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Resumo Direito Penal I - 2º Bimestre

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Resumo de Direito Penal I
2º Bimestre
TEORIA DA NORMA PENAL
1. Lei x Norma 
LEI: o conteúdo está descrito. 
Exemplo: Art. 120 – Perdão Judicial – descreve um comportamento. 
 Art. 210 – Violação de Sepultura – descreve uma conduta. 
NORMA: é proibitiva ou mandamental. 
Exemplo: Art. 121 – Matar Alguém – norma proibitiva, proíbe matar alguém. 
 Art. 210 – Violação de Sepultura – proíbe violar ou profanar.
Coloca-se um “não” na frente da conduta descrita. 
Verifica o comportamento que o legislador quer de você. 
Art. 121 (não) Matar alguém. 
Exemplo: Art. 135 – Deixar de Prestar Assistência – descreve um comportamento – mas a norma esta mandando fazer algo, neste caso prestar socorro. 
O legislador quer que você faça algo. 
2. Teoria de Binding 
Conhecida Teoria das Normas, que parte do estudo do tipo penal para analisar o comportamento daquele que o infringe. 
Para Binding, o criminoso, ao cometer um crime, não infringe a lei, mas sim, a norma penal nela contida. 
Assim, existiria uma diferença entre norma penal e lei penal.
Norma Penal contém caráter mandamental ou proibitivo; 
Lei Penal possui, apenas, mero caráter descritivo da conduta considerada ilegal. 
Exemplo: Art. 217-A – Estupro de Vulnerável – Norma Proibitiva.
 Art. 135 – Omissão do Socorro – Mandamental. 
3. Normas Penais 
Incriminadoras: define as infrações penais e cominam as sanções que lhes são inerentes. 
Proibição e Mandamento 
É dotada de um preceito primária (onde está contida a definição da conduta criminosa) e de um preceito secundário (que prevê a sanção penal aplicável)
Não Incriminadoras: (parte geral do CP) lei penal em sentido amplo, não tem finalidade criar condutas puníveis nem de cominar sanções a elas relativas, subdividindo-se em:
I) Permissivas: (justificante ou exculpante) – torna ilícita determinada conduta que, normalmente, estariam sujeitas à reprimenda estatal. 
EX: Art. 25 – legítima defesa. 
- Justificante: permite um comportamento em alguns casos. EX: Art. 23. I – Em estado de necessidade; II – Em legítima defesa; III – Em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
- Exculpante: retira a culpabilidade da pessoa/agente. EX: Art. 21. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
II) Explicativas: se destina a esclarecer o conteúdo das leis incriminadoras. 
EX: Art. 327 – conceito de funcionário público para fins penais. 
III) Complementar: tem a função de delimitar a aplicação das leis incriminadoras. Complementando a aplicação de uma outra lei penal não incriminadora. 
EX: Art. 59 – diz o cálculo da pena, este artigo completa o Art. 68 – cominação da pena. 
4. Normas Penais em Branco 
- Fazem parte das normas penais incriminadoras. 
O conteúdo está faltando, tanto no preceito primária quando no secundário, por isso precisa de um complemento. 
Propriamente Ditas/Primariamente Remetidas
O preceito primário está incompleto.
EX: Art. 269. Falta a lista das doenças. Que uma portaria completa. 
I) Homogêneas: complemento está na lei, mesma fonte. 
- Homovitelinas – mesma fonte, mesmo instituto jurídico. EX: copulado.
- Heterovitelinas – mesma fonte, diferente instituto jurídico. EX: Bigamia. 
II) Heterogêneas: complemento está em fonte diversa. EX: jurisprudência, ato infralegal (portaria). 
OBS: o STF entende que a norma heterogênea não é inconstitucional, desde que, o núcleo essencial da conduta criminosa esteja descrito na lei. 
Invertidas/Secundariamente Remetidas
Preceito secundário está incompleto, ou seja, a sanção. 
Este complemento da norma penal invertida, deverá, necessariamente, ser encontrado na lei. 
