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o faz de conta na infância

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INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS 
CURSO DE PEDAGOGIA 
 
 
 
Emely Stefany S. Marques - N354AG3 
Felipe Rochinski da Silva - D758C15 
Gabrielle Sofiatti Gutierez - N2814E5 
Monaliza Silva Luz - N2367H6 
Vinicius Nobrega Cebrian - N248742 
 
 
APS - ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS 
O FAZ DE CONTA NA EDUCAÇÃO DA INFÂNCIA E O DESENVOLVIMENTO DA 
APRENDIZAGEM 
 
 
 
Campinas/SP 
2018 
 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS 
CURSO DE PEDAGOGIA 
 
Emely Stefany S. Marques - N354AG3 
Felipe Rochinski da Silva - D758C15 
Gabrielle Sofiatti Gutierrez - N2814E5 
Monaliza Silva Luz - N2367H6 
Vinicius Nobrega Cebrian - N248742 
 
APS - ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS 
O FAZ DE CONTA NA EDUCAÇÃO DA INFANCIA E O DESENVOLVIMENTO DE 
APRENDIZAGEM 
 
Trabalho apresentado para a professora 
Sueli Palmen, na disciplina “Jogos e 
Brincadeiras na Infância” como exigência 
parcial para o cumprimento da mesma, no 
curso de Pedagogia da Universidade 
Paulista – UNIP. 
 
 
Campinas/SP 
2018 
 
SUMÁRIO 
 
1. Introdução .................................................................................................................................. 4 
2. Observação Comportamental da Criança ............................................................................ 5 
3. Aspecto Cognitivo ..................................................................................................................... 7 
4. Aspecto Emocional ................................................................................................................... 8 
5. Aspecto Psicossocial ............................................................................................................... 9 
6. O faz-de-conta na Educação da Infância ........................................................................... 10 
6.1. Fingir ser outra pessoa durante um período de tempo significativo ........................... 12 
6.2. Partilhar com outras crianças o papel simulado e introduzi-las à brincadeira .......... 13 
6.3. Utilizar objetos em representação de outros e figurinos para compor o papel ......... 14 
6.4. Sons, palavras e ações para simbolizar situações imaginarias .................................. 16 
7. Conclusão ................................................................................................................................ 18 
8. Referências Bibliografia ............................................................................................................. 19 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1. Introdução 
 
A partir das atividades lúdicas, crianças de todo o mundo conseguem 
desenvolver-se integralmente em seus aspectos cognitivos, emocionais e, 
principalmente, sociais. Brincar de faz-de-conta pode parecer algo corriqueiro, mas 
grandes estudiosos como Piaget, Vygotsky, Kishimoto, e entre outros, abordam 
importantes tópicos acerca deste tema, mostrando que além de uma brincadeira, é 
um ótimo parâmetro para com a saúde mental de uma criança. 
Sabemos que o indivíduo, quando se encontra na fase infantil, consegue 
aprender e adquirir conhecimento durante vários momentos do seu dia, 
especialmente enquanto brinca. Jogos lógicos são responsáveis por desenvolver 
grande parte do aspecto cognitivo de um ser humano, sendo também de extrema 
importância. Mas é no lúdico onde acontece o desenvolvimento da criatividade, 
afetividade, relações interpessoais e o convívio em sociedade. Tais características 
são notadas quando a criança se espelha em alguém para interpretar durante a 
brincadeira, e acaba por envolver outras pessoas em seu mundo imaginário, 
utilizando objetos, figurinos e até mesmo palavras para dar mais realidade ao seu 
papel. Após analisarmos tudo isso, levando em consideração a particularidade de 
cada um, podemos descobrir muita coisa sobre o sujeito. 
Neste trabalho acadêmico apresentaremos a importância do faz-de-conta na 
infância e durante o processo de educação, abordando influências internas e 
externas, explorando seus conceitos e características, aplicados em um objeto de 
estudo, considerando a constante mudança no cenário infantil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2. Observação Comportamental da Criança 
 
