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FUNGICIDAS PARA A PROTEÇÃO DE PLANTAS

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 
 
DEPARTAMENTO DE ENTOMOLOGIA E FITOPATOLOGIA 
 
 
FITOPATOLOGIA ESPECIAL – IB 238 
 
 
FUNGICIDAS PARA A PROTEÇÃO DE PLANTAS 
 
 Prof.Dr.Luís Antônio Siqueira de Azevedo 
 
 
Dezembro de 2006 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1 
Proteção Integrada de Plantas com Fungicidas: 
Filosofia ,Conceitos e Impacto das Doenças 
 
1 – Introdução 
Neste início de milênio , quando a sustentabilidade econômica ,técnica e 
ambiental torna - se um dos objetivos principais da moderna agricultura, não podemos 
fechar os olhos para os problemas e prejuízos causados pelas doenças de plantas. A 
diversidade da população de espécies de plantas tem sido eliminada, para que em seu 
lugar seja cultivada uma só espécie , muitas vezes exótica e em grandes áreas. Exemplo 
disso é o tipo de agricultura predatória extensiva que é praticado nas novas fronteiras 
agrícolas do oeste brasileiro. Este tipo de manejo inadequado, tem contribuído para 
alterar profundamente o equilíbrio ecológico existente - no que diz respeito à baixa 
intensidade de doenças de plantas. É necessária, a utilização de medidas práticas e 
eficazes no controle de doenças de plantas. A principal, a meu ver, está na proteção 
química de plantas com fungicidas.Os fungicidas são considerados fatores de 
produção importantes na cadeia produtiva de alimentos. Porém , não devem, em 
hipótese alguma , serem considerados como, a única alternativa para o controle de 
doenças de plantas. O controle mais eficaz , equilibrado e econômico, tem sido obtido, 
pela utilização de todas medidas disponíveis de controle, ou seja, a adoção das 
práticas de manejo integrado de doenças( MID). Apesar de todos os esforços da área 
de melhoramento genético e biotecnologia na obtenção de cultivares resistentes para as 
doenças mais destrutivas, muitas culturas, como as de alho,amendoim ,arroz ,banana 
,batata , cebola , cenoura , cevada , feijão ,maçã ,morango , pêssego , soja ,tomate ,trigo e 
uva , ainda não podem abrir mão da proteção química com fungicidas. Pois só 
produzem econômica e estavelmente se forem adequadamente protegidas com 
fungicidas. 
 
2 – O impacto destrutivo das doenças de plantas nos sistemas agrícolas 
O impacto destrutivo das doenças de plantas nos sistemas de produção 
agrícola está fartamente ilustrado e documentado na literatura nacional e internacional. 
O poder destrutivo de determinadas doenças de plantas tais como a Requeima , a 
Pinta Preta ( tomate e batata ) , a Brusone , a Mancha de Grãos ( arroz ) , a Sarna ( maçã 
) , a Ferrugem da folha , a Helmintosporiose , o Oídio ( cereais de inverno ) , as 
Doenças de Final de Ciclo , o Oídio ( soja ) , a Mancha Angular ( feijão ) , a Vassoura 
de Bruxa ( cacau )têm alcançado uma velocidade de destruição e de ataque , que causa 
espanto até ao mais experiente fitopatologista. Se elaborássemos, hoje, uma lista com 
os dez patógenos mais destrutivos e problemáticos , com ligeiras mudanças de 
colocação , em função da região agrícola , teríamos algo assim : Phytophthora 
infestans ( batata , tomate ) ; Pyriculararia grisea , Helminthosporium oryzae( arroz de 
terras altas ) ; Drechslera tritici – repentis , Helminthosporium sativum , Puccinia 
recondita( cereais de inverno ) ; Hemileia vastatrix ( café ); Alternaria solani ( batata , 
tomate ) ; Venturia inaequalis (maçã) ; Septoria glycines, Cercospora kikuchii ( soja ) ; 
Mycosphaerela musicola ( banana ) ; Phareoisariopsis griseola ( feijão ).Isso para não 
nos referirmos a doenças potenciais que estão ainda restritas a algumas regiões do 
Brasil tais como a Sigatoka Negra ( banana ) e a Mela da Soja. 
A ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi H. Sydow & Sydow),(FAS) 
até a safra 2004/05, já havia sido relatada na Austrália, Rússia, Coréia, Japão, 
China,Taiwan, Filipinas, Nepal, Índia, Nigeria, Moçambique, Ruanda, Uganda, África do 
Sul, Zâmbia, Zimbábue, Paraguai, Brasil e Argentina. No Brasil, a FAS já foi identificada 
em todos os Estados produtores. O dano, devido à incidência da FAS tem variado desde 
10% a 91%. Na safra 2005/2006, o nível epidêmico que a doença atingiu em diversas 
regiões produtoras do Brasil, acarretou perdas estimadas em US$ 5 bilhões. Sempre que o 
processo de infecção inicia-se a partir do estádio R1/R2 da soja, é observado aumento 
significativo do dano, embora a ocorrência da doença em estádios fenológicos mais 
avançados, também possa acarretar dano muito elevado. 
Dos métodos de controle disponíveis hoje, para o conter o avanço desses 
patógenos com alto poder de destruição, a proteção química com fungicidas é, sem 
dúvida , o mais utilizado na nossa agricultura. A proteção química tem sido 
empregada, na maioria das vezes , com eficácia para o controle desses patógenos , 
na maioria das situações , de forma isolada , ( o que é incorreto - epidemiologicamente 
e ambientalmente ), por meio da utilização de inúmeros fungicidas existentes no 
mercado. 
À primeira vista , a existência de um determinado princípio ativo com alta 
fungitoxicidade , para os patógenos resolveria ou diminuiria o impacto negativo das 
doenças nas culturas citadas anteriormente. No entanto, apesar da eficácia comprovada 
dos fungicidas nessas culturas , mesmo mostrando benefícios, não tem resolvido por 
completo os danos causados pelas doenças. Quais as razões para explicar esse 
comportamento errático dos fungicidas ? Por que encontramos no mercado as mais 
modernas moléculas químicas para a proteção de plantas e elas muitas vezes não 
funcionam no campo? Onde estariam as falhas ?Nas recomendações complexas de 
produtos , bulas mal escritas , falta de informação no campo , indiferença e 
conservadorismo do agricultor? Como diminuir a probabilidade de erros e equívocos 
na utilização no campo ?Melhorar as recomendações técnicas , redigir de forma mais 
clara os rótulos e bulas e aumentar a facilidade de informações para o produtor , 
técnicos e agrônomos. No decorrer de alguns capítulos , irei abordar essas questões e 
apresentar sugestões para o bom funcionamento dos fungicidas. 
 
3 – Proteção de plantas com fungicidas ou controle químico de doenças ? 
 Para estabelecer alguns parâmetros, vejamos o que dizem o dicionário e/os 
glossários específicos sobre proteção de plantas e controle : 
a)Proteção s.f. 1.Ato ou efeito de proteger – se. 2.Abrigo , resguardo. 3.Dedicação 
pessoal aquilo ou aquele que precisa. 4. Auxílio , amparo. ( Minidicionário Aurélio 
,1993, p.447 ) 
b)Proteção – Barreira que visa impedir o contato entre o hospedeiro e o patógeno já 
estabelecido. ( Goulart,1991, p.139 ) 
c)Controle s.m. 1.Ato ou poder de controlar. 2. Fiscalização exercida sobre pessoas e 
orgãos. 3.Domínio físico e psíquico de si mesmo ( Minidicionário Aurélio ,1993,p.145 ) 
d)Controle -1.Medidas que visam reduzir ao mínimo as perdas causadas por pragas 
ou doenças. ( Goulart,1991, p. 48 ) 
e)Controle Químico – Aquele que se realiza por meio de defensivos agrícolas , para 
destruir , controlar ou impedir o desenvolvimento de certa pragas , ervas daninhas e 
doenças.(Goulart,1991, p.49) 
f)Controle Integrado – Estratégia que procura utiliza todos os métodos disponíveis 
para controlar , de forma efetiva , um inseto , patógeno ou plantas daninhas com 
menor custo e agressão ao meio ambiente. ( Borém,1998,p. 32 ) 
Pelasdefinições lexicais e técnicas desses dois termos, pode –se dizer que no 
universo da ciência fitopatológica , as duas terminologias estão corretas , são 
pertinentes e podem ser utilizadas. Pode –se até pensar numa evolução do emprego 
desses termos nos métodos de controle. Mas não evolução das medidas de controle , 
já que é impossível se pensar em realizar proteção de plantas sem controle químico. O 
controle químico visa mais ao patógeno e a proteção de plantas é mais abrangente ; 
visa à planta e também à manutenção do patógeno num nível abaixo do limiar de 
dano econômico. 
A proteção das culturas de é uns dos princípios de controle de doenças de 
plantas.Para as inúmeras situações de controle no campo , torna- se quase impossível 
e impraticável a utilização de métodos que visem à sobrevivência ,à inoculação e à 
disseminação de patógeno. Para estas situações , a proteção de plantas com fungicidas 
é o método mais útil e recomendado. 
A proteção de culturas com produtos químicos , proporciona a colocação de 
uma barreira química que visa impedir ou dificultar o contato entre o hospedeiro e o 
patógeno , no caso dele já estar estabelecido.O controle químico é uma forma de 
proteção de plantas que atua mais diretamente sobre o patógeno. A proteção de 
plantas é mais abrangente no sentido holístico e visa mais à planta. 
Portanto a proteção de plantas só se torna efetiva quando existe a possibilidade 
concreta da pulverização e deposição de um fungicida (sistêmico , protetor de contato 
, penetrante ou mesostêmico ) no alvo biológico( Zambolim et al,1997). A eficácia da 
proteção de plantas está ligada a vários fatores e depende do : fungicida utilizado , 
do intervalo de aplicação , do número de aplicações , do timing de aplicação , das 
misturas utilizadas e da qualidade e tecnologia de aplicação. O fungicida utilizado 
deve ser tóxico ao patógeno e ter grande estabilidade metabólica , mesmo nas 
condições mais adversas de clima. Não deve ser fitotóxico à planta e ser de baixo 
impacto ambiental, evitando assim injúrias a cultura e ao meio ambiente. 
Dentro da diversidade de culturas que todo ano precisam ser pulverizadas 
com fungicidas , pode –se dizer que, no estágio atual da tecnolgia na agricultura , 
pratica –se mais o controle químico que a proteção de plantas. O controle químico 
pressupõe, muitas vezes, uma falsa idéia de controle quase que total da doença ao, 
passo que a proteção aceita algum dano , o que, na maioria das vezes, ocorre no 
campo. 
 
