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Organização do Estado - Parte Geral

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Direito Constitucional
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO (PARTE GERAL)
1. FEDERAÇÃO
A Federação é uma forma de Estado, é dizer, um dos 
modelos de organização territorial do poder adotados 
por países do mundo. Embora haja uma multiplicidade 
de formas intermediárias, a maioria das nações adota ou 
um modelo de poder politicamente centralizado (Estado 
Unitário) ou a descentralização do poder político, com a 
existência de vários níveis de governo (Estado Federal, ou 
Federação – que vem do latim, foedere, fundir).
Como exemplos de países que adotam a forma federativa 
de Estado, podemos citar Estados Unidos da América, 
México, Argentina, Brasil, Austrália, Canadá, Bélgica, 
Holanda, Alemanha, Suíça, Índia, Rússia...
Na realidade, o que caracteriza uma federação é a 
existência de vários níveis ou degraus de governo, sem 
hierarquia uns em relação aos outros, todos eles dotados 
de um poder de autodeterminação limitada, chamado de 
autonomia política. Em termos simples, pode-se considerar 
que o Estado Unitário pode ser representado por uma 
casa “sozinha no lote” (1 terreno = 1 casa); ao contrário, 
a Federação pode ser comparada a um condomínio, em 
que dentro de um mesmo terreno há várias casas ou 
unidades habitacionais. Claro que nenhuma dessas casas 
é soberana, nenhuma dessas casas tem poder absoluto 
de se autodeterminar; mas, dentro das regras básicas da 
convenção de condomínio, cada casa decide seu próprio 
rumo (autonomia política).
Na Federação brasileira (condomínio), teríamos a União 
(“síndica” do condomínio, tanto que fala em nome dele, 
embora com ele não se confunda), os Estados (blocos) e os 
Municípios (apartamentos). A “convenção de condomínio” 
é a Constituição Federal, mas cada “bloco” elabora sua 
convenção específica (constituições estaduais), e cada 
apartamento também deve elaborar suas regras de 
convivência (lei orgânica).
Aprofundamento: outros tipos de organização de 
estados
A doutrina registra ainda formas “intermediárias” de 
organização de estados, tais como o Estado Regional. 
Esse modelo, adotado, por exemplo, na França e na 
Espanha, reconhece alguma esfera de poder político às 
entidades regionais, embora não chegem a constituir 
um Estado-membro politicamente autônomo. Têm 
elas alguns dos poderes de autonomia (especialmente 
em relação à autoadministração e, eventualmente, 
autolegislação), mas não todos (não possuem, por 
vezes, o poder de eleger os próprios governantes, isto 
é, o autogoverno).
Há também quem cite como outra forma de Estado a 
Confederação. Tecnicamente, porém, a Confederação 
é uma União de Estados, e não uma forma de estado: 
não existe um país que seja uma confederação (a Suíça, 
apesar de se autodenominar uma “Confederação”, 
na realidade tem todas as características de uma 
Federação): a Confederação é, por definição, uma 
união de países soberanos, ligados entre si mediante 
um tratado internacional, e que, portanto, admite a 
retirada (secessão). Um exemplo seria a União Europeia, 
conjunto de países vinculados entre si pelos Tratados 
de Maastrich I e II, e que tanto admite a retirada, que 
tal fato se verificou recentemente, com a aprovação da 
saída do Reino Unido (o chamado “brexit”).
Aprofundamento: a relação entre Federação, 
pluralismo e democracia
Konrad Hesse (em sua famosa obra, Elementos de Direito 
Constitucional da República Federal da Alemanha) 
comenta sobre a conexão íntima entre federalismo e 
democracia. Segundo ele, a descentralização do poder 
político (federalismo) tende a aproximar o poder dos 
cidadãos, fortalecendo, assim, o princípio democrático. 
Em outras palavras, a questão é: é mais fácil para o 
cidadão cobrar algo do Prefeito do que do Presidente 
da República; ao menos em tese, a federação tende a 
fortalecer a participação social e, assim, a democracia.
Especificamente em relação à Alemanha, registra-
se que O Federalismo alemão, como atualmente 
estabelecido, remonta à elaboração da Grundgesetz 
(Lei Fundamental) de 1949, que reintroduziu o princípio 
no ordenamento daquele país. Segundo Ute Koczy, 
“ao lado da tradicional separação entre legislativo, 
executivo e judiciário (‘separação horizontal de 
poderes’), a divisão de funções entre a federação e os 
Länder (‘separação vertical de poderes’) foi intentada 
como uma efetiva salvaguarda contra o abuso de 
poder e foi ainda conveniente aos interesses dos três 
ex-inimigos de guerra da Alemanha [Inglaterra, EUA e 
França]”. KOCZY, Ute. Federalism in Germany. In: The 
constitutional status of the regions in the Russian 
Federation and in other European Countries. Conseil de 
l’Europe: Strasbourg, 2003, p. 83.
A segunda mais antiga Federação do Mundo (embora 
se auto intitule “Confederação”), a Suíça teve a 
Constituição promulgada em 1847, e reformada em 
1999. O art. 1 da Constituição Federal dispõe que a 
Confederação Suíça é formada pelos cidadãos suíços 
e pelos Cantões (verdadeiros estados-membros), que 
são “soberanos”, à exceção dos poderes expressamente 
atribuídos à Confederação. Por outro lado, os arts. 51 e 
52 asseguram aos cantões o direito a estatuírem uma 
constituição democrática.
De qualquer forma, a adoção da forma federativa de 
estado muitas vezes atende a questões históricas, como 
a existência de vários países ou reinos independentes 
que, para aceitarem se unir como um país só, não abrem 
mão de manterem alguns poderes (caso dos Estados 
Unidos e da Alemanha). Por outro lado, é bastante 
frequente que a Federação seja uma técnica usada 
para equilibrar tensões étnicas, geográficas, culturais 
Direito Constitucional
e até linguísticas, por meio da possibilidade de a divisão 
geográfica do poder facilitar a convivência (é o caso da 
Bélgica, da Suíça, da Holanda e especialmente da Índia e 
da ultracomplexa Federação Russa).
