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1 DIREITO PREVIDENCIÁRIO Turma: 10º Período de DIREITO AULA: 06/11/2019 TÓPICOS DA MATÉRIA DE HOJE: VIII- Espécies de benefícios previdenciários Beneficiário da aposentadoria especial Fonte de custeio/financiamento da aposentadoria especial Conceito Beneficiários Comprovação da exposição a agentes nocivos Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP: Tabela de conversão Conversão de tempo especial em COMUM Renda mensal inicial = RMI Carência Início Término Volta ao trabalho do aposentado especial Servidor público não tem direito à aposentadoria especial Entendimento Sumulado VIII- APOSENTADORIA ESPECIAL (B-46) Previsão legal: – § 1º do art. 201 da Constituição Federal; – Artigos 57 e 58 da Lei nº 8.213/91 – PBPS; – Artigos 64 a 70 do Decreto nº 3.048/99 – RPS; – Anexo IV do Decreto nº 3.048/99 traz a classificação dos agentes nocivos. Está previsto na CF/88: Da Previdência Social Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; 2 V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º. § 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar. A Lei 8.213/91, que trata do Plano de Benefícios da Previdência Social – PBPS, estabelece: Da Aposentadoria Especial Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. § 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no art. 33 desta Lei, consistirá numa renda mensal equivalente a 100% (cem por cento) do salário- de-benefício. § 2º A data de início do benefício será fixada da mesma forma que a da aposentadoria por idade, conforme o disposto no art. 49. § 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado. § 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício. § 5º O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer benefício. § 6º O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. § 7º O acréscimo de que trata o parágrafo anterior incide exclusivamente sobre a remuneração do segurado sujeito às condições especiais referidas no caput. § 8º Aplica-se o disposto no art. 46 ao segurado aposentado nos termos deste artigo que continuar no exercício de atividade ou operação que o sujeite aos agentes nocivos constantes da relação referida no art. 58 desta Lei. Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo. § 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional 3 do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista. (LTCAT) § 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a sua adoção pelo estabelecimento respectivo. § 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei. § 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento. (Perfil Profissiográfico Previdenciário = PPP). O Decreto Regulamentador do PBPS, Decreto nº 3.048/99 – RPS, por sua vez, prevê que: Da Aposentadoria Especial Art.64. A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência exigida, será devida ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este somente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção, que tenha trabalhado durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. § 1º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, exercido em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado no caput. § 2º O segurado deverá comprovar a efetiva exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício. Art. 65. Considera-se trabalho permanente, para efeito desta Subseção, aquele que é exercido de forma não ocasional nem intermitente, no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput aos períodos de descanso determinados pela legislação trabalhista, inclusive férias, aos de afastamento decorrentes de gozo de benefícios de auxílio-doençaou aposentadoria por invalidez acidentários, bem como aos de percepção de salário-maternidade, desde que, à data do afastamento, o segurado estivesse exercendo atividade considerada especial. FONTE DE FINANCIAMENTO/CUSTEIO DA APOSENTADORIA ESPECIAL: A Lei 8.212/91 – PCSS – dispõe que: DA CONTRIBUIÇÃO DA EMPRESA 4 Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social além do disposto no art. 23, é de: [...] II - para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja ATIVIDADE PREPONDERANTE o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. Referida contribuição social se destina a garantir a concessão do benefício previdenciário de APOSENTADORIA ESPECIAL (artigos 57 e 58 da Lei 8.213/91 – PBPS) ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Aposentadoria esta a ser concedida após 15, 20 ou 25 anos de exposição contínua a estas condições. Para fins de conceituação, a ATIVIDADE PREPONDERANTE da empresa é dada pelo art. 202, § 3º do Decreto 3.048/99 – RPS: Art. 202. A contribuição da empresa, destinada ao financiamento da aposentadoria especial, nos termos dos artigos 64 a 70, e dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho correspondente à aplicação dos seguintes percentuais, incidentes sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a qualquer título, no decorrer do mês, ao segurado empregado e trabalhador avulso: I- um por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; II- dois por cento para a empresa em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; III- três