O indivíduo observado se chama Camile, possui 8 anos é uma criança 
inteligente, hiperativa, educada e amorosa. Ama a natureza, e a protege com todas 
as suas forças, não admite que as pessoas joguem lixo no chão e está sempre 
envolvida em assuntos de sustentabilidade. Quando aconteceu a tragédia em 
Mariana – MG e viu toda a destruição causada, teve a ideia de quebrar o seu 
cofrinho de dinheiro e doar tudo para as famílias que perderam seus pertences, 
mostrando ser uma criança que ama o próximo e se doa em ajudar à sua maneira. 
Seus pais são bem exigentes perante a sua educação. É matriculada em uma 
escola bem rígida, além de fazer vários cursos após a aula. Se dá muito bem em 
todas as matérias e é uma ótima aluna, tendo preferência por inglês e português. 
Aprendeu a ler e a escrever muito cedo, enquanto observava a irmã mais velha 
estudar, assim, antes mesmo de ter contato com a escola, já tinha uma base de 
ensino dentro de casa. Assustou seus pais quando aos 4 anos de idade já lia as 
palavras que estavam à sua frente. Tem um grande apreço e admiração por sua 
irmã, de 15 anos, gosta de mostrar que como ela, já é bem crescida e responsável. 
Sempre que se machuca durante suas brincadeiras, se faz de durona, fingindo que 
nada aconteceu, o ferimento pode até ter sido grave, mas ela volta a brincar sem 
preocupação alguma. 
Sua grande inspiração é a mãe, que vai contra todos os padrões do que a 
mulher deve ser na sociedade, frisando a importância de se impor contra o 
machismo. A apoia em todas as atividades que geralmente são designadas para 
meninos, como por exemplo o basquete. Tem um apego muito grande por seu pai, 
pois devido ao trabalho, fica muito tempo fora de casa, então gosta de aproveitar 
todo tempo que tem com ele, participando de corridas e brincando de seus jogos 
favoritos. Pra ela, é seu melhor amigo. 
 
Camile passa muito tempo em seu mundo de faz-de-conta, imita sua mãe 
quase em todas as suas brincadeiras, até mesmo quando está interpretando sua 
personagem favorita, a águia, faz as expressões da mãe ao mesmo tempo em que é 
o pássaro. Conversa e interage com seus filhos imaginários, Rino e Rina, gostando 
sempre de dar ordens a eles. Ter vários amigos no mundo da imaginação faz parte 
de sua rotina, mesmo quando não está em um momento que precise usar o lúdico 
6 
 
para brincar e se comunicar, o usa pois está constantemente neste contexto de criar 
e imaginar. 
 
 
Camile em 2015 fazendo suas doações ao desastre de Mariana - MG 
 
 
 
Observação: A criança foi analisada em sua casa, durante vários períodos, e 
também em uma festa de família. 
 
 
 
 
7 
 
3. Aspecto Cognitivo 
 
O desenvolvimento cognitivo relaciona-se diretamente com a aquisição de 
conhecimentos, a comunicação envolve fatores diversos, como o pensamento, 
linguagem, percepção, memória, raciocínio lógico, e entre outros, que fazem parte 
do crescimento intelectual da criança. Na teoria de Piaget, o aspecto cognitivo 
origina-se enormemente “de dentro pra fora”, os ambientes podem favorecer ou 
impedir tal avanço, mas ele enfatiza a influência biológica, e, portanto, maturativa do 
desenvolvimento. 
Analisamos Camile, uma garota muito inteligente, está sempre atenta nas 
conversas e opiniões das pessoas ao seuredor, principalmente os mais velhos. 
Consegue raciocinar muito rápido e assim aprende quase tudo que escuta. Suas 
brincadeiras favoritas são aquelas que a faz pensar e usar raciocínio lógico, 
desenvolvendo-se enquanto brinca. Os jogos de tabuleiro são na maioria das vezes 
os seus preferidos, que a instigam a pensar, fazendo-a ter facilidade em aprender as 
regras e estratégias do jogo. Na escola sempre se destaca por ter boas notas e 
conseguir fazer algumas tarefas sem a intervenção do professor. 
Sua educação é muito regrada, os pais sempre a incentivaram em buscar 
novos conhecimentos, colocando-a em cursos de inglês, artes e dança. 
Constantemente a presenteavam com livros, onde passou a ter bastante contato 
com a leitura e também foram deles que passou a tirar muitas de suas brincadeiras, 
através disso, sua imaginação se tornou enorme e muito fértil. Estando entretida 
nessas atividades na maior parte do seu tempo de lazer, Camile não tem grande 
interesse por tecnologia como a maioria das outras crianças, só dispõe de aparelhos 
celulares ou tablets quando o assunto lhe interessa, como as águias, e estudar pelo 
aplicativo das aulas de inglês. Com toda essa bagagem que carrega por conta dos 
pais, tem uma educação excelente, digna de admiração. 
Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades 
intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa. Notamos 
então que a nossa criança analisada possui um excelente desenvolvimento 
cognitivo, por passar bastante tempo brincando com jogos lógicos e também de faz-
de-conta, aperfeiçoando diretamente sua capacidade mental. 
 
