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Aula 01-Introdução à Geologia e Estudo da Terra Geologia Ciência que estuda a composição, as propriedades físicas, as forças, a estrutura geral e a história da Terra. A palavra geologia é formada pelos radicais gregos: geo (Terra) + logia (estudo ou ciência). Importância da Geologia Por meio da Geologia é possível identificar a origem e a idade do planeta, bem como as transformações que sofreu ao longo do tempo e, ainda, sua formação geológica. Além disso, através das ferramentas e tecnologias modernas, ela pode prever os possíveis abalos sísmicos que acontecerão no globo e, também, as mudanças do clima. Os conhecimentos desenvolvidos pela geologia são empregados: na construção civil (construção de represas, túneis e estradas); na abertura de minas (explotação e aproveitamento dos minérios; na produção de energia geotérmica (energia produzida pelo calor do interior da Terra). Em relação às construções, a geologia torna-se indispensável, uma vez que analisa o solo, as rochas e ainda, prevê o impacto ambiental. Para isto, é realizado um levantamento geológico e geotécnico das áreas destinadas à construção. Importante destacar que os estudos da geologia são aplicados para o conhecimento do nosso planeta, melhorando a qualidade de vida e a nossa relação com a natureza. Áreas de Estudo da Geologia A geologia é uma área muito ampla, sendo que as principais áreas de estudo são: Geologia Estrutural: estudo da estrutura da Terra. Geologia Histórica: estudo das eras, períodos e idades geológicas. Geologia Econômica: estudo das riquezas minerais. Geologia Ambiental: estudo dos impactos ambientais e dos riscos ecológicos. Geofísica: estudo da composição e propriedades físicas dos elementos. Geoquímica: estudo da composição e propriedades químicas da Terra. Geomorfologia: estudo das formas da superfície terrestre (relevo). Geologia do Petróleo: estudo da composição e propriedades do petróleo. Hidrogeologia: estudo dos cursos de águas subterrâneas. Cristalografia: estudo dos cristais e das estruturas sólidas formadas pelos átomos. Espeleologia: estudo da formação geológica das cavernas e das cavidades naturais. Estratigrafia: estudo da composição e estrutura das rochas estratificadas (rochas que se apresentam em camadas). Sedimentologia: estudos dos sedimentos acumulados na Terra derivados da erosão. Topografia: estuda os acidentes geográficos presentes no planeta. Sismologia: estudo dos sismos e dos movimentos das placas tectônicas no planeta. Vulcanologia: estudo dos vulcões e das erupções vulcânicas. Pedologia: estudo da formação e estrutura dos solos. Petrografia: estudo da análise das rochas. Mineralogia: estudo da composição e propriedades dos minerais. Temas Analisados pela Geologia Os principais estudos desenvolvidos pela geologia estão relacionados com os seguintes temas: Formação do planeta Terra Estrutura e camadas da Terra Relevo e formações geológicas Movimentos das placas tectônicas Os vulcões, os terremotos e os tsunamis Reino mineral e estudo dos fósseis Petróleo, carvão mineral e gás natural Formação do solo e das rochas Depósitos subterrâneos de água (lençóis freáticos e aquíferos) Processos de erosão, desertificação e intemperismo Estudo das eras, períodos e idades geológicas Geologia e Engenharia Praticamente todas as atividades de um engenheiros envolvem elementos de nosso planeta e, sendo assim, é útil conhecê-lo. São citados, a seguir, alguns usos relevantes do estudo da geologia para a engenharia: A escolha de materiais mais apropriados, isto é, mais baratos, depende do conhecimento de sua disponibilidade na composição da Terra, bem como sua facilidade de extração. Em especial, a escolha de materiais com características específicas depende de sua existência na quantidade desejada e com acesso disponível. A definição de processos de extração de materiais, como ferro, cobre e outros depende do conhecimento de como esses minerais ocorrem na natureza. O uso de rochas como material de construção civil depende do conhecimento de suas propriedades físicas, que dependem diretamente de seu processo de formação. O projeto de estrutura de qualquer obra civil depende das características do