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RESUMO MEDICINA LEGAL

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1 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
Aula 1: Sexologia Forense 
DEFINIÇÃO 
❖ Qualquer atividade sexual que a criança não possa compreender ou consentir, que pode incluir 
carícias, contato oral-genital, genital, anal, bem como exibicionismo, voieurismo e exposição à 
pornografia 
ABUSO SEXUAL 
❖ Proporções endêmicas 
❖ Somente 10 a 20% dos casos são denunciados 
❖ 67% das vítimas são menores de 18 anos 
❖ 5 a 23% das meninas com história de abuso sexual têm achados físicos 
SINAIS E SINTOMAS 
❖ Distúrbios alimentares, perda de peso 
❖ Dor abdominal, genital, anal 
❖ Atraso no desenvolvimento 
❖ Enurese, encoprese 
❖ Abandono de antigos hábitos lúdicos 
❖ Mudança de comportamento 
❖ Distúrbios de sono 
❖ Fuga do contato físico, isolamento 
❖ Fuga do lar, mentiras, furtos 
❖ Prostituição, promiscuidade 
❖ Homossexualismo 
❖ Sintomas conversivos 
❖ Alcoolismo, drogadição 
❖ Medos, pânico, fobia, depressão 
❖ Comportamento suicida 
FATORES DE RISCO PARA ABUSO SEXUAL INTRAFAMILIAR 
❖ Pai alcoolista 
❖ Pais violentos/abusados na infância 
❖ Mãe passiva, ausente, incapaz de opor-se ao pai 
❖ Pais com relação sexual perturbada/ inexistente 
❖ Padrasto com comportamento abusivo 
EVIDÊNCIAS FORENSES 
❖ Artigo 13 do ECA: “os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou 
adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva 
localidade, sem prejuízo de outras providências legais” 
❖ Artigo 245 do ECA considera infração administrativa “deixar o médico, professor ou 
responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou 
creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, 
envolvendo suspeita ou confirmação de maus tratos contra criança ou adolescente. pena: 
multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em casos de reincidência” 
 
2 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
QUANDO ENTREVISTAR? LEI Nº 13.431/2017 
❖ Com a finalidade de obter informações necessárias à realização e esclarecimento do exame 
pericial, com perguntas abertas (não sugestivas) 
❖ A vítima é por meio de escuta especializada e depoimento especial 
❖ Evitar a revitimização 
COMPLEXIDADE INVESTIGATIVA 
❖ Ausência de evidências físicas 
❖ 96% das vítimas com exames físicos normais 
❖ CRAI: 96% (2009) e 95% (2017) dos estudos com resultados negativos 
❖ Ausência de testemunhas oculares 
❖ Palavra da vítima - a única prova do abuso na quase totalidade dos casos 
❖ Crianças podem emitir relatos confiáveis e acurados sobre o próprio abuso 
EXAME FÍSICO 
❖ Avaliação do hímen 
• Variações himenais: anular, semilunar, franjado, cribiforme, septado, imperfurado 
• Óstio himenal (sinéquias de pequenos lábios), amplitude 
• Hímen dubitativo: entalhe congênito ou ruptura parcial cicatrizada 
• Captação de imagens 
• Examina-se cuidadosamente o aspecto e a disposição dos elementos da genitália 
externa 
• Tomem-se os grandes e os pequenos lábios entre as extremidades dos polegares e os 
indicadores, puxando-os para fora e para si, de modo que exponha inteiramente o 
hímen 
❖ Presença de espermatozoides 
• Coleta até 72 horas 
❖ Gestação 
• Encaminhar para responsáveis na avaliação ou interrupção gestacional 
• Interrupção de gestação: assegurar a cadeia de custódia na coleta e transporte dos 
restos placentários 
❖ Presença de fissuras anais ou rágades 
• Informações a respeito de patologias intestinais 
• Avaliar número/distribuição das fissuras e outros achados na região glútea/anal 
• Realizar discussão quando a resposta sobre ato libidinoso for NTEPR (não tenho 
elementos para responder): constipação crônica, diarreia, parasitoses, prurido anal 
• “os achados na região anal não são patognomônicos de abuso sexual. 
❖ Presença de doenças sexualmente transmissíveis 
• Considerar a idade, transmissões verticais ou por fômites 
• Mencionar no histórico a presença de cuidadores infectados 
• Descrever os exames médicos e/ou laboratoriais apresentados e tratamentos 
realizados 
• “não há evidência clínica atual da existência de doenças de transmissão sexual, 
entretanto o exame laboratorial ...” 
• “há evidência de alteração clínica, entretanto foram solicitados exames laboratoriais 
ou a periciada foi encaminhada para realizar avaliação médica e laboratorial cujos 
resultados estarão disponibilizados 
 
3 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
ACHADOS FÍSICOS COMPATÍVEIS NÃO PATOGNOMÔNICOS 
❖ Entalhes ou fendas na metade posterior do hímen, estendendo-se até próximo à abertura 
vaginal, confirmado em todas as posições 
❖ Condiloma acuminado em crianças com menos de 2 anos, sem história de contato sexual 
❖ Dilatação anal importante 
PECULIARIDADES DO EXAME EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES 
❖ Incompatibilidade do intercurso sexual (pênis ereto x criança pré-escolar) 
❖ Achados clínicos: dermatite amoniacal, problemas relacionados com a higiene (dentes 
sépticos, parasitoses, impetigo) 
❖ Lesões por automutilação 
❖ Relato ou exame pericial divergente da informação contida no boletim de ocorrência ou no 
histórico do caso informado pelo cuidador 
❖ Considerar vínculo afetivo/econômico da(o) periciada(o) com o suspeito 
❖ Urgência na internação pediátrica (trauma) ou psiquiátrica 
❖ Presença de técnica em perícia ou cuidador no momento do exame (cabeceira) 
❖ Informações sobre o resultado da perícia: 46 pacientes crianças e adolescentes examinados 
por médicos em emergências apresentando sinais e sintomas indicativos de abuso sexual 
reexaminadas por especialistas em abuso sexual: 70% (30 casos) com exame físico normal, 13% 
(7 casos) com sinais não específicos E 17% (9 casos) com evidências de violência sexual 
❖ Crianças são frequentemente submetidas a tipos de abuso sexual diferentes da penetração 
vaginal, anal ou oral, que não as expõe ao contato contaminante do agressor, tampouco deixa 
marcas físicas, considerar que em grande parte dos casos a violência sexual na infância é 
crônica e prolongada 
❖ Encaminhamentos: proteção e segurança 
 
 
4 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
Aula 2: Tanatologia Forense 
TANATOLOGIA 
❖ estuda a morte e os fenômenos médico-legais consequentes 
❖ Causa jurídica: 
• Natural: provocada por patologias agudas ou crônicas, não havendo responsabilidade a ser 
apurada (exceção em relação a fraturas de ossos longos, como consequência de fratura, 
sendo considerada morte violenta) 
• Violenta: decorrente de ação externa e lesiva (homicídio, suicídio e acidente), com 
necessidade de esclarecimento das circunstâncias do fato e apuração de reponsabilidades → 
algo a investigar 
• Suspeita: geram desconfiança sobre a etiologia devido ao fator inesperado 
• De causa desconhecida: tipo de morte natural em que não há suspeitas de homicídio, 
suicídio, acidente ou erro médico. Necessita avaliação anatomopatológica para a conclusão 
(Serviço de verificação óbito - VO) 
NECROPSIA 
❖ exame externo (necroscopia) e interno de um cadáver com a finalidade de determinar a realidade 
da morte sob o ponto de vista médico e jurídico e estabelecer a data provável do óbito 
❖ necropsia clínica: facultativa, depende do consentimento de familiares, indicada pelo médico 
assistente em caso de dúvida diagnóstica na morte de causa natural (patologistas) 
❖ necropsia médico-legal: obrigatória, solicitada por autoridade judiciária, policial ou militar na 
presidência de inquérito. Morte violenta (subsídio para causa jurídica) 
❖ Artigo 162 CPP – necropsia pelo menos 6h após o óbito 
❖ Quesitos: 
• Primeiro: se houve morte 
• Segundo: qual a causa da morte 
• Terceiro: qual o instrumento ou meio que produziu a morte 
• Quarto: se foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura, ou por 
outro meio insidioso ou cruel* (reposta especificada)*Cruel → espancamento, múltiplas facadas 
MORTE – FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS 
❖ É a cessação dos fenômenos vitais devido à parada das funções cerebral, respiratória e 
circulatória. Não existe um sinal patognomônico até o surgimento dos fenômenos transformativos 
do cadáver 
❖ DO → não pode ser preenchido com parada cardiorrespiratória 
❖ É um processo de velocidade variável, não sendo fenômeno isolado e instantâneo 
❖ Três fenômenos cadavéricos: (Borri) 
• abióticos imediatos 
• abióticos consecutivos 
• transformativos ou transformadores 
FENÔMENOS ABIÓTICOS IMEDIATOS 
❖ perda de consciência 
 
5 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
❖ perda da sensibilidade (tátil, térmica, dolorosa) 
❖ abolição da motilidade e tônus muscular 
❖ cessação da respiração 
❖ cessação da circulação 
❖ cessação da atividade cerebral 
FENÔMENOS ABIÓTICOS CONSECUTIVOS 
❖ Cronotanatognose → tempo que ocorreu a morte 
❖ Desidratação: 
• inicia 15 a 30 minutos após a morte 
• decréscimo do peso: evaporação água tecidual (8-18g/kg) 
• pergaminhamento da pele: endurecimento e sonoridade dos tecidos à percussão, 
coloração pardacenta e estrias consecutivas a arborizações vasculares 
• dessecamento das mucosas dos lábios: consistência e pardacenta (diagnóstico 
diferencial de lesões traumáticas e químicas) 
• modificação dos globos oculares: tela viscosa (líquido e poeira), perda da tensão do 
globo ocular, turvação da córnea transparente (estados agônicos prolongados) e 
mancha negra esclerótica (Sinal de Sommer e Larcher) 
 