 
8 
 
4. Aspecto Emocional 
 
Desenvolvimento emocional é aquilo que se adquire em meios e formas de 
manifestar seu temperamento comportamental no ambiente social e nas atividades 
diárias. Desde os primeiros anos de vida, a criança já apresenta características 
naturais, ou seja, que nascem com ela, e que parecem ter um forte aspecto biológico 
e genético. Tais características apresentadas levam a respostas motoras e de 
atenção que geram consequências as vezes positivas ou negativas ao interagir 
socialmente, e na execução de tarefas em diversos ambientes. Como todo 
comportamento, a persistência ou o impedimento de determinados excessos de 
ações emocionais negativas podem ser moldados e modificados pela intervenção de 
seus cuidadores no sentido de ajuda-los no equilíbrio e na melhor adaptação. 
Uma das melhores formas de conseguirmos uma real participação da criança 
aos processos de aprendizagem, seja ela em casa ou na escola, é criar condições 
emocionais positivas e assim estimular uma boa interação social da criança. O 
principal meio para uma boa aprendizagem é a motivação e estratégias que 
permitem alcançar isso com mais facilidade e de um jeito que a criança consiga 
realmente aprender. Para a demonstração desta tese, usamos como exemplo 
Camile. 
Camile é uma criança pouco extrovertida, mas participa de inúmeras 
atividades que a proporcionam e a fazem aproveitar momentos de interação com 
outros indivíduos. Movida pela novidade, muitas vezes prefere possuir vários 
passatempos em vez de se concentrar em um, o celular por exemplo é um meio de 
interação pelo qual Camile não se interessa. Gosta de contato visual e brincadeiras 
que estimulem e ampliem sua imaginação. 
Ela é carinhosa e busca por atenção e afeto, consegue interagir fácil com as 
pessoas adultas, introduzindo-as em seu mundo. Apesar de passar a maior parte do 
seu tempo sob os cuidados da mãe, seu emocional afetivo pende para o lado de seu 
pai, pois a falta da presença diária dele a faz aproveitar cada momento quando 
surge a oportunidade, os conectando por pouco tempo, mas com um grande valor 
sentimental para Camile. Se esforça para que no ambiente onde esteja, não apenas 
ela, mas todos ao seu redor possam se divertir e aproveitar o momento. Por isso é 
motivada á sempre levar para onde for seus jogos de tabuleiro, e apesar de não 
agradar a todos, a diversão é garantida para alguns 
9 
 
5. Aspecto Psicossocial 
 
O desenvolvimento psicossocial, além de ser indissociável do aspecto 
cognitivo e emocional, já citados anteriormente, é extremamente necessário na vida 
de qualquer ser humano, visto que nele ocorrerão as relações com outros indivíduos 
na sociedade. Na infância, os pais são os maiores agentes formadores da 
socialização de seus filhos, ou seja, a criança será um espelho direto das 
características desse relacionamento. Para Veríssimo (2002, p. 18), os elogios 
vindos dos pais nesta fase são os mais importantes, sendo responsáveis por 
estimular o filho a ficar orgulhoso e dar sempre o melhor de si, da mesma forma que 
se suas atividades forem desvalorizadas, surgirão sentimentos de inferioridade. 
Camile possui uma relação extremamente amorosa com seus pais, passa a 
grande parte do seu dia em casa, com a mãe, que sempre a estimula em suas 
atividades, mesmo quando ela erra em algo, se mostra feliz pela filha ter tentado. 
Devido a profissão do pai, o vê apenas aos fins de semana, então acaba sentindo 
muita falta, tendo um apego e afetividade muito grande. Na escola, único lugar que 
tem contato com outras crianças, acaba por ter dificuldade de se relacionar 
com elas, por ser tímida e se enxergar diferente delas, com gosto por brincadeiras 
diferentes, sem preferências por aparelhos tecnológicos, como celulares e tablets. 
Mas é importante citar que suas notas são excelentes na maioria das matérias. 
Camile passa bastante tempo brincando de faz-de-conta, onde cria um mundo 
perfeito para si, com muitos amigos imaginários e até mesmo filhos, joga jogos de 
tabuleiro consigo mesma, enquanto finge ser outras pessoas, com personalidades 
bem peculiares. De acordo com ela, essa é sua brincadeira favorita, criar o seu 
mundo com suas próprias regras. 
Notamos então que para nossa criança analisada, entrar em outro universo, 
com muitos amigos, funciona como uma forma de se abster da realidade, pois 
possui muita dificuldade em fazer amizades na escola, também por se sentir 
diferente dos colegas. Usa o faz-de-conta para criar o que seria sua vida perfeita, 
tendo diversos fragmentos e conexões com seu desenvolvimento social, criando 
relações diretas com o aspecto psicossocial. 
 
