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RELEITURA DA LEI FEDERAL 3.373/58, Art.5º §u: pensão por morte da filha solteira maior de 21 anos

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS 
Curso de Graduação em Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Karen Teixeira de Araújo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELEITURA DA LEI FEDERAL 3.373/58, Art.5º §u: pensão por morte da 
filha solteira maior de 21 anos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2018 
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Karen Teixeira de Araújo 
 
 
 
 
 
 
RELEITURA DA LEI FEDERAL 3.373/58, Art.5º §u: pensão por morte da 
filha solteira maior de 21 anos 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao curso de Direito 
da Pontifícia Universidade Católica de Minas 
Gerais, como requisito parcial para obtenção 
do título de Bacharel em Direito. 
 
Orientador: Prof. Fernando José Armando 
Ribeiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2018
4 
 
Karen Teixeira de Araújo 
 
 
 
 
 
RELEITURA DA LEI FEDERAL 3.373/58, Art.5º §u: pensão por morte da 
filha solteira maior de 21 anos 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao curso de Direito 
da Pontifícia Universidade Católica de Minas 
Gerais, como requisito parcial para obtenção 
do título de Bacharel em Direito. 
 
 
 
 
Prof. Dr. Fernando José Armando Ribeiro – PUC Minas (Orientador) 
 
 
 
Prof. Dr. – PUC Minas (Banca Examinadora) 
 
 
 
Prof. Dr. – PUC Minas (Banca Examinadora) 
 
 
 
 
Belo Horizonte, 19 de novembro de 2018. 
5 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço à minha mãe, pоr sua capacidade dе acreditar е investir еm mim. 
Mãe, sеυ cuidado е dedicação que me deram, em alguns momentos, а esperança 
pаrа seguir. Ao Daniel, pessoa cоm quem аmо partilhar а vida, obrigada pelo 
carinho, а paciência е pоr sua capacidade dе me trazer pаz nа correria dе cada 
semestre. À Bárbara, agradeço por todo amor, força, incentivo e apoio incondicional. 
Agradeço também a todos оs professores dо curso, qυе foram tãо 
importantes nа minha vida acadêmica е nо desenvolvimento dеstа monografia, 
especialmente o Prof. Fernando José Amando Ribeiro, responsável pela orientação 
do meu projeto. 
A todos que fizeram parte, obrigada pelos inúmeros conselhos, frases de 
motivação e puxões de orelha. As risadas, que vocês compartilharam comigo nessa 
etapa tão desafiadora da vida acadêmica, também fizeram toda a diferença. Minha 
eterna gratidão. 
6 
 
RESUMO 
 
O presente estudo tem por objetivo a análise da lei federal nº 3.373/58, destacando 
sobre o posicionamento adotado quanto às pensões por morte, em especial sobre a 
pensão por morte para filhas solteiras maior de 21 anos, cujos pais eram servidores 
públicos falecidos até 1990. Primeiramente, teceram-se considerações sobre os 
princípios constitucionais interligados com o tema em questão, abordaram-se ainda 
os aspectos importantes a respeito da citada pensão, bem como requisitos da sua 
concessão e manutenção, além de breve conceito histórico. Analisou-se também 
essa mesma pensão ante o advento da lei 8.112/90, a qual revogou essa hipótese 
de concessão do benefício, principalmente em observância ao art. 248, que prevê 
que as pensões concedidas até a vigência dessa lei continuariam a ser mantidas 
pelo órgão ou entidade de origem do servidor. Por fim, estuda-se quanto às decisões 
do Tribunal de Contas da União e da releitura feita pelo órgão, que resultou no 
acórdão nº 2.780/2016 e suas implicações e ocorrências judiciais decorrentes, 
citando a doutrina aplicada ao caso. 
 
Palavras-chaves: Pensão por morte. Lei nº 3.373/58. Lei nº 8.112/90. Filha maior 
solteira. Dependência Econômica. 
 
7 
 
ABSTRACT 
 
The purpose of this study is to analyze federal law No. 3,373 / 58, highlighting the 
position adopted regarding pensions by death, especially on the death pension for 
single daughters over 21, whose parents were civil servants who died before 1990 
Firstly, considerations were made on the constitutional principles connected with the 
subject in question, as well as the important aspects regarding the said pension, as 
well as the requirements of its grant and maintenance, as well as a brief historical 
concept. The same pension was also analyzed before the advent of Law 8.112 / 90, 
which revoked this hypothesis of granting the benefit, mainly in compliance with art. 
248, which provides that pensions granted up to the period of said law would 
continue to be maintained by the agency or origin entity of the server. Finally, we 
study the decisions of the Court of Auditors of the Union and the re-reading done by 
the body, which resulted in the judgment nº 2.780 / 2016 and its implications and 
judicial occurrences, citing the doctrine applied to the case. 
 
Keywords: Pension for death. Law nº 3.373/58. Law nº 8.112/90. Larger single girl. 
Economic dependence. 
8 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
ADCT Atos das Disposições Constitucionais Transitórias 
CF Constituição Federal 
CRFB/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 
EC Emenda Constitucional 
LINDB Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro 
TCU Tribunal de Contas da União 
9 
 
LISTA DE ABREVIAÇÕES 
 
 
 
Art. Artigo 
Ed. Editora 
N°. Número 
Ampl. Ampliada 
Atual. Atualizada 
10 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 11 
 
2 DOS PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS E PREVIDENCIÁRIOS........................... 14 
2.1 Princípio da Irretroatividade da Lei e “Tempus Regit Actum”...................... 14 
2.2 Princípio da Segurança Jurídica...................................................................... 15 
2.3 Princípio do Direito Adquirido.......................................................................... 16 
2.4 Princípio da Isonomia....................................................................................... 16 
2.5 Princípio da Legalidade..................................................................................... 17 
 
3 CONCEITO HISTÓRICO DA PENSÃO POR MORTE E SEU CABIMENTO 
SEGUNDO AS LEIS PREVIDENCIÁRIAS FEDERAIS............................................. 19 
 
4 LEI Nº 8.112/1990 E A PENSÃO POR MORTE PARA FILHA SOLTEIRA MAIOR 
DE 21 ANOS.............................................................................................................. 22 
 
5 ENTENDIMENTO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO A RESPEITO DA 
PENSÃO POR MORTE DO SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL PARA FILHA 
SOLTEIRA MAIOR DE 21 ANOS.............................................................................. 25 
 
6 NOVA INTERPRETAÇÃO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO FRENTE AOS 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS........................................................................... 28 
 
7 DECISOES DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO E ENTENDIMENTOS 
JURISPRUDENCIAIS......................................................................................... 31 
 
