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Empresarial - DA FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL

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UNIVERSIDADE DE ITAÚNA
CURSO DE DIREITO
FALÊNCIA E DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL DE EMPRESAS
Projeto de Pesquisa apresentado ao curso de Direito da Universidade de Itaúna, para a obtenção de créditos na Disciplina Direito Civil IV, sob a orientação da Prof. Baltazar Vilaça de Melo.
6o Período Noturno.
ITAÚNA 
2019
INTRODUÇÃO
O presente trabalho possui o intuito de introduzir conceitos e desenvolver comentários sobre situações referentes à Lei de Falência 11.101 de 9 de fevereiro de 2005 que legisla sobre a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. 
Com base nos artigos 102 a 107 da jurisdição citada, será possível compreender, dentro do processo de recuperação judicial, como ocorre a inabilitação empresarial, quais são os direitos e deveres do falido e quais medidas poderão ser tomadas nas diferentes circunstâncias de falência, assim como as possibilidades de declarar a falência e seu processo sentencial. O propósito principal desses conceitos é manter a circulação econômica, em matéria constitucional e promover a regulamentação de dívidas para retomada de processos empresariais que sejam da vontade do empresário falido, após cumprir todas as etapas previstas.
A elaboração deste trabalho será expressa através de definições de forma ampla sobre os seguintes temas a seguir: Da Inabilitação Empresarial, dos Direitos e Deveres do Falido e Da Falência Requerida pelo Próprio Devedor. 
LEI 11.101 DE 9 DE FEVEREIRO DE 2005
A Lei 11.101 de 9 de fevereiro de 2005, dá ênfase especial para a recuperação judicial e extrajudicial das empresas, de modo que as empresas com problemas de liquidez poderão fazer um projeto de recuperação, sem interrupção de suas atividades.
E, antes de desenvolver o tema sobre qual esse trabalho se refere, é necessário, a priori, compreender conceitos importantes intrínsecos à recuperação. Dentre estes, situa-se a falência.
FALÊNCIA
É uma situação jurídica decorrente de uma sentença decretória proferida por um magistrado onde uma empresa ou sociedade comercial se omite quanto ao cumprimento de determinada obrigação patrimonial e então tem seus bens alienados para satisfazer seus credores. 
Também é chamada de falência a reunião de credores. Quando vários processos judiciais de cobrança de dívidas são reunidos em torno de um processo principal, para serem decididos por um único juiz, que decretou a falência. Assim, evita-se que um único credor receba sozinho o suficiente para pagar uma única dívida e dividem-se os bens, créditos e direitos do devedor entre todos os seus credores, que serão pagos na proporção de seus respectivos créditos e de acordo com o montante em poder do falido e a natureza do crédito
Na opinião de Waldemar Ferreira, "a falência é um processo destinado a realizar o ativo, liquidar o passivo e repartir o produto entre os credores, tendo em vista os seus direitos de prioridade, anterior e legitimamente adquiridos". 
A falência constitui um processo de execução coletiva, onde todos os credores do falido acorrem a um único juízo e, em um único processo, executam o patrimônio do devedor empresário.
Em princípio estará sujeito a Falência, qualquer pessoa que exerça a atividade empresarial, ou seja, de atividade econômica organizada para a produção e circulação de bens e serviços, aos termos da lei, encontrados no Código Civil em seu artigo 966.
INABILITAÇÃO EMPRESARIAL
Primeiramente, cabe registrar que a atual Lei de Falências considera “falido” não somente o devedor, empresário ou sociedade empresária, mas, também, os sócios ilimitadamente responsáveis, como podemos verificar nos artigos abaixo:
Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar contestação, se assim o desejarem.
§ 1º O disposto no caput deste artigo aplica-se ao sócio que tenha se retirado voluntariamente ou que tenha sido excluído da sociedade, há menos de dois anos, quanto às dívidas existentes na data do arquivamento da alteração do contrato, no caso de não terem sido solvidas até a data da decretação da falência.
Art. 190. Todas as vezes que esta Lei se referir a devedor ou falido, compreender-se-á que a disposição também se aplica aos sócios ilimitadamente responsáveis.
Como podemos verificar, referidos dispositivos constituem uma das inovações da atual Lei de Falências, uma vez que, de acordo com a redação do artigo 5º do revogado Decreto-Lei nº 7.661/1945 (Antiga Lei de Falências), os sócios solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações sociais não eram atingidos pela falência da sociedade:
Art. 5° Os sócios solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações sociais não são atingidos pela falência da sociedade, mas ficam sujeitos aos demais efeitos jurídicos que a sentença declaratória produza em relação à sociedade falida. Aos mesmos sócios, na falta de disposição especial desta lei, são extensivos todos os direitos e, sob as mesmas penas, todas as obrigações que cabem ao devedor ou falido. 
Prescreve nossa Lei de Falências que, decretada a falência, o falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial, desde o momento da referida decretação até a sentença que extingue suas obrigações. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da falência que proceda à respectiva anotação em seu registro, de modo que, sem barreiras formais, possa voltar a exercer atividades empresariais.
Cabe registrar, porém, que o falido não perde o direito de praticar atos da vida civil, apenas fica incapacitado para a prática de atos de conteúdo patrimonial que deverão ser realizados com a assistência ou atuação do administrador judicial ou do juízo falimentar.
A Lei de Falência ressalva, ainda, a observância obrigatória do prazo específico previsto em seu artigo 181, § 1º, segundo o qual, no caso de crime falimentar, os efeitos da condenação perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal.
Tudo indica que essas regras foram direcionadas basicamente ao devedor empresário (antiga "firma individual"). No caso de falência de sociedade limitada ou sociedade anônima, estas serão extintas. Todavia, entende-se que não há impedimento ao sócio ou acionista para participar de outra empresa, desde que não tenham sido condenados por crime falimentar. Entretanto, deve ser observado o seguinte:
O artigo 35, II da Lei nº 8.934/1994  impede o arquivamento de documentos de constituição ou alteração de empresas mercantis de qualquer espécie ou modalidade em que figure como titular ou administrador pessoa que esteja condenada pela prática de crime cuja pena vede o acesso à atividade mercantil; e
O artigo 181 da Lei de Falências dispõe que são efeitos da condenação por crime nela previsto:
A inabilitação para o exercício de atividade empresarial;
O impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades;
A impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio.