 
 
10 
 
6. O faz-de-conta na Educação da Infância 
 
 O faz-de-conta é um momento de imaginação e descontração, ele traz para a 
criança amadurecimento social, emocional, físico e intelectual. É a partir dos dois 
anos de idade que a criança entra nesse mundo de representação do meio em que 
está incluída e começa a se inserir em um papel real através da brincadeira, com 
isso elas podem expressar o que sentem e reproduzem coisas de sua realidade, 
como a vivência familiar. Por meio de uma simulação onde a criança brinca de 
escolinha fingindo ser o professor ou um aluno, ela pode reproduzir o que se passa 
em sala de aula, contando o que mais a marcou nessa experiência. Ou como em 
uma brincadeira de faz-de-conta onde assume o papel de uma mãe ou de um pai e 
pode expor aprendizagens e conflitos pelos quais passa com sua família. Por meio 
dessas brincadeiras e jogos de imaginação, as crianças conseguem digerir e 
acomodar em si mesmas situações pelas quais passam, além de sentimentos e 
emoções que vivem. 
 A brincadeira de faz-de-conta foi tema de vários estudos do autor russo Elkonin 
(1998). Para ele, a base desse jogo, também denominado de jogo de papéis, torna-
se um meio pelo qual a criança assimila e se baseia nas experiências sociais e 
culturais dos adultos para assim poder recriá-las. Os temas vividos nos jogos das 
criançassão variados e a maior parte deles são condições vivenciadas pelas 
mesmas. Assim, o jogo é um formato diferente de atividade infantil, contribuindo de 
forma essencial na afirmação de que essa brincadeira tem o adulto como um objeto, 
suas atividades e os seus sistemas sociais como base na criação infantil. Os 
estudos desenvolvidos por Elkonin tiveram como base as formulações teóricas de 
Vygotsky. 
 Foi com base em teorias vigotskianas que essa brincadeira ganhou um 
importante status na sociedade, tendo como importância desenvolver o lúdico 
infantil. Quando discute o papel do brinquedo, especificamente está se referindo à 
brincadeira de faz-de-conta, como por exemplo, brincar de escolinha, brincar com 
um cabo de vassoura como se fosse um cavalo ou uma espada. Algumas ações, 
sons e objetos fazem referência a outros tipos de brinquedos, ações e cenários, mas 
a brincadeira de faz-de-conta se faz de grande importância na área do 
desenvolvimento. Vygotsky leva muito em consideração o ambiente social em que a 
11 
 
criança está inserida. Segundo ele, a brincadeira possibilita a curiosidade e a 
aprendizagem sobre as pessoas e as coisas do mundo. 
 “O lúdico influência enormemente o desenvolvimento da criança. É através do 
jogo que a criança aprende a agir, sua curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e 
autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da 
concentração.” (VYGOTSKY, 1998) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
6.1. Fingir ser outra pessoa durante um período de tempo significativo 
 