CONCLUSÃO...................................................................................................... 33 
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 35 
11 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Em 1958 foi publicada a lei 3.373, que dispõe sobre o Plano de Assistência ao 
Funcionário da União e sua Família, que por sua vez institui assegurados 
obrigatórios definidos em leis especiais e peculiares a cada instituição de 
previdência. Essa lei visava os meios de proporcionar, depois da morte do segurado, 
recursos para a manutenção da respectiva família. Dentreas estipulações para a 
concessão do benefício, será tratada neste artigo a hipótese da pensão para filhas 
solteiras maiores de 21 anos, trazida em seu artigo 5º, §único, como disposto a 
seguir: 
 
Art. 5º Para os efeitos do artigo anterior, considera-se família do segurado: 
II - Para a percepção de pensões temporárias: 
a) o filho de qualquer condição, ou enteado, até a idade de 21 (vinte e um) 
anos, ou, se inválido, enquanto durar a invalidez; b) o irmão, órfão de pai e 
sem padrasto, até a idade de 21 (vinte e um) anos, ou, se inválido enquanto 
durar a invalidez, no caso de ser o segurado solteiro ou viúvo, sem filhos 
nem enteados. 
Parágrafo único. A filha solteira, maior de 21 (vinte e um) anos, só 
perderá a pensão temporária quando ocupante de cargo público 
permanente. (Grifo nosso) 
 
Pois bem, na época em que foi criada a Lei, a mulher via de regra, tinha como 
função apenas cuidar da casa e dos filhos, até porque naqueles tempos não havia 
espaço para elas no mercado de trabalho, de modo que a intenção do legislador à 
época de sua publicação acompanhava o contexto em que a sociedade se 
encontrava, ou seja, não eram raras as mulheres solteiras acima de 21 anos de 
idade que dependiam dos pais até que alterassem seu estado civil. Portanto, 
perfeitamente justificado o protecionismo acentuado da mulher naquela época. 
Neste sentido, o texto legal indicava a filha solteira, maior de 21 anos legítima 
detentora da pensão por morte de seu pai, funcionário da União, e mais, ainda 
dispunha que esta só perderia a pensão temporária quando ocupante de cargo 
público permanente, ou quando deixassem de ser solteira, sendo esse um rol 
taxativo. 
Contudo, com o passar dos anos a sociedade tendeu a compreender um novo 
papel social para mulher, modificando assim o conteúdo das leis. Cabe citar que as 
conquistas dos diretos e igualdade entre os gêneros fez com que a mulher não fosse 
mais tratada como propriedade, tendo grande importância para a economia, de 
12 
 
forma que passasse a contribuir para o aumento da renda familiar e por vezes, que 
garantisse meios para a própria subsistência. 
Foi então que, em 1991 promulgou-se a Lei 8.112, que dispõe sobre o regime 
jurídico dos servidores públicos civis da união, das autarquias e das fundações 
públicas federais. Esta, juntamente com a Constituição Federal de 1988 trouxeram 
significativas inovações especificamente no que tange à pensão para os 
dependentes. Ressalta-se que a lei promulgada em 1991 não recepcionou a pensão 
anteriormente concedida a filhas solteiras maiores de 21, não exercentes de cargos 
públicos, mas resguardou os direitos que haviam sido adquiridos até aquele 
momento. 
Porém, em meados de 2017, pelo acórdão de nº 2.780, o Tribunal de Contas 
da União entendeu que deveriam ser revogadas pensões desta natureza, 
estabelecidas antes do ano 1991, tendo como fundamento a organização do sistema 
financeiro, revogando assim, as pensões por morte prevista na lei federal 3.373/58, 
para filhas solteiras maiores de 21 anos. Para isto, o órgão estendeu a interpretação 
da lei aumentando o seu rol taxativo, acrescentando a hipótese que além de solteira 
e não ocupante de cargo público, a pensionista também deveria demonstrar sua 
hipossuficiência, de forma que se as beneficiárias recebessem qualquer outro tipo de 
provento acima de um salário mínimo, como quem trabalhou na iniciativa privada, 
recebia benefício do INSS ou desenvolvia atividade empresariais, tiveram o 
pagamento cessado. 
Tal ato causou uma avalanche de ações judiciais que visavam tão somente 
manter o direito adquirido pelas mulheres que foram detentoras da pensão por 
morte, e que nunca exerceram fato modificativo do direito com base no que prevê a 
citada lei à época de seu deferimento e inicio de pagamento. 
Diante do exposto, busca-se aqui demonstrar as transformações que 
ocorreram ao longo dos anos no diz respeito à referida pensão, e consequentemente 
analisar a legalidade das revogações das pensões, bem como as razões em 
aumentar os critérios de fixação da pensão até mesmo para as mulheres que já as 
tinham adquirido. 
Para tanto será analisado os princípios estabelecidos pela nossa Constituição 
vigente, no âmbito do direito público, com ênfase na intenção da Lei 3.373/58, em 
sua época de criação, bem como, será analisado as intenções e justificativas do 
13 
 
TCU, para a violação dos direitos adquiridos das beneficiárias ao longo dos anos, e 
se não fere os princípios previstos na Constituição Federal e na lei 8.112/90. 
O presente estudo será pautado nas jurisprudências majoritárias, além de 
doutrina, leis e análise do caso concreto. 
14 
 
2 DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E PREVIDENCIÁRIOS 
 
Na Constituição Federal de 1988 estão previstos princípios que são basilares 
para criação das leis no qual se sustenta a República Federativa do Brasil, que 
devem ser também utilizados como base para criação das leis infraconstitucionais. 
Deste modo não poderia ser diferente com o direito previdenciário, de forma que 
suas leis foram instituídas levando em conta os princípios definidos pela Constituição 
Federal que regem todo o ordenamento. 
Dentre os princípios, aqui serão abordados os que são pertinentes para 
análise da pensão por morte instituída pelo paragrafo único, artigo 5º da Lei 
3.373/58. 
 
 2.1 Princípio da Irretroatividade da Lei e “Tempus Regit Actum” 
 
O princípio da irretroatividade da lei está previsto no art. 5º, XXXVI da CF/88, 
e dispõe que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e nem a 
coisa julgada. Significa dizer que a lei sancionada em qualquer tempo e espaço, 
deverá obrigatoriamente respeitar, além das diretrizes Constitucionais, os casos em 
que já foram instituídas por lei anterior, ou por sentença. 
Para Tavares (2014) o que se busca com este princípio é a proteção as 
relações jurídicas que podem ser prejudicadas por mudanças constantes da lei, que 
dispõe: “A constituição ao proteger esta trilogia, busca assegurar o mínimo de 
estabilidade nas relações jurídicas. Para tanto, proíbe a eficácia retroativa das leis 
àquelas situações do passado já consolidadas.” 
Nesse contexto, o art. 6º da Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro 
reafirmam que ao entrar em vigor uma nova lei, essa terá seus efeitos imediatos e 
gerais, ressalvado o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Desse 
modo o objetivo deste princípio, assim como o disposto na CF/88, é resguardar a 
segurança jurídica e dar estabilidade a vida em sociedade. O princípio garante que 
novas leis não afetem os direitos consolidados pelas leis revogadas, trazendo assim 
fundamentação para o princípio “tempus regit actum”, que constitui a regra geral de 
aplicação das leis no tempo. 
 
