Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE PEDAGOGIA Emely Stefany S. Marques - N354AG3 Felipe Rochinski da Silva - D758C15 Gabrielle Sofiatti Gutierez - N2814E5 Monaliza Silva Luz - N2367H6 Vinicius Nobrega Cebrian - N248742 APS - ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS O FAZ DE CONTA NA EDUCAÇÃO DA INFÂNCIA E O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM Campinas/SP 2018 INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE PEDAGOGIA Emely Stefany S. Marques - N354AG3 Felipe Rochinski da Silva - D758C15 Gabrielle Sofiatti Gutierrez - N2814E5 Monaliza Silva Luz - N2367H6 Vinicius Nobrega Cebrian - N248742 APS - ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS O FAZ DE CONTA NA EDUCAÇÃO DA INFANCIA E O DESENVOLVIMENTO DE APRENDIZAGEM Trabalho apresentado para a professora Sueli Palmen, na disciplina “Jogos e Brincadeiras na Infância” como exigência parcial para o cumprimento da mesma, no curso de Pedagogia da Universidade Paulista – UNIP. Campinas/SP 2018 SUMÁRIO 1. Introdução .................................................................................................................................. 4 2. Observação Comportamental da Criança ............................................................................ 5 3. Aspecto Cognitivo ..................................................................................................................... 7 4. Aspecto Emocional ................................................................................................................... 8 5. Aspecto Psicossocial ............................................................................................................... 9 6. O faz-de-conta na Educação da Infância ........................................................................... 10 6.1. Fingir ser outra pessoa durante um período de tempo significativo ........................... 12 6.2. Partilhar com outras crianças o papel simulado e introduzi-las à brincadeira .......... 13 6.3. Utilizar objetos em representação de outros e figurinos para compor o papel ......... 14 6.4. Sons, palavras e ações para simbolizar situações imaginarias .................................. 16 7. Conclusão ................................................................................................................................ 18 8. Referências Bibliografia ............................................................................................................. 19 4 1. Introdução A partir das atividades lúdicas, crianças de todo o mundo conseguem desenvolver-se integralmente em seus aspectos cognitivos, emocionais e, principalmente, sociais. Brincar de faz-de-conta pode parecer algo corriqueiro, mas grandes estudiosos como Piaget, Vygotsky, Kishimoto, e entre outros, abordam importantes tópicos acerca deste tema, mostrando que além de uma brincadeira, é um ótimo parâmetro para com a saúde mental de uma criança. Sabemos que o indivíduo, quando se encontra na fase infantil, consegue aprender e adquirir conhecimento durante vários momentos do seu dia, especialmente enquanto brinca. Jogos lógicos são responsáveis por desenvolver grande parte do aspecto cognitivo de um ser humano, sendo também de extrema importância. Mas é no lúdico onde acontece o desenvolvimento da criatividade, afetividade, relações interpessoais e o convívio em sociedade. Tais características são notadas quando a criança se espelha em alguém para interpretar durante a brincadeira, e acaba por envolver outras pessoas em seu mundo imaginário, utilizando objetos, figurinos e até mesmo palavras para dar mais realidade ao seu papel. Após analisarmos tudo isso, levando em consideração a particularidade de cada um, podemos descobrir muita coisa sobre o sujeito. Neste trabalho acadêmico apresentaremos a importância do faz-de-conta na infância e durante o processo de educação, abordando influências internas e externas, explorando seus conceitos e características, aplicados em um objeto de estudo, considerando a constante mudança no cenário infantil. 