4 – Análise da evolução dos grupos químicos de fungicidas 
Os fungicidas têm sido utilizados há mais de duzentos anos para proteger as 
plantas do ataque de fungos e de doenças(Brent,1995). Desde o começo dos primórdios 
do controle químico , quando se protegia as sementes de cereais e se pulverizava as 
parreiras com enxofre e cobre , o número de doenças , a área tratada , a freqüência de 
uso , a efetividade dos tratamentos têm aumentado muito. Somente na década passada , a 
quantidade e classes de fungicidas mais utilizadas no mundo, a do fungicidas protetores 
de contato, alcançou um grau de maturidade e estabilidade. A evolução e o 
surgimento dos diversos grupos químicos , nos mostram que antigos fungicidas , a 
base de enxofre e cobre , são ainda muito utilizados na agricultura. Vários grupos de 
fungicidas de meia idade ( Ftalidamidas , Ditiocarbamatos , Dinitrofenóis , Clorofenil ) 
são utilizados com sucesso por mais de 30 anos. Um grande número de fungicidas , 
extremamente eficazes , com uma nova estrutura química e com atividade sistêmica ( 
principal propriedade biológica ) foram introduzidos no final da década de 60 e na 
década de 70. Estes incluem : 2 – Amino – Pirimidina , Benzimidazóis , Carboxianilidas , 
Morfolinas , Dicarboximidas , Fenilamidas e os inibidores da demetilação do esterol ( 
DMI’s) ( triazóis e imidazoles ). A década de 80 assistiu à introdução de novos 
produtos , mais especificamente de fungicidas análogos aos existentes , particularmente 
DMI’s , geralmente similares , algumas vezes com propriedades biológicas melhoradas. 
Recentemente , novos compostos têm sido lançados comercialmente ou já tem 
alcançado um estágio avançado de desenvolvimento como é o caso dos S.A.R ( 
Systemic Aquired Resistance), Fenilpirróis , Anilinopirimidinas e análogos da 
Estrobirulinas.Na tabela 1 encontram - se os principais grupos químicos de fungicidas 
existentes no mercado mundial de proteção de plantas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 1.Evolução dos grupos químicos de fungicidas e antibióticos e espectro de 
ação sobre os fungos fitopatogênicos. 
 
 
GRUPO QUÍMICO 
NOME 
QUÍMICO 
NOME COMUM / 
ANO DE 
INTRODUÇÃO 
ESPECTRO DE AÇÃO 
Benzimidazóis 
 
 
(metil benzimidazol, 
carbamato 
mbc, bmc) 
Benzimidazóis benomyl 1970 
 carbendazim 1973 
fuberidazole 
thiabendazole 
thiophanate 1969 
thiophanate-methyl 
1969 
Amplo Espectro 
Dicarboximidas Dicarboximidas iprodione 1972 
 procymidone 1971 
vinclozolin 1972 
Manchas Foliares , 
Sclerotinia spp 
Sclerotinia spp 
Sclerotinia spp 
DMI 
(Inibidores da 
demetilação) 
Imidazóis 
 
 
 
----------------------
--- 
Piperazinas 
 
----------------------
--Piridinas 
----------------------
--- 
Pirimidinas 
 
 
 
----------------------
--- 
 
 
Triazóis 
(incluindo 
conazóis) 
imazalil 1986 
triadimefon 1976 
prochloraz 1980 
triflumizole 
------------------------ 
triforine 1967 
------------------------ 
 
pyrifenox 
------------------------ 
fenarimol 1975 
nuarimol 
------------------------ 
bitertanol 1981 
bromuconazole 
cyproconazole 1989 
diclobutrazole 
difenoconazole 1991 
diniconazole 
epoxiconazole 1996 
fenbuconazole 
fluquinconazole 
flusilazole 
flutriafol 
hexaconazole 
metconazole 
 Cercospora spp 
Ferrugens , Oídios 
Manchas Foliares 
 
 
Ferrugens, Oídios 
 
 
 
 
Oídios, Manchas Foliares 
Oídios 
 
 
Oídios, Ferrugens 
 
Oídios, Ferrugens 
 
Amplo Espectro 
 
Ferrugens 
 
 
 
 
Sarna, Manchas Foliares 
myclobutanil 
paclobutrazol 
penconazole 
propiconazole 1979 
tebuconazole 1989 
tetraconazole 
triadimefon 1972 
triadimenol 1972 
triticonazole 
 
Sarna 
 
Oídios 
Amplo Espectro 
Amplo Espectro 
 
Ferrugens, Oídios 
Ferrugens, Oídios, Trat. 
Sementes 
Tratamento de Sementes 
Fenilamidas Acilalaninas 
 
 
 
----------------------
--- 
Oxazolidinonas 
----------------------
--- 
Butirolactonas 
benalaxyl 1976 
 furalaxyl 1976 
metalaxyl 1974 
metalaxyl-m 1994 
------------------------ 
oxadixyl 1983 
------------------------ 
ofurace 
Oomicetos ( restrito ) 
Oomicetos ( restrito ) 
Oomicetos ( amplo espectro 
) 
Oomicetos ( amplo espectro 
) 
 
Oomicetos ( restrito ) 
 
Oomicetos ( restrito ) 
Morfolinas Morfolinas 
 
 
----------------------
--- 
Piperidinas 
----------------------
--- 
Spirocetalaminas 
aldimorph 
fenpropimorph 1981 
tridemorph 1968 
------------------------ 
fenpropidin 1986 
------------------------ 
spiroxamine 
 
Oídios, Ferrugens 
Oídios, Ferrugens 
 
Oídios, Ferrugens 
Tiofosforados Organofosfóricos edifenphos 1968 
 iprobenfos 
isoprothiolane 
pyrazophos 1974 
Brusone 
 
 
Oídios, Manchas 
Oxatin Anilida benodanil 
carboxin 1966 
flutolanil 
mepronil 
oxycarboxin 1967 
 
Carvões, Rhizoctonia 
 
 
Ferrugens 
Hidroxipirimidinas Pirimidinois bupirimatedimethirimol 1976 
ethirimol 1968 
 
Oídios 
Oídios, Tratamento de 
Sementes 
Anilinopirimidinas Anilopirimidinas cyprodinil 1997 
mepanypyrim 
pyrimethanil 1998 
Manchas Foliares, Sarna 
 
Manchas Foliares, Sarna 
N-Fenil carbamatos Dietofencarb diethofencarb 
“STAR” 
(modo de ação e 
resistência semelhante 
a estrobilurinas) 
Estrobilurinas : 
Metoxiacrilato 
Oximinoacetato 
 
----------------------
-- 
Não-estobilurinas: 
Oxazolidinediona 
azoxystrobin 1997 
kresoxim-methyl 
1997 
trifloxystrobin 1998 
 
------------------------ 
famoxadone 1998 
Amplo Espectro 
Alternaria, Cercospora 
Colletotrichum spp, 
Pyricularia 
 
 
Alternaria, Phytophthora 
Fenilpirróis Fenilpirrol fenpiclonil 1996 
fludioxonil 1998 
Rhizoctonia, Fusarium 
Rhizoctonia, Fusarium e 
Helminthosporium 
Quinolinas Quinolina quinoxyfen Pyricularia 
Hidrocarbonetos 
aromáticos 
Clorofenil 
 
 
 
 
----------------------
--- 
dicloran 
chloroneb 
quintozene 
tolclofos-methyl 
tecnazene 
------------------------ 
biphenyl 
etridazole 
 
 
Sclerotium, Sclerotinia e 
Rhizoctonia 
Ácidos Cinâmicos Ácido cinâmico Dimethomorph 1995 Oomicetos ( restrito ) 
 
Inibidores da 
Biossíntese da 
Melanina (MBI) 
 Inibidores da 
redutase 
 
----------------------
--- 
Inibidores da 
desidrase 
fthalide 
pyroquilon 1990 
tricyclazole 1975 
carpropamid 
 
 Pyricularia 
 Pyricularia 
Hidroxianilida Hidroxianilida fenhexamid 
Antibióticos blasticidina 
kasugamycina 
streptomycina 
validamycina 
 
Polioxinas polyoxin 
Fenilurea pencycuron 
Indutores de 
resistência em 
plantas 
Benzotiadiazol 
BTH 
acibenzolar-S-methyl 
1998 
Amplo Espectro 
Miscelânea Ciano-acetamida 
oxima 
 
----------------------
--- 
Carbamato 
----------------------
--- 
cymoxanil 1976 
 
----------------------- 
iodocarb 
propamocarb 
----------------------- 
tri-phenyl estanho 
----------------------- 
 Oomicetos ( restrito ) 
 
 
 
Oomicetos ( amplo espectro 
) 
 
Manchas Foliares, 
Organo-estânico 
----------------------
--- 
 
dinocap 
fenfuram 
Antracnoses 
 
Oídios 
Atividade em 
Múltiplos sítios 
Fosfonato 
 
----------------------
-- 
Inorgânicos 
 
 
----------------------
-- 
Ditiocarbamatos e 
relacionados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ftalimidas 
 
 
----------------------
-- 
Cloronitrilo 
----------------------
- 
Sulfamidas 
 
----------------------
- 
Guanidinas 
 
 
----------------------
-- 
Anilazina 
----------------------
-- 
Quinona 
----------------------
-- 
Fenil-
fosetyl-Al 
phosphorous acid 
----------------------- 
arsenates 
cobre 
calda bordaleza 1882 
óxido cuproso 1932 
hidróxido de cobre 
1932 
sais de enxofre 
---------------------- 
ferbam 1942 
mancozeb 1943 
maneb 1943 
metiram 
propineb 
thiram 
zineb 
ziram 
---------------------- 
captan 1952 
captafol 
folpet 
----------------------- 
chlorothalonil 
----------------------- 
dichlofluanid 
tolyfluanid 
----------------------- 
dodine 1956 
guazatine 1968 
iminoctadine 
----------------------- 
anilazine 
------------------------ 
dithianon 
----------------------- 
fluazinam 1995 
Gomose , Phoma spp 
 
