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trabalho final impactos ambientais(1)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG)
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS/IGC – PÓLO: CAMPOS GERAIS
Disciplina: Geografia Aplicada a Análise Ambiental - A
Professor: Carlos Henrique Jardim
Tutora: Débora Cristina N. Barbosa
Alunas: Marilene Reis e Vanilda C. Da Silva 
ESTUDO DE CASO
Identificação de Problemas Ambientais
Campos Gerais – MG. Junho 2011
IMPACTOS AMBIENTAIS
DEPÓSITO DE RESÍDUOS SÓLIDOS (LIXÃO)
Foto1. Depósito de lixo, em Campos Gerais (MG). Possui características irregulares de deposição final dos resíduos sólidos. Foto: Vanilda C. da Silva.
 O problema da destinação dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSUs) é um dos grandes desafios dos gestores públicos, tendo em vista a degradação ambiental gerada quando ações preventivas não são executadas, além dos altos custos para o gerenciamento dos processos e a insatisfação da sociedade. E grande quantidade de resíduos gerados pelas populações continua sendo depositada em locais impróprios, como vazadouros a céu aberto e em aterros sanitários sem controle ou fora de especificações, que esgotam suas capacidades rapidamente e geram muita carga ao sistema natural.
 A foto nos revela entradas e saídas de fora (sistema aberto). A ação atmosférica, a precipitação pluvial, as ações antrópicas são as entradas externas. A lixiviação, a água do escoamento, o transporte de sedimentos, a poluição do ar são as saídas do sistema.
 Os resíduos sólidos em Campos Gerais, Minas Gerais são lançados a céu aberto, num lixão localizado próximo à BR (369), que liga o município a cidade de Alfenas. Este procedimento vem ocorrendo há muitos anos e sem nenhum critério técnico de tratamento.
 Nesta situação o constante depósito irregular de resíduos sólidos atingiu um nível que afetou a composição e o equilíbrio do sistema. Tal situação causou a degradação do solo, da vegetação, poluição do ar e das águas, uma vez que os resíduos sólidos e o próprio líquido (chorume) auxiliaram na poluição da área de influencia do mesmo, dificultando o cultivo do solo (perca de produtividade biológica e econômica), contaminando lençóis freáticos e rios e poluindo a atmosfera (poluição do ar). O limiar da recuperação foi ultrapassado e, mesmo que o lixo observado na foto deixe de ser depositado e/ou seja, totalmente removido a recuperação ao estado original será demorada e dependerá das características geo-fisica-químicas, específicas da área onde está sendo depositado o lixo. Se houver a eliminação do esforço, a estabilização ocorrerá em um novo nível de equilíbrio.
 Porém se os resíduos sólidos continuarem a ser depositados nesta área, poderá provocar o assoreamento de rios e lagoas, acelerar a degradação dos solos, aumentarem os danos à saúde da população em virtude da dispersão de insetos e animais transmissores de doenças, agravação das doenças respiratórias causadas pela inalação de gazes produzidos e de doenças provocadas pela ingestão de alimentos produzidos em solos contaminados, inclusive água (atingir níveis de irreversibilidade).
Possíveis medidas mitigadoras:
 No caso do município de Campos Gerais, MG a primeira medida seria a construção de um aterro sanitário para abrigar os resíduos sólidos, em geral resíduos domésticos, atendendo a normas legais e critérios ambientais para combate à poluição do solo e camadas inferiores. Outras maneiras ambientalmente mais viáveis são as reciclagens, a compostagem, a reutilização e a redução. Assim como a:
- Realização de campanhas referentes à educação ambiental em escolas, universidade e para toda a população, vinculando-as em canais de comunicação;
Elaboração e entrega de cartilhas aos moradores para ensinar como separar os resíduos e como a coleta seletiva funciona.
Gestão integrada dos resíduos, com estabelecimento de cooperativas de catadores e recolhimento sistemático, aumentando as unidades de reciclagem e processamento existentes.
Estabelecimento de Unidades para compostagem de lixo orgânico, para fabricação de adubo, gerando empregos e evitando a deposição de resíduos no aterro, entre outras.
 
Geoforma Erosiva-Voçoroca
Fotos 2 e 3. Geoforma erosiva: Voçoroca de grandes dimensões na zona rural de Campos Gerais (comunidade da Fortaleza), Minas Gerais. Fotos: Vanilda C. da Silva.