5 2. Observação Comportamental da Criança O indivíduo observado se chama Camile, possui 8 anos é uma criança inteligente, hiperativa, educada e amorosa. Ama a natureza, e a protege com todas as suas forças, não admite que as pessoas joguem lixo no chão e está sempre envolvida em assuntos de sustentabilidade. Quando aconteceu a tragédia em Mariana – MG e viu toda a destruição causada, teve a ideia de quebrar o seu cofrinho de dinheiro e doar tudo para as famílias que perderam seus pertences, mostrando ser uma criança que ama o próximo e se doa em ajudar à sua maneira. Seus pais são bem exigentes perante a sua educação. É matriculada em uma escola bem rígida, além de fazer vários cursos após a aula. Se dá muito bem em todas as matérias e é uma ótima aluna, tendo preferência por inglês e português. Aprendeu a ler e a escrever muito cedo, enquanto observava a irmã mais velha estudar, assim, antes mesmo de ter contato com a escola, já tinha uma base de ensino dentro de casa. Assustou seus pais quando aos 4 anos de idade já lia as palavras que estavam à sua frente. Tem um grande apreço e admiração por sua irmã, de 15 anos, gosta de mostrar que como ela, já é bem crescida e responsável. Sempre que se machuca durante suas brincadeiras, se faz de durona, fingindo que nada aconteceu, o ferimento pode até ter sido grave, mas ela volta a brincar sem preocupação alguma. Sua grande inspiração é a mãe, que vai contra todos os padrões do que a mulher deve ser na sociedade, frisando a importância de se impor contra o machismo. A apoia em todas as atividades que geralmente são designadas para meninos, como por exemplo o basquete. Tem um apego muito grande por seu pai, pois devido ao trabalho, fica muito tempo fora de casa, então gosta de aproveitar todo tempo que tem com ele, participando de corridas e brincando de seus jogos favoritos. Pra ela, é seu melhor amigo. Camile passa muito tempo em seu mundo de faz-de-conta, imita sua mãe quase em todas as suas brincadeiras, até mesmo quando está interpretando sua personagem favorita, a águia, faz as expressões da mãe ao mesmo tempo em que é o pássaro. Conversa e interage com seus filhos imaginários, Rino e Rina, gostando sempre de dar ordens a eles. Ter vários amigos no mundo da imaginação faz parte de sua rotina, mesmo quando não está em um momento que precise usar o lúdico 6 para brincar e se comunicar, o usa pois está constantemente neste contexto de criar e imaginar. Camile em 2015 fazendo suas doações ao desastre de Mariana - MG Observação: A criança foi analisada em sua casa, durante vários períodos, e também em uma festa de família. 7 3. Aspecto Cognitivo O desenvolvimento cognitivo relaciona-se diretamente com a aquisição de conhecimentos, a comunicação envolve fatores diversos, como o pensamento, linguagem, percepção, memória, raciocínio lógico, e entre outros, que fazem parte do crescimento intelectual da criança. Na teoria de Piaget, o aspecto cognitivo origina-se enormemente “de dentro pra fora”, os ambientes podem favorecer ou impedir tal avanço, mas ele enfatiza a influência biológica, e, portanto, maturativa do desenvolvimento. Analisamos Camile, uma garota muito inteligente, está sempre atenta nas conversas e opiniões das pessoas ao seuredor, principalmente os mais velhos. Consegue raciocinar muito rápido e assim aprende quase tudo que escuta. Suas brincadeiras favoritas são aquelas que a faz pensar e usar raciocínio lógico, desenvolvendo-se enquanto brinca. Os jogos de tabuleiro são na maioria das vezes os seus preferidos, que a instigam a pensar, fazendo-a ter facilidade em aprender as regras e estratégias do jogo. Na escola sempre se destaca por ter boas notas e conseguir fazer algumas tarefas sem a intervenção do professor. Sua educação é muito regrada, os pais sempre a incentivaram em buscar novos conhecimentos, colocando-a em cursos de inglês, artes e dança. Constantemente a presenteavam com livros, onde passou a ter bastante contato com a leitura e também foram deles que passou a tirar muitas de suas brincadeiras, através disso, sua imaginação se tornou enorme e muito fértil. Estando entretida nessas atividades na maior parte do seu tempo de lazer, Camile não tem grande interesse por tecnologia como a maioria das outras crianças, só dispõe de aparelhos celulares ou tablets quando o assunto lhe interessa, como as águias, e estudar pelo aplicativo das aulas de inglês. Com toda essa bagagem que carrega por conta dos pais, tem uma educação excelente, digna de admiração. Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa. Notamos então que a nossa criança analisada possui um excelente desenvolvimento cognitivo, por passar bastante tempo brincando com jogos lógicos e também de faz- de-conta, aperfeiçoando diretamente sua capacidade mental. 8 4. Aspecto Emocional Desenvolvimento emocional é aquilo que se adquire em meios e formas de manifestar seu temperamento comportamental no ambiente social e nas atividades diárias. Desde os primeiros anos de vida, a criança já apresenta características naturais, ou seja, que nascem com ela, e que parecem ter um forte aspecto biológico e genético. Tais características apresentadas levam a respostas motoras e de atenção que geram consequências as vezes positivas ou negativas ao interagir socialmente, e na execução de tarefas em diversos ambientes. Como todo comportamento, a persistência ou o impedimento de determinados excessos de ações emocionais negativas podem ser moldados e modificados pela intervenção de seus cuidadores no sentido de ajuda-los no equilíbrio e na melhor adaptação. Uma das melhores formas de conseguirmos uma real participação da criança aos processos de aprendizagem, seja ela em casa ou na escola, é criar condições emocionais positivas e assim estimular uma boa interação social da criança. O principal meio para uma boa aprendizagem é a motivação e estratégias que permitem alcançar isso com mais facilidade e de um jeito que a criança consiga realmente aprender. Para a demonstração desta tese, usamos como exemplo Camile. Camile é uma criança pouco extrovertida, mas participa de inúmeras atividades que a proporcionam e a fazem aproveitar momentos de interação com outros indivíduos. Movida pela novidade, muitas vezes prefere possuir vários passatempos em vez de se concentrar em um, o celular por exemplo é um meio de interação pelo qual Camile não se interessa. Gosta de contato visual e brincadeiras que estimulem e ampliem sua imaginação. Ela é carinhosa e busca por atenção e afeto, consegue interagir fácil com as pessoas adultas, introduzindo-as em seu mundo. Apesar de passar a maior parte do seu tempo sob os cuidados da mãe, seu emocional afetivo pende para o lado de seu pai, pois a falta da presença diária dele a faz aproveitar cada momento quando surge a oportunidade, os conectando por pouco tempo, mas com um grande valor sentimental para Camile. Se esforça para que no ambiente onde esteja, não apenas ela, mas todos ao seu redor possam se divertir e aproveitar o momento. Por isso é motivada á sempre levar para onde for seus jogos de tabuleiro, e apesar de não agradar a todos, a diversão é garantida para alguns 9 5. Aspecto Psicossocial O desenvolvimento psicossocial, além de ser indissociável do aspecto cognitivo e emocional, já citados anteriormente, é extremamente necessário na vida de qualquer ser humano, visto que nele ocorrerão as relações com outros indivíduos na sociedade. Na infância, os pais são os maiores agentes formadores da socialização de seus filhos, ou seja, a criança será um espelho direto das características desse relacionamento. Para Veríssimo (2002, p. 18), os elogios vindos dos pais nesta fase são os mais importantes, sendo responsáveis por estimular o filho a ficar orgulhoso e dar sempre o melhor de si, da mesma forma que se suas atividades forem desvalorizadas, surgirão sentimentos de inferioridade. Camile possui uma relação extremamente amorosa com seus pais, passa a grande parte do seu dia em casa, com a mãe, que sempre a estimula em suas atividades, mesmo quando ela erra em algo, se mostra feliz pela filha ter tentado. Devido a profissão do pai, o vê apenas aos fins de semana, então acaba sentindo muita falta, tendo um apego e afetividade muito grande. Na escola, único lugar que tem contato com outras crianças, acaba por ter dificuldade de se relacionar com elas, por ser tímida e se enxergar diferente delas, com gosto por brincadeiras