furtados não terem sido reavidos não serve para ensejar a pena-base, pois o tipo penal não prevê a recuperação da res furtiva. 
3. Em relação à segunda fase de fixação da pena, conforme o recente entendimento da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (EResp 1.154.752), devem ser compensadas entre si a reincidência e a confissão espontânea.
4. Não há falar em continuidade delitiva entre os furtos e a formação de quadrilha, pois não se trata de crimes da mesma espécie, como requer o art. 71 do Código Penal. Além disso, o delito de quadrilha é permanente, cuja configuração é independente da efetiva prática de ilícitos. 5. Fixado o cumprimento da pena em regime fechado, nos termos do art. 33, §2º, "b", do CP. (TRF4, ACR 0000036-59.2011.404.7000, Sétima Turma, Relatora Salise Monteiro Sanchotene, D.E. 09/01/2013)
STF – prevalece reincidência.
*A confissão, mesmo que qualificada, dá ensejo à incidência da atenuante prevista no art. 65, III, d, do CP, quando utilizada para corroborar o acervo probatório e fundamentar a condenação. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.416.247-GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 22/6/2016 (Info 586). Importante recordar o entendimento sumulado do STJ sobre o tema: Súmula 545-STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
	CONFISSÃO PARCIAL
	CONFISSÃO QUALIFICADA
	CONFISSÃO RETRATADA
	A confissão parcial ocorre quando o réu confessa apenas parcialmente os fatos narrados na denúncia. Ex.: o réu foi denunciado por furto qualificado pelo rompimento de obstáculo (art. 155, § 4º, I, do CP). Ele confessa a subtração do bem, mas nega que tenha arrombado a casa
	A confissão qualificada ocorre quando o réu admite a prática do fato, no entanto, alega em sua defesa um motivo que excluiria o crime ou o isentaria de pena. Ex: eu matei sim, mas foi em legítima defesa. Obs: por serem muito próximos os conceitos, alguns autores apresentam a confissão parcial e a qualificada como sinônimas.
	A chamada confissão retratada ocorre quando o agente confessa a prática do delito e, posteriormente, se retrata, negando a autoria. Ex: durante o inquérito policial, João confessa o crime, mas em juízo volta atrás e se retrata, negando a imputação e dizendo que foi torturado pelos policiais.
	ATENUA A PENA, se for utilizada no convencimento.
	ATENUA A PENA, se for utilizada no convencimento.
	ATENUA A PENA, se for utilizada no convencimento.
5. Declarações do ofendido
Ofendido
	É a vítima do crime que funciona para esclarecer a verdade dos fatos, apresentando as suas impressões. O ofendido é um meio de prova e, como qualquer outro, tem um valor relativo que será analisado dentro de um contexto conjuntural. Se as declarações do ofendido são um meio de prova, o STJ e o STF já reconheceram a possibilidade de condenação com base nas declarações que em alguns crimes ganham singular importância. 
	Se o ofendido, devidamente convocado, não comparece a respectiva audiência caberá a condução coercitiva. Por sua vez, se o crime é de ação privada, a ausência do ofendido ocasiona a perempção (art. 60, CPP) e a respectiva extinção da punibilidade (art. 107, CP).
Proteção do Ofendido
	O ofendido passou seis décadas no ostracismo, vitimada pelo criminoso e pelo Estado. A Reforma Processual de 2008 tentou humanizar o tratamento do ofendido com uma macroproteção que em última análise visa resguardá-lo. Com o advento da Lei nº 11.690/2008 o legislador apresentou um leque de proteção ao ofendido, destacando-se as seguintes prerrogativas:
i. Direito de intimação: o ofendido passa a ter direito de ser intimado das decisões que importem na soltura do acusado e esta intimação pode ocorrer por opção do ofendido por email. * necessidade de intimação do ofendido, quando da ocorrência dos seguintes atos (art 201, § 2º, CPP): ingresso e saída do réu da prisão; designação da audiência de instrução e julgamento. Sentença e respectivos acórdãos que “mantenham” (o que passa a valer é a decisão do tribunal) ou modifiquem a decisão. OBS.: as comunicações deverão ser feito no endereço por ele indicado ou por meio eletrônico, se esta for a sua opção (art. 201, § 3º, CPP).