solo e das rochas que o compõem, sendo necessário seu conhecimento para que soluções adequadas sejam adotadas para cada tipo de solo. Se a região sofre abalos sísmicos, estes precisam ser conhecidos e compreendidos para que possam ser considerados. O projeto e construção de túneis, em especial, depende do conhecimento da estrutura do solo, incluindo sua composição e a existência de fraturas. A identificação de novos poços de petróleo é feita, em grande parte, a partir do perfil geológico do terreno, isto é, do conjunto de rochas que compõem uma determinada região, visto que os depósitos de petróleo usualmente estão em regiões com o mesmo tipo de formação (formaram-se em épocas similares ou por processos similares). A definição de características externas de construções tem o objetivo de fornecer proteções contra a ação do intemperismo e, sendo assim, estes agentes devem ser estudados. Assim, ainda que esta lista não esteja completa, é importante que o engenheiro - em especial os Civis, Ambientais e de Petróleo e Gás – possuam um conhecimento básico de Geologia. Além disto, o estudo da Geologia traz, também, as respostas para muitas curiosidades comuns aos engenheiros, como: os mecanismos de ocorrência de vulcões, a origem dos abalos sísmicos, as técnicas usadas para o estudo das camadas mais profundas de solo, o conhecimento do fundo dos oceanos, a ocorrência de tsunamis. Composição da Terra As informações sobre as camadas da Terra são obtidas pela análise da propagação das ondas sísmicas originadas pelos terremotos; As camadas estendem-se da superfície da Terra até seu centro, a uma profundidade de 6 300 km e são as seguintes: crosta (0 a 30 km), manto superior (30 a 1000 km), manto inferior (1000 a 2900 km), núcleo exterior (2900 a 4900 km) e núcleo interior (5100 a 6370 km). Camadas da Terra Estrutura da Terra O planeta Terra é formado por quatro partes: camada sólida, atmosfera, biosfera e hidrosfera. A camada mais sólida do planeta é dividida em crosta, manto, núcleo externo e núcleo interno. Sobre a crosta, estão as camadas de solo e as camadas líquidas (hidrosfera). Acima da crosta, estão as camadas gasosas (atmosfera). As camadas de solo, a hidrosfera e a atmosfera dão as condições para o desenvolvimento da vida. Camada sólida da Terra A Terra é um planeta terroso e rochoso. A superfície dessa massa sólida recebe o nome de crosta ou litosfera, composta por rígidos blocos denominados placas tectônicas. A litosfera é formada por rochas e minerais. É a camada geológica mais fria da Terra e também a mais fina, com espessura estimada, pelo menos, em 90 quilômetros, na área continental, e em 8 quilômetros, na área dos oceanos. As rochas que constituem a litosfera são denominadas magmáticas, sedimentares e metamórficas. As rochas magmáticas ou ígneas, são formadas pelo magma expelido pelos vulcões. As rochas sedimentares são formadas pelas atividades erosivas. As rochas metamórficas são formadas a partir das rochas magmáticas ou das sedimentares. Placas Tectônicas As placas tectônicas são grandes placas que integram a litosfera e são dividias em placas oceânicas e placas continentais. Essas placas permanecemem movimento constante sobre o magma. Essa movimentação das placas é responsável pelos abalos sísmicos (terremotos) e pelo surgimento de vulcões. Placas tectônicas Hidrosfera 70% da superfície da Terra é composta por água, formando a hidrosfera. Essa camada líquida engloba toda a água do Planeta, que está distribuída em lençóis freáticos, lagos, rios, mares, oceanos e geleiras, localizadas nos polos. Os oceanos concentram 97% da água da Terra. Os menos de 3% restantes correspondem à água doce fornecida em rios, mananciais e lençóis freáticos. Do montante, contudo, 68% integra os gelos que estão nos polos. Hidrosfera e ciclo da água Lencol freático Atmosfera A atmosfera é a camada gasosa da Terra. É formada por diversos gases, principalmente nitrogênio e oxigênio. Há, ainda, a presença de enxofre e argônio. A composição dos gases da atmosfera contribuiu para o estímulo da fotossíntese, que influencia na emissão de elementos químicos e possibilita a existência de vida no Planeta. A atmosfera circunda a Terra a, pelo menos, 800 quilômetros de