15 
 
2.2 Princípio da Segurança Jurídica 
 
Trata-se aqui da necessidade de confiança em que a sociedade teria nos atos 
realizados pelo Estado, por meio dos seus agentes públicos. Assim, o princípio da 
segurança jurídica que também versa sobre a irretroatividade das leis, buscou trazer 
uma estabilidade a ordem jurídica. É importante ressaltar que a segurança jurídica 
não só busca a proteção dos atos adquiridos no passado, como o princípio da 
irretroatividade, mas também aqueles conquistados no futuro, ao estabelecer por 
exemplo as cláusulas pétreas ou os direitos fundamentais, conforme disposto por 
Tavares (2014): 
 
Do princípio da segurança jurídica tem-se: i) a necessidade de certeza, de 
conhecimento do direito vigente e de acesso ao conteúdo do direito; ii) a 
calculabilidade, quer dizer a possibilidade de conhecer de antemão, as 
consequências pelas atividadese pelos atos adotados; iii) a estabilidade da 
ordem jurídica. 
 
Importante salientar ainda nesse sentido que a recentíssima alteração da Lei 
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, em seus artigos 23 e 24, mostram a 
grande importância desse princípio, o qual evidencia a preocupação do legislador 
em proteger a segurança jurídica das relações já consolidadas no caso de revisão 
na esfera administrativa, controladora ou judicial, como veremos a seguir: 
 
Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer 
interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, 
impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá prever 
regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou 
condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime 
e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais. (Incluído pela Lei nº 
13.655, de 2018) 
 
Nesse contexto, as mudanças de interpretação da lei não podem alcançar 
situações anteriores em regime de incerteza. Orientar a transição é dever básico de 
quem cria nova regulação a respeito de qualquer assunto. E ainda temos o art. 24: 
 
Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, 
quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa 
cuja produção já se houver completado levará em conta as orientações 
gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior 
de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente 
constituídas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) Grifo nosso. 
 
16 
 
Em algumas situações, demora-se anos para que a Administração Pública, o 
Tribunal de Contas ou o Poder Judiciário examine a validade de um ato ou contrato 
administrativo que já tenha se completado e nesse período, pode acontecer de o 
entendimento vigente ter se alterado. Caso isso aconteça, o ato deverá ser 
analisado conforme as orientações gerais da época e as situações por elas regidas 
deverão ser declaradas válidas, mesmo que apresentem vícios. 
No caso em tela verifica-se a importância da aplicação deste princípio na lei 
previdenciária, uma vez que há constante necessidade de inovação, pois a 
sociedade traz novos conceitos, novas necessidades, e a lei precisa se adequar a 
realidade social, sem, contudo, ferir o direito consolidado de quem o adquiriu. 
 
2.3 Princípio do Direito Adquirido 
 
O direito adquirido decorre de atos jurídicos passados, onde na vigência de 
uma lei, o indivíduo adquire um direito e este se torna imune a nova lei, ou seja, não 
atingirá o direito conquistado, pois a intenção deste princípio é a preservação do ato 
jurídico perfeito. O princípio em questão trata de um direito fundamental 
constitucional previsto no art. 5º, XXXVI,CR/88 e também na LINDB em seu art.6º 
§2, que dispõe: “Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou 
alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo 
pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.” 
Assim o direito adquirido estabelece que novas leis supervenientes ou 
qualquer alteração de vontade feita de forma unilateral não poderão afetar os direitos 
já constituídos. 
 
2.4 Princípio da Isonomia 
 
O princípio da isonomia foi instituído pela Constituição Federal de 1988 como 
um dos pilares estruturais do nosso ordenamento jurídico. Este princípio magno tem 
como vertente estabelecer que todos serão iguais perante a lei, representando assim 
um símbolo da democracia. 
Desse modo a própria CF determinou de forma ampla sobre o princípio em 
epígrafe, estabelecendo o nosso país como sendo democrático, onde não haverá 
distinção. Vale ressaltar que este é um direito fundamental que exige um 
17 
 
comportamento voltado para que a lei seja aplicada de modo igual para todos os 
cidadãos, vejamos: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade(...) 
 
Pedro Lenza (2009, pág.679) destaca que esta igualdade não deve buscar 
apenas uma aparente igualdade. Para que haja igualdade entre todos, deve haver 
diferenciação positiva entre os cidadãos onde os iguais serão tratados igualmente e 
desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades, vejamos: 
 
O art. 5º, caput, consagra que todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza. Deve-se, contudo, buscar não somente essa 
aparente igualdade formal (consagrada no liberalismo clássico), mas, 
principalmente, a igualdade material, na medida em que a lei deverá tratar 
igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas 
desigualdades. Isso porque, no Estado social ativo, efetivador dos direitos 
humanos, imagina-se uma igualdade mais real perante os bens da vida, 
diversa daquela apenas formalizada perante a lei. 
 
Em síntese, dúvida não resta que, ao se cumprir uma lei, todos os abrangidos 
por ela hão de receber tratamento paritário, sendo certo, ainda, que ao próprio 
ditame legal é proibido deferir disciplinas diversas para situações equivalentes. 
 
2.5 Princípio da Legalidade 
 
Trata-se de um princípio que aponta que qualquer ato praticado pela 
Administração Pública deve ter prévia determinação legal, dispondo assim da mais 
completa submissão da administração a estas leis. 
Este decorre imediatamente do expresso na Constituição Federal de 1988 em 
seu Art. 5º, II, que dispõe: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa senão em virtude de lei”. 
Assim tal princípio é considerado o mais importante princípio da 
Administração Pública, do qual decorrem os demais, agindo portando como princípio 
limitador na pratica de atos do agente público. 
Como bem observa Celso Antônio Bandeira de Mello (2009, pág. 101): 
 
18 
 
O princípio da legalidade é o da completa submissão da Administração às 
leis. Esta deve tão somente obedecê-las, cumpri-las, pô-las em prática. Daí 
que a atividade de todos os seus agentes, desde o que lhe ocupa a cúspide, 
isto é, o Presidente da República, até o mais modesto dos servidores, só 
pode ser a de dóceis, reverentes, obsequiosos cumpridores das disposições 
gerais fixadas pelo Poder Legislativo, pois esta é a posição que lhes 
compete no Direito brasileiro. 
 