ii. Direito de espaço reservado: no ambiente forense haverá espaço reservado para abrigar o ofendido na expectativa que ele não tenha contato com pessoas vinculadas ao réu
iii. Direito de tratamento e atendimento: por deliberação do juiz, oofendido pode ser de imediatoencaminhado para tratamento médico, psicológico ou jurídico, as expensas do Estado ou do próprio infrator.
iv. Direito à intimidade: pode o juiz decretar o segredo de justiça da persecução penal na expectativa de que informações não sejam partilhadas com a imprensa, preservando-se, assim, a intimidade, a vida privada e a família da vítima.
Valor Probatório
	O valor desse meio de prova é relativo devendo ser contextualizado dentro da instrução. Para os tribunais superiores as declarações do ofendido ganham especial relevância nos crimes de pouca visibilidade como acontece nos crimes sexuais. 
O ofendido não é testemunha. Não presta compromisso. (testemunha é imparcial, o ofendido é parte da relação jurídica de direito material - é um sujeito parcial). As consequências disso são: - não é computado no rol de testemunhas; - não pratica falso testemunho se mentir(porém, poderá responder por denunciação caluniosa).
Condução coercitiva: é possível que o juiz determine a sua busca. Durante o IP, pode haver também a condução, a autoridade policial poderá determinar. Art. 201, § 1º, do CPP: é possível, para que ela preste em juízo suas declarações. Obs. pode haver condução coercitiva para a realização de exames periciais, salvo no caso de serem invasivas.
Admissão dela como assistente de acusação, a composição civil dos danos no processo penal, seja no artigo 74 da Lei nº 9.099/95, seja na suspensão condicional do processo (artigo 89 da Lei nº 9.099/95). De um modo geral, entretanto, a vítima cumpre apenas seu papel “testemunhal”, com todos os riscos inerentes. Uma das características da reforma foi arevalorização do papel da vítima. [Ex.: na sentença condenatória, o juiz deve definir um valor mínimo de indenização; alteração do capítulo referente ao ofendido (não mais é mero objeto de prova)]. Com a reforma, foram conferidas algumas prerrogativas para a vítima:
*#IMPORTANTE #SELIGANAJURISPRUDÊNCIA: O depoimento sem dano consiste na oitiva judicial de crianças e adolescentes que foram supostamente vítimas de crimes contra a dignidade sexual por meio de um procedimento especial, que consiste no seguinte: a criança ou o adolescente fica em uma sala reservada, sendo o depoimento colhido por um técnico (psicólogo ou assistente social), que faz as perguntas de forma indireta, por meio de uma conversa em tom mais informal e gradual, à medida que vai se estabelecendo uma relação de confiança entre ele e a vítima. O juiz, o Ministério Público, o réu e o Advogado/Defensor Público acompanham, em tempo real, o depoimento em outra sala por meio de um sistema audiovisual que está gravando a conversa do técnico com a vítima. Atualmente, a legislação não prevê expressamente essa prática. Apesar disso, o STJ entende que é válida nos crimes sexuais contra criança e adolescente, a inquirição da vítima na modalidade do “depoimento sem dano”, em respeito à sua condição especial de pessoa em desenvolvimento, inclusive antes da deflagração da persecução penal, mediante prova antecipada. Assim, não configura nulidade por cerceamento de defesa o fato de o defensor e o acusado de crime sexual praticado contra criança ou adolescente não estarem presentes na oitiva da vítima devido à utilização do método de inquirição denominado “depoimento sem dano”. STJ. 5ª Turma. RHC 45.589-MT, Rel. Min.Gurgel de Faria, julgado em 24/2/2015 (Info 556).
