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humanização no parto

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PÓS - GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM OBSTETRICA
A HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA AO PARTO HOSPITALAR
CUIABÁ-MT
2019
CRISTINA SILVA DOS ANJOS
A HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA AO PARTO HOSPITALAR
Trabalho de conclusão de curso apresentada à Faculdade Afirmativo– FAFI, como requisito para obtenção do título de especialista em Auditoria dos serviços de saúde, sob a orientação da Professora Mestre Maria Simone Mendes Bezerra 
CUIABÁ-MT
2019
A HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA AO PARTO HOSPITALAR
Cristina Silva dos Anjos[1: ANJOS, Cristina Silva dos. Graduada em enfermagem desde 2017. Aluna da faculdade Afirmativo no curso de Pós Graduação em Enfermagem Obstétrica. Professora Orientadora Mestre Maria Simone Mendes Bezerra. E-mail: cristina-roo@hotmail.com. ]
RESUMO
O presente trabalho trata das praticas humanizadas usadas pela enfermagem obstétrica e tem como objetivo apresentar uma revisão bibliográfica sobre as práticas humanizadas adotadas pela enfermagem obstétrica, além de relatar os processos, os benefícios e a importância desse profissional no atendimento e assistência das mulheres. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, onde se realizou levantamento teórico e seleção de conteúdos para serem citados neste estudo e com isso obteve uma pesquisa exploratória descritiva. O apoio contínuo da enfermagem promove desfechos positivos do parto e menos intervenções técnicas/cirúrgicas. O bem-estar materno e fetal é preservado quando a enfermeira está presente e envolvida com a experiência de parto. Todas as mulheres devem receber apoio contínuo durante todo o processo de trabalho de parto e parto, para garantir uma experiência segura, personalizada e humana. Enfermeiros que dão cuidado e apoio competentes durante o trabalho de parto podem influenciar de modo positivo a qualidade de uma experiência de nascimento da família, bem como a saúde e o bem-estar das mães e de seus filhos. Pode-se concluir que o objetivo do estudo foi almejado trazendo informações que tratem sobre a necessidade de um profissional mais humano e qualificado para atuar na assistência ao parto.
Palavras-chave: Obstétrica. Humanização. Enfermagem. Assistência. 
ABSTRACT
The present work deals with the humanized practices used by obstetric nursing. It aims to present the humanized practices adopted by obstetric nursing, as well as to report the processes, benefits and importance of this professional in the care and assistance of women. The methodology used was the bibliographical research, where a theoretical survey and selection of contents were done to be cited in this study and with this obtained a descriptive exploratory research. Ongoing nursing support promotes positive delivery outcomes and fewer technical / surgical interventions. Maternal and fetal well-being is preserved when the nurse is present and involved with the delivery experience. All women should receive ongoing support throughout the labor and delivery process to ensure a safe, personalized and humane experience. Nurses who give competent care and support during labor can positively influence the quality of a family birth experience as well as the health and well-being of mothers and their children. It can be concluded that the aim of the study was aimed at bringing information about the need for a more humane and qualified professional to assist in childbirth care.
Keywords: Obstetric. Humanization. Nursing. Assistance.
RESUMEN
El presente trabajo trata de las prácticas humanizadas usadas por la enfermería obstétrica. Tiene como objetivo presentar las prácticas humanizadas adoptadas por la enfermería obstétrica, además de relatar los procesos, los beneficios y la importancia de ese profesional en la atención y asistencia de las mujeres. La metodología utilizada fue la investigación bibliográfica, donde se realizó levantamiento teórico y selección de contenidos para ser citados en este estudio y con ello obtuvo una investigación exploratoria descriptiva. El apoyo continuo de la enfermería promueve resultados positivos del parto y menos intervenciones técnicas / quirúrgicas. El bienestar materno y fetal se conserva cuando la enfermera está presente y está involucrada en la experiencia de parto. Todas las mujeres deben recibir apoyo continuo durante todo el proceso de trabajo de parto y parto, para garantizar una experiencia segura, personalizada y humana. Los enfermeros que prestan atención y apoyo durante el trabajo de parto, pueden influir positivamente en la calidad de una experiencia de nacimiento de la familia, así como la salud y el bienestar de las madres y sus hijos. Se puede concluir que el objetivo del estudio fue anhelado trayendo informaciones que traten sobre la necesidad de un profesional más humano y calificado para actuar en la asistencia al parto.
