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Aula 06 Medicina Legal p/ Polícia Civil - MG (Investigador) Professor: Fatima Albuquerque Taufick 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 18 AULA 06 LEITURA PRÉ-PROVA - PARTE I PERÍCIAS E PERITOS A Medicina Legal é a contribuição da área médica, biológica, tecnológica e outras às necessidades da área jurídica em suas diversas acepções: elaboração de normas, administração judiciária e consolidação doutrinária. Classificação da Medicina Legal: Histórica: pericial, legislativa, doutrinária e filosófica. Profissional: pericial (IMLs), criminalística (Institutos de Criminalística) e antropologia médico-legal (Institutos de Identificação). Doutrinária: penal, civil, administrativa, trabalhista e canônica. Didática: Geral (ou jurisprudência médica - obrigações, deveres e direitos médicos) e Especial (antropologia, traumatologia, sexologia, tanatologia. toxicologia, asfixiologia, psicologia e psiquiatria forenses. medicina legal desportiva, criminalística, criminologia, infortunística, genética médico-legal, vitimologia e policiologia científica). PERÍCIA MÉDICO-LEGAL: conjunto de atos técnicos e científicos para esclarecer um fato de interesse da Justiça. - Pericia percipiendi: analise de um fato. - Pericia deducendi: análise de fatos discordantes ou contestados em uma perícia já realizada. Prova: a perícia visa à produção da prova (que é o elemento demonstrativo do fato) e se materializa por meio dos laudos (que são peças escritas referentes ao material examinado). Laudo médico-legal: peça pública anexada ao B.O. e ao inquérito policial, igualmente públicos (salvo segredo de justiça). As perícias podem ser realizadas em: vivos, cadáveres, esqueletos, animais, objetos e amostras biológicas. CORPO DE DELITO (CD): conjunto de alterações, lesões ou perturbações e suas causas (crimes contra a vida e a saúde do ser humano). Quando a infrac ̧ão deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. A inexistência de CD em crimes que deixam vestígios acarreta a nulidade do processo. CD DIRETO: realizado sobre os vestígios materiais. CD INDIRETO: realizado por testemunhas, na inexistência de vestígios materiais ou na impossibilidade de exame da vítima. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 18 Elementos imprescindíveis ao CD: � corpus criminis (corpo da vítima - pessoa ou coisa). � corpus instrumentorum (coisa material utilizada). � corpus probatorum (vestígios - provas materiais). A perícia pode ser feita por um único perito oficial, salvo nas perícias complexas (pode haver mais de um perito e mais de um assistente técnico). O MP, o assistente de acusação, o ofendido, o querelante e o acusado podem formular quesitos e indicar assistente técnico. Em causas criminais complexas, a autoridade que preside o inquérito pode nomear mais de um perito. Os peritos não oficiais (peritos ad hoc) devem assinar um termo de compromisso cuja aceitação é obrigatória (salvo suspeição ou impedimento). DEVERES DE CONDUTA DO PERITO: � de informação � de atualização profissional � de abstenção de abusos � de vigilância, de cuidados e de atenção DIREITOS DOS PERITOS: � de recusar o encargo (motivadamente). � de proteção contra desobediência ou desacato. � aos honorários periciais. � de livre desempenho da func ̧ão pericial. � de reserva de prestar esclarecimentos. ASSISTENTES TÉCNICOS: profissionais especializados em uma área específica que auxiliam e fiscalizam a elaboração da prova e a confecção do laudo pericial. Contratados por uma das partes, com aceitação espontânea. Não podem alegar suspeição e impedimento, mas possuem as prerrogativas de ouvir testemunhas, solicitar documentos e obter informações. DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS: anotações escritas que reproduzem uma manifestação do pensamento ou representam um fato a ser avaliado em juízo. a) NOTIFICAÇÕES: comunicações compulsórias relativas a um fato profissional, feitas por médicos às autoridades competentes. b) ATESTADO (ou CERTIFICADO): declaração, por escrito, de um fato médico e suas consequências. Documento particular, sem formalidades, fornecido por médico, de natureza institucional e conteúdo de fé pública. Pode ser administrativo, judiciário ou oficioso. Nas interdições judiciais, o documento requerido não é o atestado, mas o laudo médico, juntamente com o exame pericial (sob pena de nulidade). c) PRONTUÁRIO: "dossiê" contendo o acervo documental dos cuidados médicos. Pertence ao paciente (o médico e a instituição de saúde detêm somente a guarda). d) RELATÓRIO: descrição detalhada e minuciosa de uma perícia para responder a uma solicitação da autoridade (judiciária ou policial). Será LAUDO se elaborado por peritos na conclusão de seus trabalhos ou AUTO se ditado pelo perito a um escrivão, na presença de testemunhas. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 18 Partes do RELATÓRIO: � Preâmbulo � Quesitos � Histórico � Descrição: fragmento mais importante (visum et repertum). � Discussão � Conclusão � Respostas aos quesitos: não pode haver quesito sem resposta. � Assinaturas dos peritos (relator e revisor) e data. PARECER: impressões do perito sobre o mérito médico-legal de uma questão de fato. Possui todas as partes do relatório, exceto a descrição. A discussão e a conclusão são os destaques. e) DEPOIMENTO ORAL: relato oral pelo perito ao juiz em audiências nos tribunais. Consulta Médico-Legal: feita a especialistas para opinarem sobre o valor científico de um relatório em caso de dúvidas. TRAUMATOLOGIA FORENSE Lesões produzidas por vários tipos de energias. TIPO DE ENERGIA INSTRUMENTO (AÇÃO) TIPO DE LESÃO EXEMPLOS mecânica perfurante punctória estilete, agulha, furador de gelo, garfo cortante/ inciso cortante/ incisa navalha, lâmina de barbear, bisturi, atípicos: folha de papel, linha com pó de vidro ("cerol"), capim (capim navalha) contundente contusa meios ou instrumentos de superfície, e não de gume (ex: martelo, explosões) perfurocortante perfurocortante /perfuroincisa facas, punhal, canivete, lima, tesoura perfurocontun- dente perfurocontusa projéteis de arma de fogo (PAF), guarda- chuva cortocontundente cortocontusa foice, facão, machado, guilhotina, tesoura, rodas de trem, unhas, dentes física temperatura, eletricidade, luz, som, pressão atmosférica, radioatividade. química substâncias químicas ácidas ou cáusticas (vitriolagem), venenos. físico-química asfixias em geral. bioquímica perturbações alimentares, infecções. biodinâmica síndrome do choque, síndrome da falência múltipla de órgãos. mista fadiga, doenças parasitárias, sevícias (criança e ancião maltratados, tortura, violência contra a mulher). ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA LESÕES POR AÇÃO PERFURANTE: pontiagudas e finas, diâmetro menor que o do objeto, pouco nocivas na superfície e graves na profundidade, raramente sangram. A forma das lesões segue as Leis de Filhos e de Langer quando o instrumento perfurante possui médio calibre: � Primeira lei de Filhos: As soluções de continuidadedessas feridas assemelham-se às produzidas por instrumento de dois gumes ou tomam a apare ̂ncia de "casa de botão"; 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 18 � Segunda lei de Filhos: Quando essas feridas se mostram numa mesma região onde as linhas de força tenham um só sentido, seu maior eixo tem sempre a mesma direção; � Lei de Langer: Na confluência de regiões de linhas de forças diferentes, a extremidade da lesão toma o aspecto de ponta de seta, de tria ̂ngulo, ou mesmo de quadrilátero. Feridas em acordeão: a profundidade da lesão pode ser maior que o comprimento da arma se esta atingir tecidos superficiais deprimíveis. LESÕES PRODUZIDAS POR AÇÃO CORTANTE (ou INCISA): agem por meio do gume, por deslizamento linear. FERIDAS CORTANTES: forma linear, sem vestígios traumáticos, afastamento das bordas, centro mais profundo, bordas regulares, hemorragia abundante, cauda de escoriação voltada para o lado onde terminou a ação do instrumento, paredes lisas e regulares, fundo regular, comprimento predomina sobre a profundidade, vertentes oblíquas, perfil de aspecto angular ou em bisel, extensão da ferida menor que o real, não há escoriações, equimoses ou infiltração hemorrágica. "Lesões de defesa": feridas cortantes em mãos, braços ou pés. Sinal de Chavigny: ordem de lesões cortantes que se cruzam. Uma segunda lesão, quando produzida sobre uma lesão já existente, não adota um trajeto em linha reta. Ocorre uma angulação na segunda ferida, que possibilita determinar qual foi produzida primeiro. Tipos específicos de feridas cortantes (eventualmente cortocontusas): • Esquartejamento: divisão do corpo em partes. • Castração. • Decapitação: separação da cabeça e corpo. • Esgorjamento: ferida transversal (ântero-lateral) no pescoço, com profundidade suficiente para lesionar pele, vasos, nervos, músculos e órgãos mais internos (esôfago, laringe e traqueia). Morte por hemorragia, asfixia e embolia gasosa. • Degolamento: ferida posterior no pescoço. Morte por hemorragia ou lesão da medula. LESÕES PRODUZIDAS POR AÇÃO CONTUNDENTE: Os instrumentos atuam por pressão, explosão, deslizamento, percussão, compressão, descompressão, distensão, torção, fricção, por contragolpe ou de forma mista, causando grandes danos aos tecidos. A contusão pode ser ativa, passiva ou mista/biconvergente. FERIDAS CONTUSAS: � Rubefação: mancha avermelhada e transitória. � Escoriação: arrancamento da epiderme e desnudamento da derme. Não produz cicatrizes. � Equimose: infiltração hemorrágica superficial de tecidos. Equimoses figuradas: trazem a marca dos objetos causadores (pneus = estrias pneumáticas de Simonin, víbices = cassetetes e bengalas). Sugilação: forma de pequenos grãos. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 18 Sufusão: hemorragia maior, difusa. Petéquias: pequenas, pontilhado hemorrágico. Víbice: forma de estrias. Equimona: grandes equimoses. Manchas de Tardieu: equimoses profundas, subpleurais e subpericárdicas. Espectro equimótico de Legrand du Saulle: tonalidade da equimose. Espectro Equimótico de Legrand du Saulle 1º dia vermelha 2º e 3º dias violácea 4º ao 6º dias azul 7º ao 10º dias esverdeada por volta do 12º dia amarelada em torno do 15º a 20º dia desaparece � Hematoma: coleção de sangue de vasos calibrosos, formando cavidades. � Bossa linfática ou sanguínea: no couro cabeludo, sobre um plano ósseo ("galo"). � Feridas com forma estrelada, sinuosa ou retilínea, com bordas irregulares, escoriadas e equimosadas, fundo irregular, vertentes irregulares, pontes de tecido íntegro, retração das bordas, pouco sangrantes, integridade de vasos, nervos e tendões no fundo da lesão. � Fraturas: solução de continuidade dos ossos (fechadas ou abertas, diretas ou indiretas). � Luxações: perda do