altura. Nesse raio, a atmosfera contém diferentes combinações de gases, que, também, contribuem para a proteção da superfície da Terra contra os raios ultravioleta presentes na irradiação do Sol. Atmosfera terrestre Biosfera É na biofera que está distribuída a vida terrestre. A biosfera é a combinação dos elementos que possibilitam a existência de seres vivos, através dos recursos hídricos, do aproveitamento da luz solar e do uso do solo para o crescimento de plantas, desenvolvimento da fotossíntese e possibilidade de evolução das mais variadas formas de vida. Biosfera Manto O manto é a segunda camada da parte sólida da Terra, com profundidades que vão de 30 quilômetros abaixo da litosfera e atinge até 2900 quilômetros. A temperatura no manto chega a 2000ºC e, por isso, os metais e rochas que o compõe permanecem em estado líquido, denominado magma. Crosta, manto, núcleo externo, núcleo interno Núcleo da Terra O núcleo da Terra é a região de maior concentração de calor, chegando a 6000º. Essa camada é composta por 80% de ferro e os demais 20% por chumbo, urânio e potássio. O núcleo é dividido em núcleo interno e núcleo externo. Núcleo externo No núcleo externo, os elementos ainda estão em estado líquido, como o ferro em consistência semelhante à água. Núcleo interno Já no núcleo interno, os materiais permanecem em estado sólido por sofrerem a influência do campo gravitacional. Hidrosfera Camada descontínua de água que envolve a Terra; A água, no estado líquido ou sólido, é um agente de modelagem da crosta terrestre de grande importância; A maior parte dos depósitos de sedimentos provém do transporte e deposição de materiais da superfície pela água e pelo gelo. Atmosfera Camada gasosa que envolve a Terra; O vento, resultante do movimento contínuo da atmosfera, também, é um importante agente de modificação da crosta terrestre, que atua sobre sua superfície, retira material de determinadas regiões, transporta esse material e o deposita em outras regiões; Seres vivos Animais e vegetais da pré-história desempenharam papel importante nos processos geológicos, como agentes formadores dos dois mais importantes combustíveis fósseis: o petróleo e o carvão. Relevo atual da Terra Dos 510 milhões de quilômetros quadrados da superfície da Terra, apenas 149 milhões (29,22%) constituem terras emersas, enquanto 361 milhões são terras imersas, formadas pelos mares e oceanos; Os continentes de hoje possuem vários indícios de que constituíram o fundo de antigos mares; As grandes cadeias de montanhas são formadas de rochas sedimentares marinhas, nas quais se encontram conchas e restos de animais marinhos; Durante 4,6 bilhões de anos, a Terra vem sendo submetida, incessantemente, à ação erosiva da água, do gelo e do vento e revolvida por forças internas semelhantes às que produzem os terremotos e os vulcões, provocando o surgimento de dobras, fraturas e metamorfismos, consequentemente, de grandes cadeias de montanhas e, no espaço entre essas cadeias, o surgimento de outros mares; Atualmente, a maior elevação da Terra é o monte Everest, com 8 850 m de altura, e a maior depressão ou fossa da crosta terrestre é a Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico, com a profundidade de 11 033 m; assim, o maior desnível da crosta terrestre é de, aproximadamente, 20 000 m (figura abaixo). Relevo do monte mais alto da Terra Crosta terrestre Camada relativamente fina, com 20 a 30 km de espessura, em média, sendo mais espessa sob os continentes e mais fina sob os oceanos; Constituída, ao meno na parte superior, por rochas semelhantes às que aparecem na superfície da Terra e que predominam nos continentes, como: granitos, migmatitos, basaltos, e rochas sedimentares; Nas partes mais profundas encontram-se rochas escuras e mais pesadas e que predominam nas áreas oceânicas, como os diabásios e as rochas ultrabásicas; Essas rochas constituem blocos ou placas de espessura variável, que flutuam sobre o substrato mais denso do Manto, onde ficam mais ou menos mergulhados, conforme suas espessuras e densidades médias; As altas montanhas estão menos imersas no manto, por serem formadas por rochas mais leves e mais espessas; Os fundos dos oceanos são constituídos de rochas mais