Palabras clave: Obstétrica. La humanización. Enfermería. Asistencia.
INTRODUÇÃO 
O contexto de saúde no Brasil, buscou implantar a assistência de enfermagem no parto humanizado e isso se tornou uma luta histórica na enfermagem obstétrica, pois a população feminina era afetada por não saber os seus direitos garantidos durante o parto, de acordo com Possati (2017), essa falta de conhecimento é o que muitas vezes ocasiona o elevado índice de mortalidade materna. As lutas foram constantes e de acordo com Porfírio et. al. (2010, p. 1) “Tal fato constituiu-se num marco de suma importância na história da assistência ao parto, pois foi o primeiro passo para que as enfermeiras obstétricas pudessem acumular capital na luta pela ocupação de espaço no campo obstétrico hospitalar”.
Camacho e Progianti (2003, p. 649) relata que “o modelo da humanização do parto e nascimento encontrou apoio na Organização Mundial de Saúde (OMS), que já em 1985, publicava o documento “Tecnologia Apropriada para Partos e Nascimentos”, enfatizando os direitos da população em relação à assistência pré-natal e à informação sobre as várias tecnologias utilizadas no parto”, dessa forma, conseguiu-se esclarecer alguns questionamentos que eram deixados de lado na assistência ao parto, fazendo críticas ao modelo biomédico e a cientificidade das tecnologias e intervenções realizadas e usadas nos partos. 
O bem-estar e saúde da mulher vêm sendo afetado precocemente, pois a mulher está acumulando as tarefas domésticas, maternas e do trabalho. O que faz com que elas estejam mais expostas aos problemas que afetam diretamente a saúde de cada uma delas. (MAIA, 2010, p. 20)
Todos esses problemas ocasionados às mulheres faz com que seja necessária uma reavaliação dos programas realizados para assistência à saúde da mulher. Toda mulher necessita de condições favoráveis para os cuidados de sua saúde e bem-estar físico e mental. Sendo assim, propõe-se que um dos caminhos para facilitar essa assistência seja a consulta de enfermagem. (ALMEIDA; GAMA; BAHIANA, 2015)
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma revisão bibliográfica sobre as práticas humanizadas adotadas pela enfermagem obstétrica, além de relatar os processos, os benefícios e a importância desse profissional no atendimento e assistência das mulheres. 
METODOLOGIA
Este estudo realizado é uma pesquisa bibliográfica, que segundo Boccato (2006, p. 266), “busca resolução de um problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições científicas”.
Nesse esforço de descobrir o que já foi produzido cientificamente em uma determinada área do conhecimento, é que a pesquisa bibliográfica assume importância fundamental, impulsionando o aprendizado, o amadurecimento, os avanços e as novas descobertas nas diferentes áreas do conhecimento. (PIZZANNI, LUCIANA, et. al., 2012).
De maneira que a pesquisa ocorreu através de levantamento de artigos que tratassem sobre as práticas humanizadas na enfermagem na assistência a mulher, seus processos, características, benefícios, entre outros. As bases de dados utilizadas foram a CAPES periódicos, SCIELO, revistascientíficos e periódicos, além de livros encontrados nos acervos da biblioteca pública de Rondonópolis-MT, que são confiáveis para realizar esse tipo de pesquisa.