 Portanto a administração sujeitar-se-á exclusivamente ao que estiver 
disposto em lei, deste modo todos os atos administrativos realizados além do 
permitido positivado em nosso ordenamento, caso não sejam discricionários, serão 
considerados ilegais. 
Na esfera da Seguridade Social, a aplicabilidade do princípio em comento 
funda-se em que somente por lei, em seu sentido estrito, é que poderá ocorrer a 
criação de uma obrigação previdenciária ou a modificação de um direito. Para uma 
melhor compreensão dos limites de atuação do Poder Legislativo sobre a 
Seguridade Social, é necessária a distinção entre o princípio da legalidade e o 
princípio da reserva legal. 
É de conhecimento que a lei, é uma forma de o Estado regular situações e 
obrigações para a sociedade e para a Administração Pública. Dentre as diversas 
espécies normativas instrumentais ao Estado, estas possuem dois notáveis sentidos: 
o sentido formal e o sentido amplo. A Lei em sentido formal consiste em todo e 
qualquer do Poder Legislativo. Nesse sentido, entende-se como os atos normativos 
oriundos dos órgãos Legislativos, ou seja, a forma pela qual é elaborada. Por outro 
lado, a lei em sentido amplo, consiste em todas as espécies e atos normativos que 
não se subsumam apenas ao Legislativo, mas tambémde outros órgãos, como as 
medidas provisórias, oriundas do chefe do Poder Executivo. 
Nesse interim, tem-se o desdobramento do princípio da legalidade, no qual 
surge o princípio da reserva legal. Este, consiste em que determinadas matérias de 
ordem constitucional serão tratadas por lei específica, expedida pelo Poder 
Legislativo. Deste modo, o Legislativo, por meio de leis ordinárias ou 
complementares, tratará de matéria que, de acordo com a Constituição Federal de 
1988 são reservadas a lei. Deste modo, no âmbito da previdência social, somente a 
lei poderá criar uma obrigação ou modificar um direito. 
Pois bem, feita análise dos princípios pertinentes ao caso em comento 
estudado neste artigo, a análise passa agora para as definições do que dispõe a lei 
3.373/58. 
19 
 
3 CONCEITO HISTÓRICO DA PENSÃO POR MORTE E SEU CABIMENTO 
SEGUNDO AS LEIS PREVIDENCIÁRIAS FEDERAIS 
 
Segundo Fabio Zambitte (2015) a pensão por morte é um beneficio concedido 
aos dependentes do segurado que vem a falecer. Este benefício visa assegurar o 
sustento desta família: “A pensão por morte é um benefício direcionado ao 
dependente do segurado, visando à manutenção da família, no caso da morte do 
responsável pelo seu sustento”. 
 A pensão por morte é um dos benefícios mais antigos constantes no nosso 
ordenamento jurídico, em 1823 a Lei Eloy Chaves (Decreto n. 4.682/23), trouxe em 
seus artigos a previsão da concessão da pensão por morte, com a criação da Caixa 
de Aposentadorias e Pensões para os empregados das empresas ferroviárias, e em 
seu art. 26 dispunha das condições para concessão da aposentadoria e quem teria 
direito a recebê-la, vejamos: 
 
No caso de falecimento do empregado aposentado ou do ativo que contar 
mais de 10 anos de serviços efetivos nas respectivas empresas, poderá a 
viúva ou viúvo inválido, os filhos e os pais e irmãs enquanto solteiras, na 
ordem de sucessão legal, requerer pensão à caixa criada por lei. 
 
 Assim, este decreto foi considerado pela doutrina o ponto inicial da 
previdência no Brasil, porém não era o Estado que custeava a caixa, segundo o art. 
3º da referida lei, isto ocorria com contribuições mensais dos empregados, das 
empresas e até mesmo dos consumidores. 
 Deste modo é possível verificar que nem sempre o Estado foi parte ativa na 
composição do beneficio da pensão por morte concedida pelas caixas assistências, 
conforme mencionado acima, sendo que esta obrigatoriedade de participação do 
estado só ocorreu na constituição de 1934. 
 Consequentemente, com o desenvolvimento da sociedade e com as leis 
trabalhistas vieram também os direitos previdenciários regulados por algumas leis. 
Uma dessas foi a Lei Federal nº 3373/58, que dispõe sobre o Plano de Assistência 
ao Funcionário e sua Família, a que se referem os artigos. 161 e 256 da Lei nº 
1.711, de 28 de outubro de 1952, na parte que diz respeito à previdência. Assim a lei 
federal nº 3373/58 visava, de acordo com seu art. 1º a proteção à família dos 
segurados depois que estes falecessem. 
O citado artigo apresenta a preocupação da lei em proteger uma parte 
20 
 
hipossuficiente que não tinha a menor condição de prover o seu sustento próprio, 
pois nesta época raras eram às vezes em que uma mulher podia trabalhar, e as que 
trabalhavam, só o faziam mediante autorização do marido. Deste modo, o pai era o 
provedor da família, aquele que sustentava a casa, e se viesse a falecer, seus filhos 
e esposa ficariam desprotegidos, sem ter de onde tirar o seu sustento. 
 O legislador buscou a proteção dos que eram mais frágeis, dentre eles a 
mulher foi considerada hipossuficiente de maneira que a própria lei decidiu por 
resguardar não somente as mulheres casadas, mas também as filhas que não 
viessem a se casar. Portanto a lei federal nº 3373/58 em seu art. 5° previu como 
dependentes do segurado: 
 
Art. 5º Para os efeitos do artigo anterior considera-se família do segurado: 
I - Para percepção de pensão vitalícia: 
a) a esposa, exceto a desquitada que não receba pensão de alimentos; 
b) o marido inválido; c) a mãe viúva ou sob dependência econômica preponderante 
do funcionário, ou pai inválido no caso de ser o segurado solteiro ou viúvo; 
[...] 
Parágrafo único. A filha solteira, maior de 21 (vinte e um) anos, só perderá a 
pensão temporária quando ocupante de cargo público permanente. (Grifo 
nosso) 
 