❖ Esfriamento do corpo: 
• equilíbrio com temperatura ambiental em 20-24h 
• Temperatura de 20⁰C incompatível com a vida 
• resfriamento 1⁰C/hora nas primeiras 12h e 0,5⁰C/h nas 12h consecutivas 
• tecido adiposo, vestes e ambientes fechados oferecem resistência ao resfriamento 
corporal 
• crianças e idosos apresentam resfriamento mais acelerado 
• temperatura retal (necrômetro) 
❖ Manchas ou livores de hipóstase (cor violácea, exceto asfixia CO): 
• 1 a 3h após a morte (cronotanatognose) – fixação em 10h (8/12h) 
• preferencialmente na parte declive dos cadáveres (gravidade) 
• constantes, irregulares, estrias e manchas que se reúnem em placas arroxeadas 
(pressão na zona de livor) 
• ausentes nas escápulas, nádegas e panturrilhas (decúbito dorsal) 
• Manchas de hipóstase viscerais: pulmões, rins, intestinos e cérebro 
 
❖ Rigidez cadavérica: 
• Fenômeno físico-químico (enzimático) que corresponde a uma atividade vital muscular 
• Inicia pela face, mandíbula, pescoço, posteriormente atinge membros superiores, 
tronco e membros inferiores 
• Início entre 1 e 2h, atividade máxima em 8h a 12h (exceto afogado) 
• Posição: discreta flexão do antebraço sobre o braço, da perna sobre a coxa, polegares 
fletidos sobre os outros dedos e pés ligeiramente para fora 
• Desaparece quando inicia o fenômeno putrefativo (24h) 
FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS 
❖ Destrutivos (autólise, maceração séptica e maceração séptica): 
 
6 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
• Autólise: prejuízo nas trocas celulares e acidificação devido à falta de circulação 
sanguínea (meio neutro no vivo) 
 
• Maceração séptica: 
o descolamento de retalhos de pele com aspecto de luvas devido à penetração de água nos 
tecidos (afogados – maceração séptica) 
 
• Putrefação: 
o inicia após a autólise devido a fenômenos biológico e físico-químicos (germes aeróbicos e 
anaeróbicos) 
o mancha verde abdominal (intestino iniciando os fenômenos putrefativos, exceto em recém-
nascidos e fetos respiratória) 
o fatores intrínsecos: evolução mais rápida em recém-nascidos, crianças, obesos e em causas 
mortis específicas: infecções e mutilações 
o fatores extrínsecos: 
- temperaturas muito baixas ou altas retardam o processo 
- lugares secos (mumificação) e úmidos (saponificação) 
- ambientes de forte ventilação: mumificação 
 
o Períodos (fases) da Putrefação: 
Coloração (fase cromática) 
✓ iniciado pela mancha verde abdominal (fossa ilíaca direita – 20/24h), atingindo todo abdome, 
tórax, cabeça e membros, dura 1 semana 
✓ escurecimento da coloração esverdeada, verde-enegrecido (sulfometahemoglobina: hidrogênio 
sulfurado+hemoglobina) 
✓ afogados: inicia pela cabeça 
 
Gasoso 
✓ os gases de putrefação formam bolhas de conteúdo hemoglobínico na epiderme 
✓ aspecto de lutador: membros semifletidos 
✓ face vultuosa (lábios grossos, língua), abdome e genitália masculina 
✓ circulação póstuma de Brouardel: desenho vascular na derme causado pelo descolamento da 
epiderme (gases pressionam o sangue para a periferia) 
✓ começa em 48h e se mantém de 3 a 5 semanas 
Coliquativo 
✓ desintegração progressiva dos tecidos pela putrefação e fauna cadavérica 
✓ cadáver perde a forma 
✓ gases se dissipam e surgem larvas e insetos 
✓ varia de um a vários meses (depende do solo) 
Esqueletização 
✓ destruição completa das partes moles e ossos presos apenas por ligamentos articulares 
✓ ossos tornam-se frágeis e leves 
 
7 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
✓ dura meses ou anos 
 
❖ Conservadores (mumificação, saponificação, calcificação e maceração asséptica): 
• Mumificação 
o meio natural ou artificial 
o desidratação rápida impedindo a ação microbiana e putrefação 
o cadáver com peso reduzido, pele dura e ressecada, de tonalidade enegrecida (consistência do 
couro) 
o cabeça reduzida de volume 
o face com discretos traços fisionômicos 
o pressão e destruição de vísceras, músculos e tendões 
o dentes e unhas conservadas 
o em climas quentes e secos (desertos) 
 
• Saponificação (adipocera) 
o transformação do cadáver em substância amolecida, quebradiça, de tonalidade amarela-escura 
(aparência cera ou sabão) 
o surge após um período de putrefação (cadáver com segmentos limitados de adipocera) 
o água estagnada e solo argiloso, úmido e com pouco ar (maior concentração de água no solo) → 
Cemitério Inocentes de Paris 
o combinações de ácidos graxos e bases (cal, amoníaco e Mg) 
o tecido adiposo e músculos (putrefação) 
 
• Calcificação 
o petrificação do corpo 
o mais frequente em fetos mortos retidos no útero (litopédios – crianças de pedra) 
o ocorre a desintegração rápida de tecidos moles (putrefação) e o tecido esquelético assimila sais 
calcáreos 
 
• Maceração asséptica 
o quando o cadáver permanecer submerso em meio líquido asséptico (osmose). Processo 
especial sofrido pelos fetos com morte intrauterina (6º ao 9º mês gestacional – maceração 
asséptica) 
DECLARAÇÃO DE ÓBITO (DO) = ATESTADO DE ÓBITO 
❖ Certificar a existência da morte e registrar a causa (jurídica ou natural) 
❖ Documento médico-legal padronizado, em três vias (branca, amarela e rosa), fornecido pelo 
Ministério da Saúde: 
• rosa permanece no hospital ou com médico que assinou DO 
• branca e amarela com família (cartório e sepultamento) 
❖ 1950 – modelo internacional de atestado de óbito 
❖ 1976 – Padronização da DO brasileira (Ministério da Saúde) 
❖ Atestado de óbito = declaração de óbito 
❖ Certidão de óbito: declaração de óbito registrada em cartório → documento recebido quando a 
DO é entregue 
❖ Causa básica da morte: (estatísticas de mortalidade) 
• doença ou lesão que iniciou a sucessão de eventos mórbidos que levou à morte 
• circunstâncias do acidente ou violência que produziu a lesão fatal 
❖ 1ª linha: causa consequencial terminal ou imediata 
 
8 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
❖ 2ª linha: causa consequencial 
❖ 3ª linha: causa consequencial 
❖ 4ª linha: causa básica 
❖ Nascido vivo: “produto da concepção que, depois de expulso ou extraído completamente do 
corpo da mãe, respira ou dá qualquer outro sinal de vida, quer tenha ou não desprendida a 
placenta”. (registro de nascimento e declaração de óbito) 
❖ Perdas fetais: morte intrauterina independentemente da idade gestacional 
• precoces: menosde 20 semanas de vida intrauterina 
• intermediárias: entre 20 e 27 semanas 
• tardias: acima de 28 semanas 
• Declaração de óbito consta nome: natimorto 
• Conselho Federal Medicina (CFM) nº1.779 (11/11/2015) – gestação de 20 semanas, 
feto com peso de 500g e/ou 25cm 
• feto morto considerado como parte da mãe, sem obrigatoriedade do Registro Civil e 
DO 
❖ Mortes violentas ou suspeitas 
• médico legista após necropsia 
• paciente internado com causa básica traumática 
❖ Mortes naturais (resolução CFM nº 2.132 – 12/01/2016) 
• paciente com assistência médica: médico assistente 
• paciente hospitalizado: médico assistente ou substituto 
• paciente ambulatorial: médico da instituição ou Serviço de Verificação de Óbito (SVO) 
• paciente em tratamento domiciliar: médico de família/SVO 
• paciente sem assistência: SVO, médico de Sec. Saúde, qualquer médico do município 
• locais em que não há médico: duas testemunhas 
REGISTRO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO 
❖ Inumação simples (24h) 
❖ Inumação com necropsia 
❖ Cremação: 
• mortes naturais – DO assinada por dois médicos 
• mortes violentas – DO assinada por um médico-legista e autorização judicial 
❖ Embalsamamento: 
• introdução de líquidos conservadores nos vasos sanguíneos, cavidades abdominal e 
craniana para impedir a putrefação 
• transporte para fora do Estado ou país 
• sepultamento acima de 24h após o óbito 
• transporte sem conservação: até 24h entre o óbito e sepultamento 
❖ Inumar → enterrar 
❖ Exumar → desenterrar 
 