PERDA DO DIREITO DE ADMINISTRAR E DISPOR DE SEU PATRIMÔNIO
Conforme artigo 103 da Lei de Falências, desde a decretação da falência ou do sequestro, o devedor perde o direito de administrar os seus bens, tarefa que passa a ser do administrador judicial, além disso, não poderá dispor desses mesmos bens. Desse modo, qualquer ato de administração que venha a ser praticado pelo falido em momento posterior à decretação de sua insolvência é passível de nulidade, razão pela qual deve o julgador, ao decretar a falência, fixar o seu termo legal.
Entretanto, devemos observar que, o falido poderá promover a fiscalização da falência, após o período de inabilitação, requerendo as providências necessárias para a conservaçãode seus direitos ou dos bens arrecadados, bem como intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou interessada, defendendo seus interesses e interpondo os recursos cabíveis.
Como podemos verificar, trata-se de outra norma de viés fortemente individual, endereçada mais ao empresário. Nesse caso, é razoável dizer que a restrição recai sobre todo o patrimônio da pessoa física (empresário individual).
Todavia, no caso de sociedade limitada ou sociedade anônima, entende-se que tal restrição, integralmente aplicável ao patrimônio da empresa falida, não se estende ao patrimônio dos sócios.
Cabe lembrar, no entanto, que, se houver dívida destes para com a sociedade por falta de integralização de capital ou de pagamento do preço de emissão das ações, a integralização de tais valores será exigível, pelo administrador da falência, em ação judicial.
 
A INABILITAÇÃO DECORRENTE DA SENTENÇA DE FALÊNCIA
A sentença que acolhe o pedido de falência, ora impetrado pelo próprio devedor, ora formulado por terceiro, tem eficácia constitutiva, de modo que provoca a alteração da situação jurídica do devedor, que de empresário ou de sociedade empresária passa a falido, submetendo-se ao regime jurídico do direito falimentar. 
Por se tratar de um concurso universal, a decretação da falência do devedor exige uma ampla publicidade, da qual consiste a publicação de edital contendo a íntegra da decisão que decretou a falência e a relação de credores (artigo 99, parágrafo único, da LREF), a comunicação por carta Fazenda Pública Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência (artigo 99, inciso XIII, parte final, da Lei de Falência).
Em acréscimo, o juiz ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência no registro do devedor, para que conste a expressão “falido”, a data da decretação da falência e a inabilitação para exercer atividade empresarial até a extinção de suas obrigações por sentença (artigo 99, inciso VIII, da LREF).11 O artigo 102, da LREF, que não possui correspondente no direito anterior, estipula que o falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência até que suas obrigações sejam declaradas extintas por sentença.
Falido é o devedor cujo conceito se encontra no artigo 1º da Lei, definindo-o como o empresário ou a sociedade empresária. Em primeiro lugar, identifica-se o falido com o empresário, ou seja, a pessoa que exerce individualmente atividade empresarial. O empresário, portanto, desde a decretação de sua falência até a data que for proferida sentença que extinga suas obrigações, fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial. Em segundo lugar, com relação às sociedades empresárias, as pessoas físicas dos sócios não se confundem com a pessoa jurídica da sociedade, sendo que é a sociedade que se torna falida. Corrobora essa asserção, lastreada na distinção entre sociedade e sócios, a exceção à regra, constante do artigo 81, da LREF.
Com efeito, estão sujeitos aos efeitos da falência os sócios, pessoas físicas ou pessoas jurídicas, ilimitadamente responsáveis de sociedades falidas. O artigo 81, da LREF, alcança os sócios da sociedade em nome coletivo (artigo 1.039, do Código Civil), o sócio comanditado na sociedade em comandita simples (artigo 1.045, do Código Civil), e o sócio administrador na sociedade em comandita por ações (artigo 1.091, do Código Civil). Nas sociedades limitadas e nas sociedades por ações, reitere-se, a falência da sociedade empresária não provoca a falência de seus sócios. 
O quotista ou acionista, respectivamente, não estão impedidos de exercer qualquer atividade empresarial. Comporta esclarecer que, nas sociedades com sócios de responsabilidade ilimitada, a responsabilidade “solidária” dos sócios não se confunde com a responsabilidade solidária nos débitos. A responsabilidade solidária passiva implica que cada devedor solidário é responsável pela totalidade do débito, podendo ser-lhe exigida a respectiva importância, sem que lhe seja lícito alegar o benefício de ordem. 
Em base com os termos do artigo 264, do Código Civil, “há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda”. Entretanto, os sócios solidária e ilimitadamente responsáveis assumem uma responsabilidade “subsidiária”, que só prevalece em face da insuficiência dos bens excutidos à sociedade. Este benefício de ordem já vinha capitulado no artigo 350, do Código Comercial, foi renovado no artigo 1.024, do Código Civil, e tem sua aplicação processual prevista pelo artigo 596, do Código de Processo Civil. 
 
 
A INABILITAÇÃO DERIVADA DE CONDENAÇÃO POR CRIME FALIMENTAR
A inabilitação do falido para exercer empresa, prevista no artigo 102, não se confunde com a inabilitação derivada da condenação penal por crime falimentar, estipulada no artigo 181, da LREF. Enquanto a inabilitação civil (artigo 102) recai sobre o empresário e a sociedade empresária, definidos legalmente como devedores, e assim, falidos, a inabilitação penal (artigo 181) somente pode ser aplicável à pessoa humana, já que se trata de efeito específico de sentença penal condenatória por crime falimentar. 
O artigo 179, da Lei de parâmetro para este estudo, deixa estreme de dúvida a questão ao prescrever que se equiparam ao devedor ou ao falido para os efeitos penais da Lei, os seus sócios, diretores, gerentes administradores e conselheiros, de fato ou de direito, bem como o administrador judicial. São efeitos da condenação por crime falimentar:
a) a inabilitação para o exercício de atividade empresarial
b) o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas à Lei de Recuperação Judicial de Empresas e Falência.
 c) a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio.
A inabilitação para o exercício da atividade empresarial, derivada de condenação em crime falimentar, alcança tanto o empresário individual, quanto qualquer sócio ou administrador, independente da espécie de sociedade empresária de que façam parte, e perdura por até cinco anos após a extinção da punibilidade, podendo cessar antecipadamente por força de reabilitação penal.
