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Universidade Federal do Rio de Janeiro Antropologia Cultural Letícia Carvalho Aluna: Milena Guerrão Lourenço PARTICULARISMO HISTÓRICO O objetivo Boas traça como objetivo da pesquisa antropológica não como a tentativa de conceber uma “significação geral para os variados modos de vida” (BOAS, p. 87) como os evolucionistas, mas “compreender os passos pelos quais o homem tornou-se aquilo que é biológica, psicológica e culturalmente” (BOAS, p. 88). Para tal, Boas admite que o estudo precisa ser amplamente histórico, incluindo o desenvolvimento corporal, fisiológico, mental e cultural. “Talvez possamos definir melhor nosso objetivo como uma tentativa de compreender os passos pelos quais o homem tornou-se aquilo que é biológica, psicológica e culturalmente.” (BOAS, p. 88) Origem das raças Pela incompletude dos registros paleontológicos, os registros morfológicos e embriológicos são as únicas formas de traçar a história dos animais e plantas. Porém, é preciso ter cautela pois características semelhantes podem aparecer em indivíduos geneticamente não-relacionados visto que a morfologia é influenciada por fatores ambientais. Boas dá o exemplo do pelo branco no Ártico e em altas altitudes, que ocorre independentemente em vários gêneros e espécies (BOAS, p. 89). Funcionamento mental Seria possível estudar a vida mental do homem em raças vivas e, a partir de registros históricos, estudar a cultura dos tempos passados porém uma quantidade limitada de informações pode ser obtida através desses dados. Oposição ao difusionismo Não seria possível determinar que fatores semelhantes em grupos distintos se dariam necessariamente pela relação entre eles. Boas, assim como Malinowski, admite que os fatores culturais nascem da necessidade de adaptação e sobrevivência e que, a partir disso, o comportamento análogo poderia surgir (BOAS, p. 101). O antropólogo dá o exemplo do garfo que foi usado em Fiji e inventado numa data comparativamente recente na Europa. Em alguns casos o distanciamento temporal também impossibilita o pensamento de uma transferência. “O número de indivíduos numa unidade social e a necessidade (ou não) de uma ação comunal para obter o suprimento de alimentos necessários constituem condições dinâmicas ativas em toda parte; elas são germes a partir dos quais pode brotar o comportamento cultural análogo” (BOAS, p. 101) Oposição ao evolucionismo Não seria possível apontar um desenvolvimento linear e único das culturas, as culturas são distintas e possuem seus próprios aspectos que direcionam seu desenvolvimento. “Um modo de vida que demanda constantes deslocamentos a pé é incompatível com o desenvolvimento em larga escala da propriedade pessoal” (BOAS, p. 103). Oposição ao determinismo geográfico Os fatores geográficos, ambientais, influenciam diretamente a cultura, favorecendo ou desfavorecendo certos aspectos, mas não a determina. “Os aborígenes australianos vivem no mesmo ambiente que os invasores brancos” (BOAS, p. 105), o ambiente é o mesmo mas as culturas que habitaram esse lugar são diferentes. O particularismo histórico Não é possível conceber uma lei para explicar as culturas. Todos os aspectos já citados influenciam a cultura mas não a determinam completamente, a cultura, em todos os casos, é fruto da relação entre indivíduo e sociedade, tendo, então, que ser explicada particularmente. Mesmo os fatores gerais das culturas, como o tamanho da comunidade e sua ocupação industrial (uma sociedade com muitos membros demanda uma produção em grande escala), só podem ter seus significados compreendidos analisando caso a caso (BOAS, p. 107). Em suma, cada cultura é fruto de um desenvolvimento histórico em diversos aspectos. Sendo influenciada por inúmeros fatores, pode-se parecer plausível afirmar que os mesmo determinam a construção do comportamento, porém, na realidade, uma cultura pode ser constituída por N costumes diferentes tendo as mesmas influências. “As condições causais das ocorrências culturais repousam sempre na interação entre indivíduo e sociedade, e nenhum estudo classificatório da sociedade resolverá esse problema.” (BOAS, p. 107) “Em resumo, a matéria-prima da antropologia é tal, que ela precisa ser uma ciência histórica, uma das ciências cujo interesse está centrado na tentativa de compreender os fenômenos individuais, mais do que o estabelecimento de leis gerais.” (BOAS, p. 107) TÓPICOS OBJETIVO Significação geral, leis gerais X O caminho percorrido pelo homem até o estado atual “Talvez possamos definir melhor nosso objetivo como uma tentativa de compreender os passos pelos quais o homem tornou-se aquilo que é biológica, psicológica e culturalmente.” (BOAS, p. 88) Estudo histórico - Desenvolvimento corporal, fisiológico, mental e cultural ORIGEM DAS RAÇAS Registros paleontológicos - incompletos Morfologia e embriologia Morfologia influenciável Os pêlos brancos FUNCIONAMENTO MENTAL Raças vivas Dados históricos - limitados OPOSIÇÃO AO DIFUSIONISMO Semelhança não configura relação Necessidade de adaptação e sobrevivência “O número de indivíduos numa unidade social e a necessidade (ou não) de uma ação comunal para obter o suprimento de alimentos necessários constituem condições dinâmicas ativas em toda parte; elas são germes a partir dos quais pode brotar o comportamento cultural análogo” (BOAS, p. 101) O garfo - Fiji e a Europa Distanciamento temporal OPOSIÇÃO AO EVOLUCIONISMO Desenvolvimento único e linear Aspectos particulares direcionam a cultura Constante deslocamento a pé X propriedade pessoal OPOSIÇÃO AO DETERMINISMO GEOGRÁFICO Ambiente - favorece e desfavorece Aborígenes australianos X invasores brancos - mesmo local, culturas diferentes O PARTICULARISMO HISTÓRICO Não é possível determinar leis gerais Relação indivíduo e sociedade - explicação particular “As condições causais das ocorrências culturais repousam sempre na interação entre indivíduo e sociedade, e nenhum estudo classificatório da sociedade resolverá esse problema.” (BOAS, p. 107) Significado dos fatores culturais - caso a caso Cada cultura é fruto de seu próprio desenvolvimento histórico CULTURAS
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