por cento para a empresa em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. § 1º As alíquotas constantes do caput serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, respectivamente, se a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa ensejar a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição. § 2º O acréscimo de que trata o parágrafo anterior incide exclusivamente sobre a remuneração do segurado sujeito às condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. § 3º Considera-se preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos. § 4º A atividade econômica preponderante da empresa e os respectivos riscos de acidentes do trabalho compõem a Relação de Atividades Preponderantes e correspondentes Graus de Risco, prevista no Anexo V. § 5º O enquadramento no correspondente grau de risco é de responsabilidade da empresa, observada a sua atividade econômica preponderante e será feito mensalmente, cabendo ao Instituto Nacional do Seguro Social rever o auto-enquadramento em qualquer tempo. [...] § 13. A empresa informará mensalmente, por meio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações 5 à Previdência Social – GFIP, a alíquota correspondente ao seu grau de risco, a respectiva atividade preponderante e a atividade do estabelecimento, apuradas de acordo com o disposto nos §§ 3º e 5º. O Decreto 6.042, de 12/2/2007, acrescentou o art. 202-A ao Decreto n. 3.048/99 – RPS, instituindo o Fator Acidentário de Prevenção – FAP, que é um multiplicador variável, destinado a aferir o desempenho da empresa em relação às demais do mesmo segmento de atividade econômica, considerando a ocorrência de acidentes de trabalho. A aplicação do FAP poderá causa OU a redução em até 50% OU o aumento em até 100% das alíquotas da contribuição: Art. 202-A. As alíquotas constantes nos incisos I a III do art. 202 serão reduzidas em até cinqüenta por cento ou aumentadas em até cem por cento, em razão do desempenho da empresa em relação à sua respectiva atividade, aferido pelo Fator Acidentário de Prevenção – FAP. A Relação das atividades preponderantes e os correspondentes graus de risco estão no Anexo V do Decreto 3.048/99 – RPS (material já enviado para os alunos). CONCEITO de Aposentadoria Especial: O art. 57 da Lei 8.213/91 – PBPS diz que: Da Aposentadoria Especial Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. [...] § 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado. Para Tiago Faggioni Bachur e Maria Lucia Aiello 1 : A aposentadoria especial é uma espécie de aposentadoria com o tempo reduzido em razão das condições especiais de trabalho que prejudiquem a saúde ou a integridade física (ou seja, insalubres, perigosas ou penosas). Existe este benefício enquanto presentes tais condições. A aposentadoria especial é uma prestação paga mensalmente ao segurado. Uma vez cumprida a carência exigida, é destinada aos segurados que trabalham em atividades consideradas perigosas e/ou prejudiciais à saúde. Dependendo da atividade, pode ser concedida aos 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos de trabalho. A APOSENTADORIA ESPECIAL (B-46) é uma espécie de aposentadoria com o tempo reduzido em razão das condições especiais de trabalho, pela exposição do segurado a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física. 1 BACHUR, Tiago Faggioni/AIELLO, Maria Lucia - "Teoria e Prática do Direito Previdenciário" - 2ª edição: revista, atualizada e ampliada. Ed. Lemos e Cruz. p. 430. 6 É um benefício previdenciário, de prestação continuada, concedido ao segurado da Previdência Social que, cumprida a carência exigida, trabalhe em atividades nocivas à saúde ou integridade física de modo habitual e permanente, por período de 15, 20 ou 25 anos, dependendo do grau de nocividade encontrado no trabalho prestado. Não são consideradas especiais as atividades perigosas, mas somente as insalubres – resguardando-se, todavia, as situações de direito adquirido (como a prestação de serviço na época em que havia previsão legal). OBSERVAÇÃO: O Decreto nº 2.172/97 EXTINGUIU o benefício para os agentes especiais: periculosos e penosos. Vige atualmente somente o benefício concedido em razão da exposição a agentes NOCIVOS À SAÚDE E/OU INTEGRIDADE FÍSICA. BENEFICIÁRIOS DA APOSENTADORIA ESPECIAL: NEM todos os segurados da Previdência Social têm direito à aposentadoria especial, e, de acordo com o art. 64 do Decreto 3.048/99 – RPS: Da AposentadoriaEspecial Art.64. A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência exigida, será devida ao segurado EMPREGADO, TRABALHADOR AVULSO e CONTRIBUINTE INDIVIDUAL, este somente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção, que tenha trabalhado durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Porém, a Previdência Social deve dar TRATAMENTO ISONÔMICO a todos os seus segurados. Assim, há entendimentos doutrinários e jurisprudenciais de que TODOS OS SEGURADOS (obrigatórios e facultativos) podem ser beneficiários da aposentadoria especial. Segundo Tiago Faggioni Bachur 2 : Embora o Decreto nº 3.048/99 diga que só será concedida a aposentadoria especial ao segurado empregado, avulso e individual (que esteja