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resumo expandido feminicidio

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FACULDADE DO PANTANAL 
 RECREDENCIADA NO MEC PELA PORTARIA Nº 281, DE 23 DE MARÇO DE 
2015 
 Coordenação Jornada Científica 2019 
9º Ciclo Científico e 3º ENIESP 
 
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A INTERPRETAÇÃO JURÍDICA DO CRIME DE “FEMINICÍDIO” 
 
Resumo 
Em nosso ordenamento jurídico Brasileiro, mais precisamente no Código penal Brasileiro 
temos tipificada a lei 13.104 de 09 de março de 2015 que enquadrou o feminicídio como crime 
hediondo e como qualificadora do crime de homicídio doloso, uma vez que o crime de 
feminicídio é praticado contra mulher, simplesmente pelo fato do mesmo ser do sexo feminino, 
vale destacar que este crime pode ser praticado pelo agente tanto do sexo masculino quando do 
sexo feminino, utilizando da mentalidade de menosprezar o gênero feminino. Uma vez 
enquadrado nesse crime o agente pode sofrer uma pena de 12 a 30 anos, sendo que ainda podem 
ser utilizados as causas de aumento e diminuição de pena para a sentença final. Assim o 
feminicídio constitui-se como uma lei que defende além da dignidade da pessoa humana, a 
inviolabilidade da vida e também a igualdade de gênero, seguindo o princípio da isonomia entre 
a sociedade. 
 
Palavra-chave: feminicídio; homicídio doloso; qualificadora. 
 
1 INTRODUÇÃO 
Antes de compreendermos a lei 13.104 de 09 de março de 2015 que fala sobre o 
Feminicídio, precisamos fazer uma contextualização histórica acerca desta situação. No Brasil 
ainda possuímos influência de uma sociedade patriarcal, ou seja, o homem acaba se sobrepondo 
sobre a família e sobre a mulher na relação afetiva. É neste contexto que surge a violência 
doméstica e familiar bem como os homicídios dolosos contra a mulher. 
Nossa sociedade Brasileira foi formada através de uma evolução histórica, passando pelo 
seu descobrimento até chegar no período colonial, onde o pilar utilizado para a construção da 
família era a figura do pai utilizando da característica patriarcal, ou seja, o homem assumia 
papel primário no que se refere às questões sociais e econômicas, enquanto a mulher assumia 
um papel secundário. Neste sentido NOGUEIRA (2016, n.p) afirma “O patriarca tinha sob seu 
poder a mulher, os filhos, os escravos e os vassalos, além do direito de vida e de morte sobre 
todos eles” 
É notório que nos últimos anos a violência doméstica contra mulher tem ganhado mais 
repercussão, no que diz respeito principalmente a lei Maria da Penha, uma vez que, a mulher é 
oprimida pelo homem em seu lar, por motivos fúteis bem como pelo principal ponto destacado 
pelo feminicídio, que é a violência por motivos ligados a questão de gênero do sexo feminino. 
Neste sentido surge a lei 13.104 de 09 de março de 2015 que inclui o Feminicídio no rol 
de crimes hediondos e também em uma modalidade de homicídio qualificado em nosso Código 
Penal Brasileiro. Sendo assim, precisamos destacar, o que de fato é o feminicídio. Vários são 
os conceitos referente a este tema, entretanto Fernando Capez conceitua feminicídio como: 
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“ Homicídio doloso praticado contra mulher por “razoes da condição de 
sexo feminino”, ou seja, desprezando, menosprezando, desconsiderando a 
dignidade da vítima por ser mulher, como se as pessoas do sexo feminino 
tivessem menos direitos do que a do sexo masculino”. CAPEZ (2017, p. 88). 
 
Nota-se que devemos dar maior ênfase no que o legislador nos trouxe, embora seja um 
homicídio doloso, quando há intenção de matar, o que deve ser levado em conta é a ação sofrida 
pela mulher, através de desprezo, menosprezo e desconsideração a sua questão de gênero. Desta 
forma explicaremos logo em seguida o objeto jurídico tutelado bem como a importância do 
Feminicídio para o Código Penal Brasileiro. 
 