Os seus efeitos, todavia, não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença, e consoantes o artigo 94, do Código Penal, a reabilitação poderá ser requerida decorridos dois anos do dia em for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução. Visando dar publicidade e fazer cumprir a norma impeditiva do exercício de empresa, o artigo 181, §2º, da Lei de Falência, prescreve que transitada em julgado a sentença penal condenatória, será notificado o Registro Público de Empresas para que tome as medidas necessárias para impedir novo registro em nome dos inabilitados.
O preceito falimentar está em harmonia com os dispositivos da Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994, que instituiu o Registro Público das Empresas Mercantis e Atividades Afins. Realmente, o artigo 35, II, da Lei nº 8.934/94, proíbe o arquivamento documentos de constituição ou alteração de empresas mercantis de qualquer espécie ou modalidade em que figure como titular ou administrador pessoa que esteja condenada pela prática de crime cuja pena vede o acesso à atividade mercantil.
Ao passo que o seu artigo 37, II, exige para o pedido de arquivamento de documentos societários, na forma do artigo 3217, a declaração do titular ou administrador de não estar impedido de exercer o comércio ou a administração de sociedade empresária em virtude de condenação criminal. 
Em estrita obediência aos ditames da Lei nº 8.934/94, o Decreto nº 1.800, de 30 de janeiro de 1996 e a Instrução Normativa nº 98, de 23 de dezembro de 2003, exercem com fidelidade sua função regulamentar, como não poderia deixar de ser, sob pena de incorrer em ilegalidade.De tal sorte, o artigo 34, II18, e o artigo 53, II19, do Decreto nº 1.800/96, disciplinam, respectivamente, os requisitos e as proibições para o arquivamento de atos societários, cujas redações seguem os conteúdos estabelecidos nas normas legais transcritas no parágrafo anterior. 
Por seu turno, a Instrução Normativa nº 98, de 23 de dezembro de 2003, do Departamento Nacional de Registro do Comércio, trata do tema em seu item 1.2.12.b. O Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC) é órgão integrante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, e Comércio Exterior, competindo-lhe, dentre outras atribuições, “estabelecer normas procedimentais de arquivamento de atos de firmas mercantis individuais e sociedades mercantis de qualquer natureza” (artigo 4º, VI, da Lei nº 8.934/94). 
Nesta capacidade, o DNRC expediu a Instrução Normativa nº 98/2003, criando o Manual de Atos de Registro da Sociedade Limitada, o qual prevê como causas de impedimento para ser administrador de sociedade limitada a condenação penal por crime falimentar e a inabilitação do falido enquanto não for legalmente reabilitado, respectivamente, nas alíneas ‘a’ e ‘b’, de seu item 1.2.12.20 Constata-se que o órgão administrativo regulou em preceptivos diferentes a inabilitação para o exercício da atividade empresarial decorrente da sentença de falência (artigo 102, da LREF), e aquela que é efeito específico da sentença condenatória por crime falimentar (artigo 181, da LREF).
PESSOA: INABILITAÇÃO AO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESÁRIA
De acordo com o art. 75, caput, da LFRE, a decretação da falência acarreta o afastamento do devedor de suas atividades, com o objetivo de preservar e aperfeiçoar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa. A partir da decretação da quebra (independentemente de qualquer formalidade ou do próprio trânsito em julgado da decisão), o empresário individual (bem como o inventariante) é alijado do comando da atividade empresária que acarretou a sua bancarrota. 
No contexto das sociedades empresárias, a regra é semelhante: os sócios perdem o poder de ditar as diretrizes para o exercício da atividade, e os administradores (ou liquidantes), o poder de gestão e representação — o que também ocorre com os mandatários, nos termos do art. 120 da LFRE, como não poderia deixar de ser. 
Assim, a atuação de tais agentes fica restrita ao autorizado pela Lei n° 11.101/2005. A restrição não se limita a essas medidas. Além de tal afastamento imediato, o falido (empresário individual, sociedade empresários e sócios de responsabilidade ilimitada) resta inabilitado para o exercício da atividade empresária também a partir da decretação da falência (não dependendo de qualquer formalidade ou do trânsito em julgado da decisão). 
Assim, a decretação da falência acarreta a inabilitação do falido, independentemente da prática e condenação por crime falimentar, como determina o art. 102 da lei. E o juiz ordenará ao Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comerciais, que anote e inscreva para tornar público o nome do falido, a data da sentença e a sua inabilitação (nos termos do art. 99, VIII, da LFRE, o que não era previsto, de modo expresso, no Decreto-Lei n° 7.661/1 945). 
Então, a inabilitação é consequência natural da sentença falimentar 9. A inabilitação decorrente da decretação da quebra acarreta no impedimento do falido, por si ou por interposta pessoa, de exercer a atividade empresária; ainda, resta impedido de exercer a profissão de corretor de seguros (art. 3°, d, da Lei n° 4.594/1 964), a de corretor de navios (Decreto n° 20.881/1931, art. 20) e a de leiloeiro (art. 32, a e c, do Decreto n°21.981/1931). E, por esse motivo, deve constar de sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis seu nome acrescido da locução “falido”, com a consequente inabilitação para o exercício de qualquer atividade empresarial. 
Tudo de acordo com o art. 972 do Código Civil. Todavia, é importante deixar claro que a restrição somente vale para o exercício da atividade empresária, não obstando a prática de outras atividades: o falido pode, portanto, exercer atividade não empresária, ser em pregado, ser administrador de sociedades (empresárias ou não empresárias) etc. — o que levanta a questão de, eventualmente (caso não sejam impenhoráveis), os recursos por ele auferidos posteriormente à quebra serem desapossados e arrecadados (como veremos).
 A falência não impõe ao sujeito uma obrigação de inércia, não anula, por si só, seu direito de trabalhar. Por outro lado, não se pode olvidar que a inabilitação para o exercício de atividade empresarial também pode decorrer de condenação por crime falimentar, como determina o art. 1 81, 1, caso em que a inabilitação é efeitoi2 da prática de um delito.
Da mesma forma, o art. 181, II e III, dispõe que também são efeitos da condenação por crime falimentar o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades empresárias e a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio; isso sem considerar que, por exemplo, o Decreto n°1.101/1903, no art. 1°, § 5°, impede que os condenados por crime falimentar sejam empresários, administradores ou fiéis de armazéns-gerais. 