 O critério de inclusão/exclusão utilizado nessa pesquisa foi à qualidade do trabalho, sendo esses critérios: gráficos e imagens legíveis, com fácil entendimento, informações e conteúdos confiáveis, desenvolvimento do trabalho específico ao tema tratado, e que fossem estudos atuais, de 2002 até o ano atual, 2019. Os critérios de exclusão foram os artigos que não preencheram as exigências anteriores, como: publicações antigas, com referencial teórico sem informações confiáveis para enriquecer o trabalho. Foram encontrados muitos artigos acerca do tema estudado, sendo assim, foi realizado uma leitura do título e resumo de 25 deles e alguns desses artigos selecionados para leitura na íntegra e para as devidas citações no estudo. Também utilizou-se algumas das cadernetas de saúde do Ministério da Saúde - BRASIL. Em seguida, feito um refinamento do conteúdo, analisando os diversos pontos de vista dos autores, e assim, trazendo uma melhor produção sobre o tema estudado para que o leitor consiga interpretar o que objetivou o trabalho. A metodologia aplicada é a de revisão biográfica descritiva, que ocorrerá a partir do levantamento de referências teóricas já publicadas por outros acadêmicos e especialistas no assunto, assim como materiais qualitativos como pesquisas de informações com profissionais que atuam dando assistência nessas situações. E dessa forma, nos traz uma abordagem qualitativa, que segundo Gil (2010) “propicia o aprofundamento da investigação das questões relacionadas ao fenômeno em estudo das relações, mediante a máxima valorização do contato direto com a situação estudada”. Os artigos foram analisados e interpretados e através do estudo foram desenvolvidos alguns tópicos, sendo eles: 
Os processos realizados pela enfermagem na assistência ao parto humanizado;
A atuação do profissional na assistência a enfermagem obstétrica;
A autonomia das enfermeiras obstetras. 
OS PROCESSOS REALIZADOS PELA ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA AO PARTO HUMANIZADO
Toda mulher deve ter seus direitos garantidos desde o pré-natal até o pós-parto. Sendo assim a gestão deve procurar esclarecer e ampliar o acesso das mulheres as informações que lhes são favoráveis, melhorando a qualidade do atendimento e dando a atenção necessária a ela nesse período. 
Dessa forma, o Ministério da Saúde através da Portaria/GM nº 569, de 1/6/2000 lançou o programa de Humanização Pré-natal e Nascimento, que tem como objetivo: 
O objetivo primordial do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) é assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério às gestantes e ao recém-nascido, na perspectiva dos direitos de cidadania. (BRASIL, 2002, p. 5)
Essa humanização se dá em dois aspectos fundamentais na assistência ao parto, que traz o dever das unidades de saúde em receber a mulher com dignidade em seu atendimento e a adoção de medidas e procedimentos que beneficiem o acompanhamento do seu parto e nascimento. (BRASIL, 2002, p. 6). 
Para ter um atendimento humanizado de forma adequada, de acordo com PHPN, os processos que devem ser realizados são:
Realizar a primeira consulta de pré-natal até o 4° mês de gestação; 
Garantir os seguintes procedimentos: Realização de, no mínimo, seis consultas de acompanhamento pré-natal, sendo, preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no terceiro trimestre da gestação. 
Realização de uma consulta no puerpério, até quarenta e dois dias após o nascimento. 
Realização dos seguintes exames laboratoriais: a) ABO-Rh, na primeira consulta; b) VDRL, um exame na primeira consulta e outro na trigésima semana da gestação; c) Urina, um exame na primeira consulta e outro na trigésima semana da gestação; d) Glicemia de jejum, um exame na primeira consulta e outro na trigésima semana da gestação; e) HB/Ht, na primeira consulta. 
Oferta de Testagem anti-HIV, com um exame na primeira consulta, naqueles municípios com população acima de cinquenta mil habitantes. 
Aplicação de vacina antitetânica dose imunizante, segunda, do esquema recomendado ou dose de reforço em mulheres já imunizadas. 
Realização de atividades educativas. 
Classificação de risco gestacional a ser realizada na primeira consulta e nas consultas subsequentes. 
Garantir às gestantes classificadas como de risco, atendimento ou acesso à unidade de referência para atendimento ambulatorial e/ou hospitalar à gestação de alto risco. (BRASIL, 2002, p. 6)
O que prevalece são o cuidado e atenção que deve ser primordial na assistência as mulheres. Se as práticas realizadas pela equipe de enfermagem forem de acordo com o que as leis determinam, tudo será corretamente aplicada de maneira profissional e qualificada. 
A Portaria nº 1.459 de 24 de junho de 2011, institui no âmbito do sistema único de saúde –SUS – a Rede Cegonha, que considera algumas leis que devem ser rigorosamente seguidas, dentre elas: 
a Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990 que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências; 
a Lei n° 11.108, de 07 de abril de 2005, que garante as parturientes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato no âmbito do SUS; 
a Lei n° 11.634, de 27 de dezembro de 2007, que dispõe sobre o direito da gestante ao conhecimento e à vinculação à maternidade onde receberá assistência no âmbito do SUS
Conforme recomendações da OMS (2014), para dar seguimento a uma assistência qualificada na condução do parto, também é necessário que o profissional especializado realize os devidos registros em uma ficha de evolução própria, denominada partograma da mulher.