2 MÉTODOS 
O presente trabalho adotou o método de revisão teórica com base bibliográfica, levando em 
consideração a relevância e análise da criação da lei 13.104 de 09 de março de 2015 que inclui 
o feminicídio em nosso ordenamento jurídico, utilizando-se de estudos bibliográficos através 
de artigos e livros da área jurídica com o objetivo de trazer entendimento majoritário sobre o 
crime de feminicídio. 
 
3. FEMINICÍDIO COMO QUALIFICADORA DO ART. 121 DO CÓDIGO PENAL 
BRASILEIRO. 
 
Para ser considerado um crime, a ação do autor deve ser um fato típico, antijurídico e 
culpável. Fato típico, pois, deve estar previsto no nosso código penal brasileiro, antijurídico, 
porque determinada ação deve infringir a lei e culpável, pois o autor do crime deve ser 
considerado capaz para fins de punição. Sendo assim destacamos o artigo 121 do nosso Código 
Penal, cuja o verbo nuclear é matar alguém. Ou seja, o artigo destaca o crime de homicídio bem 
como suas qualificadoras na qual destacaremos o feminicídio. 
Está expresso em nosso código penal no rol de crime contra pessoa o artigo 121, “matar 
alguém”, constituindo em homicídio simples cuja pena é reclusão de 6 a 20 anos, quando este 
não tiver nenhuma qualificadora, bem como ocorre caso de diminuição de pena conforme o 
parágrafo 1° do art.121 “Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor 
social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação 
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço” (Código Penal Brasileiro de 
1940). 
Anteriormente a criação da lei do feminicídio, quando ocorria situações cuja havia mortes 
contra mulher por questões de gênero, o mesmo era enquadrado como homicídio qualificado, 
conforme o parágrafo 2°, inciso II “motivo fútil”, que se refere ao motivo insignificante para 
tal ação. Em outras palavras, conforme Gomes (2018, n.p): 
“Fútil, pois, é o motivo notavelmente desproporcionado ou inadequado, 
do ponto de vista do" homo medius " e em relação ao crime de que se trata. 
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Caracteriza-se por uma enorme desproporção entre a causa moral da conduta e 
o resultado morte por ela operado no meio social”. 
 
Após a criação da lei 13.104 de 09 de março de 2015 que inclui o feminicídio temos uma 
qualificadora especial para o crime de homicídio, ou seja, aqui prevemos de fato o crime de 
homicídio doloso, qualificado na forma de feminicídio, ocorrido quando, uma mulher ou 
homem mata uma pessoa do sexo feminino pelo simples fato da mesma ser mulher. Nota-se 
que aqui não temos apenas o sujeito ativo sendo um homem, podendo este também ser mulher. 
O que se leva em conta nesta qualificadora é a natureza subjetiva, que está relacionada com o 
interior do agente, ou seja, o mesmo mata pela condição do sexo feminino. 
Quanto às razões de condição do sexo feminino, o feminicídio prevê em seu parágrafo 2° 
da lei 13.104 de 2015: I – a violência doméstica e familiar, ou seja, proveniente do meio afetivo 
em que a mulher convive; II- o menosprezo ou discriminação a condição de mulher, aqui temos 
a desconsideração da pessoa por ser do sexo feminino. 
Sabemos que o crime de feminicídio possui como pena reclusão de 12 a 30 anos, contudo, 
constitui como causa de aumento de pena previsto no parágrafo 7° da lei 13.104 de 2015 de 1/3 
até a metade se o crime for praticado nas situações: I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses 
posteriores ao parto; II - contra pessoa menor de 14
(catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, 
com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de 
vulnerabilidade física ou mental; III - na presença física ou virtual de descendente ou de 
ascendente da vítima; IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas. 
Embora já estivesse caracterizado como homicídio doloso com a qualificadora por motivo 
fútil, a lei do feminicídio foi importante para destacar este crime e dar maior ênfase deste no 
meio social, uma vez que a violência contra mulher vem aumentando cada vez mais e se 
tornando coisa muito frequente. Outro ponto importante de se destacar é que após a criação da 
lei 13.104 de 09 de março de 2015 que inclui no Código Penal o Feminicídio, também passou 
a enquadrar no rol de crimes hediondos, juntamente com o crime de latrocínio, estupro dentre 
outros. 
 