Neste contexto é importante ressaltar que em seu art.5º §u, a proteção da lei 
para filhas solteiras maiores de 21 anos que não ocupasse cargo permanente, mas 
uma vez reforçando a tese apresentada acima, havia uma preocupação não só com 
os filhos menores, mas também com as filhas que não viessem a se casar ou que 
não fosse aprovada em um concurso público, que naquela época era a única 
maneira de garantir um futuro, uma vez que este era um cargo que traria 
estabilidade financeira a mulher solteira. Assim a pensão por morte do pai não as 
deixaria desamparadas caso estas não tivessem um marido para sustentá-las. 
 Com o passar dos anos, com a evolução social e com o domínio das 
mulheres no mercado de trabalho, a CR/88 não recepcionou o disposto no art. art.5º 
§u, da Lei Federal 3373/58, fato inteiramente compatível com o contexto da época, 
já que a mulher tinha agora mais acesso à educação, estava conquistando espaço 
na política, no âmbito econômico e social. Assim a CR/88 trouxe em seu texto o tão 
sonhado direito a igualdade, pelo qual as mulheres lutaram durante anos, tão logo 
agora o tratamento entre os sexos deveria ocorrer de forma igualitária, sem restrição 
entre eles. 
Assim homens e mulheres são de acordo com o art. 5º, I, da CF de 1988 
21 
 
iguais perante a lei, no exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a 
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade, sempre observando a 
justiça como valores principais desta sociedade, pluralista e sem preconceitos. 
E no que diz respeito à pensão por morte, instituída pela lei nº: 3.373/58 não 
seria diferente, pois a CF/88 em seu artigo 201, V, dispõe que a pensão por morte 
irá abranger a todos de forma igual sendo homem ou mulher, companheira ou 
companheiro deste que preencha os requisitos disposto em lei: 
 
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, 
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que 
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, 
a: 
(...) 
V - Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou 
companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º. (Grifo 
nosso) 
 
Pouco tempo depois em 11 de dezembro de 1990, foi promulgada a lei nº 
8.112/90 que trata do regime jurídicos dos servidores públicos civis da união, esta 
por sua vez, revogou a lei nº: 3.373/58 no que diz respeito às questões 
previdenciárias, isto porque surge a evidente necessidade de atualização, devido ao 
contexto e as evoluções da sociedade. Esta lei, não contemplou a pensão por morte 
para as filhas solteiras maiores de 21 anos, mas traz em seu texto a ideia de 
igualdade esposada pela Constituição, deste modo à pensão para os filhos se dará 
de maneira igual independe do sexo, bastado apenas ser menor de 21 anos ou por 
tempo indeterminado em caso de invalidez. 
Importante ressaltar que no que pese a alteração da lei no que tange o rol 
taxativo que caracteriza os dependentes, por força constitucional, os casos que 
foram instituídos até a vigência da nova lei estão sob o manto do já citado direito 
adquirido, tanto que a nova lei trouxe uma previsão especifica que reforça o direito 
adquirido no art. 248: ”As pensões estatutárias, concedidas até a vigência desta Lei, 
passam a ser mantidas pelo órgãoou entidade de origem do servidor”. 
 Destarte, é possível verificar que a pensão por morte do servidor público 
passou por várias etapas, acompanhando o avanço da sociedade e se atualizando, 
sem, contudo deixar de proteger os direitos conquistados na vigência da lei anterior. 
Atualmente a pensão por morte para dependentes de servidores público esta 
regulamentada pela lei nº 8.112/90, que será analisada a seguir. 
22 
 
4 LEI Nº 8.112/1990 E A PENSÃO POR MORTE PARA FILHA SOLTEIRA MAIOR 
DE 21 ANOS 
 
A lei nº 3.373/1958 vigorou ate o advento da lei nº 8.112/1990. Esta trouxe 
novas regras no que diz respeito à concessão da pensão por morte dos servidores 
públicos federais, que passou a dispor que os dependentes do segurado farão jus ao 
recebimento da pensão por morte em caso de falecimento do servidor, nesse 
contexto o art. 217 da lei nº 8.112/90 estabelece quem são beneficiários da pensão 
por morte, que aqui cabe citar: 
 
Art. 217. São beneficiários das pensões: 
I - o cônjuge; 
II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato, com 
percepção de pensão alimentícia estabelecida judicialmente 
III - o companheiro ou companheira que comprove união estável como 
entidade familiar 
IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos seguintes requisitos: 
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; 
b) seja inválido 
d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos do regulamento 
V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do servidor; 
VI - o irmão de qualquer condição que comprove dependência econômica 
do servidor e atenda a um dos requisitos previstos no inciso IV. 
 
Destaque-se o inciso IV, que traduz em caso de falecimento do segurado 
qualquer um de seus dependentes poderá, desde que respeitado a ordem legal, 
requerer o beneficio da pensão. Deste modo, é possível verificar a primeira inovação 
trazida por esta lei, uma vez que não trouxe no rol de dependentes especificamente 
a filha solteira maior de 21 anos, tendo agora tanto o filho homem quanto a filha 
mulheres terão direito a pensão, se menores de 21 anos, ou por tempo 
indeterminado em casos de invalidez. 
A alteração na lei é perfeitamente cabível e de fácil compreensão, uma vez 
que esta se deu para acompanhar o desenvolvimento da sociedade, pois a mulher 
até então naquela época era parte hipossuficiente, e agora não mais é privada de 
trabalhar, ou tratada como se fosse incapaz, além do mais consegue prover o 
próprio sustento, não restando assim motivo para que continuasse prevista em lei a 
necessidade do seu sustento caso o pai falecesse e esta não se casasse. 
Assim não haveria motivo para que a filha solteira maior de 21 anos fosse 
amparada pela lei nº 8.112/90, no que diz respeito à pensão por morte uma vez que 
esta já não é mais parte hipossuficiente e consegue se sustentar. 
23 
 
E não poderia ser diferente, uma vez que a legislação deve acompanhar a 
evolução da sociedade, ou então esta cairia em desuso, com mudanças ocorrendo o 
tempo todo, evidenciando claro a conquistas de direitos pelas mulheres, os quais 
têm presenciado ao longo dos tempos, não poderia o legislador ter outra atitude se 
não atualizar o contexto da Lei nº 3.373/58. 
 Posto isto, em uma breve comparação entre as referidas leis, a lei nº 8.112/90 
não recepcionou as filhas solteiras maiores de 21 anos, tendo em vista o contexto ao 
qual vivemos hoje, mas, em seu art. 248 é possível verificar que apesar de não 
conter o artigo em questão esta dispõe que as pensões que foram mantidas até o 
advento da nova lei deveria permanecer e serem mantidas pelo órgão de origem. 
 Assim sendo, é claro e evidente que a lei nº 8.112/90 não dispõe sobre 
pensão para filhas solteiras moires de 21 anos, mas esta resguarda o direito 
daquelas que já possuem a pensão. De modo que os tribunais têm acompanhando 
processos que tangem o tema e decidido no sentido de que a morte dos segurados 
que ocorreram ate o advento da lei nº 8.112/90 serão aplicados em conformidade 
com a lei da época em que houve o falecimento qual seja, a lei nº 3.373/58, no que 
diz respeito às filhas maiores que já recebem a pensão dos pais falecidos. Nesse 
contexto Paulo Diniz fala que: 
 
Como norma de direito público, de natureza jurídica estatutária, e não 
contratual, a legislação do servidor público civil constitui um conjunto de 
normas cuja eficácia subordina-se ao interesse público. A supremacia do 
Estado autoriza lhe modificá-las, sem, contudo, revogá-las. 
 