*#NOVIDADELEGISLATIVA #OUSESABER: Foi publicada a Lei 13.431/17 que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Dentre outros assuntos importantes, a lei normatiza dois mecanismos importantíssimos: a ESCUTA ESPECIALIZADA e o DEPOIMENTO ESPECIAL. Escuta especializada é o procedimento de ENTREVISTA sobre situação de violência com criança ou adolescente perante órgão da rede de proteção, limitado o relato estritamente ao necessário para o cumprimento de sua finalidade. (art. 7º) Já o Depoimento especial consiste no procedimento de OITIVA de criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária. (art. 8º) A lei 13.431/17 vai ser bastante cobrada nas provas. Mas, cuidado, esta lei entra em vigor após decorrido 1 (um) ano de sua publicação oficial.
*#OUSESABER: Em 4 de abril de 2017, foi publicada a Lei n• 13.431/2017, vulgo Lei da Escuta Protegida, a qual entra em vigor em abril de 2018, que alterou o ECA para estabelecer garantias de direitos à crianças e adolescentes que sejam vítimas ou testemunhas de violência, e aplicável facultativamente a jovens de 18 a 21 anos. O mérito da lei é positivar o depoimento sem dano, já adotado na prática por muitos juízes, que visa a evitar a revitimização da criança, através da previsão de escuta especializada e depoimento especial, além de outras garantias como o resguardo da ausência de contato da criança ou do adolescente com o responsável pela violência e a produção antecipada de prova, para evitar a emissão de falsas memórias, a proibição de leitura da denúncia a ela, e a vedação de ouvir novamente a criança no depoimento especial, salvo em caso de imprescindibilidade justificada pelo magistrado. A lei avança em relação à Lei Maria da Penha e prevê uma nova espécie de violência: a institucional, definida como a praticada por instituição pública ou conveniada, inclusive quando gerar revitimização.
6. Reconhecimento de pessoas e coisas
Art. 226.  Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma:
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la;
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela;
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.
Parágrafo único.  O disposto no no III deste artigo não terá aplicação na fase da instrução criminal ou em plenário de julgamento.
Art. 227.  No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que for aplicável.
Art. 228.  Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas.
Reconhecer é identificar (individualizar) uma pessoa (art. 226 do CPP) ou uma coisa (art. 227 do CPP). 
Na fase policial, o reconhecimento de pessoas consiste em convidar a vítima ou testemunha do crime para, diante de várias pessoas colocadas lado a lado, com as mesmas características físicas e de raça (quando possível), proceder ao reconhecimento. Quanto mais parecidas as pessoas, maior a credibilidade do reconhecimento.
Jamais duas pessoas podem fazer reconhecimento ao mesmo tempo, o reconhecimento é individualizado, cada um reconhece em seu momento. 
O reconhecimento pode ser: policial ou judicial. Obs. na jurisprudência tem-se dado maior valor ao policial, desde que obedecidas as formalidades, em razão da maior proximidade com o fato delituoso.
Reconhecimento policial (art. 226 e ss.): é válido se ratificado em juízo ou se coerente com a prova produzida em juízo.
ATENÇÃO: Art. 226, III e p. único, CPP – Embora, literalmente, o inciso III do art. 226, CPP, não seja aplicável ao reconhecimento judicial (art. 226, p. único, CPP), tal conclusão vem sendo flexibilizada. É que, na prática, por medo, muitas testemunhas quedam-se inertes em juízo por estarem frente a frente com o réu. Para viabilizar a o reconhecimento em juízo, então, havendo intimidação da pessoa que irá reconhecer,permite-se a incidência do inciso III do art. 226, CPP.
No Brasil, como não existem em muitos lugares os vidros espelhados, utiliza-se inclusive “buraco da fechadura” ou luzes fortes contra os suspeitos. Em juízo, basta afirmar na presença do juiz que o réu é a pessoa reconhecida, que a prova estará perfeita. Porém, na prática, por medo, muitas testemunhas em juízo quedam-se inertes. Por analogia, em muitos fóruns o reconhecimento vem sendo feito por meio de “vidro espelhado”.
