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NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 31 
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GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola 
 
 
DEMANDA, OFERTA E MOVIMENTOS DE PREÇO 
 
 
3.1 INTRODUÇÃO 
 
No estudo da economia, o uso de modelos é fundamental para entender e 
antecipar como se comportam a oferta, a demanda e a variação dos preços. Esses 
modelos, embora não abranjam cada aspecto ou detalhe do mundo real, proporcio-
nam uma estrutura que ajuda a descomplicar e organizar a complexidade existente, 
tornando a análise mais objetiva. Dependendo das necessidades específicas ou do 
nível de detalhamento desejado, esses modelos podem ser representados de diferen-
tes maneiras, incluindo gráficos, tabelas, equações ou narrativas. 
Dentro deste contexto, a compreensão dos conceitos de oferta e demanda, 
junto à forma como os preços se ajustam, é facilitada pelo uso desses modelos abs-
tratos. É nesta perspectiva que o presente conteúdo introduz as noções fundamentais 
de oferta e demanda, a dinâmica da formação de preços e o princípio do equilíbrio de 
mercado. Além disso, são exploradas as variações na oferta e demanda, a influência 
das políticas governamentais nos mercados e seus efeitos sobre os preços, com o 
intuito de habilitar os estudantes a analisar e compreender os mercados de produtos 
agrícolas. A importância deste estudo reside na capacitação para a compreensão pro-
funda do processo de comercialização agrícola, enfatizando a relevância de analisar 
as nuances do mercado que afetam diretamente os agricultores e a economia como 
um todo. 
 
 
3.2 DEMANDA OU PROCURA 
 
Segundo Sandroni (2006, p. 160), o termo demanda, ou procura, refere-se ao 
volume de produtos ou serviços que o consumidor quer e pode comprar a um preço 
específico em um momento dado. Portanto, os modelos de demanda buscam escla-
recer os fatores que influenciam a decisão de compra dos consumidores, com foco 
especial na variação dos preços dos produtos e serviços. Sandroni enfatiza que a 
AULA 3 
 
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demanda é uma tentativa de compreender como um consumidor age isoladamente, 
citando o exemplo de alguém interessado em adquirir arroz (p. 160). Segundo Pinho 
e Vasconcellos (2004), a demanda do mercado é a soma de todas as demandas indi-
viduais. 
Os consumidores procuram maximizar a satisfação de suas necessidades e 
desejos, considerando suas preferências pessoais, mas enfrentam limitações, como 
recursos limitados. Abaixo, são discutidos os fatores que determinam a demanda de 
uma pessoa e como esses fatores afetam as quantidades demandadas e a configura-
ção da demanda. 
O preço do produto ou serviço é determinante crucial. Conforme indicado pe-
los modelos de demanda, um aumento no preço, mantendo-se constantes as demais 
condições, resulta em uma diminuição na 
quantidade demandada. Inversamente, uma 
diminuição no preço, com as demais condi-
ções inalteradas, leva a um aumento na 
quantidade demandada, conforme Pinho e 
Vasconcellos (2004) elucidam. Esse com-
portamento é ilustrado na figura 1, que mos-
tra a representação gráfica do modelo de de-
manda, onde é evidente que as curvas de 
demanda inclinam-se para baixo. Assim, um 
aumento no preço de p1 para p2 resulta na 
redução da quantidade demandada de q1 para q2, movendo-se do ponto A para o 
ponto B. 
Outros fatores, além do preço, também são essenciais para definir a demanda 
de um produto ou serviço, de acordo com Pinho e Vasconcellos (2004). Esses in-
cluem: 
• As preferências e gostos do consumidor, que direcionam suas esco-
lhas; 
• A renda e o patrimônio, que estabelecem o limite do orçamento dis-
ponível e são fundamentais para o poder aquisitivo do consumidor, elemento 
sem o qual, conforme Sandroni (2006), a demanda não se concretiza no con-
texto econômico; 
Figura 1 - Curva de demanda e mudança 
na quantidade demandada. 
Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. 
 
