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64
Unidade II
Unidade II
A seguir trataremos da proteção social da política pública de assistência social, na lógica da garantia e 
defesa de direitos.
5 EIXOS ESTRUTURANTES DO SUAS
A ressignificação e materialização da política de assistência social substituem, sobretudo, o paradigma 
do assistencialismo pelo da proteção social, por meio da proposição de um sistema único, que propõe 
acesso universal aos:
benefícios, serviços e programas voltados aos usuários, na perspectiva de 
desenvolvimento de capacidades, de convívio e socialização, de acordo com 
potencialidades e projetos pessoais e coletivos, ampliando, inclusive, sua 
participação, quer como representação nos conselhos de assistência social, 
quer incentivando-os à inserção em organizações e movimentos sociais e 
comunitários (BRASIL, 2008a, p. 19).
Na lógica da descentralização político-administrativa e territorialização, tal sistema propõe, além 
do respeito às diferenças e autonomias regionais, também a proximidade do cidadão, a possibilidade da 
articulação intersetorial e a integração público-privado, ampliando as possibilidades de alcance de suas 
ações e a cobertura às várias seguranças previstas em sua concepção de proteção social (BRASIL, 2008a).
Os serviços socioassistenciais no Suas são organizados segundo as referências propostas na PNAS e 
seguem as seguintes referências:
Vigilância social Proteção social Defesa
Figura 17 – Eixos estruturantes do Suas
Explicando cada eixo a partir da PNAS:
• Vigilância social: refere-se à produção, sistematização de informações, 
indicadores e índices territorializados das situações de vulnerabilidade e 
risco pessoal e social que incidem sobre famílias/pessoas nos diferentes 
ciclos da vida (crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos); pessoas 
com redução da capacidade pessoal, com deficiência ou em abandono; 
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POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
crianças e adultos vítimas de formas de exploração, de violência e de 
ameaças; vítimas de preconceito por etnia, gênero e opção pessoal; 
vítimas de apartação social que lhes impossibilite sua autonomia e 
integridade, fragilizando sua existência; vigilância sobre os padrões de 
serviços de assistência social em especial aqueles que operam na forma 
de albergues, abrigos, residências, semirresidências, moradias provisórias 
para os diversos segmentos etários. Os indicadores a serem construídos 
devem mensurar no território as situações de riscos sociais e violação 
de direitos (BRASIL, 2004a, p. 40).
A vigilância socioassistencial se fundamenta na PNAS, art. 2º, inciso II, que a apresenta como 
responsável por “analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência 
de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos” (BRASIL, 2011g); e no artigo 6º, inciso VII, 
quando trata da gestão das ações de assistência social, como forma de sistema descentralizado e 
participativo e, entre seus objetivos, propõe o de “afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia 
de direitos” (BRASIL, 2011g).
A NOB/Suas, aprovada em 2012, reitera os artigos e incisos mencionados anteriormente e acrescenta 
que a vigilância, juntamente com as funções de proteção social e a defesa de direitos, “possuem fortes 
relações entre si, e, em certo sentido, podemos afirmar que cada uma delas só se realiza em sua plenitude 
por meio da interação e complementariedade com as demais” (BRASIL, 2012a, p. 11).
Somente com a vigilância social será possível conhecer os territórios onde ocorrem as 
vulnerabilidades e os riscos sociais que serão prevenidos ou enfrentados no âmbito da política de 
assistência social, como:
• situações de violência intrafamiliar; negligência; maus tratos; 
violência, abuso ou exploração sexual; trabalho infantil; discriminação 
por gênero, etnia ou qualquer outra condição ou identidade;
• situações que denotam a fragilização ou rompimento de vínculos 
familiares ou comunitários, tais como: vivência em situação de rua; 
afastamento de crianças e adolescentes do convívio familiar em 
decorrência de medidas protetivas; atos infracionais de adolescentes 
com consequente aplicação de medidas socioeducativas; privação do 
convívio familiar ou comunitário de idosos, crianças ou pessoas com 
deficiência em instituições de acolhimento; qualquer outra privação 
do convívio comunitário vivenciada por pessoas dependentes 
(crianças, idosos, pessoas com deficiência), ainda que residindo com a 
própria família (BRASIL, 2013b, p. 13).
66
Unidade II
Figura 18 – Violência doméstica intrafamiliar
No que diz respeito à violência intrafamiliar, é importante abordarmos alguns termos antes 
de continuar.
Ela pode ocorrer contra crianças e adolescentes, mulher, homem, pessoa idosa, pessoa com 
deficiência e pessoa LGBTI+ que convivam no mesmo núcleo familiar. Entende-se núcleo familiar como 
as pessoas que convivem no mesmo espaço físico com possibilidade de afeto, cuidado e proteção, sem 
necessariamente ter laços consanguíneos ou civis.
Azevedo e Guerra (1995) mencionam que podem ocorrer violências intrafamiliares por negligência, 
além de outros tipos, sendo considerados tipos de violência doméstica: violência física, sexual, 
psicológica, fatal e, mencionada anteriormente, por negligência. Para Silva (2002), violência doméstica 
ou intrafamiliar pode ser:
• Abuso/violência física: atos de agressão praticados pelos pais e/ ou responsáveis que podem ir de 
uma palmada até ao espancamento ou outros atos cruéis que podem ou não deixar marcas físicas 
evidentes, mas as marcas psíquicas e afetivas sempre existirão. Tais agressões podem provocar 
fraturas, hematomas, queimaduras, esganaduras.
• Abuso/violência sexual: geralmente praticada por adultos que gozam da confiança da criança 
ou do adolescente, tendo também a característica de, em sua maioria, serem incestuosos. Nesse 
tipo de violência, o abusador pode se utilizar da sedução ou da ameaça para atingir seus objetivos, 
não tendo que, necessariamente, praticar uma relação sexual genital para configurar o abuso, 
apesar de que ela acontece com uma incidência bastante alta. Mas é comum a prática de atos 
libidinosos diferentes da conjunção carnal como toques, carícias, exibicionismo etc., que podem 
não deixar marcas físicas, mas que nem por isso deixam de ser abuso grave devido às consequências 
emocionais para suas vítimas.
67
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
• Abuso/violência psicológica: forma de violência doméstica que praticamente não aparece nas 
estatísticas, por sua condição de invisibilidade. Manifesta-se na depreciação da criança ou do 
adolescente pelo adulto, por meio de humilhações, ameaças, impedimentos, ridicularizações, 
que minam a sua autoestima, fazendo com que acredite ser inferior aos demais, sem valor, 
causando-lhe grande sofrimento mental e afetivo, gerando profundos sentimentos de culpa e 
mágoa, insegurança, além de uma representação negativa de si mesmo, que podem acompanhá-lo 
por toda a vida. A violência psicológica pode se apresentar ainda como atitude de rejeição ou 
de abandono afetivo; de uma maneira ou de outra, provoca um grande e profundo sofrimento 
afetivo às suas vítimas, dominando-as pelo sentimento de menos valia, de não merecimento, 
dificultando o seu processo de construção de identificação-identidade.
• Negligências: violência doméstica que pode se manifestar pela ausência dos cuidados físicos, 
emocionais e sociais, em função da condição de desassistência da qual a família é vítima. Mas 
também pode ser expressão de um desleixo propositadamente infligido em que a criança ou o 
adolescente são malcuidados, ou mesmo não recebem os cuidados necessários às boas condições 
de seu desenvolvimento físico, moral, cognitivo, psicológico, afetivo e educacional.
• Trabalho infantil: esse tipo de violência contra crianças e adolescentes tem sido atribuídoà 
condição de pobreza em que vivem suas famílias, que necessitam da participação dos filhos 
para complementar a renda familiar, resultando no processo de vitimização, já mencionado. Porém, 
se considerarmos que muitas dessas famílias obrigam suas crianças e adolescentes a trabalharem, 
enquanto os adultos apenas recolhem os pequenos ganhos obtidos e, quando não atendidos em suas 
exigências, cometem abusos, podemos dizer que a exploração de que são vítimas essas crianças 
e esses adolescentes configura uma forma de violência doméstica/intrafamiliar, tanto pela 
maneira como são estabelecidas as condições para que o trabalho infantil se realize como 
pelo fim a que se destina: usufruir algo obtido por meio do abuso de poder que exercem, para 
satisfação de seus desejos, novamente desconsiderando e violando os direitos de suas crianças e 
de seus adolescentes.