Com efeito, a Constituição da Federação Russa, de 
12 de dezembro de 1993, estabeleceu uma federação 
de estrutura extremamente complexa, composta 
pela União, Repúblicas, Territórios, Regiões, Cidades 
de Importância Federal, Regiões Autônomas e Áreas 
Autônomas – sete espécies de entidades federativas 
“igualmente sujeitas à Federação Russa” (art. 5, 1, 
parte final). Dentre as entidades regionais, apenas as 
Repúblicas – equivalentes aos estados-membros – 
possuem constituição própria (art. 5, 2). A questão se 
torna ainda mais complicada em virtude dos conflitos 
étnicos e políticos que permeiam toda a região. Assim, 
por exemplo, as Constituições do Tartaristão e da 
Chechênia declaram a absoluta soberania dessas 
Repúblicas, sem qualquer subordinação à Federação 
Russa (cf. LESAGE, Michel. Constitution of the Russian 
Federation os the Status of Regions: problems of 
the common legal area – diversity in unity of the 
regional structures in the Russian Federation. In: The 
constitutional status of the regions in the Russian 
Federation and in other European Countries. Conseil de 
l’Europe: Starsbourg, 2003, pp. 27-28). 
Já a Constituição Indiana estabelece uma Federação 
também extremamente complexa em termos 
estruturais, em que diversos níveis federativos convivem 
com entidades territoriais destituídas de autonomia 
política, paralelamente a divisões étnicas regionais.
1.1. Origens
A forma federativa de Estado tal como hoje a entendemos 
surgiu nos Estados Unidos da América, em 1787, como um 
meio-termo à adoção de um Estado Unitário ou de uma 
mera confederação.
Na verdade, o que hoje são os Estados Unidos da América 
eram, na origem, 13 colônias inglesas. Após a Declaração 
de Independência, de 4 de julho de 1776, cada uma das 13 
colônias passou a constituir um país soberano (inclusive 
com a edição de várias constituições). Uniram-se, em 
primeiro lugar, formando uma Confederação (união de 
países soberanos), com a finalidade de enfrentar a guerra 
contra a Inglaterra. Percebeu-se, porém, a fragilidade 
desse primeiroarranjo, pois a possibilidade de secessão 
tornava muito tênue o vínculo entre os países. Começaram, 
então, a ser publicados artigos em jornais, defendendo, 
sob o pseudônimo Publius, que os Estados abrissem mão 
de sua soberania para formarem um país só (os chamados 
“artigos federalistas”, ou federalist papers). Não se 
desejava, contudo, formar um Estado centralizado, com 
poder absoluto, como acontecia na Inglaterra. O meio-
termo encontrado foi a adoção de uma Federação, por 
meio da qual os Estados abriam mão de sua soberania, mas 
resguardavam para si um “pedaço” de poder, a autonomia 
política. Nasciam, então, os Estados Unidos da América 
(vários Estados que se uniram para formarem um país só).
Uma tabela pode ajudar a compreender as principais 
diferenças e semelhanças entre o Estado Unitário, o 
Estado Federal e a Confederação:
Estado Unitário Estado Federal Confederação
Um só país Um só país Vários países unidos
Entes regionais 
possuem apenas 
autonomia
Entes regionais 
possuem autonomia 
política
Entes regionais 
possuem soberania 
(países independentes)
Indissolúvel Indissolúvel Dissolúvel
União de Direito 
Constitucional 
(interno)
União de Direito 
Constitucional 
(interno)
União de Direito 
Internacional
Exemplo atual: 
Portugal
Exemplo atual: Brasil
Exemplo atual: Mercosul 
e União Europeia
1.2. Modelos
1.2.1. Federalismo centrípeto (por agregação): EUA
No caso dos EUA, como vimos, o federalismo se formou 
por centralização ou por agregação (federalismo 
centrípeto). Esse é o modelo clássico, no qual vários 
Estados independentes se reúnem para dar origem a um 
Estado Federal. Em tal situação, é comum que os Estados-
membros resguardem para si uma grande parcela de 
competências e atribuições, se comparadas ao plexo de 
matérias atribuídas à União.
1.2.2. Federalismo centrífugo (por 
desagregação): Brasil
Já no caso do Brasil, o federalismo se formou de maneira 
diametralmente oposta. Havia, aqui, um só Estado 
unitário (Império, Constituição de 1824), que, por força 
de movimentos autonomistas internos (tais como a 
Revolução Farroupilha e a Revolução Praieira), terminou 
subdividindo-se, transformando-se em um Estado Federal. 
Veja-se que, com a Proclamação da República (1889) e a 
posterior promulgação da Constituição Republicana de 
1891, as antigas províncias do Império (cujos governadores 
eram de livre nomeação e exoneração do Rei) fizeram 
por assim dizer o “upgrade”, transformando-se em 
Estados-membros, com autonomia política (inclusive 
o autogoverno, isto é, o poder de elegerem os próprios 
governantes).
Esse é o movimento conhecido como federalismo por 
desagregação, ou centrífugo, no qual é comum que a União 
tenha mais competências do que os Estados-membros.
Questão de Concurso
(Cespe/Câmara dos Deputados/Consultor Legislativo – 
Área de Direito Constitucional, Eleitoral e Municipal/2014) 
O federalismo no Brasil é caracterizado como 
federalismo por agregação, tendo surgido a partir da 
proclamação da República e se consolidado por meio da 
Constituição de 1891.
Direito Constitucional
Gabarito: errado. O modelo brasileiro é o federalismo 
por desagregação. O restante da afirmativa está certo.
(Cespe/TRT8/Analista Judiciário – área judiciária/2016) 
A forma de federalismo adotada no Brasil é conhecida 
como federalismo de segregação e centrífugo, sendo os 
estados-membros dotados de autogoverno.
Gabarito: correto.
1.3. Características de qualquer Federação
Existem algumas características que são comuns 
(constantes) em todos os países que adotam a forma 
federativa de estado. Pode-se mesmo dizer que seria 
possível fazer uma espécie de “check list”: um país que 
preencher todas as condições listadas a seguir poderá ser 
qualificado como uma federação.
1.3.1. Autonomia política
Em primeiro lugar, tem-se o reconhecimento da autonomia 
política dos entes federativos. Essa característica, aliás, 
é específica da Federação, já que os Estados Unitários 
asseguram apenas a autonomia administrativa às regiões 
(autonomia semelhante àquela que é reconhecida às 
autarquias e fundações, por exemplo), ao passo que, 
nas Confederações, os países membros têm soberania 
(poder absolutamente livre, inclusive de se retirarem da 
federação), e não apenas a autonomia política.