densas, como os diabásios, que afundam mais no Manto; Essa ocorrência chamas-se isostasia ou movimento isostático (princípio utilizado em Geologia para designar o estado de equilíbrio gravitacional de uma rocha e as suas alterações entre a litosfera e a astenosfera); A astenosfera é uma zona superior do manto terrestre, menos rígida, e que se encontra abaixo da litosfera, entre aproximadamente 80 e 200 km abaixo da superfície. O limite inferior é ainda mais difuso. A existência da astenosfera foi evidenciada através do estudo do comportamento das ondas sísmicas. A crosta terrestre é formada de várias partes ou placas, que se encontram sobre o Manto; Até uns 250 milhões de anos atrás, a maior parte dos continentes estava unida num único bloco. A partir daquela época, os continentes começaram a se romper lentamente, formando placas ou blocos independentes que, por sua vez, foram arrastados por correntes que movimentam o manto rígido-viscoso; Nessa movimentação, existem zonas onde as placas estão se afastando uma das outras e que são preenchidas por novo material proveniente das profundezas do Manto; Em determinadas zonas, as placas colidem, formando os movimentos tectônicos e produzindo deformações, que resultam na formação de fossas tectônicas, dobramentos de epessas camadas de sedimentos, falhamentos, formação de cordilheiras, etc; A migração dos continentes continua a ocorrer lentamente. Nos dias de hoje, o avanço tecnológico permite determinar a velocidade e a direção dos deslocamentos desses continentes, com o emprego do raio laser e dos satélites atificiais. Ondas sísmicas A energia do terremoto irradia-se através das camadas da Terra, sob a forma de ondas, sentidas como tremores, mesmo à distância do ponto de origem. As vibrações da crosta terrestre produzem ondas sísmicas, medidas e registradas por aparelhos chamados sismógrafos,que fornecem a localização do foco do terremoto e dados sobre a subsuperfície. Os terremotos produzem 3 tipos de ondas sísmicas: ondas primárias (P), ondas secundárias (S) e ondas longas ou de superfície (L). Os 3 tipos de ondas movem-se no interior da Terra e seguem rumos diferentes (difração) com velocidades diferentes, mostrando que a Terra é constituída de camadas concêntricas, formadas de materiais diferentes e em estados físicos diferentes. As variações de velocidades das ondas sísmicas, a diferentes profundidades, no interior da Terra, indicam que os materiais das camadas que essas ondas atravessam possuem propriedades e densidades diferentes. Propagação de ondas sísmicas Ondas primárias (P) São ondas longitudinais, de pequena amplitude, semelhantes às ondas sonoras; Propagam-se nos meios sólidos e nos meios líquidos; Movimentam-se com velocidades que variam de 5,5 a 13,8 km/s; Sua velocidade aumenta, quando passam de uma camada de menor densidade para outra de maior densidade; Sua velocidade diminui bruscamente e sofre refração e reflexão, quando atravessam um meio líquido. Ondas secundárias (S) São ondas transversais, de pequena amplitude, semelhantes às ondas sonoras; Propagam-se apenas nos meios sólidos; Movimentam-se com velocidades que variam de 3,2 a 7,3 km/s; Propagação de ondas P (linhas contínuas verdes) e de ondas S (linhas pontilhadas azuis) Quando ocorre um terremoto, os sismógrafos instalados até uma distância angular de 104º ou 11 000 km, a partir do epicentro, conseguem registrar as ondas P e as ondas S; Se a medida angular for maior que 104º, as ondas S não podem mais ser detectadas, pois as mesmas não atravessam um meio líquido. Esse fato levou Richard Dixon Oldham a sugerir, em 1906, que a Terra possui um núcleo líquido, atualmente chamado Núcleo Externo; A área situada entre os ângulos de 104º e 180º chama-se zona de sombra das ondas S; As ondas P, ao passarem de um meio sólido (Manto) para um meio líquido (Núcleo Externo), a brusca alteração de densidade faz aquelas ondas mudarem de direção, impedindo que os sismógrafos as registrem entre os ângulos de 104º e 140º a contar do epicentro, ou seja, entre 11 000 e 19 000 km de distância, desde o ponto de ruptura; A área entre os ângulos de 104º e 140º chama-se zona de sombra das ondas P.
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