A partir dos dois anos de idade, o indivíduo descobre o jogo lúdico, que se 
baseia, principalmente, numa imitação ou interpretação de papéis. A criança se 
espelha nos adultos (ou qualquer figura que a inspire, como personagens da 
televisão e jogos) ao seu redor e repete suas ações enquanto brinca, podendo 
compartilhar com outros ou não. Nesse momento, podemos analisar os exemplos e 
influências que as crianças andam tendo para si, podendo reconhecer possíveis 
riscos nesta fase. 
Durante a observação de Camile, notamos que ao brincar de faz-de-conta, 
dedica bastante tempo fingindo ser sua mãe, imitando suas falas e gestos, 
principalmente quando briga com seus filhos imaginários, replicando da mesma 
maneira como a mãe age com ela nestes momentos. Além deste papel, possui outro 
que gosta muito, a “mamãe águia”. Por ter interesse em assistir documentários e 
filmes sobre pássaros na televisão, desenvolveu um apego muito grande com a ave, 
a imitando também como se tivesse filhotes, dando comida, banho, levando pra 
passear, e ao mesmo tempo sendo bem rígida com eles. É importante desmitificar o 
fato de que, quando a criança passa um período de tempo significativo fingindo ser 
outra pessoa, pode chegar a desenvolver dupla personalidade. Esse é um mito 
bastante comum e preocupante entre alguns pais, mas não é verdadeiro pois a 
criança sabe que está em um mundo de imaginação e está apenas brincando. O 
jogo lúdico não tem ligação alguma com a formação de caráter do indivíduo. 
Achamos interessante citar também que Camile cria diversos personagens 
imaginários, dos mais variados estilos, para brincar junto dela. Acreditamos que isso 
se dá pois não tem tanto contato com outras crianças, além do período que passa 
na escola, assim acaba por criar filhos, amigos, animais e etc, em seus momentos 
sozinha. Vemos que sua maior inspiração é a mãe, pois além de fingir ser ela por si 
só, também finge ao mesmo tempo em que interpreta outra personagem, como a 
águia. 
 
 
 
 
 
13 
 
6.2. Partilhar com outras crianças o papel simulado e introduzi-las à brincadeira 
 
 É no aspecto psicossocial que se desenvolvem as relações com outros 
indivíduos, como citado anteriormente. Essa relação é de extrema importância em 
diversos sentidos, mas principalmente no brincar, pois ocorrerá a construção de 
laços com colegas da mesma idade, se identificando e descobrindo o valor das 
amizades. A partir disso, as brincadeiras se tornarão mais prazerosas, 
especialmente compartilhá-las, desde jogos tradicionais, com regras, aos lúdicos. 
 Com base em nossa observação, identificamos características relevantes e 
peculiares nas relações de Camile. Apesar de ser tímida e não ter tanta relação com 
outras crianças, procura ao máximo se enturmar quando esse contato acaba por 
acontecer, e, consequentemente, tenta introduzir os outros em suas brincadeiras, 
como representar a águia. Gosta de comandar as outras crianças, como se fossem 
seus filhotes, ditando regras ao mesmo tempo em que as ensinam como devem agir. 
Se tem intimidade ou amizade, consegue se desenvolver e se dar muito bem 
brincando, mas ser a comandante não é regra pra ela, apesar de não gostar muito, 
aceita quando contradizem suas sugestões. Quando resolve ficar mais na conversa, 
Camile tem uma curiosidade enorme em saber o que os amiguinhos querem ser 
quando crescer, é um de seus assuntos preferidos. Os pais instigam muito essa sua 
vontade de conhecer as profissões e desejos de outras crianças, e assim ela relata o 
quanto quer ser bióloga, para poder ajudar os animais e as florestas em todos os 
lugares. 
 Sua timidez é algo controlado, depende muito da situação em que se encontra. 
Chegamos ao fato de que o faz-de-conta é sim importante nas relações em que a 
criança terá com o outro, já que nesse processo ocorrerão construções afetivas e 
significativas para combater essa insegurança na hora de se relacionar com os 
outros. 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
6.3. Utilizar objetos em representação de outros e figurinos para compor o papel 
 
