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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Curso de Graduação em Direito Karen Teixeira de Araújo RELEITURA DA LEI FEDERAL 3.373/58, Art.5º §u: pensão por morte da filha solteira maior de 21 anos Belo Horizonte 2018 3 Karen Teixeira de Araújo RELEITURA DA LEI FEDERAL 3.373/58, Art.5º §u: pensão por morte da filha solteira maior de 21 anos Monografia apresentada ao curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientador: Prof. Fernando José Armando Ribeiro. Belo Horizonte 2018 4 Karen Teixeira de Araújo RELEITURA DA LEI FEDERAL 3.373/58, Art.5º §u: pensão por morte da filha solteira maior de 21 anos Monografia apresentada ao curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito. Prof. Dr. Fernando José Armando Ribeiro – PUC Minas (Orientador) Prof. Dr. – PUC Minas (Banca Examinadora) Prof. Dr. – PUC Minas (Banca Examinadora) Belo Horizonte, 19 de novembro de 2018. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço à minha mãe, pоr sua capacidade dе acreditar е investir еm mim. Mãe, sеυ cuidado е dedicação que me deram, em alguns momentos, а esperança pаrа seguir. Ao Daniel, pessoa cоm quem аmо partilhar а vida, obrigada pelo carinho, а paciência е pоr sua capacidade dе me trazer pаz nа correria dе cada semestre. À Bárbara, agradeço por todo amor, força, incentivo e apoio incondicional. Agradeço também a todos оs professores dо curso, qυе foram tãо importantes nа minha vida acadêmica е nо desenvolvimento dеstа monografia, especialmente o Prof. Fernando José Amando Ribeiro, responsável pela orientação do meu projeto. A todos que fizeram parte, obrigada pelos inúmeros conselhos, frases de motivação e puxões de orelha. As risadas, que vocês compartilharam comigo nessa etapa tão desafiadora da vida acadêmica, também fizeram toda a diferença. Minha eterna gratidão. 6 RESUMO O presente estudo tem por objetivo a análise da lei federal nº 3.373/58, destacando sobre o posicionamento adotado quanto às pensões por morte, em especial sobre a pensão por morte para filhas solteiras maior de 21 anos, cujos pais eram servidores públicos falecidos até 1990. Primeiramente, teceram-se considerações sobre os princípios constitucionais interligados com o tema em questão, abordaram-se ainda os aspectos importantes a respeito da citada pensão, bem como requisitos da sua concessão e manutenção, além de breve conceito histórico. Analisou-se também essa mesma pensão ante o advento da lei 8.112/90, a qual revogou essa hipótese de concessão do benefício, principalmente em observância ao art. 248, que prevê que as pensões concedidas até a vigência dessa lei continuariam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de origem do servidor. Por fim, estuda-se quanto às decisões do Tribunal de Contas da União e da releitura feita pelo órgão, que resultou no acórdão nº 2.780/2016 e suas implicações e ocorrências judiciais decorrentes, citando a doutrina aplicada ao caso. Palavras-chaves: Pensão por morte. Lei nº 3.373/58. Lei nº 8.112/90. Filha maior solteira. Dependência Econômica. 7 ABSTRACT The purpose of this study is to analyze federal law No. 3,373 / 58, highlighting the position adopted regarding pensions by death, especially on the death pension for single daughters over 21, whose parents were civil servants who died before 1990 Firstly, considerations were made on the constitutional principles connected with the subject in question, as well as the important aspects regarding the said pension, as well as the requirements of its grant and maintenance, as well as a brief historical concept. The same pension was also analyzed before the advent of Law 8.112 / 90, which revoked this hypothesis of granting the benefit, mainly in compliance with art. 248, which provides that pensions granted up to the period of said law would continue to be maintained by the agency or origin entity of the server. Finally, we study the decisions of the Court of Auditors of the Union and the re-reading done by the body, which resulted in the judgment nº 2.780 / 2016 and its implications and judicial occurrences, citing the doctrine applied to the case. Keywords: Pension for death. Law nº 3.373/58. Law nº 8.112/90. Larger single girl. Economic dependence. 8 LISTA DE SIGLAS ADCT Atos das Disposições Constitucionais Transitórias CF Constituição Federal CRFB/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 EC Emenda Constitucional LINDB Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro TCU Tribunal de Contas da União 9 LISTA DE ABREVIAÇÕES Art. Artigo Ed. Editora N°. Número Ampl. Ampliada Atual. Atualizada 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 11 2 DOS PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS E PREVIDENCIÁRIOS........................... 14 2.1 Princípio da Irretroatividade da Lei e “Tempus Regit Actum”...................... 14 2.2 Princípio da Segurança Jurídica...................................................................... 15 2.3 Princípio do Direito Adquirido.......................................................................... 16 2.4 Princípio da Isonomia....................................................................................... 16 2.5 Princípio da Legalidade..................................................................................... 17 3 CONCEITO HISTÓRICO DA PENSÃO POR MORTE E SEU CABIMENTO SEGUNDO AS LEIS PREVIDENCIÁRIAS FEDERAIS............................................. 19 4 LEI Nº 8.112/1990 E A PENSÃO POR MORTE PARA FILHA SOLTEIRA MAIOR DE 21 ANOS.............................................................................................................. 22 5 ENTENDIMENTO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO A RESPEITO DA PENSÃO POR MORTE DO SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL PARA FILHA SOLTEIRA MAIOR DE 21 ANOS.............................................................................. 25 6 NOVA INTERPRETAÇÃO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO FRENTE AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS........................................................................... 28 7 DECISOES DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO E ENTENDIMENTOS JURISPRUDENCIAIS......................................................................................... 31 CONCLUSÃO...................................................................................................... 