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TEXTO COLABORATIVO DIDÁTICA ENSINO SUPERIOR

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TEXTO REFORÇO PARA A PROVA DE AV1 EM DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR
ELABORADO PELA PROFA THEREZINHA CONDE
SOBRE OS FUNDAMENTOS DA DIDÁTICA
Pessoal, não deixem de estudar o conteúdo online, pois a prova de AV1 é apenas sobre esse conhecimento; e sobre os fundamentos da didática, gostaria de acrescentar que podemos dividir em dois tipos de pedagogias: liberais e progressistas. As liberais são: tradicional, escola nova e tecnicismo e esse termo liberal não está relacionado a ter liberdade na escola e sim foi um termo cunhado por Saviani para justificar a sociedade capitalista em que vivemos, marcada pela competitividade, pelo individualismo, pelo imediatismo e pelo consumo. Ninguém, hoje, é preso à terra, somos livres para competir, certo? bem, quanto ao modelo tradicional, temos como representantes principais Comenius (Pai da Didática Magna) e Herbart (Pai da pedagogia tradicional), que propõem um modelo universal de ensino, "do tipo que se aplica a todos e a ninguém ao mesmo tempo", ou seja, uma aula "exemplar", porém generalista, mais abstrata por não ter compromisso com o contexto em que os alunos estão inseridos. Na prática, significa o professor ser o dono do saber, estabelecer uma relação de hierarquia entre os alunos, classificando-os do melhor para o pior (melhor pra que e pra quem, para o sistema? vale o questionamento aqui); a disciplina é conseguida na base do medo frente à autoridade autocrática do professor que não admite questionamentos. Os alunos são sujeitos passivos e apenas “aprendem” ouvindo seu professor dissertar; cabendo aos alunos o desenvolvimento moral e intelectual; aqueles que não dominarem as disciplinas, as ciências (domínio cognitivo), estariam excluídos do sistema. As avaliações, normalmente, se dão através de provas de memorização e o aluno tem que se enquadrar, apresentando a resposta esperada e considerada adequada pelo professor, ou seja, que foi determinada previamente pelo docente que, normalmente, não passa de reprodutor. Palavras-chave para essa abordagem tradicional: transmitir conteúdos, linearidade, padronização, classificação, hierarquia, determinismo, ausência de criticidade, conhecimento determinado como verdade absoluta; engessamento e etc. Já no modelo escolanovista que data da década de 30, também, considerado modelo liberal de ensino, por estar alinhado com a lógica do capital, exatamente, como nos modelos tradicional e tecnicista; esse modelo tem como representantes principais Anísio Teixeira (brasileiro) e J. Dewey (professor de Anísio) e norte-americano; além de ser também referência na escola nova Piaget, Rousseau, Pestalozzi, Maria Montessori e outros que enfatizam a maturação orgânica do indivíduo, ou seja, enfatizam o aspecto biológico. Vale acrescentar que o modelo escolanovista, de fato, foi um avanço em relação ao modelo tradicional, mas, na verdade, os objetivos e ideais de Anísio não foram concretizados. Ele sonhava com uma escola pública, de qualidade, laica, obrigatória, mas, não foi o que se concretizou e isso, podemos constatar até hoje. Anísio ocupou 40 anos de cargo público e seus projetos sempre eram engavetados; mas, apesar das contribuições de Anísio Teixeira, J. Dewey, a partir do seu lema, do “aprender fazendo”, colocando a “mão na massa”, na verdade os ideais democráticos não se concretizaram, pois o aluno ainda era, é responsabilizado por seu fracasso escolar por não apresentar dons naturais. Na prática, o aluno, sim, passou a aprender não mais apenas ouvindo seu professor dissertar como no modelo tradicional, mas, “ao vivo e a cores”, no plano concreto, daí a referência de Piaget (ressaltando os estágios cognitivos que vão do plano concreto ao abstrato). Para ilustrar sobre o plano concreto e abstrato, mediante os estágios de Piaget, podemos pensar no conceito de mamífero. O professor mostraria primeiro o bezerro mamando e depois trabalharia o conceito de mamífero. Outro exemplo: plantar o feijão no algodão para estudar a fotossíntese e identificar as partes do vegetal através de aulas práticas, em laboratórios, através de aulas-passeio, experiências, experimentos, simuladores (aprender fazendo), aulas de culinária, no computador e etc. Importante compreender aqui que o aluno deixa de ser sujeito passivo (tradicional) e passa a ser sujeito ativo, na medida em que vai em campo fazer pesquisas, mas com fins imediatistas de apenas constatar ao vivo e a cores o que estuda teoricamente. Uma forma de motivar os alunos que não ficariam mais presos sentados à