filiado à cooperativa de trabalho ou de produção), muitos doutrinadores entendem que todos os segurados (obrigatórios e facultativos) podem ser beneficiários da aposentadoria especial, aplicando-se, neste caso, tratamento isonômico. O professor José Roberto Sodero Victorio, em aula proferida no dia 22 de setembro de 2007, abordando o tema “Benefícios Previdenciários – Teoria e Prática”, ao tratar da aposentadoria especial, destaca que qualquer segurado exposto às condições especiais que prejudiquem a saúde ou integridade física (mesmo o segurado individual – como, por exemplo, o dono do posto de gasolina) tem direito a esse benefício, bastando um laudo de engenheiro ou médico do trabalho atestando tal condição. Ora, de fato, qual a diferença entre o patrão e o empregado que trabalham no mesmo local onde ambos ficam expostos às mesmas condições prejudiciais de saúde ou integridade 2 BACHUR, Tiago Faggioni/AIELLO, Maria Lucia. Teoria e prática do direito previdenciário. 2. ed. São Paulo: Editora Lemos e Cruz, 2009. p. 903. 7 física? Então, tanto um como o outro, se comprovadamente ficam expostos a tais condições “especiais”, poderiam receber a aposentadoria especial. Entendimento jurisprudencial: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. PROFESSOR. DECLARAÇÃO DE SERVIDOR MUNICIPAL. ARTS. 52, LEI N.º 8.213/91 E 201, § 8º, CF. JUROS. CORREÇÃO MONETÁRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PRECEDENTES STJ. 1. Deve ser concedida a aposentadoria por tempo de contribuição a professora municipal que comprovou o tempo de contribuição por CTPS, declaração de Servidor Municipal e prova testemunhal, nos termos dos arts. 52, da Lei n.º 8.213/91 e 201, § 8º, da Constituição Federal e precedentes do Superior Tribunal de Justiça. 2. Parcelas devidas a partir da data do requerimento administrativo. 3. Juros moratórios de 0,5%, a contar da citação válida. Súmula n.º 204 - STJ. 4. Correção monetária das parcelas em atraso, nos termos da Lei n.º 6.899/81. 5. Honorários advocatícios em 5% sobre o valor da condenação, excluídas as parcelas vincendas. Súmula n.º 111 - STJ. 6. Remessa oficial e apelação parcialmente providas. (TRF 05ª R.; AC 427123; Proc. 2007.05.00.071535- 6; AL; Quarta Turma; Rel. Des. Fed. Conv. Amanda Lucena; Julg. 30/09/2008; DJU 22/10/2008; Pág. 359) COMPROVAÇÃO DA EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS À SAÚDE e/ou INTEGRIDADE FÍSICA: O Decreto 3.048/99 – RPS também previu: Art. 68. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins de concessão de aposentadoria especial, consta do Anexo IV. § 1º As dúvidas sobre o enquadramento dos agentes de que trata o caput, para efeito do disposto nesta Subseção, serão resolvidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pelo Ministério da Previdência e Assistência Social. § 2º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário denominado perfil profissiográfico previdenciário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. § 3 o Do laudo técnico referido no § 2º deverá constar informação sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva, de medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho, ou de tecnologia de proteção individual, que elimine, minimize ou controle a exposição a agentes nocivos aos limites de tolerância, respeitado o estabelecido na legislação trabalhista. § 4º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à multa prevista no art. 283. § 5 o O INSS definirá os procedimentos para fins de concessão do benefício de que trata esta Subseção, podendo, se necessário, inspecionar o local de trabalho do segurado para confirmar as informações contidas nos referidos documentos. 8 § 6º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico previdenciário, abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho ou do desligamento do cooperado, cópia autêntica deste documento, sob pena da multa prevista no art. 283. § 7 o O laudo técnico de que tratam os §§ 2º e 3º deverá ser elaborado com observância das normas editadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e dos atos normativos expedidos pelo INSS. § 8º Considera-se perfil profissiográfico previdenciário, para os efeitos do § 6º o documento histórico-laboral do trabalhador, segundo modelo instituído pelo Instituto Nacional do Seguro Social, que, entre outras informações, deve conter registros ambientais, resultados de monitoração biológica e dados administrativos. § 9º A cooperativa de trabalho atenderá ao disposto nos §§ 2º e § 6º, com base nos laudos técnicos de condições ambientais de trabalho emitido pela empresa contratante, por seu intermédio, de cooperados para a prestação de serviços que os sujeitem a condições ambientais de trabalho que prejudiquem a saúde ou a integridade física, quando o serviço for prestado em estabelecimento da contratante. § 10. Aplica-se o disposto no § 9º à empresa contratada para prestar serviços mediante cessão ou empreitada de mão-de-obra. § 11. As avaliações ambientais deverão considerar a classificação dos agentes nocivos e os limites de tolerância estabelecidos pela legislação trabalhista, bem como a metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho - FUNDACENTRO. DAS INFRAÇÕES Art. 283. Por infração a qualquer dispositivo das Leis nºs 8.212 e 8.213, ambas de 1991, e, 10.666, de 8 de maio de 2003, para a qual não haja penalidade expressamente cominada neste Regulamento, fica o responsável sujeito a multa variável de R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e dezessete centavos) a R$ 63.617,35 (sessenta e três mil, seiscentos e dezessete reais e trinta e cinco centavos), conforme a gravidade da infração, aplicando- se-lhe o disposto nos arts. 290 a 292, e de acordo com os seguintes valores: Nota: Valores atualizados, a partir de 1º de junho 2003, pela Portaria MPS nº 727, de 30/5/2003, para R$ 991,03 (novecentos e noventa e um reais e três centavos) à R$ 99.102,12 (noventa e nove mil cento e dois reais e doze centavos). E, pela Portaria Interministerial MPS e MF n. 350 3 ,de 30/12/2009 (DOU 31/12/2009, ret. DOU 5/1/2010) o valor da multa pela infração a qualquer dispositivo do RPS, para a qual não haja penalidade expressamente cominada (art. 283), varia, conforme a gravidade da infração, de R$ 1.410,79 (um mil quatrocentos e dez reais e setenta e nove centavos) a R$ 141.077,93 (cento e quarenta e um mil setenta e sete reais e noventa e três centavos). A partir de 01/01/2004 foi criado o formulário do perfil profissiográfico previdenciário – PPP, confrontando com informações do CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais – para homologação da contagem de tempo especial. Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP: 3 Dispõe sobre o salário mínimo e o reajuste dos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e dos demais valores constantes do Regulamento da Previdência Social - RPS. 9 Formulário que comprova a exposição do segurado aos agentes nocivos = químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física. Emitido e preenchido pela EMPRESA ou seu preposto, baseado no Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho (LTCAT) expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. Fornecimento obrigatório da cópia autenticada para trabalhador em caso de demissão (§ 6º do art. 68 do RPS). Perícia médica (análise do PPP pelo INSS): pode inspecionar o local de trabalho do segurado para confirmar as informações. HISTÓRICO de formulários utilizados pelo INSS: Período de Trabalho Enquadramento Legal De 05/09/60 a 28/04/95 Formulário, CP/CTPS, LTCAT para o ruído. Quadro Anexo Decreto nº 53.831/64 e Anexos I e II do Decreto nº 83.080/79. De 29/04/95 a 13/10/96 Formulário, LTCAT ou demais obrigações ambientais obrigatório para ruído. Código 1.0.0 do Quadro Anexo do Decreto nº 53.831/64 e Anexo I do Decreto nº 83.080/79 De 14/10/96 a 05/03/97 Formulário, LTCAT ou demais obrigações ambientais para todos os agentes. Código 1.0.0 do Quadro Anexo do Decreto nº 53.831/64 e Anexo I do Decreto nº 83.080/79 06/03/97 a 31/12/98 Formulário, LTCAT ou demais demonstrações ambientais, para todos os agentes. Anexo IV do RBPS, aprovado pelo Decreto nº 2.172/97 De 01/01/99 a 05/05/99 Formulário, LTCAT ou demais demonstrações ambientais, para todos os agentes com confrontação com as informações do CNIS. Anexo IV do RBPS aprovado pelo Decreto nº 2.172/97 c/c artigo 19 e § 2 º do artigo 68 do RPS – Decreto nº 4.079/02. De 06/05/99 a 31/12/03 Formulário, LTCAT ou demais demonstrações ambientais, para todos os agentes com confrontação com as informações do CNIS. Anexo IV do RPS aprovado pelo Decreto nº 3.048/99 c/c artigo 19 e § 2 º do artigo 68 do RPS – Decreto nº 4.079/02. A partir de 01/01/04 Formulário (PPP), que deve ser confrontado com as informações relativas ao CNIS para homologação da contagem de tempo especial. Anexo IV do RPS aprovado pelo Decreto nº 3.048/99 c/c artigo 12 artigo 19 e § 2º do artigo 68 do RPS – Decreto nº 4.079/02. Até o advento da Lei nº 9.032, de 28/04/1995, admite-se o reconhecimento do tempo de serviço especial, com base no enquadramento da categoria profissional do trabalhador. Inexistindo previsão legal, até a edição da Lei 9.032, de 28/04/1995, para a efetiva comprovação da exposição aos agentes nocivos à saúde e à integridade física do trabalhador, para caracterizar atividade especial, sendo inexigível a apresentação de laudo técnico como requisito para o reconhecimento de tempo de serviço exercido em condições especiais, bastaria apenas que se demonstrasse o enquadramento da atividade exercida dentre aquelas previstas em lei, como atividades especiais sujeitas à contagem diferenciada de tempo especial, segundo as regras vigentes à época da prestação. A partir da Lei nº 9.032, de 28/04/1995, a comprovação da atividade especial passou a ser feita por intermédio dos formulários SB-40 e DSS-8030, nos moldes das regras então vigentes, até a edição do Decreto nº 2.172 de 05.03.1997, que regulamentou a MP 1523/96 (convertida na Lei nº 9.528/97), exigindo-se, a partir daí, a comprovação da atividade especial através de Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho – LTCAT – expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. TABELA DE CONVERSÃO DE ATIVIDADES ESPECIAIS: Atividade a converter Para 15 anos Para 20 anos Para 25 anos Para 30 anos (mulher) Para 35 anos (homem) De 