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NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 31 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola DEMANDA, OFERTA E MOVIMENTOS DE PREÇO 3.1 INTRODUÇÃO No estudo da economia, o uso de modelos é fundamental para entender e antecipar como se comportam a oferta, a demanda e a variação dos preços. Esses modelos, embora não abranjam cada aspecto ou detalhe do mundo real, proporcio- nam uma estrutura que ajuda a descomplicar e organizar a complexidade existente, tornando a análise mais objetiva. Dependendo das necessidades específicas ou do nível de detalhamento desejado, esses modelos podem ser representados de diferen- tes maneiras, incluindo gráficos, tabelas, equações ou narrativas. Dentro deste contexto, a compreensão dos conceitos de oferta e demanda, junto à forma como os preços se ajustam, é facilitada pelo uso desses modelos abs- tratos. É nesta perspectiva que o presente conteúdo introduz as noções fundamentais de oferta e demanda, a dinâmica da formação de preços e o princípio do equilíbrio de mercado. Além disso, são exploradas as variações na oferta e demanda, a influência das políticas governamentais nos mercados e seus efeitos sobre os preços, com o intuito de habilitar os estudantes a analisar e compreender os mercados de produtos agrícolas. A importância deste estudo reside na capacitação para a compreensão pro- funda do processo de comercialização agrícola, enfatizando a relevância de analisar as nuances do mercado que afetam diretamente os agricultores e a economia como um todo. 3.2 DEMANDA OU PROCURA Segundo Sandroni (2006, p. 160), o termo demanda, ou procura, refere-se ao volume de produtos ou serviços que o consumidor quer e pode comprar a um preço específico em um momento dado. Portanto, os modelos de demanda buscam escla- recer os fatores que influenciam a decisão de compra dos consumidores, com foco especial na variação dos preços dos produtos e serviços. Sandroni enfatiza que a AULA 3 NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 32 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola demanda é uma tentativa de compreender como um consumidor age isoladamente, citando o exemplo de alguém interessado em adquirir arroz (p. 160). Segundo Pinho e Vasconcellos (2004), a demanda do mercado é a soma de todas as demandas indi- viduais. Os consumidores procuram maximizar a satisfação de suas necessidades e desejos, considerando suas preferências pessoais, mas enfrentam limitações, como recursos limitados. Abaixo, são discutidos os fatores que determinam a demanda de uma pessoa e como esses fatores afetam as quantidades demandadas e a configura- ção da demanda. O preço do produto ou serviço é determinante crucial. Conforme indicado pe- los modelos de demanda, um aumento no preço, mantendo-se constantes as demais condições, resulta em uma diminuição na quantidade demandada. Inversamente, uma diminuição no preço, com as demais condi- ções inalteradas, leva a um aumento na quantidade demandada, conforme Pinho e Vasconcellos (2004) elucidam. Esse com- portamento é ilustrado na figura 1, que mos- tra a representação gráfica do modelo de de- manda, onde é evidente que as curvas de demanda inclinam-se para baixo. Assim, um aumento no preço de p1 para p2 resulta na redução da quantidade demandada de q1 para q2, movendo-se do ponto A para o ponto B. Outros fatores, além do preço, também são essenciais para definir a demanda de um produto ou serviço, de acordo com Pinho e Vasconcellos (2004). Esses in- cluem: • As preferências e gostos do consumidor, que direcionam suas esco- lhas; • A renda e o patrimônio, que estabelecem o limite do orçamento dis- ponível e são fundamentais para o poder aquisitivo do consumidor, elemento sem o qual, conforme Sandroni (2006), a demanda não se concretiza no con- texto econômico; Figura 1 - Curva de demanda e mudança na quantidade demandada. Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 33 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola • O preço de produtos ou serviços que possam substituir os inicial- mente desejados, atendendo às mesmas necessidades ou funções (por exem- plo, a substituição do café pela erva mate); • O preço de produtos ou serviços que são complementares, ou seja, cujo uso está ligado ao do bem principal (como a gasolina, que é complementar ao uso de veículos); • As expectativas sobre futuras disponibilidades, preços ou rendas re- lacionadas ao bem ou serviço em questão. Como mencionado previamente e ilustrado na figura 1, variações no preço de um produto ou serviço causam movimentos ao longo da curva de demanda, de um ponto a outro, como de A para B. Alterações nas demais variáveis mencionadas levam a um deslocamento da própria curva de demanda, modificando a relação completa entre preço e quantidade demandada. Este fenômeno é demonstrado nas figuras sub- sequentes, 2 e 3. Figura 2 – Deslocamentos da curva de demanda que aumentam a quantidade demandada. Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. Figura 3 – Deslocamentos da curva de demanda que reduzem a quantidade de- mandada. Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. Na figura 2, mesmo que o preço não se tenha alterado (p1 = p2 ), há um aumento da quantidade consumida (de q1 para q2 ), porque a curva de demanda se deslocou como um todo para a direita (de D1 para D2 ). Isso se deve aos seguintes fatores: • gostos e preferências favoráveis ao bem ou serviço; • aumento na renda; u aumento na riqueza; • aumento no preço dos bens e serviços substitutos; NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 34 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola • redução no preço dos bens e serviços complementares; • expectativa de aumento no preço do bem ou serviço; • expectativa de falta do bem ou serviço; • expectativa de aumento na renda ou riqueza. Na figura 3, mesmo que o preço não se tenha alterado (p1 = p2 ), há uma redução da quantidade consumida (de q1 para q2 ), porque a curva de demanda se deslocou como um todo para a esquerda (de D1 para D2 ). Isso se deve aos seguintes fatores: • gostos e preferências desfavoráveis ao bem ou serviço; • redução na renda; • redução na riqueza; • redução no preço dos bens e serviços substitutos; • aumento no preço dos bens e serviços complementares; • expectativa de redução no preço do bem ou serviço; • expectativa de excesso do bem ou serviço; • expectativa de redução na renda ou riqueza. Como apontado anteriormente, a quantidade demandada pelo mercado cor- responde à quantidade que a totalidade dos compradores decidiria comprar por de- terminado preço e em determinadas condições. Por isso, a demanda de mercado tam- bém é determinada pelo tamanho da população. 3.3 OFERTA Conforme explicado por Sandroni (2006), a oferta é definida como o volume de produtos ou serviços disponibilizados no mercado a um preço específico e dentro de um determinado intervalo de tempo. Desta forma, os modelos de oferta buscam esclarecer quais são os elementos que influenciam as decisões dos vendedores, com um enfoque particular na relação dos preços com a quantidade de bens e serviços ofertados. A oferta de mercado é entendida como a agregação das ofertas individuaisde cada empresa, segundo Pinho e Vasconcellos (2004). Empresas perseguem vários objetivos, destacando-se a maximização de lu- cros, a expansão e manutenção de sua participação no mercado, e a permanência NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 35 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola sustentável a longo prazo, conforme indicam Kupfer e Hasenclever (2002) citados por Waquil, Miele, e Schultz (2010). Para atingir tais metas, elas se esforçam para produzir de maneira eficaz, aproveitando a tecnologia disponível e enfrentando desafios como limitações orçamentárias, preços de mercado variáveis e a competição. A seguir, des- tacam-se os fatores que moldam a oferta de uma empresa e como estes influenciam a quantidade de produtos ou serviços ofertados e a estrutura da oferta em si. O preço do produto ou serviço emerge como o fator mais significativo. De acordo com o modelo de oferta, um aumento no preço, assumindo que todos os outros fatores permaneçam constantes, resulta em um incremento na quantidade ofertada. Esse aumento na oferta é motivado pela perspectiva de maior lucratividade que um preço elevado oferece, incentivando as empresas a expandirem sua produção. Inver- samente, uma diminuição no preço, com outros fatores estáveis, leva a uma redução na quantidade ofertada, pois a lucrativi- dade menor desencoraja a manutenção ou ampliação dos níveis de produção, conforme discutido por Pinho e Vascon- cellos (2004). Essa dinâmica pode ser ob- servada na figura 4, que ilustra o modelo da oferta com suas curvas ascendentes. Assim, um aumento do preço de p1 para p2 leva a um aumento na quantidade ofer- tada de q1 para q2, representando uma movimentação do ponto A para o ponto B. Adicionando às considerações sobre preço, Pinho e Vasconcellos (2004) identificam outros fatores essenciais que influenciam a oferta de uma empresa, inclu- indo: • Os custos dos insumos e dos fatores de produção, como mão de obra, matérias-primas e terra. Esses elementos afetam diretamente os custos de produção e, por consequência, a lucratividade; • A rentabilidade de produtos ou serviços alternativos que poderiam ser produzidos usando a mesma tecnologia e insumos da firma. Isso se refere a bens que, com ajustes mínimos na base tecnológica, poderiam ser alternati- vas de produção; Figura 4 – Curva de oferta e mudança na quantidade ofertada. Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 36 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola • Inovações tecnológicas que têm o potencial de diminuir os custos de produção ou aumentar a eficiência e produtividade; • Variações climáticas, particularmente relevantes para a produção agrícola, que podem afetar a disponibilidade e o custo de matérias-primas; • Expectativas sobre o futuro, incluindo a disponibilidade e os custos dos insumos ou fatores de produção, bem como as tendências de preço dos produtos ou serviços oferecidos. Conforme demonstrado na figura 4, alterações no preço de um bem ou serviço levam a movimentos ao longo da curva de oferta, de um ponto para outro (de A para B). No entanto, quando ocorrem mudanças nessas outras variáveis mencionadas, ob- serva-se um deslocamento da própria curva de oferta, alterando a relação completa entre preço e quantidade ofertada. Essas modificações são ilustradas nas figuras sub- sequentes, 5 e 6, mostrando como a oferta é afetada por fatores além do preço. Figura 5 – Deslocamentos da curva de oferta que aumentam a quantidade ofer- tada. Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. Figura 3.6 – Deslocamentos da curva de oferta que reduzem a quantidade ofer- tada. Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. Na figura 5, mesmo que o preço não se tenha alterado (p1 = p2 ), há um aumento da quantidade ofertada (de q1 para q2 ), porque a curva de oferta se deslo- cou como um todo para a direita (de O1 para O2 ). Isso se deve aos seguintes fatores: • redução do preço dos insumos e fatores de produção; • redução da lucratividade dos bens e serviços alternativos; • avanços tecnológicos e condições climáticas favoráveis; • expectativa de redução no preço do bem ou serviço (antecipação da venda a fim de obter preços melhores no presente). NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 37 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola Na figura 6, mesmo que o preço não se tenha alterado (p1 = p2 ), há uma redução da quantidade ofertada (de q1 para q2 ), porque a curva de oferta se deslocou como um todo para a esquerda (de O1 para O2 ). Isso se deve aos seguintes fatores: • aumento do preço dos insumos e fatores de produção; • aumento da lucratividade dos bens e serviços alternativos; • obsolescência tecnológica e condições climáticas desfavoráveis; • expectativa de aumento no preço do bem ou serviço (retenção de estoques a fim de obter preços melhores no futuro). Como mencionado, a quantidade de produtos ou serviços disponibilizados no mercado é determinada pela soma das quantidades que todas as empresas optam por oferecer a um preço específico, sob determinadas condições. Isso significa que a oferta de mercado é influenciada pelo volume total da capacidade instalada, que é o produto do número de empresas pelo nível de capacidade de cada uma. Diferentemente da demanda, mudanças na oferta e na quantidade ofertada tendem a ocorrer de maneira mais gradual. Isso é particularmente verdadeiro para produtos agrícolas, cuja quantidade disponível é basicamente definida no momento em que os produtores decidem sobre o volume de produção — determinado por fato- res como a extensão da área cultivada, a utilização de insumos, a contratação de trabalhadores e o emprego de tecnologia — e é posteriormente confirmada pelas con- dições climáticas ao longo da estação de crescimento. Por esta razão, é importante abordar o modelo de oferta de forma dinâmica, reconhecendo que os preços no mo- mento do plantio (quando os agricultores tomam suas decisões de produção) influen- ciarão a oferta disponível na época da colheita. Neste momento, a oferta é quase um dado, a não ser que ocorram ações para ajustá-la, como a retenção de estoques para reduzir a oferta disponível ou a importação de produtos para aumentá-la a curto prazo. 