O poder da autonomia abrange quatro aspectos, todos 
eles cobrados insistentemente em provas de concursos 
públicos e OAB:
21 Algumas questões sobre a existência ou não de determinados órgãos serão abordadas na questão relativas à organização dos poderes, sendo aqui citadas 
apenas a título introdutório.
a. autolegislação – é o poder de editar as próprias 
leis, dentro da sua esfera de competência. É por 
conta desse poder que existem, no Brasil, as leis 
federais, as leis estaduais, as leis distritais e as leis 
municipais. Esse poder é exercido pelo Legislativo 
de cada unidade da Federação.
b. autogoverno – trata-se do poder de escolher 
(eleger) os próprios governantes, isto é, os 
governadores, deputados e senadores (Estados 
e DF) e os prefeitos e vereadores (Municípios). 
Note que, na época do Império, as províncias não 
tinham esse poder, justamente porque não lhes era 
reconhecida a autonomia política.
c. auto-organização – é o poder de organizar os 
próprios poderes constituídos (Legislativo, 
Executivo e, se for o caso, Judiciário), por meio da 
edição de uma Constituição (no caso da União e dos 
Estados) ou de uma Lei Orgânica (caso do DF e dos 
Municípios). Trata-se não do exercício de um poder 
de legislação “comum”, mas de uma verdadeira 
função constituinte (o poder constituinte derivado 
decorrente), embora juridicamente limitada pela 
Constituição Federal (e embora também exista 
controvérsia doutrinária sobre a qualificação do 
poder de auto-organização do DF e dos Municípios 
como um verdadeiro poder constituinte).
d. autoadministração – é o poder de cada ente 
federativo de manter sua própria estruturas 
administrativa, inclusive mediante a instituição 
e arrecadação de seus tributos, a elaboração 
do próprio orçamento, a contratação dos seus 
servidores e a criação e manutenção dos seus 
próprios órgãos e entidades administrativas 
(autarquias, fundações, etc.).
Uma tabela pode resumir especialmente a questão da 
auto-organização dos entes federativos21:
Nível 
federativo
Lei 
fundamental Legislativo Executivo Judiciário Ministério Público
Defensoria 
Pública
Tribunal de 
Contas
União
Constituição 
Federal
Congresso 
Nacional = 
Câmara dos 
Deputados + 
Senado Federal
Presidente da 
República + 
Vice-Presidente 
+ Ministros de 
Estado
Tribunais (STF, 
STJ, STM, TST, 
TRTs, TSE, TREs, 
TRFs, TJDFT) e 
juízes da União
Ministério Público 
da União = 
Ministério Público 
Federal + Ministério 
Público do Trabalho 
+ Ministério 
Público Militar + 
Ministério Público 
do Distrito Federal 
e Territórios
Defensoria 
Pública da União
Tribunal de Contas 
da União
Estados
Constituição 
Estadual
Assembleia 
Legislativa
Governador de 
Estado + Vice-
Governador + 
Secretários de 
Estado
Tribunais (TJ e 
eventualmente 
TJMilitar) e 
juízes estaduais
Ministério Público 
Estadual
Defensoria 
Pública Estadual
Tribunal de Contas 
Estadual
Direito Constitucional
Nível 
federativo
Lei 
fundamental Legislativo Executivo Judiciário Ministério Público
Defensoria 
Pública
Tribunal de 
Contas
DF
Lei Orgânica do 
Distrito Federal
Câmara 
Legislativa do 
Distrito Federal
Governador 
do DF + Vice-
Governador + 
Secretários de 
Estado do DF
Não há
(a Justiça no 
DF, inclusive 
o TJDFT, é 
organizada, 
custeada e 
mantida pela 
União)
Não há
(O MPDFT integra 
o MPU)
Defensoria 
Pública do 
Distrito Federal 
(organizada, 
custeada e 
mantida pelo DFdesde a EC nº 
69/12)
Tribunal de Contas 
do Distrito Federal
Municípios Lei Orgânica
Câmara 
Municipal
Prefeito + 
Vice-Prefeito 
+ Secretários 
Municipais
Não há
(o Judiciário 
no Município 
é exercido 
pela Justiça 
Estadual)
Não há
(o Ministério 
Público no 
Município é 
exercido pelo 
Ministério Público 
Estadual)
Não há
(a Defensoria 
Pública no 
Município é 
exercida pela 
Defensoria 
Pública Estadual)
Só há Tribunal de 
Contas Municipal 
nos municípios 
que os haviam 
criado antes da CF 
de 1988 (São Paulo 
e Rio de Janeiro)
1.3.2. Inexistência de direito de secessão
O direito de secessão (direito de se retirar do grupo) não 
é reconhecido nas federações (só nas confederações). 
Em outras palavras: a federação é indissolúvel, ao passo 
que a confederação é dissolúvel. Isso acontece porque, na 
federação, a soberania (poder ilimitado) só é assegurado 
ao todo, ao conjunto, e não a qualquer de suas partes. Na 
verdade, a maioria das federações – assim como é o caso 
também do Brasil – preveem que, caso algum Estado-
membro tente a secessão, poderá até mesmo sofrer a 
providência grave da intervenção federal.
1.3.3. Possibilidade de intervenção federal
Como os entes federativos têm atunomia política, mas 
não soberania, seus poderes têm que ser submetidos a 
um limite. Esse limite é justamente não poder colocar em 
risco a própria existência da Federação. Por isso, todos os 
países que adotam a forma federativa preveem, de alguma 
maneira, a possibilidade de a União intervir nos Estados-
membros. Trata-se, logicamente, de um procedimento 
excepcionalíssimo, manejado apenas nos casos previstos 
expressamente no ordenamento – e, ainda assim, por prazo 
determinado. No Brasil, não é diferente, tanto que os arts. 34 
e 35 dispõem, respectivamente, sobre a intervenção da União 
nos Estados e no DF, e sobre a intervenção nos Municípios.
1.3.4. Existência de uma Constituição Federal
Nas confederações, o documento jurídico que une os 
Estados-membros é um tratado (por definição, um 
documento entre sujeitos de direito internacional e 
que pode ser denunciado, “rompido”). Ao contrário, nas 
federações os Estados se unem entre si por um documento 
de direito interno, de direito constitucional, e nascido 
para vigorar por prazo indeterminado, sem possibilidade 
de ser superado, a não ser por meios revolucionários: a 
Constituição. É necessário, ademais, que essa Constituição 
traga uma repartição de competências (divisão de tarefas) 
entre os entes da Federação.