cadeira. Na Universidade, também podemos lançar mão desse modelo; por muitas vezes observei meus alunos do curso de licenciatura em ciências biológicas fazendo aula ao ar livre no campus, observando o movimento dos animais que viviam, vivem no viveiro que existe no campus em Vargem Pequena, no Rio de Janeiro. Os alunos com um caderno nas mãos anotavam o comportamento dos animais e etc, mas quando eles vinham para a aula de Didática, eu perguntava porque estavam anotando, registrando o comportamento dos animais, qual o sentido daquilo e eles não sabiam responder, apenas, que o objetivo de suas pesquisas era identificar o comportamento dos animais (fins imediatistas). Aprender vendo, constatando fenômenos naturais, aprender fazendo, colocando a mão na massa, conforme mencionei; motivo pelo qual a escola nova foi acusada de pragmatista (uma prática pela prática desprovida de sentidos; uma prática com um fim em si mesmo; empírica). O professor apenas avança na estratégia em relação ao modelo tradicional, no que diz respeito à motivação pessoal, sendo um facilitador da aprendizagem, ok, mas, apenas para despertar interesse no aluno em relação ao conteúdo, de modo que ao se interessarem, poderiam se dedicar mais ao assunto e “aprender” e passar de ano, mas esse modelo continua a deixar a desejar, segundo os educadores progressistas da década de 80, em relação a formação crítica, a busca do sentido desse aprendizado para as nossas vidas, para a vida em sociedade. Educadores da década de 80 (Saviani, Libaneo e outros) se reuniram na I Conferência de Educação Brasileira para discutirem sobre a Escola Nova que apenas continuou reproduzindo a estrutura social vigente e acentuou a desigualdade social, pois aqueles que não conseguiam dominar as ciências, continuavam excluídos do sistema; como se o domínio das ciências fosse o único requisito formativo e é, aqui, que eu questiono: o que adianta uma pessoa em dia com os conteúdos de biologia e não demonstrar consciência ecológica? O que adianta, no curso de docência, o licenciando ou vocês mesmos, estarem em dia com os Estágios de Piaget ou outro conteúdo “qualquer” e não demonstrarem atitude diante do outro, do mundo?
 Vale acrescentar que os educadores progressistas cobrariam do professor escolanovista uma formação crítica; ou seja, o porquê plantar feijão no algodão? Apenas para mostrar as partes do vegetal ou o fenômeno da fotossíntese? O porquê de identificar o comportamento do animal? Não seria essa a proposta dos progressistas, dos professores críticos e sim, discutir a partir do feijão a fome, a miséria e a desigualdade social, despertando nos educandos a conscientização acerca dos fatos, da realidade, com a finalidade de mostrar aos educandos que os fatos não são inexoráveis. Imaginem uma aula de culinária apenas para as meninas enquanto os meninos são liberados para jogar futebol? Aprende-se fazendo e não se discute o papel da mulher na sociedade e imaginem ainda se apenas nessa aula essas alunas, pobres, pudessem desfrutar do consumo desse pãozinho feito por elas mesmas? Os professores progressistas, críticos cobrariam do professor escolanovista discutir sobre os fatos, sobre a realidade e possibilidade de transformá-la, afinal, todos deveriam ter direito à educação de qualidade, ao lazer, a alimentação saudável, de qualidade, à saúde, à segurança e assim por diante. Qual o papel da escola? Apenas ensinar os conteúdos para que passem de ano e concorram no vestibular? Eis, aqui, a lógica meramente do capital, do mercadoe podemos ir além disso na formação, não? Esse é o objetivo das práticas progressistas que estudaremos mais adiante. No caso da escola nova, esse modelo da década de 30 recebeu influência da psicologia que, por sua vez, recebeu influência das ciências naturais e foi com Francis Galton (pioneiro na Psicometria) e Binet (cria a I Escala de Inteligência para crianças) que se cria uma faixa de normalidade a partir da aplicação desse teste em uma amostra significativa. Binet queria provar o seguinte, ressaltando que ambos pensadores são da área médica, mas, queria provar que: Genética – QI (coeficiente intelectual) – rendimento escolar; aqueles que não se enquadrassem na média, estariam fadados ao fracasso escolar e seriam responsabilizados por isso por não possuírem dons naturais (ver texto Fernando e outros). Mas, para que o professor vá além do modelo tradicional, do modelo escolanovista e tecnicista, requer uma formação emancipada por parte do professor, que ele, igualmente seja emancipado, crítico e transformador, pois do contrário, não se forma alunos autônomos quando os professores são meros reprodutores do conhecimento alheio, não resgatam