 
 
Amplo Espectro 
 
 
 
Oídios 
 
 
Amplo Espectro 
Amplo Espectro 
 
Amplo Espectro 
Tratamento de Sementes 
Amplo Espectro 
 
 
Amplo Espectro 
Amplo Espectro 
 
 
Amplo Espectro 
piridinaminas 
 
Fonte : Modificado de Crop Production and Crop Protection, 1997 e do site FRAC. 
URL: http://www.gcpf.org/frac/chemical%20group.html . Consultado em 28 dezembro de 
2005 . 
 
http://www.gcpf.org/frac/chemical%20group.html
Capítulo 2 
Evolução e Desenvolvimento da Proteção de Plantas 
1 - Introdução 
É um fato conhecido e consenso geral que as pragas , doenças e plantas 
invasoras competem com as culturas econômicas causando quedas na produção e , 
como conseqüência , a garantia de altas produções e produtividade só é obtida com 
plantas sadias. Todavia, os métodos empregados na proteção de plantas vem 
apresentando uma evolução muito grande nas últimas décadas. Pode - se enumerar 
alguns motivos: 
- Os produtos químicos de hoje são muito mais específicos e seletivos do que os 
seus antepassados de 30 anos atrás , e por isto mesmo com menores chances de 
provocar efeitos secundários indesejáveis. Por outro lado , os novos produtos ,de modo 
geral são empregados em doses muito mais reduzidas ( Tabela 2 ) , além de 
apresentarem perfil toxicológico e ecotoxicológico mais favoráveis , sob o ponto de 
vista de segurança para os aplicadores e ambiente( Zuppi,1999). 
- Têm havido avanços marcantes na tecnologia de formulação dos produtos , bem 
como nas técnicas e equipamentos de aplicação. 
- Nos países de clima temperado houve aumentos significativos no cultivo intensivo 
de hortaliças e determinadas frutíferas em casa de vegetação e estufas , tendo sido 
desenvolvidos métodos específicos de controle fitossanitário nessas condições , 
indispensáveis na obtenção de plantas sadias com alta produtividade.No Brasil existe 
um crescimento muito grande desse setor , porém infelizmente pouco se sabe sobre o 
manejo de pragas e doenças em estufas, principalmente o comportamento de fungicidas 
e inseticidas aplicados nesse ambiente. 
- O conhecimento e a utilização de métodos de diagnose envolvendo dinâmica 
populacional e epidemiologia , em várias culturas , possibilita prever a ocorrência de 
pragas e doenças, e, como resultado , adotar as medidas de proteção mais adequadas 
a cada caso , ou seja , o Manejo Integrado de Pragas. 
- Algumas práticas culturais podem ser empregadas para reduzir a incidência de 
pragas , doenças e plantas invasoras( ver capítulo 4, ítem 8). 
- Métodos biológicos de controle fitossanitário vêm sendo gradativamente 
introduzidos e a adoção do Manejo Integrado de Pragas é , nesse particular , o 
procedimento que melhor atende os parâmetros de aplicar , quando necessário , 
utilizando o método mais adequado , e visando a garantia de produtividade mas sem 
perder de vista fatores tão importantes quanto a preservação de inimigos naturais e 
prevenção ao possível desenvolvimento de resistência das pragas e doenças. 
2- Desenvolvimento da proteção de plantas com fungicidas 
2.1- Histórico de surgimento dos fungicidas 
A utilização de substâncias químicas com propriedades fungicidas ocorre desde as 
mais antigas civilizações. Há relatos do uso de fungicidas pelos gregos e romanos no 
controle de doenças de plantas, empregando fumigação e tratamento das partes das plantas. 
O grande avanço no conhecimento de fungicidas deu-se após o século XVIIII, devido a 
descobertas de novos grupos químicos. Os fungicidas têm sido utilizados há mais de 
duzentos anos para proteger as plantas do ataque de fungos e de doenças. O início da 
aplicação de fungicidas em grande escala para o controle de doenças está fortemente 
ligado à descoberta da calda bordalesa por Millardet em 1882, em Bordeaux. Essa mistura, 
composta por sulfato de cobre e cal hidratada, constituiu o principal fungicida utilizado por 
mais de 50 anos ( Hewiit,1998; Zambolim et al, 1997 e Ghini,2000). A seguir, de acordo 
com Zambolim & Chaves, 1983 e Zambolim et al,2000 um relato resumido da história 
do desenvolvimento dos fungicidas . 
1000 A.C. – O poeta grego Homero relata o uso do enxofre elementar para controlar o que denominavam de 
pestes. 
 
Século XVII e XVIII – 1637 – Remantmencionou o valor do tratamento de sementes de trigo com cloreto de 
sódio para o controle do carvão. 
 
1755 – Aucante referiu-se ao uso de arsênico e cloreto de mercúrio para prevenção do carvão do trigo. 
 
1761 – Schulthess foi o primeiro a sugerir o uso do sulfato de cobre para o tratamento de 
sementes no controle do carvão nos cereais. 
 
1807 – Prevost, na França, mostrou que o carvão do trigo poderia ser controlado pelo sulfato de cobre, 
devido sua ação sobre a germinação dos esporos. Prevost é considerado o pai dos testes de fungicidas. 
 
1821 – Robertson, na Inglaterra, faz a primeira referência do enxofre como fungicida, 
relatando a eficiência do produto contra o míldio do pessegueiro. Durante o séc. XIX, o 
enxofre elementar já era usado no controle de míldio pulvurulento de várias plantas, em 
mistura com a cal. 
 
1834 – Knight recomendou, na Inglaterra, o tratamento de pessegueiro com a mistura 
enxofre e a cal para controlar a crespeira do pessegueiro. 
 
1853 – H. A. De Bary publicou seu trabalho clássico demonstrando o papel dos fungos 
como agentes causadores de doenças em plantas. A partir dessa época, o 
desenvolvimento com fungicidas foi acelerado e teve um grande impulso. 
 
1882 – Pierre Alexis Millardet, na França, acidentalmente descobriu calda borda 
bordaleza controlando o míldio da videira. 
 
1886 – Uma formulação comercial de enxofre e cal líquida foi introduzida nos E.U.A para 
controlar a cochonilha e a crespeira do pessegueiro. A mistura de enxofre-cal tornou-se, 
assim, o primeiro fungicida erradicante. 
 
1894 – W. Saunders, S. A. Bedford and Mackay introduziram a proteção de sementes por 
produtos químicos. 
No século dezenove o desenvolvimento dos fungicidas pode ser resumidamente 
descrita pelos eventos descritos a seguir : 
1908 – Scott, tentando tornar a mistura enxofre-cal menos fitotóxica, adicionou água e 
ferveu-a até obter uma pasta que deveria ser diluída em volume maior de água, antes de ser 
usada. Essa mistura denomina-se calda sulfo-cálcica. Foi muito usada por plantadores de 
pessego no tratamento de inverno. 
 
1914 – Foram introduzidos no mercado os fungicidas organo mercuriais. 
 
1932 – A utilização da calda bordaleza começou a diminuir devido à fitotoxidez para 
algumas culturas, e pela dificuldade de seu preparo. Surgiram, então, os compostos de 
cobre menos solúveis também chamados de compostos fixos de cobre, como substitutos da 
calda bordaleza. 
 
1932 – Horsfall, trabalhando em Nova York, estudou o valor de compostos de cobre com 
baixa solubilidade na prevenção do tombamento de mudas em sementeiras e viveiros. Seu 
trabalho mais tarde resultou no desenvolvimento, dos fungicidas denominados hidróxidos 
de cobre e óxido cuproso. 
 
1934 – Tisdale e Williams, nos E.U.A., relataram a fungitoxidade dos 
ditiocarbamatos. Esta contribuição marcou o início da era dos fungicidas orgânicos, 
embora só tenham entrado em produção comercial mais tarde. 
 
1942 – Goldsworth e colaboradores publicaram os primeiros resultados do valor fungicida 
do dimetil – ditiocarbamato-férrico (Ferban). 
 
1943 – Dimond e co-autores introduziram o etileno-bis-ditiocarbamato como fungicida. 
1952 – Kittelson introduziu o Captan, como fungicida de largo espectro de ação (sementes, 
solo, doenças de fruteiras, ornamentais e de vegetais). 
 
1965 – Von Schmeling e Kulka relataram a atividade sistêmica dos derivados do 1,4-
oxathiins (carboxin e oxicarboxin) para tratamento de sementes e em atomização para 
certos basidiomycetos. O ano de 1966 marca o início da era dos fungicidas sistêmicos. 
Após a Segunda Grande Guerra, iniciou-se o desenvolvimento de fungicidas que 
penetrassem na planta, erradicando o patógeno após a infecção ou protegendo partes que 
não entram em contato direto com o fungicida. A partir do final da década de 1960, com a 
ampla aceitação de benomyl e carboxin e, a seguir, de outros fungicidas sistêmicos, o 
controle químico de doenças de plantas passou por grandes mudanças. Segundo Kirby 
(1972), os fungicidas sistêmicos, em uso na época, caracterizam-se por apresentar 
fungitoxicidade direta; muito baixa a baixa solubilidade; penetração nos tecidos aéreos e 
raízes, passando para o xilema; movimento ascendente pela corrente transpiratória, 
acumulando-se nas margens das folhas; incapacidade de chegar a órgãos que não 
transpiram e de reexportação para regiões de novos crescimentos; ausente ou reduzida 
translocação descendente, via floema; e amplo ou estreito espectro de ação. 
 
