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Resenha Critica do Artigo:
Deshpandé, Rohit e Pinho, Ricardo Reisen de. A Aids no Brasil. 507 – P02. Havard Business School, 2007
Saúde em negociação
Karin Priscila Braga Knauft Monteiro (Unesa – CF)
Introdução
No artigo sobre a Aids no Brasil, os autores Rohit Deshpandé e Ricardo Reisen de Pinho, tratam o tema da Aids a partir de seu tratamento com medicamentos. Com essa abordagem, eles conseguem apresentar um panorama que vai além do quadro político e econômico, onde um impasse quase provocou a violação da lei de patentes, na busca pela redução dos valores cobrados pela medicação. 
Resenha
Os autores iniciam o artigo com três citações publicadas, em um prazo de 16 dias, cujo teor refere-se à um acordo feito com o Laboratório Abbott relativo à medicação produzida para tratamento da Aids. Na primeira citação, o então ministro da Saúde do Brasil faz uma crítica ao preço abusivo cobrado pelo Laboratório Abbott, detentor da patente do medicamento Kaletra. Onze dias depois, uma representante do laboratório anuncia um acordo com o governo brasileiro. Acontece uma reforma ministerial e cinco dias depois do anuncio da representante do laboratório, o novo ministro da Saúde diz que não encontrou nenhum documento sobre o referido acordo, e que, este, portanto, não era válido. Essa decisão pegou a indústria farmacêutica internacional de surpresa, pois o impacto financeiro para ambas as partes era muito elevado. O Laboratório Abbott havia concordado em abaixar o preço pago pelo governo brasileiro pelo Kaletra, e foi um passo importante para encerrar uma disputa na qual o Brasil ameaçou emitir uma licença compulsória, violar patentes e produzir o medicamento em seu laboratório governamental no Rio de Janeiro, o Farmanguinhos. Segundo um representante do laboratório, uma outra negociação já havia sido realizada pela redução do preço do Kaletra, onde o governo brasileiro pagava menos da metade do preço pago nos países desenvolvido, não sendo menor, apenas, em comparação ao preço pago pela África e por outros países subdesenvolvidos, onde havia a prática de um preço subsidiado como parte de um programa humanitário. Por outro lado, devido à sua grande população, desigualdade de renda, grande massa de analfabetos funcionais, pobreza e mobilidade, pesquisadores e políticos observaram que a população brasileira seria altamente suscetível ao vírus, sendo previsto pelo Banco Mundial, no começo dos anos 1990, que até o ano 2000 o HIV teria infectado 1,2 milhões de brasileiros, projeção que não se confirmou: em 2005, apenas 600 mil brasileiros era portador do vírus. O Brasil foi considerado uma história de sucesso exemplar entre os países em desenvolvimento no que diz respeito ao controle da Aids, conseguindo manter a disseminação das infecções por HIV em níveis semelhantes ao da Europa Ocidental. Ainda assim, citando preocupações humanitárias e seu status de país “em desenvolvimento”, economicamente atrasado, o governo invocou o direito legal de ignorar as patentes farmacêuticas do Laboratório Abbott e emitir uma licença compulsória para a fabricação do medicamento em seu laboratório governamental no Rio de Janeiro, caso o laboratório americano não abaixasse mais o preço de venda do Kaletra, argumentando que sob certas condições, a Organização Mundial do Comércio permite que os governos declarem que certos medicamentos são de necessidade nacional, e quebre patentes para produzir versões genéricas mais baratas. Na verdade, o Brasil tinha conseguido diminuir os preços das drogas antirretrovirais em 87%, em média, entre 1996 e 2002. Para alguns críticos, dificilmente o Brasil poderia ser considerado um país em crise, apontando para o rápido crescimento da sua economia e o baixo índice de propagação da Aids.
Conclusão
A Aids no Brasil vai muito além do que propõe este artigo que fragmentou a história com destaque para o episódio em que o Brasil ameaçou violar a lei de patentes, através do uso da licença compulsória. Rangel Oliveira Trindade, em seu artigo “Os direitos humanos como fundamentação para a “quebra de patentes” dos medicamentos para a Aids: posição do Brasil”, diz que: “O Brasil vem desenvolvendo, desde 1996, com o advento da Lei Sarney, que estabeleceu a gratuidade do tratamento antirretroviral, uma política de acesso universal a medicamentos para a AIDS”. São 16 remédios que compõe o chamado coquetel antirretroviral, sendo que o país produz oito deles e os demais são patenteados, comprados de laboratórios estrangeiros, entre eles, o Abbott. Como 2005, os gastos com medicamentos não fabricados no Brasil aumentaram vertiginosamente, o governo resolveu declarar o interesse público e a “quebra da patente” do antirretroviral Kaletra, ameaçando emitir a licença compulsória, e usou isso claramente como forma de negociação de redução de preços, que foram reduzidos a um patamar que considerou adequado, encerrando assim as negociações. Essa decisão foi considerada acertada na época e, hoje, ainda temos necessidade de fazer uso desse instrumento de negociação frente as necessidades que se apresentam, uma vez que a Organização Mundial do Comércio é protecionista e tem permitido a falha na diplomacia quando o assunto são os direitos de patentes.
Trindade, Rangel Oliveira. Os direitos humanos como fundamentação para a “quebra de patentes” dos medicamentos para a Aids: posição do Brasil
http://www.ufrgs.br/antropi/lib/exe/fetch.php?media=dh.pdf
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