a autonomia. Conforme disse, na escola nova, o aluno até é sujeito ativo, espontâneo, mas, apenas para se sentir motivado pessoalmente, sendo sua capacidade intelectual, suas aptidões, rendimento escolar, domínio cognitivo valorizados como objetivo único de aprovação no final do período; portanto, o aluno ainda deveria se enquadrar no sistema, se adaptar socialmente e não questionar o sistema; ficando, aí, evidente, mais uma vez, o alinhamento com a lógica do capital, do mercado exclusivamente. Na década de 70, no auge do Regime Militar, a partir do acordo Mec-Usaid, surge o modelo tecnicista que busca fundamento na teoria comportamental/behaviorista de Skinner; onde mais uma vez o aluno deveria se enquadrar e ser recompensado mediante respostas desejadas, consideradas adequadas pelos professores, tutores, controladores do ensino e punidos quando apresentassem algum desvio de conduta, mau desempenho. Esse modelo foi considerado um retrocesso, pois na década de 60 Paulo Freire (pedagogia progressista libertadora) já sinalizava para novos rumos na educação, na didática, não mais pensando a didática como um conjunto de técnicas, como o caminho, mas, talvez, como os descaminhos. Esse modelo tecnicista pode ser observado em cursos de idiomas, sesc, senai, senac, Curso Kumon, politécnicos, na EAD que é um campo fértil para o resgate do tecnicismo (neotecnicismo) e um campo fértil também para a tendência libertária (uma das tendências progressistas). Exemplos na EAD de tecnicismo: quando o professor faz literalmente a leitura nas teles de data show; quando ele responde nos fóruns apenas validado, não validado, obrigada pelas contribuições, reveja a sua resposta; quer uma dica? Veja a resposta na aula X tela Y; nesse caso, o que está predominando na prática do professor é o tecnicismo; o professor fragmenta, isola o conhecimento e não contextualiza. O objetivo principal é formar mão de obra especializada para atender as demandas do mercado de trabalho. Os modelos tradicional e tecnicismo são muito parecidos; eu diria que no tecnicismo enfatizamos a técnica, os recursos didáticos e o professor vê nesse material ou na tecnologia a solução para os seus problemas; é considerado professor data show, professor retroprojetor, professor livro didático; quando esses recursos deveriam ser apenas meios auxiliares para nos servir e não ao contrário. Mas, apenas o professor pesquisador se sente emancipado X professor instrumental (tecnicista). Então, reforçando: a pedagogia liberal se divide em tradicional, escola nova (que passa uma ideia de camaradagem, na medida em que os laços afetivos entre aluno e professor se estreitaram, mas não passa de uma falsa democracia e o tecnicismo. 
Já na pedagogia progressista temos: libertadora, libertária e crítico social dos conteúdos. Um detalhe: cuidado para não confundirem a progressista com a progressiva ou progressivista ou escola ativa (tudo escola nova); mas, vamos as progressistas, ok? A abordagem libertadora, temos como representante principal Paulo Freire que é a favor de uma formação emancipada, transformadora, não opressora. O conhecimento seria problematizado; alunos e professores dialogam sobre o objeto de estudos, mas, pode-se partir de um fato, uma situação da realidade (saber popular) e estabelecer relações entre o saber científico; o método é da dialética – o que tentamos fazer nos fóruns, onde se busca sempre uma nova resposta, uma nova possibilidade, pois se rompe com a visão fatalista de mundo de que não há mais nada a fazer, a acrescentar como muitos professores pensam: “pau que nasce torto morre torto”; o que expressa uma visão reducionista de sujeito, de mundo, de educação. Na libertária, o aluno é o gestor do seu próprio conhecimento e é aí que eu considero a EAD uma referência, pois o aluno tem tudo para gerir seu próprio conhecimento e fazer caminhos diferentes um dos outros. Os conteúdos estão todos “ali”: online, nas teles, nos fóruns, na central de mensagem, aqui, textos, links, enfim, está em todo lugar e o aluno tem total liberdade para traçar seu caminho. Como referência, temos Miguel Arroyo (professor da UFMG) e a última tendência é a crítico social dos conteúdos que os representantes principais são D. Saviani e Libaneo; e nesse caso, um professor começaria uma aula tratando um conteúdo e estabelecendo relações com situações do cotidiano. O fato é que essas três tendências têm objetivos comuns: a libertação da condição de opressão em todos os setores da sociedade, a transformação de realidades sociais; a autonomia, emancipação social, a criticidade, a formação integral, a dialética, a conscientização acerca dos fatos, a participação na sociedade. 