EX: A lei nº 2.899/56, que cuida do crime de genocídio, não cuidou diretamente da pena, fazendo referência a outras leis no que diz respeito a esse ponto. 
5. Anomia e Antinomia 
ANOMIA
Ausência de norma/lei ou de regra, não existência de norma. 
I) Sensação de Anomia: é a sensação de não ter uma norma para aquela situação, que na verdade ela não existe. A massificação legislativa no direito penal, faz com que tenha muito lei penal e uma sensação de que essas leis não existem, pois não são respeitas. 
- Para solucionar essa sensação, deveria ter um movimento de descriminalização de condutas, deixando apenas as relevantes e a essas ter uma real aplicação da norma e sua devida punição. 
ANTINOMIA
Quando existem mais de uma norma e essas são contrárias entre si.
I) Critérios para Solução:
- Cronológico: lei posterior em detrimento da anterior. 
- Hierárquico: pirâmide Kelsiana. 
- Especialidade: lei especial deve ser aplicada sobre a geral. 
CONFLITO APARENTE DE NORMAS 
Há situações em que, ocorrido o fato, vislumbra-se a aplicação de mais de um dispositivo legal, gerando um conflito aparente de normas. Diz-se aparente porque, no plano da concretude, apenas uma norma será aplicada, vedando-se, obviamente, a incidência de várias normas em concurso, sob pena de retirar do Direito Penal o caráter sistemático e harmônico de que é dotado. 
Princípio Para Resolução
Três são os princípios fundamentais válidos para resolver o aparente conflito:
A) Especialidade: (lex specialis derogat legi generali) determina que se afaste a lei geral para aplicação da lei especial. Está previsto no Art. 12. 
Entende-se como lei especial aquela que contém todos os elementos da norma geral, acrescida de outros que a tornam distinta, 
EX: Art. 121 (matar alguém) mas matar sobre infanticídio (Art. 123), a norma que irá prevalecer vai ser a do Art. 123.
B) Subsidiariedade: (Iex primaria derogat legi subsidiariae) Uma lei tem caráter subsidiário relativamente a outra (principal) quando o fato por ela incriminado é também incriminado por outra, tendo um âmbito de aplicação comum, mas abrangência diversa. Essa relação entre as normas (subsidiária e principal) é de maior ou menor gravidade. 
Só se aplica a norma subsidiária menos grave se não houver como aplicar a norma mais grave (principal). 
EX: Art. 311 (código de trânsito) – trafegar em velocidade incompatível com a segurança (...) esta é a norma soldado reserva (subsidiaria). Porem se ocorrer o dano será julgado pela norma principal Art. 302 que fala do homicídio culposo na direção. 
- A Subsidiariedade pode ser expressa ou tácita:
Expressa: quando a lei prevê a subsidiariedade explicitamente, anunciando a não aplicação da norma menos grave quando presente a mais grave (ex: Art. 132 do CP, Art. 307 do CP)
Tácita: quando um delito de menor gravidade cede diante da presença de um delito de maior gravidade, integrando aquele a descrição típica deste (ex: Art. 311 do CTB e Art. 302 do CTB)
C) Consunção: (lex consumens derogat legi consumptae) quando o crime previsto por uma norma (consumida) não passa de uma fase de realização do crime previsto por outra (consuntiva) ou é uma forma normal de transição para o último (crime progressivo). 
Quando um crime é meio necessário ou fase normal de preparação ou de execução. 
- Em casos de antefato e pós-fato impuníveis:
i) Antefato impunível: são atos anteriores que estão na linha de desdobramento da ofensa mais grave. 
EX: É o caso da violação de domicílio para praticar o furto. O delito antecedente (antefato impunível) não é passagem necessária para o crime fim, foi meio para aquele furto, pois é possível furto sem haver violação de domicílio. 
ii) Pós-fato Impunível: pode ser considerado um exaurimento do crime principal praticado pelo agente, que, portanto, por ele não pode ser punido. 