· Reconhecimento indireto ou invertido: o réu reconhece a vítima.
· Reconhecimento judicial ou policial (ratificado em juízo): têm valor relativo (como todas as provas).
· Reconhecimento por fotografia: não tem previsão. Prova inominada. Tem valor relativo (muito relativo). A jurisprudência vem reconhecendo que o juiz não pode condenar ninguém com base, exclusivamente, no reconhecimento fotográfico (que é muito precário).
· Retrato falado: é meio de investigação, não de reconhecimento.
· Reconhecimento da voz: não tem previsão. Prova inominada. Tem valor relativo. Isso ocorre muitas vezes nos crimes sexuais. Não pode ser a única prova.
· Reconhecimento da autenticidade da voz (espectograma da voz): é possível. Na linguagem extrajudicial era chamado de “clichê fônico”. Talvez no nosso país não haja outro local mais apropriado para se fazer esse exame que a Unicamp (que conta com tecnologia muito avançada para isso). Note-se o réu pode se recusar a falar (nemotenetur se detegere).
Obs:Reconhecimento não exige ação do acusado – pode conduzir coercitivamente. Reconhecimento fonográfico – exige ação do acusado – não pode conduzir coercitivamente.
7. Acareação
Art. 229.  A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
Parágrafo único.  Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação.
        Acarear é confrontar, é colocar duas pessoas frente a frente, cara a cara, para que esclareçam divergências relevantes. A acareação se dá sempre entre duas pessoas. Qualquer pessoa pode ser acareada, desde que esteja incluída no processo. Na fase investigatória ou processual. Partes podem requerer.
O réu tem o direito ao silêncio, inclusive na acareação (nemotenetur se detegere). STF: as testemunhas também têm o direito de não se auto-incrimar, tem dever de depor, mas não tem obrigação de se incriminar.
Pressuposto: para a acareação exige-se que as pessoas já tenham sido previamente ouvidas por meio de interrogatório, depoimentos ou declarações e exista uma controvérsia relevante, ou seja, um ponto divergente, controvertido entre as referidas manifestações.
A acareação em regra se dá entre presentes, mas o art. 230 permite a acareação entre ausentes, o que a doutrina denomina de confronto. LFG: na verdade isso não é uma acareação, é uma mera confrontação, mas o CPP chama de acareação entre ausentes.
Art. 230.  Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outra, que esteja presente, a esta se darão a conhecer os pontos da divergência, consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente, transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha presente, nos pontos em que divergirem, bem como o texto do referido auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha presente. Esta diligência só se realizará quando não importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente.
No Brasil, a acareação, em regra, é muito mal produzida e há má vontade neste meio de prova que pode ser precioso. Se for bem feita, com perguntas precisas e impressões pessoais do magistrado sobre a conduta dos acareados no ato da acareação, seus gestos, nervosismo etc, a prova será de grande valia para a verdade real, sendo que, se o réu mentir, possivelmente será condenado; se a testemunha mentir, será processada por falso testemunho e, por fim, se a vítima mentir, poderá ser processada por denunciação caluniosa. 
Pode a acareação ter grande importância quando bem formulada, principalmente no Tribunal do Júri, onde a impressão dos Jurados é motivo de condenação ou absolvição, em face do princípio da íntima convicção.
8. Prova documental
Conceito doutrinário: são escritos, imagens ou sons que possam comprovar um fato. Podem ser escritos ou não-escritos (filmagens, fotografias, gravações etc). sentido estrito – só escritos.
Para o CPP “consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares” (art. 232 do CPP). Hoje esse dispositivo legal deve merecer releitura mais ampla. A prova documental, atualmente, não se limita ao escrito, englobando a fotografia, as gravuras, pinturas, fitas de vídeo etc. Interpretação progressiva.
Art. 232.  Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares. Parágrafo único.  À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original.