 
9 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
AULA 3: TRAUMATOLOGIA FORENSE 
❖ estuda as lesões e estados patológicos, imediatos ou tardios, produzidos por violência sobre o copo 
humano”. (França) 
❖ Tipos de energias, agentes ou instrumentos: 
1. Mecânicos 
2. Físicos 
3. Químicos 
4. físico-químicos 
5. biológicos 
6. Mistos 
INSTRUMENTOS MECÂNICOS 
❖ Causam mais lesões 
❖ Exercem pressão no corpo humano de três 
formas: 
• por um ponto: perfurantes (alfinete) 
• por uma linha: cortantes (navalha) 
• por uma superfície: contundentes (tijolo) 
• pérfuro-cortantes: perfura e corta ao 
mesmo tempo (faca, punhal, adaga) 
• corto-contundentes: corta e contunde ao 
mesmo tempo (facão, machado) 
• pérfuro-contundentes: perfura e contunde ao mesmo tempo (projetil arma de fogo) 
INSTRUMENTOS MECÂNICOS PERFURANTES 
❖ Feridas punctórias – perfurantes 
❖ Ação perpendicular à superfície do corpo 
❖ Característica da ferida: superfície externa muito pequena, com predomínio da profundidade 
❖ Objetos longos e de pontas afiadas: pregos, agulhas, estiletes 
❖ Ferimento transfixante: objeto atinge duas superfícies do corpo (atravessa uma região – entra e 
sai) 
INSTRUMENTOS MECÂNICOS CORTANTES 
❖ Feridas incisas - cortantes 
❖ Objetos de borda longa e delgada (gume/fio): facas, lâminas 
❖ Ação por deslizamento do gume sobre a superfície do corpo e por força perpendicular à superfície 
❖ Características da ferida: forma linear reta ou curvilínea, predomínio do comprimento sobre a 
profundidade, bordas e fundos regulares, ausência de trauma nas porções vizinhas, com caudas de 
entrada e saída 
❖ Caudas são características da ferida incisa – entrada (profunda) e saída (superficial) do instrumento 
❖ Ferimento mutilante: amputações totais ou parciais 
INSTRUMENTOS MECÂNICOS CONTUNDENTES 
❖ Feridas contusas - contusões, escoriações, lesões profundas 
❖ Objetos rombos: pedras, ferros, punho cerrado 
❖ Ação de força perpendicular ou oblíqua à superfície do corpo 
❖ Instrumentos lesivos mais comuns na prática médico-legal 
 
10 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
❖ Tipos de lesões contusas 
1. ferida contusa: forma e bordas irregulares, fundo irregular, causando trauma nos tecidos 
vizinhos (edema, equimose) 
2. contusões: lesões sem abertura da pele, trauma 
adjacente 
• eritema: área avermelhada no local lesionado, de 
duração breve até 5 horas (beliscão, bofetada, 
marcas de dedos) 
• edema: aumento difuso do local lesionado, 
reversível em horas ou dias – líquido extracelular 
• equimose: extravasamento de sangue para os 
tecidos. A avaliação da cor da equimose 
determina o tempo de evolução 
• hematoma: coleção de sangue extravazado para 
os tecidos, com aumento de volume local 
3. escoriações: abertura superficial (epiderme, parte da derme), evoluem com cicatrizes 
discretas ou ausente 
Exemplo: unhadas 
Elemento confundidos: parasitose, vaginite por coceira 
4. lesões profundas: força e violência do instrumento (fraturas, luxações, rupturas viscerais) 
produzindo uma onda de propagação do choque mecânico 
INSTRUMENTOS MECÂNICOS PÉRFURO-CORTANTES 
❖ Feridas pérfuro-incisas 
❖ Características: predomínio da profundidade sobre o comprimento, bordas lisas, ausência de 
trauma contuso 
❖ Objetos longos com uma ponta e um ou mais gumes (fio): adaga, punhal 
❖ Mecanismo de ação: força coincidindo com o eixo longitudinal (perfura e corta ao mesmo tempo) 
❖ Ferida em botoeira: lesão típica, penetrante na superfície corporal 
❖ Transfixante: atinge a superfície corporal oposta à lesão de entrada 
INSTRUMENTOS MECÂNICOS CORTO-CONTUNDENTES 
❖ Feridas corto-contusas 
❖ Objetos pesados e com fio (gume) grosseiro: facão, machado 
❖ Mecanismo de ação produzido pela força (elemento contundente) e pelo gume ou fio (elemento 
cortante) 
❖ Características das feridas: ausência de caudas, bordas pouco regulares, lesões traumáticas 
periféricas (equimose e edema traaumático) ou profundas (fraturas) 
INSTRUMENTOS MECÂNICOS PÉRFURO-CONTUNDENTES 
❖ Ferida pérfuro-contusa 
❖ Objetos de extremidade romba, longos e delgados: chaves-defenda, espetos sem ponta, projetis de 
arma de fogo (PAF) 
❖ Ação de perfurar (perfurante) e amassar os tecidos (contundente) 
❖ Características: bordas irregulares, predomínio da profundidade sobre a superfície (ferida 
penetrante ou transfixante) 
❖ Deve constar no laudo médico-legal: 
• número de feridas no corpo da vítima 
 
11 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
• trajeto do(s) projetil(s) no corpo 
• região(ões) atingida(s) 
• assinalar orifícios de entrada e de saída 
• cálculo aproximado da distância do disparo 
• descrever número e locais de encontro de projetis no corpo 
• encaminhar os projetis retirados do corpo para a autoridade solicitante (cadeia de custódia) 
• realizar desenho anatômico (bonecos) 
❖ Orifício de entrada: (menor) 
• bordos invertidos, mais regular 
• presença de orlas, zonas ou halos: 
✓ contusão e enxugo 
✓ equimose 
✓ tatuagem 
✓ esfumaçamento 
✓ queimadura ou chamuscamento 
❖ Orifício de saída: (maior) 
• bordos evertidos 
• ausência de orlas, zonas ou halos 
• forma estrelada e irregular 
❖ Orla de contusão e enxugo: invaginação da pele ocasionada pelo PAF ao entrar no corpo, com 
arrancamento da epiderme 
❖ Orla equimótica: formação de equimoses devido à tração e rompimento de vasos sanguíneos 
durante a formação do túnel de invaginação da pele 
❖ Zona de tatuagem: área em torno da lesão em que os grânulos pesados da pólvora permanecem 
encravados na derme. Não removidos durante a limpeza do corpo. 
❖ Zona de esfumaçamento: depósito das partículas leves de carvão sobre a epiderme, sem penetrá-la 
(lavável) 
❖ Zona de chamuscamento (queimadura): queima das roupas, pelos e epiderme pelos gases quentes 
do cano da arma 
❖ Tiro encostado → raro: 
• distância: junto ao alvo 
• sem orlas (buraco de mina Hoffman) 
• forma estrelada, irregular 
• bordos evertidos 
• queimadura junto ao orifício 
• pólvora no trajeto inicial 
❖ Tiro à queima roupa: 
• distância: 40-50 cm 
• orla de contusão e enxugo 
• orla de equimose 
• orla de tatuagem (70 cm) 
• orla de esfumaçamento (35 cm) 
• orla de queimadura (15 cm) 
❖ Tiro à distância: 
• distância: acima de 50 cm 
• orla de contusão e enxugo 
• orla equimótica 
 
12 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIAE ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
INSTRUMENTOS (AGENTES) FÍSICOS 
❖ Calor 
❖ Eletricidade 
❖ Frio 
❖ Pressão ambiental 
AGENTES FÍSICOS - CALOR 
❖ Por contato direto: chama ou corpos aquecidos → queimadura 
❖ Calor irradiado: solar (insolação) ou industrial (intermação) 
❖ Queimaduras: 
• 1º grau: lesões na derme e dilatação de vasos sanguíneos causando eritema → vermelhidão 
• 2º grau: extravasamento de líquidos dos capilares, com deslocamento da epiderme → bolhas 
ou flictenas 
• 3º grau: morte das células da pele por coagulação → escaras 
• 4º grau: queima de substâncias orgânicas, determinando uma zona de cor negra com grande 
concentração de carbono → carbonização 
AGENTES FÍSICOS – ELETRICIDADE 
❖ Queimadura (calor) é o efeito de corrente elétrica no corpo humano, devido à alta resistência da 
pele seca 
❖ Despolarização dos tecidos condutores: peles mais finas ou molhadas (morte imediata por inibição) 
❖ 3 tipos de lesões por eletricidade: 
• eletroplessão: eletricidade doméstica ou industrial 
• fulguração ou fulminação: raio 
• eletrocução: cadeira elétrica 
❖ Marcas de Jellineck – lesões de pele onde a corrente elétrica abandona o corpo 
❖ Marcas de Lichtenberg – lesões características de indivíduos atingidos por raio (lembrando folhas 
de samambaia) 
AGENTES FÍSICOS – FRIO 
❖ Efeitos gerais: queda do metabolismo e insuficiência circulatória (choque), sem sinais 
patognomônicos na necropsia 
❖ Efeitos locais: 
• intoxicação das células 
• congelamento da água dos tecidos → necrose 
• coagulação do sangue nos vasos, infarto e necrose de arteríolas e vênulas 
• desnatura proteínas → cozimento 
AGENTES FÍSICOS – PRESSÃO AMBIENTAL 
❖ Descompressão súbita causa danos ao organismo 
❖ Quando aumenta a pressão ambiental, os gases sanguíneos atingem concentrações mais elevadas. 
Na descompressão rápida, os gases formam bolhas no sangue → embolia gasosa 
❖ Exemplos: mergulhadores, pilotos e passageiros de aeronaves 
AGENTES QUÍMICOS 
❖ Cáusticos: lesam o organismo por destruição direta 
• coagulantes (cozimento): ácidos fortes – sulfúrico, clorídrico 
 