diferentes, sem preferências por aparelhos tecnológicos, como celulares e tablets. Mas é importante citar que suas notas são excelentes na maioria das matérias. Camile passa bastante tempo brincando de faz-de-conta, onde cria um mundo perfeito para si, com muitos amigos imaginários e até mesmo filhos, joga jogos de tabuleiro consigo mesma, enquanto finge ser outras pessoas, com personalidades bem peculiares. De acordo com ela, essa é sua brincadeira favorita, criar o seu mundo com suas próprias regras. Notamos então que para nossa criança analisada, entrar em outro universo, com muitos amigos, funciona como uma forma de se abster da realidade, pois possui muita dificuldade em fazer amizades na escola, também por se sentir diferente dos colegas. Usa o faz-de-conta para criar o que seria sua vida perfeita, tendo diversos fragmentos e conexões com seu desenvolvimento social, criando relações diretas com o aspecto psicossocial. 10 6. O faz-de-conta na Educação da Infância O faz-de-conta é um momento de imaginação e descontração, ele traz para a criança amadurecimento social, emocional, físico e intelectual. É a partir dos dois anos de idade que a criança entra nesse mundo de representação do meio em que está incluída e começa a se inserir em um papel real através da brincadeira, com isso elas podem expressar o que sentem e reproduzem coisas de sua realidade, como a vivência familiar. Por meio de uma simulação onde a criança brinca de escolinha fingindo ser o professor ou um aluno, ela pode reproduzir o que se passa em sala de aula, contando o que mais a marcou nessa experiência. Ou como em uma brincadeira de faz-de-conta onde assume o papel de uma mãe ou de um pai e pode expor aprendizagens e conflitos pelos quais passa com sua família. Por meio dessas brincadeiras e jogos de imaginação, as crianças conseguem digerir e acomodar em si mesmas situações pelas quais passam, além de sentimentos e emoções que vivem. A brincadeira de faz-de-conta foi tema de vários estudos do autor russo Elkonin (1998). Para ele, a base desse jogo, também denominado de jogo de papéis, torna- se um meio pelo qual a criança assimila e se baseia nas experiências sociais e culturais dos adultos para assim poder recriá-las. Os temas vividos nos jogos das criançassão variados e a maior parte deles são condições vivenciadas pelas mesmas. Assim, o jogo é um formato diferente de atividade infantil, contribuindo de forma essencial na afirmação de que essa brincadeira tem o adulto como um objeto, suas atividades e os seus sistemas sociais como base na criação infantil. Os estudos desenvolvidos por Elkonin tiveram como base as formulações teóricas de Vygotsky. Foi com base em teorias vigotskianas que essa brincadeira ganhou um importante status na sociedade, tendo como importância desenvolver o lúdico infantil. Quando discute o papel do brinquedo, especificamente está se referindo à brincadeira de faz-de-conta, como por exemplo, brincar de escolinha, brincar com um cabo de vassoura como se fosse um cavalo ou uma espada. Algumas ações, sons e objetos fazem referência a outros tipos de brinquedos, ações e cenários, mas a brincadeira de faz-de-conta se faz de grande importância na área do desenvolvimento. Vygotsky leva muito em consideração o ambiente social em que a 11 criança está inserida. Segundo ele, a brincadeira possibilita a curiosidade e a aprendizagem sobre as pessoas e as coisas do mundo. “O lúdico influência enormemente o desenvolvimento da criança. É através do jogo que a criança aprende a agir, sua curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração.” (VYGOTSKY, 1998) 12 6.1. Fingir ser outra pessoa durante um período de tempo significativo A partir dos dois anos de idade, o indivíduo descobre o jogo lúdico, que se baseia, principalmente, numa imitação ou interpretação de papéis. A criança se espelha nos adultos (ou qualquer figura que a inspire, como personagens da televisão e jogos) ao seu redor e repete suas ações enquanto brinca, podendo compartilhar com outros ou não. Nesse momento, podemos analisar os exemplos e influências que as crianças andam tendo para si, podendo reconhecer possíveis riscos nesta