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• O preço de produtos ou serviços que possam substituir os inicial-
mente desejados, atendendo às mesmas necessidades ou funções (por exem-
plo, a substituição do café pela erva mate); 
• O preço de produtos ou serviços que são complementares, ou seja, 
cujo uso está ligado ao do bem principal (como a gasolina, que é complementar 
ao uso de veículos); 
• As expectativas sobre futuras disponibilidades, preços ou rendas re-
lacionadas ao bem ou serviço em questão. 
Como mencionado previamente e ilustrado na figura 1, variações no preço de 
um produto ou serviço causam movimentos ao longo da curva de demanda, de um 
ponto a outro, como de A para B. Alterações nas demais variáveis mencionadas levam 
a um deslocamento da própria curva de demanda, modificando a relação completa 
entre preço e quantidade demandada. Este fenômeno é demonstrado nas figuras sub-
sequentes, 2 e 3. 
 
Figura 2 – Deslocamentos da curva de 
demanda que aumentam a quantidade 
demandada. 
 
Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. 
Figura 3 – Deslocamentos da curva de 
demanda que reduzem a quantidade de-
mandada. 
 
 
Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. 
 
Na figura 2, mesmo que o preço não se tenha alterado (p1 = p2 ), há um 
aumento da quantidade consumida (de q1 para q2 ), porque a curva de demanda se 
deslocou como um todo para a direita (de D1 para D2 ). Isso se deve aos seguintes 
fatores: 
• gostos e preferências favoráveis ao bem ou serviço; 
• aumento na renda; u aumento na riqueza; 
• aumento no preço dos bens e serviços substitutos; 
 
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• redução no preço dos bens e serviços complementares; 
• expectativa de aumento no preço do bem ou serviço; 
• expectativa de falta do bem ou serviço; 
• expectativa de aumento na renda ou riqueza. 
Na figura 3, mesmo que o preço não se tenha alterado (p1 = p2 ), há uma 
redução da quantidade consumida (de q1 para q2 ), porque a curva de demanda se 
deslocou como um todo para a esquerda (de D1 para D2 ). Isso se deve aos seguintes 
fatores: 
• gostos e preferências desfavoráveis ao bem ou serviço; 
• redução na renda; 
• redução na riqueza; 
• redução no preço dos bens e serviços substitutos; 
• aumento no preço dos bens e serviços complementares; 
• expectativa de redução no preço do bem ou serviço; 
• expectativa de excesso do bem ou serviço; 
• expectativa de redução na renda ou riqueza. 
Como apontado anteriormente, a quantidade demandada pelo mercado cor-
responde à quantidade que a totalidade dos compradores decidiria comprar por de-
terminado preço e em determinadas condições. Por isso, a demanda de mercado tam-
bém é determinada pelo tamanho da população. 
 
 
3.3 OFERTA 
 
Conforme explicado por Sandroni (2006), a oferta é definida como o volume 
de produtos ou serviços disponibilizados no mercado a um preço específico e dentro 
de um determinado intervalo de tempo. Desta forma, os modelos de oferta buscam 
esclarecer quais são os elementos que influenciam as decisões dos vendedores, com 
um enfoque particular na relação dos preços com a quantidade de bens e serviços 
ofertados. A oferta de mercado é entendida como a agregação das ofertas individuaisde cada empresa, segundo Pinho e Vasconcellos (2004). 
Empresas perseguem vários objetivos, destacando-se a maximização de lu-
cros, a expansão e manutenção de sua participação no mercado, e a permanência 
 
