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As escolas hermenêuticas e os métodos de interpretação da lei. (RESUMO) 1- Origem da Palavra Hermenêutica e sua importância na interpretação de normas. As raízes da palavra hermenêutica provêm do verbo grego hermeneuein e do substantivo hermeneia, ambas relacionadas com o mito do deus grego Hermes (Mercúrio na tradição romana). De acordo com a mitologia, Hermes era o filho de Zeus incumbido de levar a mensagem dos deuses do Olimpo aos homens, utilizando-se de suas velozes asas para a execução de tal tarefa. O mais interessante, entretanto, era que o deus mensageiro deveria traduzir e interpretar as mensagens dos deuses para os mortais, uma vez que a língua de um era inacessível ao outro. Sendo assim, Hermes acabou por inventar a escrita e a linguagem para aperfeiçoar a comunicação entre eles. Uma mensagem, quando emitida, exigirá do receptor uma verdadeira tradução da mensagem para que este possa captar o conteúdo daquilo que se declarou. Dessa forma, a hermenêutica è um elemento que possibilita a atividade do juiz em interpretar as normas jurídicas no momento de sua aplicação em caso concreto, e para que tal mister seja ascendido, o aplicador da lei deve basear-se em modelos de interpretação da norma. É importante ressaltar que quando relaciona-se a hermenêutica com o Direito, essa è responsável por descrever as diversas Escolas de interpretação da norma jurídica. Interpretação essa que tem como finalidade concluir o sentido e alcance do texto, através da utilização de determinada técnica. Portanto, a depender da Escola, o limite e alcance da norma será diversificado. 1.1 Escola Hermenêutica da Exegese. A Escola Hermenêutica da Exegese surgiu no período anterior a Revolução Francesa de 1789. Período no qual o poder era centralizado no Primeiro (clero) e Segundo Estado (nobreza), isto è, não havia participação efetiva do povo. Após essa Revolução iniciou-se o período em que as divisões sociais foram encerradas, e houve a retomada da soberania popular. Dessa forma, o Parlamento era formado por representantes do povo e seria responsável por editar as leis necessárias para que os direitos do cidadãos fossem preservados. O que obteve como resultado, o surgimento da norma jurídica fundamental, que era capaz de consolidar o ideário da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade). Por conseguinte, surge o Código Civil Frânces de 1804 que tinha como objetivo colocar fim ao arbítrio dos exercentes do Poder, já que todo o direito estaria presente na Codificação, não haveria tarefa intelectual interpretativa relevante do juiz, pois este estaria relacionado a dizer a vontade do legislador. Esse modelo da Escola da Exegese foi insuficiente para solucionar os julgamentos pelo Judiciário, já que havia lacuna legal em muitas hipóteses, bem como imperfeições na busca da vontade do legislador. 1.2 Escola da Livre Interpretação Científica do Direito, de François Geny. Nesse caso, o intérprete deve recorrer a livre investigação científica, porque essa pode apresentar bases sólidas aos elementos objetivos descobertos pela ciência jurídica. Ou seja, no caso de indecisão do legislador caberia ao juiz interpretar, com bases científicas, a norma jurídica que deveria ser aplicada ao caso em análise. 1.3 Escola Sociológica do Direito. A Escola Sociológica do Direito tem como finalidade buscar nos fatos sociais a fonte direta, o direito aplicável ao caso. O ordenamento jurídico positivo seria insuficiente para a solução dos litígios levados ao Judiciário. É nessa escola que ressurge a aplicação dos costumes jurídicos fonte do direito, como também o método de interpretação do ordenamento jurídico, sempre que houver lacuna da lei. È importante ressaltar que na Escola Tradicional teria a possibilidade de aplicação dos costumes (secundum legem), isto è, aquele cuja aplicação è prevista na lei. Mas a aplicação do direito praeter legem teria a possibilidade de aplicaçãoa afastada do Direito. 1.4 Escola do Direito Livre. Nessa Escola, o praeter legem passa a ser admitido no âmbito jurídico. Ou seja, caberia ao intérprete da norma manifestar em sua decisão judicial ato de vontade que deveria está em consonância com o sentimento prevalecente na comunidade. Segundo Herman Kantorowicz, a interpretação jurídica deve seguir quatro diretrizes: a) Se o texto de lei é unívoco e sua aplicação não fere sentimentos da comunidade, deve-se aplicá-lo; b) Se o texto legal não oferece solução pacífica ou se conduz a uma decisão injusta, o magistrado deverá ditar a sentença que, segundo sua convicção, o legislador ditaria se tivesse pensado no caso; c) Se o magistrado não puder formar convicção sobre como o legislador resolveria o caso concreto, então deve inspirar-se no direito livre, ou seja, no sentimento da coletividade; d) Se ainda não encontrar inspiração nesse sentimento, deverá, então, resolver discricionariamente. 1.5 Escola Pandectista (Alemanha). Essa Escola surgiu na Alemanha juntamente com uma disciplina jurídica influenciada pelos glosadores da Idade Média. A atividade essencial dessa disciplina era realizar uma análise das disposições legais que organizavam a vida social na Roma Antiga. Outro ponto que deve ser abordado è que a Escola ficou sendo chamada de Pandectista, devido aos autores responsáveis pela elaboração do Código Civil Alemão de 1896. 1.6 Escola Teleológica (Alemanha). Essa Escola foi criada por Rudolf Von Ihering. Ssegunndo o mesmo, seria necessário buscar a finalidade do legislador ao editar determinada norma jurídica, já que a interpretação histórica não era capaz de intuir a vontade do legislador, ou seja, a mens legis caberia ao intérprete a tarefa fundamental de extrair o que pretendia de fato o legislador ao criar a norma. Considera-se tudo aquilo que causa maior quantidade de prazer para o maior número de pessoas possível. 2. Conclusão A Escola da Exegese foi a que mais influenciou o Brasil. Atualmente, a tradição dogmática è ainda utilizada no âmbito jurídico, já que alguns juristas afirmam que o direito è a lei. Ademais, apenas a partir de 1824 teve início produção jurídica no Brasil, com a Constituição do Império e a Constituição Republicana de 1891.
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