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Varian, H. Microeconomia. Princípios Básicos. Editora Campus (7ª edição), 2003. Externalidades Graduação - Curso de Microeconomia I Profa. Valéria Pero Externalidades Slide 2 Externalidade no consumo Quando consumidor se preocupar diretamente com a produçao ou consumo de outro agente. Ex: vizinho tocar música alta de madrugada, sentar ao lado de alguém que fuma charuto num restaurante, quantidade de poluiçao que automóveis produzem na minha cidade. – externalidades negativas Ex: prazer em ver jardim de flores do vizinho – externalidade positiva Externalidades Slide 3 Externalidade na produção Quando possibilidades de produção são influenciadas por escolhas de outra empresa ou consumidor. Ex: empresa de pesca que se preocupa com poluentes despejados em sua área de atuação, já que poluiçao afeta negativamente sua capcidade de captura Externalidades Slide 4 Característica principal Há bens com os quais as pessoas se importam e que não são vendidos no mercado. É a falta desses mercados que causa problemas Externalidades Slide 5 Negativas As ações de algum indivíduo ou empresa impõem custos a outro indivíduo ou empresa Positivas As ações de algum indivíduo ou empresa geram benefícios para outro indivíduo ou empresa Fumantes e não-fumantes Slide 6 Dois colegas de quarto A e B com preferencias por dinheiro e fumaça Ambos gostam de dinheiro, mas A gosta de fumar e B gosta de ar puro E suas dotações? Suponha que tenham a mesma quantia = 100. Para saber aonde vai se localizar, depnde da dotação inicial de fumaça/ar puro. Depende, entao, dos direitos legais dos fumantes e nao fumantes Fumantes e não-fumantes Slide 7 Pode ser que A tenha direito de fumar e B tenha que suportar. Ou pode ser que B tenha o direito a ar puro. Ou ainda o direito legal entre fumaça e ar puro poderia se situar em algum lugar entre os extremos Depende do sistema legal Se direitos de propriedade estiverem bem definidos com relaçao ao bem que gera externalidade, os agentes podem trocar a partir da sua dotaçao inicial para alcançar uma alocaçao eficiente de Pareto Fumantes e não-fumantes Slide 8 Problema surge quando os direitos de propriedade nao estao bem definidos: A acredita que tem direito de fumar e B acredita que tem direito a ar puro Os problemas práticos com externalidades geralmente surgem devido à má definiçao dos direitos de propriedade Os casos em que os direitos de propriedade estao mal definidos levam à produçao ineficiente de externalidades: haveria um meio de fazer com que ambas as partes melhorassem mudando a produçao de externalidades Fumantes e não-fumantes Slide 9 Se os direitos de propriedade estiverem bem definidos e se houver mecanismos que permitam a negociaçao entre as pessoas, elas poderao negociar seus direitos de produzir externalidades da mesma forma que trocam direitos de produzir e consumir bens comuns. Externalidades e Direito de Propriedade Slide 10 Negociação e Eficiência Econômica A eficiência econômica pode ser alcançada sem a intervenção do governo quando a externalidade envolve número relativamente pequeno de indivíduos e os direitos de propriedade são bem especificados. Em geral, a quantidade da externalidade que será gerada na solução eficiente dependerá da distribuição dos direitos de propriedade. Externalidades e Direito de Propriedade Slide 11 Caso especial das preferências quase-lineares: resultado da externalidade independe da distribuição dos direitos de propriedade. Caso especial em que a demanda do bem que gera externalidade independe da distribuição de renda. Externalidades e Direito de Propriedade Slide 12 Conclusão: Teorema de Coase Quando as partes podem negociar sem custos e com possibilidade de obter benefícios mútuos, o resultado das transações será eficiente, independentemente