13 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
• liquefascientes (corrosão): bases fortes – amônia, soda cáustica → não causa morte 
imediata 
❖ vitriolagem: crime de lançar substâncias cáuticas 
❖ Venenos: interferem nas trocas metabólicas - arsênico, cianetos 
❖ Contexto de investigação: 
• Circunstancial 
• Toxicológico 
• anátomo-patológico 
• experimental 
• clínico 
AGENTES FÍSICO-QUÍMICOS 
❖ Radiações ionizantes 
❖ Tipos: 
• eletromagnética: propagação por ondas - Raio X 
• radiação de partículas: propagação linear 
❖ Efeitos: destruição de enzimas, mutações genéticas, alteração de RNA e DNA 
❖ Ação: diferem na capacidade de penetração, são indolores e provocam reações tardias 
AGENTES BIOLÓGICOS 
❖ Agente biológico: microrganismo capaz de causar infestação ou infecção 
❖ Exposição a doença sexualmente transmissível 
❖ Guerra bacteriológica 
❖ Infecções hospitalares 
❖ Infecções alimentares 
❖ Prevenção de patologias através de imunização 
AGENTES MISTOS 
❖ Eventos dolosos, culposos ou acidentais → causas e efeitos múltiplos 
❖ Inanição: voluntária, criminosa ou patológica. Emaciação (perda de massa muscular e gordura) e 
caquexia 
❖ Sede: desidratação hipertônica, delírio, prostração e morte 
❖ Fadiga: esforço desproporcional, sem capacidade de reequilíbrio do organismo (intoxicação lacto-
acidêmica). Sudorese, desidratação, coma e morte 
❖ Emoção: 
• morte mediata: trauma psíquico agravou patologia subjacente 
• morte imediata: completa perda tônus vasos sanguíneos (necropsia negativa) 
❖ Inibição: causada por estímulos periféricos violentos que determinam parada cardíaca, choque ou 
morte iminente (resposta reflexa do sistema nervoso) 
• Exemplo: golpe sobre o seio carotídeo 
(cervical), abdome (plexo solar) ou 
afogamento branco 
AGENTES MISTOS: ASFIXIAS 
• Enforcamento: 
• Estrangulamento: 
• Esganadura: força das mãos 
 
14 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
LESÃO CORPORAL – QUESITOS 
1. se há ofensa à integridade corporal ou à saúde (física ou mental) do paciente 
2. qual o instrumento ou meio que produziu a ofensa 
3. se foi produzida por veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura, ou por outro meio insidioso ou 
cruel 
4. se resultou incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias → paciente 
imobilizado (tala) 
5. se resultou perigo de vida → pneumotórax, alteração na FR ou FC 
6. se resultou debilidade permanente, ou perda ou inutilização de membro, sentido ou função 
(resposta especificada) 
7. se resultou incapacidade permanente para o trabalho, ou enfermidade incurável, ou 
deformidade permanente (resposta especificada) 
 
 
15 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
Aula 4: Asfixiologia Forense 
RESPIRAÇÃO NORMAL 
o Ar respirável: 21% de oxigênio, 28% nitrogênio e 0,03 CO2 
o 7% de oxigênio: distúrbios graves 
o 3% de oxigênio: óbito 
o Orifícios e vias aéreas permeáveis (entrada e saída de ar) 
o Elasticidade do tórax 
o Expansão pulmonar 
o Circulação sanguínea normal 
o Volume circulatório em quantidade e qualidade adequadas para transportar oxigênio aos 
tecidos (hematose) 
CONCEITO: 
o síndrome caracterizada pelos efeitos da ausência de oxigênio no ar respirável por 
impedimento mecânico de causa fortuita, violenta e externa em circunstâncias variadas. 
(França) 
o Perturbação oriunda da privação completa ou incompleta, rápida ou lenta, externa ou interna, 
do oxigênio. (França) 
o Ação de agente misto ou físico-químico 
FISIOPATOLOGIA 
o Duas fases: 
• Fase de irritação – apresenta dois períodos distintos: 
➢ dispneia inspiratória: consciência preservada, 1 minuto 
➢ dispneia expiratória: inconsciência, perturbação da sensibilidade, convulsões 
(ação CO2), 3 minutos 
• Fase de esgotamento: período inicial de morte aparente, seguido por período terminal 
(3 minutos) até o óbito 
ASFIXIA MECÂNICA 
o As características não são patognomônicas (específicas) 
o Sinais externos: 
1. manchas de hipóstase 
2. cianose da face (cor violácea pela deposição do sangue) 
3. equimose da pele e das mucosas – petéquias na conjuntiva ocular (ruptura de vasos 
capilares) 
4. cogumelo de espuma (consequência do esforço expiratório e inspiratório – produção de 
muco na via aérea) → afogados 
5. projeção da língua (se exterioriza entre os lábios) 
6. exoftalmia: globos oculares salientes 
o Sinais internos: 
• Manchas de Tardieu ou equimoses viscerais: equimoses puntiformes de vísceras - 
coração e pulmão (pericrâneo e timo), mais numerosas na infância e adolescência. 
Aumento da pressão arterial generalizada, devido à descarga adrenérgica, 
vasodilatação a nível pulmonar ou acúmulo CO2 sanguíneo. 
 
16 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
• Sangue líquido nas cavidades cardíacas: ausência dos coágulos. Característica de toda 
morte súbita (7 – 10 minutos) 
• Congestão visceral: mais observada em vísceras maciças como pulmão, rim, baço 
(contrações – Sinal Étienne Martin) e fígado (fígado asfíxico) 
• Equimoses sub-pleurais: semelhantes às Manchas de Tardieu, mas de maior tamanho 
(2 - 3 cm), mais frequentes em afogados (pressão sobre pulmões) 
o Não existe sinal isolado (patognomônico) de asfixia mecânica 
o Necessita avaliação detalhada do contexto 
CLASSIFICAÇÃO 
o Asfixias puras (anoxemia e hipercapnéia) 
o Asfixias complexas (constrição de vias aéreas com anoxemia e hipercapnéia, interrupção da 
circulação cerebral e inibição por compressão dos elementos nervosos do pescoço) 
o Asfixias mistas (superposição de fenômenos circulatórios, respiratórios e nervosos) 
ASFIXIAS PURAS (ANOXEMIA E HIPERCAPNÉIA) 
o Mudança do estado químico do ambiente: 
• Confinamento 
➢ Permanência em ambiente fechado 
➢ Ausência de condições de renovaçãodo ar 
➢ Redução gradual do oxigênio e acúmulo de gás carbônico (alteração química) 
➢ Aumento da temperatura e saturação do ambiente por vapores de água 
(alteração física) – desidratação (crianças) 
➢ Pode ser acidental, homicida ou suicida 
➢ Sem achados necroscópicos característicos 
➢ Sinais gerais das asfixias 
➢ Na ausência de histórico de correlação - indeterminada 
• Asfixia por monóxido de carbono 
➢ A ação do monóxido de carbono (CO) ao fixar-se na hemoglobina impede as 
trocas gasosas (hematose) 
➢ Alterações características: 
✓ rigidez precoce (produção ácido lático antes da morte) 
✓ tonalidade rósea da face 
✓ manchas de hipóstases claras 
✓ pulmões de cor vermelho vivo (carmim) 
✓ sangue fluido e rosa 
✓ putrefação tardia 
➢ Exame: dosagem de carboxihemoglobina na cavidade cardíaca 
✓ acima de 70-80%: certeza 
✓ acima de 50%: confirma diagnóstico 
• Asfixia por outros vícios do ambiente 
➢ Saturação do ambiente por outros gases: 
✓ Iluminação 
✓ gases de fossas e esgoto 
✓ gases de pântano 
o Perturbações dos mecanismos respiratórios (obstrução ar): 
• Sufocação direta 
 
17 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
➢ Conceito: asfixia mecânica produzida pela obstrução da passagem de ar de 
forma direta: 
✓ por oclusão da boca e fossas nasais 
✓ por oclusão das vias respiratórias – orofaringe, traqueia e brônquios 
➢ Mais frequente em acidentes (crianças) e homicídios, rara em suicídios 
➢ Sinais cadavéricos: 
✓ sinais gerais das asfixias (internos e externos) 
✓ sinais locais: marcas ungueais próximas das narinas, corpo estranho 
na árvore respiratória 
• Sufocação indireta 
➢ Conceito: asfixia mecânica produzida pela obstrução de ar através da 
compressão do tórax e abdome, impedindo os movimentos respiratórios 
(congestão compressiva de Perthes) 
➢ Achados cadavéricos: 
✓ máscara equimótica de Morestin (sangue represado na parte 
cefálica, não consegue retornar ao tórax) – refluxo sanguíneo da veia 
cava superior 
✓ não há obstrução de via aérea 
✓ escoriações e equimoses na superfície externa do tórax 
✓ fraturas de arcos costais 
✓ pulmões distendidos (sinal de Valentin) e congestos 
✓ fígado congesto, sangue fluido e escuro no coração 
➢ Acidentes (França, Rússia) ou homicídios (exortador) 
o Mudança do estado físico do ambiente: 
• Afogamento 
➢ Conceito: asfixia mecânica produzido pela penetração de um meio líquido ou 
semilíquido nas vias respiratórias, obstruindo a passagem de ar 
➢ Etiologia: acidental, homicídio ou suicídio 
✓ acidente: convulsão, luxação, mal-estar e traumatismo cefálico 
✓ homicídio: mais raro 
✓ suicídio-acidente (angústia e sofrimento da asfixia lenta) 
➢ Fases: 
✓ defesa: período de surpresa e de dispneia 
✓ resistência: parada dos movimentos respiratórios 
✓ exaustão: começa a inspiração profunda, perda de consciência, 
insensibilidade ou convulsões – óbito 
✓ Exceção: afogados brancos de Parrot (10%) – morte por inibição, 
antes do processo de asfixia e com menor quantidade de líquido nas 
vias aéreas 
➢ Tipos: 
✓ rápido: submersão rápida e permanência no interior da água, em 
torno de cinco minutos 
✓ lento: reação do indivíduo, indo e retornando ao fundo várias vezes, 
evolui para óbito após grande resistência 
➢ Sinais cadavéricos: 
✓ Sinais externos: pela permanência do cadáver na água 
▪ temperatura baixa da pele (retirada imediata da água) 
▪ pele anserina - Sinal de Bernt: contração dos músculos 
eretores dos pelos (ombros, face lateral coxas e braços) 
 