EX: o sujeito que furta um automóvel e depois o danifica, não prática dois crimes (furto + dano), mas somente o crime de furto, sendo a destruição fato posterior impunível. 
OBS: Crime Progressivo e Progressão Criminosa:
Crime Progressivo – o agente a fim de alcançar o resultado pretendido produz outro, antecedente e de menor gravidade sem o qual não atingiria o seu fim. 
EX: sujeito quer matar e para matarproduz lesões corporais na pessoa. 
Progressão Criminosa – o dolo inicial era dirigido a um resultado e durante os atos de execução resolve ir além e produzir um resultado mais grave. 
EX: sujeito que produzir lesões corporais, e após produzidas decide mata-lo. 
OBS: Alternatividade
Não é um princípio de conflito de norma, é usado para crimes de ação múltiplas ou conteúdo variado. 
Quando se tem mais de um verbo penal, se o sujeito praticar só um já responde pelo crime. 
EX: Art. 33 – tráfico. 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
Por mais clara que seja a lei, ela precisará de interpretação.
A interpretação serve para buscar o real alcance da norma. 
- Objetiva (volunta legis) – é a vontade do texto da lei – observa o que a lei está querendo dizer e interpreta. 
- Subjetiva (voluntas legislatoris) – é a vontade do legislador expressa em lei – é muito criticado. 
1. Formas de Interpretação quanto ao sujeito:
Autêntica (ou legislativa)
É aquela fornecida pela própria lei, pelo próprio legislador.
EX: Art. 327 – conceito de funcionário público. 
Art. 150 - diz casa e depois explica o que é considerado casa e o que não é. 
- Subdivide-se em:
I) Contextual: editada conjuntamente coma norma penal que conceitua. 
II) Posterior: lei distinta e posterior conceitua o objeto da interpretação. 
Doutrinária (ou cientifica)
É a intepretação feita pelos estudiosos e pelos jurisconsultos. 
Jurisprudencial (judiciária ou judicial)
Corresponde ao significado dado às leis pelos tribunais, à medida que lhes é exigida a análise do caso concreto. 
Podendo adquirir caráter vinculante, dado a possibilidade de edição, pelo STF, das “súmulas vinculantes”
2. Formas de Interpretação quando ao modo: 
Literal 
Também chama de gramatical. 
Interpretação que considera o sentido literal das palavras, correspondente a sua etimologia. 
Vai ser feita pelo significado das palavras e a partir desse significado você entende o que a lei quer falar. 
Teleológica 
Busca a vontade ou intenção objetivada na lei, qual a finalidade daquela lei, o por que está naquele ordenamento, e a partir dessa finalidade que você interpreta. 
Sistêmica 
Conduz a interpretação da lei em conjunto com a legislação que integra o sistema do qual faz parte, bem como com os princípios gerais de direito. 
Se olha para o todo, não apenas um artigo. 
Histórica 
Se busca o fundamento/motivo lá da época em que a lei foi criada, pois algumas leis são muito antigas, desta forma é possível interpreta-las. 
Progressiva 
Representa a busca do significado legal de acordo com o progresso da ciência/sociedade. 
EX: adultério
3. Formas de Interpretação quanto aos resultados: 
Declaratória 
É aquela em que a letra da lei corresponde exatamente aquilo que o legislador quis dizer. 
Declara aquilo que a lei disse, mas as vezes não disse de forma aberta. Então deve-se declarar o que a lei diz. 
Restritiva 
É a interpretação que reduz o alcance das palavras da lei para que corresponda à vontade do texto. 
Extensiva
Amplia-se o alcance das palavras da lei para que corresponda à vontade do texto. 
EX: crime de bigamia, porem se ele for polígamo, a lei não diz expressamente, mas também é proibido. 
	SUJEITO
	MODO
	RESULTADO
	- Autêntica ou Legislativa
- Doutrinária
- Jurisprudencial 
	- Literal
- Teleológica
- Histórica
- Sistemática
- Progressiva
- Lógica
	- Declarativa 
- Restritiva 
- Extensiva 
4. Dúvidas na Interpretação 
“in dubio pro reo” – quando se tem dúvida, sempre se resolve a favor do réu. 