 
1968 – Foi descoberto por Delp e Klopping, o Benomil, fungicida com propriedades sistêmicas. 
De 1970 a 1980 foram desenvolvidos numerosos fungicidas sistêmicos, protetores e misturas de 
fungicidas. Entre os sistêmicos destacam-se o Pyrocarbolide, o Triadimefon, o Triforine, o Ethirimol, o 
Dimethirimol, o Metalaxyl , o Propiconazole.A década de 70 é considerada como a década dos 
fungicidas sistêmicos, provavelmente foi uma das fases mais importantes para a proteção de plantas 
com fungicidas. A diversidade de grupos químicos descorbertos e comercializados supera em muito 
outras fases do controle químico.A década de oitenta foi dominada pelo aparecimento de fungicidas 
sistêmicos análogos aos já existentes no mercado, especialmente dos triazóis.A década de noventa é 
caracterizada pela introdução de novos grupos químicos , diferentes dos até então existentes no 
mercado ,alguns deles de origem natural, exemplos são as estrobilurinas e os fenilpirróis. Outro grupo 
descoberto nesta década é o dos compostos ativadores dos mecanismos de defesa das plantas. 
A história do surgimento dos fungicidas pode ser dividida, baseada na 
predominância de um grupo de químico sobre o outro. Teremos assim cinco fases distintas 
e quatro gerações de fungicidas. Inicialmente temos a fase do enxofre que teve início em 
1000 a .c até a descoberta da cada bordaleza em 1882, quando começou a fase dos 
produtos a base de cobre. A segunda fase (fungicidas cúpricos), iniciada em 1882 
estendeu-se até 1934.A calda bordaleza foi bem aceita para controlar principalmente 
doenças da videira, mas não apresentava a mesma eficiência do enxofre para controlar o 
míldio pulvurulento, doença de suma gravidade naquela época. A primeira e segunda 
fase é também considerada como a primeira geração de fungicidas, caracterizada pelo 
uso intensivo de fungicidas de origem inorgânica a base de enxofre e de cobre.A partir 
do ano de 1934 com a descoberta dos ditiocarbamatos, iniciou-se a terceira fase, a dos 
fungicidas orgânicos.Esta fase é também considerada como a segunda geração de 
fungicidas caracterizada pela descorberta de fungicidas de origem 
orgânica(Agrios,1997;Zambolim et al,2000).Foi nesta fase que surgiram os principais 
grupos de fungicidas protetores de contato, muito utilizados ainda hoje no controle de 
doenças de plantas, tais como os ditiocarbamatos,ftalimida,ftalonitrila,guanidina. Em 1966, 
surgiram os fungicidas com propriedades sistêmicas, iniciando-se assim a quarta fase.Esta 
fase representa um marco especial na proteção de plantas com fungicidas.Pela 
primeira vez a agricultura podia dispor de produtos com características bem 
diferentes dos até então existentes, ou seja, produtos que penetravam e translocavam 
nas plantas.Esta fase é também considerada como a terceira geração de fungicidas 
caracterizada pelo surgimento de grande quantidade de produtos com propriedades 
sistêmicas. 
O desenvolvimento dos fungicidas encontra - se atualmente numa outra fase ou 
se quisermos ser numéricos , numa quinta fase ( quarta geração de produtos) , 
caracterizada principalmente pela descorberta e introdução no mercado de grupos de 
produtosde origem natural ( Estrobilurinas A, Oudemasinas A, Fenilpirróis e produtos 
de fermentação ( mildiomicina,validamicina, polyoxina e prumicina ) ( 
Hewitt,1998;Venâncio et al,1999).Outra característica desta quinta fase são o 
desenvolvimento dos produtos indutores ou ativadores de resistência das plantas( 
Acibenzolar- S- Methyl e compostos derivados da proteína harpin ).Encontramos 
também nesta fase a presença de produtos com propriedades e características 
mesostêmicas , de alta afinidade com as camadas cerosas das plantas. 
3- Análise do processo de pesquisa de compostos químicos 
Nos anos 30 foram descobertos os fungicidas ditiocarbamatos e nos anos 40 
os inseticidas organoclorados e organofosforados e nas décadas de sessenta e setenta 
os fungicidas sistêmicos. Desde então têm havido substânciais alterações na pesquisa 
desses compostos. Os investimentos em pesquisa aumentaram significativamente e 
novos ingredientes ativos vêm sendo continuamente lançados no mercado mundial 
para o controle das principais pragas , doenças e plantas invasoras .Os novos produtos 
são submetidos a uma metodologia de avaliação muita mais crítica sob o ponto de 
vista toxicológico e nos possíveis efeitos que possam causar no ambiente . Hoje cerca 
de 40% dos investimentos em pesquisa se destinam às avaliações toxicológicas e 
ecotoxicológicas.(Zuppi,1999) 
Na década de 60 era necessário sintetizar cerca de 4.000 compostos e destes apenas 
um conseguia chegar ao mercado , num prazo de avaliação entre 4 e 5 anos . No 
início da década de 1990, esta proporção é de um produto comercial para 20.000 
sintetizados para um período de 8 – 10 anos , significando que as chances de sucesso 
diminuíram e o tempo de pesquisa e desenvolvimento aumentou muito. 
Para as empresas que fazem pesquisa básica , isto significa que o retorno do 
capital investido é muito mais demorado do que foi no passado , levando muitas 
empresas a rever suas estratégias quanto a permanecer neste setor de atividade.O 
mercado mundial de produtos fitossanitários varia de região para região e tem 
experimentado crescimentos substanciais desde a década de 1960. Não é todavia o 
objetivo deste trabalho a análise desse mercado , mas, sim, a forma que ele se 
desenvolveu ,visando trazer ao conhecimento dos leitores o que vem sendo feito pela 
pesquisa básica , no sentido de trazer ao mercado produtos que melhor atendam o 
anseio da sociedade. 
A situação de uso dos fungicidas desde a década de sessenta pode vista na 
tabela 2.Os números demonstram com clareza a tendência de redução das doses de 
aplicação , resultado de um trabalho consciente e pertinaz das áreas de pesquisa da 
indústria , buscando produtos mais eficientes e ao mesmo tempo menos tóxicos e 
agressivos ao ambiente. 
Tabela 2 – Lançamento Mundial de Grupo de Fungicidas a Partir da Década de 
Sessenta e Doses Registradas no Brasil 
Décadas Produtos Doses no Brasil ( gi.a / ha ) Média 
Brasil(g/ha) 
Até 1960 Edifenphos 500 - 750 
 Hidróxido de Cobre 495 - 2970 
 Mancozeb 1.600 – 4.000 M = 661 - 1778 
 Oxicloreto de Cobre 1.050 – 2.100 
 Thiophanate Metil 210 - 490 
 Triforine 114 - 356 
Até 1970 Benomyl 125 - 1000 
 Carbendazin 250 - 500 
 Fenarimol 10,8 - 72 
 Fosetyl – AL 1.600 – 4.000 
 Iprodione 250 – 750 M = 300 - 803 
 Procymidone 250 - 750 
 Propiconazole 62,5 - 187,5 
 Pirazophos 180 - 300 
 Triadimefon 125 - 250 
 Tricycazole 150 - 225 
Até 1980 Bitertanol 125 - 250 
 Fenpropimorph 560 – 750 
 Oxadixyl 160 - 240 
 Prochloraz 337,5 - 1.350 M = 261 - 568 
 Tebuconazole 125 - 250 
FONTE : (ZUPPI, 1999) 
4 - A indústria de defensivos agrícolas no Brasil 
Em nosso país , a primeira fase da implantação do uso dos produtos 
fitossanitário particularmente os inseticidas , é atribuída ao cultivo de algodão que , 
no Centro Sul ,substituiu em parte o café , após a crise mundial de 1929 . 
Naquela época quase toda a economia brasileira dependia do cultivo do café . 
(ZUPPI,1999).Após o advento da II Guerra Mundial , os países de indústria 
química mais adiantada retomaram estudos já existentes iniciaram programas de 
pesquisa e desenvolvimento de novos compostos 
O estímulo inicial apara a implantação das primeiras unidades de formulação de 
defensivos agrícolas veio da necessidade de solução dos problemas fitossanitários das 
culturas do algodão e do café . Nesta , a existência da broca -do – fruto forçou o 
desenvolvimento da indústria nacional de defensivos agrícolas , partindo inclusive para 
a síntese de produtos técnicos , implantando ao crescimento da agricultura brasileira 
como um todo .Diversos fatores contribuíram para desencadear a evolução que hoje 
se observa no panorama brasileiro da produção , comércio e uso de defensivos agrícolas 
,entre os quais : 
- a grande expansão das áreas de cultivo de soja , cotonicultura cada vez mais 
tecnificada ; o aparecimento da ferrugem das folhas do cafeieiro ; o aumento da 
utilização de herbicidas na mais variadas e importantes culturas ; o incremento do 
emprego de fungicidas em trigo, soja, e cacau ; a utilização dos defensivos em 
fruticultura e em horticultura e tratamento de sementes , levando em conta , ainda , a 
evolução e tecnificação da citricultura , pomicultura e viticultura . 
- a necessidade da redução da dependência externa , representada pela importação 
de “ produtos técnicos “ ou de “ produtos formulados “. 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 3 
CLASSIFICAÇÃO DOS FUNGICIDAS 
 
Classificar vt.1. distribuir em classe e/ou grupo,segundo sistema de 
classificação.2.Determinar as categorias em que se quer dividir e subdividir um 
conjunto.3.Por em ordem(documentos,coleções, etc).4.Ser aprovado em concurso ou 
torneio;qualificar-se.(minidicionário Aurélio,1993,pg.125) 
 
