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aula 7 e 8

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DIREITO ADMINISTRATIVO
RESUMO - PARTE 5 
(ATENÇÃO: Este material destina-se ao acompanhamento em sala de aula, 
para melhor compreensão é necessária a utilização do texto constitucional e legislação em vigor, além da doutrina indicada e a jurisprudência)
AULAS 7 e 8
ATO ADMINISTRATIVO
1. INTRODUÇÃO:
- Iniciemos os estudos do Ato Administrativo esclarecendo a existência da diferença entre FATOS e ATOS.
- O fato é, genericamente, um acontecimento na natureza, enquanto o ato é um evento decorrente da ação humana, produzindo efeitos jurídicos ou não.
Ex.:
O ato de ir à praia, não é um ato jurídico, mas o fato de estacionar o carro em local indevido, permitindo que o agente de trânsito aplique uma multa, neste caso, temos um ato jurídico, pois produziu efeitos jurídicos. 
- FATO DA ADMINISTRAÇÃO E FATO ADMINISTRATIVO:
- Todos os acontecimentos que produzem efeitos jurídicos em face da Administração Pública são considerados como FATOS ADMINISTRATIVOS (Ex.: Falecimento do Servidor Público, produz vacância no cargo público), diferentemente dos que não produzem efeitos jurídicos, estes são meros FATOS DA ADMINISTRAÇÃO, isto porque ocorreu no ambiente da Administração Pública.(Ex.: A queda de luz durante a realização das provas em determinado concurso público é um FATO DA ADMINISTRAÇÃO, mas, se em razão desta falta de energia, alguns alunos não puderem realizar a prova, temos um FATO ADMINISTRATIVO, que poderá acarretar, dependendo do caso, uma nova data de prova.)
2. CONCEITO DE ATO ADMINISTRATIVO:
- É toda manifestação unilateral de vontade da administração pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigação aos administrados ou a si própria. (Helly L. Meirelles)
- Podemos verificar que o ATO ADMINISTRATIVO possui algumas características que o diferencia dos atos jurídicos.
A) motivação;
B) consequência jurídica no ambiente do Estado e da Sociedade;
C) exercido pelo Poder Público;
D) interesse público.
Em regra, o ato administrativo é o produto da função típica do Poder Executivo.
- Diferenças entre Atos administrativos e Atos de Governo (atos políticos):
 
	Diferenças
	Atos administrativos
	Atos de Governo
	Natureza
	Função administrativa
	Função política
	Ramo do Direito
	Direito Administrativo
	Direito Constitucional
	Exemplos
	autorização, nomeação etc.
	Ex.: sanção, veto etc.
3. ELEMENTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 
- Os elementos do ato administrativo são na realidade os requisitos de sua validade, estes elementos são:
A) COMPETÊNCIA
B) FINALIDADE
C) FORMA
D) MOTIVO
E) OBJETO
A) COMPETÊNCIA:
- É a capacidade ou poder atribuído aos órgãos e entidades da administração pública para a prática dos atos administrativos (permissão para fazer – art. 5º, inciso II da CF).
- Este poder é atribuído por Lei a um ente da administração pública e o ato é praticado pelo agente público. A competência atribuída pela legislação produz dois resultados, a capacidade para o ato administrativo e define os limites desta atuação administrativa.
- Na hipótese competência exclusiva não pode ser transferida a competência para outro ente administrativo.
 Características:
 i) Irrenunciabilidade da competência: dever do agente público;
 ii) Delegação: quando a competência não for exclusiva;
 Os atos praticados, durante a vigência da delegação, são de responsabilidade do delegatário – (Súmula 510 do STF). 
 iii) Avocação: na hipótese de delegação.
 
 Fixação de Competência:
 i) ratione materiae (matéria) 
 ii) ratione locci (lugar)
 iii) ratione personae (função da pessoa)
Exemplo: A competência pode ser discutida, em face da moralidade administrativa. Banca de concurso público com parentes do candidato. 