33 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 35 11 1 INTRODUÇÃO Em 1958 foi publicada a lei 3.373, que dispõe sobre o Plano de Assistência ao Funcionário da União e sua Família, que por sua vez institui assegurados obrigatórios definidos em leis especiais e peculiares a cada instituição de previdência. Essa lei visava os meios de proporcionar, depois da morte do segurado, recursos para a manutenção da respectiva família. Dentreas estipulações para a concessão do benefício, será tratada neste artigo a hipótese da pensão para filhas solteiras maiores de 21 anos, trazida em seu artigo 5º, §único, como disposto a seguir: Art. 5º Para os efeitos do artigo anterior, considera-se família do segurado: II - Para a percepção de pensões temporárias: a) o filho de qualquer condição, ou enteado, até a idade de 21 (vinte e um) anos, ou, se inválido, enquanto durar a invalidez; b) o irmão, órfão de pai e sem padrasto, até a idade de 21 (vinte e um) anos, ou, se inválido enquanto durar a invalidez, no caso de ser o segurado solteiro ou viúvo, sem filhos nem enteados. Parágrafo único. A filha solteira, maior de 21 (vinte e um) anos, só perderá a pensão temporária quando ocupante de cargo público permanente. (Grifo nosso) Pois bem, na época em que foi criada a Lei, a mulher via de regra, tinha como função apenas cuidar da casa e dos filhos, até porque naqueles tempos não havia espaço para elas no mercado de trabalho, de modo que a intenção do legislador à época de sua publicação acompanhava o contexto em que a sociedade se encontrava, ou seja, não eram raras as mulheres solteiras acima de 21 anos de idade que dependiam dos pais até que alterassem seu estado civil. Portanto, perfeitamente justificado o protecionismo acentuado da mulher naquela época. Neste sentido, o texto legal indicava a filha solteira, maior de 21 anos legítima detentora da pensão por morte de seu pai, funcionário da União, e mais, ainda dispunha que esta só perderia a pensão temporária quando ocupante de cargo público permanente, ou quando deixassem de ser solteira, sendo esse um rol taxativo. Contudo, com o passar dos anos a sociedade tendeu a compreender um novo papel social para mulher, modificando assim o conteúdo das leis. Cabe citar que as conquistas dos diretos e igualdade entre os gêneros fez com que a mulher não fosse mais tratada como propriedade, tendo grande importância para a economia, de 12 forma que passasse a contribuir para o aumento da renda familiar e por vezes, que garantisse meios para a própria subsistência. Foi então que, em 1991 promulgou-se a Lei 8.112, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da união, das autarquias e das fundações públicas federais. Esta, juntamente com a Constituição Federal de 1988 trouxeram significativas inovações especificamente no que tange à pensão para os dependentes. Ressalta-se que a lei promulgada em 1991 não recepcionou a pensão anteriormente concedida a filhas solteiras maiores de 21, não exercentes de cargos públicos, mas resguardou os direitos que haviam sido adquiridos até aquele momento. Porém, em meados de 2017, pelo acórdão de nº 2.780, o Tribunal de Contas da União entendeu que deveriam ser revogadas pensões desta natureza, estabelecidas antes do ano 1991, tendo como fundamento a organização do sistema financeiro, revogando assim, as pensões por morte prevista na lei federal 3.373/58, para filhas solteiras maiores de 21 anos. Para isto, o órgão estendeu a interpretação da lei aumentando o seu rol taxativo, acrescentando a hipótese que além de solteira e não ocupante de cargo público, a pensionista também deveria demonstrar sua hipossuficiência, de forma que se as beneficiárias recebessem qualquer outro tipo de provento acima de um salário mínimo, como quem trabalhou na iniciativa privada, recebia benefício do INSS ou desenvolvia atividade empresariais, tiveram o pagamento cessado. Tal ato causou uma avalanche de ações judiciais que visavam tão somente manter o direito adquirido pelas mulheres que foram detentoras da pensão por morte, e que nunca exerceram fato modificativo do direito com base no que prevê a citada lei à época de seu deferimento e inicio de pagamento. Diante do exposto, busca-se aqui demonstrar as transformações que ocorreram ao longo dos anos no diz respeito à referida pensão, e consequentemente analisar a legalidade das revogações das pensões, bem como as razões em aumentar os critérios de fixação da pensão até mesmo para as mulheres que já as tinham adquirido. Para tanto será analisado os princípios estabelecidos pela nossa Constituição vigente, no âmbito do direito público, com ênfase na intenção da Lei 3.373/58, em sua época de criação, bem como, será analisado as intenções e justificativas do 13 TCU, para a violação dos direitos adquiridos das beneficiárias ao longo dos anos, e se não fere os princípios previstos na Constituição Federal e na lei 8.112/90. O presente estudo será pautado nas jurisprudências majoritárias, além de doutrina, leis e análise do caso concreto. 14 2 DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E PREVIDENCIÁRIOS Na Constituição Federal de 1988 estão previstos princípios que são basilares para criação das leis no qual se sustenta a República Federativa do Brasil, que devem ser também utilizados como base para criação das leis infraconstitucionais. Deste modo não poderia ser diferente com o direito previdenciário, de forma que suas leis foram instituídas levando em conta os princípios definidos pela Constituição Federal que regem todo o ordenamento. Dentre os princípios, aqui serão abordados os que são pertinentes para análise da pensão por morte instituída pelo paragrafo único, artigo 5º da Lei 3.373/58. 2.1 Princípio da Irretroatividade da Lei e “Tempus Regit Actum” O princípio da irretroatividade da lei está previsto no art. 5º, XXXVI da CF/88, e dispõe que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e nem a coisa julgada. Significa dizer que a lei sancionada em qualquer tempo e espaço, deverá obrigatoriamente respeitar, além das diretrizes Constitucionais, os casos em que já foram instituídas por lei anterior, ou por sentença. Para Tavares (2014) o que se busca com este princípio é a proteção as relações jurídicas que podem ser prejudicadas por mudanças constantes da lei, que dispõe: “A constituição ao proteger esta trilogia, busca assegurar o mínimo de estabilidade nas relações jurídicas. Para tanto, proíbe a eficácia retroativa das leis àquelas situações do passado já consolidadas.” Nesse contexto, o art. 6º da Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro reafirmam que ao entrar em vigor uma nova lei, essa terá seus efeitos imediatos e gerais, ressalvado o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Desse modo o objetivo deste princípio, assim como o disposto na CF/88, é resguardar a segurança jurídica e dar estabilidade a vida em sociedade. O princípio garante que novas leis não afetem os direitos consolidados pelas leis revogadas, trazendo assim fundamentação para o princípio “tempus regit actum”, que constitui a regra geral de aplicação das leis no tempo. 