Segundo Rocha et. al (2009, p. 881) “o partograma consiste na representação gráfica do trabalho e pode ser considerado um excelente recurso visual para analisar a dilatação cervical e a descida da apresentação, em relação ao tempo”. Ele torna-se essencial, pois, associa dois elementos fundamentais na qualidade da assistência ao parto: a simplicidade gráfica e a interpretação rápida de um trabalho de parto. 
A figura 1 mostra um partograma que foi adaptado por Philpott, Castle (1972a) e publicado pela OMS, e representado por Rocha (2005, p. 13), 
FIGURA 1: Partograma de Philpott, Castle, Ministério da saúde (2003). 
Esse instrumento de registro tem a finalidade de mostrar, dentre outros dados, informações importantes que auxiliam num melhor atendimento na hora do parto, como por exemplo, a pressão arterial, o número de metrossístoles (contrações), a evolução da dilatação e o apagamento cervical, entre outros. (ROCHA et. al, 2009, p. 883)
Assim quando as intervenções forem verdadeiramente indispensáveis e caso seja necessária a realização de cesariana, a indicação estará respaldada nesses registros. Tornando-se essenciais para melhorar o trabalho de toda equipe médica na hora do parto. (BRASIL, 2002, p. 8) 
Para que a individualidade de cada mulher seja reconhecida e para se ter um atendimento humanizado, são traçadas metas de reestruturação do cuidado humano e isso inclui mãe, bebê, assim como o contexto familiar e social no qual estão inseridos. (BRASIL, 2002, p. 11)
A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM OBSTÉTRICA
O Ministério da Saúde visa garantir a segurança e o cuidado necessário as mulheres, proporcionando a elas conforto e bem-estar. A humanização visa diminuir as intervenções desnecessárias no processo de parturição, além de promover um cuidado ao longo da gravidez, no decorrer do parto e nascimento, como também na amamentação, pautados no processo natural e fisiológico do ciclo gravídico-puerperal. 
Segundo Reis et. al (2015, p. 95), “no Brasil ao longo das últimas décadas,tem sido proposto uma série de diretrizes, normas e protocolos a fim de assegurar a melhoria do modelo de assistência obstétrica vigente e a estimulação de práticas menos intervencionistas”. Esse modelo de gestão se destaca na busca por melhorias e benefícios para as mulheres, diminuindo assim as taxas de mortalidade durante a gravidez, o parto ou o puerpério.
De acordo com a portaria nº 371 de 7 de maio de 2014 do Ministério da Saúde, 
“o atendimento ao recém-nascido consiste na assistência por profissional capacitado, médico (preferencialmente pediatra ou neonatologista) ou profissional de enfermagem (preferencialmente enfermeiro obstetra ou neonatal), desde o período imediatamente anterior ao parto, até que o RN seja encaminhado ao Alojamento Conjunto com sua mãe, ou à Unidade Neonatal (Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Convencional ou da Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru), ou ainda, no caso de nascimento em quarto de pré-parto, parto e puerpério (PPP) seja mantido junto à sua mãe, sob supervisão da própria equipe profissional responsável pelo PPP”. (BRASIL, 2014)
Contudo, para que isso aconteça é primordial a presença de profissionais capacitados para tal função, onde deve ter habilidades e competências que possibilitam um cuidado integral de acordo com as necessidades da mulher, respeitando todo processo fisiológico do corpo humano. 
Para Barbosa, Carvalho e Oliveira (2008, p. 459), “cada profissional tem o seu valor e a sua atribuição, e a enfermeira obstetra deve ser considerada como elemento permanente na equipe obstétrica, com a tarefa de preservar o espaço da fisiologia da assistência”.