 Para Ab’Saber (1968), o processo de formação das voçorocas esta associado a paisagens de onde foi retirada a sua cobertura vegetal. Nestas paisagens, a água de escoamento superficial ao percolar linearmente no solo, e atingir o lençol freático, compromete a estabilidade da área e gera a formação de voçorocas.
 As fotos nos revelam entradas e saídas de fora (sistema aberto). A ação atmosférica, a precipitação pluvial e ações antrópicas são as entradas externas. A lixiviação, a água do escoamento e o transporte de sedimentos são as saídas do sistema.
 Nesta situação o constante escoamento superficial e subterrâneo e a percolação linear da água no solo, associada à ação antrópica de retirada da cobertura vegetal atingiu um nível afetou a composição e o equilíbrio do sistema. Tal situação causou a remoção de uma grande quantidade de sedimentos, aumentando o diâmetro dos dutos (pipes). Dessa forma ocorreu o colapso do teto desses dutos, dando origem à voçoroca fotografada. O limiar da recuperação foi ultrapassado e, mesmo que o escoamento superficial e subterrâneo, a percolação linear da água no solo e a remoção da cobertura vegetal deixem de ocorrer à recuperação ao estado original será demorada. Todavia se houver a eliminação do esforço, haverá estabilização do sistema em um novo nível de equilíbrio. Porém, se persistir o esforço pode atingir limiares de irreversibilidade para lá dos quais as respostas dos ecossistemas se tornam imprevisíveis e estes perdem resiliência.
Possíveis medidas mitigadoras:
 Segundo a EMBRAPA (2006), a correção de áreas de voçorocamento pode se dar a fim de “controlar a erosão na área a montante ou cabeceira da encosta, retenção de sedimentos na parte interna da voçoroca, revegetação das áreas de captação (cabeceira) e interna da voçoroca com espécies vegetais que consigam se desenvolver adequadamente nesses locais.”.
 Para ser realizada uma eficaz recuperação de áreas onde ocorrem voçorocas, ainda segundo a EMBRAPA (2006) é necessário que se isole a área, realizar uma análise química e textural do solo do local para se conhecer sua fertilidade e textura, para a obtenção de dados importantes para aplicação de insumos necessários ao desenvolvimento das plantas a serem cultivadas no local e também para ter uma melhor dimensão das práticas para controle da erosão. Podem ainda serem construídas estruturas físicas a fim de evitar o aumento da erosão que está sendo causada, diminuindo a perda e movimentação de sedimentos.
 Podem também serem realizadas obras de drenagem e terraceamento para controle do escoamento superficial, e controle das águas subterrâneas (BACELLAR, 2006).
3. POLUIÇÃO HÍDRICA
Fotos 4 e 5: Ilustam a poluição no Córrego do Cervo no município de Campos Gerais, Minas Gerais, devido ao despejo de esgoto urbano sem tratamento. Fotos: Marilene Reis.
 
 Poluição da água – Uns dos principais agentes poluidores da água são o lixo urbano e esgotos lançados sem tratamento em rios. O esgoto doméstico torna a água mais turva e escura o que impede a passagem da luz, levando a inibição da fotossíntese das algas e de outros organismos fotossintetizadores, acentuando ainda mais a desoxidação da água. Os resíduos fecais constituem os principais poluentes presentes nos esgotos domésticos. Eles contêm principalmente restos orgânicos e bactérias coliformes. O acúmulo de restos orgânicos facilita a proliferação de bactérias aeróbias, que são consumidoras de oxigênio. O consumo do oxigênio desenvolve-se bactérias anaeróbias, produtos dos gases de putrefação, responsáveis pelo cheiro da água, e tóxicas para os seres vivos. Assim, a vida aquática se extingue.O sistema revela entradas e saídas de fora (sistema aberto). A ação da atmosférica, precipitação pluvial, resíduos sólidos, detergentes, óleos de cozinha, óleos de automóveis, gasolina, produtos químicos usados em fábricas, tintas, esgoto doméstico são entradas externas; a água de escoamento, a água poluída, as substancias tóxicas, gazes, ar poluído são saídas do sistema. 
 No caso do Córrego do Cervo, que há muitos anos vem sendo poluído com o despejo do esgoto sem tratamento seu limiar de recuperação foi ultrapassado, porém se o esforço for eliminado ele poderá alcançar a estabilização em um novo nível de equilíbrio.