Agora que esclarecemos esses termos, podemos retomar que as ações da política de assistência 
social estarão sempre relacionadas à incidência de eventos que coloquem em risco as condições de 
sobrevivência, dignidade, autonomia e socialização dos indivíduos, das famílias e das coletividades. Por 
isso, é importante “conhecer a realidade específica das famílias e as condições concretas do lugar onde 
elas vivem”, sendo para isso “fundamental conjugar a utilização de dados e informações estatísticas 
e a criação de formas de apropriação dos conhecimentos produzidos pelas equipes dos serviços 
socioassistenciais, que estabelecem a relação viva e cotidiana com os sujeitos nos territórios” (BRASIL, 
2013a, p. 11).
Assim, a vigilância socioassistencial relaciona-se ao:
planejamento, organização e execução de ações desenvolvidas pela gestão 
e pelos serviços, produzindo, sistematizando e analisando informações 
territorializadas:
68
Unidade II
a) sobre as situações de vulnerabilidade e risco que incidem sobre famílias 
e indivíduos;
b) sobre os padrões de oferta dos serviços e benefícios socioassistenciais, 
considerando questões afetas ao padrão de financiamento, ao tipo, volume, 
localização e qualidade das ofertas e das respectivas condições de acesso 
(BRASIL, 2013b, p. 11).
A vigilância deve se debruçar sobre as situações de vulnerabilidade e risco social que ocorrem e as 
que têm potencialidade de ocorrer, sendo fundamental o reconhecimento dos territórios do município – 
feito também pela União e pelo Estado, a partir de um olhar ampliado e ressignificado pelo diagnóstico 
socioterritorial –, pelas equipes que nele atuam, “especificando sempre que possível os fatores de 
vulnerabilidade e os grupos, famílias ou indivíduos afetados por tais fatores” (BRASIL, 2013b, p. 16), 
bem como as características das famílias (culturais, educacionais, físicas etc.), a oferta ou inexistência/
necessidade de serviços e quantificação da população afetada para estimar a demanda potencial para o 
serviço ou benefício que deverá prover a ação protetiva (BRASIL, 2013b).
Vejamos um exemplo prático de vulnerabilidade com potencial risco social:
[...] o trabalho infantil (fator de vulnerabilidade), a quantidade de crianças 
afetadas integra a demanda potencial para o serviço de convivência dirigido 
a essa faixa etária. Da mesma forma, pode-se considerar que crianças de 
famílias em situação de pobreza (fator de vulnerabilidade) não incluídas em 
escolas de tempo integral (fator de vulnerabilidade), que residem em territórios 
com altos índices de violência (fator de vulnerabilidade) e que permanecem 
parte do dia sem a companhia de um adulto (fator de vulnerabilidade), 
igualmente compõem a demanda potencial para o serviço de convivência 
(BRASIL, 2013a, p. 16).
Na sequência, os eixos da vigilância devem estar articulados, assim, além do planejamento, 
considerando as vulnerabilidades, tem-se a atenção para os padrões de oferta dos serviços e benefícios 
socioassistenciais, por meio dos quais é possível conhecer “as características e distribuição da rede de 
proteção social instalada para a oferta de serviços e benefícios” (BRASIL, 2013a, p.16):
O eixo da vigilância dos padrões dos serviços busca produzir e sistematizar 
informações referentes à oferta dos serviços e benefícios, de forma a contribuir 
com o aprimoramento da qualidade destes e com sua necessária adequação ao 
perfil de demandas do território. [...] deve desenvolver estratégias para coletar 
informações sobre todas as unidades públicas e privadas que ofertam os 
serviços, benefícios, programas e projetos da assistência social, e especialmente 
dos Cras’s, dos Creas’s e das unidades de acolhimento.
É desejável que os dados coletados junto aos serviços/unidades sejam 
capazes de aferir:
69
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
a) a quantidade e perfil dos recursos humanos;
b) o tipo e volume dos serviços prestados;
c) a observância dos procedimentos essenciais vinculados ao conteúdo do 
serviço e necessários à sua qualidade;
d) o perfil dos usuários atendidos;
e) as condições de acesso ao serviço;
f) a infraestrutura, equipamentos e materiais existentes (BRASIL, 2013b, p. 17).
Para além do reconhecimento do território sobre as ocorrências de vulnerabilidades e riscos sociais 
que incidem sobre indivíduos e famílias, e sobre os padrões de oferta dos serviços e benefícios 
socioassistenciais, a vigilância socioassistencial deve se ocupar também do:
monitoramento da incidência das situações de violência e violação de direitos. 
Esse monitoramento é importante não apenas pelo fato de que esses 
eventos repercutem sobre a demanda por serviços, mas, sobretudo, pelo 
fato de que manifestam graves situações que necessitam ser prevenidas e 
combatidas. Identificar os territórios com maior incidência, as variações no 
volume de ocorrências e o perfil das pessoas vitimadas permite aprimorar 
as ações de prevenção e de combate às situações, além de ações de 
aprimoramento dos próprios serviços responsáveis pelo atendimento das 
vítimas (BRASIL, 2013b, p. 17).
Dando prosseguimento aos eixos estruturantes da PNAS, temos a proteção social, que se sustenta a 
partir de três seguranças afiançadas, sendo elas:
Proteção social – 2º eixo estruturante da PNAS.
— Segurança de sobrevivência ou de rendimento e de autonomia: 
através de benefícios continuados e eventuais que assegurem: 
proteção social básica a idosos e pessoas com deficiência sem fonte 
de renda e sustento; pessoas e famílias vítimas de calamidades e 
emergências; situações de forte fragilidade pessoal e familiar, em 
especial às mulheres chefes de família e seus filhos.
— Segurança de convívio ou vivência familiar: através de ações, 
cuidados e serviços que restabeleçam vínculos pessoais, familiares, 
de vizinhança, de segmento social, mediante a oferta de experiências 
socioeducativas, lúdicas, socioculturais, desenvolvidas em rede de 
núcleos socioeducativos e de convivência para os diversos ciclos 
de vida, suas características e necessidades.
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Unidade II
— Segurança de acolhida: através de ações, cuidados, serviços e 
projetos operados em rede com unidade de porta de entrada destinada 
a proteger e recuperar as situações de abandono e isolamento de 
crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, restaurando sua 
autonomia, capacidade de convívio e protagonismo mediante a oferta 
de condições materiais de abrigo, repouso, alimentação, higienização, 
vestuário e aquisições pessoais desenvolvidas através de acesso às 
ações socioeducativas (BRASIL, 2004a, p. 40)
Quando se fala em proteção social, reconhece-se que ela exista em princípio pela obrigatoriedade de 
o Estado prover aos cidadãos garantia à vida com dignidade.
A partir do sistema capitalista, o cidadão, por meio da venda da sua força de trabalho, gera renda 
para prover sua subsistência, entretanto, em uma economia, como é a do Brasil, de mínimos sociais, há 
muita fragilidade no que tange a um Estadogarantidor de trabalho e renda, culminando muitas vezes 
em situações de desproteção dos níveis de emprego, consequentemente de renda.
Para a aquisição dos bens e serviços para a garantia da sobrevivência individual e familiar, quando o 
cidadão, mesmo dentro do sistema econômico no modelo capitalista, não tem como adquirir condições 
para a qualidade de vida, demandará do Estado que os provenha.
A Constituição Federal de 1988, intitulada por constituição cidadã, legisla em proteção a seguridade 
social, estabelecendo responsabilidades para que o Estado provenha a proteção social por meio das 
políticas públicas, na lógica da garantia de direitos com abrangência de universalidade, ou seja, legitima 
o direito de todo cidadão brasileiro.
No que concerne à política de assistência social, diante à singularidade vivenciada, o cidadão que 
necessitar dessa política será atendido, considerando a realidade socioterritorial.
Acolhida
Renda/ 
autonomia
Convívio 
familiar e 
comunitário
Figura 19 – Seguranças afiançadas
Assim, a acolhida se refere ao direito à dignidade, de ser atendido com respeito pela sua 
singularidade enquanto usuário da política de assistência social, e envolve todas as estratégias 
previstas pela equipe profissional.