Qual a diferença entre instrumento e documento em sentido estrito?O INSTRUMENTO (DOCUMENTO ORIGINÁRIO) é um documento que nasce com a finalidade de comprovar um fato (ex.: escritura pública, que nasce para comprovar um direito de propriedade, v.g.). DOCUMENTO EM SENTIDO ESTRITO/EVENTUAL/ACIDENTAL é o documento que nasce sem a finalidade de comprovar qualquer fato, mas pode eventualmente servir de prova em um processo. Ex.: uma carta particular.
Os documentos podem ser originais ou cópias, sendo que, se forem cópias, deverão obrigatoriamente estar autenticadas.
Momento de apresentação dos documentos: em princípio, os documentos podem ser apresentados a qualquer momento (CPP, Art. 231: Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo.). Exceção: CPP, art. 479: em plenário, no procedimento do júri, só podem ser utilizados documentos juntados com pelo menos três dias ÚTEIS de antecedência; CPPM – se estiver concluso para julgamento não pode juntar documento.
Em princípio todo e qualquer documento pode ser juntado ao processo. Exceções ou limitações na produção de prova documental (não pode nem juntar):
· Carta interceptada criminosamente (art. 233 do CPP:  As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não serão admitidas em juízo. Parágrafo único.  As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não haja consentimento do signatário).
· Provas ilícitas (art.5º, LVI, da Constituição Federal);
· Provas ilegítimas
· Em determinadas fases do processo não se admite a juntada de documentos – art. 479 do CPP - Júri
· Provas ilícitas por derivação etc.
Requisição judicial: o juiz pode requisitar documentos de ofício, para complementar as provas já existentes nos autos. Esse poder instrutório do juiz, no entanto, vem sendo mitigado, haja vista que o processo penal brasileiro é regido pelo modelo acusatório, com nítida separação entre as funções de acusar, defender e julgar; assim, o papel do juiz na instrução penal seria meramente complementar às diligências probatórias das partes.
Art. 234.  Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da acusação ou da defesa, providenciará, independentemente de requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possível.
Documento em língua estrangeira precisa ser traduzido, se necessário – SEMPRE será necessário, mesmo que as partes dominem o idioma, para garantir a publicidade do processo. 
Art. 236.  Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela autoridade.
Havendo dúvida sobre letra ou assinaturatratando-se de documento particular, realizar-se-á o exame grafotécnico. 
Art. 235.  A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas a exame pericial, quando contestada a sua autenticidade.
Tratando-se de documento público, estes gozam de presunção de veracidade, até que se prove o contrário. 
Art. 237.  As públicas-formas só terão valor quando conferidas com o original, em presença da autoridade.
Se os documentos já foram juntados aos autos podem ser desentranhados desde que não sejam imprescindíveis ao processo, mas sempre ficará uma cópia nos autos.
Art. 238.  Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não exista motivo relevante que justifique a sua conservação nos autos, poderão, mediante requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte que os produziu, ficando traslado nos autos.
Requisitos do documento: Veracidade e autenticidade (o autor é aquele a quem se atribui o documento. Documentos públicos têm presunção relativa de autenticidade). Como é relativa pode ser objeto de incidente de falsidade documental.
Autenticidade: um documento se reputa verdadeiro quando o conteúdo corresponder à realidade dos fatos, inexistindo dúvida a respeito da autoria.
Autenticidade de documento particular: um documento particular é autêntico quando não houver dúvida a respeito de sua autoria. Considera-se autêntico o documento assim reconhecido por oficial público ou prova pericial.
Documentos protegidos pelo sigilo profissional: não serão juntados (EXEMPLO: ficha médica ou de escritório de advocacia).
Obs. parecer de jurista renomado não é prova documental. Não precisa nem abrir vista à parte contrária.
9. Busca e apreensão
Apesar de ser único meio de prova, as duas podem ser usadas em momentos distintos ou, simplesmente, uma ou outra. Não é meio de prova. É meio de obtenção de prova. Sua finalidade não é obter elementos de prova, mas sim fontes materiais de prova.