Portanto, em caso de condenação por crime falimentar, além da inabilitação ao exercício da atividade empresária (LFRE, art. 1 81, 1 — que também decorre da decretação da falência, nos termo do art. 102), o conde nado resta impedido, enquanto perdurarem os efeitos da condenação, de ser empresário, administrador ou fiel de armazéns-gerais (art. 1°, § 50, do Decreto n° 1.102/1 903) e de exercer mandato, gestão de negócios ou funções de gerente ou de administração de quaisquer sociedades.
Assim, o falido ou as pessoas descritas no art. 1 79 da LFRE que forem condenadas por crime falimentar sofrerão também os efeitos previstos no art. 181 da LFRE e, eventualmente, em leis especiais. Entretanto, é importante reiterar que os efeitos da condenação por crime falimentar, previstos no art. 1 81 da LFRE, não são automáticos: devem ser motivadamente declarados na sentença, na forma do § 1° do referido dispositivo.
 E, uma vez transitada em julgado, a sentença penal condenatória será notificado o Registro Público de Empresas Mercantis para que tome as medidas necessárias para impedir novo registro em nome dos inabilitados — é o que dispõe o art. 181, § 2°, da lei. A inabilitação é medida imperiosa, pois, se o falido exerce atividade empresária, os credores não pagos iriam recrutando os bens novamente adquiridos (e, por isso mesmo, como veremos mais adiante, a inabilitação perdura até a sentença que extingue as obrigações do falido, salvo se decorrente de condenação por crime falimentar), e o próprio exercício da atividade estariam dificultados, tendo em vista o desapossamento dos bens (como estudaremos a seguir). 
Além disso, não é de se descartar a possibilidade de a atividade econômica não restar bem-sucedida, acarretando, eventualmente, em nova quebra do falido (sendo que, é importante lembrar, não se pode, em nosso ordenamento jurídico, haver dois processos falimentares simultâneos do mesmo devedor).
Contudo, é interessante refletir se a prática de atividade empresária pelo falido não seria benéfica aos credores, uma vez que, adquirindo novos bens, conseguiria melhor satisfazer os credores. Ainda, devemos lembrar que a inabilitação do falido é medida constitucional: a Constituição Federal, no art. 5°, XIII, dispõe que “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. Logo, o exercício de qualquer atividade econômica está adstrito aos balizamentos e restrições da lei.
É importante salientar, entretanto, que a inabilitação não acarreta, necessariamente, a paralisação das atividades. Como dispõe a LFRE em seu art. 99, Xl, a sentença que decretar a falência se pronunciará a respeito da continuaçãoprovisória das atividades do falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos (quando houver risco para a execução da etapa de arrecadação ou para a preservação dos bens da massa falida ou dos interesses dos credores, nos termos do art. 109).
Nesse sentido, a atividade empresária pode continuar a ser explorada provisoriamente, não pelo falido, mas pelo administrador judicial, quando não for o caso de lacração dos estabelecimentos. Lembramos que a inabilitação não ocasiona a perda da capacidade do falido, nem a interdição do devedor, permanecendo, inclusive, com todos seus direitos políticos (salvo se, dependendo da pena in concreto, for condenado por crimes falimentares, quando, então, poderá sofrer restrições nessa área). 
Tanto é verdade que a própria LERE confere a ele uma série de direitos e deveres relacionados à falência, permanecendo plenamente capaz de realizar quaisquer atos compatíveis com o processo falimentar, como exercer atividade econômica não empresária, celebrar contrato de trabalho como empregado e casar, além de possuir legitimidade processual (somente perde a legitimidade nos processos relacionados à massa, mas mesmo assim pode neles intervir)° 19. O art. 176 da LFRE prevê pena de reclusão de 1 a 4 anos, além de multa, para quem exercer a atividade para a qual foi inabilitado ou incapacitado por decisão judicial.
Mas, além da consequência penal, o art. 973 do Código Civil estabelece que a pessoa que, mesmo impedida legalmente, continue a exercer a atividade própria de empresário, responde pelas obrigações contraídas. De qualquer forma, é importante ter em mente que, nesses casos, o exercício da atividade empresária se opera de modo irregular (ou seja, a atividade não é inválida), o que não acarreta, necessariamente, na invalidade dos atos realizados (e, nesse sentido, os bens que serão adquiridos pela massa): somente serão ineficazes aos atos de administração e disposição do patrimônio do falido por ele realizado enquanto perdurar o desapossamento, como veremos ao estudarmos tal instituto 22. 
Como dispõe o art. 102, caput, a inabilitação perdura até a sentença que extingue as obrigações do falido (nos termos do art. 1 58 da LFRE 23), sendo que, no caso de a condenação decorrente da prática de crime falimentar atingir período que ultrapasse a sentença que extingue as obrigações do falido, prevalecerá a estipulação penal (perdurando até cinco anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal). Portanto, a inabilitação não dura somente durante o curso do processo falimentar, mas se estende até a extinção das obrigações do falido ou em caso de condenação por crime falimentar, até a extinção da punibilidade (podendo cessar antes pela reabilitação penal). 
Findo o período de inabilitação, nos termos como dispõe o art. 102, parágrafo único (e como dispunham os arts. 138 e 198 do Decreto-Lei n° 7.661/1 945), o falido poderá requerer ao juiz da falência que proceda à respectiva anotação em seu registro (ou seja, anotação do levantamento da falência no Registro Público de Empresas Mercantis).
Encerrada a inabilitação, o falido gozará dos mesmos direitos de que dispunha anteriormente. Poderá, então, explorar qualquer atividade econômica, voltar a administrai tais atividades, evidenciando, assim, que se trata de um estado jurídico transitório.
DOS DEVERES DO FALIDO
De acordo com o artigo 104 da Lei de Falências (11.105/2005), há várias obrigações impostas ao falido e, se as mesmas não forem cumpridas, caberá crime de desobediência acarretando em uma responsabilidade penal. Para maiores esclarecimentos sobre o assunto, abordaremos neste capítulo alguns pontos essenciais sobre este tema.
