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Universidade Federal do Rio de Janeiro História do Mundo Contemporâneo Ricardo Castro Aluna: Milena Guerrão Lourenço Resenha do livro Modernidade e Holocausto, páginas 19 - 47 Os primeiros capítulos da obra analisada, escrita por Zygmunt Bauman e publicada no final do século XX, nos aproximam da problemática do Holocausto e sua relação com a sociedade moderna, que, como veremos, possui características peculiares e até mesmo assustadoras. Bauman inicia a discussão colocando não a questão da modernidade em si, mas o Holocausto como ferramenta para pensar o estudo sociológico e seus equívocos. Para tal fim, expõe-se dois pecados ao analisar o Holocausto. O primeiro seria enquadrar o mesmo como acontecimento exclusivo da história judaica, excluindo os demais fatores sócio-históricos que o envolvem. Enquanto o segundo seria encaixá-lo junto à todos os outros casos de violência, preconceitos, etc, atribuindo sua origem ao estado natural do ser humano, que seria, segundo Hobbes, necessariamente mau. Tais visões, portanto, são limitadas, visto que não abrangem a totalidade de elementos que, como Bauman explicita mais à frente, criaram o cenário do Holocausto. Posto isto, o autor concebe o Holocausto como uma amostra da face oculta da modernidade, uma potencialização grotesca de aspectos intrínsecos à sociedade moderna, como o cientificismo, o impessoalismo, o distanciamento das relações, colocando a moral em suspenso, moral esta que é determinada socialmente. Admitindo-se, então, que o Holocausto é a manifestação da modernidade enquanto mentalidade, não existe caráter patológico nos crimes nazistas. Podendo, aqui, assumir o conceito cru para patologia como desvio do normal ou até mesmo a visão behaviorista da psicopatologia que compreende o comportamento destoante, ou inadequado à normalidade. Isto é, se o comportamento moderno, tido como norma vigente, ou seja, como normal, é a base substancial do genocídio em questão, tal atrocidade não foge da normalidade, concluindo-se, então, que a mesma apenas externaliza o caráter perverso da modernidade, este que é diretamente ligado às características aclamadas desse período como a esfera industrial, percebida no Holocausto através dos grandes esquemas de extermínio em massa como as câmaras de gás. Destarte, ao voltar um olhar analítico para a modernidade, o Holocausto se torna peça fundamental para compreender a mentalidade mais profunda desse período. Não podendo enquadrá-lo como comportamento patológico em relação à sociedade, constata-se a necessidade de revisar criticamente nosso comportamento e a cosmovisão moderna, atividade pertinente, considerando-se o espectro já apresentado.
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