71
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
A situação de renda é geradora da autonomia, não é possível se pensar em autonomia sem o poder 
de escolha de ir e vir, e se considerarmos que estamos em um sistema capitalista, esse ir e vir não se 
legitima apenas pelo desejo, mas se concretiza com recursos para tal.
E, por fim, a convivência familiar se sustenta quando vínculos estão protegidos e respeitados, 
considerando, assim, que toda a perspectiva de atuação da política de assistência social se sustente na 
diretriz da centralidade da atenção e intervenção no convívio familiar.
A efetivação dessas seguranças afiançadas se materializa nas ações previstas pela proteção social 
por meio dos serviços, programas, projetos, benefícios e da transferência de renda.
No que tange ao terceiro e último eixo estruturante da PNAS, temos a defesa social e institucional:
Defesa social e institucional: a proteção básica e a especial devem ser 
organizadas de forma a garantir aos seus usuários o acesso ao conhecimento 
dos direitos socioassistenciais e sua defesa. São direitos socioassistenciais a 
serem assegurados na operação do Suas a seus usuários:
— Direito ao atendimento digno, atencioso e respeitoso, ausente de 
procedimentos vexatórios e coercitivos.
— Direito ao tempo, de modo a acessar a rede de serviço com reduzida 
espera e de acordo com a necessidade.
— Direito à informação, enquanto direito primário do cidadão, 
sobretudo àqueles com vivência de barreiras culturais, de leitura, de 
limitações físicas.
— Direito do usuário ao protagonismo e manifestação de seus interesses.
— Direito do usuário à oferta qualificada de serviço.
— Direito de convivência familiar e comunitária (BRASIL, 2004a, p. 40).
Antes de prosseguirmos, temos que compreender o termo “usuário”, sendo cidadãos e grupos que 
se encontram em situações de vulnerabilidade e risco, tais como: famílias e indivíduos com perda e 
fragilidade de vínculos de afetividade, pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades 
estigmatizadas em termos étnico, cultural e sexual; desvantagem pessoal resultante de deficiências; 
exclusão pela pobreza e no acesso às demais políticas públicas; uso de substâncias psicoativas; diferentes 
formas de violência advindas de grupo familiar, grupos e indivíduos; inserção precária ou não inserção 
no mercado de trabalho formal e informal; estratégias e alternativas diferenciadas de sobrevivência que 
podem representar risco pessoal e social.
Conceito de usuário a partir da Resolução CNAS n. 11, de 23 de setembro de 2015:
72
Unidade II
Art. 2º Usuários são cidadãos, sujeitos de direitos e coletivos que se 
encontram em situações de vulnerabilidade e riscos social e pessoal, que 
acessam os serviços, programas, projetos, benefícios e transferência de 
renda no âmbito da política pública de assistência social e no Sistema 
Único de Assistência Social (SUAS) (CNAS, 2015).
O conceito possibilita um olhar que concretiza que todo sujeito social que necessite, a partir de 
sua própria demanda, pode e deve acessar o Suas. E ainda reforça a singularidade de ser considerado o 
usuário que deseja ser incluído nos serviços programas e projetos, não ser caracterizado pela necessidade 
econômica, e sim pelos vários níveis de vulnerabilidade social. E se esclarece que, para o acesso aos 
benefícios econômicos e transferência de renda, existem critérios que se balizam pelo per capta familiar.
É importante reconhecer no sujeito social o direito de estar atendido pelo Suas, indiferentemente de 
sua condição socioeconômica, mas que o foco seja na vulnerabilidade e risco social.
 Observação
O significado de per capta é a renda pessoal, considerando o núcleo 
familiar. Trata-se da soma de todos os rendimentos do grupo familiar 
dividido pelo número de membros.
Em uma família que tem cinco membros, cuja mãe receba um salário 
mensal de $1.500,00, e que o filho mais velho tenha um salário de 
$1.200,00, sua renda é de $2.700,00. A per capta da família será o total 
dividido pelo número de membros –nesse caso, 5 –, dando um total, per 
capta, de $540,00.
Assim os critérios de inclusão para alguns benefícios de descontos em 
contas públicas e para transferência de renda são estabelecidos a partir do 
per capta familiar.
Mas, para ampliar o conceito de usuário, foi publicada pelo CNAS uma cartilha para informar à 
população sobre o Suas, e essa define quem é o usuário do Suas:
É qualquer cidadão que esteja passando por momentos de dificuldades ou 
por algumas situações que podem estar relacionadas à pobreza, à falta de 
acesso a serviços públicos, a problemas familiares e discriminação.
Também podem acessar o Suas pessoas que dependem de cuidados especiais, 
se envolvem com drogas ou álcool, perdem o emprego ou, ainda, quando há 
algum desastre natural na comunidade. Na assistência social, essas situações 
de desproteção são conhecidas pelo termo vulnerabilidade social.
73
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
Também são usuários do Suas aquelas pessoas que estão em situação de 
risco, ou seja, passam por situações de violência física, psicológica, sexual, 
entre outros.
E lembre-se, qualquer cidadão, seja refugiado, imigrante, indígena, 
quilombola, cigano ou membros de outros povos e comunidades tradicionais, 
tem direito à assistência social (CNAS, 2017).
Assim, os horizontes se abrem e permitem o reconhecimento ampliado de quem é usuário do Suas. 
A vulnerabilidade e risco social foram anteriormente esclarecidos.
Quando falamos de direitos, entretanto, dos usuários garantidos pela da política de assistência social, 
é necessário reconhecer de quais diretos a resolução fala. Assim, estão previstos no art. 4º da resolução 
do CNAS os direitos a:
I – ter acesso a atendimento, assessoramento e defesa e garantia de direitos, 
que lhes garanta suporte socioassistencial;
II – ter acesso a informações e orientações sobre serviços, programas, 
projetos, benefícios e transferência de renda, no âmbito da política pública 
de assistência social, em linguagem clara, simples e acessível;
III – usufruir do reconhecimento de seus direitos frente à sociedade; e,
IV – usufruir de serviços e programas socioassistenciais de qualidade 
(CNAS, 2015).
Fica definido que o acesso se efetiva quando a informação chega aos usuários, devendo ser 
amplamente difundida e claramente esclarecedora, com terminologia que garanta a compreensão, 
posto que muitas vezes os conteúdos causam dúvidas. Apresentaremos um exemplo de informação 
pública que pode gerar duvidas aos usuários.
O BPC é uma transferência de rendagarantida pela PNAS, entretanto ao se acessar a informação no 
site do Ministério de Desenvolvimento Social e se realizar a busca pelo BPC, o usuário será encaminhado 
para uma página cujo título é Trabalho e Previdência, o que gera conflito de informação, gerando 
dúvida aos usuários da PNAS e do Suas. Afinal, esse é um benefício da assistência social ou da previdência 
social? Esse site foi publicado nesse formato em 29 de maio de 2019.
São essas contradições de informações que deixam de ser plenamente esclarecedoras aos usuários. 
Sendo esse um site sob responsabilidade da gestão pública, deveria apresentar informações desde sua 
chamada inicial com a maior clareza e transparência.
O art. 4º também esclarece sobre o acesso e aqui cabe conceituar o que se considera acesso, sendo 
que para o senso comum, é chegar a um lugar ou à informação que se quer obter. Entretanto, o acesso 
74
Unidade II
só se efetiva quando existe uma legislação, a concretização do que está previsto na legislação, ou 
seja, sua materialidade. Por exemplo: o usuário terá acesso ao BPC somente se ele tiver a informação 
sobre seu direito, reconhecer-se dentro dos critérios e ter acesso aos serviços que o conduziram até a 
transferência de renda.
O usuário deverá receber a informação, ser esclarecido sobre os critérios, receber os formulários 
que deverão ser preenchidos pela equipe do Cras ou outro serviço do Suas ou de outra política, como 
a saúde. Realizar o agendamento no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), por meio do site da 
previdência social, e comparecer ao local para entrega dos documentos. Ser inserido na garantia desse 
direito, para então receber o BPC mensalmente. Esse caminho de acesso ao BPC para pessoa idosa, se 
for pessoa com deficiência, o acesso deverá ter um percurso com mais profissionais, posto que deverá 
ter um laudo médico, e deverá ser avaliado pelo medidor do INSS.