1. Introdução 
Existem diversas abordagens para a proteção de plantas com fungicidas. No entanto , duas 
delas tem nos chamado a atenção ultimamente e são objetos de discussão por parte dos especialistas 
em fungicidas . Estamos nos referindo a Prevenção ( aplicação e ação preventiva ) e Terapia ou Cura ( 
aplicação e ação curativa ). A prevenção de uma doença de planta com fungicidas , previne a infecção 
pela inibição do patógeno antes dele ter penetrado no hospedeiro. As aplicações preventivas de 
fungicidas são e devem ser sempre recomendadas , já que as chances de êxito no controle são 
grandes. Elas visam o patógeno , nas fases em que eles estão mais vulneráveis , que são os 
macroprocessos de germinação e penetração. Os fungicidas com esta capacidade , são denominados de 
protetores . A maioria dos fungicidas são deste tipo. 
A terapia ou cura de uma doença de planta com fungicidas ,visa eliminar estruturas do patógeno no 
interior dos tecidos da planta. Atua nos macroprocessos de infecção e colonização. Os compostos que 
possuem esta capacidade são denominados de fungicidas sistêmicos com ação curativa / erradicante. As 
aplicações curativas / erradicantes de fungicidas , devem o quanto possível serem preteridas . As chances 
de êxito no controle são menores , porque na maioria dos casos o patógeno se encontra numa fase 
mais avançada de infecção , fora da ação curativa / erradicante dos produtos. Tem se observado na 
prática , com ligeiras variações ,que o efeito curativo / erradicante da maioria dos fungicidas não passa 
de 48 – 72 horas do período pós- infecção do patógeno.Conforme foi explicado anteriormente , o 
efeito curativo refere -se a destruição das estrututras do patógeno no interior do tecido vegetal. Não 
existe qualquer relação com recuperação de tecidos que eventualmente possam ter sidos lesionados 
pelos patógenos. Na proteção de plantas ,não existe cura no sentido estricto sensu da palavra. 
 Um fungicida num sentindo amplo , pode ser definido como um composto químico que 
mata ou inibe o crescimento do fungo , muito embora compostos que inibem o crescimento fúngico 
sem matar, sejam denominados de fungistáticos.Os fungicidas podem ser classificados de diversas 
formas , de acordo com : os seus usos mais correntes , princípios de controle envolvidos ou mais 
simplificadamente pelos grupos químicos aos quais genericamente pertencem.Baseando-me no princípio 
em que se fundamenta a sua aplicação , os fungicidas podem ser classificados em apenas três classes: 
protetores de contato ou residuais , erradicantes e curativos . Esta classificação está baseada 
principalmente no modo de ação desses produtos .As três classes estão descritas a seguir : 
 
2- Fungicidas protetores de contato 
 
 São efetivos na sua totalidade somente se aplicados antes da ocorrência da penetração do patógeno 
nos tecidos do hospedeiro.Estes produtos quando aplicados as plantas , garantem proteção somente 
contra as infecções no local da aplicação. São denominados também de protetores de superfície ou 
residuais , mais modernamente fungicidas convencionais , não sistêmicos e de pouca mobilidade. São 
aqueles fungicidas que uma vez aplicados nos orgãos aéreos das plantas , formam uma barreira tóxica 
protetora , devido a formação de depósitos na superfície foliar. Dessa forma quando os esporos são 
depositados nos tecidos suscetíveis e germinam , o ingrediente ativo entra em contato com o tubo 
germinativo , e através de inúmeros mecanismos bioquímicos , causa a morte do 
protoplasma.(Kimati,1997;Azevedo,2001;Novo et al,2001).Os fungicidas protetores agem , evitando ou 
diminuindo a taxa de penetração do patógeno nos tecidos do hospedeiro. A proteção das partes 
suscetíveis das plantas com fungicidas , só é efetiva , quando a pulverização permite a deposição de 
um fungicida de contato no local ou locais de penetração do patógeno(Zambolim et al,1997).O nível 
de controle quando se emprega este tipo de fungicida , entre outros fatores depende :da eficácia do 
fungicida utilizado ,da fungitoxidade do princípio ativo; do intervalo de aplicação , do número de 
aplicações ,da época de aplicação e da eficiência do equipamento de aplicação. 
O fungicida protetor deve ser fungitóxico , e ter grande estabilidade , mesmo sob condições 
adversas de clima . Não ser fitotóxico ou provocar desiquilíbrio biológico. Os fungicidas protetores 
devem ser insolúveis em água ou ter solubilidade lenta. Isto para que o seu princípio ativo seja liberado 
lentamente conferindo assim maior período de proteção à planta.Mesmo entre os fungicidas protetores 
existem diferenças de solubilidade. 
Os fungicidas pertencentes a este grupo , normalmente exigem aplicações periódicas e 
cobertura total dos orgãos suscetíveis. São lavados pela água da chuva , sofrem hidrólise , fotólise e 
reagem com a atmosfera. Soma -se a isto , que devido ao crescimento vegetal(Figura 1) , surgem áreas 
desprotegidas ; por isso são aplicados , dependendo da cultura e das condições climáticas , em 
intervalos de 3 a 7 dias.Como exemplo podemos citar a cultura da rosa, que cresce cerca de 15 cm por 
semana.Nesta cultura é intenso a utilização de fungicidas protetores.Os bons produtores chegam a fazer de 60 
a 70 pulverizações anuais para o controle do míldio, 50 pulverizações para o controle do mofo cinzento e 8 
para o controle de oídio.Esta sem dúvida é a grande limitação dos fungicidas protetores , isto porque 
outra a limitação dos protetores , sua fitotoxidade tem sido diminuida , uma vez que os compostos 
mais modernos são menos fitotóxicos e raramente causam injúrias as plantas. Uma vez ocorrida a 
penetração do patógeno na planta , esses produtos não têm mais condições de impedir a colonização 
dos tecidos pelo fungo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1.Crescimento de uma planta e a brotação nova não atingida pelo fungicida protetor 
 
2.1Fungicidas protetores erradicantes 
 
 Certos fungicidas protetores atuam também diretamente sobre o patógeno, eliminando-o da 
superfície das partes da planta, sendo denominados erradicantes. Calda Sulfo-Cálcica, Enxofres Pós- 
Molháveis e GRDA, Dinocap, Dodine são bons exemplos destes fungicidas.Os produtos deste grupo pelo 
menos teoricamente “curam” uma infecção estabelecida no local de aplicação. São aqueles fungicidas 
que ao entrarem em contato com a parede celular dos esporos causam a sua morte(Braga,1993).Quando 
aplicados sobre as plantas tem por objetivo destruir o inóculo na superfície antes que ocorra a 
germinação do propágulo. São erradicantes porque eliminam o patógeno na fonte de inóculo , mesmo 
aqueles que estão em estado de dormência. Os fungicidas erradicantes devem também ser solúveis em 
água para remover as estruturas do patógeno das partes da planta. 
 Um produto químico com ação erradicante pode ser também eficiente no tratamento de 
sementes, do solo, bem como no tratamento de inverno das plantas de clima temperado, na fase de repouso 
vegetativo. Os fungicidas protetores não podem de maneira alguma, penetrar através da cutícula do vegetal 
porque vão causar fitotoxicidade. 
 
2.2 Fatores que condicionam a escolha do fungicida protetor para o controle de doenças 
 
Para atingirmos os objetivos esperados do controle químico de uma doença ou de um 
complexo de doenças numa cultura ,segundo Reis & Forcelini,1994, deve - se considerar os fatores 
intrínsecos ao fungicida ou seja : a ) modalidade de uso ( tratamento de solo , tratamento de sementes , 
protetor de parte aérea, tratamento pós – colheita ) ; b) patógenos e ou doenças alvo de controle ; c ) 
características químicas e biológicas do fungicida ( princípio ativo , espectro de ação , compatibilidade 
,dose mais eficaz ,toxicologia e segurança na aplicação ) ; d)programas de tratamento preventivos e 
sistemáticos ( critérios de “ timing “ , número e intervalos de aplicação ). 
A escolha de um fungicida (propriamente dita do princípio ativo) para o controle de uma uma 
doença não é um procedimento simples. É relativamente extensa a lista de produtos registrados para 
as principais doenças fúngicas . A dificuldade maior certamente não é esta ,mas encontrar num só 
produto o maior número possível de características desejáveis sob o ponto de vista prático e 
agronômico. Um fungicida pode apresentar ou possuir até doze características ( propiedades químicas, 
físicas e biológicas ) desejáveis. Algumas são mais pertinentes aos fungicidas protetores de contato ( 
tenacidade ,aderência ,cobertura , redistribuição e resistência à chuva ).Outras são mais pertinentes aos 
fungicidas sistêmicos ( penetração, translocação , solubilidade , estabilidade metabólica e seletividade ), 
outras características são comuns aos dois grupos, tais como período residual , fungitoxicidade e 
atividade da fase de vapor. 
Na prática , é quase impossível, se juntar ou se encontrar num só produto todas essas 
características desejáveis .A escolha deve ser feita baseada no fungicida ou fungicidas que apresentarem 
o maior número de benefícios para aquela situação de controle. Em resumo : quase sempre são 
escolhidos àqueles produtos de eficácia conhecida e comprovada , sem problemas ambientais e que 
economicamente satisfaçam as exigências do usuário. 
 
 
3. Fungicidas sistêmicos 
 
 Os fungicidas sistêmicos apresentam mobilidade na superfície foliar e na planta 
(Hewitt,1998). Atuam prevenindo o desenvolvimento da doença em regiões da planta distante do local 
de aplicação. Para ser considerado sistêmico, o fungicida deve apresentar princípio ativo translocável na 
planta capaz de inibir a infecção do patógeno distante do local em que foi aplicado.São aqueles que são 
capazes de paralisar ou diminuir o desenvolvimento do processo da doença já iniciado, permitindo 
recuperação da planta. 
 São aqueles fungicidas que penetram nas folhas , caules e sementes e/ou são absorvidos pelas 
raízes , sendo posteriormente translocados pelo sistema vascular da planta ( xilema preferencialmente e 
floema )(Zambolim,1998).Os fungicidas sistêmicos teoricamente devem ser recomendados após a 
penetração do tubo germinativo ou nos estádios de infecção seguintes , principalmente a colonização ( 
paradigma ) , devido a ação curativa que visa eliminar as estruturas do patógeno no interior dos tecidos 
da planta.Nos estádios de surgimento de sintomas e sinais do patógeno , fungicidas sistêmicos com ação 
anti – esporulante deveriam ser recomendados.Sob o ponto de vista estritamente epidemiológico , os 
fungicidas sistêmicos, mesmo aqueles com propriedades curativas e erradicantes ( a maioria possui pelo 
menos a ação curativa ), não deveriam ser recomendados curativamente, porque nas situações práticas 
de controle , é extremamente difícil determinar o limiar de intensidade de doença para qual a “cura e 
erradicação “ com fungicidas sistêmicos é efetiva.Esta regra prática deveria ser adotada , 
principalmente para aquelas doenças , que se multiplicam muito rapidamente como é o caso dos 
Míldios , Ferrugens e Oídios. De um modo geral os produtos sistêmicos não atuam como fungicidas 
protetores mas podem ser caracterizados como fungicidas erradicantes. Entretanto, nem todo fungicida 
erradicante é sistêmico.Os fungicidas sistêmicos devem apresentar alta solubilidade para que o princípio 
ativo seja liberado prontamente, penetrando e translocando nos tecidos da planta..A figura 3 mostra a rota 
ou caminho percorrido por um composto sistêmico ao ser aplicado numa planta. 
 