Acontece quando a pessoa tem amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau. 
B) FINALIDADE:
- Todo ato administrativo deve buscar um fim específico ou imediato, caso a finalidade não seja atendida temos o desvio de finalidade.
- A finalidade possui dois alcances:
i) amplo: interesse público ou da coletividade;
II) estrito: é a finalidade específica do ato administrativo.
Exemplo:  Um exemplo de um ato administrativo praticado com desvio de finalidade seria a desapropriação de uma fazenda para fins de prejudicar um inimigo político.
Exemplo: 
Desvio da Finalidade: 
Ato de remoção do servidor como forma de puni-lo ou por razões estritamente pessoais. 
O ato praticado com desvio de finalidade também é anulável por meio de ação popular.
"finalidade é o resultado da prática do ato. 0 objeto é o resultado imediato que o ato produz (a aquisição de direitos, etc) a finalidade é o resultado mediato. 
Por, outro lado 0 motivo, precede a prática do ato, são as circunstâncias, que produziram o ato. A finalidade é o final do ato, relaciona-se com aquilo que se pretende obter com o ato administrativo "(Maria S. Z. Di Pietro).
C) FORMA:
- É a maneira como o ato administrativo se exterioriza, devendo em regra adotar a FORMA ESCRITA.
- Excepcionalmente poderá ser admitida outra forma para exteriorizar o ato administrativo, tal como, a FORMA VERBAL. Porém, a forma verbal nem sempre será aceita, dependendo da solenidade ou formalidade que o ato administrativo exija.
- Quando a forma do ato administrativo é uma condição necessária para a sua validade, se esta não for atendida o ato será nulo.
Exemplo: A Lei 4717/65, art. 2º; Parágrafo-único, alínea “b” (Ação Popular), define que o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato.
D) MOTIVO:
- Entende-se por motivo do ato administrativo as razões de fato e de direito para a prática do ato administrativo.
 - Classificação do Motivo:
- O motivo de fato é a situação real e concreta do que está acontecendo.
- O motivo de direito é a justificativa que a lei dá para o ato administrativo.
Exemplo: a ocorrência da infração é o motivo da multa de trânsito. Não se confunde com motivação, que é a explicação por escrito das razões que levaram à prática do ato.
Observe que o motivo de fato é a infração (ato ilegal), o motivo de direito é o fundamento legal que justifica a aplicação da multa, em decorrência da infração. A motivação é a explicação dos motivos com as suas razões.
 
TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES (T.M.D.)
- Os atos administrativos estão sujeitos ao sistema do controle administrativo e judicial, conforme a hipótese. A validade do ato administrativo repousa, entre outros elementos, na relação direta entre o motivo apresentado e os fatos concretos que justificaram a sua realização. 
E) OBJETO:
- É o conteúdo do ato administrativo.
- O objeto deve ser lícito, moral e possível.
 Atenção: Objeto é o fim imediato do ato, enquanto a finalidade é o fim mediato.
Ex.: O ato de demissão do servidor público. A penalidade é o objeto do ato e a finalidade é o interesse público ou da coletividade.
Exemplo: Quando se diz: fica aplicada a pena de demissão ao servidor público, esse é o objeto do ato. Ele está atingindo a relação jurídica do servidor com a Administração Pública. O objeto decorre da própria lei.
4. CONTROLE JUDICIAL DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
A) controle de legalidade -> verificação da adequação do ato administrativo praticado com a lei vigente, a formalidade, a competência e a forma.
B) controle do mérito -> verificação da conveniência e da oportunidade relativas ao motivo e ao objeto do ato administrativo.
Atenção: O pós-positivismo produziu a possibilidade do exercício do controle de juridicidade nos atos discricionários. O princípio da juridicidade não aceita a ideia de que o ato administrativo esteja apenas submissoà lei. Sendo assim, os princípios -jurídicos ganham força normativa fundamentando-se na razoabilidade, na eficiência, na proporcionalidade etc. 