Aliás, é por isso que alguns autores classificam as Uniões 
de Estados em uniões de direito constitucional (federação) 
e uniões de direito internacional (confederação).
ATENÇÃO!!! Para alguns autores, nas federações não 
basta o fato de haver uma constituição; é preciso que se 
trate de uma constituição rígida (mais difícil de alterar do 
que a legislação ordinária), embora nem todos os países 
adotem a técnica de considerar a federação uma cláusula 
pétrea, como acontece no Brasil (CF, art. 60, § 4º, I).
1.3.5. Existência de um órgão legislativo 
representativo dos Estados
Todas as federações do mundo possuem, no âmbito do 
Poder Legislativo, um órgão que represente os Estados-
Membros, atuando como uma espécie de “assembleia 
condominial” da Federação. O nome desse órgão 
naturalmente varia (a nomenclatura mais comum é 
“Senado”). O importante é que a função dos seus membros 
seja representar os membros da Federação, inclusive no 
âmbito do processo legislativo (embora, em alguns países, 
nem todos os projetos de lei passem pelo crivo do órgão 
representativo dos Estados, como é o caso da Alemanha).
Nesse sentido, pode-se dizer que o bicameralismo 
(existência de duas casas no âmbito do Poder Legislativo 
Federal) é uma consequência natural da adoção da forma 
federativa de Estado. A recíproca, porém, não é verdadeira: 
nem todos os países que adotam o bicameralismo são 
federações (um caso notável de estado unitário que adota 
o bicameralismo é a Inglaterra).
No Brasil, o órgão que exerce esse papel de representar 
os Estados e o Distrito Federal é o Senado Federal (CF, 
art. 46). Tanto assim que os Territórios Federais – que, 
conforme veremos, não são entes federativos – não têm 
poder de eleger Senadores.
1.3.6. Existência de um Tribunal Federativo
Em toda e qualquer federação, é necessário que exista um 
Tribunal incumbido de resolver os conflitos entre os entes 
da federação, um tribunal federativo, com uma espécie 
de “função arbitral”. No caso brasileiro, esse órgão é o 
Supremo Tribunal Federal (CF, art. 102, I, f), a quem cabe 
resolver originariamente (ações que já nascem direto 
na Corte) as causas e os conflitos entre: a) a União e um 
Direito Constitucional
Estado (exemplo: Pet 3388/RR, conhecida como o “Caso 
Raposa/Serra-do-sol”, que envolvia conflito entre a União 
e o Estado de Roraima, acerca do critério de demarcação 
de terras indígenas); b) a União e o DF; c) um Estado e outro 
Estado (por exemplo, no caso de disputas territoriais); ou 
d) um Estado e o DF.
Cuidado!!! Embora os Municípios sejam entes 
federativos, um conflito envolvendo-os não atrai a 
competência originária do STF, já que não é um caso que 
possa colocar em risco a existência da federação. Um 
conflito entre a União e um Município serpa resolvido na 
primeira instância da Justiça Federal (CF, art. 109, I), ao 
passo que um conflito entre um Estado e um Município 
será de competência originária da Justiça Estadual 
comum (CF, art. 125).
Atenção!!! Essa competência originária do STF aplica-se 
não apenas aos casos de conflito entre a Administração 
Pública direta de qualquer dos entes listados acima, 
mas também no caso de disputa entre entidades da 
Administração Indireta, tais como autarquias, fundações 
públicas, empresas públicas e sociedades de economia 
mista. Assim, por exemplo, serão de competência 
originária do STF as causas e os conflitos entre: a) 
sociedade de economia mista federal e autarquia 
estadual; b) autarquia federal e autarquia estadual; c) 
empresa pública de um Estado e empresa pública de 
outro Estado, etc.
Veja bem!!! Essa competência originária do STF é 
definida pelo critério da pessoa (competência ratione 
personae), e não da matéria. Logo, a causa será decidida 
originariamente pelo Supremo ainda que o caso não 
envolva diretamente matéria constitucional.
1.3.7. Nacionalidade única
Não é tolerável que, numa federação, existam várias 
nacionalidades distintas. Isso é possível apenas numa 
confederação (veja-se o caso da União Europeia, em que 
há livre tráfego de pessoas e até passaporte comum, 
mas a nacionalidade é a de cada País-membro). Já na 
Federação, é necessário assegurar o mesmos status de 
nacional a qualquer pessoa que tenha nascido no território 
de qualquer dos Estados-membros. Não à toa, o art. 12, I, 
a, da Constituição Federal declara serem brasileiros natos 
os nascidos na República Federativa do Brasil (isto é, 
independentemente do Estado-membro), e o inciso III do 
art. 19 proíbe qualquer ente federativo de criar distinções 
entre brasileiros (veja subitem abaixo).
1.3.8. Vedações federativas
Em toda e qualquer federação, existem algumas práticas 
que os entes federativos não podem adotar, sob pena 
de que isso cause o desequilíbrio do próprio conjunto do 
Estado Soberano. No Brasil, essas vedações federativas 
estão previstas no art. 19 da CF (e são insistentemente 
cobradas em prova!!!):
I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, embaraçar-
lhes o funcionamento, ou subvencioná-los, ou 
manter com eles ou seus representantes relações de 
dependência ou de aliança, ressalvada, na forma da lei, 
a colaboração de interesse público
Trata-se do princípio do Estado laico, ou leigo, segundo 
o qual não cabe ao Poder Público adotar esta ou aquela 
religião, pois essaquestão é de foro íntimo do indivíduo. 
Além dessa questão de direitos fundamentais, há também 
uma inspiração federativa nessa regra: evitar conflitos 
entre entes da Federação, por terem adotado religiões 
distintas. Perceba-se, contudo, que a norma é de eficácia 
contida (produz todos os seus efeitos imediatamente 
de regulamentação, mas admite que a lei crie exceções), 
já que a lei pode prever situações excepcionais em que o 
Poder Público pode colaborar com entidades religiosas, a 
fim de promover o interesse público (ex: colaboração com 
uma Santa Casa de Misericórdia, para fazer atendimento 
aos enfermos).