Mesmo com críticas em relação ao tempo dedicado ao ensino específico em obstetrícia, as enfermeiras vêm se dedicando, buscando ensino de pós-graduação, cursos profissionalizantes e técnicos, para que se habilitem na área e consigam realizar os seus trabalhos de forma eficiente e eficaz. (POSSATI, 2017) 
As políticas de saúde são inseridas no ensino dos cursos para que ações reflexivas possam favorecer a formação de profissionais que reconheçam as necessidades das mulheres e aprendam como lidar com elas nesse processo, por que nele há uma mistura de sensações diferentes, como expectativas, preocupações, medos e felicidade, o que torna um momento pessoal e que merece toda atenção voltada para ela. (BRASIL, 2004)
De acordo com o Protocolo de Atenção Básica de Saúde das Mulheres, é fundamental: 
abordar a história de vida dessa mulher, seus sentimentos, medos, ansiedades e desejos, pois, nessa fase, além das transformações no corpo há uma importante transição existencial. É um momento intenso de mudanças, descobertas, aprendizados e uma oportunidade para os profissionais de saúde investirem em estratégias de educação e cuidado em saúde, visando o bem-estar da mulher e da criança, assim como a inclusão do pai e/ou parceiro (quando houver) e família, desde que esse seja o desejo da mulher” (BRASIL, 2016, p. 63)
Toda mulher deve ser respeitada, ter privacidade e ser atendida de maneira segura e tranquila. Além disso, tem o direito de receber as orientações dos profissionais que prestam esses atendimentos, sendo essas informações repassadas de maneira clara e objetiva, sendo orientadas sobre o parto, os procedimentos a serem realizados com ela e com o bebê, as práticas adotadas pelos médicos, entre outras informações necessárias para um humanização dessa paciente. (BRASIL, 2016, p. 60) 
Assim, essa integração das mulheres em trabalho de parto e parto e as enfermeiras obstétricas, tem fortalecido a autonomia desses profissionais e os seus saberes e experiências vem sendo reconhecidos com o passar do tempo. (BRASIL, 2002) 
Para realizar a prestação de assistência qualificada para a mulher no trabalho de parto e parto, as instituições públicas de saúde devem visar a qualidade dessa assistência com um atendimento de excelência, de forma digna e com investimentos que beneficiem a mulher o bebê, desde a hora do nascimento até o pós-parto. (BRASIL, 2016) 
Segundo Oliveira et. al (2016, p. 3869) o enfermeiro obstetra em sua atuação profissional deve: 
“Ser um profissional habilitado na condução do parto normal sem distócia, e em sua atuação profissional deve ser capaz de desenvolver habilidades e competências com segurança técnica, compreender múltiplas e complexas dimensões que envolvem o processo de parir e que este deva ser visto como evento social com grande influência cultural. Esse profissional deve ter formação ético-humanística e científica para assistir a parturiente de forma segura com postura diferenciada, menos tecnicista, mais humana, tendo como foco o cuidar”. (OLIVEIRA et. al., 2016, p. 3869)
Esses enfermeiros obstetras que acompanham o processo de parto devem dar a devida importância da comunicação, tem que ouvir as necessidades delas, valorizar sua história de vida e, além disso, deve incluir aspectos psicológicos e sociais, que podem promover vinculo entre a equipe multiprofissional e a mulher, interagindo de maneira significativa na vivência do parto. 
A AUTONOMIA DAS ENFERMEIRAS OBSTETRAS 
As enfermeiras que se especializam em Enfermagem Obstétrica, obtêm conhecimentos na teoria e na prática para trabalhar com a mulher nos períodos de preconcepção, pré-natal, parto, nascimento e pós-parto tendo como base a assistência baseada em evidências e nos princípios e necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS). (MAIA, 2010)
Com isso, nota-se um empoderamento e protagonismo feminino nos processos realizados, sendo elas profissionais essenciais na assistência às mulheres, proporcionando assim boas práticas de atenção ao parto e nascimento, sendo ele um processo como natural e fisiológico; sem necessidade de controle, mas sim, de cuidado.(POSSATI, 2017)
A Lei n° 7.498, que regulamenta o exercício profissional da enfermagem coloca como competência do enfermeiro, membro da equipe de saúde, prestar assistência à gestante, à parturiente e à puérpera, além de acompanhar a evolução do trabalho de parto. Com isto habilita o profissional de enfermagem, a promover o resgate ao parto como fisiológico, visando à integralidade e individualidade de cada parturiente (RABELO; OLIVEIRA, 2016; BRAIL, 1966 apud Schwantz et. al., 2018, p. 336). 