 
 Figura 3.Rota ou caminho de um fungicida sistêmico na planta. 
 
 
4. Nova classificação dos fungicidas 
A classificação comentada acima é válida , porém, antiga . Está baseada no modo de ação dos 
produtos , no timing de aplicação relativo a infecção , absorção , translocação e mobilidade dentro dos 
tecidos da planta. 
Tendo em vista os usos mais correntes e os princípios de controle envolvidos , os fungicidas 
podem ser classificados de forma mais abrangente em : protetores convencionais de folhagem , 
erradicantes para o tratamento de partes aéreas , erradicantes para o tratamento do solo , residuais e / ou 
contato para o tratamento de sementes , residuais e / ou de contato para o tratamento pós -colheita e 
sistêmicos curativos.( Zambolim,1998;Reis&Forcelini,1994;Kimati,1997 e Ghini & Kimati,2000) 
Será que com o avanço da pesquisa e desenvolvimento de novas moléculas para a proteção 
de plantas ,não podemos ter outros produtos com diferentes modo de ação ? Por exemplo : Fungicidas 
penetrantes com apenas ação de profundidade , sem translocação. Fungicidas com características de 
fungicidas protetores , de fungicidas penetrantes e de fungicidas sistêmicos , com uma ação totalmente 
nova – a ação mesostêmica. Dessa forma a classificação anteriormente proposta ficaria assim : 
fungicidas protetores (de ação de contato e de ação erradicante ), fungicidas penetrantes ( de ação de 
profundidade ) ; fungicidas Mesostêmicos ( de ação mesostêmica ) e os fungicidas Sistêmicos ( de ação 
sistêmica )(Tabela 2). 
Tabela 2.Classificação moderna dos fungicidas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: (AZEVEDO,2001) 
A seguir apresento os conceitos de fungicidas penetrantes e fungicidas mesostêmicos. 
 
4.1Fungicidas Penetrantes 
Os fungicidas deste grupo penetram no tecido foliar e podem atuar como curativos e 
erradicantes. Possuem ação translaminar ou de profundidade , mas não translocam na planta.(Figura 
5).Um exemplo bem ilustrativo de fungicida penetrante é o cymoxanil do grupo químico das acetamidas.Este 
fungicida devido sua ação de profundidade tem sido utilizado com muito sucesso no controle erradicativo da 
requeima(P.infestans) nas culturas de batata e tomate. 
 
Figura 5.Corte transversal de um folha mostrando a rota de um fungicida penetrante 
Muitos grupos de fungicidas sistêmicos possuem também esta característica adicional de 
atuação.Dentre eles podem ser citados Triazóis,Morfolinas,Estrobilurinas,etc.A atividade translaminar do 
Erradicante Sistêmica Sistêmicos 
Erradicante Profundidade Mesostêmicos 
Erradicante Profundidade Penetrantes 
Erradicante Superfície Protetores 
Contato Superfície Protetores 
EFEITO ATIVIDADE MODO DE AÇÃO 
fungicida azoxystrobin sobre os uredosporos de Hemileia vastatrix é muito pronunciada(Figura 6).Isso faz 
com que infecções que se iniciam pela página inferior das folhas sejam prontamente paralisadas. 
 
Figura 6. Atividade translaminar do fungicida azoxystrobin sobre Hemileia vastatrix. 
 
4.2 Fungicidas mesostêmicos 
Os fungicidas mesostêmicos possuem uma alta afinidade com a superfície foliar da planta e 
são absorvidos pelas camadas de cera da cutícula(Figura 7). São redistribuídos na superfície da planta 
pelo movimento superficial da fase de vapor e redeposição. Penetram no tecido da planta , tem 
atividade translaminar. Não são translocados dentro do sistema vascular.( ver capítulo 8). 
 
 
 
Figura 7. Fotomicrografia eletrônica de camada de cera epicuticular em folha de trigo tratada e não tratada 
com o fungicida trifloxystrobin 
Fonte: (NOVARTIS,1998) 
5. Comparação entre fungicidas protetores e fungicidas sistêmicos 
Quando se aborda a proteção de plantas com fungicidas , a pergunta é inevitável. O que é 
melhor para se utilizar em um programa de pulverização ? Um fungicida sistêmico ou um fungicida 
protetor ? Quais dos dois compostos vai controlar mais as doenças ? No universo abrangente que é a 
proteção de plantas , onde não só a eficácia e o tipo de fungicida utilizado, que vão determinar o 
sucesso de um programa integrado de controle , seria muito simplista este tipo de comparação. Se 
analisarmos estritamente pelo lado evolutivo da síntese química , os fungicidas sistêmicos levam 
vantagens sobre os protetores. É inegável as qualidades biológicas desses produtos.Essas vantagens são : 
a especificidade de ação,maior fungitoxicidade inerente, maiores efeitos protetor,imunizante,curativo e 
erradicante, menor fitotoxicidade,menores doses e menor contaminação ambiental.Paradoxalmente,segundo 
(Kimati,1996), a especificidade de ação que permite a atuação fungitóxica dentro da planta, traz aos 
sistêmicos a desvantagem de possibilitar o surgimento de populações resistentes do patógeno, sendo alguns 
grupos mais vulneráveis que outros nesse aspecto. 
Por outro lado se analisarmos o consumo de fungicidas no mercado mundial , os fungicidas 
protetores levam vantagem , pois são os mais consumidos. Sob o ponto de vista de manejo de 
fungicidas numa determinada cultura , ambos os produtos devem , obrigatoriamente, fazer parte de 
qualquer programa inteligente de controle de doenças.É importante ressaltar que um dos principais 
problemas hoje na utilização de fungicidas sistêmicos, é a probabilidade de surgimento da resistência em 
populações fúngicas.E uma das estratégias recomendadas é a alternância e rodízio entre fungicidas sistêmicos 
e protetores. Uma comparação das qualidades biológicas dos fungicidas sistêmicos e dos fungicidas 
protetores encontra-se na tabela 3. Se tivermos conhecimento das características desses compostos , os 
mesmos poderão ser melhor escolhidos e recomendados com eficácia no controle das doenças. 
Tabela 3. Comparação entre os fungicidas sistêmicos e protetores 
 Tipo de Fungicida 
Qualidade Biológica Sistêmico Protetor de Contato 
Solubilidade Alta Baixa 
Translocação Sim Não 
Espectro de Ação Estreito +/ Amplo - Amplo 
Especificidade Alta Baixa 
Dose Menor Maior 
Resistência Risco maior Risco bem menor 
Necessidade de Adjuvantes Raramente Comumente 
Custo Maior Menor 
Modo de ação Específico Não Específico 
Efeito erradicativo/curativo Sim Não 
Fitotoxicidade Baixa Alta 
Penetração no tecido da planta Rápida / Média Não penetra 
Depósito Forma para alguns grupos Pode ser removido por chuva e 
água de irrigação 
Persistência na superfície das plantas Menor Maior 
Persistência interna Sim Não 
Intervalo de aplicação Maior Menor 
Número de aplicações Menor Maior 
Resíduos Raro Comum 
Agente de decomposição Luz, umidade, temperatura, 
Microorganismos, pH, misturas 
Usos Pulverização, tratamento de sementes, solo, pós-colheita 
Formulação PM, CE, Flowable (Susp. Concentrada), PS, GRDA 
Fonte: ( Modificado de ZAMBOLIM, 1998 ) 
6.Classificação dos fungicidas protetores de acordo com a estrutura química 
 
É mais utilizada e aceita dentro do controle químico de doenças de plantas, devido a facilidade 
de uso, popularização dos nomes químicos e forte ligação do grupo químico com marcas comerciais 
consagradas no mercado. É também uma classificação simples que não utiliza fórmulas ou extensos 
caminhos para a denominação dos fungicidas.Outro ponto importante é que não existem princípios ativos 
sinônimos, existem marcas comerciais diferentes com o mesmo princípio ativo.De forma simplificada, os 
fungicidas protetores são quimicamente classificados em: 
 
6.1Fungicidas protetores inorgânicos( primeira geração de produtos) 
 
 Esta denominação de fungicidas da primeira geração é antiga,porém ainda válida.Às vezes,dá 
uma idéia de produtos que já foram muito utilizados e que não são mais, o que não é verdade.Apenas 
especialistas no assunto sabem de bate pronto o que significa a primeira geração de fungicidas.Ë constituída 
por fungicidas protetores inorgânicos com ação residual de contato e de protetores com ação erradicante. 
Quanto à natureza química, destacam-se na primeira geração, os fungicidas a base de cobre e enxofre, 
amplamente utilizados no controle de doenças de plantas. A importância histórica dos fungicidas cúpricos e 
sulfurados atravessaram os séculos.Estes produtos se utilizados preventivamente ainda serão muito 
valiosos no campo da proteção de plantas. Os fungicidas a base de mercúrio, inorgânicos ou orgânicos, 
usados em larga escala nas primeiras décadas do século XX, fazem parte também da primeira geração. Os 
mercuriais não serão abordados e nem recomendados para o controle de doenças, ou mesmo para tratamento 
de sementes. Estes produtos possuem DL50 30 e 40 mg/Kg de peso vivo, situando-se entre os produtos 
altamente tóxicos, sendo proibido, por lei, o seu uso. 
 
