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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE AGRONOMIA FITOPATOLOGIA GERAL CARBAMATOS Daniel Alves Yamin - 86473 Guilherme Chaim Stabille - 86482 Pablo Rodrigues Couto - 86500 Uberlândia – MG Junho – 2009 A palavra fungicida é originada de duas palavras latinas: “caedo”, que significa matar; e “fungos”, que significa fungo. Literalmente, fungicida é tudo aquilo capaz de matar fungos. Por esta definição, calor, ácidos, luz ultravioleta e outros agentes físicos seriam fungicidas. O uso de tal termo, restringiu-se a produtos químicos capazes de prevenir ou controlar a infecção de tecidos de plantas vivas por fungos fitopatogênicos. Na história dos fungicidas, em determinadas épocas ocorreu a predominância de um grupo sobre outro, o que possibilitou a divisão da história em quatro eras distintas. A primeira era, predominou o enxofre (muito utilizado no controle do míldio pulverulento), compreendeu o período de 1000 a.C. até a descoberta dos cúpricos. A segunda era (do cobre), iniciou-se em 1882 e foi ate 1934. A calda bordalesa foi bem aceita principalmente para o controle de doenças da videira, mas não controlava bem o míldio. A partir de 1934, deu inicio a terceira era, a dos fungicidas orgânicos, e somente em 1966 surgiram os fungicidas sistêmicos, que marcaram o inicio da quarta era. Dando continuidade ao trabalho, chegamos ao enfoque principal deste trabalho, que são os fungicidas à base de Carbamatos. Carbamatos ou uretanos são um grupo de compostos orgânicos que compartilham de um mesmo grupo funcional cuja estrutura é - NH(CO)O-. Os carbamatos são ésteres do ácido carbâmico, NH2COOH, um composto instável. Pelo fato de o ácido carbâmico conter um nitrogênio ligado a um grupo carboxila ele é também uma amida. Por essa razão, os ésteres de carbamato podem ter os grupos alquila ou arila substituídos no nitrogênio ou na função amida. Um ácido carbâmico subtraído de um nitrogênio é formado quando uma molécula de dióxido de carbono reage com o amino-terminal de uma cadeia peptídica, grupamento amina ou aminoácido, adicionando a si o grupo COO − e liberando um cátion H + para formar um íon carbamato. O radical "R" fica ligado à outra extremidade da molécula de nitrogêncio do grupo amina. o grupo COO − é uma estrutura de ressonância, portanto as ligações simples possuem característica de uma dupla ligação, e a carga é deslocada para os dois átomos de oxigênio. Essa reação é reversível (com a constante de equilíbrio K << 1 na reação acima), assim como a ligação N-C é altamente instável. Alguns fungicidas à base de carbamato são bastante utilizados no Brasil, e são efetivos quando aplicados em altas concentrações no encharcamento de solo contra Pythium e Phytophthora. Alguns pincipios ativos com fórmulas comerciais no Brasil serão listados abaixo. CARTAP Conhecido comercialmente por CARTAP BR 500, é um inseticida com efeito fungicida. Especialmente recomendado no controle do mosaico do feijoeiro (Uromyces appendiculatus). O fungo infecta, principalmente, as folhas onde forma, inicialmente, pequenas lesões amarelo- esbranquiçadas na face inferior, as quais se expandem até formarem pústulas de cor marrom-avermelhada em ambas as faces da folha. Na sua aplicação, deve-se sempre procurar uma cobertura uniforme da parte aérea da planta. Não se deve misturá-lo com produtos altamente alcalinos e cúpricos. Fórmula: C7H15N3O2S2 IPROVALICARB Conhecido comercialmente por Positron Duo, que associa dois ingredientes ativos, Iprovalicarb e Propineb. Apresenta um elevado grau de eficiência no controle de determinados fungos da classe dos oomicetos, como o da requeima. Esta é uma das doenças mais destrutivas da cultura batata, podendo comprometer todo o campo de produção em poucos dias. É favorecida por umidade elevada (neblina, chuva fina, orvalho, irrigação freqüente) e temperaturas em torno de 20 ºC. Quando aplicado preventivamente, Iprovalicarb controla os fungos em diversas fases de seu desenvolvimento. Inibe o patógeno durante a germinação dos esporos e o crescimento do tubo germinativo, fases em que também o Propineb age sobre o fungo Além disso, Iprovalicarb inibe o desenvolvimento dos apressórios e impede que o micélio do fungo penetre no tecido vegetal e se desenvolva. Em conjunto, os dois princípios ativos permanecem externa e internamente na planta e são degradados lentamente, proporcionando assim, um adequado período de proteção à cultura. DOSE: recomendação de dose na cultura da batata é de 2,5Kg/ha. Formula: C18H28N2O3 PROPAMOCARB Fungicida seletivo pra oomicetos. Recomendado para controle de Pythium e Phytophthora em várias culturas. Produto sistêmico com ação protetora, possuindo translocação via xilema. Atua na membrana celular do fungo. Sua aplicação deve ser via encharcamento do solo. Pode ser usado no tratamento de sementes. Principais produtos comercias: Tattoo CE + Chlorothalonil e Previcur N. Existem Outros ingredientes ativos que não possuem formulações comerciais no Brasil, destacam-se: Benthiavalicarb; Diethofencarb; Furophanate; A dosagem a ser utilizada no campo é variável quanto a alguns fatores, entre eles o produto comercial a ser utilizado, o grau de infestação da doença e o tipo de doença que está ocorrendo. Recomenda-se sempre, para evitar o desenvolvimento de resistência pelos patógenos, limitar o número de aplicações por safra. Passando agora aos mecanismos de ação dos fungicidas nos fungos, podemos