15 anos 1,00 1,33 1,67 2,00 2,33 De 20 anos 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 De 25 anos 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 De 30 anos (mulher) 0,50 0,67 0,83 1,00 1,17 De 35 anos (homem) 0,43 0,57 0,71 0,86 1,00 10 CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM TEMPO COMUM: Segundo a Lei n. 8.213/91 – PBPS, o TEMPO ESPECIAL pode ser convertido em tempo comum, já que o segurado não trabalhou CONTINUAMENTE exposto a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, com agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação destes agentes. Para isto, o Decreto 3.048/99 – RPS previu: Art. 70. A conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum dar-se-á de acordo com a seguinte tabela: TEMPO A CONVERTER MULTIPLICADORES MULHER (PARA 30) HOMEM (PARA 35) DE 15 ANOS 2,00 2,33 DE 20 ANOS 1,50 1,75 DE 25 ANOS 1,20 1,40 DECRETO Nº 8.123, DE 16 DE OUTUBRO DE 2013 4 Altera dispositivos do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n o 3.048, de 6 de maio de 1999, no que se refere à aposentadoria especial. A conversão de que trata o caput será feita segundo a tabela abaixo: Tempo a Converter Multiplicadores Para 15 Para 20 Para 25 De 15 anos - 1,33 1,67 De 20 anos 0,75 - 1,25 De 25 anos 0,60 0,80 4 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/D8123.htm>. Acesso em: 17 nov. 2016. 11 §1º A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. §2º As regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum constantes deste artigo aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer período. RENDA MENSAL INICIAL – RMI 100% SB (80% dos maiores salários de contribuição a partir de 1994) = NÃO INCIDÊNCIA do Fator Previdenciário pelo disposto no inciso II do art. 29 da Lei n. 8.213/91 - PBPS. A Lei n. 8.213/91 – PBPS diz que: Da Aposentadoria Especial Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. § 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no art. 33 desta Lei, consistirá numa renda mensal equivalente a 100% (cem por cento) do salário-de-benefício. Art. 29. O salário-de-benefício consiste: [...] II - para os benefícios de que tratam as alíneas a, d, e e h do inciso I do art. 18, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo. (Aposentadoria por INVALIDEZ, ESPECIAL, AUXÍLIO-DOENÇA e AUXÍLIO-ACIDENTE) CARÊNCIA: Sabendo-se que CARÊNCIA é o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis paraque o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências (caput do art. 24 5 da Lei n. 8.213/91 – PBPS). Assim, e sendo a Seguridade Social um sistema CONTRIBUTIVO, o período de carência se justifica em razão da necessidade de manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial do sistema. Filiação posterior a Lei n. 8.213/91: 180 contribuições. Filiação antes da Lei n. 8.213/91: art. 142 da referida Lei. OBSERVAÇÃO: Lei nº 10.666/03 (artigo 3º): não é considerada perdida a qualidade de segurado para a concessão das aposentadorias por tempo de contribuição, especial e idade. Necessária a carência Diz a Lei 8.213/91 – PBPS: 5 Dos Períodos de Carência Art. 24. Período de carência é o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências. 12 Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social depende dos seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto no art. 26: I - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: 12 (doze) contribuições mensais; II - aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de serviço e aposentadoria especial: 180 contribuições mensais. INÍCIO DA APOSENTADORIA (art. 69 do RPS): Art. 69. A data de início da aposentadoria especial será fixada conforme o disposto nos incisos I e II do art. 52. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no art. 48 ao segurado que retornar ao exercício de atividade ou operações que o sujeitem aos agentes nocivos constantes do Anexo IV, ou nele permanecer, na mesma ou em outra empresa, qualquer que seja a forma de prestação do serviço, ou categoria de segurado, a partir da data do retorno à atividade. Art. 52. A aposentadoria por idade será devida: I - ao segurado empregado, inclusive o doméstico: a) a partir da data do desligamento do emprego, quando requerida até noventa dias depois dela; ou b) a partir da data do requerimento, quando não houver desligamento do emprego ou quando for requerida após o prazo da alínea “a”, e II - para os demais segurados, a partir da data da entrada do requerimento. Empregado (inclusive doméstico): Data do desligamento (requerimento até 90 dias). Data do requerimento (após 90 dias). Demais: data do requerimento. TÉRMINO: falecimento do segurado = conversão em Pensão por morte se deixou dependente; Volta ao trabalho em atividades especiais. VOLTA AO TRABALHO DO APOSENTADO ESPECIAL: Possibilidade em outra atividade “não especial”; Possibilidade: art. 5º, XIII da CF (“livre exercício da profissão”): DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; Vedação para aposentado continuar em atividade especial = § 8º do art. 57 da Lei n. 8.213/91 13 Da Aposentadoria Especial Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 28.4.95) [...] § 8º Aplica-se o disposto no art. 46 ao segurado aposentado nos termos deste artigo que continuar no exercício de atividade ou operação que o sujeite aos agentes nocivos constantes da relação referida no art. 58 desta Lei. (NR) (Parágrafo acrescentado conforme determinado na Lei nº 9.732, de 11.12.1998, DOU 14.12.1998) Art. 46. O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL RETORNO AO TRABALHO. IRREGULARIDADE. INVALIDEZ. OPÇÃO. 