BUSCA – movimento praticado por agentes do Estado para investigação, descoberta e pesquisa de algo interessante para DPP, realizando-se em coisas, pessoas ou lugares. Ex. perito ir tirar foto.
APREENSÃO – medida assecuratória que toma algo de alguém ou de algum lugar com a finalidade de preservar direitos ou produzir provas, podendo ser domiciliar ou pessoal. Ex. criança sendo maltratada pelos pais na rua; não precisa da busca, basta a apreensão. Pessoas podem ser apreendidas, ex. vítima drogada em cativeiro. Muitas vezes, são apreendidas coisas que servem de instrumento de prova.
OBS: Pode haver apreensão sem busca? Sim, quando, por exemplo, a vítima, o agente policial, o próprio réu (apresentação espontânea) ou a testemunha levam o objeto ou instrumento da infração penal à Polícia Judiciária.
Funções da apreensão: 1) Para restituir; 2) Para fazer prova.
Buscar é procurar. Apreender é pegar (apoderar-se, reter). A busca e a apreensão são possíveis tanto no inquérito policial quanto no processo. Quem determina? Autoridade judicial.
Mandado de busca e apreensão tem que ser ESPECÍFICO, o art. 243, CPP traz vários requisitos que devem ser preenchidos para sua validade (nome, lugar, motivo e finalidade).
- INFO 772 - Ojuiz deferiu mandado de busca e apreensão tendo como alvo o escritório de um banco, localizado no 28º andar de um prédio comercial. Quando os policiais chegaram para cumprir a diligência,perceberam que a sede do banco ficava no 3º andar. Diantedisso, entraram em contato com o juiz substituto que autorizou, por meio de ofício sem maiores detalhes, a apreensão do HD na sede do banco. A2ª Turma do STF declarou a ilegalidade da apreensão por ausência de mandado judicial específico. STF. 2ª Turma. HC 106566/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/12/2014. OMin. Celso de Mello afirmou que os mandados de busca e apreensão não podem se revestir de conteúdo genérico, nem ser omissos quanto à indicação do local objeto dessa medida extraordinária.
Art. 243.  O mandado de busca deverá:
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;
II - mencionar o motivo e os fins da diligência;
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.
§ 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca.
§ 2o Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito. 
Art. 244.  A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar.
*#OUSESABER: O que se entende por doutrina da visão aberta? A doutrina da visão aberta, de origem norte-americana, fundada no princípio da razoabilidade, pretende tornar legítima a apreensão de elementos probatórios do fato investigado ou de outro crime, quando a despeito de não se tratar da finalidade visada pelo mandado de busca e apreensão, no momento da realização da diligência, o objeto ou documento é encontrado por estar a plena vista do agente policial.
*É lícita a apreensão, em escritório de advocacia, de drogas e de arma de fogo, em tese pertencentes a advogado, na hipótese em que outro advogado tenha presenciado o cumprimento da diligência por solicitação dos policiais, ainda que o mandado de busca e apreensão tenha sido expedido para apreender arma de fogo supostamente pertencente a estagiário do escritório – e não ao advogado – e mesmo que no referido mandado não haja expressa indicação de representante da OAB local para o acompanhamento da diligência. STJ. 5ª Turma. RHC 39.412-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 3/3/2015 (Info 557). 
*A apreensão de documentos no interior de veículo automotor constitui uma espécie de "busca pessoal" e, portanto, não necessita de autorização judicial quando houver fundada suspeita de que em seu interior estão escondidos elementos necessários à elucidação dos fatos investigados. Exceção: será necessária autorização judicial quando o veículo é destinado à habitação do indivíduo, como no caso de trailers, cabines de caminhão, barcos, entre outros, quando, então, se inserem no conceito jurídico de domicílio. STF. 2ª Turma. RHC 117767/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 11/10/2016 (Info 843).