contato das superfícies de articulação de dois ossos. � Entorses: lesões articulares e ligamentares. � Roturas de vísceras internas: por grande impacto (fígado, baço, rins, pulmões, intestinos, pâncreas, suprarrenais, prolapso intestinal e genital). � Explosões: por ação mecânica (ferimentos, mutilações e fraturas) ou por ação da onda explosiva (síndrome explosiva ou blast injury: danos graves a órgãos internos). � Martelo: danos graves, afundamentos ósseos e perda de tecidos. Fratura em "saca-bocados" de Strassmann: ação perpendicular do instrumento. Sinal do mapa-mundi de Carrara: afundamento ósseo. Sinal em terraza de Hoffmann: ação tangencial com fratura triangular. � Encravamento: penetração de objeto em qualquer parte do corpo. � Empalamento: encravamento na região anal ou perineal. � Esmagamento: pressão ou compressão extremas (escoriações, feridas contusas, hematomas, fraturas e roturas de vísceras). � Atropelamento ferroviário: espostejamento (redução do corpo a diversos e irregulares fragmentos). LESÕES PRODUZIDAS POR AÇÃO PERFUROCORTANTE: agem por pressão e por secção, com a ponta e o gume. Lesões menores, iguais ou superiores ao diâmetro da arma, geralmente graves. Podem causar feridas em botoeira (um só gume), em fenda (dois gumes) ou triangular/estrelado (três gumes). LESÕES PRODUZIDAS POR AÇÃO PERFUROCONTUNDENTE: agem por perfuração e por contusão. Mais comuns: projéteis de arma de fogo (PAF). Rosa do tiro: área com diâmetro progressivamente maior pela separação de projéteis múltiplos. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 18 LESÕES PRODUZIDAS POR "PAF" (BALÍSTICA DOS EFEITOS): FERIMENTO DE ENTRADA: TIRO ENCOSTADO: ferida irregular, denteada ou com entalhes. Câmara de mina de Hoffmann ou "golpe de mina": feridas com vertentes enegrecidas e desgarradas, em planos ósseos (crânio). Em geral, não têm zona de tatuagem nem de esfumaçamento. Sinal de Benassi: halo de fuligem na lâmina externa do crânio, costelas e escápulas. Sinal de Werkgaertner: desenho da boca e da massa de mira do cano na pele. Diagnóstico: detecção de carboxiemoglobina, nitratos, nitritos e enxofre no sangue do ferimento. TIRO A CURTA DISTÂNCIA: possui efeitos primários (lesão de entrada) e secundários (resíduos de pólvora e partículas do projétil). Submodalidade: "TIRO À QUEIMA-ROUPA" (crestação de pelos, queimaduras da pele e zona de compressão de gases no vivo. Ferida arredondada ou elíptica, com orla de escoriação, bordas invertidas, halo de enxugo (orla de Chavigny), halo ou zona de tatuagem, orla ou zona de esfumaçamento, zona de queimadura, aréola equimótica e zona de compressão de gases. TIRO A DISTÂNCIA: não apresenta efeitos secundários. Ferida menor que o projétil, arredondada ou elíptica, com bordas invertidas e reviradas para dentro, orla de escoriação (anel de Fisch), halo de enxugo e aréola equimótica. Sinal de funil de Bonnet: diferencia o ferimento de entrada e o de saída na estrutura óssea (crânio). Ferimento em "buraco de fechadura": PAF incide tangencialmente no crânio. FERIMENTO DE SAÍDA: forma irregular, bordos evertidos, sangramento abundante, sem orla de escoriação, sem halo de enxugo e sem presença de elementos da pólvora. Pode ter aréola equimótica. Diâmetro maior que o de entrada. TRAJETO: caminho variável percorridopelo PAF no interior do corpo. Projéteis de alta energia: grande destruição de tecidos, exposição de estruturas profundas e orifícios bem maiores que o projétil. LESÕES PRODUZIDAS POR AÇÃO CORTOCONTUNDENTE: agem por pressão e ação deslizante do gume, mais a ação contundente. Causam lesões muito graves e profundas, sem cauda de escoriação nem pontes de tecido íntegro. Exemplos: espostejamento e mordeduras. ENERGIAS DE ORDEM FÍSICA: modificam o estado físico dos corpos, com dano corporal, à saúde ou morte. � TEMPERATURA 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 18 Frio Generalizado: causa alterações do SNC, sonolência, convulsões, anestesias, congestão e isquemia de vísceras. Hipóstase vermelho-claras, rigidez cadavérica precoce, intensa e muito lenta, espuma sanguinolenta nas vias respiratórias, erosão e hemorragias gástricas (Sinal de Wischnewski) e bolhas na pele (parecidas com as das queimaduras). Localizado (ou geladura): semelhantes às do calor. - Primeiro grau: palidez ou rubefação, pele anserina. - Segundo grau: eritema e bolhas. - Terceiro grau: necrose de tecidos moles, crostas escuras e espessas. - Quarto grau: gangrena ou desarticulação. Calor Difuso: � Insolação: calor do ambiente em locais abertos. � Intermação: calor do ambiente em locais confinados, com pouca ventilação. Direto: queimaduras. Avaliação: Regra dos Nove (área corporal atingida) e médico-legal (profundidade das lesões de Hoffmann): � Primeiro grau: eritema, edema e dor (Sinal de Christinson). Sem cicatrizes. � Segundo grau: eritema + vesículas com líquido seroso amarelo (Sinal de Chambert). � Terceiro grau: coagulação necrótica de tecidos (menos dolorosas). Atinge planos musculares e causa cicatrizes retráteis ou queloidianas. Infecciona facilmente. � Quarto grau: carbonização do plano ósseo, redução do volume total do corpo. Cadáver em "posic ̧ão de lutador". Sinal de Montalti: pesquisa de óxido de carbono no sangue e de fuligem nas vias respiratórias (para detectar se o indivíduo respirou durante um incêndio). Temperaturas oscilantes: predisposição a doenças. � PRESSÃO ATMOSFÉRICA Aumento: mergulhadores e trabalhadores subterrâneos. Descompressão brusca, com lesões de intensa gravidade (Mal dos Caixões), ou patologia de compressão (barotraumas). Diminuição: nas altitudes, pelo ar rarefeito (Mal das Montanhas, poliglobulia das alturas). � ELETRICIDADE Natural: descargas elétricas (raios). � Fulminação: ação letal. � Fulguração: lesões corporais. Artificial: eletroplessão (letal ou não). Lesão típica: marca elétrica de Jellinek. Metalização elétrica: lesão superficial. Morte pode ser pulmonar, cardíaca ou cerebral. � RADIOATIVIDADE: local (radiodermites) ou geral (atingem órgãos). 