6.2.Fungicidas protetores orgânicos( segunda geração de produtos) 
 
É constituída por fungicidas orgânicos descobertos para o controle de doenças de plantas a partir de 
1940. É atualmente o grupo de fungicidas mais usado no controle de doenças de plantas, pois são 
amplamente empregados na agricultura em pulverizações, tratamento de sementes,tratamento de tubérculos, 
tratamento de bulbos de plantas ornamentais, tratamento de frutos em pós-colheita, do solo e no tratamento 
de madeiras. 
Outra características desses produtos é o largo espectro de ação. Geralmente exercem ação fungitóxica 
contra vários grupos de patógenos. Além dessas características apresentam baixo grau de fitotoxidez, baixa 
toxidez ao homem e animais e compatibilidade com inseticidas e adjuvantes, o que recomendam o seu uso 
em culturas sensíveis aos produtos a base de cobre ou enxofre elementar. Taís vantagens associadas ao 
grande poder fungicida e melhor estabilidade química, abriram-lhes uma ampla faixa de preferência, 
colocando-os entre os defensivos mais usados. 
São fungicidas de grande eficiência, versáteis, o que concorreu desde cedo para associar o seu uso no 
controle de certos fungos, contra os quais os inorgânicos eram pouco eficientes. Como exemplo podemos 
citar a Requeima da batatinha e do tomate. 
A utilização dos fungicidas orgânicos na agricultura começou com os ditiocarbamatos para o 
controle de requeima nas culturas de batata e tomate,sendo depois acompanhada pelo uso das ftalimidas no 
controle de doenças foliares e pós colheita de frutíferas importantes como maçã,pêssego,uva e também em 
hortaliças. 
Alguns fungicidas orgânicos, como os ditiocarbamatos, os nitrogenados heterocíclicos, as nitrilas,além 
dos usos mencionados anteriormente, desempenham na agricultura atual - uma função logística - no manejo 
da resistência de fungos a fungicidas sistêmicos.São ferramentas fundamentais nos programas e estratégias 
anti-resistência, adotadas no mundo inteiro em culturas de valor econômico;quer sendo formulados em 
misturas prontas,misturas de tanque ou em rotação com produtos sistêmicos.Outro aspecto pouco explorado 
e estudado na performance desses produtos no campo, é a ação profilática que desempenham sobre o 
inóculo remanescente de determindas doenças(Requeima,Míldio e Manchas Foliares).Em situações de 
campo, quando as mesmas são controladas com fungicidas sistêmicos, é visível a melhora na eficácia do 
controle após a aplicação do fungicida protetor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 4 
 
Fungicidas Protetores Inorgânicos 
 
1 Introdução 
Os fungicidas de contato também denominados de protetores são considerados 
os mais importantes e os mais empregados no controle de doença de plantas, devido 
apresentarem baixo custo, baixa toxicidade para o homem e animais, amplo aspecto de 
ação, múltiplos sinais de ação, raramente induzem o surgimento de mutantes na população 
dos fungos e baixa fitotoxidez. São considerados protetores de folhagem, sementes, frutos 
e solo e não apresentam ação em profundidade, por conseguinte não se translocam nas 
plantas. 
Fazem parte dos fungicidas de contato produtos inorgânicos (enxofre e cobre) 
desenvolvidos no século XIX e início do século XX e orgânicos (ditiocarbonatos, nitrilos, 
nitrogenados heteroácidos etc.) desenvolvidos a partir da década de 40. Entretanto, alguns 
produtos aqui classificados são considerados como erradicantes como é o casodo enxofre 
e do dinocap que são específicos no controle de oídio (míldio pulverulento). 
A classificação adotada nesta publicação constitui uma tentativa de agrupar os 
fungicidas compatibilizando a ordem cronológica do seu aparecimento com o grupo a que 
pertence, considerando também se o produto é de contato ou sistêmico. 
Fazem parte dos fungicidas de contato produtos que foram enquadrados na 
primeira e segunda geração. 
A primeira geração é constituída de fungicidas inorgânicos protetores e alguns 
com ação erradicante. Quanto à natureza química, destacam-se, na primeira geração, os 
fungicidas a base de enxofre e cobre, amplamente utilizados no controle de doenças de 
plantas. 
2 Grupos de fungicidas da primeira geração 
2.1 Fungicidas a Base de Enxofre 
2.1.1 Enxofre elementar 
 Sem dúvida é o mais antigo dos pesticidas e ainda é vendido em grande quantidade 
para controle de doenças de plantas. Foi conhecido pelos gregos cerca de 1.000 a.C.. 
Forsyth, em 1802, foi o primeiro a recomendar sua aplicação no controle de míldio 
pulverulento de árvores frutíferas, em mistura com cal, broto de sabugueiro e cocção de 
fumo. Em 1824, Robertson apresentou, perante a Sociedade de Horticultura de Londres, o 
resultado de suas pesquisas, mostrando que o enxofre foi o único produto eficiente no 
controle de oídio do pessegueiro. Relatou ainda que a eficiência da ação fungicida do 
enxofre era aumentada quando se adicionava sabão e se cobriam uniformemente as plantas. 
Em 1835, Mearns recomendou-o, em mistura com sabão e esterco de curral, para controle 
do oídio da roseira. Murra, em 1841, sugeriu a mistura de álcool e enxofre, para controle 
do oídio do pessegueiro. Recomendou que essa mistura fosse pincelada nas árvores 
frutíferas, no início da primavera, para quebra de dormência. Bergamann, 1852, sugeriu 
que o enxofre fosse pintado em canos de aquecimento de casa-de-vegetação, para controle 
de doenças no seu interior, através de sua oxidação. Na metade do século XIX, o enxofre 
tornou-se bem conhecido pelas suas propriedade fungicidas. 
O uso do enxofre como fungicida aumentou gradualmente, até 1885, quando 
Milladert descobriu as propriedades fungicidas da calda bordalesa para o controle do 
míldio da videira. A calda bordalesa aumentou de importância até quando, em 1888, Hale 
reincentivou o uso de enxofre. 
Importância 
A quantidade de enxofre vendida no mundo superou a de todos os outros 
fungicidas. Entre as razões do seu grande consumo como fungicida, destacam-se: 
– Alta eficiência no controle dos oídios. As doenças denominadas "oídio" 
eram consideradas de grande importância econômica para grande número 
de fruteiras e plantas ornamentais. O enxofre chegou a ser considerado 
específico para esta doença. 
– Atuação sobre outras doenças. Além do oídio, era também recomendado 
para controlar doenças importantes como a pinta preta da roseira, a sarna da 
macieira, a sarna do pessegueiro, a podridão parda do pessegueiro, etc. 
Sharvelle, em 1961, listou 30 culturas onde o enxofre era utilizado. 
– A sua importância no controle de ácaros foi notada quando de sua 
substituição pelos novos fungicidas orgânicos sintéticos. Problemas com 
míldio pulverulento e ácaros surgiram após esta substituição. 
– Ausência de resíduos tóxicos. Normalmente não se requer tolerância de 
resíduos em produtos onde o enxofre foi utilizado. Todos os produtos à 
base de enxofre pertencem a classe toxicológica da formulação IV. 
– Compatibilidade com inúmeros defensivos. O enxofre sob a forma de pó-
molhável pode ser misturada a cerca de 33 inseticidas e fungicidas. Mas 
deve-se ter cuidado quando é misturado aos óleos agrícolas e em mistura 
com inseticidas que possuem o grupo nitro, pois essas combinações são 
comumente fitotóxicas. 
Quando o enxofre é misturado à cal (calda sulfo-cálcica), é mais reativo, 
tornando-se incompatível com a maioria dos inseticidas e fungicidas. 
A despeito das inúmeras vantagens do enxofre, a partir de 1950 houve grande 
redução na sua utilização como fungicida. A principal causa do declínio foi o 
desenvolvimento de fungicidas orgânicos sintéticos, como os Ditiocarbamatos, e outros 
grupos. Uma grande desvantagem de enxofre é não apresentar características de um bom 
protetor, como os novos orgânicos sintéticos apresentam. Apesar disso, o enxofre 
apresenta-se, em alguns casos, como opção, sendo considerado fungicida específico e 
erradicante no controle dos oídios ou míldios pulverulentos. 
- Baixo custo em relação aos orgânicos sintéticos. 
 
Uso 
Como fungicida de solo e de sementes não teve grande aceitação. Halstead, em 
1900, recomendou-o para reduzir a incidência da sarna da batata. Sugeriu que sua 
eficiência no controle dessa doença era devida ao aumento da acidez do solo, que resultava 
da oxidação do enxofre elementar para ácido sulfúrico. Em relação ao tratamento de 
sementes, o enxofre mostrou-se efetivo para controlar patógenos transmitidos 
externamente às sementeiras de trigo e cevada. Embora tenha sido recomendado em certos 
casos para controle de fitopatógenos do solo e sementes, é considerado fungicida da parte 
aérea das plantas. 
 
Fitotoxicidade 
Um problema sério que surge quando o enxofre é usado em pulverização é seu 
efeito fitotóxico, principalmente nas cucurbitáceas e nas rosáceas frutíferas. A 
fitotoxicidade expressa-se pela redução no crescimento das folhas, queda da produção, 
queimadura e até desfolha prematura. 
O grau de fitotoxicidade varia com a cultura. Geralmente causa desfolha 
prematura e queda dos frutos nas espécies de plantas mais sensíveis, principalmente em 
macieira e groselheira. Os dados apresentados na literatura, de modo geral, mostram que a 
calda sulfocálcica é muito mais fitotóxica do que o enxofre elementar. Talvez seja devido 
ao aumento da solubilidade e maior reatividade do polissulfeto de cálcio da calda sulfo-
cálcica. Para certas variedades de maçã, a aplicação a baixo volume, à temperatura de 
33°C, não é fitotóxica, enquanto que a aplicação a alto volume pode apresentar 
fitotoxicidade. 
A forma química responsável pela fitotoxicidade do enxofre, é objeto de 
especulação. O sulfeto de hidrogênio e os sulfetos solúveis formados pela aplicação de 
enxofre elementar e da calda sulfo-cálcica têm sido sugeridos como as formas 
responsáveis. 
O mecanismo de fitotoxicidade provocado pelo enxofre não foi ainda 
elucidado, mas a redução na assimilação de gás carbônico parece ser fundamental no efeito 
da fitotoxicidade. Outros pesquisadores têm sugerido que o enxofre resulta num 
decréscimo da fotossíntese e, possivelmente, aumento na atividade respiratória, ao invés de 
redução na assimilação do gás carbônico. Aparentemente, tanto a forma do enxofre como a 
temperatura possuem efeito marcante na fitotoxicidade. 
Em geral, o efeito fitotóxico é reduzido pela utilização do enxofre elementar ao 
invés da calda sulfo-cálcica, aplicando-se quando a temperatura não for superior a 28°C. 
 