Não se trata aqui de invasão do “mérito administrativo”, sob pena de violação da separação de poderes. Mas, evitar que a atuação administrativa seja usada como mecanismo de artifício para a consecução de certas práticas.
Ex.: Súmula Vinculante 13 do STF acerca do nepotismo.
- O Poder Judiciário, em tese, não invade o mérito administrativo, em face do princípio da separação dos poderes. Mas, a moralidade administrativa poderá, excepcionalmente, permitir a atuação do Poder Judiciário. 
Ex. Não caberá habeas corpus, em relação as punições disciplinares militares. Entende-se que não havendo o elemento ilegalidade e respeitado o devido processo legal, o Poder Judiciário não discutirá o mérito do ato administrativo.
EXEMPLO:
O ato administrativo é nulo quando o motivo se encontrar dissociado da situação de direito ou de fato que determinou ou autorizou a sua realização. A vinculação dos motivos à validade do ato é representada pela teoria dos motivos determinantes.
5. ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS:
- São as peculiaridades que envolvem os atos administrativos e torna-os distintos dos demais atos jurídicos.
A) presunção de legitimidade;
B) imperatividade;
C) autoexecutoriedade;
* Atenção: Alguns autores sustentam a existência de um quarto atributo: Tipicidade
A) PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE:
- Este atributo permite identificar que todos os atos administrativos são presumivelmente legítimos, ou seja, até que seja provado o contrário, credita-se ao ato administrativo uma presunção, ainda que relativa de legitimidade (presunção juris tantum). 
- Entretanto, esta presunção de legitimidade não impede o uso do controle judicial (art. 5º, inciso XXXV da CF) que poderá reconhecer a ilegalidade ou a inconstitucionalidade do ato administrativo.
- Alguns autores discutem a diferença entre a “presunção de legitimidade e a presunção de legalidade”. A legitimidade envolve a análise de elementos subjetivos da vontade da administração pública, enquanto que a legalidade está atrelada ao direito positivo (elementos objetivos), ou seja, a realidade jurídica possível.
- A legitimidade envolve critérios subjetivos, enquanto que a legalidade repousa sobre os critérios objetivos. 
- Alguns administrativistas preferem usar a expressão “Presunção de Validade” no lugar de presunção de legitimidade (Diogo de Figueiredo)
ATENÇÃO: Presunção de veracidade não significa presunção de legitimidade. A presunção da veracidade repousa sobre o crédito dado às informações produzidas pelo ato administrativo.
	Presunção de Legitimidade
	Presunção de Veracidade
	Presunção de conformidade com o ordenamento vigente.
	Presunção de informações verdadeiras.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO: 
- A presunção de legitimidade produz como conseqüência que os fatos alegados pela administração pública são presumivelmente verdadeiros (ERRADO)
B) IMPERATIVIDADE:
- Os atos administrativos possuem um comando que produz uma vinculação obrigatória em relação ao seu cumprimento. O atributo da imperatividade obriga o administrado a prestação determinada, ainda que esta não seja a sua vontade (Ius Imperii).
- A imperatividade apesar de ser reconhecida como um atributo do ato administrativo não está presente em todos os atos administrativos, como por exemplo, numa licença dada pelo Poder Público, quando solicitada pelo cidadão. Nem todos têm a característica do “Ius imperii”(isto é, a administração não está vinculada. Há casos em que a administração pode retirar o ato, quando o ato não gera obrigação não temos este atributo, atos declaratórios).
- A imperatividade é uma característica que extrapola a esfera jurídica, caracterizando-se numa verdadeira obrigação de origem unilateral é uma autêntica exação do Estado.
-  Na imperatividade o ato é imposto para que o administrado faça ou deixe de fazer. 