Deste modo, segundo a doutrina e orientações jurisprudenciais a lei 
previdenciária é regida pela lei vigente ao tempo da concessão do beneficio, não 
permitindo interpretação diversa, uma vez que todo ato administrativo deve estar 
previsto em na legislação, tal qual norteia o principio da legalidade já citado. Assim 
concorda o professor Gustavo Binenbojm (2008, p. 15): 
 
 [...] a atividade administrativa continua a realizar-se, via de regra, (i) 
segundo a lei, quando esta for constitucional (atividade secundum legem), 
(ii) mas pode encontrar fundamento direto na Contituição, independente ou 
para além da lei (atividade praeter legem), ou, eventualmente, (iii) legitimar-
se perante o direito, ainda que contra a lei, porém com fulcro numa 
ponderação da legalidade com outros princípios constitucionais (atividade 
contra legem, mas com fundamento numa otimizadora aplicação da 
Constituição). 
 
24 
 
Destarte, a atualização das leis é necessária para a sociedade, mas apesar 
desta trazer novos entendimentos é preciso ainda assim entender que não se pode 
descartar aquilo que foi adquirido ao longo dos tempos, mesmo com as inovações 
da lei 8.112/90, foram preservados os direitos que foram conquistados pela lei nº 
3.373/58, tendo em vista o direito adquirido e o princípio da segurança jurídica. 
25 
 
 
5 ENTENDIMENTO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO A RESPEITO DA 
PENSÃO POR MORTE DO SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL PARA FILHA 
SOLTEIRA MAIOR DE 21 ANOS 
 
Conforme exposto anteriormente, a pensão por morte concedida à filha 
solteira maior de 21 anos foi revogada, mas a própria lei dispôs que os direitos 
adquiridos até sua vigência seriam resguardados, contudo, apesar do disposto em 
lei, recentemente do Tribunal de Contas da União em seu Acórdão nº 2.780/2016 
ordenou que os órgãos responsáveis pelo pagamento de pensões especiais 
instituídas por ex-servidores da Administração Pública Federal em favor de filhas 
maiores solteiras, com base na lei 3.373/58, intimasse as aludidas dependentes para 
que se manifestem acerca de possíveis irregularidades sobre o recebimento da 
pensão: 
 
SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. PESSOAL. 
IDENTIFICAÇÃO DE INDÍCIOS DE PAGAMENTOS INDEVIDOS DE 
PENSÕES ESPECIAIS INSTITUÍDAS POR EX-SERVIDORES DA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL EM FAVOR DE FILHAS 
MAIORES SOLTEIRAS, COM BASE NA LEI 3.373/1958. 
CONSIDERAÇÕES SOBRE A MATÉRIA. DETERMINAÇÃO PARA 
QUE AS UNIDADES JURISDICIONADAS RESPONSÁVEIS PELOS 
PAGAMENTOS ASSEGUREM ÀS INTERESSADAS O 
CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA, E, APÓS, EXCLUAM AS 
PENSÕES CUJAS IRREGULARIDADES NÃO SEJAM ELIDIDAS. 
DETERMINAÇÕES. CIÊNCIA. 
 
Assim segundo o TCU as filhas que já não tenham dependência econômica 
do segurado não teria direito a esta pensão, uma vez que a intensão da lei ao prever 
tal benefício era manter o sustento da filha que não se casasse ou fosse ocupante 
de cargo público, e como aparentemente a pensionada teria condições de manter o 
seu sustento não haveria a necessidade de continuar o recebimento da pensão. 
Percebe-se, claramente, que o TCU majorou a intepretação legal, acrescentando 
novo requisito, qual seja, dependência econômica, que anteriormente não haviaprevisão na lei. 
O entendimento está disposto na súmula do TCU 285 que estabelece que as 
filhas só recebessem a pensão se possuírem dependência econômica do possuidor 
da pensão, in verbis: “A pensão da Lei 3.373/1958 somente é devida à filha solteira 
26 
 
maior de 21 anos enquanto existir dependência econômica em relação ao instituidor 
da pensão, falecido antes do advento da Lei 8.112/1990.” 
Deste modo, aquela mulher que de alguma forma tem outros tipos de 
rendimentos não terá direito ao recebimento da pensão, uma vez que segundo o 
TCU esta não possui dependência econômica do instituidor da pensão. 
É possível verificar que o Tribunal de Contas da União traz uma nova 
interpretação à lei, uma vez que esta não previu como requisito para o recebimento 
da pensão a dependência econômica. Questiona-se esta inovação fere os princípios 
constitucionais e previdenciários, já que este traz um fato modificativo não previsto 
na lei. 
Até então o entendimento que se tinha era que desde que a filha fosse 
solteira e não fosse concursada faria jus ao recebimento da pensão, soma-se 
também o que dispõe a lei em seu art. 248, que os direitos adquiridos até o advento 
da lei nº 8112 de 1990 não seriam revogados por esta lei desde que cumpridos os 
requisitos. 
É possível verificar que este também era o entendimento do TCU, como foi o 
caso TC-003.316/2004-3 que entende que: 
 
O inciso XIII do parágrafo único do art. 2º da Lei nº 9.784/99, de aplicação 
subsidiária às normas processuais do TCU, veda expressamente à 
Administração Pública, nos processos administrativos, a aplicação retroativa 
de nova interpretação. 
 
Deste modo tanto a lei, os tribunais e o próprio TCU, antes a essa releitura, 
vedavam expressamente a aplicação retroativa da lei. 
Segundo Marisa Ferreira Santos (2009, pág. 51), em seu livro “Direito 
Previdenciário Esquematizado”, o princípio aplicado ao direito previdenciário é que o 
tempo rege o ato, ou seja, a lei aplicada ao ato será a lei vigente na época em que 
este ocorreu: 
 
Em matéria previdenciária, aplica-se o princípio segundo o qual tempus 
regit actum: aplica-se a lei vigente na data da ocorrência do fato, isto é, da 
contingência geradora da necessidade com cobertura pela seguridade 
social. Enem poderia ser diferente porque se, de um lado, novas situações 
de necessidade vão surgindo no meio social. 
 