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sustentável a longo prazo, conforme indicam Kupfer e Hasenclever (2002) citados por 
Waquil, Miele, e Schultz (2010). Para atingir tais metas, elas se esforçam para produzir 
de maneira eficaz, aproveitando a tecnologia disponível e enfrentando desafios como 
limitações orçamentárias, preços de mercado variáveis e a competição. A seguir, des-
tacam-se os fatores que moldam a oferta de uma empresa e como estes influenciam 
a quantidade de produtos ou serviços ofertados e a estrutura da oferta em si. 
O preço do produto ou serviço emerge como o fator mais significativo. De 
acordo com o modelo de oferta, um aumento no preço, assumindo que todos os outros 
fatores permaneçam constantes, resulta em um incremento na quantidade ofertada. 
Esse aumento na oferta é motivado pela perspectiva de maior lucratividade que um 
preço elevado oferece, incentivando as empresas a expandirem sua produção. Inver-
samente, uma diminuição no preço, com outros fatores estáveis, leva a uma redução 
na quantidade ofertada, pois a lucrativi-
dade menor desencoraja a manutenção 
ou ampliação dos níveis de produção, 
conforme discutido por Pinho e Vascon-
cellos (2004). Essa dinâmica pode ser ob-
servada na figura 4, que ilustra o modelo 
da oferta com suas curvas ascendentes. 
Assim, um aumento do preço de p1 para 
p2 leva a um aumento na quantidade ofer-
tada de q1 para q2, representando uma 
movimentação do ponto A para o ponto B. 
Adicionando às considerações sobre preço, Pinho e Vasconcellos (2004) 
identificam outros fatores essenciais que influenciam a oferta de uma empresa, inclu-
indo: 
• Os custos dos insumos e dos fatores de produção, como mão de 
obra, matérias-primas e terra. Esses elementos afetam diretamente os custos 
de produção e, por consequência, a lucratividade; 
• A rentabilidade de produtos ou serviços alternativos que poderiam 
ser produzidos usando a mesma tecnologia e insumos da firma. Isso se refere 
a bens que, com ajustes mínimos na base tecnológica, poderiam ser alternati-
vas de produção; 
Figura 4 – Curva de oferta e mudança na 
quantidade ofertada. 
 
Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. 
 
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• Inovações tecnológicas que têm o potencial de diminuir os custos de 
produção ou aumentar a eficiência e produtividade; 
• Variações climáticas, particularmente relevantes para a produção 
agrícola, que podem afetar a disponibilidade e o custo de matérias-primas; 
• Expectativas sobre o futuro, incluindo a disponibilidade e os custos 
dos insumos ou fatores de produção, bem como as tendências de preço dos 
produtos ou serviços oferecidos. 
Conforme demonstrado na figura 4, alterações no preço de um bem ou serviço 
levam a movimentos ao longo da curva de oferta, de um ponto para outro (de A para 
B). No entanto, quando ocorrem mudanças nessas outras variáveis mencionadas, ob-
serva-se um deslocamento da própria curva de oferta, alterando a relação completa 
entre preço e quantidade ofertada. Essas modificações são ilustradas nas figuras sub-
sequentes, 5 e 6, mostrando como a oferta é afetada por fatores além do preço. 
 
Figura 5 – Deslocamentos da curva de 
oferta que aumentam a quantidade ofer-
tada. 
 
Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. 
Figura 3.6 – Deslocamentos da curva de 
oferta que reduzem a quantidade ofer-
tada. 
 
Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. 
 
Na figura 5, mesmo que o preço não se tenha alterado (p1 = p2 ), há um 
aumento da quantidade ofertada (de q1 para q2 ), porque a curva de oferta se deslo-
cou como um todo para a direita (de O1 para O2 ). Isso se deve aos seguintes fatores: 
• redução do preço dos insumos e fatores de produção; 
• redução da lucratividade dos bens e serviços alternativos; 
• avanços tecnológicos e condições climáticas favoráveis; 
• expectativa de redução no preço do bem ou serviço (antecipação da 
venda a fim de obter preços melhores no presente). 
 