“Art. 104: A decretação da falência impõe ao falido os seguintes deveres:
I – assinar nos autos, desde que intimado da decisão, termo de comparecimento, com a indicação do nome, nacionalidade, estado civil, endereço completo do domicílio, devendo ainda declarar, para constar do dito termo:
a) as causas determinantes da sua falência, quando requerida pelos credores;
b) tratando-se de sociedade, os nomes e endereços de todos os sócios, acionistas controladores, diretores ou administradores, apresentando o contrato ou estatuto social e a prova do respectivo registro, bem como suas alterações;
c) o nome do contador encarregado da escrituração dos livros obrigatórios;
d) os mandatos que porventura tenha outorgado, indicando seu objeto, nome e endereço do mandatário;
e) seus bens imóveis e os móveis que não se encontram no estabelecimento;
f) se faz parte de outras sociedades, exibindo respectivo contrato;
g) suas contas bancárias, aplicações, títulos em cobrança e processos em andamento em que for autor ou réu;
II – depositar em cartório, no ato de assinatura do termo de comparecimento, os seus livros obrigatórios, a fim de serem entregues ao administrador judicial, depois de encerrados por termos assinados pelo juiz;
III – não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem motivo justo e comunicação expressa ao juiz, e sem deixar procurador bastante, sob as penas cominadas na lei;
IV – comparecer a todos os atos da falência, podendo ser representado por procurador, quando não for indispensável sua presença;
V – entregar, sem demora, todos os bens, livros, papéis e documentos ao administrador judicial, indicando-lhe, para serem arrecadados, os bens que porventura tenha em poder de terceiros;
VI – prestar as informações reclamadas pelo juiz, administrador judicial, credor ou Ministério Público sobre circunstâncias e fatos que interessem à falência;
VII – auxiliar o administrador judicial com zelo e presteza;
VIII – examinar as habilitações de crédito apresentadas;
IX – assistir ao levantamento, à verificação do balanço e ao exame dos livros;
X – manifestar-se sempre que for determinado pelo juiz;
XI – apresentar, no prazo fixado pelo juiz, a relação de seus credores;
XII – examinar e dar parecer sobre as contas do administrador judicial.
Parágrafo único. Faltando ao cumprimento de quaisquer dos deveres que esta Lei lhe impõe, após intimado pelo juiz, a fazê-lo, responderá o falido por crime de desobediência”.
Este artigo, seus incisos e parágrafos disciplinam e estabelecem os efeitos jurídicos em relação aos bens do empresário, dos sócios e da sociedade empresária e determina as condições para a extinção das obrigações do falido.
A lei impõe ao falido, aos administradores da sociedade e seus respectivos diretores, várias obrigações pessoais. Após o conhecimento da sentença declaratória, deverão comparecer ao juízo e prestar todas as informações que lhes forem pedidas. No caput do inciso I, exige-se a indicação do nome, nacionalidade, estado civil, endereço completo do domicílio. Estas informações correspondem à pessoa natural e nos casos de sociedade empresária, deve referir-se aos administradores societários quando da falência.
Para esclarecimento de fatos que levou a falência, o juiz, Ministério Público, credor ou administrador judicial, poderão solicitar que prestem demais informações, com intuito de entender o que não está claro nos livros e/ou e documentos colhidos pelo administrador judicial. 
É também expresso que, não podem se ausentar do lugar onde se processa a falência, sem a total autorização do juiz. Também poderá examinar e dar parecer sobre as contas do administrador judicial. Sendo assim, se se tratar de um empresário, essas obrigações lhe dizem respeito. No caso de uma sociedade empresária, as obrigações serão realizadas pelo seu representante, ou pela pessoa que o juiz delegar ser responsável.
O juiz poderá solicitar a manifestação do falido e/ou do administrador societário. Esta é uma obrigação processual de natureza “sui generis” do processo falimentar. Poderá ser feita de duas formas. A primeira é chamada de “Manifestação Processual Ordinária”, na qual é feita por meio de um representante, no caso, um advogado. A segunda refere-se a uma manifestação pessoal do falido. Nestecaso, exige-se essa pessoalidade.
Para ajudar na compreensão sobre o tema, Pedro Freitas (2011, online) , publica:[1: http://tmp.mpce.mp.br/esmp/publicacoes/edi001_2012/artigos/14_Pedro.Thiago.Costa.de.Freitas.pdf]
“Merece destaque a proibição elencada no art. 104, III, que tem por escopo resguardar os interesses da massa falida, viabilizando, assim, o regular trâmite processual, a partir da presença do falido, encontrando-se o mesmo disponível para a prestação de esclarecimentos, bem como para participar dos atos que dele dependam. A propósito: 
HABEAS CORPUS. PRISÃO ADMINISTRATIVA. PROCESSO DE FALÊNCIA. ARTIGO 34, III, DA LEI N. 7.661/45. 1. A Lei n. 11.101, de 9.2.2005, impõe algumas obrigações que devem ser cumpridas pelo falido ante a decretação de falência, entre as quais a de que ele não se ausente do local da falência sem prévia comunicação ao Juízo falimentar e sem justo motivo. 2. As disposições dos artigos 34, III, da Lei n. 7.661/45 e 104, III, da Lei n. 11.101/05 estabelecem restrição à liberdade de locomoção do falido visando resguardar os interesses da massa falida, no sentido de não prejudicar o andamento do feito judicial com a ausência daquele. Todavia, a Lei n. 11.101/05 adotou uma posição mais branda em relação à lei anterior, porquanto não mais se exige que o falido requeira ao Juízo autorização para se ausentar, mas tão-somente comunique a ele tal ausência, que deve ser motivada. (HC 92.327/RJ, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 25/03/2008, DJe 04/08/2008). RECURSO EM HABEAS CORPUS. INTEMPESTIVIDADE. RECEBIMENTO COMO WRIT SUBSTITUTIVO. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DO PAÍS. JUSTIFICATIVA. MOTIVO JUSTO. LEI Nº 11.101/2005. JUSTIFICATIVAS FÁTICAS. IMPOSSIBILITADA A ANÁLISE EM SEDE DE HABEAS CORPUS. ORDEM DENEGADA.1. O recurso ordinário intempestivo pode ser conhecido como habeas corpus substitutivo. 2. A Lei nº. 11.101/2005 (nova lei de falências) prevê, em seu art. 104, III, ser dever do falido "não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem motivo justo e comunicação expressa ao juiz, e sem deixar procurador bastante, sob as penas cominadas na lei". 3. A nova disciplina legal não retira do magistrado a faculdade de, na hipótese de ausentes os requisitos legais, denegar permissão ao falido de ausentar-se do lugar onde se processa a falência, sendo curial que a expressão "comunicação" não deve ser entendida como mero aviso e, sim, "comunicação expressa e com motivo justo" ao Juízo da falência. [...]. (RHC 25.274/PB, Rel. Ministro CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ FEDERAL CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), QUARTA TURMA, julgado em 19/02/2009, DJe 09/03/2009). Diante do exposto, observa-se que a gama de deveres impostos ao falido pela legislação falimentar, de maneira clara e objetiva, justifica-se pela necessidade de o mesmo auxiliar o regular desenvolvimento do processo, através da prestação das informações e documentos porventura requeridos. Ressalte-se, ainda, que, nessa fase, há prestações e esclarecimentos julgados 7 pela lei indispensáveis à boa marcha da falência, os quais unicamente o falido está em condições de prestar, com segurança e rapidez.