destacar que eles atuam de forma inespecífica nas membranas dos fungos, ou seja, não têm necessariamente um único alvo, mas sim agem aleatoriamente nas estruturas da membrana. Nessa ação na membrana, os fungicidas irão agir no sentido de inibir as ações enzimáticas e protéicas, vias metabólicas indispensáveis à manutenção da vida do patógeno. Nas plantas, o modo de ação dos fungicidas é outro. Os fungicidas protetores são geralmente fitotóxicos às células das plantas, e por esse motivo são seletivos, devendo permanecer na superfície da planta. Quando penetram na cutícula podem causar injúria. Os fungicidas sistêmicos devem co-existir com as células do hospedeiro, requerendo, portanto, um tipo diferente de seletividade, que deve discriminar entre as células do hospedeiro e do patógeno. Estes fungicidas, então, penetram na planta e são tóxicos, seletivamente, aos processos vitais inerentes aos fungos. O processo da seletividade é, geralmente, tão específico que entre centenas de diferentes fungos que atacam as plantas, somente certos grupos taxionômicos são afetados particularmente por cada fungicida sistêmico. Os fungicidas sistêmicos são produtos químicos orgânicos absorvidos e transportados dentro da planta. Pouco são os produtos químicos considerados sistêmicos no sentido estrito da palavra, isto é, aqueles cujo ingrediente ativo move-se intacto dentro da planta. No interior da planta esses produtos podem mover-se para sítios metabólicos ou translocar-se para órgãos de transpiração da planta. As principais partes envolvidas na absorção do fungicida sistêmico são as folhas, caule, raízes e sementes. A maioria dos fungicidas sistêmicos foram desenvolvidos para pulverização da folhagem. Daí o movimento translaminar ou transcuticular constituir fato vital para o sucesso dos compostos sistêmicos. Se aceitarmos o fato de que uma das funções da cutícula é reduzir a perda de água da superfície da planta, entenderemosque os fungicidas que são pulverizados em solução aquosa, possuem baixa eficiência de penetração. Há evidências, também, que a penetração do fungicida, nos tecidos da folha, via estômatos, é influenciada pela tensão superficial dos líquidos, do ângulo de contato e de qualquer outro fator que influencie a abertura dos estômatos, tais como luz, umidade relativa, temperatura, adubações potássicas. A formulação, adquire, neste caso, uma importância fundamental. As formulações de fungicidas sistêmicos em concentrações emulsionáveis( CE) ou dispersão em óleo (DO), podem aumentar a penetração através da cutícula. Uma explicação seria a alteração na estrutura da camada de cera, causada pelo óleo, que representa a principal barreira à entrada dos fungicidas na planta. Outro sítio de absorção de fungicidas sistêmicos é através das raízes. Vários inconvenientes surgem quando compostos químicos são aplicados ao solo: a) Problemas de dispersão; b) adsorção e decomposição no solo. Sempre que o produto é aplicado ao solo, somente pequena porção do ingrediente ativo é absorvido pelas raízes para ser transportado para as partes superiores da planta. A região de maior absorção ocorre nas áreas mais jovens das raízes. Nas partes mais velhas das raízes a epiderme torna-se suberizada ou forma-se a casca. Existem outros tipos de fungicidas, os residuais ou protetores e os de contato. Os fungicidas residuais ou protetores para agirem requerem a germinação dos esporos. Durante esse fenômeno são absorvidos através da membrana plasmática do fungo e atingem no interior das células os sítios onde irá agir o mecanismo de ação. Os fungicidas de contato não requerem a germinação dos esporos. Desse modo quando aplicados nas plantas, matam mesmo as estruturas de dormência como esclerócios, clamidosporos e micélio dormente. Em geral são fitotóxicos se aplicados em plantas com órgãos verdes sendo por isso usados em tratamento de inverno em fruticultura nas espécies de folhas decíduas. Um incremento utilizado na aplicação dos fungicidas são os adjuvantes. Muitos fungicidas já vêm dotados destes produtos, mas alguns não, sendo necessário o incremento deles à calda do fungicida. Dentre suas funções principais, podemos destacar: Quebra a tensão superficial da água; Melhora a superfície de molhamento da área; Menor deriva; Menor evaporação; Evita a coalescência das gotas; Evita o escorrimento do produto químico. O uso destes produtos deve ser analisado a fim de se obter uma melhor distribuição do fungicida e consequentemente um melhor combate ao patógeno, visando sempre um melhor custo benefício ao produtor. Por fim, pode-se concluir que o uso dos fungicidas que vem sendo explorado desde os primórdios da humanidade vem evoluindo cada vez mais, tanto em tecnologia, quanto na difusão da sua utilização. Os carbamatos entram nesse contexto como um importante grupo de fungicidas, utilizado em larga escala para o controle das mais diversas doenças nas mais variadas culturas no Brasil e no mundo. Visando cada vez mais no eficiência no controle de patógenos, estudos sobre este grupo são necessários e importantes, podendo assim, conseguir sempre uma evolução em busca da maior produtividade. Referências bibliográficas: SOUZA, Paulo; DUTRA, Marcos. Fungicidas no controle e manejo de doenças de plantas REIS, Erlei; REIS, Andréa; FORCELINI, Carlos. Manual de fungicidas. BERGAMIN,A., KIMATI,H., AMORIM,L. Manual de Fitopatologia. CARDOSO, C.,KIMATI,H. Guia de Fungicidas.
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