C) AUTOEXECUTORIEDADE:
- A autoexecutoriedade é um produto do PRINCÍPIO DA EXIGIBILIDADE e da EXECUTORIEDADE.
- A exigibilidade significa a capacidade que a Administração Pública tem de exigir do administrado que cumpra as obrigações determinadas por ela. A executoriedade decorre da possibilidade de usar da “força administrativa”, quando necessário, para executar a sua decisão.
- Na autoexecutoriedade é a administração pública quem pratica o ato.
“força não é violência”.
Ex.: Um carro estacionado em local proibido que impede o tráfego das pessoas. A administração exige a retirada do veículo, caso o motorista não retire o veículo, a administração pública executará a remoção imediata.
*Atenção:
Imperatividade - >>> administrado (obriga o administrado)
Auto-executoriedade ->>> Administração Pública (permite a Administração Pública executar o ato administrativo)
Veja: 
A imperatividade tem como característica permitir ao ato administrativo produzir obrigações aos particulares, independentemente da aceitação do particular. Por outro lado, a autoexecutoriedade é o poder administrativo de exercer a prerrogativa de impor a realização de obrigações sem a necessidade do exercício do Poder Judiciário. 
Observação:
- Segundo a Prof. Maria S. Z. Di Pietro existe um quarto atributo do Ato Administrativo: TIPICIDADE.
- A necessidade da correlação entre a finalidade do ato administrativo com a lei, o que representa uma autêntica garantia jurídica, a existência de estar previsto em lei.
6. ESPÉCIEIS DE ATOS ADMINISTRATIVOS:
A. NORMATIVOS: São os atos que visam dispor sobre as normas administrativas gerais e abstratas, cuidam de explicar e executar as leis e decorre do exercício poder regulamentar.
Ex.: Decretos, regulamentos, regimentos etc.
B. ORDINATÓRIOS: São aqueles que contêm um comando e estabelecem a organização e o funcionamento da administração pública. Não geram, em si, obrigações aos particulares, mas sim para a própria administração pública.
Ex: Circulares, avisos, ofícios, ordens de serviços etc.
C. NEGOCIAIS: São os atos decorrentes da gestão administrativa, são do interesse administrativo e também particular, produzem sempre um negócio jurídico-administrativo. 
Ex.: Licenças, permissões, autorizações etc.
D. ENUNCIATIVOS: São aqueles nos quais não há um vínculo obrigacional ou negocial, servem apenas para declararem uma situação fática.
Ex.: Atestados, certidões, pareceres etc.
E. PUNITIVOS: São os atos administrativos onde a administração pública impõe uma sanção ou penalidade, pode alcançar seus servidores e agentes ou até mesmo os particulares.
Ex.: Multa, interdição, embargo.
ATENÇÃO:
- Cuidado especial com o DECRETO REGULAMENTAR (art. 84, IV, CF) E O DECRETO AUTÔNOMO (art. 84, VI, CF), tema recorrente nos concursos públicos.
DECRETO: São, em regra, atos do chefe do Poder Executivo, visam regulamentar ou executar as leis, podendo ser geral ou individual.
A) Geral: Quando alcança a todos e de forma abstrata. Ex.: Decreto Regulamentar de uma determinada Lei.
B) INDIVIDUAL: Quando alcançar pessoa determinada e em razão de um fato concreto. Ex.: Decreto de Extradição.
DECRETO AUTÔNOMO:
- É a possibilidade de tratar por meio de ato administrativo de matéria não regulada por Lei. Este Decreto também pode ser denominado como Decreto Independente. O Decreto Autônomo não estava inserido na CF/88, foi acrescentado por Emenda Constitucional (EC 32/2001).
- O Decreto Autônomo somente será admitido nas hipóteses do art. 84, VI da CF e, pode ser usado no âmbito dos Estados, Municípios e no Distrito Federal, por simetria constitucional.
7. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
- Os atos administrativos podem ser extintos por diversas modalidades, sendo que duas modalidades sempre se destacam nos estudos: a Revogação e a Anulação. Entretanto, existem outras modalidades de retirada do ato administrativo.
1. CASSAÇÃO:Ocorre a extinção do ato administrativo por Cassação quando, mesmo legítimo o ato administrativo, a execução posterior produziu irregularidades. A cassação não é uma modalidade da anulação, na anulação constata-se a ilegalidade do ato desde a sua edição, o que não ocorreu na Cassação.
Ex.: Licença para obras, quando o destinatário realiza algo não previsto na licença. Não há ilegalidade no Ato Administrativo, mas sim, na sua execução pelo administrado.
2. CADUCIDADE; É o produto de lei posterior sobre um ato administrativo anterior, tornando a situação inadmissível. 
Ex.: Um autorização para a prática de jogos quando a lei o permitia, se a lei posterior não o permite, temos a Caducidade. Porte de armas em uso, mas a lei posterior o proíbe.
3. RENÚNCIA: Ocorre quando o beneficiário de um ato administrativo abre mão ao seu exercício. 
Ex.: Nomeação do servidor, que renuncia ao cargo público.
4. ANULAÇÃO: A anulação É a retirada do ato administrativo com base em critérios de legalidade, ou seja, trata-se da retirada do ato administrativo tendo em vista o reconhecimento de sua ilegalidade. A ANULAÇÃO também é conhecida como INVALIDAÇÃO.
Súmula 473
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
- A anulação ou invalidação de um ato administrativo pode ser realizada tanto pela Administração Pública, quanto pelo Poder Judiciário.
a) Administração Pública no poder de autotutela:
- O Poder de autotutela permite a administração pública rever seus próprios atos de ofício ou a requerimento. Neste caso, o poder de anular seus atos administrativos independe de provocação.
b) O Poder Judiciário (Art. 5º, inciso XXXV da CF/88)
- O poder de anular o ato administrativo dependerá de provocação e a análise será restrita ao aspecto da legalidade do ato.
EFEITOS DA ANULAÇÃO: 
- A anulação do ato administrativo produz efeitos "Ex tunc" - retroativos. 
- Na anulação podem ser apreciados os limites temporais e materiais.]
* Atenção: Teoria do fato consumado.
Exemplo de efeitos temporais:
 - Uma pessoa é nomeada em concurso público invalidado, após a invalidação da nomeação, não haverá devolução dos vencimentos recebidos pelo tempo trabalhado, em face da segurança jurídica, efeitos ex nunc.
Exercício:
 - Certa pessoa obtém liminar para cursar a última série do ensino médio, paralelo ao ensino superior, no qual foi aprovado. Ocorre que próximo da colação do grau do ensino superior, o Poder Judiciário resolve dar a decisão definitiva sobre o caso que se infere a liminar. Como deverá decidir o Poder Judiciário?
 Resposta: O entendimento será pela não cassação da liminar, tendo em vista o decurso do tempo e a estabilização da situação constituída sob a boa-fé (Teoria do Fato Consumado).
 
5. REVOGAÇÃO: A revogação é a retirada do ato administrativo com base em critérios de oportunidade e conveniência, ou seja, trata-se da retirada do ato administrativo tendo em vista o reconhecimento de sua inoportunidade e inconveniência. Na revogação temos um ato administrativo legal.
ATENÇÃO:
COMPETÊNCIA PARA REVOGAÇÃO:
- Somente a administração pública detém competência para revogar o ato administrativo, ou seja, neste caso, a princípio, não se admite que a revogação seja exercida pelo Poder Judiciário.
Há possibilidade do Poder Judiciário revogar um ato administrativo, desde que esteja no exercício de atividade administrativa, neste caso, o Poder Judiciário poderá revogar o seu ato administrativo. 
- Sendo assim, qualquer dos Poderes de Estado poderá REVOGAR ato administrativo desde que no exercício de suas funções administrativas.