É possível também que a didática seja dividida em instrumental (tecnicismo) e fundamental de Vera Candau que se enquadra nas progressistas, pois fundamental significa que tem um foco, um propósito consciente, o professor é consciente acerca do que está fazendo, ensinando e o porquê e em caso de ser questionado sobre o porquê de estar ensinando tal assunto, ele saiba responder com familiaridade, pois se formou professor pesquisador X reprodutor que, talvez, o professor reprodutor respondesse porque cai na prova ou porque está na ementa. Para que um professor se responda sobre o que deseja para os alunos, que tipo de formação deseja para as novas gerações, que tipo de sociedade deseja ajudar a construir, ele precisa se aprofundar teoricamente, buscar os fundamentos da prática, exercitar a práxis que não significa uma prática aleatória, espontaneísta, mas, uma prática consciente acerca do nosso papel diante da sociedade. Mas, enfim, Candau é considerada uma progressista, educadora crítica, com propostas pedagógicas críticas e emancipatórias.
O modelo construtivista de Piaget e Vygotsky tem algumas similaridades com as pedagogias progressistas, pois permite que o aluno seja sujeito ativo no processo de construção do conhecimento, inclusive, há quem diga que uma das pedagogias progressistas é o construtivismo ou o cognitivismo, mas, quanto a isso, existe um equívoco e explico mais abaixo, além de fazer uma relação entre a disciplina de Didática do ensino superior e Teorias da aprendizagem e construção do conhecimento; vejamos: talvez, eu repita algumas informações para deixar mais claro possível o que pretendo. O construtivismo NÃO faz parte das pedagogias progressistas; esse é um assunto da psicologia da educação, da psicologia do desenvolvimento. Se vocês postarem no google ou melhor, consultarem as obras de Libâneo ou Saviani sobre as correntes pedagógicas, vocês verificarão que não procede o construtivismo, teoria cognitivista serem considerados pedagogias progressistas até porque estamos falando de pedagogia e não da psicologia. O que deve predominar no estudo da Didática são os fundamentos da didática e não as teorias da psicologia; talvez esteja faltandoaí aprofundamento teórico por parte de quem acredita e disserta que o construtivismo ou a teoria cognitivista (como queiram chamar) fazem parte das pedagogias progressistas. Não basta ser pesquisador em psicologia se desejamos nos envolver com a docência; mas, sim, ok, há alguns pontos em comum como considerar o aluno o sujeito ativo na construção do conhecimento, bem como valorizar o processo de aprendizagem em detrimento do produto final, ok? E também não podemos negar a contribuição da psicologia à educação; inclusive, temos um autor Fernando Becker que, parece ter uma obra, que se não me engano, é: "De Piaget a Paulo Freire", por conta dessas similaridades. No entanto, Paulo Freire é sócio histórico e Piaget, por ser biólogo, enfatiza os fatores internos (biológicos) na explicação do fenômeno educativo, exemplo, fracasso escolar, e em segundo plano os fatores externos imediatos, tais como os grupos sociais; a família e escola, por exemplo, para explicar o fenômeno fracasso escolar. Se uma criança fracassa na escola, os piagetianos buscariam explicações primeiro nos fatores internos e em segundo momento nos fatores externos, mas, não questionariam o porquê dos pais não participarem mais da formação de um filho ou o porquê a falha foi do professor; isso ficaria por conta de Vygortsky investigar mais ou Paulo Freire, referência brasileira sócio-histórica/sociocultural como Vygotsky (referência estrangeira). O porquê do porquê ficaria por conta dos educadores sócio-históricos. 