Perceba que quando se fala de acesso, não significa acessar um lado da ponte ao outro lado dessa 
mesma ponte, mas a política pública tem um percurso que deve ser garantido por legislação, materialização 
dos serviços, programas, projetos e benefícios, contanto com recursos: materiais, humanos e financeiros.
Se conversamos sobre acesso, precisamos entender o que são serviços? Será a mesma coisa de 
programas? Ou que projetos? O que são esses termos?
Esses serão descritos e discutimos posteriormente, entretanto vamos esclarecer as terminologias:
Quadro 8 – Caráter da ação socioassitencial
Serviço Desenvolvem ações continuadas, por tempo indeterminado, com transferência regular e automática por meio dos pisos da assistência social.
Programa e 
projetos
Desenvolvem ações especificadas, a partir de diagnóstico socioterritorial, tendo 
como fonte de recursos convênios públicos/privados.
Benefícios e 
transferência de 
renda
Recursos financeiros (Bolsa Família, BPC etc.) que são encaminhados diretamente 
para o usuário beneficiário inscrito da política de assistência social, com critérios 
específicos para cada benefício.
Ainda no art. 4º da Resolução n. 11 de 2015, são apresentados, a partir de parágrafos, os esclarecimentos 
sobre os direitos dos usuários do Suas:
§1º O direito de acesso ao atendimento, ao assessoramento e à defesa e 
garantia de direitos deve oportunizar e garantir ao usuário:
I – conhecer o nome e a credencial de quem o atende;
II – ser respeitado em sua dignidade humana, sendo tratado de modo 
atencioso e respeitoso, ausente de procedimentos vexatórios e coercitivos;
III – ser atendido com menor tempo de espera e de acordo com as suas 
necessidades;
75
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
IV – receber os encaminhamentos para outros serviços ou instituições por 
escrito, de forma clara e legível, e identificados com o nome do profissional 
responsável pelo encaminhamento;
V – ter protegida sua privacidade, observada a ética profissional dos 
trabalhadores do Suas, desde que não acarrete riscos a outras pessoas; e,
VI – ter sua personalidade preservada e sua história de vida resgatada 
(CNAS, 2015).
O CNAS deixa claro que para se ter o direito plenamente respeitado do usuário esse deve ter acesso 
ao atendimento digno e respeitoso, ao assessoramento de sua defesa de direitos, receber as informações 
pertinentes a esses direitos e deveres, ser reconhecido em suas peculiaridades e singularidades, isso 
ocorrendo em tempo real as suas necessidades, por ele apresentadas.
A mesma resolução avança no art. 4º, parágrafo 2º, esclarecendo sobre os acessos socioassistenciais:
§2º O direito de ter acesso a informações e orientações relativas aos serviços, 
programas, projetos, benefícios e transferência de renda no âmbito da política 
pública de assistência social, em linguagem clara, simples e acessível, abrange:
I – informações e orientações sobre como manifestar suas demandas 
e necessidades no campo da assistência social por serviços, programas, 
projetos, benefícios e transferência de renda no âmbito da política pública 
de assistência social;
II – registro realizado nos prontuários que lhe dizem respeito, se assim o 
desejar;
III – informações sobre organizações públicas e privadas que oferecem 
suporte para o desenvolvimento de produções coletivas, associadas ou 
cooperativadas;
IV – informações sobre programas e, ou, projetos de apoio às associações e 
cooperativas populares de produção; e,
V – quaisquer informações que possam contribuir para a construção de sua 
autonomia como sujeito de direitos (CNAS, 2015).
Todas as informações que são perquiridas pelo usuário do Suas devem ser apresentadas de forma 
que seja possível efetivar o acesso, mantendo, assim, prioritariamente, a independência e autonomia 
do usuário, oportunizando que esse se perceba apto a se incluir em serviço, programas, projetos e 
benefícios que são de sua necessidade.
76
Unidade II
O parágrafo 3º do art. 4º da resolução discorre sobre a participação social do usuário, trazendo para 
esse o verdadeiro caráter de cidadania.
§3º O direito dos usuários de usufruir do reconhecimento de seus direitos 
frente à sociedade deve garantir ao usuário:
I – o reconhecimento da importância da sua intervenção na vida pública e 
no acesso a oportunidades para o exercício do protagonismo social e político 
e da sua cidadania;
II – o acesso à participação em diferentes espaços de organização dos 
usuários e de representação de usuários e coletivos de usuários, tais como 
associações, fóruns, conselhos de políticas públicas e de defesa e garantia 
de direitos, movimentos sociais, conselhos locais de usuários, organizações 
comunitárias, dentre outras; e,
III – a acessibilidade às tecnologias assistivas asseguradas a todos os usuários 
(CNAS, 2015)
Sendo a participação social prevista na Constituição Federal de 1988, legitima a democracia, pois 
é na participação social que o cidadão pode realizar protestos, encaminhar propostas legislativas e 
especiais por meio dos conselhos de direitos. Esse aspecto será amplamente abordado posteriormente.
 Saiba mais
O Governo Federal no ano 2019 determinou que as conferências 
nacionais de assistência social seriam de quatro em quatro anos. Em 
organização, os estados e municípios determinaram que manteriam as 
conferências nas duas esferas de governo: municipal e estadual.
O CMAS revogou a resolução federal e convocou, extraordinariamente, 
a 12ª Conferência Nacional de Assistência Social pela resolução do CNAS 
n. 12, de 18 de abril de 2019. Leia:
CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CNAS). 
Resolução n. 12, de 18 de abril de 2019. Dispõe sobre a convocação 
extraordinária da 12ª Conferência Nacional de Assistência Social. 
Brasília: 2019. Disponível em: <http://www.in.gov.br/web/dou/-/re
solu%C3%87%C3%83o-n%C2%BA-12-de-18-de-abril-de-2019- 
85048653>. Acesso em: 10 jul. 2019.
77
POLÍTICASETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
E por fim o art. 4º apresenta no parágrafo 4º a qualidade dos serviços prestados aos usuários:
§4º O direito à qualidade dos serviços e programas socioassistenciais deve 
garantir ao usuário:
I – o atendimento, a orientação e o encaminhamento para a rede 
socioassistencial, em seus serviços, básicos e especializados, ou para 
instituições e, ou, serviços de outras políticas públicas, por profissionais com 
formação adequada e preparados para atuarem no Suas;
II – o acesso a espaços de referência de proteção social, integrados à 
rede socioassistencial, que lhe garanta acolhida, autonomia, convívio ou 
convivência familiar;
III – a garantia do acesso à rede de serviços socioassistenciais;
IV – atenção profissional que promova o desenvolvimento de sua autoestima, 
de suas potencialidades e capacidades e o alcance de sua autonomia pessoal 
e social;
V – o acesso a atividades de convivência e de fortalecimento de vínculos, 
ancoradas na cultura local e na laicidade do Estado;
VI – a vivência de ações profissionais direcionadas para a construção de projetos 
pessoais, coletivos e sociais, e para o resgate de vínculos familiares e sociais;
VII – a orientação jurídico-social em casos de ameaça e, ou, violação de 
direitos individuais e coletivos, mediante atuação técnica e processual e 
articulação com o Sistema de Garantia de Direitos;
VIII – a efetivação do direito à convivência familiar e comunitária associada 
à garantia de proteção integral da criança, do adolescente, do jovem e da 
pessoa idosa;
IX – o acesso a oportunidades para inserção profissional e, ou, social, além de 
ações de inclusão produtiva, bem como a serviços públicos e a programas ou 
projetos que possibilitem a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento 
de competências (habilidades, conhecimentos e atitudes) que facilitem o/a 
ingresso/a reinserção no mundo do trabalho; e.
X – a possibilidade de avaliar o serviço recebido, contando com espaço de 
escuta para expressar sua opinião (CNAS, 2015)
Nesse parágrafo se apresenta a importância da qualidade do atendimento, de forma respeitosa e 
comprometida com os usuários e sua necessidade.
78
Unidade II
Durante o atendimento, o profissional deverá ter conhecimento da rede intersetorial dos serviços, 
seja nas políticas de educação, saúde, assistência social, cultura, trabalho e renda, previdência social, 
habitação, esporte etc., podendo, assim, a partir da escuta qualificada, oferecer a informação, o 
esclarecimento e, se for do interesse do usuário, o encaminhamento.