5. Interpretação Analógica 
É possível no Direito Penal 
Na intepretação analógica (intra legem) o Código, atendendo ao princípio da legalidade, detalha todas as situações que quer regular e, posteriormente, permite que aquilo que a elas seja semelhante possa também ser abrangido no dispositivo. 
EX: Art. 121, § 2º, I (CP) dispõe ser qualificado o homicídio quando cometido “mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe”. Percebe-se que o legislador fornece uma fórmula casuística (“mediante pagamento ou promessa”) e, em seguida apresenta um fórmula genérica (“ou por outro motivo torpe”). 
6. Integração da Lei Penal 
Não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual é preciso socorrer-se de previsão legal empregada à outra situação similar. 
Usa-se a analogia, que consiste no complexo de meios dos quais se vale o intérprete para suprir a lacuna (o vazio) do direito positivo e integrá-lo com elementos buscados no próprio direito. 
- este recurso é permitido quando:
I) sua aplicação for em in bonam partem, ou seja, a favor do réu;
II) existência de uma efetiva lacuna a ser preenchida. 
A LEI PENAL NO TEMPO 
1. Tempo do Crime 
“tempus regit actum”
É imprescindível definir o tempo do crime, ou seja, quando um crime se considera praticado.
Art. 4º adotou a teoria da atividade, dispondo que “considera-se pratica o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. 
Pelo princípio da coincidência, todos os elementos do crime (fato típico, ilicitude e culpabilidade) devem estar presentes no momento da conduta. 
OBS: se ao tempo do disparo de uma arma de fogo o agente era menor de 18 anos, terá praticado ato infracional e será sancionado de acordo com o ECA, ainda que a vítima somente venha a óbito quando o agente completar 18 anos. 
- O momento do crime é o marco inicial para saber a lei que, em regra, vai reger o caso concreto. 
2. Princípio da Irretroatividade 
A regra geral (Art. 5º, XL da CF/88) é “a lei penal não retroagira salvo para beneficiar o réu”. 
Trate-se da irretroatividade da lei penal, executada somente quando esta lei beneficia de algum modo o acusado. 
3. Princípio da Retroatividade da Lei Mais Benigna
Lex Mitior RETROAGE
Abolitio criminens
Novatio legis/mellius 
Lex graviorNÃO RETROAGE
Noavatio legis incriminadora
Novatio legis in pejus 
4. Competência para a aplicação da Lei mais Benigna (bonam partem)
Processo em Curso: juiz do caso na sentença;
Execução Penal: é o juiz da execução penal (súmula 611 STF). 
5. Leis Intermediárias 
É aquela que deverá ser aplicada porque benéfica ao réu, muito embora não fosse a lei vigente ao tempo do fato, tampouco seja a lei vigente no momento do julgamento. 
6. Leis Penais em Branco 
Se o complemento for inteiramente revogado, a lei passa a ser inaplicável. 
EX: Art. 33 (lei de drogas) e o M.S revoga a portaria de drogas, a lei passa a ser inaplicável e favorável ao réu. 
7. Leis Excepcionais e Temporárias
Leis Excepcionais – as que vigem durante situações de emergências;
Leis Temporárias – cuja a vigência vem previamente fixada pelo legislador. 
8. Diferença da Lei Processual Penal para Lei Penal 
A Lei Penal serve para punir o a gente, já a Lei Processual Penal é a instrumentalização para punir. 
9. Crimes Continuados e Permanentes
Permanente: a consumação se prolonga no tempo. Ex: sequestro. 
Continuado: quando vai fazendo o crime aos poucos. EX: quer roubar uma geladeira, mas vai roubando peça por peça. 