Piaget é elitista X Paulo Freire que é do povo; Piaget estudou os filhos e prega sobre os estágios cognitivos universais que se aplicam a quem? à elite, aos filhos dele? X Paulo Freire e "qualquer" outro educador brasileiro que leu Freire, tais como Candau, Veiga, Moreira e Santos, Libâneo, Saviani, Sacristàn, Nilda Alves, dentre tantas outras referências, brasileiras que não pregam um discurso elitista porque eles rompem com o pensamento linear, afinal, o mundo não é tão certinho como gostaríamos. O que significa romper com o pensamento linear? Romper com a ideia de que X gera Y. O mundo não corre como se fosse um rio, natural e espontaneamente; o mundo é tenso, não livre de contradições. Jamais podemos comparar uma menina de rua quando de sua primeira menarca com uma menina de classe média que, muitas vezes, já encontra colado o absorvente em sua calcinha, bem como outras situações, como por exemplo chegar da escola e já encontrar seu pratinho de comida quentinha e cheirosa posto na mesa ou a caminha já feita com cobertor em dias de frio. Piaget mais elitista e Vygotsky mais realista. Será que não é por reconhecer isso que, atualmente, Vyhgotsky, na psicologia, tem dado mais conta do que Piaget para explicar os fenômenos educativos? Pois, afinal, qual é a realidade das escolas públicas, das universidades particulares? Não são marcadas pela heterogeneidade, pela pluralidade cultural? Em minha época eu sempre estudei com pessoas da minha idade. Na turma da antiga 5ª. Série, antigo primeiro ginásio, atual ensino fundamental, estudavam alunos de 10 a 11 anos no máximo e qual a realidade atual, não é mesmo?
Na prática, podemos dizer que Piaget é uma referência no modelo escolanovista (escola nova), conforme disse acima, porque se vê na prática, no plano concreto o que se estuda teoricamente; exatamente conforme J. Dewey, são referências da escola nova, além de Rousseau, Pestalozzi, Maria Montessori, Froebel, modelo escolanovista que é da pedagogia liberal e não progressista, pois mostra-se o feijão plantado no algodão para estudar a fotossíntese, identificar as partes do vegetal, mas não se discute sobre a fome, a miséria, conforme já mencionado anteriormente. Talvez Vygotsky se enquadre mais, pois é mais realista, “pé no chão”, mas, é da psicologia, é um desenvolvimentista. 
Então, como podemos dizer que Piaget faz parte das pedagogias progressistas? Levando-se em conta os estágios cognitivos que vão do plano concreto ao plano abstrato; mostrar ao vivo e a cores o feijão no algodão, as partes do vegetal, mas, que não se discutiria sobre a fome, sobre a miséria, sobre a desigualdade social? está faltando aprofundamento por parte de quem disserta sobre isso, o que é necessário para desenvolvermos visão crítica sobre os modelos teóricos. Se os professores desejam se formar pesquisadores, cabem a eles se apropriarem criticamente acerca dos modelos teóricos. Sobre Freire e Vygotsky, enquanto Freire fala em saber científico e popular, Vygotsky fala em saber científico e espontâneo, mas, tudo bem, quanto a Vygotsky, são apenas termos e semelhantes os sentidos, mas, conforme disse, Vygotsky é da psicologia e Freire da pedagogia e quanto a Piaget, daí, considerá-lo como representante do construtivismo e progressista? ou é uma coisa ou outra! Piaget e Vygotsky são considerados construtivistas pois ambos são semelhantes quanto a considerar o aluno sujeito ativo, ok, mas, isso não é suficiente, pois cadê a discussão sobre a fome, a miséria a partir do feijão no algodão, das aulas práticas? Quando estudamos Piaget, tendemos a associá-lo ao construtivismo, ok, mas, não significa ter formação crítica, exceto se o professor, em sua prática, for além disso, além da mera constatação de fenômenos.
 Um professor vigotskiano deve adotar o método da mediação de saberes, articulando os saberes científicos aos espontâneos, mas, imaginem uma aula prática sobre culinária (aprender fazendo - escola nova, constatando na prática a teoria, o manual de como se fazer um pão ou uma teoria sobre mamífero e constatar o bezerro mamando, aula ativa, sujeito ativo pois constata na prática, no plano concreto o que se disserta teoricamente)? Cadê a discussão sobre o papel da mulher na sociedade na aula de culinária? Freire deve estar se debatendo no túmulo (rs) por ser, de certa forma, comparado e considerado construtivista, pois afinal quem afirma que o construtivismo, a teoria cognitivista é progressista, está apresentando, aí, um equívoco. Mas, enfim, precisamos saber qual é o nosso objetivo para os alunos? se apenas é motivar o aluno, ok, aplica-se o modelo escolanovista, sem problemas. Mas, se desejamos mais para os nossos alunos, se desejamos uma formação crítica, precisamos ir além das pedagogias liberais de ensino: tradicional, escola nova e tecnicista.