II – recusar fé a documentos públicos
Isso significa que o documento expedido por um ente da 
federação é válido para ser utilizado perante os demais, 
pois nenhuma entidade integrante da federação pode 
recursar-se a reconhecer a validade de um documento 
expedido em outro local do país. Um exemplo claro dessa 
questão diz respeito à identificação civil (RG), que é 
documento expedido pelos Estados e pelo DF, mas é válido 
para a utilização na esfera federal, municipal, ou de outros 
Estados.
III – criar distinções entre brasileiros ou preferências 
entre si
Uma regra que decorre do fato de que a nacionalidade é 
única: logo, não pode um brasileiro ser tratado de forma 
diferenciada de acordo com o local de nascimento. Por 
conta disso, são inconstitucionais regras que reservam 
cotas em vestibulares de universidades estaduais 
para pessoas nascidas no Estado; ou que exigem, em 
concurso público, que o candidato tenha nascido neste 
ou naquele Estado. Essa questão – que deriva até mesmo 
do próprio princípio da isonomia – também se aplica às 
pessoas jurídicas (ex: não se pode exigir, numa licitação 
para aquisição de bens, que a empresa seja situada num 
determinado Estado).
Da mesma maneira, os entes da federação não podem 
trata-se uns aos outros de forma desigual. Por exemplo: a 
União pode delegar competências privativas a Estados (CF, 
art. 22, parágrafo único), mas tem que fazê-lo de forma 
igualitária (não pode delegar uma competência apenas 
para alguns Estados, por exemplo); a alíquota do ICMS 
(imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços) é 
definida pelo próprio Estado, segundo aliquotas máximas e 
Direito Constitucional
mínimas fixadas pelo Senado Federal – casa da Federação, 
lembra-se? –, mas o Estado não pode prever alíquotas 
diferenciadas pela origem do produto (queijo vindo de 
Goiás, alíquota “x”, vindo de Minas Gerais, alíquota “2x”).
Quadro-resumo das principais 
características de uma Federação:
Característica Significado Caso brasileiro
Autonomia 
política 
dos entes 
federativos
– Autolegislação 
(poder de editar suas 
próprias leis)
– Autogoverno (poder 
de eleger os próprios 
governantes)
– Auto-organização 
(poder de elaborar a 
própria Constituição 
estadual ou lei 
orgânica municipal)
– Autoadministração 
(poder de gerenciar 
os próprios recursos 
e elaborar o próprio 
orçamento)
União, Estados, DF e 
Municípios possuem 
todas essas quatro 
prerrogativas
Indissolubilidade 
do vínculo
Não há direito de 
secessão
A Federação é cláusula 
pétrea. Se qualquer ente 
tentar retirar-se, deverá 
sofrer intervenção
Existência de um 
órgão legislativo 
representativo 
da vontade 
dos Estados--
membros
Por isso, o Poder 
Legislativo Federal 
deve ser bicameral
O Senado Federal é a Casa 
da Federação, formada 
por representantes dos 
Estados e do DF
Existência de 
um Tribunal 
Federativo
Tribunal para 
resolver conflitos da 
Federação
Cabe ao STF processar 
e julgar “as causas e os 
conflitos entre a União e 
os Estados, a União e o 
Distrito Federal, ou entre 
uns e outros, inclusive as 
respectivas entidades da 
Administração indireta” 
(art. 102, I, f)
Nacionalidade
única
A nacionalidade 
é uma só, 
independentemente 
do lugar dentro do 
país em que a pessoa 
nasceu
Nacionalidade brasileira: 
art. 12
Questão de Concurso
(Cespe/ MPU/ Analista Processual/ 2010) As capacidades 
de auto-organização, autogoverno, autoadministração 
e autolegislação reconhecidas aos estados federados 
exemplificam a autonomia que lhes é conferida pela 
Carta Constitucional.
Gabarito: certo.
(Cespe/Câmara dos Deputados/Consultor Legislativo – 
Área de Direito Constitucional, Eleitoral e Municipal/2014) 
Entre as características comuns do Estado Federal 
incluem-se a representação das unidades federativas 
no Poder Legislativo central, a existência de um tribunal 
constitucional e a intervenção para a manutenção da 
Federação.
Gabarito: certo.
2. ENTES FEDERATIVOS
São as pessoas políticas, isto é, os entes que compõem a 
Federação. Distinguem-se das pessoas administrativas 
(autarquias, fundações públicas, empresas públicas 
e sociedades de economia mista) porque possuem 
autonomia política (autogoverno, autolegislação, 
auto-organização e autoadministração), e não apenas 
administrativa. São entes federativos: a União, os Estados, 
o DF e os Municípios.
Lembre-se!!! Não há hierarquia entre os entes da Federação!
CUIDADO! Adota-se, no Brasil, o federalismo de terceiro 
grau, pois DF e Municípios também são reconhecidos 
como entes federativos. A Federação brasileira era de 
segundo grau, até a promulgação da CF/1988, quando 
o DF e os Municípios ganharam autonomia política, e 
a nossa Federação passou a adotar o federalismo de 
terceiro grau.
Existe divergência doutrinária sobre considerar os 
Municípios como entidades federativas (José Afonso da 
Silva, por exemplo, não os considera assim, apesar da 
expressa referência a eles na Constituição, inclusive no 
caput do art. 1º). De qualquer forma, a doutrina amplamente 
majoritária entende que, ao menos a partir da CF de 1988, 
os Municípios ganharam autonomia política, tendo sido 
alçados à categoria de entes federativos autônomos.
Para fins de provas de concursos e OAB, se a questão 
perguntar se os Muncípios são entes federativos, a 
resposta será que sim; se, porém, afirmar que a doutrina é 
pacífica nesse sentido, estará incorreta.
Aprofundamento: o DF e os Municípios antes da CF 
de 1988
Costuma-se considerar que o DF e os Municípios só 
ganharam autonomia política com a promulgação da CF 
de 1988. Com efeito, no ordenamento jurídico anterior, o 
DF não tinha lei orgânica, nem Câmara Legislativa (as leis 
para o DF eram elaboradas pelo Senado Federal), nem 
elegia os próprios governantes (época em que o chefe 
do Executivo distrital era chamado de “Prefeito do DF” 
e nomeado diretamente pelo Presidente da República). 