fase. Durante a observação de Camile, notamos que ao brincar de faz-de-conta, dedica bastante tempo fingindo ser sua mãe, imitando suas falas e gestos, principalmente quando briga com seus filhos imaginários, replicando da mesma maneira como a mãe age com ela nestes momentos. Além deste papel, possui outro que gosta muito, a “mamãe águia”. Por ter interesse em assistir documentários e filmes sobre pássaros na televisão, desenvolveu um apego muito grande com a ave, a imitando também como se tivesse filhotes, dando comida, banho, levando pra passear, e ao mesmo tempo sendo bem rígida com eles. É importante desmitificar o fato de que, quando a criança passa um período de tempo significativo fingindo ser outra pessoa, pode chegar a desenvolver dupla personalidade. Esse é um mito bastante comum e preocupante entre alguns pais, mas não é verdadeiro pois a criança sabe que está em um mundo de imaginação e está apenas brincando. O jogo lúdico não tem ligação alguma com a formação de caráter do indivíduo. Achamos interessante citar também que Camile cria diversos personagens imaginários, dos mais variados estilos, para brincar junto dela. Acreditamos que isso se dá pois não tem tanto contato com outras crianças, além do período que passa na escola, assim acaba por criar filhos, amigos, animais e etc, em seus momentos sozinha. Vemos que sua maior inspiração é a mãe, pois além de fingir ser ela por si só, também finge ao mesmo tempo em que interpreta outra personagem, como a águia. 13 6.2. Partilhar com outras crianças o papel simulado e introduzi-las à brincadeira É no aspecto psicossocial que se desenvolvem as relações com outros indivíduos, como citado anteriormente. Essa relação é de extrema importância em diversos sentidos, mas principalmente no brincar, pois ocorrerá a construção de laços com colegas da mesma idade, se identificando e descobrindo o valor das amizades. A partir disso, as brincadeiras se tornarão mais prazerosas, especialmente compartilhá-las, desde jogos tradicionais, com regras, aos lúdicos. Com base em nossa observação, identificamos características relevantes e peculiares nas relações de Camile. Apesar de ser tímida e não ter tanta relação com outras crianças, procura ao máximo se enturmar quando esse contato acaba por acontecer, e, consequentemente, tenta introduzir os outros em suas brincadeiras, como representar a águia. Gosta de comandar as outras crianças, como se fossem seus filhotes, ditando regras ao mesmo tempo em que as ensinam como devem agir. Se tem intimidade ou amizade, consegue se desenvolver e se dar muito bem brincando, mas ser a comandante não é regra pra ela, apesar de não gostar muito, aceita quando contradizem suas sugestões. Quando resolve ficar mais na conversa, Camile tem uma curiosidade enorme em saber o que os amiguinhos querem ser quando crescer, é um de seus assuntos preferidos. Os pais instigam muito essa sua vontade de conhecer as profissões e desejos de outras crianças, e assim ela relata o quanto quer ser bióloga, para poder ajudar os animais e as florestas em todos os lugares. Sua timidez é algo controlado, depende muito da situação em que se encontra. Chegamos ao fato de que o faz-de-conta é sim importante nas relações em que a criança terá com o outro, já que nesse processo ocorrerão construções afetivas e significativas para combater essa insegurança na hora de se relacionar com os outros. 14 6.3. Utilizar objetos em representação de outros e figurinos para compor o papel Neste tópico retrataremos como o uso de objetos e figurinos no jogo do faz-de- conta levam as crianças a se auto persuadirem sobre o quão real é a situação imaginada por elas. Os objetos tendem a ser importantes para o desenvolvimento lúdico, pois influencia em quão parecido é o objeto utilizado para o objeto representado, desenvolvendo assim um senso crítico de comparação. A utilização de objetos e figurinos para representação da brincadeira é muito importante pois auxilia a imaginação e a fantasiar situações mais complexas de suas brincadeiras, trazendo assim maior qualidade, imaginação e criatividade. Os objetos são fundamentais para contribuir com sua maturidade e