Salienta ainda que toda a intervenção da equipe profissional – e aqui quer se aprofundar no 
assistente social – deve permear uma atenção com matricialidade sociofamiliar, em que um membro do 
grupo familiar é reflexo das relações intrafamiliares e precisa ser atendido a partir dessa percepção, de 
forma que todas as estratégias, articulações e mediações fortaleçam os vínculos familiares.
E, diante da realidade neoliberal, em que o Estado reduz direitos e proteção social, há redução da possibilidade 
de inserção no mundo do trabalho, e as classes ficam economicamente menos favorecidas, com a reduzida 
inclusão no universo do trabalho e da renda. Sendo essa a maior demanda apresentada pelos usuários do 
Suas, cabe às equipes profissionais fazerem um enfrentamento da realidade, articulando canais políticos para a 
percepção dessa realidade, especialmente indicando em relatórios a real situação da população.
Cabe, também, articular oportunidades de qualificação profissional, tanto na rede socioassistencial 
como junto à política de educação, sustentando encaminhamentos para a formação e qualificação 
profissional dos usuários.
Em um sistema econômico que desemprega, deixando a classe trabalhadora cada vez com menos 
oportunidades, é importante articular novas estratégias como o trabalho empreendedor e as cooperativas, 
sempre de forma a propiciar autonomia e independências pelos usuários.
Dessa forma, o usuário sente que é ouvido em suas demandas, e que pode decidir e opinar pelos 
serviços prestados requeridos e a sua qualidade pode ser discutida e avaliada por ele.
É importante que o profissional saia para o mercado de trabalho com um novo olhar, muito ampliado, 
com uma forte tendência crítica, e formação para a compreensão da política de assistência social.
Figura 20 – Usuários do Suas
79
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
Se fala tanto em proteção social e em serviços, programas e projetos. Mas como essa proteção social 
se efetiva na política nacional de assistência social pelo Suas? Veremos a seguir.
6 NÍVEIS DE PROTEÇÃO SOCIAL PELO SUAS
Para a efetivação da proteção social da política de assistência social, o Suas hierarquiza um conjunto 
de atenções materializadas em proteção social básica e especial, por meio de um sistema integrado, 
organicamente estruturado em torno da promoção, preservação e/ou superação das condições de vida 
e convívio familiar e comunitário.
Acima da ideia de um sistema funcionalista, aqui a interpretação da noção de sistema se refere à 
organização dos serviços que compõem o conjunto de direitos de cidadania, na perspectiva de garantir 
a equidade no atendimento das necessidades sociais, bem como sua completude e abrangência. Como 
nos apresenta a NOB/Suas 2005:
O Suas é um sistema público não contributivo, descentralizado e participativo 
que tem por função a gestão do conteúdo específico da assistência social no 
campo da proteção social brasileira. Em termos gerais, o Suas:
• consolida o modo de gestão compartilhada, o cofinanciamento e 
a cooperação técnica entre os três entes federativos que, de modo 
articulado e complementar, operam a proteção social não contributiva 
de seguridade social no campo da assistência social;
• estabelece a divisão de responsabilidades entre os entes federativos 
(federal, estadual, Distrito Federal e municipal) para instalar, regular, 
manter e expandir as ações de assistência social como dever de Estado 
e direito do cidadão no território nacional;
• fundamenta-se nos compromissos da PNAS/2004;
• orienta-se pela unidade de propósitos, principalmente quanto ao 
alcance de direitos pelos usuários;
• regula, em todo o território nacional, a hierarquia, os vínculos e 
as responsabilidades do sistema-cidadão de serviços, benefícios, 
programas, projetos e ações de assistência social, de caráter 
permanente e eventual, sob critério universal e lógica de ação em 
rede hierarquizada de âmbito municipal, do Distrito Federal, estadual 
e federal;
• respeita a diversidade das regiões, decorrente de características 
culturais, socioeconômicas e políticas, em cada esfera de gestão, da 
realidade das cidades e da sua população urbana e rural;
80
Unidade II
• reconhece que as diferenças e desigualdades regionais e municipais, 
que condicionam os padrões de cobertura do sistema e os seus 
diferentes níveis de gestão, devem ser consideradas no planejamento 
e execução das ações;
• articula sua dinâmica às organizações e entidades de assistência 
social com reconhecimento pelo Suas (BRASIL, 2005, p. 86).
No que concerne aos objetivos da política de assistência social e as suas funções já discorremos, no 
que tange a proteção social, vigilância socioassistencial e seguranças afiançadas.
Já avançamos em conceitos, reconhecendo que se busca um trabalho preventivo das situações de 
vulnerabilidade e risco social, considerando a gradualidade e hierarquia das ocorrências de situações 
geradoras da desigualdade social, e os níveis protetivos afiançados por essa política, conforme a escola 
de agravamento e o grau de vínculo de pertencimento ao convívio familiar e comunitário.
Segundo a NOB/Suas 2005, a proteção social de assistência social consiste no:
conjunto de ações, cuidados, atenções, benefícios e auxílios ofertados pelo 
Suaspara redução e prevenção do impacto das vicissitudes sociais e naturais 
ao ciclo da vida, à dignidade humana e à família como núcleo básico de 
sustentação afetiva, biológica e relacional.
A proteção social de assistência social, ao ter por direção o desenvolvimento 
humano e social e os direitos de cidadania, tem por princípios:
• a matricialidade sociofamiliar;
• territorialização;
• a proteção proativa;
• integração à seguridade social;
• integração às políticas sociais e econômicas (BRASIL, 2005, p. 90).
A relação da política de assistência social ao tripé da seguridade social estabelecida pela Constituição Federal 
de 1988 e às políticas sociais e econômicas em sua historicidade de implantação e implementação foram vistas 
anteriormente. Falamos, agora, da articulação territorial intersetorial e o sistema de proteção social previstos pela 
seguridade social, compostos pelas políticas de assistência social, saúde e previdência social.
A territorialização se refere à descentralização político-administrativa do Suas, e com níveis de 
gestão compartilhada entre municípios, estados, Distrito Federal e Governo Federal, sendo aprofundado 
na gestão e no controle social, que será visto posteriormente.
81
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
Foi abordada, também, a territorialização, no que concerne à universalidade de acesso dos indivíduos 
e famílias em situações de risco e vulnerabilidade, bem como essa questão referente diretamente à 
questão da vigilância socioassistencial.
Nesse sentido, a proteção proativa está permeada por todas as diretrizes do Suas, por meio 
da implementação da vigilância socioassistencial e da proposição da proteção social por níveis de 
complexidade, principalmente na proteção social básica, “na condição de conjunto de ações capazes 
de reduzir a ocorrência de riscos e a ocorrência de danos sociais” (BRASIL, 2005, p. 91).
A matricialidade sociofamiliar no âmbito da política de assistência social se refere:
• a família é o núcleo social básico de acolhida, convívio, autonomia, 
sustentabilidade e protagonismo social;
• a defesa do direito à convivência familiar, na proteção de assistência 
social, supera o conceito de família como unidade econômica, mera 
referência de cálculo de rendimento per capita e a entende como 
núcleo afetivo, vinculado por laços consanguíneos, de aliança 
ou afinidade, que circunscrevem obrigações recíprocas e mútuas, 
organizadas em torno de relações de geração e de gênero;
• a família deve ser apoiada e ter acesso a condições para responder 
ao seu papel no sustento, na guarda e na educação de suas crianças 
e adolescentes, bem como na proteção de seus idosos e portadores 
de deficiência;
• o fortalecimento de possibilidades de convívio, educação e proteção 
social, na própria família, não restringe as responsabilidades públicas 
de proteção social para com os indivíduos e a sociedade (BRASIL, 
2005, p. 90).
Há de se reconhecer, conforme esclarece Mioto (2004a), que a relação estabelecida com as famílias 
pode ser entendida de duas formas, que se opõem: uma que invade a privacidade do núcleo familiar 
e se coloca no controle da vida individual e familiar, que muitas das vezes tolhe a legitimidade desse 
espaço de convivência e o desorganiza quando impõe valores externos, que se contrapõem aos valores 
da família; e, por outro lado, quando intervém de forma a garantir direitos e protege da desproteção, 
potencializando os indivíduos e grupos a sua emancipação.