 Neste tópico retrataremos como o uso de objetos e figurinos no jogo do faz-de-
conta levam as crianças a se auto persuadirem sobre o quão real é a situação 
imaginada por elas. Os objetos tendem a ser importantes para o desenvolvimento 
lúdico, pois influencia em quão parecido é o objeto utilizado para o objeto 
representado, desenvolvendo assim um senso crítico de comparação. A utilização 
de objetos e figurinos para representação da brincadeira é muito importante pois 
auxilia a imaginação e a fantasiar situações mais complexas de suas brincadeiras, 
trazendo assim maior qualidade, imaginação e criatividade. Os objetos são 
fundamentais para contribuir com sua maturidade e raciocínio, nomeia-os para que 
sejam mais realistas e utiliza expressões do seu dia-a-dia, aprende novas palavras, 
ajuda a construir suas habilidades cognitivas e emocionais e faz a criança aprender 
a resolver e lidar com simples problemas e conflitos. 
 Camile, por exemplo, utiliza a luminária como a retratação de um chuveiro, para 
que por meio dele ela possa banhar-se com seus filhos imaginários. Outro exemplo 
de objeto utilizado para a melhor formação de seu imaginário foi a mesa de jantar, 
na qual ela se imagina em um lugar seguro, uma cabana protegida para que ela e 
seus filhos possam se esconder de monstros e do frio. Mas como toda criança, 
Camile tem seu objeto e cenários favoritos. É no sofá que todos os limites da física 
são quebrados, pois lá ela voa como uma águia. Naquela montanha possui as mais 
diversificadas aves, que esperam por cuidados da águia mãe. Mas uma aventura 
não é a mesma sem seu figurino de penas, ou é claro, seu rosto pintado para poder 
se camuflar das ameaças da floresta. Também gosta de retratar uma briga de 
marido e mulher, usando as roupas do pai e da mãe como acessórios essências 
para a discussão. Vira-se de um lado e aparenta ser a mãe, vira-se do outroe 
claramente é o pai, dialogando com a mãe. Com a permissão de sua mãe, a sala 
vira uma linda casa na qual ela pode cuidar de seus filhos sem perturbações. 
 Assim, quando está brincando tanto de suas brincadeiras frequentes, quanto às 
novas, Camile sempre usa algum objeto ou figurino, mesmo sendo algo simples, em 
suas mãos se torna algo extraordinário. Sua imaginação fértil, a ajuda a transformar 
um controle remoto ou uma colher de pau, em uma varinha de condão, um lençol se 
transforma num lindo vestido de princesa ou em asas. Sua percepção perante tudo 
15 
 
que está a sua volta é muito ampla, e através de sua criatividade tudo pode ser 
inventado, com a ajuda do seu lado lúdico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
6.4. Sons, palavras e ações para simbolizar situações imaginarias 
 
 Toda brincadeira começa com uma referência a algo verdadeiramente existente. 
É através dessa realidade, junto com o auxílio da imaginação, que a brincadeira 
pode se transformar em algo com um significado distinto, mas com a mesma 
essência real. As crianças criam mundos, um para cada papel que deseja 
representar, onde suas ações podem aparentar uma coisa, mas significar outra. 
Conseguimos observar isso com clareza quando se diz, ''não estou chorando, mas 
fazendo de conta que sou um bebê com fome querendo o colinho da mamãe''. 
 Através da imaginação uma criança brinca, se comunica, expressa suas 
emoções e se diverte. Os sons nessa fase lúdica são importantíssimos, a criança 
escuta todos os barulhos que estão a sua volta, e os representa, e até criam os seus 
próprios, mostrando criatividade e impressionando todos ao seu redor. Assim 
também acontece com as ações e as palavras. Quando ela observa os mais velhos, 
imita-os perfeitamente, não deixando passar nenhum detalhe da situação que 
chamou sua atenção, revelando ser uma criança muito atenciosa, e em suas 
brincadeiras vai usar esses sons, ações e palavras, seja com os amiguinhos 
imaginários, ou até com os coleguinhas. Quando bebês, as crianças usam o choro, 
as caretas e a vontade de falar para se comunicar, por exemplo, repetem retidas 
vezes os sons como ''da-da-da'', ou ''ma-ma-ma'', usando as expressões que os 
adultos usam com elas. 
 Analisamos Camile e sua paixão por águias, fazendo com que esteja sempre 
imitando as aves, com os braços abertos, imita os sons que o pássaro faz. Quando 
está brincando com os filhos/amigos imaginários, fingindo ser a mamãe águia, só 
conversa piando, diz seus nomes e as outras palavras são só ''piu-piu-piu'', 
articulando com as mãos mostrando o que devem fazer. Correr é uma de suas 
brincadeiras favoritas, então os carros velozes fazem parte de suas representações 
de velocidade, imita-os com os sons "vrum-vrum-vrum", e os barulhos dos freios 
rasgando no asfalto. Esse amor por corridas vem da relação que tem com o pai, que 
participa de várias competições e a leva com ele, treinam muito e até já ganharam 
medalhas, esse esporte deixa os dois mais próximos, e é uma atividade muito 
divertida para ela. Quando está brincando de exploradora da natureza, interpreta o 
papel com muita autenticidade, finge ajudar os animais, salva-os dos caçadores, e 
até ensina as águias a voarem, as encorajam a bater as asas e sair flutuando no ar, 
17 
 