 Contudo, se o esforço continuo não for eliminado os limiares de irreversibilidade poderão ser ultrapassados e se persistir o esforço pode atingir limiares de irreversibilidade, fazendo com que o sistema perca sua resiliência.
Possíveis medidas mitigadoras:
 Apoiar iniciativas que visem à implantação de sistemas de tratamento de esgotos, como forma de reduzir a contaminação da água;
Exigir que o município faça o tratamento adequado dos resíduos. Propor, por exemplo, a instalação de sistemas de coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos; aterros sanitários, estações de recebimento de produtos tóxicos agrícolas e domiciliares, tais como restos de tinta, solventes, petróleo, embalagem de agrotóxicos, entre outros;
 Organizar-se. Os consumidores organizados podem pressionar as empresas para que produzam detergentes, produtos de limpeza, embalagens etc. que causem menores impactos ambientais.
- ASSOREAMENTO
Fotos 5 e 6: As fotos ilustram o assoreamento de uma lagoa ocorrido na Estação Ecológica da UFMG, Belo Horizonte, MG. Fotos: Vanilda C. da Silva.
 O assoreamento é causado por excesso de sedimentos ou materiais sólidos nos leitos d’água. É derivado do aumento de carga sedimentar nos leitos dos cursos d’água, devido à erosão acelerada nas áreas das respectivas bacias hidrográficas. A erosão permite com que uma maior quantidade de sedimentos atinja o corpo d’água, o qual não tem sua capacidade e/ou competência aumentada na mesma proporção. Portanto, sem conseguir transportar toda a carga que chega, o corpo d’água tem seu leito gradualmente preenchido por sedimentos, reduzindo seu espaço útil para o escoamento das águas.quando isso ocorre, cabe às matas ciliares servirem de filtro para que este material não se deposite sob a água. Quando as matas são indevidamente removidas, rios e lagos perdem sua proteção natural e ficam sujeitos ao assoreamento, e ao desbarrancamento de suas margens, o que agrava ainda mais o problema e pode secá-los, como observamos nas fotos acima.
 O sistema revela entradas e saídas de fora (sistema aberto). A ação da atmosférica, precipitação pluvial, o transporte de sedimentos, lixiviação e ações antrópicas são entradas externas; a água de escoamento, a evaporação são saídas do sistema. 
 No caso das fotos que ilustram o local onde havia uma lagoa, o excesso de sedimentos e a falta de mata ciliar fez com que o limiar de recuperação desse sistema fosse ultrapassado, porém se houver eliminação do esforço, a estabilização ocorreria em um novo nível de equilíbrio, pois se restabelecer a vegetação (mata ciliar) desta área, esta serviria de filtro para que o material não se depositasse sob a água.
Possíveis medidas mitigadoras:
 Evitar e controlar erosões no solo, manter as matas ciliares intactas e manter a cobertura vegetal do solo ou sua proteção é a melhor receita para evitar o assoreamento e para que a lagoa assoreada volte ao novo nível de equilíbrio dinâmico.
FORMAÇÃO DE SULCOS
Fotos 7 e 8: Ilustram a formação de sulcos e a compactação do solo, ocorridos na Estação Ecológica da UFMG, Belo Horizonte, MG. Fotos: Vanilda C. da Silva.
 Sulcos - “Pequenas incisões feitas na superfície do solo quando a água de escoamento superficial passa a se concentrar e a fazer pequenos regos" (Guerra, 1978). Causados pela chuva e intempéries, em solos onde a vegetação é escassa e não mais protege o solo, que fica cascalhento e suscetível de carregamento por enxurradas.
 
 As fotos nos revelam entradas e saídas de fora (sistema aberto). A ação atmosférica, a precipitação pluvial, ação antrópica são as entradas externas. A lixiviação, a água do escoamento, o transporte de sedimentos são as saídas do sistema. 
 Nesta situação o constante pisar de pedestres compactou o solo, diminuindo o teor de infiltração e atingiu um nível em que o solo já está bastante nu, e a chuva já começou o trabalho de erosão (formação de sulcos). Observa-se que essa erosão retirou a camada superficial do solo e os nutrientes vegetais de modo que ainda menos plantas sobrevivem, o que permite maior erosão. O limiar da recuperação foi ultrapassado e, mesmo que a trilha observada nas fotos deixe de ser percorrida, a recuperação ao estado original será muito demorada. 