Muitos autores reafirmam que mesmo com o foco na centralidade na família, para a proteção social 
e os serviços propostos pelo Suas, muitas das intervenções penalizam e criminalizam membros do grupo 
familiar, invertendo a proteção para a lógica da precarização da instituição familiar, considerando-a 
desestrutura e negligente, colocando na família a responsabilização pela desproteção social estatal e 
pelo círculo da violência e das violações de direitos impetrados aos sujeitos sociais, pela ordem capital.
82
Unidade II
Essa contradição se regulamenta legislativamente pela Constituição Federal de 1988, no art. 227:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao 
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, 
à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da 
criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades 
não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos 
seguintes preceitos: 
I – aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na 
assistência materno-infantil;
II – criação de programas de prevenção e atendimento especializado para 
as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como 
de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, 
mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação 
do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos 
arquitetônicos e de todas as formas de discriminação
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios 
de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de 
garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I – idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o 
disposto no art. 7º, XXXIII;
II – garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III – garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola; 
IV – garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato 
infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional 
habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica;
V – obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à 
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de 
qualquer medida privativa da liberdade;
83
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
VI – estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos 
fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, 
de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
VII – programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao 
adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins;
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da 
criança e do adolescente.
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que 
estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, 
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações 
discriminatórias relativas à filiação.
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se-á em 
consideração o disposto no art. 204.
§ 8º A lei estabelecerá: 
I – o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens; 
II – o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação 
das várias esferas do Poder Público para a execução de políticas públicas 
(BRASIL, 1988).
Especialmente pela Emenda Constitucional n. 65, de 13 de julho de 2010, fica evidente que não 
cabe apenas à família a responsabilidade de arcar com as demandas pela proteção e cuidado de seus 
membros, mas a sociedade por meio do Estado na oferta de serviços, programas, projetos, benefícios e 
transferência de renda, para garantir a proteção social pela lógica dos direitos humanos e sociais.
Assim as equipesprofissionais precisam ter clareza na leitura sociohistórica das vulnerabilidades e 
riscos sociais sofridos pelos indivíduos e famílias sem criminalizá-los, mas reconhecendo o dever estatal 
na lógica dessa chamada proteção social.
Para Mioto (2004a) existem duas categorias de famílias: sendo uma que consegue suprir suas 
demandas via mercado, trabalho e organização interna, atender o afeto, cuidado e proteção; e outra, 
que devido às vulnerabilidades e riscos sociais concretizados pelas desigualdades sociais, sejam elas 
apenas pelas questões econômicas, delas recorrentes e/ou aspectos relacionais, demandam pela 
intervenção do Estado, por meio das seguranças afiançadas, especificamente discutidas pela política 
de assistência social.
84
Unidade II
Aspectos de demanda pelo cuidado, há de se desconsiderar clichês de senso comum, em que questões 
relacionais nem sempre estão afetados por comprometimentos na área da saúde, especialmente da 
saúde mental, mas podem estar interligados e intergestados pelas violências e violações gerada pelas 
mazelas da desproteção social, que culminam em processos de exclusão social.
Esse tipo de análise deve ser desconsiderada no âmbito dos serviços, para se efetivar uma lógica de 
predominância de conduta profissional e da gestão pública pela prevalência da centralidade de ações na 
família, com respeito e empoderamento de suas potencialidades.
O grau de valorização da família vai aumentando até chegar a ser colocada 
como instância primordial da sociedade (...). Enfim, na formação capitalista 
sob a égide do liberalismo, a família se conforma com o espaço privado por 
excelência, e como espaço privado, deve responder pela proteção social de 
seus membros (MIOTO, 2008b, p. 133).
Considerando o eixo da matricilidade sociofamiliar, introduz-se uma das redefinições no âmbito da 
política de assistência social, pois tira a exclusividade da ação voltada ao indivíduo e do olhar direcionado 
à segmentação de uma única violação de direito, deslocando-o para um núcleo de ação, por meio do 
qual a família é vista como um todo integrado, ou seja, não somente as necessidades das famílias devem 
ser levadas em conta, mas também suas potencialidades, seus condicionantes históricos e culturais e as 
relações que são estabelecidas entre seus integrantes.
Todas essas intercorrências que ocorrem nas esferas político-econômico-social do espaço público 
repercutem na esfera privada, ou seja, na família. Reconhecer essas intercorrências e incorporá-las na 
proposição das políticas públicas e dos serviços é um desafio proposto pelos eixos estruturantes do Suas.
Assim, a matricialidade sociofamiliar reconhece a família não apenas “como espaço privilegiado e 
insubstituível de proteção e socialização primárias, provedora de cuidados aos seus membros, mas que 
precisa também ser cuidada e protegida” (BRASIL, 2004a, p. 41).
Família, segundo a PNAS, refere-se a “um conjunto de pessoas que se acham unidas por laços 
consanguíneos, afetivos e, ou, de solidariedade” (BRASIL, 2004a, p. 41). Em consonância com as demais 
legislações pertinentes à área da assistência social (Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e 
do Adolescente – ECA, a Loas e o Estatuto do Idoso), adota a família como “mediadora das relações entre 
os sujeitos e a coletividade, delimitando, continuamente os deslocamentos entre o público e o privado, 
bem como geradora de modalidades comunitárias de vida” (BRASIL, 2004a, p. 41), independentemente 
da organização que ela assuma.
Mesmo reconhecendo as significativas mudanças permitidas pelo conceito de matricialidade 
sociofamiliar apresentadas pelo Suas, bem como as novas configurações que atingem as famílias 
contemporâneas, como, por exemplo, seus novos arranjos e composições, “observa-se na prática 
profissional a permanência de antigos padrões e expectativas em relação ao desempenho de papéis 
de cada um dos seus membros, reforçando-se obrigações e tarefas que não correspondem à realidade 
concreta que vivenciam no seu cotidiano” (ARAUJO, 2009, p. 62).
85
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
 Lembrete
Cada peculiaridade individual está correlacionada ao contexto 
sociofamiliar e em muitas das vezes são expressões da questão social, que 
demandam por uma leitura crítica macroestrutural.
O assistente social, ao atender uma família, deverá buscar as referências 
na PNAS, nas NOBs e nas orientações técnicas para cada proteção social e 
demais legislações para garantir que o atendimento seja voltado para todo 
o grupo familiar.
A superação da focalização prevista nesse eixo se relaciona às situações de riscos e vulnerabilidade 
que, como já visto, não se referem apenas à esfera econômica, mas devem levar em consideração outros 
indicadores das necessidades familiares, para que:
se desenvolva uma política de cunho universalista, que em conjunto 
com as transferências de renda em patamares aceitáveis se desenvolva, 
prioritariamente, em redes socioassistenciais que suportem as tarefas 
cotidianas de cuidado e que valorizem a convivência familiar e comunitária 
(BRASIL, 2004a, p. 42).
Dessa forma, garante-se a inclusão da assistência social no tripé da seguridade social, como direito 
de cidadania e articulada a lógica da universalidade (BRASIL, 2004a).
Esta disciplina está desenhando, a partir dos documentos legislativos, as concepções adotadas 
quanto às noções de riscos e vulnerabilidades, alvos da proteção social da assistência social, que, por sua 
vez, ocorrem por “níveis de complexidade do processo de proteção, por decorrência do impacto desses 
riscos no indivíduo e em sua família” (BRASIL, 2005, p. 92).
A PNAS de 2004 foi a primeira normativa a abordar a proteção social, introduzindo os conceitos básicos 
que constituem cada um dos níveis de proteção previstos e os locais onde eles seriam prioritariamente 
desenvolvidos. Na NOB/Suas de 2005, esses conceitos são ampliados pela discussão que tange à questão 
dos níveis de gestão e financiamento dos municípios.
Em 2009, foi publicada a resolução 109 do CNAS, que dispõe sobre a Tipificação nacional dos serviços 
socioassistenciais, apresentando as características básicas para os serviços que compõem o Suas.
Após essas etapas de consolidação da atenção aos usuários da política de assistência social, fez-se 
necessário pensar individualmente nas orientações técnicas de todos os serviços em especial. A partir 
de então, foi publicada uma série de cadernos de orientação técnica que dispõem sobre a organização, 
competências e ações de cada serviço previsto na tipificação.