Propriedades Físicas e Químicas 
Na sua forma comercial, o enxofre elementar é um pó amarelo, de textura fina, 
com ponto de fusão a 115°C. Nessa temperatura, torna-se um líquido escuro e, a 160°C, 
assume a forma viscosa. Há várias formas alotrópicas de enxofre; algumas cristalinas e 
outras amorfas. Todas as formas cristalinas são solúveis em bissulfureto de carbono; mas 
há formas amorfas solúveis e insolúveis neste composto químico. O enxofre é insolúvel em 
água e levemente solúvel em álcool, éter e acetona. É hidrolisado lentamente em água. É 
classificado como não venenoso e apresenta pequeno risco para o homem e a vida 
selvagem. Mas é irritante aos olhos e pode causar irritação da pele de indivíduos sensíveis. 
 
Formulações 
O enxofre é aplicado sob a forma de pó, pó molhável ou vapor. Pós e pós-
molháveis são utilizados mais em condições de campo. Os pós são aplicados em partículas 
finíssimas e são veiculados emmaterial inerte como o talco, caolin, bentonita etc. O 
enxofre sublimado, que possui 96% do elemento, constitui ótima forma de pó, devido sua 
uniformidade de tamanho (8-30 micra). O enxofre triturado também é usado em pó. Por ser 
muito fitotóxico, atualmente não é mais empregado. 
Nomes comerciais de enxofre em pó: Benzenex 40 S, Formipre 40, Zetapó 80. 
Grande parte dos fabricantes transforma as várias formas de enxofre em pó-molhável. 
Qualquer forma, seja o triturado, o sublimado ou o precipitado, pode ser transformada em 
pó-molhável, desde que seja moído com material protetor coloidal, com a caseína e 
bentonita. No mercado brasileiro os pós-molháveis de enxofre são comercializados com os 
seguintes nomes: Elosal, Cosan, Enxofre basf(Kumulus), Microfes 81, Microsol PM-80, 
Sofril 81, Sulfan, Thiovit PM-82, Zeta enxofre 85, etc. 
A aplicação do enxofre por volatilização foi sugerido em 1852 e mais tarde 
recomendada para uso em casa-de-vegetação, no controle de doenças e ácaros. 
As formulações de pós-molháveis são recomendadas, atualmente, para o 
controle dos oídios ou míldios pulverulentos. Exemplos de algumas das culturas e 
patógenos onde os pós-molháveis são recomendados para controle dessas doenças: 
macieira, pereira e pessegueiro (Podosphaera leucotricha), ornamentais em geral 
(Erysiphe spp.), videira (Uninula necator), trigo e cevada (Erysiphe graminis f. sp. tritici), 
ervilha, feijão e feijão de vagem (Erysiphe polygoni), abóbora, abobrinha, melão, melancia 
e pepino (Erysiphe cichoracearum), groselheira (Sphaerotheca mors-uvae), mangueira 
(Oidium mangiferae), roseira (Sphaerotheca pannosa) e quiabeiro (Oidium sp.). 
Além destas doenças é indicado no controle de ácaro branco 
(Polyphagotarsonemus latus) e ácaro vermelho (Oligonichus ilicis) em algodão, café e 
citros. Também apresenta ação contra o ácaro da leprose dos citros (Brevipalpus 
phoenicis), ácaro das gemas dos citros (Eriophyes sheldoni), e ácaro da falsa ferrugem dos 
citros (Phyllocoptruta oleivora). Os produtos a base de enxofre também são indicados no 
controle de Sarna da Macieira e Pereira (Venturia inaequalis) e do Pessegueiro 
(Cladosporium carpophylum). 
A dosagem dos produtos recomendados para controle desses fitopatógenos 
varia com cultura, temperatura ambiente e quantidade de ingrediente ativo das 
formulações. Em geral os pós-molháveis são recomendados em torno de 0,3 a 0,5% em 
aplicações a alto volume. 
2.1.2 Calda Sulfo-Cálcica 
A calda sulfo-cálcica é preparada pela combinação de cal hidratada com 
enxofre. Sua composição é a seguinte: enxofre, como polissulfeto de cálcio 266,0 g/l, 
enxofre como tiossulfeto de cálcio 14,7 g/l, cálcio calculado com óxido de cálcio 122,0 g/l, 
enxofre como monossulfeto 69,6 g/l, ingredientes inertes 527,7 g/l. Foi preparada pela 
primeira vez em 1852. Sua fórmula empírica é representada por CaS. Sx, onde Sx = 
polissulfeto de enxofre. Algumas das propriedades físicas e químicas da calda sulfo-cálcica 
diferem das do enxofre elementar. Quando a calda é aplicada na superfície foliar, o 
polissulfeto e o tiossulfeto de cálcio são rapidamente convertidos a enxofre elementar e 
vários compostos não fungitóxicos. 
A calda sulfo-cálcica é uma suspensão concentrada muito solúvel em água e é 
decomposta por ácidos, formando H2S. A alta solubilidade dessa forma de enxofre em 
água, quando em combinação com grupos altamente ativos como os sulfitos, 
provavelmente contribui para torná-la incompatível com outros pesticidas. Possui odor de 
ovo choco e é de coloração amarelada. É irritante aos olhos, raiz e pele. Não há 
especificação de tolerância de resíduos permitidos. Não se deve misturá-la com pesticidas 
orgânicos instáveis em solução alcalina. Pertence a classe toxicológica IV. É um produto 
corrosivo para peças de ferro, e cobre, por isso os equipamentos após o uso devem ser 
lavados imediatamente. A calda sulfo-cálcica é preparada tornando-se 5 kg de enxofre, ao 
qual se adiciona um pouco de água. Leva-se a recipiente que não seja de cobre e aquece-se, 
adicionando-se 25 litros de água. No início da ebulição, adicionam-se 2,5 kg de cal e 
deixa-se por mais 1 hora em ebulição. O volume final não deve conter menos que 20 litros; 
para isto, deve-se ter o cuidado de manter constante o volume inicial, compensando-se o 
líquido que evapora na fervura pela adição de água morna. Após o resfriamento, a solução 
é coada, obtendo-se uma solução concentrada, de coloração amarelada, que pode ser 
diluída para uso imediato em plantas, ou armazenadas para diluição e uso posterior. 
Antes da aplicação sobre as plantas, sob a forma de pulverização, a calda 
concentrada deve ser diluída. Para tal, determina-se a densidade através do aerômetro de 
Beaumé. A calda deve apresentar densidade que varia de 27° a 33° Be (graus de Beaumé). 
A partir da calda padrão (concentrada), várias concentrações são formuladas para uso, de 
acordo com a concentração de calda desejada. A concentração vai depender da 
sensibilidade da cultura, das condições de meio ambiente e do patógeno. Em tempo quente 
e úmido deve-se dar preferência às caldas mais diluídas (1:40). Na época do repouso 
vegetativo de determinadas plantas, empregam-se caldas mais concentradas (1:25). Se a 
calda preparada tem uma concentração de 30°Be e deseja-se aplicá-la a 4,0°Be, numa dada 
cultura, determina-se, no Quadro 5, o encontro das duas colunas 30°Be e 4,0°Be e diluí-la 
em 8,2 litros de água, para ter-se a calda à concentração de 4,0°Be. 
 
Tabela 1. Tabela de Diluição de Calda Sulfo-Cálcica (em graus Bé) 
Concentração 
Original 
Concentração da Calda a Preparar 
 
 4,0° 3,5° 3,0° 2,0° 1,5° 1,0° 0,8° 0,5° 0,3° 
 
33° 9,4 10,9 12,9 20,2 27,3 41,4 52 84 142 
32° 9,0 10,5 12,4 19,3 26,2 38,7 50 81 137 
31° 8,6 9,9 11,9 18,5 25,1 38,1 48 77 131 
30° 8,2 9,5 11,3 17,7 24,0 36,5 46 74 129 
29° 7,8 9,1 10,8 17,0 23,0 34,8 44 71 120 
28° 7,4 8,7 10,3 16,2 21,9 33,3 42 68 116 
27° 7,1 8,3 9,8 15,4 20,9 31,9 40 65 110 
25° 6,4 7,4 8,9 13,9 18,9 29,0 36 59 101 
22° 5,3 6,2 7,5 11,8 16,2 24,7 31 51 86 
20° 4,7 5,5 6,6 10,5 14,4 22,0 28 45 77 
17° 3,7 4,4 5,3 8,5 11,7 17,0 23 37 64 
 
A calda sulfo-cálcica é bastante fitotóxica para muitas plantas, principalmente 
quando a temperatura ambiente é elevada. Por isso, deve-se suspender as aplicações 
quando a temperatura ultrapassar a 28°C. É um produto alcalino por isso é muito cáustico. 
Seu maior emprego nas culturas é no período do inverno, ou seja, de repouso vegetativo 
das culturas. 
É usada como fungicida protetor e erradicante nas regiões de clima temperado, 
visando eliminar fonte de inóculo em plantas, na fase de repouso vegetativo. Além do 
efeito fungicida, exerce ação sobre ácaros, cochonilhas e outros insetos sugadores. 
A calda sulfo-cálcica ainda é usada em algumas regiões do Brasil, 
principalmente no tratamento de fruteiras, durante o inverno (1 a 2 aplicações). Na 
primeira o intervalo deve ser de 10 a 15 dias, e suspender a aplicação no verão. A calda é 
recomendada para o controle de algumas doenças, dentre as quais se destacam: Macieira - 
Sarna (Venturia inaequalis); Pessegueiro - Sarna (Venturia pirina; oídio (Podosphaera 
leucotricha); Marmeleiro - mancha ocular (Entomosporium maculatum); Videira - 
Antracnose (Elsinae amplina). 
Também pode ser empregada para controle de certas doenças do figo, videira, 
caquizeiro e pereira. A concentração aconselhada para videira, caqui, macieira e pereira, 
em estado de dormência, é de 4,0°Bé; para o pessegueiro é de 35°Bé. A calda sulfo-cálcica 
a 32°Bé, quando encontrada no comércio, deve ser usada na razão de 1 litro para 100 litros 
de água. 
 
2.2 Fungicidas a Base de Cobre 
Empiricamente, os compostos a base de cobre foram utilizados no final do 
século XVIII e início do século XIX. Em base científica, coube a Prévost, em 1807, o 
trabalho clássico da demonstração das propriedades fungicidas do sulfato

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