18 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
▪ retração do mamilo, escroto e pênis 
▪ maceração da epiderme: descolamento da epiderme de 
mãos e pés (dedos de luva – descolamento das unhas) 
▪ tonalidade vermelha dos livores cadavéricos: alterações 
hemáticas causando coloração rosada dos livores 
hipostáticos 
▪ cogumelo de espuma: em pessoas que reagiram dentro da 
água e cadáveres retirados precocemente do meio líquido. 
Atinge boca e narinas, sendo localizado líquido espumoso 
na traqueia e brônquios 
▪ erosão dos dedos: na face palmar das mãos e sob as unhas 
(areia, lama, corpos estranhos) devido à resistência ao se 
debater em planos profundos 
▪ equimoses de face e conjuntivas: principalmente em 
líquidos espessos 
▪ mancha verde da putrefação: a nível torácico (esterno) e 
não na fossa ilíaca direita (mancha verde abdominal) 
▪ lesões post mortem produzidas por animais aquáticos 
(pálpebras, lábios, nariz e orelhas) 
✓ Sinais internos: 
▪ Presença de líquido na via respiratória 
1. Presença de líquido na via respiratória: varia de 
acordo com o tempo de agonia do indivíduo 
forma de espuma branca, rósea, amarelada ou 
sanguinolenta → fungos, lama, material fecal 
2. Presença de corpos estranhos: Plâncton → conjunto 
de corpos estranhos microscópicos, minerais, 
vegetais e animais (exame histológico) 
3. Lesões dos pulmões: aumento excessivo dos 
pulmões, encobrindo o coração e com marcas dos 
arcos costais. Sinal de Brouardel → enfisema aquoso 
subpleural, dando aspecto de ‘esponja molhada’ na 
palpação (lobos superiores e hilo pulmonar). 
Manchas de Paltauf → dimensões maiores (+ 2 cm) 
do que as manchas de Tardieu, contornos irregulares 
e tonalidade vermelho clara devido à ruptura de 
alvéolos e capilares sanguíneos 
4. Diluição do sangue: explicada pela entrada de água 
no sistema circulatório a nível pulmonar, através da 
ruptura de pequenos vasos. Sangue vermelho claro, 
mais fluido e incoagulável (exame histológico) 
5. Presença de líquidos no sistema digestivo: Sinal de 
Wydler → conteúdo gástrico composto de três 
camadas: superior (espumosa), intermediária 
(aquosa) e inferior (sólida) 
6. Presença de líquidos no ouvido médio: presença de 
líquido e corpos estranhos 
▪ lesões na base do crâneo: (na ausência de traumatismo) 
1. Hemorragia temporal: Sinal de Niles – zona azulada na 
face ântero-superior do osso temporal por 
 
19 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
extravasamento de sangue no ouvido médio e seios 
parotídeos 
2. Hemorragia etmoidal: Sinal de Vargas Alvarado → 
zona azulada na base do crâneo (extravasamento de 
sangue no osso etmoide) 
✓ Putrefação: 
▪ Corpo sofre aceleração de fenômenos putrefativos ao ser 
retirado da água → cabeça mais baixa que os pés 
▪ 1ª fase: aumento da densidade 
▪ 2ª fase: gases da putrefação → 1 a 5 dias 
▪ 3ª fase: segunda imersão → ruptura tecidos moles e 
esvaziamento dos gases 
▪ 4ª fase: evolução para adipocera e diminuição do peso do 
corpo → segunda flutuação 
✓ Diagnóstico: 
▪ Situações a serem esclarecidas: 
▪ afogamento típico → acidente 
▪ morte natural ou violenta 
▪ simulação de afogamento → corpo sofre aceleração de 
fenômenos putrefativos ao ser retirado da água (cabeça 
mais baixa que os pés) 
▪ Diagnóstico não é realizado exclusivamente pelo exame 
externo (morte recente) 
▪ Causas jurídicas do afogamento (acidente, suicídio ou 
homicídio) nem sempre poderão ser esclarecidas pela 
Medicina Legal 
▪ Homicídio por afogamento em adultos - avaliação do 
conjunto de lesões com características vitais e não 
específicas de afogamento 
✓ Cronologia: 
▪ Maceração e putrefação cadavérica auxiliam a determinar 
o tempo em que o corpo permaneceu submerso. Os 
processos putrefativos são mais rápidos 
▪ Cabeça, pescoço e tórax iniciam a transformação 
putrefativa (congestão do segmento cefálico e mancha 
verde na face) 
▪ 1 mês após a morte → pele pardacenta, apergaminhada, 
rugosa e friável 
▪ 3 meses → pequenas crostas arredondadas de sais 
calcáreos sobre a pele 
▪ Local do afogamento → considerar o zooplâncton obtido 
das vias aéreas 
• Soterramento 
➢ 2 tipos: 
✓ obstrução da via respiratória por meio sólido 
✓ compressão da caixa torácica pelo peso do material 
➢ Diagnóstico: 
 
20 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
✓ presençade terra e substâncias sólidas na via respiratória, boca, 
esôfago e estômago (dependem do ato vital de respiração e 
deglutição) 
✓ encontro de lesões traumáticas: desabamento/desmoronamento 
➢ Sinais externos: 
✓ cianose e equimose da face e pescoço 
✓ pele recoberta por terra ou outro meio sólido 
➢ Sinais internos: 
✓ características gerais das asfixias 
✓ substâncias sólidas na via aérea, estômago e esôfago 
✓ lesões traumáticas: fraturas, escoriações 
 
ASFIXIAS COMPLEXAS 
o Constrição de vias aéreas com anoxemia e hipercapnéia 
o Interrupção da circulação cerebral 
o Inibição por compressão dos elementos nervosos do pescoço 
• Enforcamento 
➢ Asfixia caracterizada pela interrupção do ar atmosférico devido à constrição 
do pescoço por um laço fixo, sendo o peso do corpo a força ativa 
➢ Tipos de laço: duros (cordas), moles (gravatas) e semi-rígidos 
➢ Nó posterior ou lateral, obliquo ascendente 
➢ Suspensão típica ou completa: corpo fica totalmente suspenso, sem tocar 
qualquer ponto de apoio 
➢ Suspensão atípica ou incompleta: apoiado pelos pés, joelhos ou outra parte 
do corpo 
➢ Evolução: 
✓ Fenômenos durante o enforcamento: 
▪ período inicial: perda de consciência pela interrupção da 
circulação cerebral 
▪ segundo período: convulsões e excitação corporal pela 
hipoxemia (redução oxigênio), hipercapnéia (aumento do 
gás carbônico – CO2) e compressão do nervo vago 
▪ sinais de morte aparente até a morte real 
✓ Fenômenos de sobrevivência: 
▪ anóxia severa, recuperação da consciência e recuperação 
com lesões locais ou gerais 
▪ locais: sulco com lesões de pele, dor, disfagia 
▪ gerais: coma, amnésia, alterações psíquicas, paralisia 
esfincteres (reto, uretra, bexiga) 
➢ Lesões anátomo-patológicas: 
✓ Aspecto do cadáver: 
▪ Posição da cabeça voltada para o lado contrário do nó 
▪ Face branca ou arroxeada 
▪ Líquido ou espuma sanguinolenta pela boca e narinas 
▪ Língua cianótica e projetada para fora da arcada dentária 
▪ Protrusão ocular 
▪ Otorragia (pavilhão auricular violáceo) 
▪ Membros inferiores suspensos 
 
21 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
▪ Punhos cerrados 
▪ Rigidez cadavérica mais tardia 
▪ Manchas de hipóstase na metade inferior do corpo (mais 
intensas nas extremidades dos membros) 
▪ Equimoses post mortem 
➢ Sinais externos: 
✓ Diagnóstico de enforcamento baseado nas características do sulco 
cervical 
✓ Sulco único na maioria das vezes 
✓ Sulco situa-se na porção superior do pescoço 
✓ Sulco típico: de baixo para cima, da frente para trás (oblíquo 
ascendente) 
✓ Quanto mais delgado o laço, mais profundo será o sulco 
✓ Sinais encontrados no sulco: Sinal de Bonnet → marcas de trama do 
laço 
➢ Sinais internos: 
✓ Sinais profundos no pescoço: 
▪ infiltração hemorrágica da musculatura 
▪ lesões dos vasos (artéria do lado oposto ao nó). 
▪ Sinal de Amussat – secção transversal na artéria carótida 
comum 
▪ lesões laríngeas: fratura cartilagens tireóidea, cricoídea e 
fratura osso hioide 
▪ lesões da coluna vertebral: fraturas ou luxações de 
vértebras cervicais 
➢ Sinais à distância → geral: 
✓ congestão polivisceral 
✓ sangue fluido e escuro 
✓ pulmões distendidos 
✓ equimoses viscerais 
✓ espuma sanguinolenta na traqueia e brônquios 
➢ Mecanismo da morte por enforcamento: 
✓ por asfixia mecânica: ação do laço sobre a faringe 
✓ por obstrução circulatória: obstrução arterial – anóxia 
✓ por inibição: pressão sobre o feixe vásculo-nervoso (vago) 
➢ Achados necropsia: 
• Estrangulamento 
➢ Mecanismo: morte pela constrição do pescoço por um laço acionado por uma 
força que obstrui a passagem do ar na via respiratória, interrompe a 
circulação cerebral e comprime os nervos cervicais 
➢ Causa jurídica: homicídio 
➢ 3 fases: 
✓ Resistência 
✓ perda da consciência e convulsões 
✓ asfixia e morte aparente 
➢ Sulco: único, duplo ou múltiplo, direção horizontal (descendente ou 
ascendente), profundidade uniforme, sem descontinuidade, superposição do 
sulco onde o laço se cruza, bordas cianóticas e elevadas, leito deprimido e 
apergaminhado 
 
22 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
➢ Sinais externos: 
✓ face tumefeita e violácea 
✓ lábios e orelhas arroxeadas 
✓ narinas e boca com espuma rósea ou sanguinolenta 
✓ língua escura e projetada para fora da arcada dentária 
✓ sangue saindo do pavilhão auricular 
✓ equimoses na face, conjuntivas, pescoço e tórax anterior 
 