86
Unidade II
Proteção social 
especial de alta 
complexidade
Proteção social de 
média complexidade
Proteção social básica
Vínculos familiares 
e comunitários 
fragilizados
Vínculos familiares 
e comunitários 
mantidos
Es
ca
la
 d
e 
vu
ln
er
ab
ili
da
de
 e
 ri
sc
o
Assistência social 
e as proteções 
afiançadas
Ausência de 
vínculos familiares 
e comunitários
Figura 21 – Proteção socioassistencial e níveis de complexidade
À medida que as vulnerabilidades se instalam, os riscos aumentam e as fragilidades se ampliam; 
os usuários que não receberem a proteção básica de forma preventiva, podem migrar para outras 
proteções, sem nunca deixarem de ser da proteção básica, locos privilegiado de todos os usuários da 
proteção socioassistencial.
A proteção social se complementa em duas proteções, a básica e a especial, sendo que essa última 
tem dois estágios, sendo de média e de alta complexidade, conforme os vínculos se fragilizam ou ainda 
se rompem – a rede de proteção social do Suas, compreendendo as duas proteções sociais que se 
articulam entre si e intersetorialmente.
Quadro 9 – Serviços ofertados por proteção social e nível de complexidade
Proteção social 
básica (PSB)
1. Serviço de proteção e atendimento integralà família (Paif)
2. Serviço de convivência e fortalecimento de vínculos (para os ciclos de vida: de 0-6, 
6-15, 15-17, 18-29, 30-59 anos e pessoas idosas)
3. Serviço de proteção social básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas
Proteção social 
especial (PSE)
Média 
complexidade
1. Serviço de proteção e atendimento especializado a famílias e indivíduos (Paefi)
2. Serviço especializado em abordagem social
3. Serviço de proteção social a adolescentes em cumprimento de medida 
socioeducativa (MSE) de liberdade assistida (LA) e de prestação de serviços à 
comunidade (PSC)
4. Serviço de proteção social especial para pessoas com deficiência, idosas e suas 
famílias
5. Serviço especializado para pessoas em situação de rua
Centros de referência especializados para população em situação de rua (Centro POP)
87
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
Alta 
complexidade
6. Serviço de acolhimento institucional
7. Serviço de acolhimento em república
8. Serviço de acolhimento em família acolhedora
9. Serviço de proteção em situações de calamidades públicas e de emergências
10. Instituição de longa permanência para idoso (Ilpi)
Adaptado de: CNAS (2009, p. 5-6).
 Saiba mais
Todos os documentos legislativos podem ser baixados na biblioteca do 
site do Ministério da Cidadania, Secretaria Especial do Desenvolvimento 
Social. Disponível em: <http://mds.gov.br/>. Acesso em: 24 jul. 2019.
A rede socioassistencial é o conjunto de ações públicas e privadas que compõem o Suas nos 
territórios, compreendendo todos os níveis de proteção afiançados pela política. Constituem-se em 
serviços, programas e projetos que operam os benefícios previstos na Constituição Federal de 1988, Loas 
de 1993 e ações propostas pelos governos federais e estaduais. De acordo com a PNAS e com a Loas, são 
entendidos por:
Serviços: atividades continuadas, definidas no art. 23 da Loas, que visam 
à melhoria da vida da população e cujas ações estejam voltadas para as 
necessidades básicas da população, observando os objetivos, princípios e 
diretrizes estabelecidas nessa lei. A Política Nacional de Assistência Social 
prevê seu ordenamento em rede, de acordo com os níveis de proteção social: 
básica e especial, de média e alta complexidade.
Programas: compreendem ações integradas e complementares, tratadas no 
art. 24 da Loas, com objetivos, tempo e área de abrangência, definidos para 
qualificar, incentivar, potencializar e melhorar os benefícios e os serviços 
assistenciais, não se caracterizando como ações continuadas.
Projetos: definidos nos arts. 25 e 26 da Loas, caracterizam-se como 
investimentos econômico-sociais nos grupos populacionais em situação de 
pobreza, buscando subsidiar técnica e financeiramente iniciativas que lhes 
garantam meios e capacidade produtiva e de gestão para a melhoria das 
condições gerais de subsistência, elevação do padrão de qualidade de vida, 
preservação do meio ambiente e organização social, articuladamente com 
as demais políticas públicas. De acordo com a PNAS/2004, esses projetos 
integram o nível de proteção social básica, podendo, contudo, voltar-se 
ainda às famílias e pessoas em situação de risco, público-alvo da proteção 
social especial (BRASIL, 2011g, p. 17-19).
88
Unidade II
Benefícios:
• Benefício de prestação continuada – BPC: previsto na Loas e no Estatuto do Idoso, é provido pelo 
Governo Federal, consistindo no repasse de 1 (um) salário mínimo mensal ao idoso (com 65 anos 
ou mais) e à pessoa com deficiência que comprovem não ter meios para suprir sua subsistência ou 
de tê-la suprida por sua família. Esse benefício compõe o nível de proteção social básica, sendo 
seu repasse efetuado diretamente ao beneficiário.
Prevê a garantia de 1 salário mínimo 
mensal à pessoa com deficiência e 
ao idoso com 65 (sessenta e cinco) 
anos ou mais e que comprove não 
possuir meios de prover a própria 
manutenção e nem de tê-la provida 
por sua família.
Benefício 
de prestação 
continuada
Figura 22 – BPC
O BPC possui alguns critérios de seleção, conforme descritos a seguir:
• entende-se por família pessoas que vivam sob o mesmo teto;
• entende-se por pessoa com deficiência aquela incapacitada para a vida independente e para 
o trabalho;
• o critério de acesso são famílias cuja renda per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo;
• não pode ser acumulado com benefício da seguridade social;
• a situação de internado não prejudica o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício;
• a concessão do benefício, para pessoa com deficiência, ficará sujeita a exame médico pericial e 
laudo realizados pelos serviços de perícia médica do INSS;
• na hipótese de não existirem serviços no município de residência do beneficiário, fica assegurado, 
na forma prevista em regulamento, o seu encaminhamento ao município mais próximo;
• o benefício passará por revisão a cada dois anos para avaliação da continuidade das condições 
que lhe deram origem;
• benefícios eventuais: são previstos no art. 22 da Loas e visam o pagamento de auxílio por natalidade 
ou morte, ou para atender necessidades advindas de situações de vulnerabilidade temporária, 
com prioridade para a criança, a família, o idoso, a pessoa com deficiência, a gestante, a nutriz e 
nos casos de calamidade pública (BRASIL, 2011g).
89
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
Benefícios que visam o pagamento 
de auxílio por natalidade, calamidade 
pública ou morte às famílias cuja renda 
mensal per capita seja inferior a 1/4 do 
salário mínimo.
Benefício 
de prestação 
continuada
Figura 23 – Beneficíos eventuais
 Saiba mais
O BPC atende a população indígena. Para saber mais, leia:
QUERMES, P. A. A.; CARVALHO, J. A. Os impactos dos benefícios 
assistenciais para os povos indígenas. Serviço Social & Sociedade, n. 116, 
p. 769-791, out.-dez. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/sssoc/
n116/10.pdf>. Acesso em: 2 jul. 2019.
A concessão desses benefícios deverá ser regulamentada pelos conselhos de assistência social dos 
estados, do Distrito Federal e dos municípios, mediante critérios e prazos definidos pelo CNAS. Ademais, 
acrescenta-se que:
• Poderão ser estabelecidos outros benefícios eventuais, para atender necessidades advindas de 
situações de vulnerabilidade temporária, com prioridade para a criança, a família, o idoso, a pessoa 
com deficiência, a gestante, a nutriz e nos casos de calamidade pública.
• O CNAS, ouvidas as respectivas representações de estados e municípios dele participantes, poderá 
propor, na medida das disponibilidades orçamentárias das três esferas de governo, a instituição de 
benefícios subsidiários no valor de até 25% (vinte e cinco por cento) do salário mínimo para cada 
criança de até 6 (seis) anos de idade, nos termos da renda mensal familiar estabelecida no caput 
(BRASIL, 2011f).