DA EXTINÇÃO DA FALÊNCIA E DAS OBRIGAÇÕES DO FALIDO
De acordo com o artigo 158 da Lei 11.101/2005, extingue as obrigações do falido:
“I - o pagamento de todos os créditos:
II - o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinquenta por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo;
III - o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei;
IV - o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei”.
Ressalta-se que, os efeitos da condenação por crime falimentar devem ser declarados na sentença, pois não são feitos de forma automática. Os mesmos perdurarão até cinco anos após a extinção da punibilidade, conforme prazos descritos no art. 181 parágrafo 1º, e podem ser interrompidos antes, pela reabilitação penal. Vejamos:
Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária da Lei 11.101/2005:
“Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei:
§ 1º- Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal.
 
PRESCRIÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DO FALIDO
 
 O encerramento da falência não extingue imediatamente as obrigações do falido, mas poderá dar consequência à extinção por decurso de prazo, conforme visto nos incisos III e IV do artigo 158 (apresentado anteriormente).
 Com base nestes comentários, Celeste Camilo (2013, online) , fundamenta:[2: https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=6995]
No caso de uma sociedade empresária, o encerramento da falência implica na sua dissolução e extinção de sua personalidade jurídica, dessa forma, a regra de prazo prescricional é de pouca valia. E se não houve a desconsideração da personalidade jurídica, os créditos não satisfeitos serão extintos por “ausência de sujeito passivo”.
Encerrada o processo de falência e extintas as obrigações, os sócios de responsabilidade ilimitada, ou ainda o sócio de responsabilidade limitada, poderão requerer a extinção de obrigações do falido, ou se for o caso da sua própria, em autos apartados, que após a sentença, serão apensados ao processo falimentar.
Esse processo deve conter nos seus termos o comando de comunicação às pessoas que tiveram informação da decretação de falência.
EXTINÇÃO POR PAGAMENTO
A extinção das obrigações do falido pode ocorrer mediante o pagamento de todos os créditos ou pelo pagamento de mais de 50% dos créditos.
Não há restrição da lei referente às formas de pagamentos, sendo realizados por terceiros ou pelo próprio, por depósito nos autos ou por cessão do direito de crédito. 
De acordo com o art. 304 do Código Civil:
“Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.
Parágrafo único: Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste”.
DOS DIREITOS DO FALIDO
Inserido no Direito Empresarial, ainda no ramo falimentar, existem, além das obrigações e deveres impulsionados na jurisdição, os direitos que o falido tem ao decretar falência. Esses direitos existem para proteger o falido, o patrimônio pessoal do falido, sendo aquele que não se confunde com a massa falida e também seus bens com o intuito de ter a concessão de, posteriormente, estabelecer sua reinserção no ciclo econômico.
Para que sejam cumpridas todas as etapas de falência, de maneira célere e produtiva, é de cunho do falido estar a par do processo ao que se refere sua inabilitação empresarial. Taxado no parágrafo único do artigo 102 da Lei de Falências (Lei 11.101/05):
Art. 102. [...]
Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da falência que proceda à respectiva anotação em seu registro.
O falido, que encontra em situação de inabilitação do exercício econômico, após a sentença de quebra, a ser tratada ainda neste trabalho, não está definitivamente afastado de suas atividades, ele tem o direito de acompanhar presencialmente todas as fases do processo de recuperação judicial. 
Essa suposta proibição em definitivo vai contra o princípio da livre iniciativa econômica previsto na Constituição Federal Brasileira, em seu artigo 170, parágrafo único, conforme o descrito abaixo, portanto, não é constitucional que o empresário seja impedido de retornar suas atividades após cumprir com suas obrigaçõeslegais, embora esteja o falido suspenso até outra sentença que extingue suas obrigações respeitando o artigo 180 da Lei de Falências.
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
Art. 180. A sentença que decreta a falência concede a recuperação judicial ou concede a recuperação extrajudicial de que trata o art. 163 desta Lei é condição objetiva de punibilidade das infrações penais descritas nesta Lei.
Contudo, não havendo outra sentença que extingue as obrigações e tendo o falido sido condenado por crime falimentar, o prazo para essa extinção de atividades será de até cinco anos, e, com as devidas considerações e reabilitações penais, poderá ser antecipado. 
Embasado na Lei de Falências, o falido fica obrigado a se disponibilizar para a prestação de esclarecimentos, apresentação de eventuais provas e participação daqueles atos que o diz respeito. Ao tratar-se dessa obrigação, já mencionada anteriormente, ficam intrínsecos neste rol, os direitos do falido de ter a atualização do processo, tal como fiscalizar o andamento da administração da falência em questão assim como o direito de preservar os seus bens arrecadados.
É importante ratificar que a propriedade sobre os bens ainda pertence ao falido, estando suspensa tão somente a administração, ou seja, capacidade de dispor destes. 
Quando a massa falida é parte ou interessada, também é direito do falido ser assistente no processo, dessa forma ele pode tanto requerer quanto interpor os recursos cabíveis. Essa possibilidade é prevista no artigo 103 da Lei de Falências:
Art. 103. Desde a decretação da falência ou do sequestro, o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou deles dispor.
Parágrafo único. O falido poderá, contudo, fiscalizar a administração da falência, requerer as providências necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos cabíveis.
Frisa-se que não há dentro da falência a aplicação da incapacidade do falido, ele não se torna incapaz, mas sim restrito. 