Não resta duvidas, portanto que o ato regulamentado pela lei previdenciária 
será regido pela lei previdenciária a época que ocorreu o ato. 
27 
 
 Ressalta-se ainda que este é um tema já pacificado pelo STF na súmula 359: 
“Não resta duvidas, portanto que o ato regulamentado pela lei previdenciária será 
regido pela lei previdenciária a época que ocorreu o ato.” 
Logo, a aplicação da lei previdenciária se dará no tempo em que ocorreu ao 
ato, ou a morte do segurado, e conforme exposto acima a lei previdenciária antiga 
não será revogada pela nova lei no que diz respeito aos direitos que foram 
adquiridos, isso devido aos princípios da segurança jurídica, do direito adquirido e da 
irretroatividade da lei já analisados. 
28 
 
6 NOVA INTERPRETAÇÃO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO FRENTE AOS 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
 
Diante dos princípios constitucionais apresentados anteriormente é preciso 
fazer um comparativo da aplicação das decisões do Tribunal de Contas da União 
tendo em vista os princípios constitucionais que visam a preservação dos direitos 
adquiridos ao longo dos tempos, levando em conta que devido a alterações 
constantes das leis é preciso dar segurança aos direitos que foram alcançados, 
assim a constituição traz em seu rol de direitos fundamentais entre outros a 
segurança jurídica, o direito adquirido e irretroatividade das leis. 
De acordo com o aspecto jurídico apresentado o tribunal de contas traz em 
suas decisões um novo entendimento, qual sejam além de preencher todos os 
requisitos previstos na lei agora as filhas solteiras maiores de 21 anos que não mais 
possuam dependência econômica com o instituidor da pensão, também não teriam 
direito ao recebimento da pensão. 
Porém, é importante lembrar que nada dispõe o aludido diploma legal quanto 
à impossibilidade de a pensionista auferir outras fontes de renda, deste modo, o 
princípio ao direito adquirido estabelece que ao cumprir todos os requisitos 
estabelecidos em lei este fara jus aos seus benefícios, e serão protegidos caso a lei 
que os instituiu for revogada, ainda para reforçar tal premissa o princípio da 
legalidade representa a subordinação do Poder Público à previsão legal. Hely Lopes 
Meirelles (2012, pág. 89) ensina que: 
 
A legalidade, como princípio de administração, significa que o administrador 
público está, em toda sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da 
lei, e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, 
sob pena de praticar ato inválido e expor-se à responsabilidade disciplinar, 
civil e criminal, conforme o caso. 
 
Nesse contexto os princípios da irretroatividade e da segurança jurídica, 
buscam proteger os atos passados, impostos na lei, dando mais confiança e 
estabilidade ao direito que foi adquirido. Vale citar Aliomar Baleeiro (2005, pág. 669): 
 
O termo vigência deve ser articulado ao princípio da anterioridade, uma vez 
que, no Direito tributário, uma lei pode estar vigente, mas ter sua eficácia 
por ele inibida (o que acontecia usualmente, quando existente, entre nós, o 
princípio da autorização orçamentária). 
 
29 
 
Ainda neste sentido, a própria lei nº 9.784/99, que regula o processo 
administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, em seu artigo 2º, inciso 
XIII, veda aplicação retroativa de nova interpretação de normas administrativas, 
vejamos: 
 
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da 
legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, 
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse 
público e eficiência. 
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre 
outros, os critérios de: 
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o 
atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de 
nova interpretação. 
 
Vale lembrar ainda que a lei previdenciária é regida pelo tempo do ato, assim 
deverá incidir sobre o ato a lei vigente à época do fato gerador do benefício, neste 
caso o tempo em que ocorreu a pensão por morte. Ademais, o art. 54, da lei nº 
9.784/99, estabelece que será de cinco anos a contar do primeiro recebimento, o 
prazo decadencial para que a administração pública exerça seu o poder-dever de 
autotutela, in verbis: “Art. 54. O direito da Administração de anular os atos 
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em 
cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.” 
 Deste modo as detentoras do direito da pensão temporária, são beneficiárias 
há pelos menos 28 anos, não sendo possível a anulação destes, salvo se 
comprovado que houve má fé. Assim a respeito do direito adquirido em pensões 
previdenciárias, o STF dispõe que: 
 
TÍTULO: Direito Adquirido a Pensão Temporária 
ARTIGO: A Turma manteve acórdão do TRF da 1ª Região que reconhecera 
a filha de servidor público falecido direito adquirido à percepção de pensão 
temporária com base na Lei 3.373/58, que prevê a perda do direito de 
receber a respectiva pensão apenas quando a beneficiária, filha solteira 
maior de 21 anos, vier a ocupar cargo público permanente. Considerou-se 
que a Lei 8.112/90 (arts. 217, II, a, e 222, IV), ao revogar tal benefício 
determinando a perda da qualidade de beneficiárioaos 21 anos, não 
poderia retroagir, atingindo benefícios concedidos antes de sua vigência. RE 
234.543-DF, rel. Min. Ilmar Galvão, 20.4.99. 
 
Nesse sentido há entendimento do STJ expresso na súmula 340, que dispõe: 
“A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na 
data do óbito do segurado”. 
30 
 
Portanto a ordem jurídica nacional reconhece os princípios constitucionais do 
direito adquirido, da segurança jurídica e da irretroatividade no direito previdenciário, 
e a proteção destes é de extrema importância no Estado Democrático de Direito, em 
nome da segurança jurídica e da estabilidade das relações travadas numa 
sociedade política juridicamente organizada pelo direito. 
31 
 
7 DECISOES DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO E ENTENDIMENTOS 
JURISPRUDENCIAIS 
 
Pelo exposto, verifica-se que com a nova interpretação do TCU, onde este 
traz inovação aos requisitos anteriormente estabelecidos em lei para concessão 
desta pensão, houve uma grande demanda de ações judiciais sobre o tema. 
Assim o STF se posiciona de maneira a reforçar as teses apresentadas nos 
casos concretos, um exemplo foi o julgamento do mandado de segurança nº 34.677, 
onde este decidiu da seguinte forma: 
 
Partindo dessa premissa, o TCU determinou a reanálise de pensões 
concedidas a mulheres que possuem outras fontes de renda, além do 
benefício decorrente do óbito de servidor público, do qual eram 
dependentes na época da concessão. 
Discute-se, portanto, se a dependência econômica em relação ao instituidor 
do benefício e do valor pago a título de pensão por morte encontra-se no rol 
de requisitos para a concessão e manutenção do benefício em questão. 
O Relator dispõe que a jurisprudência consolidada neste Supremo 
Tribunal Federal quanto à incidência, aos benefícios previdenciários, 
da lei em vigência ao tempo em que preenchidos os requisitos 
necessários à sua concessão. Trata-se da regra “tempus regit actum”, 
Ademais as pensões cujas revisões foram determinadas no Acórdão 
2.780/2016 – Plenário – TCU, tiveram suas concessões amparadas na Lei 
3.373/58, que dispunha sobre o Plano de Assistência ao Funcionário e sua 
Família (regulamentando os artigos 161 e 256 da Lei 1.711/1952, a qual, por 
sua vez, dispunha sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da 
União). Com essas considerações, havendo fundamento relevante e risco 
de ineficácia da medida, defiro parcialmente o pedido de liminar, nos termos 
do art. 7º, III, da Lei 12.016/2009, para suspender, em parte, os efeitos do 
Acórdão 2.780/2016 em relação às pensionistas associadas à Impetrante 
até o julgamento definitivo deste mandado de segurança, mantendo-se a 
possibilidade de revisão em relação às pensões cujas titulares ocupem 
cargo público de caráter permanente ou recebam outros benefícios 
decorrentes da alteração do estado civil, como a pensão prevista no art. 
217, inciso I, alíneas a, b e c, da Lei 8.112/90, ou a pensão prevista no art. 
74 c/c art. 16, I, ambos da Lei 8.213/91, ou seja, pensões por morte de 
cônjuges. (Grifo nosso). 
 