de como estejam especificados os direitos de propriedade. Preferências quase-lineares: o conjunto de alocações eficientes de Pareto será uma linha horizontal de modo que tenha sempre a mesma quantidade de externalidade. Custo Externo Slide 13 Situação Uma usina de aço despeja efluentes em um rio A quantidade de efluentes gerados pela usina pode ser reduzida através da diminuição do nível de produção de aço (estamos supondo uma função de produção de proporções fixas) Custo Externo Slide 14 Situação O Custo Externo Marginal (CMgE) é o custo imposto aos pescadores que trabalham no rio, para cada nível de produção de aço. O Custo Social Marginal (CMgS) é igual ao CMg mais o CMgE. CMg S = CMgI D P1 Custo social agregado da externalidade negativa P1 q1 Q1 CMgS CMgSI Na presença de externalidades negativas, o custo social marginal (CMgS) é maior que o custo marginal. Custo Externo Produção da Empresa Preço Produção da Indústria Preço CMgE CMgEI A diferença é o custo marginal externo CMgE. q* P* Q* A produção competitiva da indústria é Q1 , enquanto que a produção eficiente é Q*. A empresa maximizadora de lucro produz em q1, enquanto que o nível eficiente é q*. Custo Externo Slide 16 As externalidades negativas incentivam a permanência na indústria de um número excessivo (ineficiente) de empresas, criando excesso de produção no longo prazo. Externalidades Slide 17 Externalidades Positivas e Ineficiência As externalidades também podem resultar em nível excessivamente baixo de produção, como no exemplo da reforma de uma casa e suas implicações paisagísticas. Externalidades e Direito de Propriedade Slide 18 Direito de Propriedade Conjunto de regras legais que descrevem o que as pessoas ou empresas podem fazer com aquilo que lhes pertence Por exemplo: Se os residentes às margens de um rio fossem proprietários do rio, eles controlariam as emissões que ocorrem rio acima. Produção de Externalidades Slide 19 Empresa S produz aço s, mas também poluição x que despeja num rio. Empresa F opera no ramo da pesca nesse rio e é afetada de maneira adversa pela poluição gerada pela empresa S. Suponha que: Custo de S = cs(s,x) Custo de F = cf(f,x) Observe que os custos de F para produzir peixe dependem da quantidade de poluição gerada pela empresa de aço. Produção de Externalidades Slide 20 Suponha ainda que: Poluição aumenta o custo de produzir peixe: Δcf / Δx > 0; Poluição diminiu o custo de produzir aço: Δcs / Δx < 0; Problema de maximização de lucro da empresa S max pss - cs(s,x) e da empresa F max pfs - cf(f,x) Produção de Externalidades Slide 21 Observe que a siderúrgica tem que decidir o nível de poluição que gera, mas para de pesca está fora de seu controle. Condições que caracterizam a max de lucro para siderúrgica são: ps = Δcs (s*,x*) / Δs; 0 = Δcs (s*,x*) / Δx e para empresa de pesca: pf = Δcf (f*,x*) / Δf; Produção de Externalidades Slide 22 Essas condições dizem que preço de cada bem tem que ser igual ao seu custo marginal; Poluição tem preço zero; condição determinante da oferta de poluição que max lucro recomenda que se produza poluição até que o custo de produzir uma unidade extra seja zero. Produção de Externalidades Slide 23 Qual externalidade produzida? Empresa de pesca se importa com poluição, mas não tem controle sobre ela. A siderúrgica olha custo de produzir aço quando max lucro, mas não se importa com o custo imposto à empresa de pesca. O aumento do custoda pesca associado ao aumento da poluição é parte do custo social de produção de aço e é ignorado pela empresa de siderurgia. Produção de Externalidades Slide 24 Como será um plano de produção eficiente de pareto? Essas duas empresas fazem uma fusão para produzir aço e peixe. Podemos dizer que as externalidades foram internalizadas por essa redistribuição dos direitos de propriedade. Max