Segundo a Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras (ABENFO), o enfermeiro obstetra/obstetriz vem buscando uma formação ético-humanística e científica, preocupado em prestar cuidados à parturiente, de forma segura, com uma postura diferenciada, menos tecnicista e mais humana, tendo como foco de seu trabalho – o cuidado. (ABENFO, 2013)
Historicamente, os cuidados da mulher na hora do parto era um momento cotidiano na vida das outras mulheres que eram chamadas de “parteiras”. Hoje esse cargo é dado às enfermeiras obstétricas que atuam de forma humana, tratando as pacientes com todo o cuidado e atenção necessário. 
O modelo de ensino baseado na integração dos saberes das disciplinas biomédicas e humanas, desenvolvido ao longo de quatro a cinco anos, com intenso foco na gestação, parto, pós-parto e neonato e ancorado no cuidado baseado em evidências, são os pilares da formação de parteira profissional que o país necessita. É o que vem conferindo aos egressos do curso uma forte identidade e aliança de classe com a profissão da parteira, qualquer que seja o nome dado a ela, qualquer que seja seu local de atuação. (ABENFO, 2013)
Desde 1999, para capacitar essas enfermeiras para um atendimento primordial as mulheres, o Ministério da Saúde investiu na formação de enfermeiras obstétricas por meio do financiamento de cursos de especialização como forma de expansão do quantitativo destas profissionais no sistema de saúde, e esta iniciativa governamental integra as ações determinadas pela Política e Programas de Saúde da Mulher no Sistema Único de Saúde (SUS). (BRASIL, 2004, p. 75)
Contudo, as enfermeiras devem levar em consideração aspectos socioculturais que podem influenciar a mulher no decorrerdesse período, sendo assim devem saber lidar com elas, considerando os valores culturais, étnicos e sociais, fornecendo assim o apoio que a mulher necessita na hora do trabalho de parto. (BRASIL, 2004, p. 79)
Deve-se manter o contato com a mulher a todo o momento, analisando e averiguando suas preferências e necessidades durante o parto, para que não seja exposta a nenhuma situação desagradável, e para que todos os procedimentos sejam realizados de maneira correta. (BRASIL, 2004)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo realizado buscou através de uma revisão bibliográfica sobre as práticas humanizadas adotadas pela enfermagem obstétrica, relatar os processos, os benefícios e a importância desse profissional no atendimento e assistência das mulheres. E conclui-se que as enfermeiras precisam ser respeitosas, acessíveis, incentivadoras, solidárias e profissionais ao lidar com todas as parturientes. A conduta de enfermagem para o trabalho de parto e o parto envolve a avaliação, as medidas de conforto, o apoio emocional, as informações e instruções, a defesa e o apoio ao parceiro. 
O objetivo do estudo foi almejado. Diante das pesquisas realizadas, foi possível obter conhecimentos e repassá-los ao leitor, trazendo assim informações que tratem sobre a necessidade de um profissional mais humano e qualificado para atuar na assistência ao parto. 
Fornecer a mais alta qualidade de assistência à maternidade depende de a enfermeira valorizar a experiência de parto e reconhecer que se trata de uma experiência que muda a vida das mulheres e suas famílias; dar assistência que protege, promove e apoia o parto fisiológico; proporcionar os melhores cuidados baseados em evidências; e reconhecer a disparidade de saúde e diversidade cultural em todas as mulheres atendidas para melhorar a sua experiência de parto ao longo do tempo, entre as instituições e nas diversas áreas da saúde.
É um existir pleno de responsabilidade, é preservar a natureza, a dignidade humana, a espiritualidade e contribuir na construção da história, do conhecimento e da vida. O cuidado, então, é um processo de crescimento e de amadurecimento, ou seja, estratégia para atribuir à mulher maior poder.
Além de aliviar o sofrimento humano, buscar manter a dignidade e facilitar meios para manejar as crises e experiências de viver e morrer. Destaca também que o cuidado humano não é uma atividade técnica.
Isso permite aos enfermeiros participar de um milagre, contribuindo para a chegada segura de um novo ser humano e para a orientação da família por meio de uma jornada multidimensional, complexa e contínua.
REFERÊNCIAS
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