EFEITOS DA REVOGAÇÃO:
- Os efeitos são "Ex nunc", ou seja, valem a partir da revogação. 
- Não está a Administração Pública sujeita a limtes temporais para a REVOGAÇÃO, esta poderá ocorrer a qualquer tempo.
ATENÇÃO:
Não se admite a revogação de:
a) Ato vinculado;
b) Ato que produz direito adquirido;
c) Atos de procedimentos;
d) Atos de controle;
e) Atos exauridos ou consumados;
- CONVALIDAÇÃO: 
- A convalidação é o ato de correção. 
- Na correção do ato administrativo que possui um vício sanável, o vício é suprido através da edição de outro ato administrativo. Normalmente, a convalidação é operada pela administração pública.
- No tocante a forma admite-se a convalidação, desde que esta não se constitua em elemento essencial do ato. Entretanto na hipótese de violação da finalidade ou na ausência do motivo é impossível a convalidação do ato administrativo. 
- Quando o vício está ligado ao sujeito é possível a Ratificação do ato.
- Nos casos de ilegalidade não há como se falar em convalidação.
- EFEITOS DA CONVALIDAÇÃO:
- Os efeitos são "ex tunc".
Texto legal de apoio: Lei 9784/99
CAPÍTULO XIV
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO
        Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
        Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
        § 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
        § 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à     validade do ato.
        Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.
CAPÍTULO XV
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO
        Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de mérito.
        § 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.
        § 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de caução.
SÚMULA VINCULANTE 21
É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.
        § 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).
        Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa.
        Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:
        I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo;
        II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão recorrida;
        III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos;
        IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos.
        Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para interposição de recurso administrativo, contado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
        § 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão competente.
        § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes.
        Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo.
        Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.
        Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele conhecer deverá intimar os demais interessados para que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações.
        Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
        I - fora do prazo;
        II - perante órgão incompetente;
        III - por quem não seja legitimado;
        IV - após exaurida a esfera administrativa.
        § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.
        § 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrativa.
        Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência.
        Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes da decisão.
        Art. 64-A.  Se o recorrente alegar violação de enunciado da súmula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).
        Art. 64-B.  Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).
        Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada.
        Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção.
Lei nº 4.717 de 29 de Junho de 1965
Regula a ação popular.
Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas:
a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou;
b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato;
c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo;
d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido;
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.
 
Lei da Ação Popular (Lei nº 4.717 de 29 de Junho de 1965) define como nulidade os vícios aos elementos do ato administrativo, a doutrina pondera, e entende que se houver possibilidade de convalidação não será caso de nulidade, mas sim de anulabilidade.
* Admite-se a convalidação nos casos de vícios nos elementos sujeito e forma.
 * No caso do elemento sujeito (agente competente) é possível a convalidação desde que, não seja competência exclusiva ou em razão da matéria.
 * Não confundir com o usurpador da função, neste caso, o ato é inexistente.
 * No tocante a forma, podemos ter a convalidação, desde que, o ato não exija forma solene.
 * Os elementos objeto (conteúdo), motivo e finalidade, não admitem o saneamento (convalidação).
CONVERSÃO: É o instituto usado para transformar um ato inválido em outra categoria, com efeitos ex tunc. 
 EX.: Concessão de bem público sem licitação, pode ser convertida em permissão precária, se o caso permitir a demanda sem licitação.
 
BIBLIOGRAFIA:
1. Meirelles, Hely L. – Curso de Direito Administrativo – Ed. Malheiros.
2. Knoplock, Gustavo M. – Manual de Direito Administrativo – Ed. Campus. 
3. Di Pietro, Maria S. Z. – Direito Administrativo – Ed. Atlas.
4. Mello, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo – Ed. Malheiros.
5. Oliveira, Rafael Carvalho Rezende - Curso de Direito Administrativo – Ed. Método.
INTERNET:
1. www.stf.jus.br
2. www.planalto.gov.br
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