A LEI PENAL DO ESPAÇO 
1. Lugar do Crime 
O Art. 6º dispõe - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
2. Princípios Aplicáveis e Territorialidade 
Princípio da Territorialidade
Aplica-se a lei penal brasileira aos fatos puníveis praticado no território nacional independentemente da nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico lesado. 
Fundamento: soberania (tem plenitude, autonomia de atuação em seu território) política do Estado. 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
Princípio da Defesa ou Real
Aplica-se a lei penal da nacionalidade do bem jurídico lesado (ou colocado em perigo), não importando o local da infração penal ou a nacionalidadedo sujeito ativo. 
Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
 I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
 c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
 d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
Princípio da Nacionalidade/Personalidade
Aplica-se a lei penal da nacionalidade do ofendido, pouco importando o local onde o crime foi praticado. 
- Ativa: nacionalidade do autor do fato/crime
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro
 II - os crimes:
 b) praticados por brasileiro
- Passiva: nacionalidade da vítima 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro
 § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Princípio da Universalidade ou Cosmopolita 
O agente fica sujeito à lei do país onde for encontrado, não importando a sua nacionalidade, do bem jurídico lesado ou do local do crime. 
Permite a punição por todos os Estados de todos os crime que forem objeto de tratados e convenções internacionais. 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro
 II - os crimes:
 a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
Princípio da Representação ou da Bandeira
A lei penal nacional aplica-se aos crimes cometidos em aeronaves e embarcações privadas, quando praticados no estrangeiros e aí não sejam julgados. 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro
 II - os crimes:
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
3. Código Penal Brasileiro 
Regra: Princípio da Territorialidade – nosso ordenamento jurídico adotou a Territorialidade, que no entanto, não é absoluta, comportando exceções previstas em convenções, tratados e regras de direito internacional (territorialidade temporada). 
Assim, a territorialidade, permite-se a aplicação de lei estrangeira a fato praticado em território brasileiro, fenômeno conhecido como intraterritorialidade, presente por exemplo, na imunidade diplomática. 
Exceção: princípio da Extraterritorialidade, adotada pelo Código Penal em seu Art. 7º, hipóteses em que a lei penal brasileira alcança condutas praticadas no estrangeiro. 
OBS: No termo do Código Brasileiro de Aeronáutica, artigo 11 “O Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu território e mar territorial”. 
IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS 
É uma prerrogativa de direito público internacional de que desfrutam:
A) os chefes de governo ou de Estado estrangeiro e sua família e membros da sua comitiva;
B) embaixador e sua família;
C) os funcionários do corpo diplomático e família;
D) funcionários das organizações internacionais (ONU) quando em serviço. 
- Foi através da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, assinada em 1961, que incorporou ao direito brasileiro, por meio do Decreto nº 56.435/65, regulando a imunidade diplomática. 
Diplomata ou Embaixador – imunidade absoluta;
Cônsul – imunidade relativa. 
I) Absoluta: qualquer um que cometa o crime no território Brasileiro, será julgado conforme lei do pais que representa.
II) Relativa: somente para crimes exercidos na função de Cõnsul, será então julgado pelo pais que representa. 
TERRITÓRIO DA EMBAIXADA
As embaixadas NÃO constituem extensão do território do país que representam. 
EX: embaixada norte-americana no Brasil é território brasileiro e ao crime nela praticado será aplicado a lei penal brasileira. 
DIFERENÇA ENTRE EXTRADIÇÃO E EXPULSÃO 
Brasileiro Nato NUNCA será extraditado. 
De acordo com a Lei nº 13.445/2017 - Lei de Migração:
Extradição: A extradição é a medida de cooperação internacional entre o Estado brasileiro e outro Estado pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso (Art. 81)
Expulsão: A expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado (Art. 54).
CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES PENAIS
Infração Penal é aquilo que assim está rotulado em uma norma penal incriminadora, sob ameaça de pena. 
1. Crime e Contravenção Penal
Infração Penal é gênero, podendo ser dividida em crime (ou delito) e Contravenção Penal (ou crime anão, delito liliputiano ou crime vagabundo)
Crimes: condutas mais graves. Quando se tem pena, reclusão ou detenção que pode estar cumulado com a pena de multa, ou isolada. 