De forma semelhante, os Municípios antes de 1988 não 
Direito Constitucional
elegiam os próprios prefeitos (ou, pelo menos, nem 
todos os Municípios o faziam) e a Lei Orgânica não era 
elaborada pelas Câmaras Municipais, mas sim votada 
pela Assembleia Legislativa estadual, para aplicar-se 
a todos os Municípios daquele Estado. Por isso, diz-
se que o Brasil adotava um federalismo de segundo 
grau (União e Estados) até a promulgação da CF/1988, 
e só após ela que passou a adotar um federalismo de 
terceiro grau (União, Estados, DF e Municípios).
Questão de Concurso
(Cespe/MPE-RN/Promotor/2009) Existia no Brasil um 
federalismo de segundo grau até a promulgação da 
CF, após a qual o país passou a ter um federalismo de 
terceiro grau.
Gabarito: certo.
ATENÇÃO! Os territórios federais – que atualmente 
não existem, mas podem vir a ser criados por lei 
complementar (art. 33) – não são entes federativos; 
não possuem autonomia política, mas meramente 
administrativa; são meras autarquias da União.
Questão de Concurso
(Esaf/MPOG/Especialista/2008) Assinale a opção que 
contempla todos os entes da organização político-
administrativa da República Federativa do Brasil, nos 
termos da Constituição.
a. União, Estados, DistritoFederal e Municípios, 
todos soberanos.
b. União, Estados, Distrito Federal, Territórios 
Federais e Municípios, todos soberanos.
c. União, Estados, Distrito Federal, Territórios 
Federais e Municípios, todos independentes.
d. União, Estados, Distrito Federal, Territórios 
Federais e Municípios, todos autônomos.
e. União, Estados, Distrito Federal e Municípios, 
todos autônomos.
Gabarito: e. Nenhum ente federativo é soberano (são 
apenas autônomos). E os territórios não são entes 
federativos.
Temos, então, os seguintes níveis federativos:
• União – ente de 1º grau (mais extenso em termos 
territoriais, nível nacional)
• Estados – entes de 2º grau (nível regional)
• Municípios – entes de 3º grau (nível local)
• DF – ente sui generis, uma espécie de grau “2,5”, pois 
mistura características de Estados com características 
de Municípios, inclusive acumulando as competências 
de ambos os níveis.
• 
A União pode, mediante lei complementar, criar territórios 
federais (art. 33) – entes meramente administrativos 
(autarquias territoriais), sem autonomia política (os 
governadores de território, por exemplo, são nomeados 
pelo Presidente da República, com aprovação do Senado 
Federal (CF, art. 84, XIV, e art. 52, III, c), governados como 
se fossem um “braço” da União. Atualmente, não existem 
territórios federais, porque os que havia em 1988 ou 
ganharam autonomia e foram transformados em Estados 
(Amapá e Roraima: art. 14 do ADCT) ou reincoporados a 
Estado (Fernando de Noronha: art. 15 do ADCT); mas nada 
impede que venham a ser criados, desde que o sejam 
mediante lei complementar federal.
Da mesma forma que a União pode criar territórios federais, 
os Estados podem criar (mediante lei complementar 
estadual) regiões metropolitanas, aglomerações 
urbanas e microrregiões (CF, art. 25, § 3º), formadas pelo 
agrupamento de municípios limítrofes, com a finalidade 
realizar o planejamento e a execução integradas de 
serviços públicos. Imagine-se, por exemplo, como fazer 
coleta de lixo ou transporte coletivo em Municípios 
conurbados (em que não há mais fronteira natural, pois 
já há a interligação da malha urbana): é mais racional que 
as licitações e contratos sejam feitos em nome de uma 
região metropolitana (que não é ente federativo, mas ente 
meramente administrativo; não tem autonomia política, 
mas apenas autonomia administrativa).
Finalmente, os Municípios podem criar distritos (mediante 
lei ordinária municipal, observados os critérios previstos em 
lei estadual: CF, art. 30, IV), uma espécie de “subprefeitura”, 
para aproximar a gestão municipal de povoados ou 
localidades distantes da sede da prefeitura. Assim como 
os territórios federais e as regiões metropolitanas, os 
distritos não são entes federativos, não têm autonomia 
política; mas, diferentemente dos dois primeiros, são 
criados por lei ordinária, e não complementar.
Pessoa Natureza Autonomia Competência para criar Instrumento de criação Previsão
Território federal
Ente administrativo 
(não é ente federativo)
Administrativa (não possui 
autonomia política)
União Lei complementar federal Art. 18, § 2º, e art. 33
Região metropolitana
Ente administrativo 
(não é ente federativo)
Administrativa (não possui 
autonomia política)
Estados Lei complementar estadual Art. 25, § 3º
Distrito
Ente administrativo 
(não é ente federativo)
Administrativa (não possui 
autonomia política)
Municípios Lei (ordinária) estadual Art. 30, IV
Direito Constitucional
Aprofundamento: os Municípios situados em 
território federal
Embora os territórios federais não sejam entes 
federativos, a CF prevê expressamente a possibilidade 
de que dentro dos territórios haja Municípios – 
esses, sim, Municípios como outros quaisquer, 
inclusive dotados dos quatro poderes decorrentes da 
autonomia política (autolegislação, autogoverno, auto-
organização e autoadministração). É o que dispõe o art. 
33, §1º, da CF. Eventual intervenção nesses Municípios 
será feita diretamente pela própria União (é a única 
hipótese em que a União pode intervir diretamente em 
Município: art. 35, caput).
Aprofundamento: regiões envolvendo mais de um 
Estado
O art. 43 da CF ainda prevê um outro tipo de entidade 
administrativa: são as regiões criadas pela União, 
envolvendo Municípios de mais de um Estado. Sua 
criação se dá mediante lei complementar federal (ao 
contrário das regiões metropolitanas, que são criadas 
por lei complementar estadual e envolvem Municípios 
de um mesmo Estado). Um exemplo de região criada 
pela União, na forma do art. 43 da CF é a Região 
Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e do 
Entorno – RIDE (criada pela Lei Complementar nº 94, 
de 1998, envolvendo o DF e Municípios dos Estados de 
Goiás e Minas Gerais).
3. ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DA FEDERAÇÃO
Embora a Federação seja indissolúvel, pode haver 
alterações na sua estrutura interna. Imagine que a 
Federação é um “quebra-cabeça”: nenhuma peça pode 
ser retirada do jogo, mas pode uma peça ser quebrada em 
outras três, ou duas peças serem “coladas” para virarem 
uma só, etc.). Essas alterações – tanto em nível estadual 
quanto em nível municipal – são regidas pelo art. 18 da CF.