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 18 � LUZ: causam lesões nos olhos e na pele (luz intensa, infravermelho e ultravioleta). � SOM: doenças profissionais por exposição continuada a ruído excessivo. ENERGIAS DE ORDEM FÍSICO-QUÍMICA: Asfixias (impedimento à passagem do ar pelas vias respiratórias e alteração da bioquímica do sangue). Privação de oxigênio por impedimento mecânico e consequente acumulação de gás carbônico. 1ª fase: cerebral (1 a 2 minutos). 2ª fase: excitação cortical e medular (1 a 2 minutos). 3ª fase: respiratória (1 a 2 minutos). 4ª fase: cardíaca (3 a 5 minutos). Tipos de anoxias (ausência de oxigênio): - anoxia com acapneia (sem gás carbônico). Ex: asfixias mecânicas. - anoxia com hipercapneia (com gás carbônico). Ex: mal das montanhas. CARACTERÍSTICAS DAS ASFIXIAS MECÂNICAS: EXTERNAS: manchas de hipóstase, congestão da face, equimoses externas, cogumelo de espuma, projeção da língua, exoftalmia e alguns fenômenos cadavéricos atípicos. INTERNAS: equimoses viscerais (ou Manchas de Tardieu: equimoses puntiformes nos pulmões e no coração); sangue escuro e fluido, com alterações do pH, viscosidade diminuída e hiperglicemia asfíxica; congestão polivisceral (fígado asfíxico e mesentério) e Sinal de Étienne Martin (baço com pouco sangue); distensão e edema dos pulmões (com sangue espumoso). CLASSIFICAÇÃO DAS ASFIXIAS MECÂNICAS: I. Asfixias puras: anoxemia e hipercapneia. ASFIXIA POR GASES IRRESPIRÁVEIS: � Confinamento. � Asfixia por monóxido de carbono. � Asfixia por outros vícios de ambientes. IMPEDIMENTO À PASSAGEM DO AR NAS VIAS RESPIRATÓRIAS (SUFOCAÇÕES): Máscara equimótica de Morestin: congestão da face pelo refluxo do sangue da veia cava superior devido à compressão do tórax. Sinal de Valentin: congestão e distensão dos pulmões Sufocação indireta posicional: crucificação e posicionamento de ponta- cabeça. � Sufocação direta (obstrução de boca e narinas pelas mãos ou de outras partes das vias respiratórias). � Sufocação indireta (compressão do tórax). TRANSFORMAÇÃO DO MEIO GASOSO EM MEIO SÓLIDO OU PULVERULENTO (SOTERRAMENTO). TRANSFORMAÇÃO DO MEIO GASOSO EM MEIO LÍQUIDO (AFOGAMENTO). Afogados brancos de Parrot (ou afogados secos): morte por inibição, quando o indivíduo toca na água. Não há sinais de asfixia. Afogamento verdadeiro (afogados azuis ou úmidos): líquidos nas vias respiratórias e sinais de asfixia. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 18 Afogamentos em água doce: hipotônica em relação ao plasma. Ocorre hemodiluição e hipervolemia. Afogamentos em água salgada: hipertônica em relação ao plasma. Ocorre hipovolemia, hemoconcentração e edema pulmonar. SINAIS CADAVÉRICOS DO AFOGADO: - externos: pele anserina; retração do mamilo, do saco escrotal e do pênis; epiderme espessa, enrugada e esbranquiçada, que se destaca junto com as unhas; maceração da epiderme; livores mais claros; cogumelo de espuma; erosão dos dedos; corpos estranhos sob as unhas; equimoses da face e das conjuntivas; mancha verde no tórax e pescoço; lesões post mortem por animais aquáticos; embebição cadavérica, dentes e unhas róseos. - internos: líquido e corpos estranhos nas vias respiratórias; pulmões aumentados, com enfisema aquoso subpleural (Sinal de Brouardel), equimoses subpleurais maiores, irregulares e vermelho-claras (manchas de Paltauf); diluição do sangue (muito fluido e vermelho-claro); líquidos no sistema digestivo, no ouvido médio e nas cavidades pleurais; aumento do coração; hemorragias intramusculares; lesões na base do crânio; sinais gerais de asfixia (congestão polivisceral - "fígado asfíxico" de Étienne Martin, equimoses no pescoço e tórax, putrefação acelerada, mancha verde na face ou no tórax, congestão da cabeça). Afogamento: 1ª fase: cadáver afunda. 2ª fase: o cadáver flutua (no mar, flutuação mais precoce). 3ª fase: o cadáver afunda novamente. 4ª fase: o cadáver flutua novamente. II. Asfixias complexas: constrição das vias respiratórias, anoxemia e acúmulo de gás carbônico. Interrupção da circulação cerebral e inibição por compressão dos elementos nervosos do pescoço. ENFORCAMENTO: Constrição passiva do pescoço pelo peso do corpo, com a ação de um laço fixo que obstrui o ar pelas vias respiratórias. O laço pode ser duro (corda, cordão, arame), mole (lençol, gravata, cortina) ou semirrígido (cinto),sempre disposto ao redor do pescoço: posterior ou lateral, com ou sem nó. O corpo pode estar totalmente suspenso (suspensão típica ou completa) ou apoiado em algum ponto (suspensão atípica ou incompleta). Características: • Calor, zumbidos, sensações luminosas e perda da consciência, depois convulsões e excitação e, enfim, sinais de morte aparente, cessação da respiração e da circulação (morte real). • Cabeça fletida, voltada para o lado contrário ao nó, face pálida ou arroxeada, líquido ou espuma sanguinolenta na boca e nas narinas. Língua projetada e cianótica, olhos protrusos e orelhas violáceas. Rigidez tardia, hipóstase na metade inferior do corpo. • Sulco: marca em baixo relevo no pescoço, de posição superior, direção oblíquo-ascendente, contínuo ou interrompido no nó, podendo ser único, duplo, triplo ou múltiplo. Laços moles = sulco claro e leito amolecido Laços duros = sulco escuro e leito duro e apergaminhado. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 18 Sinais encontrados nos sulcos de enforcados: Sinal de Ponsold livores cadavéricos, em placas, por cima e por baixo das bordas do sulco Sinal de Thoinot zona violácea ao nível das bordas do sulco Sinal de Azevedo-Neves livores puntiformes por cima e por baixo das bordas do sulco Sinal de Neyding infiltrações hemorrágicas puntiformes no fundo do sulco Sinal de Ambroise Paré pele enrugada e escoriada no fundo do sulco Sinal de Lesser vesículas sanguinolentas no fundo do sulco Sinal de Bonnet marcas de trama do laço Sinal de Schulz borda superior do sulco saliente e violácea Sinais internos do enforcamento: � Hemorragias na parte profunda da pele e na tela subcutânea do pescoço, roturas e infiltrações sanguíneas do tecido muscular (Sinal de Martin) e equimoses retrofaríngeas. � Lesões dos vasos: Sinal de Amussat (secção transversal da túnica íntima da artéria carótida comum), Sinal de Étienne Martin (desgarramento da túnica externa da carótida) e Sinal de Friedberg (sufusão hemorrágica da túnica externa da carótida comum). � Lesões do aparelho laríngeo: fraturas das cartilagens. � Lesões da coluna vertebral: fraturas e luxações. Sinais a distância: sinais das asfixias em geral. Princípios do mecanismo da morte por enforcamento (Hoffmann): morte por asfixia mecânica, por obstruc ̧ão da circulação e por inibic ̧ão devido à compressão dos elementos nervosos do pescoço. ESTRANGULAMENTO: Constrição ativa do pescoço por uma força muscular estranha. Morte por obstrução à passagem do ar, interrupção da circulação ao cérebro e compressão dos nervos do pescoço. O laço pode ser mole (lenço, gravata), semiduro (cinto, corda) ou duro (arame, fio elétrico). Diferenças do sulco no enforcamento e no estrangulamento: Fases: resistência, perda da consciência e asfixia (convulsões e morte aparente, culminando com morte real). ENFORCAMENTO ESTRANGULAMENTO oblíquo ascendente horizontal variável conforme a zona do pescoço uniforme em toda a periferia do pescoço interrompido ao nível do nó contínuo em geral, único frequentemente múltiplo por cima da cartilagem tireóidea por baixo da cartilagem tireóidea quase sempre apergaminhado excepcionalmente apergaminhado de profundidade desigual de profundidade uniforme 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 18 Sinais: � Face tumefeita e violácea, espuma rósea ou sanguinolenta de narinas e boca, língua escura e projetada, pequenas equimoses. � Sulco: direção horizontal, profundidade uniforme e sem descontinuidades, com bordas cianóticas e elevadas e leito deprimido e apergaminhado. Sinal de Lesser: estrias ungueais e/ou vesículas sanguinolentas. � Lesões nos planos profundos do pescoço: infiltração hemorrágica dos tecidos, lesões da laringe e das carótidas (sinais de Amussat, de Friedberg e de Étienne Martin). � Lesões a distância: sinais clássicos de asfixia. Morte por asfixia, compressão dos vasos ou dos nervos do pescoço. Estrangulamento Antebraquial: constrição do pescoço por ação do braço e do antebraço do agressor (golpe de gravata). Alguns autores o referem como um tipo de esganadura. Estrangulamento branco de Claude Bernard-Lacassagne: morte por inibição (compressão nervosa do pescoço e reflexo laríngeo-pneumogástrico). Pressões relativamente leves que podem causar parada cardíaca. Os sinais de asfixia estão ausentes. III. Asfixias mistas: fenômenos circulatórios, respiratórios e nervosos se superpõem. ESGANADURA: Constrição do pescoço pelas mãos e consequente obstrução da passagem do ar pelas vias respiratórias. É sempre homicida. Morte por asfixia, inibição reflexa ou isquemia encefálica. Presença de outras lesões, principalmente traumáticas, relacionadas às agressões. Características: congestão da face, das conjuntivas, equimoses puntiformes na face e no pescoço, escoriações ungueais, equimoses arredondadas, lesões de defesa. Infiltrações hemorrágicas profundas no pescoço, lesões da laringe e lesões de vasos. Sinais das asfixias em geral. ENERGIAS DE ORDEM QUÍMICA: CÁUSTICOS - atuam externamente. - substâncias com efeito coagulante: causam desidratação dos tecidos e resultam em escaras endurecidas com várias tonalidades. - substâncias com efeito liquefaciente: causam escaras úmidas, translúcidas e moles. Escaras produzidas após a morte: têm aspecto apergaminhado, de cor marrom escura e não apresentam reação vital em exames histoquímicos e histológicos. Aspecto das lesões X identidade da substância: - ácidos: escaras secas e de cor variável. - álcalis: escaras úmidas, moles e untosas. - sais: escaras brancas e secas. Natureza jurídica: acidental ou criminosa (face, pescoço e tórax). Raramente voluntária. "Vitriolagem": óleo de vitríolo (ácido sulfúrico), antigamente. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 18 VENENOS - atuam internamente. Classificação dos venenos: a) estado físico: líquidos, sólidos e gasosos; b) origem: animal, vegetal, mineral e sintético; c) funções químicas: óxidos, ácidos, bases e sais (funções inorgânicas); hidrocarbonetos, álcoois, acetonas e aldeídos, ácidos orgânicos, ésteres, aminas, aminoácidos, carboidratos e alcaloides (funções orgânicas); d) uso: doméstico, agrícola, industrial, medicinal, cosmético e venenos propriamente ditos. Vias de penetração: oral, gástrica, retal, inalatória, cutânea, subcutânea, intramuscular, intraperitoneal, intravenosa, intra-arterial e intratecal (orogastrointestinal + comum). Percurso no organismo: penetração, absorção, distribuição, fixação, transformação, eliminação, mitridatização, toxicidade, intolerância, sinergismo e equivalente tóxico. CONCEITOS: ABSORÇÃO Veneno chega à intimidade dos tecidos (+ em mucosas). Gastrointestinal + frequente, pulmonar + grave. A velocidade da absorção depende da solubilidade, da concentração, da superfície de contato e da via de penetração do veneno. FIXAÇÃO A substância tende a se localizar em determinados órgãos, de acordo com o seu grau de afinidade. TRANSFORMAÇÃO O organismo busca se defender da ação tóxica do veneno, facilitando sua eliminação e diminuindo seus efeitos nocivos, pormeio de reações que produzem substâncias mais solúveis, menos agressivas e de eliminação mais fácil. DISTRIBUIÇÃO O veneno caminha pela circulação e atinge vários tecidos, dependendo de sua menor ou maior afinidade por cada tipo. ELIMINAÇÃO O veneno é expelido pelas vias naturais: sistema urinário (principal), digestivo (vômitos e evacuações), ar expirado, suor, saliva e bile, bem como cabelos, unhas, placenta e leite. MITRIDATIZAÇÃO Elevada resistência orgânica aos efeitos tóxicos dos venenos, por ingestão repetida e progressiva de substâncias de alto teor venenoso, resultando em um estágio de resistência não encontrado na maioria das pessoas. TOXICIDADE Propriedade de uma substância causar, por efeito químico, um dano interno a um organismo vivo. INTOLERÂNCIA Sensibilidade excessiva de alguns indivíduos a pequenas doses de veneno, geralmente imperceptíveis em outras pessoas. SINERGISMO Ação potencializadora dos efeitos tóxicos decorrentes da ingestão simultânea de várias substâncias venenosas. EQUIVALENTE TÓXICO Quantidade mínima de veneno capaz de, por via intravenosa, matar 1 kg do animal considerado. ENVENENAMENTO: conjunto de elementos caracterizadores da morte violenta ou do dano à saúde ocorridos pela ação de determinadas substâncias de forma acidental, criminosa ou voluntária. Pode ser agudo ou crônico, dependendo da quantidade, da velocidade da absorção e da sensibilidade individual, evidenciando manifestações inespecíficas (síndrome geral de adaptação) e específicas (de acordo com cada grupo de venenos). 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 18 DIAGNÓSTICO a) Critério clínico: análise dos sintomas e sinais da vítima e das fases do envenenamento em relação aos antídotos ministrados. b) Critério circunstancial (ou critério histórico ou policial): analisa circunstâncias ligadas ao evento. c) Critério anatomopatológico: informação de natureza anatômica ou histopatológica, por meio de processos degenerativos da ação de certas substâncias (exame microscópico). Utilizado em lesões por substâncias cáusticas. d) Critério físico-químico ou toxicológico: busca isolar, identificar e dosar, no material examinado, as substâncias tóxicas suspeitas, por meio de métodos qualitativos e quantitativos. e) Critério experimental: quando os meios químico-analíticos se mostram ineficazes. f) Critério médico-legal: síntese de todos os outros - raciocínio lógico que considera os demais dados e a ausência de outras lesões que possam justificar o envenenamento (análise toxicológica ou físico-química e os achados anatomopatológicos colhidos da vítima). BODY PACKER: pessoas que conduzem drogas ilícitas no interior do seu organismo (estômago e intestinos) para contrabando. SÍNDROME DO BODY PACKER: graves efeitos à vida e à saúde, e quase sempre a morte, decorrentes do rompimento de bolsas ou cápsulas com droga no interior do estômago ou dos intestinos (invasão maciça da droga na corrente sanguínea). Diagnóstico: • no vivo: radiografia do abdome; • no cadáver: presença de cápsulas e alterações do estômago/intestinos, análise toxicológica; • exame pós-exumático: possível a identificação do veneno, em qualquer tempo de morte. BODY PUSHER: pessoas que transportam pequenas quantidades de droga nos orifícios naturais (ânus e vagina). CONCEITOS: TOXICOLOGIA estuda os tóxicos e as intoxicações (os efeitos nocivos decorrentes das interações de substâncias químicas com o organismo). Busca estabelecer limites de segurança relativos à interação entre meios biológicos e tóxicos. TOXICOLOGIA FORENSE visa detectar e quantificar as substâncias tóxicas, reconhecer, identificar e quantificar o risco relativo da exposição humana a estes agentes. TOXICOFILIA (OU TOXICOMANIA) estado de intoxicação periódica ou crônica, nociva ao indivíduo ou à sociedade, produzida pelo repetido consumo de uma droga natural ou sintética. TÓXICO (OU DROGA) substâncias naturais, sintéticas ou semissintéticas passíveis de provocar tolerância, dependência e crise de abstinência. Produzem alterações e modificações no funcionamento normal do organismo. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 18 TOLERÂNCIA necessidade de doses cada vez mais altas de uma substância. DEPENDÊNCIA interação entre a substância tóxica e o metabolismo orgânico do indivíduo. CRISE DE ABSTINÊNCIA síndrome que cursa com inquietação, irritabilidade, tremores, náuseas, vômitos, anorexia e distúrbios do sono. DOSE LETAL MÉDIA (DL50) grau de toxicidade de uma substância (dose capaz de matar 50% dos indivíduos de uma população em teste). ANTÍDOTO possui efeitos antagonistas aos efeitos tóxicos de uma substância. DROGAS NATURAIS não contêm produtos químicos nem podem ser produzidas em laboratórios (exemplos: ópio, papoula). DROGAS SEMI- SINTÉTICAS drogas naturais + alterações químicas artificiais. DEPENDÊNCIA FÍSICA necessidade fisiológica da droga. A suspensão brusca causa "crise de abstinência". DEPENDÊNCIA PSICOLÓGICA compulsão de administrar a droga. DROGAS PSICOTRÓPICAS ou PSICOATIVAS: atuam no SNC. 1 - Depressoras (psicolépticos): diminuem a atividade cerebral e a quantidade das respostas funcionais e reflexos. Exs: álcool, morfina, heroína, cola de sapateiro, ópio. 2 - Estimulantes (psicoanalépticos): aumentam a atividade do SNC. Exemplos: cocaína, crack, ecstasy, anfetaminas. 3 - Perturbadoras (psicodislépticos): modificam a qualidade da atividade cerebral. Exemplos: maconha, LSD, heroína, cogumelo, ecstasy. PRINCIPAIS TIPOS DE TÓXICOS: MACONHA Cannabis sativa (cânhamo). Cigarro ou cachimbos, xaropes, pastilhas, infusões ou folhas para mascar. Princípio ativo: THC (tetra-hidro-canabinol). Atua nos centros nervosos superiores. Efeitos: prostração ou agitação, lassidão, comportamento excêntrico, alterações da memória e desorientação. Alteração da percepção e alterações psicológicas. É comum a associação a outras substâncias. MORFINA Derivada do ópio. Injeção intramuscular. Processo de intoxicação rápido e dependência acentuada. Enfraquecimento precoce da inteligência, da memória e da vontade. No início: euforia, disposição, extroversão e alegria ("lua de mel da morfina"). Depois: "período de estado" e fase de caquexia (emagrecimento, palidez, envelhecimento precoce, insônia, tremores, angústia, desespero, vômitos, queda de cabelo e impotência sexual). Morte por tuberculose ou alterações cardíacas. HEROÍNA Droga sintética (éter diacético da morfina — diacetilmorfina). Injetada ou cigarro. 5X vezes mais potente que a morfina. Efeitos mais graves e rápidos e dependência muito precoce. Náuseas, vômitos, delírios, convulsões, bloqueios do sistema respiratório, morte. COCAÍNA Folhas da coca, ação estimulante. Mucosa nasal (aspiração), mucosa gengival (fricção) ou injeção. Perfuração do septo nasal (pela via nasal). 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 18 Decadência física com humor imoderado e injustificável. Olhos fundos, brilhantes, midríase, tremores e tiques nervosos com excitações repentinas.Alta nocividade: depressão, angústia, alucinações, delírios de perseguição e complexo de culpa, morte por alterações cardíacas. Sintomas de intoxicação aguda: a) psíquicos: excitação motora, agitação, ansiedade, confusão mental e loquacidade. b) neurológicos: afasia, paralisias, tremores, convulsão. c) circulatórios: taquicardia, aumento da pressão arterial, dor precordial. d) respiratórios: polipneia, síncope. ECSTASY (MDMA) Anfetamina modificada, com ação cerebral diferente e duradoura. Taquicardia, hipertensão, convulsões, trombose, hemorragia cerebral, xerostomia, hipertermia, sede, diminuição de apetite e da atenção, pânico, irritabilidade, ansiedade, morte súbita. LSD 25 Droga alucinógena semissintética. Ergotina do centeio (dietilamina do ácido lisérgico). Tabletes de açúcar ou pedaços de cartolina. Depressão, tristeza, fadiga, mudanças do comportamento, percepção equivocada do mundo exterior, delírios, alucinações, convulsões e pesadelos ("suicídio do drogado"). Reações: 1º grupo: reação megalomaníaca ("todo-poderoso"). 2º grupo: depressão, angústia e solidão. 3º grupo: perturbações paranoicas. 4º grupo: confusão geral, ilusões, alucinações, desorientação. BARBITÚ- RICOS Sedativos e calmantes (medicamentos para epilepsia, cefaleia, hipnose, úlcera péptica, hipertensão arterial e distúrbios do sono). Tremores, marcha alterada, disartria, sonolência, confusão, apatia e bradipsiquia. Depressão do SNC, coma e morte. A suspensão abrupta causa desordens psíquicas e convulsões. ÓPIO Papoula Papaver somniferum. Cigarros. Pouco usado no Brasil. Inicialmente: excitação com hiperatividade funcional e estímulo das funções psíquicas. Depois: depressão, indiferença, abatimento, embotamento da inteligência, alterações da memória e intensificação da prostração e da angústia. ANFETAMI- NAS Ingeridas ou injetadas. Uso para evitar o sono, desinibir ou euforizar. Inquietação psicomotora, incapacidade de atenção, obnubilação da consciência, estado de confusão e manifestações delirantes. CRACK Subproduto da pasta base da cocaína. Indivíduos de baixo poder aquisitivo. Aspiração em cachimbos. Efeitos semelhante à cocaína: mais rápidos e mais deletérios. Altamente viciante. Midríase, irritabilidade, agressividade, delírios, alucinações, ansiedade e cansaço extremo. COGUMELO Alucinógenos naturais, alta toxicidade, infusão ou ingestão. Delírios, alucinações, percepção de sons e cores incomuns. - manifestações coléricas: vômitos, cólicas, diarreia, cãimbras e desmaios. - manifestações hepatorrenais: icterícia, hematúria e oligúria. - manifestações neurológicas: agitação, delírios, euforia, convulsões e coma. COLA DE SAPATEIRO Age rapidamente sobre o SNC. Duração breve. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 18 Euforia e alucinação-depressão. Lesões graves na medula, nos rins, no fígado e em nervos periféricos. MERLA Obtida da pasta de coca, com o uso de produtos químicos altamente tóxicos (benzina, querosene, gasolina, ácido sulfúrico, éter e metanol). Cigarros ou cachimbos. Opção mais barata do crack, com maior poder destrutivo. Efeitos passageiros: sensação inicial de bem-estar e leveza, depois sensações de inquietação, agitação, alucinação. Substâncias químicas se acumulam na pele e atingem fígado, cérebro, pulmões e coração. EMBRIAGUEZ ALCOÓLICA (estágio) - manifestações da intoxicação aguda por álcool (episódica e passageira). ALCOOLISMO (estado) - perturbações pelo uso imoderado do álcool (crônicas). ALCOOLEMIA (taxa) - dosagem do álcool no sangue (exame em cromatina gasosa). BEBIDAS ALCOÓLICAS: teor alcoólico ≥ 0,5 grau Gay-Lussac. • fermentadas: fermentação natural, menor teor alcoólico (vinho, cerveja). • destiladas: destilação em alambique, alta concentração alcoólica (uísque, cachaça). • alcoolizadas artificialmente: álcool + produtos fermentados (vinho do Porto). EMBRIAGUEZ ALCOÓLICA AGUDA: caráter passageiro e episódico. � manifestações físicas: congestão conjuntival, taquicardia, taquipneia, taquisfigmia e hálito alcoólico-acético. � manifestações neurológicas: alterações do equilíbrio (sinal de Romberg), marcha ebriosa e coordenação motora alterada: ataxia, dismetria, dissinergia ou assinergia e disdiadococinesia. Disartria, alterações do tônus muscular, inibição da sensibilidade, fenômenos vagais e baixa dos sentidos. � manifestações psíquicas: alterações do humor, do senso ético, da atenção, da senso-percepção, do curso do pensamento e da associação de ideias. Fases da embriaguez: - Fase de excitação (fase de euforia). - Fase de confusão (fase médico-legal, fase agitada). - Fase de sono (fase comatosa, fase de inconsciência). Tolerância ao álcool: capacidade individual de se embriagar (mesma quantidade de álcool causa efeitos diferentes em indivíduos diferentes). Depende de: peso do indivíduo; concentração alcoólica da bebida, ritmo da ingestão, plenitude do estômago e absorção intestinal; hábito de beber e sensibilidade ao álcool. Metabolismo do álcool etílico: absorção na via digestiva fígado circulação sanguínea e linfática tecidos. Desintoxicação: ocorre por oxidações sucessivas (transformação em aldeído, ácido acético, gás carbônico e água) - metabolização de 90 a 95% do álcool ingerido. Pequenas quantidades são eliminadas sem oxidação (pelos pulmões, rins, pele, glândulas salivares e intestinos). 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 18 CURVA ALCOOLÊMICA DE CALABUIG: Primeira linha: curva de difusão ou absorção; Pico: nível de manutenção (concentração máxima); Linha descendente: curva de eliminação (desintoxicação por oxidação). Pesquisa bioquímica do álcool: Saliva: desaconselhada (substâncias redutoras voláteis na saliva podem dar falsos resultados). Urina: sem valor absoluto (variações de concentração pelo nº micções e plenitude da bexiga). Líquor: mais invasiva (usada em cadáveres). Ar expirado: relação álcool-bióxido de carbono no ar expirado (método de Harger e de Forrester). Sangue: um dos mais importantes (base dos valores de referência). Método da cromatografia gasosa (credibilidade e especificidade) e macrométrico de Nicloux. Dosagem de álcool no cadáver: sangue puncionado da veia femoral. Não deve ser feita na putrefação cadavérica (etanol e substâncias redutoras alteram os resultados). Determinação da embriaguez pela dosagem bioquímica do álcool no sangue: 0,6 a 2,0 g/1.000 ml (em regra). Considerar as manifestações clínicas da embriaguez, e não somente a investigação bioquímica. < 0,5 g/1.000 ml intoxicação inaparente 0,5 a 2,0 g/1.000 ml presença de distúrbios tóxicos > 2,0 g/1.000 ml estado de embriaguez Meios indiretos: coágulos, líquor e medula óssea. Formas de embriaguez: � Embriaguez culposa e preterdolosa: não isentam de responsabilidade. � Embriaguez fortuita e por força maior: pode haver isenção da pena. � Embriaguez acidental: pode ocorrer isenção da responsabilidade. � Embriaguez preordenada: é agravante (em regra). � Embriaguez patológica: pode levar à inimputabilidade. � Embriaguez habitual: efeitos constantes do álcool. ALCOOLISMO: ingestão continuada e imoderada de álcool ("personalidade alcoolista"). a) Manifestações somáticas: hepatomegalia, edemas palpebrais, tremores,ventre aumentado, pescoço fino, alterações da marcha, congestão das conjuntivas, dispepsia, vermelhidão da face. b) Manifestações neurológicas: alterações degenerativas em nervos periféricos: 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG LEITURA PRÉ-PROVA - Parte I Profª. Fatima Albuquerque Taufick Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 18 � Polineurite; � Poliencefalite superior hemorrágica de Wernicke; � Síndrome de Korsakow (ou síndrome amnésica ou psicose polineurítica). c) Manifestações psíquicas: alterações da atenção, afetividade, volição, memória, senso ético, senso-percepção, ideação, consciência e capacidade de julgamento. "Psicoses alcoólicas": delirium tremens; alucinose dos bebedores; delírio de ciúmes dos bebedores; epilepsia alcoólica; dipsomanias. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa
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