Contravenção Penal: menos lesivas. Se terá prisão simples, ou/e multa. 
2. Crimes Comissivos; Omissivos Próprios e Omissivos Impróprios 
Comissivos 
Tem uma ação descrita pelo legislador e uma norma proibitiva. 
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Omissivos Próprios 
Uma omissão descrita pelo legislador e uma norma mandamental. 
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Omissivos Impróprios/ Crimes Comissivos por Omissão 
O tipo penal que a pessoa responde é comissivo, mas ela responde por aquele crime em razão de sua omissão. 
Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
§ 2º. A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. 
3. Crimes Consumados e Crimes Tentados 
Consumado 
O crime em que se reúnam todos os requisitos de ordem legal.
Art. 14 - Diz-se o crime:
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
Tentado
Quando por circunstâncias alheias à vontade do agente, o resultado não ocorre. 
Art. 14 – Diz-se o crime:
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
OBS: se iniciou a execução e não foi consumado será punido pela tentativa, mas se foi consumado será punido pela consumação. 
4. Crime Doloso e Crime Culposo 
Doloso
Sempre que o agente quiser o resultado (dolo direto) ou assumir o risco de produzi-lo (dolo eventual)
Art. 18 - Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Culposo
Crime cujo o resultado não foi querido ou aceito pelo agente, mas que, previsível, seja proveniente de inobservância dos deveres de cuidado (imprudência, negligência ou imperícia). 
Art. 18 - Diz-se o crime:
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
5. Crimes de Ação Pública e Iniciativa Privada
Art. 100. A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. 
Palavra queixa na lei penal, já se leva que é uma petição de iniciativa privada. Se não existir essa palavra, é de inciativa pública. 
6. Crimes Materiais; Formais e de Mera Conduta 
Crimes Materiais 
O tipo penal descreve a conduta e o resultado naturalístico, o qual precisa ocorrer para que haja a consumação do delito. 
EX: Art. 121 – matar alguém – resultado naturalístico é a morte. 
Crimes Formais 
O tipo penal prevê a conduta e o resultado naturalístico, todavia, este último nãoprecisa ocorrer para que haja a consumação delitiva. 
EX: Art. 159 – Sequestro para obter condição ou preço do resgate. 
Crime de Mera Conduta
Também chamado de simples ou mera atividade, e nesses tipo penal descreve apenas a conduta sempre prever resultados naturalísticos. 
EX: Art. 150 – intrusão de casa alheia – o resultado naturalístico é aquele que causa modificação no mundo exterior – como morte de alguém, nariz quebrado, computador quebrado. 
7. Crime Comum; Próprio e de Mãos Próprias 
Crime Comum 
É aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa, e qualquer pessoa pode ser vítima. 
EX: 121 e 129 – matar alguém e lesão corporal. 
Crime Próprio 
É aquele que exige uma qualidade especial do sujeito ativo ou do sujeito passivo. 
EX: os crimes funcionais, como corrupção passiva, que só podem ser praticados por funcionários públicos no exercício de suas funções. 
Crime de Mãos Próprias 
É crime de execução intrasferível. 
EX: Art. 342 – falso testemunho – só pode ser praticado pela testemunha e não se pode transferir para alguém. 
8. Crimes Hediondos 
São os crimes entendidos pelo poder legislativo como os que merecem maior reprovação por parte do Estado. 
EX: Lei 8.072/90 – estupro de vulnerável, latrocínio, extorsão com morte, falsificação de produtos para fins terapêuticos, homicídio qualificado. 
9. Crimes de Dano e Crimes de Perigo
Crimes de Dano 
Quando há efetiva lesão ao bem jurídico plenamente tutelado. 
EX: homicídio, furto, dano e etc.
Crimes de Perigo 
Dispensa a efetiva lesão, configurando-se com a simples exposição do bem jurídico ao perigo. 