15 2.2 Princípio da Segurança Jurídica Trata-se aqui da necessidade de confiança em que a sociedade teria nos atos realizados pelo Estado, por meio dos seus agentes públicos. Assim, o princípio da segurança jurídica que também versa sobre a irretroatividade das leis, buscou trazer uma estabilidade a ordem jurídica. É importante ressaltar que a segurança jurídica não só busca a proteção dos atos adquiridos no passado, como o princípio da irretroatividade, mas também aqueles conquistados no futuro, ao estabelecer por exemplo as cláusulas pétreas ou os direitos fundamentais, conforme disposto por Tavares (2014): Do princípio da segurança jurídica tem-se: i) a necessidade de certeza, de conhecimento do direito vigente e de acesso ao conteúdo do direito; ii) a calculabilidade, quer dizer a possibilidade de conhecer de antemão, as consequências pelas atividadese pelos atos adotados; iii) a estabilidade da ordem jurídica. Importante salientar ainda nesse sentido que a recentíssima alteração da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, em seus artigos 23 e 24, mostram a grande importância desse princípio, o qual evidencia a preocupação do legislador em proteger a segurança jurídica das relações já consolidadas no caso de revisão na esfera administrativa, controladora ou judicial, como veremos a seguir: Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) Nesse contexto, as mudanças de interpretação da lei não podem alcançar situações anteriores em regime de incerteza. Orientar a transição é dever básico de quem cria nova regulação a respeito de qualquer assunto. E ainda temos o art. 24: Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) Grifo nosso. 16 Em algumas situações, demora-se anos para que a Administração Pública, o Tribunal de Contas ou o Poder Judiciário examine a validade de um ato ou contrato administrativo que já tenha se completado e nesse período, pode acontecer de o entendimento vigente ter se alterado. Caso isso aconteça, o ato deverá ser analisado conforme as orientações gerais da época e as situações por elas regidas deverão ser declaradas válidas, mesmo que apresentem vícios. No caso em tela verifica-se a importância da aplicação deste princípio na lei previdenciária, uma vez que há constante necessidade de inovação, pois a sociedade traz novos conceitos, novas necessidades, e a lei precisa se adequar a realidade social, sem, contudo, ferir o direito consolidado de quem o adquiriu. 2.3 Princípio do Direito Adquirido O direito adquirido decorre de atos jurídicos passados, onde na vigência de uma lei, o indivíduo adquire um direito e este se torna imune a nova lei, ou seja, não atingirá o direito conquistado, pois a intenção deste princípio é a preservação do ato jurídico perfeito. O princípio em questão trata de um direito fundamental constitucional previsto no art. 5º, XXXVI,CR/88 e também na LINDB em seu art.6º §2, que dispõe: “Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.” Assim o direito adquirido estabelece que novas leis supervenientes ou qualquer alteração de vontade feita de forma unilateral não poderão afetar os direitos já constituídos. 2.4 Princípio da Isonomia O princípio da isonomia foi instituído pela Constituição Federal de 1988 como um dos pilares estruturais do nosso ordenamento jurídico. Este princípio magno tem como vertente estabelecer que todos serão iguais perante a lei, representando assim um símbolo da democracia. Desse modo a própria CF determinou de forma ampla sobre o princípio em epígrafe, estabelecendo o nosso país como sendo democrático, onde não haverá distinção. Vale ressaltar que este é um direito fundamental que exige um 17 comportamento voltado para que a lei seja aplicada de modo igual para todos os cidadãos, vejamos: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade(...) Pedro Lenza (2009, pág.679) destaca que esta igualdade não deve buscar apenas uma aparente igualdade. Para que haja igualdade entre todos, deve haver diferenciação positiva entre os cidadãos onde os iguais serão tratados igualmente e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades, vejamos: O art. 5º, caput, consagra que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Deve-se, contudo, buscar não somente essa aparente igualdade formal (consagrada no liberalismo clássico), mas, principalmente, a igualdade material, na medida em que a lei deverá tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades. Isso porque, no Estado social ativo, efetivador dos direitos humanos, imagina-se uma igualdade mais real perante os bens da vida, diversa daquela apenas formalizada perante a lei. Em síntese, dúvida não resta que, ao se cumprir uma lei, todos os abrangidos por ela hão de receber tratamento paritário, sendo certo, ainda, que ao próprio ditame legal é proibido deferir disciplinas diversas para situações equivalentes. 2.5 Princípio da Legalidade Trata-se de um princípio que aponta que qualquer ato praticado pela Administração Pública deve ter prévia determinação legal, dispondo assim da mais completa submissão da administração a estas leis. Este decorre imediatamente do expresso na Constituição Federal de 1988 em seu Art. 5º, II, que dispõe: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Assim tal princípio é considerado o mais importante princípio da Administração Pública, do qual decorrem os demais, agindo portando como princípio limitador na pratica de atos do agente público. Como bem observa Celso Antônio Bandeira de Mello (2009, pág. 101): 18 O princípio da legalidade é o da completa submissão da Administração às leis. Esta deve tão somente obedecê-las, cumpri-las, pô-las em prática. Daí que a atividade de todos os seus agentes, desde o que lhe ocupa a cúspide, isto é, o Presidente da República, até o mais modesto dos servidores, só pode ser a de dóceis, reverentes, obsequiosos cumpridores das disposições gerais fixadas