ASFIXIAS MISTAS 
o Superposição de fenômenos circulatórios, respiratórios e nervosos 
• Esganadura (pela ação do agressor) 
➢ Conceito: constrição do pescoço com as mãos, obstruindo a passagem de ar 
para a via aérea 
➢ Causa jurídica: homicídio (acompanhada de outras lesões) 
➢ Mecanismo: asfixia ou inibição (compressão nervos cervicais) 
➢ Sinais externos à distância: cianose da face, congestão conjuntival, equimose 
punctiformes da face e pescoço 
➢ Sinais externos locais: ação das unhas do agressor (estigmas ou marcas 
ungueais), escoriações (variação de lado) 
➢ Sinais internos: infiltrações hemorrágicas difusas na musculatura e tecido 
subcutâneo, fraturas das cartilagens tireóidea, cricoídea e osso hioide (mais 
frequente que no estrangulamento), lesões dos vasos cervicais (mais raras) e 
características das asfixias em geral 
NECROPSIA 
1. se houve morte 
2. qual a causa da morte 
3. qual o instrumento ou meio que produziu a morte 
4. se foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura ou por outro meio 
insidioso ou cruel (reposta especificada) 
CIÊNCIA FORENSE E CRIMINOLOGIA → FORCA 
o Nicolae Minovici, romeno 
o 1904 
 
23 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
o Experimento em si mesmo 
o Distúrbio de visão, coloração da pele, zumbido nos ouvidos 
 
24 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
Aula 5: PSIQUIATRIA FORENSE 
HISTÓRIA 
✓ Psiquiatria e Medicina Legal → normalmente reunidas no mesmo departamento 
✓ Fase do Nascimento – de 1830 a 1920 (75 trabalhos) → José Carlos Teixeira Brandão: 
legislação para proteger doentes mentais e Afrânio Peixoto: fundador Psiq. Forense 
✓ Fase do Desenvolvimento – de 1921 a 1961 (200 trabalhos) → criação do primeiro manicômio 
judiciário RJ 
✓ Fase do Declínio – de 1962 a 1994 (84 trabalhos) → constrangimento 
✓ Fase do Renascimento (1995) → regulamentação da internação psiquiátrica involuntária - prof. 
Álvaro Rubim de Pinho 
TIPOS DE AVALIAÇÕES PERICIAIS CÍVEIS OU CRIMINAIS 
✓ Transversais – no momento, visando estabelecer uma situação presente: superveniência de 
doença mental (crime - após delito, sintomas de doença mental; no cível - interdição) 
✓ Retrospectivas – esclarecimento de fato pretérito (imputabilidade penal: inimputável ou semi-
imputável – medida de segurança, anulação de ato jurídico - no cível) 
✓ Prospectivas – avalia prognóstico de risco (livramento condicional, progressão de regime, 
indultos) 
✓ AVALIAÇÕES PERICIAIS TRANSVERSAIS 
• Mais próxima da avaliação psiquiátrica clínica: exame da situação atual, diagnóstico e 
indicação de medida terapêutica jurídica imediata (condições reais do indivíduo) 
• SDM (superveniência de doença mental): sinais e sintomas de doença mental após 
crime 
o antes ou durante a instrução do processo – suspensão até a plena 
recuperação acusado 
o após condenação – interrupção da pena (pode transformar em medida de 
segurança) 
• Interdição (cível) – transtorno mental prejudicando o necessário discernimento, 
declaração de incapacidade para alguns ou todos atos da vida civil 
• Dano psíquico e/ou maus-tratos na criança (cível) 
✓ AVALIAÇÕES PERICIAIS RETROSPECTIVAS 
• Imputabilidade penal (Art. 26 CP): transtorno mental no momento do crime que 
afetou a capacidade de entender (total ou parcial) e de se determinar conforme esse 
entendimento 
• Cível: processos de anulação do ato jurídico (exame pericialem pessoa viva) e 
anulação de testamento (exame indireto em pessoa falecida – entrevistas e análise de 
documentos) 
• Margem de discordância entre peritos é maior → caráter inferencial 
✓ AVALIAÇÕES PERICIAIS PROSPECTIVAS 
• Perícia avalia o risco futuro de um comportamento ocorrer a partir dos fatos do 
passado e da condição presente – imprecisão, depende do contexto (avaliar risco 
periculosidade) 
• Varas de execuções criminais (cessação de periculosidade) 
• Varas cíveis: direito de família e ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) – primeira 
transversal e demais prospectivas 
 
 
25 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
EXAME PERICIAL PSIQUIÁTRICO 
✓ Finalidade: elucidar fato de interesse da autoridade judiciária, policial, administrativa ou 
particular 
✓ Semelhante ao exame clínico psiquiátrico, distinguindo-se na finalidade e princípios éticos (Art. 
139 CPCivil – perícia é um meio de prova e perito é um auxiliar de juízo) 
✓ Perito: conhecimento técnico e jurídico (processo), sujeito a impedimentos e suspeições, 
imparcialidade 
✓ Assistente técnico: estrita confiança da parte contratante, não está sujeito a impedimentos, é 
parcial 
✓ Avaliações de natureza transversal, retrospectiva ou prospectiva → descrição dos achados, 
discussão e o porquê das conclusões 
✓ IMPEDIMENTOS – ART. 134 CPC 
• Parte envolvida (Art. 277 CPPenal: encargo pericial obrigatório – escusa atendível) 
• Testemunha 
• Cônjuge, parente do advogado em linha reta em qualquer grau ou em linha colateral 
até segundo grau (irmão ou cunhado) 
• Cônjuge, parente da parte em linha reta em qualquer grau ou em linha colateral até 
terceiro grau (tio e sobrinho) 
• Membro da administração de pessoa jurídica 
✓ SUSPEIÇÕES – ART. 135 CPC (analogia) 
• Amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes 
• Credor ou devedor de qualquer das partes ou mesmo ocorrer ao cônjuge, bem como 
aos parentes em linha reta em qualquer grau ou em linha colateral até terceiro grau 
(tio e sobrinha) 
• Herdeiro, donatário ou empregador de qualquer das partes 
• Ter recebido presentes de qualquer das partes, aconselhado na causa ou auxiliado 
financeiramente com despesas do processo 
• Qualquer interesse no julgamento em favor de uma das partes 
✓ MOTIVO LEGÍTIMO – ART. 146 CPC 
• Ocorrência de força maior impeditiva 
• Perícia pode ocasionar grave dano a si próprio, cônjuge, parentes em linha reta ou 
colaterais até segundo grau (irmão ou cunhado). Art. 406 CPC – testemunha 
• Sigilo profissional - Art. 406 CPC e Art. 93 CEM (código ética médica) 
• Estar ocupado com outra ou mais perícias 
• Insuficiência de honorários profissionais 
• Razões insuficientes: falta de interesse na área ou falta de formação em Psiquiatria 
Forense (ABP/AMB) – técnica em exame pericial psiquiátrico → Contratransferência 
EXAME PSIQUIÁTRICO CLÍNICO 
1. identificação do paciente 
2. queixa principal 
3. história da doença atual 
4. história familiar 
5. história pessoal 
6. exame físico 
7. exame do estado mental 
8. hipóteses diagnósticas 
9. exames complementares 
 
26 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
10. diagnóstico 
11. conduta 
12. prognóstico 
13. sequelas 
14. causa da morte (em caso falecimento) 
ESTRUTURA DO LAUDO PERICIAL 
1. preâmbulo 
2. individualização da perícia 
3. circunstâncias do exame pericial 
4. identificação do examinando 
5. síntese processual 
6. quesitos 
7. elementos colhidos nos autos processo 
8. história do crime conforme examinando 
9. história pessoal 
10. história psiquiátrica prévia 
11. história médica 
12. história familiar 
13. exame do estado mental 
14. exame físico 
15. exames e avaliações complementares 
16. discussão diagnóstica 
17. diagnóstico positivo 
18. comentários médico-legais 
19. conclusão 
20. resposta aos quesitos 
QUESTÕES ÉTICAS 
1. duplo enunciado: médico psiquiatra perito (confidencialidade) 
2. esclarecimento da finalidade 
3. advertência de não confidencialidade 
4. outras informações (gravação, outras pessoas) 
5. consentimento esclarecido 
SERIAL KILLERS 
✓ Francisco de Assis Pereira → maníaco do parque, estuprou e matou seis mulheres, tentativa de 
homicídio de nove mulheres, livro “Loucas de Amor = mulheres que amam serial killers e 
criminosos sexuais” 
✓ Tiago Henrique Gomes da Rocha (2011 - 2014) → motoqueiro da morte, homicídio de 39 
pessoas em Goiânia 
✓ Wellington Menezes de Oliveira → massacre de Realengo, matou 12 estudantes em 2011 
✓ Visionário 
✓ Missionário 
✓ Emotivo 
✓ Sádico 
 
27 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
PERFIL DE ABUSADORES SEXUAIS 
Romântico → menor dano físico 
• método de ataque – surpresa 
• possui determinado cuidado com a vítima 
• tentativa de encenação 
• envolverá a vítima 
• fará aquilo que a vítima lhe permita fazer 
• falta-lhe confiança → poderá não forçar a vítima a ceder fisicamente 
• uso de uma força mínima para intimidar a vítima 
• confia nas ameaças ou na presença de arma 
• habitualmente não lesa a vítima 
• vigia as vítimas 
• faz telefonemas obscenos 
• vítimas sozinhas ou com criança pequena 
• idade próxima à da vítima 
• ataque dura pouco 
• pode levar roupas intimas da vítima 
• necessidade de autoafirmação 
Dominador → força e controle 
• método de ataque – estudo da vítima ou surpresa 
• vítima pré-selecionada ou de oportunidade 
• faixa etária tende a ser a mesma 
• facilidade, acessibilidade e vulnerabilidade das vítimas 
• local é vítima-dependente 
• uso de arma ou níveis de força 
• fará tudo o que quiser com a vítima 
• sem comportamento de encenação 
• repetidos ataques sexuais 
• pode punir a vítima sexualmente 
• sua marca sexual é capturar, conquistar e controlar a vítima 
• vítima como objeto para suas fantasias sexuais 
Vingativo → punitivo e humilhação 
Sádico → mais grave 
• método de ataque – estudo da vítima 
• fala suave 
• ampla coleção de figuras pornográficas 
• estimulado sexualmente pela resposta da vítima – dor física ou emocional 
• pode ensaiar com vítimas condescendentes – esposa, amante 
• instrumentos de tortura sexual 
• coito anal, felação forçada 
• ejaculação em partes da vítima 
• baixa a autoestima das vítimas 
• kit de estupro 
 