 
 
4 OBJETO JURÍDICO TUTELADO PELA LEI 13.104 DE 09 DE MARÇO DE 2015. 
O feminicídio surge em uma vertente constituída pela discriminação da pessoa do sexo 
feminino. É importante lembrar que nossa Constituição Federal de 1988 já em seu artigo 5° 
inciso I destaca “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição”. 
Destacamos também o princípio da isonomia, ou seja, todos somos iguais perante a lei 
sem distinção de qualquer natureza, este princípio também está intitulado em nossa constituição 
federal em nosso artigo 5°: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
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garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes” (Constituição 
Federal de 1988). 
Sendo assim, conforme destacado acima é o direito à inviolabilidade à vida, à liberdade, 
à igualdade e etc. Portanto, o objeto jurídico tutelado pela lei 13.104 de 09 de março de 2015 é 
o direito à vida e a igualdade. 
O feminicídio constitui como uma das causas que qualifica o homicídio doloso, ou seja, 
aquela cujo o agente tem a intenção de matar. Portanto, torna-se crime e estão com tipificação 
no Código Penal. Estas questões relacionadas a violência doméstica e familiar bem como a 
violência contra a mulher é muito discutida no mundo todo. 
Embora ainda caminhamos por uma evolução no que diz respeito a proteção dos direitos 
constitucionais, defender e penalizar de forma mais rigorosas as ações que causam maior 
repercussão social são de suma importância, uma vez que devemos combater todos os crimes, 
principalmente aqueles reprováveis no meio social em que vivemos levando em conta não 
somente a ética, mas também a moral de uma coletividade. 
Todavia um dos princípios primordiais defendidos por esta lei é a dignidade da pessoa 
humana, que diz respeito a toda pessoa que tem o direito ao respeito de sua honra e o 
reconhecimento de sua dignidade, uma vez que vivemos na era da proteção dos direitos difusos 
e coletivos, afastando a imagem patriarcal, onde a mulher era submissa ao homem. 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Ainda que já tivéssemos caracterizado no Código penal o homicídio doloso qualificado 
por motivo fútil, o destaque trazido pela lei 13.104 de 09 de março de 2015, ganhou força uma 
vez que enquadrou o feminicídio como um crime hediondo, e também penalizando de forma 
mais severa aquele que praticar o crime contra a mulher por motivos de gênero. 
Outrora, este crime ainda precisa de um caráter subjetivo do agente uma vez que este 
precisa estar destacado que cometeu o crime seguindo um destes fatores: a violência doméstica 
e familiar ou o menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Enfim a lei do feminicídio 
busca além da proteção contra a mulher garantir e assegurar a inviolabilidade à vida, à liberdade, 
à igualdade. 
 
 
6 REFERÊNCIAS 
CAPEZ, F. CURSO DE DIREITO PENAL: Dos crimes contra a pessoa. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 
2017. v. 2. 
 
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CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. ARTIGO 5°. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em 24 de agosto 
de 2019. 
 
GOMES, L. F. Qual a diferença entre motivo torpe e motivo fútil. Disponível em: 
<https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/361364/qual-a-diferenca-entre-motivo-torpe-e-motivo-
futil-michele-melo> Acesso em 24 de agosto de 2019. 
 
NOGUEIRA, R. M. A evolução da sociedade patriarcal e sua influência sobre a identidade 
feminina e a violência de gênero. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/48718/a-evolucao-da-
sociedade-patriarcal-e-sua-influencia-sobre-a-identidade-feminina-e-a-violencia-de-genero> Acesso 
em 24 de agosto de 2019.

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