raciocínio, nomeia-os para que sejam mais realistas e utiliza expressões do seu dia-a-dia, aprende novas palavras, ajuda a construir suas habilidades cognitivas e emocionais e faz a criança aprender a resolver e lidar com simples problemas e conflitos. Camile, por exemplo, utiliza a luminária como a retratação de um chuveiro, para que por meio dele ela possa banhar-se com seus filhos imaginários. Outro exemplo de objeto utilizado para a melhor formação de seu imaginário foi a mesa de jantar, na qual ela se imagina em um lugar seguro, uma cabana protegida para que ela e seus filhos possam se esconder de monstros e do frio. Mas como toda criança, Camile tem seu objeto e cenários favoritos. É no sofá que todos os limites da física são quebrados, pois lá ela voa como uma águia. Naquela montanha possui as mais diversificadas aves, que esperam por cuidados da águia mãe. Mas uma aventura não é a mesma sem seu figurino de penas, ou é claro, seu rosto pintado para poder se camuflar das ameaças da floresta. Também gosta de retratar uma briga de marido e mulher, usando as roupas do pai e da mãe como acessórios essências para a discussão. Vira-se de um lado e aparenta ser a mãe, vira-se do outroe claramente é o pai, dialogando com a mãe. Com a permissão de sua mãe, a sala vira uma linda casa na qual ela pode cuidar de seus filhos sem perturbações. Assim, quando está brincando tanto de suas brincadeiras frequentes, quanto às novas, Camile sempre usa algum objeto ou figurino, mesmo sendo algo simples, em suas mãos se torna algo extraordinário. Sua imaginação fértil, a ajuda a transformar um controle remoto ou uma colher de pau, em uma varinha de condão, um lençol se transforma num lindo vestido de princesa ou em asas. Sua percepção perante tudo 15 que está a sua volta é muito ampla, e através de sua criatividade tudo pode ser inventado, com a ajuda do seu lado lúdico. 16 6.4. Sons, palavras e ações para simbolizar situações imaginarias Toda brincadeira começa com uma referência a algo verdadeiramente existente. É através dessa realidade, junto com o auxílio da imaginação, que a brincadeira pode se transformar em algo com um significado distinto, mas com a mesma essência real. As crianças criam mundos, um para cada papel que deseja representar, onde suas ações podem aparentar uma coisa, mas significar outra. Conseguimos observar isso com clareza quando se diz, ''não estou chorando, mas fazendo de conta que sou um bebê com fome querendo o colinho da mamãe''. Através da imaginação uma criança brinca, se comunica, expressa suas emoções e se diverte. Os sons nessa fase lúdica são importantíssimos, a criança escuta todos os barulhos que estão a sua volta, e os representa, e até criam os seus próprios, mostrando criatividade e impressionando todos ao seu redor. Assim também acontece com as ações e as palavras. Quando ela observa os mais velhos, imita-os perfeitamente, não deixando passar nenhum detalhe da situação que chamou sua atenção, revelando ser uma criança muito atenciosa, e em suas brincadeiras vai usar esses sons, ações e palavras, seja com os amiguinhos imaginários, ou até com os coleguinhas. Quando bebês, as crianças usam o choro, as caretas e a vontade de falar para se comunicar, por exemplo, repetem retidas vezes os sons como ''da-da-da'', ou ''ma-ma-ma'', usando as expressões que os adultos usam com elas. Analisamos Camile e sua paixão por águias, fazendo com que esteja sempre imitando as aves, com os braços abertos, imita os sons que o pássaro faz. Quando está brincando com os filhos/amigos imaginários, fingindo ser a mamãe águia, só conversa piando, diz seus nomes e as outras palavras são só ''piu-piu-piu'', articulando com as mãos mostrando o que devem fazer. Correr é uma de suas brincadeiras favoritas, então os carros velozes fazem parte de suas representações de velocidade, imita-os com os sons "vrum-vrum-vrum", e os barulhos dos freios rasgando no asfalto. Esse amor por corridas vem da relação que tem com o pai, que participa de várias competições e a leva com ele, treinam muito e até já ganharam medalhas, esse esporte deixa os dois mais próximos, e é uma atividade muito divertida para ela. Quando