28 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
• aumenta a agressividade a cada estupro 
• comumente mata as vítimas 
Oportunista 
• Método de ataque – qualquer um 
• Verbalmente egoísta 
• Controla as vítimas com ameaças 
• Gratificação imediata 
• Vítimas sexualmente convenientes 
• Níveis de força mínimos 
• Dano físico mínimo 
• Indiferente ao conforto das vítimas 
• Estupro rapidamente consumado 
• Vestígios e pistas da cena 
• Uso de drogas ou álcool 
• Vítimas estranhas ou conhecidas 
 
29 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
AULA 6: Ética Médica 
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA (CEM) 
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM) – RESOLUÇÃO Nº 2.217/2018 APROVA O CEM 
• I – Princípios Fundamentais 
• II – Direitos dos médicos 
• III – Responsabilidade Profissional 
• IV – Direitos Humanos 
• V – Relação com pacientes e familiares 
• VI – Doação e transplante de órgãos e tecidos 
• VII – Relação entre médicos 
• VIII – Remuneração profissional 
• IX – Sigilo Profissional (Art. 73) 
• X – Documentos Médicos 
• XI – Auditoria e Perícia Médica 
• XII – Ensino e pesquisa Médica 
• XIII – Publicidade Médica 
• XIV – Disposições gerais 
II - DIREITOS DOS MÉDICOS (11) 
o Exercer a Medicina sem ser discriminado 
o Indicar o procedimento adequado a seu paciente 
o Apontar falhas em normas técnicas 
o Comunicar diretor médico e comissão de ética da instituição e o CRM sobre condições de 
trabalho indignas 
o Recusar-se a realizar atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam contrários aos 
ditames de sua consciência 
III - RESPONSABILIDADEPROFISSIONAL (21) 
• Art. 1º - causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia, 
imprudência ou negligência. 
• Parágrafo único – a responsabilidade médica é sempre pessoal e não pode ser presumida. 
• IMPERÍCIA 
✓ Quando o médico revela em sua atitude falta ou deficiência de conhecimentos técnicos 
profissionais 
✓ Falta de observação das normas e despreparo prático necessário para exercer 
determinada atividade 
✓ Deixa de avaliar os progressos científicos de domínio público 
✓ Não utiliza a técnica indicada para cada tipo de procedimento ou doença 
✓ “o imperito não sabe, no seu modo de agir, o que um médico deveria saber” 
• IMPRUDÊNCIA 
✓ Imprevisão do agente em relação às consequências do seu ato ou ação. 
✓ O profissional médico tem atitudes sem ter cautela, sendo resultado da não-
racionalização 
✓ Com perfeito conhecimento do risco, ignora a ciência médica, decidindo por agir 
✓ Uso de terapêutica sem necessidade 
✓ Uso de técnicas terapêuticas que podem ser nocivas 
 
30 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
• NEGLIGÊNCIA 
✓ Acontece pela falta de cuidado ou de precaução com que se executam determinados 
atos 
✓ É caracterizada pela inércia, indolência, falta de ação e passividade 
✓ Ato omissivo 
IV - DIREITOS HUMANOS 
o Art. 22 – Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após 
esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em risco iminente de morte 
o Tortura 
o Greve de fome 
o Pena de morte 
o Favorecimento de crimes 
o Respeito aos colegas 
X - DOCUMENTOS MÉDICOS 
• Art. 80 – expedir documento médico sem ter praticado do ato profissional que o justifique, que 
seja tendencioso ou que não corresponda à verdade 
• Art. 83 – atestar óbito quando não o tenha verificado pessoalmente, ou quando não tenha 
prestado assistência ao paciente, salvo no último caso, se o fizer como plantonista, médico 
substituto ou em caso de necropsia e verificação médico-legal 
• Art. 84 – deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência, exceto 
quando houver indícios de morte violenta. 
PRINCÍPIOS BIOÉTICOS (CENTRO BIOÉTICA CREMESP) 
o O médico deve agir sempre buscando não produzir ou produzir o menor dano possível ao 
paciente 
o Deve tomar as condutas possíveis e indicadas para diminuir o sofrimento ou alcançar a cura do 
paciente 
o Autonomia 
✓ Quaisquer atos médicos devem ser autorizados pelo paciente 
✓ Indivíduos capacitados que deliberaram sobre suas escolhas pessoais, devem ser 
tratados com respeito pela sua capacidade de decisão 
✓ O paciente tem direito de decisão sobre questões relacionadas sobre seu corpo e sua 
vida 
✓ Pacientes intelectualmente deficientes e, no caso de crianças, o princípio de 
autonomia deve ser exercido pela família ou responsável legal 
o Beneficência 
✓ Obrigação ética de maximizar o benefício e minimizar o prejuízo 
✓ O médico deve ter a maior convicção e informação técnica para assegurar que o ato 
médico seja benéfico ao paciente (ação que faz o bem) 
✓ Proibição de infligir dano deliberado 
✓ Preservação da vida: amputação, diálise, histerectomia, ventilação mecânica, ... 
o Não Maleficência 
✓ A ação do médico sempre deve causar o menor agravo a saúde do paciente (ação que 
não faz o mal) 
✓ Hipocrates: primum non nocere (primeiro não prejudicar) 
✓ Reduzir os efeitos adversos ou indesejáveis de ações diagnósticas e terapêuticas 
 
31 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
✓ Exemplo: Paciente com morte inevitável e a realização de transplante 
o Justiça 
✓ Estabelece a equidade – tratar cada indivíduo conforme o que é moralmente correto e 
adequado 
✓ O médico deve atuar com imparcialidade 
✓ Evitar que aspectos sociais, culturais, religiosos, financeiros ou outros interfiram na 
relação médico-paciente 
✓ Observar que os recursos sejam distribuídos equilibradamente, com o objetivo de 
alcançar o maior número de pessoas e com eficácia 
 
 
32 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
AULA 7: BIOÉTICA 
o Vida e moral 
o Envolve: medicina, biologia, filosofia, direito, ciências exatas, políticas e meio ambiente. 
o Ética: surgiu antes dos gregos 
o Bioética: na 2ª metade do século XX, devido ao grande desenvolvimento da medicina e das 
ciências, como meio de problematizar o que está oculto na pesquisa cientifica ou na técnica 
médica quando elas envolvem a vida 
o Nem tudo é cientificamente possível é eticamente aceitável 
o Objetivo: enfrentamento das situações profissionais em que surgem conflitos éticos 
o MORAL – valores absolutos (acolhidos pela sociedade), imposição (por determinada cultura), 
transgressão e castigo 
o ETICA – percepção dos conflitos (contradições humanas), autonomia (escolha entre razão e 
sentimento) e coerência na decisão (logica entre pensamento e ação) 
o Discussão interdisciplinar de dilemas que surgiram com a evolução dos tempos 
o Exemplo – transplantes de órgãos, sexualidade, engenharia genética, experimentos com 
humanos e animais 
 
o Princípios: 
1. Não maleficência – médico: não causar dano 
2. Beneficência – médico: fazer o bem 
3. Autonomia – paciente: tomas as próprias decisões 
4. Justiça – sociedade: mecanismo regulador da relação entre médico e paciente. 
Distribuição dos serviços de saúde de forma justa, universal e igualitária. 
 
o Papel principal – tentar solucionar dilemas de seus princípios, sabendo que não há apenas uma 
resposta que possa ser julgada correta. Equilíbrio justo entra a ciência e o respeito a vida, 
reconhecendo os benefícios que o avanço científico e biológico proporcionou, mas também 
permanecendo alerta para os riscos que eles representam para a sociedade e para o meio 
ambiente 
o Importância social da bioética centra-se no fato de que ela procura evitar que a vida seja 
afetada ou que alguns tipos de vida sejam considerados inferiores a outros 
o Propõe uma análise do comportamento humano frente as novas possibilidades que o 
conhecimento científico nos traz, podendo pensar nas possíveis diferenças que surgem entre a 
própria ética e a ética do outro. Destas diferentes éticas é que passa a existir o que 
denominamos a bioética das relações humanas 
o Emerge de percepção simbólica da existência do outro, do conflito que isto causa e da 
necessidade de nos relacionarmos com as diferenças, sabendo que podemos atuar com 
autonomia e que a sociedade irá responsabilizar os nossos atos 
o Permite expressar o pensamento ético, possibilitando chegar a um consenso de qual será o 
comportamento moral mais adequado perante uma determinada situação 
 
o Função descritiva – descreve e analisa conflitos 
o Função normativa – comportamentos corretos x reprováveis 
o Função protetora – proteger os envolvidos 
 
o Distanásia – prolonga-se a vida do paciente, independente do conforto. Faz-se de uso de 
aparelhos e fármacos que contribuam para a longevidade do paciente, sem levar-se em 
consideração se este prolongamento está causando-lhe sofrimento ou não 
 
33 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
o Ortotanásia – permite-se que a vida do paciente cesse naturalmente. Admitem-se cuidados 
paliativos, a fim de garantir ao paciente o maior conforto possível em seu tempo restante de 
vida. Não ocorre a ação de interromper a vida do paciente, mas sim a omissão em forçar sua 
manutenção. 
o Eutanásia – é a prática de interromper, ativamente, a vida do paciente, geralmente em estado 
irreversível, a fim de cessar seu sofrimento. 
 