3.1. Alteração na estrutura dos Estados (art. 18, § 3º)
Pode haver a fusão (dois Estados se fundem para dar 
origem a um terceiro ente), a incorporação (um Estado 
engole o outro), a subdivisão (um Estado desaparece, dando 
origem a dois novos Estados) ou o desmembramento (um 
Estado perde um pedaço, que passa a constituir novo ente 
federativo).
Fusão A + B = C (novo Estado)
Incorporação A + B = B (Estado A desaparece)
Subdivisão A = B + C (o Estado original desaparece)
Desmembramento A = A + B (o Estado A continua a existir)
Questão de Concurso
(Cespe/AGU/Advogado/2009) No tocante às hipóteses 
de alteração da divisão interna do território brasileiro, 
é correto afirmar que, na subdivisão, há a manutenção 
da identidade do ente federativo primitivo, enquanto, 
no desmembramento, tem-se o desaparecimento da 
personalidade jurídica do Estado originário.
Gabarito: errado. Na subdivisão, o Estado original 
desaparece, enquanto no desmembramento, há a 
manutenção da personalidade jurídica original.
Requisitos para alteração nos Estados:
• Aprovação da proposta pelas populações diretamente 
interessadas, em plebiscito convocado pelo Congresso 
Nacional.
• Criação do Estado pelo Congresso Nacional, por meio 
de lei complementar federal.
CUIDADO!
Segundo o STF, devem ser ouvidas todas as populações 
envolvidas: tanto a que quer se separar quanto a que 
sofrerá a separação.
Isso ficou claro no caso do plebiscito que decidiu a 
proposta de desmembramento do Estado do Pará 
(previa-se a criação de dois novos Estados, Carajás e 
Tapajós), mas, como tinha que ser ouvido todo o Estado, 
e a proposta contava com oposição da maior cidade (a 
capital Belém), a proposta terminou por ser rejeitada.
ATENÇÃO! Mesmo que a proposta seja aprovada em 
plebiscito, o Congresso não é obrigado a aprovar a lei 
complementar.
Questão de Concurso
(Cespe/CPRM/Analista Jurídico/2013) Um dos requisitos 
constitucionais exigidos do estado da Federação que 
pretenda se subdividir é a realização de consulta direta 
à população interessada, por meio de referendo.
Gabarito: errado. A manifestação do povo se dá 
mediante plebiscito, não referendo.
Cuidado!!! Essa competência dos Estados para criarem 
Municípios (art. 18, § 4º) não se estende ao DF, uma 
vez que esta unidade da Federação é expressamente 
proibida de se dividir em Municípios.
Direito Constitucional
3.2. Municípios (art. 18, § 4º)
Em relação aos Municípios, podem ser realizadas as 
mesmas alterações previstas na esfera estadual (fusão, 
incorporação, subdivisão ou desmembramento). O que vai 
mudar é o procedimento, que é quadrifásico.Requisitos para a alteração na estrutura dos Municípios:
• Edição de lei complementar estipulando o período em 
que poderá ser feita a criação dos Municípios.
 CUIDADO!
O STF já decidiu que o § 4º do art. 18 é norma 
constitucional de eficácia limitada (só produzirá todos 
os efeitos quando for regulamentado: ADI nº 2240/BA).
Como tal lei complementar não foi criada ainda, 
atualmente não pode haver a criação de novos 
municípios.
• Realização de Estudo de Viabilidade Municipal (EVM) 
atestando que o município é viável.
• Aprovação da proposta pelas populações diretamente 
envolvidas, por meio de plebiscito.
• Criação do município pela Assembleia Legislativa 
Estadual, por meio de lei ordinária estadual.
Questão de Concurso
(Esaf/Receita Federal/Analista Tributário/2012) A fusão 
de municípios far-se-á por lei estadual, dentro do 
período determinado por lei complementar federal, 
e dependerá de consulta prévia, mediante plebiscito, 
às populações dos municípios envolvidos, sendo 
prescindível a realização de Estudo de Viabilidade 
Municipal.
Gabarito: errado. A realização de Estudo de Viabilidade 
Municipal é indispensável, imprescindível.
Aprofundamento: o caso dos “Municípios putativos”
Na redação original da CF, a criação de Municípios era 
bastante fácil, pois era feita por lei complementar 
estadual, mediante critérios previstos em lei do próprio 
Estado (e não em lei complementar federal, como 
ocorre hoje). Além disso, não havia qualquer exigência 
de que fossem realizados Estudos de Viabilidade 
Municipal. Por conta disso, entre 1988 e 1996, o Brasil 
presenciou um verdadeiro boom de Municípios – muitos 
deles, inclusive, criados sem qualquer viabilidade, 
especialmente econômica.
Para fazer frente a essa situação, o Congresso Nacional 
aprovou a EC nº 15, de 1996, que passou a prever a 
realização de Estudos de Viabilidade Municipal, além 
de atribuir à lei complementar federal a tarefa de 
definir o período e os critérios para a alteração na 
esfera municipal. Porém, só em 2006 o STF pacificou 
o entendimento de que o § 4º do art. 18 é norma 
constitucional de eficácia limitada (só aplicável após 
a regulamentação). Restou a dúvida, então, sobre o 
que fazer com os diversos Municípios que haviam sido 
criados entre 1996 e 2006? Desfazê-los era impossível, 
mas também não se poderia simplesmente convalidar a 
criação de forma inconstitucional.
Isso levou o STF a utilizar-se da técnica da declaração de 
inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade (como 
foi no caso da ADI 2240/BA, em que se analisou a criação, 
em 2000, do Município de Luís Eduardo Magalhães-BA, 
por desmembramento do Município de Barreiras-BA). Por 
meio dessa técnica de controle de constitucionalidade, 
o Tribunal reconhece o vício da norma (declaração de 
inconstitucionalidade), mas não a anula, não a retira do 
mundo jurídico (não pronuncia a nulidade).
Ao final, em 2008, o Congresso Nacional editou a EC 
nº 57, de 2008, que convalidou as alterações em nível 
municipal realizadas entre 1996 e 2006 (art. 96 do 
ADCT: “Ficam convalidados os atos de criação, fusão, 
incorporação e desmembramento de Municípios, cuja 
lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, 
atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do 
respectivo Estado à época de sua criação”).