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Na figura 6, mesmo que o preço não se tenha alterado (p1 = p2 ), há uma 
redução da quantidade ofertada (de q1 para q2 ), porque a curva de oferta se deslocou 
como um todo para a esquerda (de O1 para O2 ). Isso se deve aos seguintes fatores: 
• aumento do preço dos insumos e fatores de produção; 
• aumento da lucratividade dos bens e serviços alternativos; 
• obsolescência tecnológica e condições climáticas desfavoráveis; 
• expectativa de aumento no preço do bem ou serviço (retenção de 
estoques a fim de obter preços melhores no futuro). 
Como mencionado, a quantidade de produtos ou serviços disponibilizados no 
mercado é determinada pela soma das quantidades que todas as empresas optam 
por oferecer a um preço específico, sob determinadas condições. Isso significa que a 
oferta de mercado é influenciada pelo volume total da capacidade instalada, que é o 
produto do número de empresas pelo nível de capacidade de cada uma. 
Diferentemente da demanda, mudanças na oferta e na quantidade ofertada 
tendem a ocorrer de maneira mais gradual. Isso é particularmente verdadeiro para 
produtos agrícolas, cuja quantidade disponível é basicamente definida no momento 
em que os produtores decidem sobre o volume de produção — determinado por fato-
res como a extensão da área cultivada, a utilização de insumos, a contratação de 
trabalhadores e o emprego de tecnologia — e é posteriormente confirmada pelas con-
dições climáticas ao longo da estação de crescimento. Por esta razão, é importante 
abordar o modelo de oferta de forma dinâmica, reconhecendo que os preços no mo-
mento do plantio (quando os agricultores tomam suas decisões de produção) influen-
ciarão a oferta disponível na época da colheita. Neste momento, a oferta é quase um 
dado, a não ser que ocorram ações para ajustá-la, como a retenção de estoques para 
reduzir a oferta disponível ou a importação de produtos para aumentá-la a curto prazo. 
 
 
3.4 INTERAÇÃO ENTRE DEMANDA E OFERTA 
 
O modelo de oferta e demanda busca explicar como os preços se comportam 
dentro de uma economia de mercado, uma arena onde compradores e vendedores se 
encontram para alcançar seus respectivos objetivos. O preço de um bem ou serviço é 
o dado mais importante para a tomada de decisão, com compradores almejando pagar 
 
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o mínimo possível e vendedores buscando receber o máximo. Apesar das forças 
opostas, não se observa desordem, mas sim períodos de estabilidade de preços, du-
rante os quais os preços flutuam ao redor de um ponto fixo conhecido como equilíbrio 
de mercado, preço de equilíbrio ou, ainda, e preço de ajustamento do mercado. Essa 
noção sugere que as quantidades demandadas e ofertadas se ajustarão a um nível 
de preços que satisfaz tanto compradores quanto vendedores, de acordo com Pinho 
e Vasconcellos (2004). 
Em cenários ondeos preços estão ex-
cepcionalmente baixos, como ilustrado na fi-
gura 7, há uma condição de excesso de de-
manda, caracterizada por uma demanda (qD) 
que supera a oferta disponível (qO). Neste con-
texto, a escassez de bens e serviços, ou o ex-
cesso de demanda (indicado pela diferença en-
tre qD e qO), provoca um cenário onde alguns 
consumidores estão dispostos a pagar mais 
(de p1 para pEM), gerando uma competição 
similar a um leilão. Com a elevação dos preços, a oferta se ajusta ao nível mais lucra-
tivo (de qO para qEM) pois as empresas são 
incentivadas a expandir suas vendas. Da 
mesma forma, a demanda se adequa (de qD 
para qEM) à medida que consumidores desis-
tem do "leilão", diminuindo a pressão sobre a 
demanda. 
Quando os preços estão excessiva-
mente altos, conforme ilustrado na figura 8, 
surge uma condição de excesso de oferta, isto 
é, a quantidade disponível para venda (qO) supera a quantidade que os consumidores 
desejam comprar (qD). Nessa situação, a abundância de produtos ou serviços dispo-
níveis (ou o excesso de oferta, indicado pela diferença entre qO e qD) leva a que 
alguns vendedores baixem seus preços (de p1 para pEM) na tentativa de diminuir 
seus estoques excessivos, criando uma dinâmica de leilão no mercado. Com a dimi-
nuição dos preços, a demanda se ajusta ao nível mais atraente (de qD para qEM), 
Figura 7 – Excesso de demanda e 
equilíbrio de mercado 
 
Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. 
Figura 8 – Excesso de oferta e equi-
líbrio de mercado 
 
Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. 
 