pelo Poder Legislativo, pois esta é a posição que lhes compete no Direito brasileiro. Portanto a administração sujeitar-se-á exclusivamente ao que estiver disposto em lei, deste modo todos os atos administrativos realizados além do permitido positivado em nosso ordenamento, caso não sejam discricionários, serão considerados ilegais. Na esfera da Seguridade Social, a aplicabilidade do princípio em comento funda-se em que somente por lei, em seu sentido estrito, é que poderá ocorrer a criação de uma obrigação previdenciária ou a modificação de um direito. Para uma melhor compreensão dos limites de atuação do Poder Legislativo sobre a Seguridade Social, é necessária a distinção entre o princípio da legalidade e o princípio da reserva legal. É de conhecimento que a lei, é uma forma de o Estado regular situações e obrigações para a sociedade e para a Administração Pública. Dentre as diversas espécies normativas instrumentais ao Estado, estas possuem dois notáveis sentidos: o sentido formal e o sentido amplo. A Lei em sentido formal consiste em todo e qualquer do Poder Legislativo. Nesse sentido, entende-se como os atos normativos oriundos dos órgãos Legislativos, ou seja, a forma pela qual é elaborada. Por outro lado, a lei em sentido amplo, consiste em todas as espécies e atos normativos que não se subsumam apenas ao Legislativo, mas tambémde outros órgãos, como as medidas provisórias, oriundas do chefe do Poder Executivo. Nesse interim, tem-se o desdobramento do princípio da legalidade, no qual surge o princípio da reserva legal. Este, consiste em que determinadas matérias de ordem constitucional serão tratadas por lei específica, expedida pelo Poder Legislativo. Deste modo, o Legislativo, por meio de leis ordinárias ou complementares, tratará de matéria que, de acordo com a Constituição Federal de 1988 são reservadas a lei. Deste modo, no âmbito da previdência social, somente a lei poderá criar uma obrigação ou modificar um direito. Pois bem, feita análise dos princípios pertinentes ao caso em comento estudado neste artigo, a análise passa agora para as definições do que dispõe a lei 3.373/58. 19 3 CONCEITO HISTÓRICO DA PENSÃO POR MORTE E SEU CABIMENTO SEGUNDO AS LEIS PREVIDENCIÁRIAS FEDERAIS Segundo Fabio Zambitte (2015) a pensão por morte é um beneficio concedido aos dependentes do segurado que vem a falecer. Este benefício visa assegurar o sustento desta família: “A pensão por morte é um benefício direcionado ao dependente do segurado, visando à manutenção da família, no caso da morte do responsável pelo seu sustento”. A pensão por morte é um dos benefícios mais antigos constantes no nosso ordenamento jurídico, em 1823 a Lei Eloy Chaves (Decreto n. 4.682/23), trouxe em seus artigos a previsão da concessão da pensão por morte, com a criação da Caixa de Aposentadorias e Pensões para os empregados das empresas ferroviárias, e em seu art. 26 dispunha das condições para concessão da aposentadoria e quem teria direito a recebê-la, vejamos: No caso de falecimento do empregado aposentado ou do ativo que contar mais de 10 anos de serviços efetivos nas respectivas empresas, poderá a viúva ou viúvo inválido, os filhos e os pais e irmãs enquanto solteiras, na ordem de sucessão legal, requerer pensão à caixa criada por lei. Assim, este decreto foi considerado pela doutrina o ponto inicial da previdência no Brasil, porém não era o Estado que custeava a caixa, segundo o art. 3º da referida lei, isto ocorria com contribuições mensais dos empregados, das empresas e até mesmo dos consumidores. Deste modo é possível verificar que nem sempre o Estado foi parte ativa na composição do beneficio da pensão por morte concedida pelas caixas assistências, conforme mencionado acima, sendo que esta obrigatoriedade de participação do estado só ocorreu na constituição de 1934. Consequentemente, com o desenvolvimento da sociedade e com as leis trabalhistas vieram também os direitos previdenciários regulados por algumas leis. Uma dessas foi a Lei Federal nº 3373/58, que dispõe sobre o Plano de Assistência ao Funcionário e sua Família, a que se referem os artigos. 161 e 256 da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952, na parte que diz respeito à previdência. Assim a lei federal nº 3373/58 visava, de acordo com seu art. 1º a proteção à família dos segurados depois que estes falecessem. O citado artigo apresenta a preocupação da lei em proteger uma parte 20 hipossuficiente que não tinha a menor condição de prover o seu sustento próprio, pois nesta época raras eram às vezes em que uma mulher podia trabalhar, e as que trabalhavam, só o faziam mediante autorização do marido. Deste modo, o pai era o provedor da família, aquele que sustentava a casa, e se viesse a falecer, seus filhos e esposa ficariam desprotegidos, sem ter de onde tirar o seu sustento. O legislador buscou a proteção dos que eram mais frágeis, dentre eles a mulher foi considerada hipossuficiente de maneira que a própria lei decidiu por resguardar não somente as mulheres casadas, mas também as filhas que não viessem a se casar. Portanto a lei federal nº 3373/58 em seu art. 5° previu como dependentes do segurado: Art. 5º Para os efeitos do artigo anterior considera-se família do segurado: I - Para percepção de pensão vitalícia: a) a esposa, exceto a desquitada que não receba pensão de alimentos; b) o marido inválido; c) a mãe viúva ou sob dependência econômica preponderante do funcionário, ou pai inválido no caso de ser o segurado solteiro ou viúvo; [...] Parágrafo único. A filha solteira, maior de 21 (vinte e um) anos, só perderá a pensão temporária quando ocupante de cargo público permanente. (Grifo nosso) Neste contexto é importante ressaltar que em seu art.5º §u, a proteção da lei para filhas solteiras maiores de 21 anos que não ocupasse cargo permanente, mas uma vez reforçando a tese apresentada acima, havia uma preocupação não só com os filhos menores, mas também com as filhas que não viessem a se casar ou que não fosse aprovada em um concurso público, que naquela época era a única maneira de garantir um futuro, uma vez que este era um cargo que traria estabilidade financeira a mulher solteira. Assim a pensão por morte do pai não as deixaria desamparadas caso estas não tivessem um marido para sustentá-las. Com o passar dos anos, com a evolução social e com o domínio das mulheres no mercado de trabalho, a CR/88 não recepcionou o disposto no art. art.5º §u, da Lei Federal 3373/58, fato inteiramente compatível com o contexto da