1. O aposentado especial não pode retornar ao exercício de atividade sujeitas a agentes nocivos (art. 57, § 6º, Lei nº 8.213/91, vigente à época) 2. Ainda que haja o regresso ao trabalho, em desrespeito à norma referida, ocorrendo a invalidez permanente, há de ser facultada ao beneficiário a opção pelo primeiro benefício. 3. Restabelecimento da aposentadoria especial. 4. Remessa oficial improvida. (TRF 05ª R.; REOAC 412839; Proc. 2000.81.00.030226-7; CE; Segunda Turma; Rel. Des. Fed. Luiz Alberto Gurgel de Faria; Julg. 25/09/2007; DJU 31/10/2007; Pág. 993) A doutrina entende que o princípio constitucional do art. 5º, XIII, deve prevalecer sobre o RPS e as IN´s do INSS, ante o livre exercício de qualquer profissão, porque, no entendimento do INSS, se um dentista ou médico se aposentar pela aposentadoria especial, não poderia voltar a exercer suas antigas atividades como dentista ou médico. Em artigo publicado pela Academia Brasileira de Direito – ABDIR6 explicou-se que: Para Wladimir Novaes Martinez e Sérgio Pardal Freudenthal, esse dispositivo seria inconstitucional por ofender o inciso XIII , do artigo 5º , da Constituição Federal, isto é, a liberdade do exercício do trabalho, ofício ou profissão. Entretanto, a Lei 8.213/91 não veda o retorno ao trabalho pelo aposentado pela especial, mas apenas impõe uma penalidade, qual seja a suspensão do benefício previdenciário como medida para desestimular o trabalho em condições que geraram a aposentadoria especial. O aposentado pela especial não fica impedido de voltar ao trabalho em atividades comuns. Essa restrição ao trabalho em condições prejudiciais à saúde ou integridade física do trabalhador não ofende o direito à liberdade do exercício do trabalho, ofício ou profissão, pois esse direito encontra limites no direito à saúde, que é uma garantia assegurada na Constituição Federal , no artigo 196 ("A saúde é direito de todos e dever do Estado..."), e no direito à redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, previsto no artigo 7º , XXII . E a aposentadoria especial tem o objetivo de afastar precocemente o empregado do trabalho em condições prejudiciais à sua saúde ou integridade física para evitar que se torne inválido ou faleça. 6 Disponível em: <http://abdir.jusbrasil.com.br/noticias/168396/reflexos-da-aposentadoria-especial-no-contrato-de- trabalho>. Acesso em: 17 nov. 2016. 14 Como a lei não dispõe expressamente que a aposentadoria especial extingue o contrato de trabalho, indaga-se se o empregador é obrigado a mudar de função o empregado aposentado pela especial ou pode dar por rescindido o contrato de trabalho por iniciativa do empregado quando este obtém a aposentadoria especial ou pode rescindir o contrato de trabalho por motivo de aposentadoria. Há uma corrente doutrinária que sustenta que a opção do início do benefício na data do requerimento indica a desnecessidade de desligamento do emprego (Lei 8.213 /91, artigo 49). Isso porque o termo inicial da aposentadoria especial pode ser: a) na data do desligamento do emprego, quando requerido até essa data ou até 90 dias depois dela; b) da data do requerimento, quando não houverdesligamento do emprego ou quando for requerida após o prazo de 90 dias. Para essa corrente doutrinária, o empregador tem o dever de retirar o empregado aposentado das atividades nocivas e designar-lhe outras atribuições, sob pena de responsabilidade. Antônio Carlos de Oliveira, juiz do Trabalho da 5ª Região aposentado e professor de Direito Previdenciário da Ematra-V, defende que a aposentadoria especial não extingue o contrato de trabalho do empregado que labora em condições prejudiciais à saúde. Ele entende que se o empregador for conivente com o empregado aposentado pela especial, por ser sabedor da vedação legal, incorrerá em infração legal. Já se o empregador nada souber, o empregado é o único responsável pela infração e será obrigado a devolver os proventos de aposentadoria recebidos indevidamente. Entretanto, a Lei 8.213 /91 não prevê expressamente nenhuma penalidade ao empregador que exija (ou permita) do segurado já aposentado que trabalhe com condições prejudiciais à sua saúde. Mas o entendimento jurisprudencial majoritário hoje é no sentido de que, aquele que teve concedida a aposentadoria especial PODE voltar a trabalhar, inclusive na mesma atividade anteriormente exercida, sob pena de ofensa à cláusula pétrea (inciso XIII , do artigo 5º , da Constituição Federal , isto é, a liberdade do exercício do trabalho, ofício ou profissão). SERVIDOR PÚBLICO NÃO TEM DIREITO À APOSENTADORIA ESPECIAL: Diz a CF/88 que: Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. [...] § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores: [...] III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. 