Com relação à custódia e arrecadação dos bens, que são parte do processo da sentença e reparação de dívidas, o falido também tem direito de acompanhar todo o processo de penhora e distribuição mesmo que ele não os administre e eventualmente sejam vendidos, justamente para que haja produtividade no processo com um todo. Ainda neste âmbito de distribuição dos bens após a sentença, pode ocorrer, ainda que em casos raros, a volta do saldo para o devedor, isto é, findas as penhoras e processos de distribuições para pagamento das dívidas com o patrimônio empresarial do falido, em casos que sobrar, voltará ao domínio do falido, esta previsão legal é citada no artigo 153 da Lei de Falência, a mesma que serve de embasamento para este trabalho: 
Art. 153. Pagos todos os credores, o saldo, se houver, será entregue ao falido.
FALÊNCIA REQUERIDA PELO PRÓPRIO DEVEDOR
O empresário é a maior autoridade para tomar conhecimento da sua própria falência, bastando à constatação a da inviabilidade do pedido de recuperação em situação de insolvência para que possa requerer sua autofalência.
A origem histórica do instituto está na falência inocente do direito português, que permitia ao empresário reconhecer a situação falimentar espontânea e imediatamente, ao menos de forma anterior a sua invocação pelos credores, para que a falência não fosse considerada criminosa e fossem afastados os efeitos punitivos.
No sistema Brasileiro não há vantagens ou desvantagens na opção de autofalência, não havendo vinculo direto com a possibilidade de aplicação de sanção penal, muito embora o pedido de autofalência possa gerar presunção de honestidade para quem a requer, sem que fique o empresário de plano isento de uma sanção penal por conduta criminosa.
O pedido de autofalência poderá ser formulado pelo empresário pessoa física ou pessoa jurídica, por intermédio de seus advogados. O pedido poderá ser formulado pelo devedor, cônjuge sobrevivente, herdeiro do devedor ou inventariante. Quando se tratar de empresa pessoa jurídica, o pedido poderá ser apresentado por quotista ou acionista do devedor, na forma da lei ou do ato constitutivo.
A lei anterior determinava que o pedido de autofalência fosse apresentado no prazo de trinta dias após o vencimento de obrigação liquida. O prazo não poderia ser considerado decadencial, não sendo impossível imaginar que o pedido de falência pelo devedor fosse apresentado posteriormente, se ainda não houvesse sido apresentado pedido de falência pelos credores. Na realidade, a única consequência prevista pela lei revogada era o impedimento ao requerimento de concordata, atenuando, já a época da vigência da lei, pelo teor da sumula 190 do STF: 
“O não pagamento de títulos vencidos há mais de trinta dias, sem protesto, não impede a concordata preventiva”.
Sobre esse enfoque da lei anterior e a nova lei vigente J.C Sampaio de Lacerda Afirma:
“A lei obriga o devedor a confessar logo a sua falência, a fim de que não seja levado á pratica de expedientes prejudiciais. E mesmo diante da discordância dos credores, o juiz terá de decretar a falência já confessada. A lei não diz se o devedor deve denunciar só depois de haver cessado de pagar, e WALDEMAR FERREIRA não vê impedimento para que seja confessada antes ate a cessação do pagamento, desde que o comerciante sinta ser perigoso o seu estado econômico diante de certos fatos, como a quebra de um seu devedor por quantia avultada, a baixa repentina dos preços etc. Insensato seria o juiz”, acrescentar o professor paulista, “que mandasse aguardar o vencimento das dividas. No sistema agora vigente esta afastada a previsão de prazo para o pedido de autofalência, dando-se a oportunidade para que o devedor a qualquer tempo confesse a inviabilidade do empreendimento, a menos que pedido de falência já tenha sido pedido do credor interessado”.
A lei nova n° 11.101/2005 estabelece prazo para a apresentação do pedido de autofalência, em seu artigo. 105 em seu caput:
“O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes documentos”.
O pedido de autofalência devera ser fundamentado, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial. Deve ser acompanhado dos documentos indicados nos incisos do art. 105: 
I - demonstrações contábeis referentes aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de:
a) balanço patrimonial;
b) demonstração de resultados acumulados;
c) demonstração do resultado desde o último exercício social;
d) relatório do fluxo de caixa;
II - relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos;
III - relação dos bens e direitos que compõem o ativo, com a respectiva estimativa de valor e documentos comprobatórios de propriedade;
IV - prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor ou, se não houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus bens pessoais;
V - os livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exigidos por lei;
VI - relação de seus administradores nos últimos 5 (cinco) anos, com os respectivos endereços, suas funções e participação societária.
O contrato social pode ou não encontrar-seregistrado, percebendo-se que a lei concede legitimidade ativa para autofalência mesmo aos empresários irregulares. Juntamente com o seu pedido, o devedor depositará em cartório os seus livros comerciais, que serão encerrados pelo juiz para, oportunamente, ser entregues ao administrador judicial da falência. Não estando o pedido adequadamente instruído, o juiz determinará sua emenda conforme o ART. 106; no caso contrario, profere a sentença declaratória da falência, sem previa oitiva do ministério Público. ART 107.
No entender de Andrea Martins Ramos Spinelli:
“Analisando a nova lei a respeito da falência requerida pelo próprio devedor, explica:” No tocante á autofalência, há previsão na nova lei quanto à possibilidade de o devedor, que se encontra em crise econômico-financeiro e não tiver condições de pleitear a sua recuperação judicial, requerê-la em juízo, expondo as razoes que impedem de prosseguir em sua atividade empresarial.’ Não estando o pedido regularmente instruído, o juiz determinará que seja emendado (art. 106). O pedido de autofalência será processado da mesma forma como a falência requerida por terceiros (art. 105). O decreto-lei impunha ao devedor injustificadamente impontual a obrigação de requerer a autofalência nos 30 dias seguintes ao vencimento da obrigação liquida, sendo que esse descumprimento constituía-se obstáculos ao pedido de concordata preventiva (art. 8°. c/c 140, II). Na pratica, contudo, o judiciário sempre concedeu a moratória, ainda que ultrapassado esse período, conforme autorizado na sumula 190 do supremo Tribunal Federal”.
Quando requerida a falência por terceiros (credor, sócio da sociedade devedora, inventariante etc), o rito prevê a citação da sociedade devedora para responder no prazo de 10 dias (LF, art.98). Sua resposta só pode consistir na contestação, já que não prevê a lei a reconvenção ou o reconhecimento da procedência do pedido.
Se o pedido de falência baseia-se na impontualidade injustificada ou execução frustrada, o devedor pode elidi-lo depositando em juízo, no prazo das respostas, o valor correspondente ao total do crédito em atraso, acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios. 