3.4 INTERAÇÃO ENTRE DEMANDA E OFERTA O modelo de oferta e demanda busca explicar como os preços se comportam dentro de uma economia de mercado, uma arena onde compradores e vendedores se encontram para alcançar seus respectivos objetivos. O preço de um bem ou serviço é o dado mais importante para a tomada de decisão, com compradores almejando pagar NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 38 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola o mínimo possível e vendedores buscando receber o máximo. Apesar das forças opostas, não se observa desordem, mas sim períodos de estabilidade de preços, du- rante os quais os preços flutuam ao redor de um ponto fixo conhecido como equilíbrio de mercado, preço de equilíbrio ou, ainda, e preço de ajustamento do mercado. Essa noção sugere que as quantidades demandadas e ofertadas se ajustarão a um nível de preços que satisfaz tanto compradores quanto vendedores, de acordo com Pinho e Vasconcellos (2004). Em cenários ondeos preços estão ex- cepcionalmente baixos, como ilustrado na fi- gura 7, há uma condição de excesso de de- manda, caracterizada por uma demanda (qD) que supera a oferta disponível (qO). Neste con- texto, a escassez de bens e serviços, ou o ex- cesso de demanda (indicado pela diferença en- tre qD e qO), provoca um cenário onde alguns consumidores estão dispostos a pagar mais (de p1 para pEM), gerando uma competição similar a um leilão. Com a elevação dos preços, a oferta se ajusta ao nível mais lucra- tivo (de qO para qEM) pois as empresas são incentivadas a expandir suas vendas. Da mesma forma, a demanda se adequa (de qD para qEM) à medida que consumidores desis- tem do "leilão", diminuindo a pressão sobre a demanda. Quando os preços estão excessiva- mente altos, conforme ilustrado na figura 8, surge uma condição de excesso de oferta, isto é, a quantidade disponível para venda (qO) supera a quantidade que os consumidores desejam comprar (qD). Nessa situação, a abundância de produtos ou serviços dispo- níveis (ou o excesso de oferta, indicado pela diferença entre qO e qD) leva a que alguns vendedores baixem seus preços (de p1 para pEM) na tentativa de diminuir seus estoques excessivos, criando uma dinâmica de leilão no mercado. Com a dimi- nuição dos preços, a demanda se ajusta ao nível mais atraente (de qD para qEM), Figura 7 – Excesso de demanda e equilíbrio de mercado Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. Figura 8 – Excesso de oferta e equi- líbrio de mercado Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 39 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola pois os preços mais baixos incentivam os consumidores a comprar mais. Simultanea- mente, a oferta também se ajusta (de qO para qEM), à medida que empresas reduzem sua produção ou saem do mercado devido à rentabilidade decrescente, resultando numa diminuição da quantidade ofertada. Quando as curvas de demanda e oferta se deslocam, também ocorrem mu- danças na quantidade e no preço de mercado. 3.4.1 Exemplos aplicados Caso 1: Quando a produção de ve- getais folhosos é afetada negativamente por geadas, a quantidade disponível desses pro- dutos no mercado diminui. Dado que esses itens não suportam longos períodos de ar- mazenamento ou transporte por vastas dis- tâncias, a oferta se reduz. Considerando que a demanda permaneça constante, já que o interesse dos consumidores nesses produtos não se alterou, espera-se um crescimento nos preços devido à oferta limi- tada. Essa situação pode ser representada graficamente conforme figura 9. Caso 2: Durante o ano, a flutuação nos preços de produtos agrícolas e pecu- ários é influenciada pela sazonalidade de sua disponibilidade. Especificamente no caso do milho no sul do Brasil, observa-se um aumento de preços no segundo semes- tre, enquanto no primeiro semestre os preços tendem a diminuir, devido ao ciclo de colheita. Quando a demanda se mantém relativamente estável no curto prazo, essas mudanças na oferta resultam em ajustes nos preços. Observe o gráfico dessa situa- ção na figura 10. Figura 9 – Deslocamentos da curva de oferta de folhosas em função de uma geada que reduziu a quantidade de oferta. Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 40 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola Figura 10 – Preço do milho em Santa Catarina, média mensal de 1998 a 2008. Fonte: ICEPA apud Waquil; Miele; Glauco, 2010. Caso 3: Durante os surtos de doença da vaca louca que afetaram os rebanhos na Europa e nos EUA nos anos 2000 e 2003, houve um au- mento na preocupação dos consumidores com a segurança alimentar. Isso resultou em uma mu- dança de preferência, com um aumento no con- sumo de carne de frango e suína em substituição à carne bovina, refletindo uma adaptação às pre- ferências e gostos. Essa alteração no comporta- mento do consumidor conduziu a uma queda de 15% a 20% nos preços dos bovinos. Grafica- mente, esse episódio é descrito segundo a figura 11. É importante salientar que no mundo real ocorrem mudanças simultâneas nas curvas de demanda e de oferta. Assim, é possível que um aumento da oferta não seja acompanhado por uma redução de preços, porque também pode ter ocorrido um au- Figura 3.11 – Deslocamentos da curva de demanda por carne bo- vina em função dos episódios de vaca louca que reduziram a quanti- dade demandada. Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 41 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola mento da demanda. No quadro abaixo, apresentam-se os possíveis efeitos do deslo- camento da oferta e da demanda sobre o preço e a quantidade de equilíbrio de mer- cado (EM). Quadro 9 – Efeitos do deslocamento simultâneo da demanda e da oferta. Fonte: Hall; Lieberman, 2003 apud Waquil; Miele; Glauco, 2010. 2.5 ELASTICIDADE DA DEMANDA E RECEITA DOS VENDEDORES O modelo de demanda também abrange uma informação crucial sobre a sen- sibilidade da demanda em relação às flutuações nos preços dos bens e serviços, bem como na renda dos consumidores. A elasticidade-preço da demanda (ED) mensura a mudança percentual na quantidade demandada resultante de uma variação de 1% no preço. Em outras palavras, ela avalia a sensi- bilidade da quantidade demandada diante das mudanças nos preços (PINHO; VASCONCEL- LOS, 2004). Como a curva de demanda é negativa- mente inclinada (variações negativas nos preços levam a variações positivas nas quantidades), o valor da elasticidade-preço da demanda (ED) será sempre negativo. Para se utilizar esta informação, é importante saber interpretá-la conforme segue: • demanda inelástica: quando ∆%Q ED > -1, ou seja, a quantidade variou menos que os preços, sendo pouco sensível a estes; Fórmula da elasticidade-preço da demanda NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 42 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola • demanda elástica: quando ∆%Q > ∆%P e ED+ 3,02) /2] = -0,36 / 2,84 = -12,7% ED = 5,1% / -12,7 = -0,40 Nesse exemplo, portanto, a quantidade consumida aumentou 5,1% frente a um decréscimo nos preços de 12,7%, com uma elasticidade de –0,40. Ou seja, para uma queda de 1% nos preços, há uma elevação de 0,40% nas quantidades consumi- das. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 43 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola Por fim, é importante analisar a elasticidade do ponto de vista dos vendedores, que estão preocupados com os efeitos das variações dos preços no gasto total dos consumidores (GT), tendo em vista que esse gasto também representa a receita total das firmas vendedoras (RT). No quadro 10, apresenta-se o efeito das variações dos preços no gasto total dos consumidores em diferentes situações de elasticidade. Quadro 10 – Efeitos das alterações dos preços nos gastos de acordo com o tipo de elasticidade-preço da demanda Fonte: Hall; Lieberman, 2003 apud Waquil; Miele; Glauco, 2010. São determinantes da elasticidade-preço da demanda (ED) as seguintes va- riáveis (PINHO; VASCONCELLOS, 2004): • disponibilidade de bens e serviços substitutos (bens e serviços com muitos substitutos são mais elásticos); • necessidade ou essencialidade do bem ou serviço, ou seja, que te- nha poucos ou nenhum substituto (bens e serviços essenciais são menos elás- ticos); • período de tempo analisado (a longo prazo é mais fácil encontrar substitutos, sendo a demanda mais elástica do que a curto prazo); • importância do bem ou serviço no orçamento familiar (bens e servi- ços que consomem parcela significativa do orçamento têm elasticidade maior do que aqueles de menor importância). NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 44 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola Vá no tópico MATERIAL COMPLEMENTAR em sua sala virtual e acesse o livro “Economia da comercialização agrícola” de Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 45 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) BARBOSA, Françoise de Fátima. Economia rural (Apostila). e-Tec Bra- sil/CEMF/Unimontes. 2011. 2) PADILHA JUNIOR, J. B. Comercialização de Produtos Agrícolas. 2009. (Desen- volvimento de material didático ou instrucional - Material didático - Graduação). Disponível em: >. Acessado em: mar 2024. 3) SANDRONI, Paulo (Org.). Dicionário de Economia do século XXI. Rio de Janeiro: Re- cord, 2006.PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de (Org.). Manual de Economia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. 4) WAQUIL, Paulo Dabdab; MIELE, Marcelo; SCHULTZ, Glauco. Mercados e co- mercialização de produtos agrícolas. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2010. https://materiais.tripod.com/sitebuildercontent/sitebuilderfiles/apostila2006sc.pdf https://materiais.tripod.com/sitebuildercontent/sitebuilderfiles/apostila2006sc.pdf