época, já que a mulher tinha agora mais acesso à educação, estava conquistando espaço na política, no âmbito econômico e social. Assim a CR/88 trouxe em seu texto o tão sonhado direito a igualdade, pelo qual as mulheres lutaram durante anos, tão logo agora o tratamento entre os sexos deveria ocorrer de forma igualitária, sem restrição entre eles. Assim homens e mulheres são de acordo com o art. 5º, I, da CF de 1988 21 iguais perante a lei, no exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade, sempre observando a justiça como valores principais desta sociedade, pluralista e sem preconceitos. E no que diz respeito à pensão por morte, instituída pela lei nº: 3.373/58 não seria diferente, pois a CF/88 em seu artigo 201, V, dispõe que a pensão por morte irá abranger a todos de forma igual sendo homem ou mulher, companheira ou companheiro deste que preencha os requisitos disposto em lei: Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (...) V - Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º. (Grifo nosso) Pouco tempo depois em 11 de dezembro de 1990, foi promulgada a lei nº 8.112/90 que trata do regime jurídicos dos servidores públicos civis da união, esta por sua vez, revogou a lei nº: 3.373/58 no que diz respeito às questões previdenciárias, isto porque surge a evidente necessidade de atualização, devido ao contexto e as evoluções da sociedade. Esta lei, não contemplou a pensão por morte para as filhas solteiras maiores de 21 anos, mas traz em seu texto a ideia de igualdade esposada pela Constituição, deste modo à pensão para os filhos se dará de maneira igual independe do sexo, bastado apenas ser menor de 21 anos ou por tempo indeterminado em caso de invalidez. Importante ressaltar que no que pese a alteração da lei no que tange o rol taxativo que caracteriza os dependentes, por força constitucional, os casos que foram instituídos até a vigência da nova lei estão sob o manto do já citado direito adquirido, tanto que a nova lei trouxe uma previsão especifica que reforça o direito adquirido no art. 248: ”As pensões estatutárias, concedidas até a vigência desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgãoou entidade de origem do servidor”. Destarte, é possível verificar que a pensão por morte do servidor público passou por várias etapas, acompanhando o avanço da sociedade e se atualizando, sem, contudo deixar de proteger os direitos conquistados na vigência da lei anterior. Atualmente a pensão por morte para dependentes de servidores público esta regulamentada pela lei nº 8.112/90, que será analisada a seguir. 22 4 LEI Nº 8.112/1990 E A PENSÃO POR MORTE PARA FILHA SOLTEIRA MAIOR DE 21 ANOS A lei nº 3.373/1958 vigorou ate o advento da lei nº 8.112/1990. Esta trouxe novas regras no que diz respeito à concessão da pensão por morte dos servidores públicos federais, que passou a dispor que os dependentes do segurado farão jus ao recebimento da pensão por morte em caso de falecimento do servidor, nesse contexto o art. 217 da lei nº 8.112/90 estabelece quem são beneficiários da pensão por morte, que aqui cabe citar: Art. 217. São beneficiários das pensões: I - o cônjuge; II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato, com percepção de pensão alimentícia estabelecida judicialmente III - o companheiro ou companheira que comprove união estável como entidade familiar IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos seguintes requisitos: a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; b) seja inválido d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos do regulamento V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do servidor; VI - o irmão de qualquer condição que comprove dependência econômica do servidor e atenda a um dos requisitos previstos no inciso IV. Destaque-se o inciso IV, que traduz em caso de falecimento do segurado qualquer um de seus dependentes poderá, desde que respeitado a ordem legal, requerer o beneficio da pensão. Deste modo, é possível verificar a primeira inovação trazida por esta lei, uma vez que não trouxe no rol de dependentes especificamente a filha solteira maior de 21 anos, tendo agora tanto o filho homem quanto a filha mulheres terão direito a pensão, se menores de 21 anos, ou por tempo indeterminado em casos de invalidez. A alteração na lei é perfeitamente cabível e de fácil compreensão, uma vez que esta se deu para acompanhar o desenvolvimento da sociedade, pois a mulher até então naquela época era parte hipossuficiente, e agora não mais é privada de trabalhar, ou tratada como se fosse incapaz, além do mais consegue prover o próprio sustento, não restando assim motivo para que continuasse prevista em lei a necessidade do seu sustento caso o pai falecesse e esta não se casasse. Assim não haveria motivo para que a filha solteira maior de 21 anos fosse amparada pela lei nº 8.112/90, no que diz respeito à pensão por morte uma vez que esta já não é mais parte hipossuficiente e consegue se sustentar. 23 E não poderia ser diferente, uma vez que a legislação deve acompanhar a evolução da sociedade, ou então esta cairia em desuso, com mudanças ocorrendo o tempo todo, evidenciando claro a conquistas de direitos pelas mulheres, os quais têm presenciado ao longo dos tempos, não poderia o legislador ter outra atitude se não atualizar o contexto da Lei nº 3.373/58. Posto isto, em uma breve comparação entre as referidas leis, a lei nº 8.112/90 não recepcionou as filhas solteiras maiores de 21 anos, tendo em vista o contexto ao qual vivemos hoje, mas, em seu art. 248 é possível verificar que apesar de não conter o artigo em questão esta dispõe que as pensões que foram mantidas até o advento da nova lei deveria permanecer e serem mantidas pelo órgão de origem. Assim sendo, é claro e evidente que a lei nº 8.112/90 não dispõe sobre pensão para filhas solteiras moires de 21 anos, mas esta resguarda o direito daquelas que já possuem a pensão. De modo que os tribunais têm acompanhando processos que tangem o tema e decidido no sentido de que a morte dos segurados que ocorreram ate o advento da lei nº 8.112/90 serão aplicados em conformidade com a lei da época em que houve o falecimento qual seja, a lei nº 3.373/58, no que diz respeito às filhas maiores que já recebem a pensão dos pais falecidos. Nesse contexto Paulo Diniz fala que: Como norma de direito público, de natureza jurídica estatutária, e não contratual, a legislação do servidor público civil constitui um conjunto de normas cuja eficácia subordina-se ao