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Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Farmácia Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas Disciplina Imunologia Clínica TESTE DE AGLUTINAÇÃO EM PLACA COM PARTÍCULAS DE LÁTEX: DETECÇÃO SEMIQUANTITATIVA DO FATOR REUMATÓIDE Aluna: Deborah de Oliveira Moreira Matricula nº 2016071227 Professora: Cristiane Alves da Silva Menezes Maio /2019 Belo Horizonte Introdução A Artrite reumatoide (AR) pode ser definida como uma doença inflamatória crônica, sistêmica, autoimune, de causa desconhecida, caraterizada pelo comprometimento simétrico das articulações de forma aditiva e progressiva, causando deformidades (VOLTARELLI, 2009). Os sintomas da AR incluem dores simétricas, rubor, inchaço nas articulações, rigidez principalmente pela manhã e fadiga. Nessa doença, ocorre inflamação na membrana sinovial, que é o tecido que recobre as articulações. O recrutamento de células e outros componentes da resposta inflamatória geram os sintomas característicos e com o tempo as articulações sofrem desgaste e perdem aos poucos a função, além do surgimento de deformidades progressivas. As causas da Artrite Reumatoide ainda são desconhecidas, porém acredita-se numa combinação de fatores genéticos e ambientais, que somados ao longo da vida podem desencadear a doença autoimune (GELLER, SCHEINBERG, 2005). O diagnóstico da AR é feito com base em critérios estabelecidos, clinicamente e com exames laboratoriais que avaliam a atividade inflamatória e acompanham a evolução da patologia. O teste mais comum é o Fator Reumatoide, detectado em cerca de 80% dos pacientes diagnosticados com AR. Outros testes são Velocidade de Hemossedimentação, Proteína C Reativa, e também dosagem de autoanticorpos, como o Antipeptídeo citrulinado cíclico (Anti-CCP). Exames de imagem também são solicitados pelo médico para avaliar o comprometimento das articulações. Este presente trabalho tem como objetivo descrever o procedimento de detecção do Fator Reumatoide (FR) por meio da técnica de aglutinação com partículas de látex. O FR é um anticorpo que reconhece como antígeno outro anticorpo, geralmente IgG. Embora o aumento do FR seja uma alteração laboratorial comum em pacientes com AR, ele não é um sinal específico da doença, uma vez que este também pode estar aumentado em outras patologias, como em infecções bacterianas crônicas. Porém, trata-se de uma técnica prática e de baixo custo, de grande valor no diagnóstico e acompanhamento da Artrite Reumatoide. Objetivo Esse experimento teve como objetivo executar a técnica laboratorial de determinação semiquantitativa do Fator Reumatoide por meio de aglutinação com partículas de látex. Princípio da Reação O teste para determinação do Fator Reumatoide (FR) baseia-se na aglutinação de partículas de látex. Essas partículas de látex são esferas de poliestireno utilizadas como suporte de adsorção dos antígenos de interesse. Para detecção do FR essas esferas são sensibilizadas com anticorpos IgG. O Fator Reumatoide trata-se de um autoanticorpo caracterizado pela habilidade de reagir com determinados epítopos da porção fragmento cristalizável (Fc) da IgG e atua ativamente na patogênese da AR (GOELDNER et al, 2011). Dessa forma, a reação de aglutinação indica uma reação de antígeno-anticorpo, indicando a presença de Fator Reumatoide na amostra pesquisada (Figura 1). Figura 1- Representação esquemática de uma reação de aglutinação com partículas de látex. Fonte: SILVEIRA, 2005. Procedimentos experimentais Materiais Amostra biológica: soro sanguíneo; Kit manual para detecção de Fator Reumatoide, contendo: suspensão de látex revestida com anticorpos IgG, controle positivo e controle negativo; Placa de reação; Palitos misturadores; Pipetas automáticas e ponteiras. Metodologia Os círculos da placa de reação foram identificados: CP- controle positivo, CN- controle negativo, T- reação teste. Foram pipetados reagentes e amostras (conforme Tabela 1) na placa de reação. Tabela 1- Reagentes e amostras utilizados para reação de detecção de Fator Reumatoide Reagentes Suspensão Látex CP CN T 50 µl 50 µl 50 µl Controle Positivo 50 µl -- -- Controle Negativo -- 50 µl -- Amostra Soro -- -- 50 µl Fonte: Elaborada pela autora. Os reagentes/amostra foram homogeneizados com os palitos misturadores e a placa foi agitada manualmente em círculos, e após 2 minutos o resultado foi visualizado. Resultados e discussão Após realização da reação foi observada a presença ou não de aglutinação, por meio da visualização de grumos macroscópicos. O resultado obtido foi: CONTROLE POSITIVO: visualização de pontos de aglutinação. CONTROLE NEGATIVO: não foi observada aglutinação. REAÇÃO TESTE: visualização de pontos de aglutinação. De acordo com as informações fornecidas pelo fabricante do kit utilizado, a presença de aglutinação na amostra teste indica presença de Fator Reumatoide numa concentração superior á 8 UI/mL. Para uma semiquantificação da concentração do FR poderiam ser realizadas diluições seriadas dessa amostra até a não visualização de aglutinação. Conclusão A reação de aglutinação em placas de látex é uma técnica que se baseia na interação do Fator Reumatoide (antígeno) com anticorpos IgG. A presença de aglutinação indicou a presença de FR em uma concentração superior á 8 UI/mL na amostra testada, sendo possível semiquantificá-la por meio de diluições seriadas. Apesar do Fator Reumatoide não ser uma marcador específico da Artrite Reumatoide, ele é um bom parâmetro para diagnóstico uma vez que é detectado em 80% dos pacientes diagnosticados com a doença, e sua dosagem é um bom indicador de progressão da patologia. Referências Bibliográficas BIOCLIN, Kit Biolátex FR por metodologia de aglutinação do látex. 2018. Disponível em < https://www.bioclin.com.br/sitebioclin/wordpress/wp- content/uploads/arquivos/instrucoes/INSTRUCOES_BIO_LATEX_FR.pdf >, acesso em 08/05/2019. GELLER M., SCHEINBERG M.. . Diagnóstico e tratamento das doenças imunológicas. 2. Ed, Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. Goeldner I. et al. Artrite reumatoide: uma visão atual. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, Universidade Federal do Paraná- UFPR. v. 47, n. 5, p. 495- 503. Outubro de 2011. < http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v47n5/v47n5a02.pdf>, acesso em 08/05/2019. SILVEIRA W. C. Desenvolvimento de teste rápido para detecção de Rotavírus: imunoensaio de captura e aglutinação em látex. 2005. Tese de Mestrado. Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. VOLTARELLI, J. C. Imunologia Clínica na Prática Médica. Editora Atheneu, 2009.
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