está brincando de exploradora da natureza, interpreta o papel com muita autenticidade, finge ajudar os animais, salva-os dos caçadores, e até ensina as águias a voarem, as encorajam a bater as asas e sair flutuando no ar, 17 não deixa que elas desistam, podemos ouvi-la falando as frases ''voa passarinho, você vai conseguir, é só treinar'', ''eu acredito em vocês, se caírem estou aqui para segura-los'', assim, voando com eles, ela segue por horas e horas nesse faz-de- conta. Conversando com os filhos/amigos imaginários, observamos que está sempre lhes dando conselhos, sobre o que devem ou não fazer, gesticulando como a mão, imita o tom da voz, e diz as mesmas frases que são direcionadas a ela, é com frequência que ouvimos o seu relato de como o banho é importante, e que os dentes tem de ser escovados todos os dias para que fiquem saudáveis, e não caiam. Estando com outras crianças comunica-se excepcionalmente, mesmo não tendo em seu cotidiano o convívio com outros da sua idade, quando encontra os primos e primas em festas de família, adora tirar todos de seus celulares, e colocá-los em uma brincadeira como o famoso ''esconde-esconde'', e o ''pega-pega'', onde ama ser pega para poder pegar de volta com mais rapidez, mas aceita quando a sua brincadeira não é a escolhidas por todos. 18 7. Conclusão Neste trabalho acadêmico observamos, estudamos e apresentamos aspectos do desenvolvimento infantil e seus vínculos com o faz-de-conta na educação de nossas crianças. Expusemos em teses e artigos a importância do jogo lúdico, levando em consideração influências internas e externas, particularidades e ambientes, para melhor estudo de caso. Com a análise de nosso indivíduo, fomos capazes de assimilar e captar o porquê devemos trabalhar, explorar e incentivar as crianças a brincarem de faz-de- conta não só em ambientes casuais, mas nos de aprendizagens também, já que é uma ótima ferramenta de método de ensino. Apesar de ser uma brincadeira que surge de maneira espontânea e natural, muitas vezes é banalizada por parecer algo simples e sem valor, pois para a maioria, os jogos lógicos e com regras são os únicos capazes de desenvolver o aspecto cognitivo, ignorando o fato de que o lúdico tem tanta importância quanto. Através de uma simples observação de um mundo imaginário criado por uma criança, podemos concluir bastante fatos sobre a vida que leva, já que esse seu universo nada mais é que um espelho de suas vivências. Além disso tudo, a necessidade do faz-de-conta se dá, pois nele é desenvolvida a capacidade de criatividade, a harmonia de saber diferenciar o real do imaginário, e, claro, o convívio em sociedade. Quando duas ou mais crianças imaginam o mesmo mundo, além de compartilharem papéis, compartilham algo muito valioso, experiências. Tendo em vista todos os aspectos analisados, e todo o processo deste trabalho, aprendemos e concluímos o quão importante é o faz-de-conta na educação da infância. É um ótimo parâmetro na vida de uma criança e uma peça chave em seu desenvolvimento, agrega extremo valor na sua formação e ajuda, nós pedagogos, a conhecer e compreender nossos alunos. 19 8. Referências Bibliografia DUARTE, S. Psicologias do Brasil. Psicologias do Brasil, 2018. Disponivel em: <https://www.psicologiasdobrasil.com.br/brincar-de-faz-de-conta/>. Acesso em: 09 Novembro 2018. LITERATURA e educação infantil. Produção: Angélica / Tati. [S.l.]: [s.n.]. 2011. MARTINS, I. C. As relações do professor de educação infantil com a brincadeira: do brincar na rua ao brincar na escola. Unimep, Piracicaba. Disponivel em: <https://www.unimep.br/phpg/bibdig/aluno/down.php?cod=571>. Acesso em: 12 Novembro 2018. TEIXEIRA, H. Hélio Teixeira, 07 Dezembro 2015. Disponivel em: <http://www.helioteixeira.org/ciencias-da-aprendizagem/teoria-do-desenvolvimento- cognitivo-de-lev-vygotsky/>. Acesso em: 12 Novembro 2018. VERGNHANINI, N. S. Biblioteca Digital. Biblioteca Digital. Disponivel em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?down=000845639>. Acesso em: 12 Novembro 2018. VERISSIMO, R. Desenvolvimento Psicossocial Erik Erikson. 1ª. ed. Porto: RV Productions, v. 1, 2002. Acesso em: 09 Novembro 2018.
Compartilhar