interesse público. A supremacia do Estado autoriza lhe modificá-las, sem, contudo, revogá-las. Deste modo, segundo a doutrina e orientações jurisprudenciais a lei previdenciária é regida pela lei vigente ao tempo da concessão do beneficio, não permitindo interpretação diversa, uma vez que todo ato administrativo deve estar previsto em na legislação, tal qual norteia o principio da legalidade já citado. Assim concorda o professor Gustavo Binenbojm (2008, p. 15): [...] a atividade administrativa continua a realizar-se, via de regra, (i) segundo a lei, quando esta for constitucional (atividade secundum legem), (ii) mas pode encontrar fundamento direto na Contituição, independente ou para além da lei (atividade praeter legem), ou, eventualmente, (iii) legitimar- se perante o direito, ainda que contra a lei, porém com fulcro numa ponderação da legalidade com outros princípios constitucionais (atividade contra legem, mas com fundamento numa otimizadora aplicação da Constituição). 24 Destarte, a atualização das leis é necessária para a sociedade, mas apesar desta trazer novos entendimentos é preciso ainda assim entender que não se pode descartar aquilo que foi adquirido ao longo dos tempos, mesmo com as inovações da lei 8.112/90, foram preservados os direitos que foram conquistados pela lei nº 3.373/58, tendo em vista o direito adquirido e o princípio da segurança jurídica. 25 5 ENTENDIMENTO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO A RESPEITO DA PENSÃO POR MORTE DO SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL PARA FILHA SOLTEIRA MAIOR DE 21 ANOS Conforme exposto anteriormente, a pensão por morte concedida à filha solteira maior de 21 anos foi revogada, mas a própria lei dispôs que os direitos adquiridos até sua vigência seriam resguardados, contudo, apesar do disposto em lei, recentemente do Tribunal de Contas da União em seu Acórdão nº 2.780/2016 ordenou que os órgãos responsáveis pelo pagamento de pensões especiais instituídas por ex-servidores da Administração Pública Federal em favor de filhas maiores solteiras, com base na lei 3.373/58, intimasse as aludidas dependentes para que se manifestem acerca de possíveis irregularidades sobre o recebimento da pensão: SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. PESSOAL. IDENTIFICAÇÃO DE INDÍCIOS DE PAGAMENTOS INDEVIDOS DE PENSÕES ESPECIAIS INSTITUÍDAS POR EX-SERVIDORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL EM FAVOR DE FILHAS MAIORES SOLTEIRAS, COM BASE NA LEI 3.373/1958. CONSIDERAÇÕES SOBRE A MATÉRIA. DETERMINAÇÃO PARA QUE AS UNIDADES JURISDICIONADAS RESPONSÁVEIS PELOS PAGAMENTOS ASSEGUREM ÀS INTERESSADAS O CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA, E, APÓS, EXCLUAM AS PENSÕES CUJAS IRREGULARIDADES NÃO SEJAM ELIDIDAS. DETERMINAÇÕES. CIÊNCIA. Assim segundo o TCU as filhas que já não tenham dependência econômica do segurado não teria direito a esta pensão, uma vez que a intensão da lei ao prever tal benefício era manter o sustento da filha que não se casasse ou fosse ocupante de cargo público, e como aparentemente a pensionada teria condições de manter o seu sustento não haveria a necessidade de continuar o recebimento da pensão. Percebe-se, claramente, que o TCU majorou a intepretação legal, acrescentando novo requisito, qual seja, dependência econômica, que anteriormente não haviaprevisão na lei. O entendimento está disposto na súmula do TCU 285 que estabelece que as filhas só recebessem a pensão se possuírem dependência econômica do possuidor da pensão, in verbis: “A pensão da Lei 3.373/1958 somente é devida à filha solteira 26 maior de 21 anos enquanto existir dependência econômica em relação ao instituidor da pensão, falecido antes do advento da Lei 8.112/1990.” Deste modo, aquela mulher que de alguma forma tem outros tipos de rendimentos não terá direito ao recebimento da pensão, uma vez que segundo o TCU esta não possui dependência econômica do instituidor da pensão. É possível verificar que o Tribunal de Contas da União traz uma nova interpretação à lei, uma vez que esta não previu como requisito para o recebimento da pensão a dependência econômica. Questiona-se esta inovação fere os princípios constitucionais e previdenciários, já que este traz um fato modificativo não previsto na lei. Até então o entendimento que se tinha era que desde que a filha fosse solteira e não fosse concursada faria jus ao recebimento da pensão, soma-se também o que dispõe a lei em seu art. 248, que os direitos adquiridos até o advento da lei nº 8112 de 1990 não seriam revogados por esta lei desde que cumpridos os requisitos. É possível verificar que este também era o entendimento do TCU, como foi o caso TC-003.316/2004-3 que entende que: O inciso XIII do parágrafo único do art. 2º da Lei nº 9.784/99, de aplicação subsidiária às normas processuais do TCU, veda expressamente à Administração Pública, nos processos administrativos, a aplicação retroativa de nova interpretação. Deste modo tanto a lei, os tribunais e o próprio TCU, antes a essa releitura, vedavam expressamente a aplicação retroativa da lei. Segundo Marisa Ferreira Santos (2009, pág. 51), em seu livro “Direito Previdenciário Esquematizado”, o princípio aplicado ao direito previdenciário é que o tempo rege o ato, ou seja, a lei aplicada ao ato será a lei vigente na época em que este ocorreu: Em matéria previdenciária, aplica-se o princípio segundo o qual tempus regit actum: aplica-se a lei vigente na data da ocorrência do fato, isto é, da contingência geradora da necessidade com cobertura pela seguridade social. Enem poderia ser diferente porque se, de um lado, novas situações de necessidade vão surgindo no meio social. Não resta duvidas, portanto que o ato regulamentado pela lei previdenciária será regido pela lei previdenciária a época que ocorreu o ato. 27 Ressalta-se ainda que este é um tema já pacificado pelo STF na súmula 359: “Não resta duvidas, portanto que o ato regulamentado pela lei previdenciária será regido pela lei previdenciária a época que ocorreu o ato.” Logo, a aplicação da lei previdenciária se dará no tempo em que ocorreu ao ato, ou a morte do segurado, e conforme exposto acima a lei previdenciária antiga não será revogada pela nova lei no que diz respeito aos direitos que foram adquiridos, isso devido aos princípios da segurança jurídica, do direito adquirido e da irretroatividade da lei já analisados. 