Deste modo o STF atualmente entende que há plausibilidade jurídica no 
pedido formulado pelas pensionistas, uma vez que foi reconhecido o seu direito e 
presente os requisitos para auferir a pensão. Ademais não se verificando a 
superação das condições essenciais previstas em lei, a pensão é devida e deve ser 
mantida. 
Ainda neste contexto a lei nº 13.655, de 25 de abril de 2018, que incluiu no 
Decreto-Lei nº 4.657, (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), 
disposições sobre segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito 
32 
 
público, corrobora com ideia trazida pelo STF. Nas lições de Maia Helena Diniz 
(2007, pág. 93): 
 
O direito adquirido é uma espécie de direito subjetivo definitivamente 
incorporado ao patrimônio jurídico do titular, apesar de ainda não 
consumado, o que tona possível sua exigibilidade na via jurisdicional, se 
não cumprido pelo obrigado voluntariamente. Seu titular está protegido de 
futuras mudanças legislativas que regulem a matéria em questão, porque tal 
direito já se encontra incorporado ao patrimônio jurídico do titular, a despeito 
de não ter sido exercitado, o que lhe preserva seus direitos, mesmo que 
surja nova lei contrária a seus interesses. 
 
Vale citar aqui o que preconiza Celso Antônio Bandeira de Mello (2009, pág. 
103): “Portanto a função do ato administrativo só poderá ser a de agregar a lei nível 
de concreção; nunca lhe assistira instaurar originariamente qualquer cerceio a direito 
de terceiros”. 
 
Apesar do entendimento trazido pelo Tribunal de Contas da União tanto os 
tribunais, quanto a doutrina e até mesmo a lei em vigor entendem que os princípios 
constitucionais devem ser respeitados, não podendo os atos da administração 
pública atropelar os direitos que são resguardados pela carta magna. 
 
33 
 
CONCLUSÃO 
 
Conclui-se, portanto que as pensões foram concedidas em conformidade com 
os requisitos da lei federal 3.373/58, e assim permaneceram, seguindo 
rigorosamente o disposto em lei. É importante frisar que a lei aplicada ao caso, é a 
do momento em que o ato se consumou, conforme entendimento consolidado dos 
tribunais em respeito ao princípio “tempus regit actum”, não havendo então como 
negar que se o segurado falecesse antes do advento da lei 8112/90, que revogou a 
lei 3.373/58, de acordo com a Constituição Federal em seu art. 5º, inciso XXXVI, e a 
própria lei 8112/90 em seu art. 248, que traz segurança as pensões já concedidas, 
as pensionistas teriam o direito a pensão desde que permanecessem na condição 
de solteira e não fossem servidoras públicas. Vale lembrar inclusive conforme 
mencionado acima que este foi por muito tempo o entendimento do TCU. 
As alterações acerca da criação de lei que visem criar novas obrigações, ou 
modificar direitos existentes, devem partir do Poder Legislativo, na forma da lei, 
tendo em vista que a este a Constituição Federal de 1988, assim atribuiu a 
competência para tal ato. A inobservância do TCU, quando da elaboração do 
Acórdão nº 2.780/2016, que altera dispositivos da lei 3.373/58, acabou por infringir 
princípios constitucionais basilares. 
As questões de ordem econômica do Estado não podem servir de justificativa 
para que haja a supressão de direitos e garantias fundamentais, como se observa no 
caso em tela. O Estado não pode trazer tratamento desigual para pessoas em 
condições equivalentes, com o propósito de efetivar interesses patrimoniais do 
Estado. Sempre que houver conflitos entre o interesse público primário e público 
secundário, deve prevalecer o interesse do primeiro. O não atendimento do interesse 
público primário, em prevalência do interesse público secundário constitui em ofensa 
ao núcleo essencial da Constituição Federal de 1988. 
Verifica-se, portanto, que as decisões do TCU trazem interpretação ampliativa 
do texto legal, sendo vedado ao administrador público estabelecer a ampliação de tal 
interpretação, principalmente se estas ferem direitos protegidos pela Carta Magna. 
Entende-se assim que o Tribunal de Contas da União ao realizar tal interpretação 
cria um novo impeditivo para continuidade do recebimento do beneficio, que até 
então, não estava previsto em lei, estando assim em desacordo com nosso 
ordenamento jurídico, uma vez que não compete ao intérprete da norma inovar em 
34 
 
relação aos seus termos, ou seja, se a própria lei não fez tal distinção, não caberá 
ao intérprete faze-la. 
A Suprema Corte do Brasil entende que tais pensões encontram-se 
consolidadas e somente podem ser alteradas, é dizer, cessadas, se um dos dois 
requisitos for superado, e ainda que houvesse a hipótese deaplicação da inovação 
interpretativa do TCU, esta não poderia retroagir, pois a lei 9.784/99 veda a 
aplicação retroativa de nova interpretação na análise de processos administrativos. 
Tem-se aqui a proteção ao princípio da segurança jurídica que traz a necessidade de 
confiança da sociedade nos atos realizados pelo estado. 
Finalmente, para confirmar a tese acima apresentada, a lei nº 13.655/2018 
fortalece a ideia de irretroatividade do direito onde poderá haver prejuízo nas 
situações jurídicas perfeitas, que foram constituídas de boa-fé, em acordo com o 
ordenamento à época vigente. Esta busca dar segurança no longo prazo para 
situações jurídicas que foram constituídas à luz de um entendimento válido. 
Portanto o ordenamento jurídico brasileiro reconhece a existência do direito 
adquirido no direito previdenciário e no direito administrativo, sendo esses pontos de 
fundamental importância no Estado Democrático de Direito, em nome da segurança 
jurídica e da estabilidade das relações travadas numa sociedade política 
juridicamente organizada por regras que visam resguardar estes direitos. 
35 
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS 
 
BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro. 11ª edição, atualizada por 
Misabel Abreu Machado Derzi. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2005. p. 669. 
 
BINENBOJM, Gustavo. A Constitucionalização do Direito Administrativo no 
Brasil: um inventário de avanços e retrocessos. Revista Eletrônica sobre a Reforma 
do Estado (RERE). Salvador. Instituto Brasileiro de Direito Público. n. 13. 
mar./abr./mai. 2008. Acesso em: 25 de agosto de 2018. 
 
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