Abrem-se, então, quatro alternativas:
O requerido só contesta. Nesse caso, e o juiz acolhe as razões de defesa, profere a sentença denegatória da falência e condena o requerente nas verbas de sucumbência (e, eventualmente, em indenização por perdas e danos). Não as acolhendo, deve proferir a sentença declaratória da falência.
O requerido contesta e deposita: Aqui, o juiz deve apreciar a contestação. Se acolher as razoes da defesa, profere a sentença denegatória da falência, condena o requerente nas verbas de sucumbência e eventuais perdas e danos, bem como determina o levantamento do deposito pelo requerido. Se as desacolher, profere igualmente a sentença denegatória da falência, mas imputa ao requerido os ônus de sucumbência e autoriza o levantamento do deposito em favor do requerente. Quer dizer, não há reconhecimento da procedência do pedido em razão do deposito Elísio, quando acompanhado este da constatação.
O requerido dó deposita: Agora, o juiz, profere a sentença denegatória da falência, impõe ao requerido a sucumbência e determina o levantamento do deposito em favor do requerente. Como o deposito esta desacompanhada de contestação, tem o mesmo efeito do reconhecimento da procedência do pedido.
O requerido deixa transcorrer o prazo sem constar ou depositar: O juiz profere a sentença declaratória da falência, instaurando a execução concursal do patrimônio do devedor.
A lei não prevê o depósito Elísio se o fundamento do pedido diz respeito a prática de ato de falência. Mas deve se admitido também nessa hipótese, porque com o depósito do valor do seu crédito, perde o requerente o interesse na instauração do concurso de credores.
SENTENÇA DECLARATÓRIA DA FALÊNCIA
Apesar do nome de que fez o legislador, a sentença declaratória da falência, pressuposto infestável da instauração do processo de execução concursal do devedor empresário, tem caráter predominantemente constitutivo. Após a sua edição, a pessoa, os bens, os atos jurídicos e os credores do empresário falido são submetidos a um regime jurídicos específicos, diverso do regime geral do direito obrigacional. É a sentença de falência que introduz o falido e seus credores no regime jurídico-falimentar, donde o seu caráter constitutivo.
A sentença declaratória da falência tem o conteúdo genérico de qualquer sentença judicial e mais específico que a lei lhe prescreve. Assim, deverá o juiz, ao julgar procedente o pedido de falência, atentar-se tanto ao disposto no art. 458 do CPC:
São requisitos essenciais da sentença: 
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo. 
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes Ihe submeterem.
A sentença declaratória da falência devera conter relatório, os fundamentos da decisão e o dispositivo legal que a embasa, como ocorre na sentença judicial.
A própria lei elenca, porém, tópicos que deverão constar da sentença. Com efeito, diz o art. 99 que a sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:
A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:
I - conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse tempo seus administradores;
II - fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;
III - ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de desobediência;
IV - explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no § 1o do art. 7o desta Lei;
V - ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1o e 2o do art. 6o desta Lei;
VI - proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido, submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados os bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor se autorizada a continuação provisória nos termos do inciso XI do caput deste artigo;
VII - determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores quando requerida com fundamento em provas da prática de crime definido nesta Lei;
VIII - ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência no registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da decretação da falência e a inabilitação de que trata o art. 102 desta Lei;
IX - nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei;
X - determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras entidades para que informem a existência de bens e direitos do falido;
XI - pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta Lei;
XII - determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembleia-geral de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência;
XIII- ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Pública Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência.
Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo a íntegra da decisão que decreta a falência e a relação de credores.
Deverá conter a identificação do devedor, a localização de seu estabelecimento principal, e, se for o caso, designação dos sócios de responsabilidade ilimitada ou dos representantes legais da sociedade falida: o termo legal da falência, se possível: a nomeação do administrador judicial e outros elementos da sentença que declara a falência, determinar medidas cautelares nos interesses da massa, como o sequestro de bens.
O termo legal da falência é o lapso temporal anterior á decretação da quebra que tem importância para a ineficácia de determinados atos do falido perante a massa. Este período é fixado pelo juiz, em regra, na sentença declaratória da falência, não podendo retrotrair por mais de 90 dias do primeiro protesto por falta de pagamento. Se o falido não foi protestado (autofalência ou pedido não fundado em impontualidade injustificada), o termo legal não poderá retrotrair por mais de 90 dias da petição inicial e se é o caso de convolação da recuperação judicial em falência, por mais de 90 dias do seu requerimento. Caso o juiz, ao decretar a falência, não tenha ainda os elementos para a determinação do termo legal, poderá posterga-la.
A sentença declaratória da falência deve ser publicada no órgão oficial e, se a massa comportar, em jornal de grande circulação. 
Da sentença declaratória da falência cabe o recurso de Agravo, na modalidade por instrumento. O prazo para interposição assim como o processamento do agravo são os previstos pela legislação comum (art. 189).
CONCLUSÃO
Após a análise da Lei de Falências e dos artigos citados ao longo deste trabalho de pesquisa, foi possível concluir que uma das principais consequências da sentença que decreta a falência do empresário é a sua automática inabilitação para exercer qualquer tipo de atividade empresarial. De acordo com a Lei de Falências, essa inabilitação, ou seja, a proibição do exercício de qualquer atividade comercial, se estende até o momento em que declarada, por sentença, a extinção das obrigações do falido.
O falido torna-se obrigado, a partir da decretação da falência, a realização de inúmeras prestações instituídas pela Lei de Falências. Referidas prestações, ou simplesmente deveres, impostos ao falido, encontram-se descritos no art. 104 desta mesma Lei.
Já sobre a falência requerida pelo próprio devedor, pode-se concluir que é a forma mais adequada de se propiciar fim ao sofrimento experimentado pelo dirigente empresarial que assistiu seus negócios ruírem, muitas vezes sem possuir parcela de culpa. Contudo, o custo e as despesas com serviços de um bom advogado serão indiscutivelmente menores do que a defesa procrastinatória do fim do empreendimento. Trata-se de um suicídio necessário: Uma medida de Justiça e de Direito que se impõe.
Apesar dos recentes esforços do legislador na tentativa de eliminar os entraves processuais que existiam antes da promulgação da atual lei falimentar, a prática vem demonstrando que o processo de falência continua a ter tramitação lenta, sem que se tenha qualquer previsibilidade quanto ao seu encerramento. 
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