 Porém se a trilha continua ser usada ela poderá se transformar num canal de água efêmero aprofundando-se a cada chuvarada, até chegar à rocha viva.
Possíveis medidas mitigadoras:
Orientar, estimular e apoiar os esforços da população para a conservação do solo e água;
Regularização manual dos sulcos, com enxada, jogando a terra para o interior do sulco;
Executar ranhuras;
Executar a semeadura (manual) de gramíneas consorciadas às leguminosas do tipo rasteiro.
6 - PROBLEMAS ASSOCIADOS À URBANIZAÇÃO 
(OCUPAÇÃO DE VERTENTES)
Foto 9 :Ilustra a ocupação irregular de vertentes (expansão urbana) em Belo Horizonte, MG.Foto: Vanilda C. da Silva.
 Azevedo & Dalmonin (2004) afirmam que a sociedade atual tem utilizado o ambiente das vertentes de forma inadequada, ao realizar práticas como a construção de ruas e rodovias em solos instáveis, escavações e abertura de trincheiras em áreas rochosas e o desenvolvimento de indústrias e comércio em declives íngremes são conseqüência de uma falta de planejamento e conhecimento do recurso solo.
 A foto nos revela entradas e saídas de fora (sistema aberto). A ação atmosférica, a precipitação pluvial e ação antrópica são as entradas externas. A lixiviação, o transporte de sedimentos, a água do escoamento são as saídas do sistema. 
No caso da ocupação indevida das vertentes fotografadas, a retirada da vegetação das encostas, cortes de estradas, construção de casas e prédios, a impermeabilização do solo, entre outras ações, contribuíram para que o limiar de recuperação fosse ultrapassado e, mesmo que cessem a tais ações não haverá condições para voltar ao estado original, porém quando houver a eliminação do esforço a estabilização ocorrerá em um novo nível de equilíbrio.
Possíveis medidas mitigadoras:
 Tal realidade demonstra uma urgente necessidade de uma conscientização da sociedade e principalmente dos órgãos públicos responsáveis pela gestão e fiscalização do uso do dinheiro público, bem como a ocupação de áreas de risco e de preservação permanente que deveriam ser protegidas pelos mesmos. Para tanto, se faz necessário o planejamento de uma cidade, propiciando em tese, uma melhor organização dos elementos urbanos, mais acessibilidade, preservação do meio natural, infra-estrutura adequada e suficiente aos habitantes e o principal, oferecer uma melhor qualidade de vida à sociedade.
Monitoramento constante para controlar e fiscalizar a ocupação para impedir o aumento de mais moradores em áreas de riscos;
 Proteção das vertentes de drenagem e talvegues que cortam a área urbana do Município;
Recuperação das áreas degradadas com base em estudos específicos que avaliem o grau, de comprometimento e as medidas cabíveis.
Proteção de encostas e serras com declividades superiores a 30% (trinta por cento).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CUNHA, S. B. e GUERRA, A. J. T. Degradação Ambiental. In: Geomorfologia e Meio.
GUERRA, A. J. T. O início do Processo Erosivo. In: Erosão e Conservação dos Solos - Conceitos, Temas e Aplicações. A.J. T. GUERRA; SILVA, Antônio Soares e R.G.M. BOTELHO (orgs.). Rio de Janeiro, Editora Bertrand Brasil, 1999.
GUERRA, A. J. T. Processos Erosivos nas Encostas. In: Geomorfologia – Uma Atualização de Bases e Conceitos. S.B. da CUNHA e A. J. T. GUERRA (orgs.).Bertrand Brasil, Rio de Janeiro.
DREW, D. Processos interativos-Homem-meio ambiente. 2.ed. São Paulo: Bertrand Brasil, 1989.
AZEVEDO, A. C.; DALMOLIN, R. S. D. Solos e ambiente: uma introdução. Santa Maria: Palloti, 2004.
AB’SABER, A. N. As boçorocas de Franca. Revista da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Franca, Franca.
EMBRAPA SOLOS. Relatório técnico e plano de monitoramento do Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas. Rio de Janeiro, 2002.
BACELLAR, L. A. P. Processos de Formação de Voçorocas e Medidas Preventivas e Corretivas. Viçosa, 2006.

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