15 Pois bem, e de início, assevera-se que a citada norma constitucional do inciso III, do § 4º, do art. 40 reclama por regulamentação através de LEI COMPLEMENTAR, o que ainda inexiste no ordenamento jurídico pátrio. Tanto é assim que o parágrafo único da Lei nº 9.717, de 27 de novembro de 1998 (DOU 28/11/1998) que dispõe sobre regras gerais para a organização e o funcionamento dos regimes próprios de previdência social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal e dá outras providências, diz que: Art. 5º Os regimes próprios de previdência social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal não poderão conceder benefícios distintos dos previstos no Regime Geral de Previdência Social, de que trata a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, salvo disposição em contrário da Constituição Federal. Parágrafo único. Fica vedada a concessão de aposentadoria especial, nos termos do § 4º do art. 40 da Constituição Federal, até que lei complementar federal discipline a matéria. Destaque e grifo nosso. Em que pese referido dispositivo constitucional não ter sido regulamentado até a presente data, conforme já previsto no parágrafo único do art. 5º da Lei nº 9.717, de 27 de novembro de 1998 (DOU 28/11/1998), diante de tais casos, o Ministério da Previdência Social – MPS, através da sua Secretaria de Políticas de Previdência Social – SPS, publicou a Instrução Normativa – IN MPS/SPS n. 01 7 , de 22/07/2010 (DOU 27/07/2010), que estabeleceu instruções para o reconhecimento do tempo de serviço público exercido sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física pelos regimes próprios de previdência social para fins de concessão de APOSENTADORIA ESPECIAL aos servidores públicos amparados por Mandado de Injunção, portanto, aplicável somente aos ditos segurados dos RPPS que estejam amparados por ordem concedida em Mandado de Injunção, o que é o caso do segurado. Diante de outros tantos Mandados de Injunção, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante n. 33 dispondo que: Súmula Vinculante 33 Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica. Portanto, os Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS ainda dependem da citada LEI COMPLEMENTAR para regulamentar, mas devem deferir a APOSENTADORIA ESPECIAL aos seus segurados, utilizando os parâmetros legais e requisitos dos artigos 57/58 da Lei n. 8.213/91. ENTENDIMENTOS SUMULADOS: PROBLEMA: Súmula 16 TNU: “A conversão em tempo de serviço comum do período trabalhado em condições especiais somente é possível relativamente à atividade exercida até 28 de maio de 1998 (Lei 9711/98). 7 Disponível em: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/38/MPS-SPS/2010/1.htm>. Acesso em: 23 jun. 2015 16 STJ: Resp 956.110/SP (out/2007): “o trabalhador que tenha exercido atividades em condições especiais, mesmo que posteriores a maio de 1998, tem direito adquirido, protegido constitucionalmente, à conversão do tempo de serviço, de forma majorada, para fins de aposentadoria comum.” Entendimento INSS: é possível = art. 57, § 5° PBPS não foi revogado = fundamento: Dec. 4.827/03 Utilização do EPI: Súmula 09 TNU: “O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.” - TRF 1ª Reg.: MAS 38000061175/MG; TRF 2ª Reg.: AC 309346/RJ; TRF 3ª Reg.: AC 765442/SP; TRF 5ª Reg.: AC 291613/RN Em sentido contrário = EPI elimina ou neutraliza a ação do agente agressor: TRF 4ª Reg.: AC 487057/RS – “Comprovado por laudo técnico que o uso eficiente de equipamento de proteção individual ou coletivo (EPI ou EPC) elimina ou neutraliza a ação do agente agressor, de modo a não deixar nenhuma seqüela no trabalhador, fica descaracterizada a condição especial do trabalho.” TRF 1ª Região = Súmula nº 33. Aposentadoria especial decorrente do exercício de atividade perigosa, insalubre ou penosa não exige idade mínima do segurado. (DJU 5.2.1996) A DECISÃO RECENTE DO STF sobre o USO DE EPI e a APOSENTADORIA ESPECIAL O STF no julgamento do ARE 664335 8 , sobre os Equipamentos de Proteção Individual – EPI e a Aposentadoria Especial, mas esta relativa à ruídos, plugs ou conchas, onde o EPI para ruídos nunca terá a eficácia plena necessária para descaracterizar o direito do trabalhador à aposentadoria especial: “tratando-se especificamente do agente nocivo ruído, desde que em limites acima do limite legal, constata-se que, apesar do uso de Equipamento de Proteção Individual (protetor auricular) reduzir a agressividade do ruído a um nível tolerável, até no mesmo patamar da normalidade, a potência do som em tais ambientes causa danos ao organismo que vão muito além daqueles relacionados à perda das funções auditivas”. [...] ”ainda que se pudesse aceitar que o problema causado pela exposição deruídos relacionasse apenas à perda das funções auditivas, o que indubitavelmente não é o caso, é certo que não se pode garantir uma eficácia real da eliminação dos efeitos do agente nocivo ruído com a simples utilização do EPI, pois são inúmeros os fatores que influenciam na sua efetividade, dentro dos quais muitos são impassíveis de um controle efetivo, tanto pela empresas, quanto pelos trabalhadores”. De maneira que “na hipótese de exposição do trabalhador à ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), 8 Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=4170732>. Acesso em: 17 nov. 2016. 