28 6 NOVA INTERPRETAÇÃO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO FRENTE AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS Diante dos princípios constitucionais apresentados anteriormente é preciso fazer um comparativo da aplicação das decisões do Tribunal de Contas da União tendo em vista os princípios constitucionais que visam a preservação dos direitos adquiridos ao longo dos tempos, levando em conta que devido a alterações constantes das leis é preciso dar segurança aos direitos que foram alcançados, assim a constituição traz em seu rol de direitos fundamentais entre outros a segurança jurídica, o direito adquirido e irretroatividade das leis. De acordo com o aspecto jurídico apresentado o tribunal de contas traz em suas decisões um novo entendimento, qual sejam além de preencher todos os requisitos previstos na lei agora as filhas solteiras maiores de 21 anos que não mais possuam dependência econômica com o instituidor da pensão, também não teriam direito ao recebimento da pensão. Porém, é importante lembrar que nada dispõe o aludido diploma legal quanto à impossibilidade de a pensionista auferir outras fontes de renda, deste modo, o princípio ao direito adquirido estabelece que ao cumprir todos os requisitos estabelecidos em lei este fara jus aos seus benefícios, e serão protegidos caso a lei que os instituiu for revogada, ainda para reforçar tal premissa o princípio da legalidade representa a subordinação do Poder Público à previsão legal. Hely Lopes Meirelles (2012, pág. 89) ensina que: A legalidade, como princípio de administração, significa que o administrador público está, em toda sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei, e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se à responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. Nesse contexto os princípios da irretroatividade e da segurança jurídica, buscam proteger os atos passados, impostos na lei, dando mais confiança e estabilidade ao direito que foi adquirido. Vale citar Aliomar Baleeiro (2005, pág. 669): O termo vigência deve ser articulado ao princípio da anterioridade, uma vez que, no Direito tributário, uma lei pode estar vigente, mas ter sua eficácia por ele inibida (o que acontecia usualmente, quando existente, entre nós, o princípio da autorização orçamentária). 29 Ainda neste sentido, a própria lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, em seu artigo 2º, inciso XIII, veda aplicação retroativa de nova interpretação de normas administrativas, vejamos: Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. Vale lembrar ainda que a lei previdenciária é regida pelo tempo do ato, assim deverá incidir sobre o ato a lei vigente à época do fato gerador do benefício, neste caso o tempo em que ocorreu a pensão por morte. Ademais, o art. 54, da lei nº 9.784/99, estabelece que será de cinco anos a contar do primeiro recebimento, o prazo decadencial para que a administração pública exerça seu o poder-dever de autotutela, in verbis: “Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.” Deste modo as detentoras do direito da pensão temporária, são beneficiárias há pelos menos 28 anos, não sendo possível a anulação destes, salvo se comprovado que houve má fé. Assim a respeito do direito adquirido em pensões previdenciárias, o STF dispõe que: TÍTULO: Direito Adquirido a Pensão Temporária ARTIGO: A Turma manteve acórdão do TRF da 1ª Região que reconhecera a filha de servidor público falecido direito adquirido à percepção de pensão temporária com base na Lei 3.373/58, que prevê a perda do direito de receber a respectiva pensão apenas quando a beneficiária, filha solteira maior de 21 anos, vier a ocupar cargo público permanente. Considerou-se que a Lei 8.112/90 (arts. 217, II, a, e 222, IV), ao revogar tal benefício determinando a perda da qualidade de beneficiárioaos 21 anos, não poderia retroagir, atingindo benefícios concedidos antes de sua vigência. RE 234.543-DF, rel. Min. Ilmar Galvão, 20.4.99. Nesse sentido há entendimento do STJ expresso na súmula 340, que dispõe: “A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado”. 30 Portanto a ordem jurídica nacional reconhece os princípios constitucionais do direito adquirido, da segurança jurídica e da irretroatividade no direito previdenciário, e a proteção destes é de extrema importância no Estado Democrático de Direito, em nome da segurança jurídica e da estabilidade das relações travadas numa sociedade política juridicamente organizada pelo direito. 31 7 DECISOES DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO E ENTENDIMENTOS JURISPRUDENCIAIS Pelo exposto, verifica-se que com a nova interpretação do TCU, onde este traz inovação aos requisitos anteriormente estabelecidos em lei para concessão desta pensão, houve uma grande demanda de ações judiciais sobre o tema. Assim o STF se posiciona de maneira a reforçar as teses apresentadas nos casos concretos, um exemplo foi o julgamento do mandado de segurança nº 34.677, onde este decidiu da seguinte forma: Partindo dessa premissa, o TCU determinou a reanálise de pensões concedidas a mulheres que possuem outras fontes de renda, além do benefício decorrente do óbito de servidor público, do qual eram dependentes na época da concessão. Discute-se, portanto, se a dependência econômica em relação ao instituidor do benefício e do valor pago a título de pensão por morte encontra-se no rol de requisitos para a concessão e manutenção do benefício em questão. O Relator dispõe que a jurisprudência consolidada neste Supremo Tribunal Federal quanto à incidência, aos benefícios previdenciários, da lei em vigência ao tempo em que preenchidos os requisitos necessários à sua concessão. Trata-se da regra “tempus regit actum”, Ademais as pensões cujas revisões foram determinadas no Acórdão 2.780/2016 – Plenário – TCU, tiveram suas concessões amparadas na Lei 3.373/58, que dispunha sobre o Plano de Assistência ao Funcionário e sua Família (regulamentando os artigos 161 e 256 da Lei 1.711/1952, a qual, por sua vez, dispunha sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União). Com essas considerações, havendo fundamento relevante e risco de ineficácia da medida, defiro parcialmente o pedido de liminar, nos termos do art. 7º, III, da Lei 12.016/2009, para suspender, em parte, os efeitos do Acórdão 2.780/2016 em relação às pensionistas associadas à Impetrante até o julgamento definitivo deste mandado de segurança, mantendo-se a possibilidade de revisão em relação às pensões cujas titulares ocupem cargo público de caráter permanente ou recebam outros benefícios decorrentes da