* #STF. Entrega voluntária de computador do órgão público para ser periciado em investigação. Autorização para acesso de e-mails baixados no computador que foi objeto de busca e apreensão. Não há nulidade se, em mandado de busca e apreensão, o titular do órgão entrega para ser periciado pela Polícia o computador utilizado pela chefia e, após esse fato, antes de a perícia ser iniciada, o magistrado responsável pela investigação autoriza a diligência na máquina. Não há violação do sigilo de correspondência eletrônica se o magistrado autoriza a apreensão e perícia de computador e nele estão armazenados os e-mails do investigado que, então, são lidos e examinados. A proteção a que se refere o art. 5º, XII, da CF/88, é da 'comunicação de dados' e não dos 'dados em si mesmos', ainda quando armazenados em computador. STF. 1ª Turma. RHC 132062/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 29/11/2016 (Info 849). 
10. Busca domiciliar
Art. 240.  A busca será domiciliar ou pessoal.
§ 1o  Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso; Armas próprias e impróprias – não têm essa função, mas pode ser usada para tal.
e) descobrir objetosnecessários à prova de infração ou à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes; Pode entrar sem autorização se for flagrante.
h) colher qualquer elemento de convicção.
É feita numa casa. O conceito de casa está no art. 150 do CP, é um conceito relacionado à habitação. A abrangência do conceito é corroborada pelo art. 246 do CPP.
Art. 241.  Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado. ERROS: JUIZ NÃO REALIZA MAIS. DELEGADO PRECISA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.
Art. 242.  A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.
Trailer pode ser casa, cabine de caminhão pode ser casa. Carro não é casa (por isso que pode ser feita a busca sem mandado judicial). Estabelecimento comercial aberto ao público não é considerado casa.
STJ: Info 505:
DIREITO PROCESSUAL PENAL. BUSCA EM INTERIOR DE VEÍCULO. PRESCINDIBILIDADE DE MANDADO JUDICIAL.
Prescinde de mandado judicial a busca por objetos em interior de veículo de propriedade do investigado fundada no receio de que a pessoa esteja na posse de material que possa constituir corpo de delito, salvo nos casos em que o veículo é utilizado para moradia, como é o caso de cabines de caminhão, barcos, trailers. Isso porque, nos termos do art. 244 do CPP, a busca nessa situação equipara-se à busca pessoal. HC 216.437-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/9/2012. 
Já a sede da empresa, o seu escritório privado, onde acham-se os documentos da empresa, é casa (STF, RE 331.303, AgR-PR, rel. Min. Sepúlveda Pertence).
Art. 245.  As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.
§ 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e o objeto da diligência.
§ 2o Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada.
§ 3o Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura.
§ 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente. MESMA COISA SE OS PRESENTES NÃO TIVEREM CAPACIDADE DE CONSENTIR.
§ 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será intimado a mostrá-la.
§ 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.
§ 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4o.
Art. 246.  Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado de habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde alguém exercer profissão ou atividade.
CP - Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
§ 4º - A expressão "casa" compreende: (NORMA EXPLICATIVA)
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva; (HOTEL, MOTEL, HOSPEDAGEM EM GERAL)
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. (ESCRITÓRIOS)
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
Busca domiciliar depende de mandado judicial (matéria sob reserva jurisdicional), a teor do art. 5º, XI, CF, devendo o art. 241, CPP, ser interpretado à luz da CF/88. Busca pessoal não necessariamente.
Atenção: matérias sob reserva de jurisdição (CPI não pode determinar tais medidas): 
a) prisão, salvo flagrante (art. 5º, LXI, CF); 
b) violação domiciliar (art. 5º, XI, CF); 
c) interceptação das comunicações telefônicas (art. 5º, XII, CF).
d) afastamento de sigilo de processos judiciais.
IMPORTANTE: Conquanto as autoridades fazendárias possuam poderes fiscalizatórios relacionados à administração tributária (arts. 194 a 200, CTN), não podem, sob tal argumento, violar o domicílio do contribuinte (art. 5º, XI, CF/88), exigindo-se para tanto a competente autorização judicial (STF: HC 82.788/RJ).