17 no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual – EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria”. Para outros agentes nocivos, o STF entendeu que: “se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial”. [...] “a Administração poderá, no exercício da fiscalização, aferir as informações prestadas pela empresa, sem prejuízo do inafastável judicial review. Em caso de divergência ou dúvida sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção Individual, a premissa a nortear a Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do direito ao benefício da aposentadoria especial”. Assim, em relação aos ruídos o STF decidiu que o EPI (protetor auditivo) NÃO DESCARACTERIZARÁ do direito do trabalhador à Aposentadoria Especial, mas em relação aos outros agentes nocivos, ainda não existe um EPI realmente capaz de neutralizar totalmente a nocividade do agente. DOCUMENTOS NECESSÁRIOS (www.mpas.gov.br) • Carteira de Trabalho e Previdência Social (ou documento equivalente); • Número de Identificação do Trabalhador – NIT (PIS/PASEP); • Declaração com descrição minuciosa sobre os serviços executados pelo segurado. Declaração dos salários-de-contribuição relacionados, preenchida e assinada pela empresa, no caso de empregados; • Guia de Recolhimento e/ou Carnê do contribuinte individual referente (s) aos 48 (quarenta e oito) últimos meses (no caso de autônomo ou facultativo); • Se for o caso, documento comprobatório da identidade; • Comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos mediante formulário (na forma estabelecida pelo INSS), emitido pela empresa ou preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho (que deve ser expedido por médico ou engenheiro de segurança do trabalho, nos termos da legislação trabalhista, segundo dispõe o artigo 58, § 1º, da Lei nº 8.213/91, alterado pela Lei nº 9732, de 11 de dezembro de 1998). ATENÇÃO: Para a conversão do tempo especial em tempo comum o trabalhador deve apresentar, além dos documentos de identificação pessoal, um dos seguintes formulários: SB 40, BSS 8030 ou o DIRBEN 8030, emitidos até 31 de dezembro de 2003, mas que comprovem o exercício da atividade exposto a agentes nocivos químicos, físicos ou biológicos, durante o tempo a ser convertido. * Vale destacar que o trabalhador exposto a ruídos nocivos a saúde deve apresentar também o Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT), elaborado por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. O mesmo deve ser observado por trabalhadores que durante o exercício das atividades foram expostos aos demais agentes nocivos no período entre 14 de outubro de 1996 e 31 de dezembro de 2003. Qual a diferença entre o PPRA (programa de Prevenção de Riscos Ambientais) e o LTCAT (Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho)? Embora ambos os documentos estejam ligados às condições de segurança no ambiente de trabalho, cada um se presta à finalidade diferente. O PPRA é um Programa, com a finalidade de reconhecer e reduzir e/ou eliminar os riscos existentes no ambiente de trabalho, servindo de base para a elaboração do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional). O PPRA precisa ser revisto e renovado anualmente. 18 O LTCAT é um Laudo, elaborado com o intuito de se documentar os agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho e concluir se estes podem gerar insalubridade para os trabalhadores eventualmente expostos. Somente será renovado caso sejam introduzidas modificações no ambiente de trabalho. LEITURA RECOMENDADA EM COMPLEMENTO À MATÉRIA DA AULA: http://www.previdenciasocial.gov.br/conteudoDinamico.php?id=14 http://www.sgrafico.com.br/trabalhador/apo_especial.htm http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/novasnormasppp.htm http://www.pdsc.com.br/news/direito-e-aposentadoria/aposentadoria-especial-contribuinte-individual- pode-ter-reconhecida-a-insalubridade-de-suas-atividades/ http://www.sato.adm.br/guiadp/paginas/paral_laudo_tecnico_ambiental_.htm http://nilven.com/index.php/laudos-tecnicos/60-o-ltcat-e-obrigatorio http://www.sindifisconacional.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6263%3ALegisla%C3% A7%C3%A3o&catid=44%3Asindifisco-noticias&Itemid=72&lang=pt http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/TRABALHO-E-PREVIDENCIA/149843-EM-ANALISE-NA-CAMARA,- APOSENTADORIA-ESPECIAL-DE-SERVIDOR-E-ANTECIPADA-PELO-GOVERNO.html http://www.conjur.com.br/2011-out-24/supremo-garante-aposentadoria-especial-servidores-deficiencia http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=2009070310381480&mode=print http://www.youtube.com/watch?v=mtg4Kw7cL_0&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=-GJvXgfC7X8&feature=relmfu http://www.youtube.com/watch?v=8TMWG4dD83c&feature=relmfu http://blogs.atribuna.com.br/direitoprevidenciario/2016/03/stf-decidiu-que-epi-nao-descaracteriza-o- direito-a-aposentadoria-especial/ Acessos em: 03/11/2019 Dr. MARCO CÉSAR DE CARVALHO Professor de Direito Previdenciário
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