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pois os preços mais baixos incentivam os consumidores a comprar mais. Simultanea-
mente, a oferta também se ajusta (de qO para qEM), à medida que empresas reduzem 
sua produção ou saem do mercado devido à rentabilidade decrescente, resultando 
numa diminuição da quantidade ofertada. 
Quando as curvas de demanda e oferta se deslocam, também ocorrem mu-
danças na quantidade e no preço de mercado. 
 
3.4.1 Exemplos aplicados 
 
Caso 1: Quando a produção de ve-
getais folhosos é afetada negativamente por 
geadas, a quantidade disponível desses pro-
dutos no mercado diminui. Dado que esses 
itens não suportam longos períodos de ar-
mazenamento ou transporte por vastas dis-
tâncias, a oferta se reduz. Considerando 
que a demanda permaneça constante, já 
que o interesse dos consumidores nesses 
produtos não se alterou, espera-se um 
crescimento nos preços devido à oferta limi-
tada. Essa situação pode ser representada graficamente conforme figura 9. 
 
Caso 2: Durante o ano, a flutuação nos preços de produtos agrícolas e pecu-
ários é influenciada pela sazonalidade de sua disponibilidade. Especificamente no 
caso do milho no sul do Brasil, observa-se um aumento de preços no segundo semes-
tre, enquanto no primeiro semestre os preços tendem a diminuir, devido ao ciclo de 
colheita. Quando a demanda se mantém relativamente estável no curto prazo, essas 
mudanças na oferta resultam em ajustes nos preços. Observe o gráfico dessa situa-
ção na figura 10. 
 
 
 
 
Figura 9 – Deslocamentos da curva 
de oferta de folhosas em função de 
uma geada que reduziu a quantidade 
de oferta. 
 
Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. 
 
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Figura 10 – Preço do milho em Santa Catarina, média mensal de 1998 a 2008. 
 
Fonte: ICEPA apud Waquil; Miele; Glauco, 2010. 
 
Caso 3: Durante os surtos de doença da 
vaca louca que afetaram os rebanhos na Europa 
e nos EUA nos anos 2000 e 2003, houve um au-
mento na preocupação dos consumidores com a 
segurança alimentar. Isso resultou em uma mu-
dança de preferência, com um aumento no con-
sumo de carne de frango e suína em substituição 
à carne bovina, refletindo uma adaptação às pre-
ferências e gostos. Essa alteração no comporta-
mento do consumidor conduziu a uma queda de 
15% a 20% nos preços dos bovinos. Grafica-
mente, esse episódio é descrito segundo a figura 11. 
É importante salientar que no mundo real ocorrem mudanças simultâneas nas 
curvas de demanda e de oferta. Assim, é possível que um aumento da oferta não seja 
acompanhado por uma redução de preços, porque também pode ter ocorrido um au-
Figura 3.11 – Deslocamentos da 
curva de demanda por carne bo-
vina em função dos episódios de 
vaca louca que reduziram a quanti-
dade demandada. 
Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. 
 
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mento da demanda. No quadro abaixo, apresentam-se os possíveis efeitos do deslo-
camento da oferta e da demanda sobre o preço e a quantidade de equilíbrio de mer-
cado (EM). 
 
Quadro 9 – Efeitos do deslocamento simultâneo da demanda e da oferta. 
Fonte: Hall; Lieberman, 2003 apud Waquil; Miele; Glauco, 2010. 
 