lucro max pss + pff - cs(s,x) - cf(f,x) Produção de Externalidades Slide 25 O que gera as condições de otimização de ps = Δcs (s^,x^) / Δs; pf = Δcf (f^,x^) / Δf; 0 = Δcs (s*,x*) / Δx + Δcf (f^,x^) / Δx O último termo diz que a empresa conjunta levará em consideração o efeito da poluição nos custos marginais tanto da empresa siderúrgica quando da pesca. Produção de Externalidades Slide 26 Isso quer dizer que quando a divisão de aço decide quanto produzir de poluição, ela pondera o efeito dessa medida sobre os lucros da divisão pesqueria; isto é, considera o custo social no seu plano de produção. Ou seja, a empresa conjunta gera poluição até que a soma do CMg da siderurgica com o da pesca seja zero. Ou então: - CMgs (s^,x^) = CMgF (f^, x^) Produção de Externalidades Slide 27 CMgF (f^, x^) é positivo pois mais poluição aumento custo de produzir peixe. Portanto, a empresa conjunta desejará produzir onde - CMgs (s^,x^) seja positivo; desejará produzir menos poluição que a empresa independente. Quando se considera o custo social verdadeiro da externalidade envolvida na produção de aço, a quantidade ótima de poluição será reduzida. Produção de Externalidades Slide 28 Quando a siderúrgica pensa em minimizar seus custos privados de produzir aço, ela produz onde o CMg de poluição extra se iguala a zero, mas o nível eficiente no sentido de Pareto de poluição exige a minimização dos custos sociais da poluição. No nível eficiente no sentido de Pareto de poluição, a soma dos CMg de poluição das duas empresas tem de ser igual da zero. Interpretações das condições Slide 29 Várias interpretações úteis para condições de eficiência de Pareto, que sugerem esquema para corrigir perda de eficiencia criada pela externalidade na produção Primeira interpretação: empresa se defronta com preço errado da poluição Para siderurgica, poluição nao custa nada Porém exclui custo à empresa de pesca A situação pode ser retificada se for assegurado que poluidor enfrentará custo social correto de suas ações Interpretações das condições Slide 30 Uma maneira é criar um imposto sobre a poluição gerada pela siderúrgica Suponha um imposto de t unidades monetárias por unidade de poluição gerada pela siderúrgica Problema de max de lucro: max pss - cs(s,x) - tx As condições para max desse problema são: ps - Δcs (s,x) / Δs = 0; - Δcs (s,x) / Δx – t = 0 Interpretações das condições Slide 31 Teremos então Δcs (s,x) / Δx = t E comparando com solução anterior -CMgs (s^,x^) = CMgF (f^, x^) Teremos condições iguais às condições que caracterizam nível de poluição eficiente no sentido de Pareto Imposto de Pigou Interpretações das condições Slide 32 O problema com esse imposto é que precisa conhecer o nível ótimo de poluição para estabelecer imposto Nesse caso, é mais fácil estabelecer a quantidade a ser produzida pela siderúrgica do que complicar a estória com cobrança de impostos Interpretações das condições Slide 33 Segunda interpretação: falta um mercado de poluição Problema surge em decorrência do preço zero de um bem que ele produz, embora as pessoas estejam dispostas a pagar para reduzir esse bem Do ponto de vista social, a poluição deveria ter um preço negativo Interpretações das condições Slide 34 Imagine um mundo em que empresa de pesca tivesse direito à água limpa, mas que poderia vender esse direito para permitir poluição Seja q o preço por unidade de poluiçao e x a quantidade de poluição que a siderúrgica produz Problema de max da siderúrgica max pss - qx - cs(s,x) Problema de max da empresa de pesca max psf + qx - cf(f,x) Interpretações das condições Slide 35 qx entra com sinal negativo para siderurgica, pois representa custo Mas entra como positivo para empresa de pesca, pois representa receita com a venda desse direito Condições: ps = Δcs (s,x) / Δs q = - Δcs (s,x) / Δx pf = Δcf (f,x) / Δf q = Δcf (f,x) / Δx Assim, cada empresa enfrentará o cmg social de suas ações quando escolher o quanto de poluição comprar ou vender Se o preço for tal que oferta e demanda de poluição sejam iguais, teremos equilíbrio eficiente, como em qualquer outro mercado Interpretações das condições Slide 36 Na solução ótima: - Δcs (s,x) / Δx = Δcf (f,x) / Δx Isso quer dizer que o cmg que a siderúrgica tem para reduzir a poluiçao deve ser igual ao benefício marginal que a empresa de pesca tem com essa redução Se essa condição não for satisfeita, não teremos nível ótimo de poluição Sinais de mercado Slide 37 Terceira interpretação de externalidade Nao haveria problema das duas empresas se fundirem. Por que nao fazem isso? Há um incentivo para empresas se juntarem: se as ações de uma afetam a outra, entao podem conseguir um lucro maior juntas, coordendando seus comportamentos, do que cada uma por si O próprio objetivo de maximização de lucro deve incentivar a internalização da produçao de externalidades Sinais de mercado Slide 38 Se os lucros conjuntos das empresas com coordenação excedem a soma dos lucros sem coordenaçao, entao os proprietarios atuais poderiam cada um vender sua participaçao por uma quantia igual ao valor presente do fluxo de lucros da empresa, as duas empresas poderiam ser coordenadas e o comprardor poderia repor os lucros adicionais Ou seja, o próprio mercado sinaliza para que se internalize a produçao de externalidades Assim, a maior parte das empresas já internalizou as externalidades entre unidades que afetam a produção uma da outra Questão 14 Anpec 2012 Slide 39 Considere que um aeroporto está localizado ao lado de um grande terreno que é propriedade de um incorporador imobiliário. O incorporador gostaria de construir moradias naquele terreno, mas o barulho do aeroporto reduz o valor das propriedades. Quanto maior for a intensidade do tráfego aéreo, menor o valor do montante de lucros que o incorporador pode obter com o terreno. Seja X o número de vôos diários e Y o número de moradias que o incorporador pretende construir. O Lucro Total do aeroporto (LA) é dado pela função LA=48X – X2 e o Lucro Total do incorporador (LI) é dado por 60Y –Y2 – XY. Identifique a diferença entre o Lucro Total dos dois agentes (LA + LI) em duas situações relativas às regras institucionais que regulam o comportamento dos agentes: (i) no caso da imposição de uma lei que responsabiliza o aeroporto por qualquer redução ocorrida no valor das propriedades; (ii) no caso em que os dois agentes optam pela formação de um conglomerado empresarial com o objetivo de maximizar o lucro conjunto. Questão 14 Anpec 2012 - Solução 𝐿𝐴 = 48𝑋 − 𝑋2 𝐿𝐼 = 60𝑌 − 𝑌2 − 𝑋𝑌 i) Caso o aeroporto seja responsável por qualquer redução ocorrida no valor da propriedade O aeroporto deve indenizar o incorporador no valor XY por qualquer redução ocorrida no valor da propriedade. As novas funções lucro são: 𝐿𝐴 = 48𝑋 − 𝑋2 − 𝑋𝑌 𝐿𝐼 = 60𝑌 − 𝑌2 Maximizando o lucro da incorporadora... max 𝑦 (60𝑌 − 𝑌2) DaCPO: 60 − 2𝑦 = 0 → 𝑌∗ = 30 Maximizando o lucro da incorporadora para y=30... max 𝑥 (48𝑋 − 𝑋2 − 30𝑋) Da CPO: 48 − 2𝑋 − 30 = 0 → 𝑋∗ = 9 Substituindo X* e Y* nas funções lucro, temos: 𝐿𝐴1 = 48 ∗ 9 − 9 2 − 9 ∗ 30 = 81 𝐿𝐼1 = 60𝑌 − 𝑌 2 = 60 ∗ 30 − 302 = 900 𝐿𝐴1 + 𝐿𝐼1 = 981 Slide 40 Questão 14 Anpec 2012 - Solução ii os dois agentes optam pela formação de um conglomerado empresarial com o objetivo de maximizar o lucro conjunto 𝐿 = 𝐿𝐴 + 𝐿𝐼 = 48𝑋 − 𝑋2 + 60𝑌 − 𝑌2 − 𝑋𝑌 max 𝑥,𝑦 𝐿 = 48𝑋 − 𝑋2 + 60𝑌 − 𝑌2 − 𝑋𝑌 AS CPO’S são: 𝜕𝐿 𝜕𝑋 = 0 → 48 − 2𝑋 − 𝑌 = 0 → 𝑌∗ = 48 − 2𝑋∗ 𝜕𝐿 𝜕𝑌 = 0 → 60 − 2𝑌 − 𝑋 = 0 → 60 − 2 48 − 2𝑋∗ − 𝑋 = 0 60 − 2 48 − 2𝑋∗ − 𝑋 = 0 → 𝑋∗ = 12 𝑌∗ = 48 − 2𝑋∗ = 48 − 2 ∗ 12 = 48 − 24 → 𝑌∗ = 24 𝐿 = 48 ∗ 12 − 122 + 60 ∗ 24 − 242 − 12 ∗ 24 → 𝐿2 = 1008 Resposta: 𝑳𝟐 − 𝑳𝟏 = 𝟏𝟎𝟎𝟖 − 𝟗𝟖𝟏 = 𝟐𝟕 Slide 41