Notícia do STF: NEM MESMO AS AUTORIDADES FAZENDÁRIAS PODEM VIOLAR UM ESCRITÓRIO PROFISSIONAL SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. Não podem ingressar na parte do estabelecimento onde é equiparada a domicílio. (RHC 90736 / RE 331.303)
HC 82788 STF E M E N T A: FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA - APREENSÃO DE LIVROS CONTÁBEIS E DOCUMENTOS FISCAIS REALIZADA, EM ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE, POR AGENTES FAZENDÁRIOS E POLICIAIS FEDERAIS, SEM MANDADO JUDICIAL - INADMISSIBILIDADE - ESPAÇO PRIVADO, NÃO ABERTO AO PÚBLICO, SUJEITO À PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DA INVIOLABILIDADE DOMICILIAR (CF, ART. 5º, XI) - SUBSUNÇÃO AO CONCEITO NORMATIVO DE "CASA" - NECESSIDADE DE ORDEM JUDICIAL - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA - DEVER DE OBSERVÂNCIA, POR PARTE DE SEUS ÓRGÃOS E AGENTES, DOS LIMITES JURÍDICOS IMPOSTOS PELA CONSTITUIÇÃO E PELAS LEIS DA REPÚBLICA - IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO, PELO MINISTÉRIO PÚBLICO, DE PROVA OBTIDA EM TRANSGRESSÃO À GARANTIA DA INVIOLABILIDADE DOMICILIAR - PROVA ILÍCITA - INIDONEIDADE JURÍDICA - "HABEAS CORPUS" DEFERIDO. ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA - FISCALIZAÇÃO - PODERES - NECESSÁRIO RESPEITO AOS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS DOS CONTRIBUINTES E DE TERCEIROS.
Pode ser determinada de ofício ou a requerimento (art. 242, CPP). 
ATENÇÃO: Para a instalação de equipamento necessário à captação e à interceptação ambiental de sinais eletromagnéticos, óticos ou acústicos, a circunstanciada autorização judicial a que se refere o art. 2º, IV, Lei 9.034/95 (escuta ambiental), pode determinar a realização da diligência no período noturno, sob pena de se frustrar a finalidade da medida, mormente quando se tratar de local com grande movimentação durante o dia (Informativo 529 do STF: Inq. 2.424/RJ).
Finalidade: é possível para prender pessoas (art. 240, §1º, “a” e “g”, CPP) ou apreender objetos de interesse criminal (art. 240 §1º, “b”, “c”, “d”, “e”, “f” e “h”, CPP).
Advogado: busca tem que ser acompanhada de representante da OAB. Se ele não for a prova será lícita do mesmo jeito. Não pode ser expedido de modo genérico, sem objeto definido.
Em regra, documento em poder do advogado do réu não pode ser apreendido, salvo:
a) Quando o documento é o corpo de delito do crime praticado pelo cliente (art. 243, § 2º, CPP). Ex.: escritura falsa; 
b) Quando o advogado é participante do crime, deixando, portanto, de ser (só) advogado (o advogado é o investigado ou um dos investigados).
STJ: Info 495: 
1) Configura excesso a instauração de investigações ou ações penais com base apenas em elementos recolhidos durante a execução de medidas judiciais cautelares, relativamente a investigados que não eram, inicialmente, objeto da ação policial. 
2) Consoante o disposto nos §§ 6º e 7º do art. 7º do Estatuto da OAB, documentos, mídias e objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem como demais instrumentos de trabalho que contenham informações sobre clientes, somente poderão ser utilizados caso estes estejam sendo formalmente investigados como partícipes ou coautores pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra de inviolabilidade. 
BUSCA E APREENSÃO. DOCUMENTOS. ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA. NOVA INVESTIGAÇÃO.
Cuida-se de habeas corpus no qual os impetrantes postulam o trancamento do inquérito policial devido à suposta nulidade no procedimento,

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