I) concreto – exige-se a efetiva comprovação do risco para o bem jurídico. 
EX: Art. 132 – exposição da vida ou saúde de outrem a perigo. 
Art. 302 – trafegar em velocidade incompatível 
II) abstrato – a própria lei presume perigosa ação, dispensando-se a comprovação de que houve efetivo perigo ao bem jurídico tutelado. 
EX: 306 – dirigir sob efeito de álcool. 
10. Crime de Ímpeto 
Crime tomado pela emoção ou paixão. Não exclui o crime mas pode ter uma pena amena. 
Art. 23 – Não excluem a imputabilidade penal:
I – a emoção ou a paixão. 
11. Crimes Instantâneos e Crimes Permanentes
Crimes Instantâneos 
É aquele que se consuma num determinado momento. 
EX: lesão corporal 
Crimes Permanentes
É aquele que a consumação se prolonga no tempo. 
EX: sequestro
OBS: prescrição só começa a ser contada quando acaba o crime, ou seja, no caso o sequestro. 
12. Crimes Multitudinários 
São crimes praticados sob efeito de multidão/tumulto. 
EX: torcedor em jogo de futebol, onde a pessoa é tranquila e sozinha não teria cometido o crime, mas com a multidão cometeria. 
Responde pelo crime, mas pode ter pena amenizada. 
13. Crimes de Ação Simples e Crimes de Ação Múltipla 
Crimes de Ação Simples
Tem apenas um verbo núcleo no tipo penal, só tem uma forma de cometer o crime. 
Crimes de Ação Múltipla 
Também chamado de crime conteúdo variado 
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
 Parágrafo único - A pena é duplicada:
Se uma mesma pessoa prática mais de um verbo, o juiz fará a dosimetria da pena. 
14. Crimes Monossubjetivos e Crimes Plurissubetivos 
Crimes Monossubjetivo 
São aqueles que podem ser praticados por uma pessoa ou mais de uma pessoa. 
Também chamado de concurso eventual. 
Crimes Plurissubjetivo 
Só pode ser praticado por mais de uma pessoa.
Também chamado de concurso necessário. 
EX: Art. 288 – associação criminosa; Art. 137 – Rixa. 
TEORIA DO CRIME
1. Conceito Analito de Crime
CONDUTA
TIPICIDADE
ANTIJURICIDADE/ILICITUDE
CULPABILIDADE
É necessário que todos sejam preenchidos para ser considerado crime. 
É o anterior é necessária para preencher a outra. 
Sem conduta não tem crime. 
2. A Conduta
Existem inúmeras teorias para explicar o que é conduta. 
Teorias
a) Teoria Causal, naturalista que tentou explicar o que é uma conduta. Que foi no sentido de analisar uma conduta que mude o mundo exterior seja alterado de alguma forma. 
b) Teoria Finalista, no sentindo de verificar de para que a conduta é finalizada. 
c) Teoria Funcionalista
d) Teoria Significativa da Ação, teve influencia de Winthneistein e Habermas. A conduta seria algo que da resposta ao direito penal. 
Ação / Omissão
A conduta pode ser uma ação ou uma omissão 
O direito penal não se preocupa apenas com o agir. 
Ação – violação de uma proibição.
Omissão – descumprimento de um comando/dever. 
Conduta diferente de Ato 
Uma conduta pode ter diversos atos. 
Causas de Exclusão da Conduta 
São três causas:
a) Força Física Irresistível 
Se de duas formas:
- Natureza: foi uma força que a pessoa não pode resistir. Ex: enchente e o carro atropela alguém e mata. 
- Terceira Pessoa (coação física irresistível “vis absoluta”): quando aquele que cometeu o crime, foi um instrumento do autor do delito/coação. 
Não se tem conduta, pois não é moral é físico. 
b) Movimentos Atos Reflexos
é aquele causada pelo cérebro em razão de um impulso. 
c) Estado de Inconsciência 
hipnose, sonambulismo, ataque epilético.

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