 
34 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
AULA 8: ESTUDO DE CASO 
Identificação dos valores em questão 
1. Quebra o princípio da justiça nos dois primeiros fatos: a saúde é dever do Estado e direito do 
cidadão. 
2. Conflito do princípio da autonomia por procuração no terceiro fato: desrespeito ao princípioda 
beneficiência por parte dos pais, qual era a opinião da paciente?, ela participou da decisão? A 
equipe esclareceu de forma suficiente? O posicionamento passivo do oncologista contribuiu 
para a decisão da família? Uma postura mais incisiva poderia ter modificado o desfecho? 
3. O quarto fato pode representar negligência da família 
4. O quinto fato foi devido à progressão natural da doença ou ao abandono do tratamento? 
Considerar, agora, outras medidas para paliação 
5. O sexto fato demonstra ambivalência familiar e provável arrependimento: reconhecer a 
capacitado do adolescente, respeitar a individualidade, privacidade e confidencialidade do 
adolescente, garantir o sigilo, exceto em situações de risco 
6. Nova indicação de amputação: principal conflito, risco elevado, mais dor, sofrimento e desgaste 
emocional à paciente sem aumento de sobrevida, desrespeito à não maleficiência, indicação do 
médico, manutenção da vida x qualidade de vida, posição atual dos pais, culpa? Medo de errar 
novamente? 
Ações que poderiam ser adotadas 
1. Realizar amputação: desrespeito a autonomia da paciente, maior possibilidade de riscos em 
relação aos benefícios = maleficiência 
2. Não realizar amputação: respeito a autonomia, não maleficiência e beneficiência 
(indiretamente) 
Sugestões para deliberação do conflito 
1. Não recomendar amputação 
2. A família deve ser assistida e orientada a respeitar a decisão da paciente 
3. A equipe médica deve prover o atendimento das necessidades apresentadas pela paciente 
4. As decisões devem ser compartilhadas entre equipes de saúde, paciente e familiares 
espeitando a dignidade humana e com o direito de morrer sem sofrimento 
 
 
35 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
AULA 9: Antropologia Forense → 
Determinação de sexo 
PROTOCOLO BASICO DE INVESTIGAÇÃO OSTEOLOGICA 
1. São ossos? Ossos humanos? Apenas humanos? 
2. Qual o contexto do achado? 
3. Perfil biológico? 
• Sexo 
• Idade na morte 
• Raça 
• Estatura 
4. É possível identificar? 
5. Alguma evidencia de patologia ou trauma? 
6. Qual o tempo de morte? 
SEXO OU GÊNERO? 
• Sexo biológico: diferença física (anatômica) entre macho e fêmea (homem e mulher), tem por 
base o tipo de gônada: ovário ou testículo 
• Gênero: construção social, é determinado por regras culturais e sociais, pode sofrer influência 
do sexo biológico 
• Para determinar o sexo analisamos: 
o Pelve: ossos do quadril, direito e esquerdo + osso do sacro 
o Cabeça óssea: crânio + mandíbula 
o Ossos como fêmur e úmero também podem fornecer dados valiosos 
ACURÁCIA NA DETERMINAÇÃO DO SEXO, ATRA VES DA INSPEÇÃO VISUAL DO ACAHDO 
OSTEOLÓGICO 
• Crânio + pelve = 90 a 100% 
• Apenas a pelve = 90 a 95% 
• Apenas o crânio = 80 a 90% 
• Apenas ossos longos = 80% 
DIMORFISMO SEXUAL 
• Na idade adulta os homens têm mais massa muscular r maior estatura que as mulheres 
• As mulheres têm a pelve adaptada para o parto 
• Ossadas subadultas são difíceis para diagnosticar o sexo 
• As diferenças sexuais não se pronunciam até a puberdade 
DIFERENÇAS SEXUAIS NA PELVE ÓSSEA 
• MULHER: 
o Ângulo infrapúbico - >90° 
o Posição do osso sacro – inclinação posterior 
o Abertura pélvica – ampla 
o O sacro é mais largo e mais curto, com 5 segmentos e anteriormente côncavo 
o Incisura isquiática maior é ampla e rasa 
 
36 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
o Pelve ginecóide 
o Sulco pré-auricular é usualmente presente em mulheres que já tiveram filhos 
o Ramo isquiopúbico estreito e agudo 
o Corpo do osso púbico quadrático 
o Índice isquiopúbico – comprimento púbis/comprimento ísquio x 100 = < 84, para afro-
americanas = < 84 e para euroamericanas = < 91 
• HOMEM: 
o Ângulo infrapúbico - <90° 
o Posição do osso sacro – inclinação anterior 
o Abertura pélvica – estreita 
o O sacro é estreito, tem face anterior mais plana, com 5 ou mais segmentos 
o Incisura isquiática maior é estreita e profunda 
o Pelve androide 
o Sulco pré-auricular ausente 
o Ramo isquiopúbico amplo e rombo 
o Corpo do osso púbico triangulado 
o Índice isquiopúbico – comprimento púbis/comprimento ísquio x 100 = >94, para afro-
americanos = >91 e para euroamericanos = > 94 
DIFERENÇAS SEXUAIS NO CRÂNIO 
• MULHER: 
o Junção frontonasal curva suave 
o Área nucal lisa e pouco marcada 
o Protuberância occipital externa pouco marcada 
o Glabela suave 
o Área mastoidea pequeno e voltado para fora 
o Margem supraorbital aguda ou cortante 
• HOMEM: 
o Junção frontonasal angulada 
o Área nucal protuberante e bem marcado 
o Protuberância occipital externa protuberante e bem marcada 
o Glabela proeminente 
o Área mastoidea robusto e voltado para dentro 
o Margem supraorbital romba ou arredondada 
DIFERENÇAS SEXUAIS NA MANDÍBULA 
• MULHER: 
o Forma da mandíbula suave, estreita e angulosa 
o Aspecto do gônio: cristas de inserções musculares pouco pronunciadas 
o Distância entre os pontos gônios: entre 85 e 95 ou < 85 
• HOMEM: 
o Forma da mandíbula ampla e quadrática 
o Aspecto do gônio: cristas de inserções musculares bem pronunciadas 
o Distância entre os pontos gônios: entre 102,5 e 112 ou > 112 
DIFERENÇAS SEXUAIS NO ESQUELETO PÓS-CRANIAL 
• MULHER: 
o Diâmetro da cabeça femoral: < 42,5 mm ou 42,5 a 43,5 
 
37 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
o Diâmetro da cabeça umeral: < 43 mm 
• HOMEM: 
o Diâmetro da cabeça femoral: > 47,5 mm ou 46,5 a 47,5 
o Diâmetro da cabeça umeral: > 47 mm 
 
 
38 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
AULA 10: Antropologia Forense → 
Determinação da idade 
INVESTIGAÇÃO DA IDADE 
❖ O resultado SEMPRE define um intervalo etário 
❖ Rotineiramente utilizamos mais de um método, e os resultados são cruzados para uma 
estimativa mais aproximada 
❖ Subadultos → a idade é determinada com maior acurácea (Métodos: Tabelas de erupção 
dentária e fechamento das zonas de crescimento ósseo) 
 
SISTEMAS DE NUMERAÇÃO DAS PEÇAS DENTÁRIAS 
❖ Na dentição definitiva o primeiro dígito vai do 1 à 4, representando os quadrantes seguindo o 
sentido horário 
❖ O segundo dígito - de 1 a 8 -, representa a peça correspondente desde o incisivo central até o 
molar distal. 
❖ Na dentição temporária, os quadrantes representam-se com os números de 5 à 8, e as peças 
dentárias, de 1 a 5. 
 
39 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
 
 
 
 
 
 
 
 
LARVAS 
❖ Boca de um cadáver em adiantado estado de putrefação, contendo numerosas larvas de 
moscas, denotando um tempo de óbito estimado em 5 dias. 
ESTUDO DOS ARCOS 
❖ Estudam-se superior e inferior separadamente 
❖ Com a perda do dente, em vida, o processo alveolar é gradualmente absorvido 
❖ Perda dentária não serve como índice de idade 
ÂNGULO MANDIBULAR 
❖ No exame da mandíbula o gônio, ângulo mandibular ou ângulo goniônico, é aquele formado 
pelo ramo ascendente (cérvico-cranial) e o ramo horizontal (cérvico-facial) da mandíbula 
❖ De acordo com Martin, este ângulo mandibular, no recém-nascido, varia de 160 a 170º 
❖ Com a evolução etária ele diminui paulatinamente até atingir, no adulto, entre 95 e 100º 
❖ Após este estágio, aumenta na razão de 0,186º a cada ano, alcançando, no velho, entre 130 e 
140º 
FECHAMENTO DAS ZONAS DE CRESCIMENTO ÓSSEO 
 
40 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
 
 
 
 
 
41 4º MEDICINA LEGAL, DEONTOLOGIA E ÉTICA MÉDICA – VERÔNICA TREVIZAN 
 
 
 
OUTROS INDICADORES 
❖ Desgaste dentário 
❖ Osteoporose 
❖ Osteófitos 
❖ Ossificações de cartilagens 
❖ Crenulações 
❖ Osso sacro mostrando fusão parcial dos espaços S1, S2 e S4, S5, corroborando com a sugestão 
de que o indivíduo, na hora da morte, era mais jovem que 24 anos. 
❖ A asa ilíaca mostra uma “casca” ao longo de sua margem (crista ilíaca). Este fato sugere que, 
ele ou ela, tinha menos de 20 anos na horada morte.

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