 
2.5 ELASTICIDADE DA DEMANDA E RECEITA DOS VENDEDORES 
 
O modelo de demanda também abrange uma informação crucial sobre a sen-
sibilidade da demanda em relação às flutuações nos preços dos bens e serviços, bem 
como na renda dos consumidores. 
A elasticidade-preço da demanda (ED) 
mensura a mudança percentual na quantidade 
demandada resultante de uma variação de 1% 
no preço. Em outras palavras, ela avalia a sensi-
bilidade da quantidade demandada diante das 
mudanças nos preços (PINHO; VASCONCEL-
LOS, 2004). 
Como a curva de demanda é negativa-
mente inclinada (variações negativas nos preços levam a variações positivas nas 
quantidades), o valor da elasticidade-preço da demanda (ED) será sempre negativo. 
Para se utilizar esta informação, é importante saber interpretá-la conforme segue: 
• demanda inelástica: quando ∆%Q ED > -1, ou seja, a 
quantidade variou menos que os preços, sendo pouco sensível a estes; 
Fórmula da elasticidade-preço da demanda 
 
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• demanda elástica: quando ∆%Q > ∆%P e ED+ 3,02) /2] 
= -0,36 / 2,84 = -12,7% 
ED = 5,1% / -12,7 
= -0,40 
 
Nesse exemplo, portanto, a quantidade consumida aumentou 5,1% frente a 
um decréscimo nos preços de 12,7%, com uma elasticidade de –0,40. Ou seja, para 
uma queda de 1% nos preços, há uma elevação de 0,40% nas quantidades consumi-
das. 
 
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Por fim, é importante analisar a elasticidade do ponto de vista dos vendedores, 
que estão preocupados com os efeitos das variações 
dos preços no gasto total dos consumidores (GT), 
tendo em vista que esse gasto também representa a 
receita total das firmas vendedoras (RT). No quadro 
10, apresenta-se o efeito das variações dos preços 
no gasto total dos consumidores em diferentes situações de elasticidade. 
 
Quadro 10 – Efeitos das alterações dos preços nos gastos de acordo com o tipo de 
elasticidade-preço da demanda 
 
Fonte: Hall; Lieberman, 2003 apud Waquil; Miele; Glauco, 2010. 
 
São determinantes da elasticidade-preço da demanda (ED) as seguintes va-
riáveis (PINHO; VASCONCELLOS, 2004): 
• disponibilidade de bens e serviços substitutos (bens e serviços com 
muitos substitutos são mais elásticos); 
• necessidade ou essencialidade do bem ou serviço, ou seja, que te-
nha poucos ou nenhum substituto (bens e serviços essenciais são menos elás-
ticos); 
• período de tempo analisado (a longo prazo é mais fácil encontrar 
substitutos, sendo a demanda mais elástica do que a curto prazo); 
• importância do bem ou serviço no orçamento familiar (bens e servi-
ços que consomem parcela significativa do orçamento têm elasticidade maior 
do que aqueles de menor importância). 
 
 
 
 
 
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Sant’Ana de Camargo Barros. 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
1) BARBOSA, Françoise de Fátima. Economia rural (Apostila). e-Tec Bra-
sil/CEMF/Unimontes. 2011. 
2) PADILHA JUNIOR, J. B. Comercialização de Produtos Agrícolas. 2009. (Desen-
volvimento de material didático ou instrucional - Material didático - Graduação). 
Disponível em: >. Acessado em: mar 2024. 
3) SANDRONI, Paulo (Org.). Dicionário de Economia do século XXI. Rio de Janeiro: Re-
cord, 2006.PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval 
de (Org.). Manual de Economia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. 
4) WAQUIL, Paulo Dabdab; MIELE, Marcelo; SCHULTZ, Glauco. Mercados e co-
mercialização de produtos agrícolas. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2010. 
 
https://materiais.tripod.com/sitebuildercontent/sitebuilderfiles/apostila2006sc.pdf
https://materiais.tripod.com/sitebuildercontent/sitebuilderfiles/apostila2006sc.pdf

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