Em resumo, podemos fazer uma linha do tempo sobre esse 
caso dos Municípios:
1988-1996 1996-2006 2006-presente
Válidos Convalidados
Inconstitucional (só será possível 
quando editada a lei complementar)
4. BENS DA UNIÃO E DOS ESTADOS (ARTS. 20 E 26)
A Constituição Federal cuidou não apenas de repartir as 
competências federativas, mas também de promover a 
distribuição dos bens públicos. Por isso, os arts. 20 e 26 
tratam, respectivamente, de enumerar (em rol meramente 
exemplificativo) os bens que pertencem à União e os 
bens que pertencem aos Estados. Logicamente, os bens 
dos Municípios serão elencados nas suas próprias leis 
orgâncias.
Esse assunto não cai sempre em provas de concursos e 
OAB. Mas, quando aparece, as questões são geralmente 
das que fazem a diferença.
Aqui comentaremos os principais dispositivos dos arts. 20 
e 26, em conjunto.
Direito Constitucional
Bens da União (art. 20) Explicação
Os que atualmente lhe 
pertencem e os que lhe vierem a 
ser atribuídos
O rol de bens da União não 
é taxativo: é meramente 
exemplificativo
As terras devolutas 
indispensáveis à defesa das 
fronteiras, das fortificações e 
construções militares, das vias 
federais de comunicação e à 
preservação ambiental, definidas 
em lei
Terras devolutas: não estão 
registradas em nome de nenhum 
particular, logo são públicas
– Só são da União as terras 
devolutas indispensáveis a uma 
dessas quatro finalidades: as 
demais pertencem aos Estados-
membros (art. 26, IV)
– Toda terra devoluta é pública, 
mas nem toda terra devoluta é 
da União
Os lagos, rios e quaisquer 
correntes de água em terrenos 
de seu domínio, ou que banhem 
mais de um Estado, sirvam de 
limites com outros países, ou se 
estendam a território estrangeiro 
ou dele provenham, bem como 
os terrenos marginais e as praias 
fluviais
Regra: só pertencem aos 
Estados-membros os rios que 
nascem e morrem dentro do 
mesmo Estado; os demais 
pertencem à União
As ilhas fluviais e lacustres nas 
zonas limítrofes com outros 
países; as praias marítimas; as 
ilhas oceânicas e as costeiras, 
excluídas, destas, as que 
contenham a sede de Municípios, 
exceto aquelas áreas afetadas 
ao serviço público e a unidade 
ambiental federal, e as referidas 
no art. 26, II
– Ilhas oceânicas: longe da costa
– Ilhas costeiras: perto da costa
– Ilhas oceânicas e costeiras 
pertencem à União, mas, nas 
costeiras, pode haver a sede de 
Municípios (esses terrenos serão, 
então, bens municipais)
O mar territorial
Faixa de 12 milhas náuticas ao 
longo da costa que é considerada 
território brasileiro
Os recursos naturais da 
plataforma continental e da zona 
econômica exclusiva
ZEE: faixa que vai das 12 até as 
200 milhas náuticas e, embora 
não seja território nacional, só a 
União pode explorar
Terrenos de marinha e seus 
acrescidos
Faixa de 33 metros ao longo das 
praias marítimas e aterros que 
pertencem à União
Os potenciais de energia 
hidráulica
Mesmo que a corrente de água 
seja estadual ou particular, a 
energia dela gerada pertence à 
União
Os recursos minerais, inclusive 
os do subsolo
O proprietário do solo tem direito 
à participação no produto da 
lavra, ou compensação financeira 
(royalties)
As cavidades naturais 
subterrâneas e os sítios 
arqueológicos e pré-históricos
Grutas, cavernas, sítios com 
pinturas rupestres etc.
As terras tradicionalmente 
ocupadas pelos índios
As terras indígenas não 
pertencem aos índios: pertencem 
à União. As comunidades 
indígenas têm apenas o usufruto 
desses bens (art. 232)
Questão de Concurso
(Cespe/MS/Agente/2008) Na definição dos bens da 
União, o rol enumerado na CF é exemplificativo, podendo 
outros lhes serem atribuídos.
Gabarito: certo. Art. 20, I.
(Cespe/TJ-AL/Juiz Substituto/2009) São bens da União 
as terras devolutas.
Gabarito: errado. Não necessariamente: as terras 
devolutas podem pertencer à União ou aos Estados.
(Esaf/ Receita Federal/ Analista Tributário/ 2012) Os 
recursos minerais do subsolo são bens dos municípios.
Gabarito: errado. Os recursos minerais pertencem à 
União (art. 20, IX).
(Esaf/ Receita Federal/ Auditor Fiscal/ 2014) Em razão 
de sua localização, as ilhas oceânicas e costeiras são de 
propriedade da União, sem exceção.
Gabarito: errado. Em relação às ilhas costeiras, há 
exceções.
QUADRO-RESUMO: ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
1. FEDERAÇÃO
1.1 Modelos: 
– centrípeto (agregação) – modelo americano; 
– centrífugo (desagregação) – modelo brasileiro.
1.2Características:
– Autonomia política dos entes federativos
– Indissolubilidade do vínculo
– Existência de um órgão legislativo representativo da vontade dos 
 Estados-membros
– Existência de um Tribunal Federativo
– Nacionalidade única
2. ENTES FEDERATIVOS
– União, Estados, DF e Municípios (federalismo de terceiro grau).
– União pode criar territórios federais, mediante lei complementar 
 federal.
– Estados podem criar regiões metropolitanas, mediante lei 
 complementar estadual.
– Municípios podem criar distritos, mediante lei (ordinária) municipal.
– DF não pode ser dividido em Municípios.
3. ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA
Estados Municípios
Procedimento bifásico Procedimento quadrifásico
Plebiscito + 
criação pelo Congresso
Lei complementar federal 
(prevendo o período) + 
EVM + plebiscito + 
criação pela Assembleia
Atualmente já 
é possível a alteração
Só será possível alteração 
quando for feita a lei 
complementar federal
Criação se dá por 
lei complementar federal
Criação se dá por 
lei ordinária estadual
4. BENS DA UNIÃO
Principais tópicos:
– Rol exemplificativo
– Rios: só são dos Estados se nascerem e morrerem no território do 
 Estado
– Terras devolutas: podem ser da União ou dos Estados
– Terras indígenas: pertencem à União
– Recursos minerais, inclusive do subsolo: pertencem à União

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