alteração do estado civil, como a pensão prevista no art. 217, inciso I, alíneas a, b e c, da Lei 8.112/90, ou a pensão prevista no art. 74 c/c art. 16, I, ambos da Lei 8.213/91, ou seja, pensões por morte de cônjuges. (Grifo nosso). Deste modo o STF atualmente entende que há plausibilidade jurídica no pedido formulado pelas pensionistas, uma vez que foi reconhecido o seu direito e presente os requisitos para auferir a pensão. Ademais não se verificando a superação das condições essenciais previstas em lei, a pensão é devida e deve ser mantida. Ainda neste contexto a lei nº 13.655, de 25 de abril de 2018, que incluiu no Decreto-Lei nº 4.657, (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), disposições sobre segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito 32 público, corrobora com ideia trazida pelo STF. Nas lições de Maia Helena Diniz (2007, pág. 93): O direito adquirido é uma espécie de direito subjetivo definitivamente incorporado ao patrimônio jurídico do titular, apesar de ainda não consumado, o que tona possível sua exigibilidade na via jurisdicional, se não cumprido pelo obrigado voluntariamente. Seu titular está protegido de futuras mudanças legislativas que regulem a matéria em questão, porque tal direito já se encontra incorporado ao patrimônio jurídico do titular, a despeito de não ter sido exercitado, o que lhe preserva seus direitos, mesmo que surja nova lei contrária a seus interesses. Vale citar aqui o que preconiza Celso Antônio Bandeira de Mello (2009, pág. 103): “Portanto a função do ato administrativo só poderá ser a de agregar a lei nível de concreção; nunca lhe assistira instaurar originariamente qualquer cerceio a direito de terceiros”. Apesar do entendimento trazido pelo Tribunal de Contas da União tanto os tribunais, quanto a doutrina e até mesmo a lei em vigor entendem que os princípios constitucionais devem ser respeitados, não podendo os atos da administração pública atropelar os direitos que são resguardados pela carta magna. 33 CONCLUSÃO Conclui-se, portanto que as pensões foram concedidas em conformidade com os requisitos da lei federal 3.373/58, e assim permaneceram, seguindo rigorosamente o disposto em lei. É importante frisar que a lei aplicada ao caso, é a do momento em que o ato se consumou, conforme entendimento consolidado dos tribunais em respeito ao princípio “tempus regit actum”, não havendo então como negar que se o segurado falecesse antes do advento da lei 8112/90, que revogou a lei 3.373/58, de acordo com a Constituição Federal em seu art. 5º, inciso XXXVI, e a própria lei 8112/90 em seu art. 248, que traz segurança as pensões já concedidas, as pensionistas teriam o direito a pensão desde que permanecessem na condição de solteira e não fossem servidoras públicas. Vale lembrar inclusive conforme mencionado acima que este foi por muito tempo o entendimento do TCU. As alterações acerca da criação de lei que visem criar novas obrigações, ou modificar direitos existentes, devem partir do Poder Legislativo, na forma da lei, tendo em vista que a este a Constituição Federal de 1988, assim atribuiu a competência para tal ato. A inobservância do TCU, quando da elaboração do Acórdão nº 2.780/2016, que altera dispositivos da lei 3.373/58, acabou por infringir princípios constitucionais basilares. As questões de ordem econômica do Estado não podem servir de justificativa para que haja a supressão de direitos e garantias fundamentais, como se observa no caso em tela. O Estado não pode trazer tratamento desigual para pessoas em condições equivalentes, com o propósito de efetivar interesses patrimoniais do Estado. Sempre que houver conflitos entre o interesse público primário e público secundário, deve prevalecer o interesse do primeiro. O não atendimento do interesse público primário, em prevalência do interesse público secundário constitui em ofensa ao núcleo essencial da Constituição Federal de 1988. Verifica-se, portanto, que as decisões do TCU trazem interpretação ampliativa do texto legal, sendo vedado ao administrador público estabelecer a ampliação de tal interpretação, principalmente se estas ferem direitos protegidos pela Carta Magna. Entende-se assim que o Tribunal de Contas da União ao realizar tal interpretação cria um novo impeditivo para continuidade do recebimento do beneficio, que até então, não estava previsto em lei, estando assim em desacordo com nosso ordenamento jurídico, uma vez que não compete ao intérprete da norma inovar em 34 relação aos seus termos, ou seja, se a própria lei não fez tal distinção, não caberá ao intérprete faze-la. A Suprema Corte do Brasil entende que tais pensões encontram-se consolidadas e somente podem ser alteradas, é dizer, cessadas, se um dos dois requisitos for superado, e ainda que houvesse a hipótese deaplicação da inovação interpretativa do TCU, esta não poderia retroagir, pois a lei 9.784/99 veda a aplicação retroativa de nova interpretação na análise de processos administrativos. Tem-se aqui a proteção ao princípio da segurança jurídica que traz a necessidade de confiança da sociedade nos atos realizados pelo estado. Finalmente, para confirmar a tese acima apresentada, a lei nº 13.655/2018 fortalece a ideia de irretroatividade do direito onde poderá haver prejuízo nas situações jurídicas perfeitas, que foram constituídas de boa-fé, em acordo com o ordenamento à época vigente. Esta busca dar segurança no longo prazo para situações jurídicas que foram constituídas à luz de um entendimento válido. Portanto o ordenamento jurídico brasileiro reconhece a existência do direito adquirido no direito previdenciário e no direito administrativo, sendo esses pontos de fundamental importância no Estado Democrático de Direito, em nome da segurança jurídica e da estabilidade das relações travadas numa sociedade política juridicamente organizada por regras que visam resguardar estes direitos. 35 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro. 11ª edição, atualizada por Misabel Abreu Machado Derzi. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2005. p. 669. BINENBOJM, Gustavo. A Constitucionalização do Direito Administrativo no Brasil: um inventário de avanços e retrocessos. Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado (RERE). Salvador. Instituto Brasileiro de Direito Público. n. 13. mar./abr./mai. 2008. Acesso em: 25 de agosto de 2018. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: 05 de outubro de 1988. 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