não deixa que elas desistam, podemos ouvi-la falando as frases ''voa passarinho, 
você vai conseguir, é só treinar'', ''eu acredito em vocês, se caírem estou aqui para 
segura-los'', assim, voando com eles, ela segue por horas e horas nesse faz-de-
conta. 
 Conversando com os filhos/amigos imaginários, observamos que está sempre 
lhes dando conselhos, sobre o que devem ou não fazer, gesticulando como a mão, 
imita o tom da voz, e diz as mesmas frases que são direcionadas a ela, é com 
frequência que ouvimos o seu relato de como o banho é importante, e que os dentes 
tem de ser escovados todos os dias para que fiquem saudáveis, e não caiam. 
Estando com outras crianças comunica-se excepcionalmente, mesmo não tendo em 
seu cotidiano o convívio com outros da sua idade, quando encontra os primos e 
primas em festas de família, adora tirar todos de seus celulares, e colocá-los em 
uma brincadeira como o famoso ''esconde-esconde'', e o ''pega-pega'', onde ama ser 
pega para poder pegar de volta com mais rapidez, mas aceita quando a sua 
brincadeira não é a escolhidas por todos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
7. Conclusão 
 
Neste trabalho acadêmico observamos, estudamos e apresentamos aspectos 
do desenvolvimento infantil e seus vínculos com o faz-de-conta na educação de 
nossas crianças. Expusemos em teses e artigos a importância do jogo lúdico, 
levando em consideração influências internas e externas, particularidades e 
ambientes, para melhor estudo de caso. 
Com a análise de nosso indivíduo, fomos capazes de assimilar e captar o 
porquê devemos trabalhar, explorar e incentivar as crianças a brincarem de faz-de-
conta não só em ambientes casuais, mas nos de aprendizagens também, já que é 
uma ótima ferramenta de método de ensino. Apesar de ser uma brincadeira que 
surge de maneira espontânea e natural, muitas vezes é banalizada por parecer algo 
simples e sem valor, pois para a maioria, os jogos lógicos e com regras são os 
únicos capazes de desenvolver o aspecto cognitivo, ignorando o fato de que o lúdico 
tem tanta importância quanto. 
Através de uma simples observação de um mundo imaginário criado por uma 
criança, podemos concluir bastante fatos sobre a vida que leva, já que esse seu 
universo nada mais é que um espelho de suas vivências. Além disso tudo, a 
necessidade do faz-de-conta se dá, pois nele é desenvolvida a capacidade de 
criatividade, a harmonia de saber diferenciar o real do imaginário, e, claro, o convívio 
em sociedade. Quando duas ou mais crianças imaginam o mesmo mundo, além de 
compartilharem papéis, compartilham algo muito valioso, experiências. 
Tendo em vista todos os aspectos analisados, e todo o processo deste 
trabalho, aprendemos e concluímos o quão importante é o faz-de-conta na educação 
da infância. É um ótimo parâmetro na vida de uma criança e uma peça chave em 
seu desenvolvimento, agrega extremo valor na sua formação e ajuda, nós 
pedagogos, a conhecer e compreender nossos alunos. 
 
 
 
 
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8. Referências Bibliografia 
 
DUARTE, S. Psicologias do Brasil. Psicologias do Brasil, 2018. Disponivel em: 
<https://www.psicologiasdobrasil.com.br/brincar-de-faz-de-conta/>. Acesso em: 09 
Novembro 2018. 
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MARTINS, I. C. As relações do professor de educação infantil com a brincadeira: do 
brincar na rua ao brincar na escola. Unimep, Piracicaba. Disponivel em: 
<https://www.unimep.br/phpg/bibdig/aluno/down.php?cod=571>. Acesso em: 12 
Novembro 2018. 
TEIXEIRA, H. Hélio Teixeira, 07 Dezembro 2015. Disponivel em: 
<http://www.helioteixeira.org/ciencias-da-aprendizagem/teoria-do-desenvolvimento-
cognitivo-de-lev-vygotsky/>. Acesso em: 12 Novembro 2018. 
VERGNHANINI, N. S. Biblioteca Digital. Biblioteca Digital. Disponivel em: 
<http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?down=000845639>. Acesso em: 
12 Novembro 2018. 
VERISSIMO, R. Desenvolvimento Psicossocial Erik Erikson. 1ª. ed. Porto: RV 
Productions, v. 1, 2002. Acesso em: 09 Novembro 2018.

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