Ao nos referirmos as pedagogias progressistas e a libertadora de Freire é uma delas, há que se colocar, aqui, um X construtivismo de Piaget pois não basta uma aula prática, ver ao vivo e a cores o que se estuda teoricamente, sobretudo, apenas para motivar o aluno (o indivíduo) a se interessar pela matéria para passar de ano. Paulo Freire e todos os seguidores, Libaneo, Saviani da tendência crítico social dos conteúdos não estão alinhados com a lógica do mercado apenas, conforme as pedagogias liberais: tradicional, escola nova e tecnicismo. Os progressistas vão na contramão da sociedade capitalista; para os professores progressistas devemos, sim, formar os alunos para o mercado de trabalho, mas, emancipados, formados politicamente para que se defendam frente as situações de opressão, situações elitizadas, de empresários que exploram, de professores que não rompem com a visão fatalista de mundo e classificam os alunos, rotulam como alunos ruins por que não se enquadram no sistema. Enquanto os representantes das pedagogias liberais esperam que os alunos se ajustem ao sistema, tendo em vista influência da psicologia que, por sua vez, sofreu influência das ciências naturais, os progressistas desejam que os cidadãos, alunos questionem o sistema. Há muita diferença entre a psicologia (visão elitista do fenômeno educativo; menos o caso do Vygotsky, mas, lembrando que ele é uma referência na psicologia devido aos seus estudos) e não na pedagogia progressista. A aplicação do construtivismo é louvável, pois o aluno passa a ser sujeito ativo na construção do conhecimento, mas, a relação do aluno é direta com o objeto de estudos, com fins imediatistas; a pesquisa que o aluno faz, os experimentos têmfins imediatistas, apenas para alegrar os alunos, colocá-los em atividade, permitindo a espontaneidade, sair da cadeira, mas, cadê a formação crítica e o compromisso com a sociedade, de construção de uma sociedade, de fato, democrática? isso, os professores, pedagogos progressistas cobram dos professores escolanovistas, construtivistas, sobretudo, os piagetianos que, a propósito, eu pergunto: quem Piaget representa com seus estágios cognitivos universais e elitistas? então, como podemos colocar o construtivismo no mesmo "lugar" que as pedagogias progressistas? 
Para finalizar, entretanto, importante ressaltar que nenhum modelo teórico/pedagógico é redentor, solução mágica para todos os problemas do cotidiano educacional, independente do nível de escolaridade, mas, se desejamos nos envolver com um projeto de educação transformador, precisamos respaldar a nossa prática nas pedagogias progressistas, na pedagogia crítica e não alienada, engessada, acrítica conforme as liberais de ensino. Acrescento ainda que, se há um modelo melhor do que o outro, eu diria que é aquele em que estamos conscientes sobre o porquê estamos adotando, conscientes acerca dos nossos objetivos, mas, aí eu questiono: será que um professor reprodutor tem consciência sobre o que está fazendo, afinal, ele não aprendeu a pensar e sim apenas a reproduzir e sem conhecimento de causa. Todos os métodos podem ser bem-vindos, desde que estejamos conscientes acerca do que estamos fazendo e se há uma regra imposta à docência, eu diria que: está proibido o professor NÃO pensar no que faz porque faz.
Palavras-chave das liberais: informação, linearidade, produto final, classificação, hierarquia (um pouco menos na escola nova), acrítico, alienação, engessamento, reprodução, mecanização, condicionamento, fragmentação e isolamento do conhecimento; opressão; ajustamento ao sistema; educação bancária; enciclopedista; domínio cognitivo.
Palavras-chave das progressistas: formação integral; dialética, processo; transformação social, consciência, práxis, diálogo, leitura de mundo; contexto; problematização da ciência, desmistificação, desocultamento da realidade; questionamento do sistema; reflexão; mudança social; crítica.
Abraços e bom estudo pra vocês, Therezinha Conde, maio de 2016.

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