• Transferência de renda: programas que visam o repasse direto de recursos dos fundos de assistência 
social aos beneficiários, como forma de acesso à renda, visando o combate à fome, à pobreza e 
outras formas de privação de direitos, que levem à situação de vulnerabilidade social, criando 
possibilidades para a emancipação, o exercício da autonomia das famílias e indivíduos atendidos 
e o desenvolvimento local (BRASIL, 2005).
90
Unidade II
Figura 24 – Bolsa Família
 Saiba mais
O Bolsa Família é um programa que contribui para o combate à pobreza 
e à desigualdade no Brasil, criado em outubro de 2003. Para saber mais, veja:
CAMPELLO, T.; NERI, M. C. (Orgs.). Programa Bolsa Família: uma década de 
inclusão e cidadania. Brasília: Ipea, 2013. Disponível em: <www.ipea.gov.br/
portal/index.php?option=com_content&id=20408>. Acesso em: 2 jul. 2019.
SECRETARIA DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL. Conheça o programa Bolsa 
Família. Brasília, jul. 2015. Disponível em: <http://mds.gov.br/assuntos/bolsa-familia/o-que-e>. Acesso em: 2 jul. 2019.
Quadro 10 – Descrição de Cras e Creas
Cras Creas
Descrição
Busca prevenir a ocorrência de situações de risco antes 
que aconteçam, por meio do desenvolvimento de 
potencialidade e aquisições, de fortalecimento de vínculos 
familiares e comunitários, e da ampliação do acesso aos 
direitos de cidadania.
Oferece apoio e orientação especializados a 
indivíduos e famílias vítimas de violência física, 
psíquica e sexual, negligência, abandono, ameaça, 
maus tratos e discriminações sociais.
Público-alvo
Famílias e indivíduos em situação de desproteção, pessoas 
com deficiência, pessoas idosas, crianças retiradas de 
trabalho infantil, pessoas inseridas no Cadastro Único 
e usuários de programas de transferência de renda: 
Bolsa Família, benefício de prestação continuada (BPC), 
programa de capacitação para o trabalho, entre outros.
Trabalho com indivíduos em que o risco já se 
instalou, tendo seus direitos violados, sendo 
vítimas de violência física, psíquica e sexual, 
negligência, abandono, ameaças, maus tratos e 
discriminações sociais.
Adaptada de: Brasil (2004a).
91
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
Segundo a NOB/Suas de 2005, a rede socioassistencial deve se organizar a partir da oferta 
integrada de ações descritas anteriormente, visando a cobertura de riscos, vulnerabilidade, danos, 
vitimizações, agressões ao ciclo de vida e à dignidade humana. Deve ser mantido o caráter público de 
corresponsabilidade e complementariedade das ações da rede, evitando paralelismo e fragmentação 
das ações, tendo o Cras e o Creas como unidade de referência das ações e porta de entrada dos serviços 
da rede e a territorialidade como princípio da oferta de serviços, com objetivo de desenvolver ações de 
caráter educativo e preventivo nos territórios mais vulneráveis e com maior incidência de risco social. As 
ações devem ter caráter continuado, com planejamento, monitoramento e avaliação, bem como garantia 
de financiamento com recursos públicos e próprios quando se tratar da rede não governamental. Deve 
ser assegurada a referência unitária em todo território nacional de nomenclatura, conteúdo, padrão de 
funcionamento e indicadores de resultados (BRASIL, 2005).
O território de abrangência do Cras tem por referência até 5.000 famílias sob situação de 
vulnerabilidade e como meta de atendimento 1.000 famílias/ano, sendo que essa referência pode mudar 
conforme o porte do município, como no quadro a seguir:
Quadro 11 – Porte do município em relação aos serviços da proteção social básica
Município Cras
Pequeno porte I Mínimo de um Cras para até 2.500 famílias referenciadas
Pequeno porte II Mínimo de um Cras para até 3.500 famílias referenciadas
Médio porte Mínimo de dois Cras, cada um para até 5.000 famílias referenciadas
Grande porte Mínimo de quatro Cras, cada um para até 5.000 famílias referenciadas
Metrópoles Mínimo de oito Cras, cada um para até 5.000 famílias referenciadas
Adaptada de: Brasil (2004a).
Serviço de proteção e atendimento 
integral à família (Paif)
Serviço de proteção social básica 
no domicílio para pessoas com 
deficiência e idosas
Secretaria Municipal de 
Assistência Social
Serviço de convivência e fortalecimento 
de vínculos (SCFV)
Centro de 
convivência 
inclusivo e 
intergeracional
Organizações da 
sociedada civil (OSC)
Creas
Outras 
políticas 
públicas
Rede 
socioassistencial 
local
De
ma
nd
a 
esp
on
tân
ea
Busca ativa
Figura 25 – O Cras e a gestão do território PSB
92
Unidade II
6.1 Proteção social básica
6.1.1 Cras‑Paif
O principal serviço ofertado na proteção social básica, dentro do Cras, é o Paif, que segundo a 
Tipificação nacional de serviços socioassistenciais:
consiste no trabalho social com famílias, de caráter continuado, com 
a finalidade de fortalecer a função protetiva das famílias, prevenir a 
ruptura dos seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos e 
contribuir na melhoria de sua qualidade de vida. Prevê o desenvolvimento 
de potencialidades e aquisições das famílias e o fortalecimento de vínculos 
familiares e comunitários, por meio de ações de caráter preventivo, protetivo 
e proativo. O trabalho social do Paif deve utilizar-se também de ações nas 
áreas culturais para o cumprimento de seus objetivos, de modo a ampliar 
universo informacional e proporcionar novas vivências às famílias usuárias 
do serviço. As ações do Paif não devem possuir caráter terapêutico (BRASIL, 
2014a, p. 12).
Ainda para o Paif, que terá como objetivo ofertar o trabalho social com famílias, as orientações 
técnicas sobre o Paif definem o trabalho como:
conjunto de procedimentos efetuados a partir de pressupostos éticos, 
conhecimento teórico-metodológico e técnico-operativo, com a finalidade 
de contribuir para a convivência, reconhecimento de direitos e possibilidades de 
intervenção na vida social de um conjunto de pessoas, unidas por laços 
consanguíneos, afetivos e/ou de solidariedade – que se constitui em um 
espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socialização primárias, com 
o objetivo de proteger seus direitos, apoiá-las no desempenho da sua função 
de proteção e socialização de seus membros, bem como assegurar o convívio 
familiar e comunitário, a partir do reconhecimento do papel do Estado na 
proteção às famílias e aos seus membros mais vulneráveis. Tal objetivo 
materializa-se a partir do desenvolvimento de ações de caráter “preventivo, 
protetivo e proativo”, reconhecendo as famílias e seus membros como 
sujeitos de direitos e tendo por foco as potencialidades e vulnerabilidades 
presentes no seu território de vivência (BRASIL, 2012b, p. 12).
Partindo dessa definição, relembramos alguns conceitos já trabalhados nas bases conceituais do 
Suas, como a universalidade de direitos, matricialidade sociofamiliar, por meio da introdução de “novas 
referências para a compreensão dos diferentes arranjos familiares, superando o reconhecimento de um 
modelo único baseado na família nuclear” (BRASIL, 2004a, p. 35) e na territorialização. Esses temas 
perpassarão todas as fases de execução da política, e no Cras são identitários de sua constituição, 
tomando-os inclusive como instrumentos de gestão do Cras.
93
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
Os Cras estão localizados privilegiadamente nos territórios de vulnerabilidade, e se caracterizam 
“como a principal porta de entrada do Suas, ou seja, é uma unidade que possibilita o acesso de um 
grande número de famílias à rede de proteção social de assistência social” (BRASIL, 2009b, p. 9) e 
deve atuar “com famílias e indivíduos em seu contexto comunitário, visando a orientação e o convívio 
sociofamiliar e comunitário” (BRASIL, 2004a, p. 35).
Como verificamos na tabela síntese da proteção social, previstos na Tipificação nacional dos serviços 
socioassistenciais, compõem a rede de serviços da proteção social básica o Paif; o serviço de convivência 
e fortalecimento de vínculos; e o serviço de proteção social básica no domicílio, para pessoas com 
deficiência e idosas.
O Paif deve ser ofertado exclusivamente pelo Cras e desenvolvido pela instituição pública, com 
funcionários públicos. Os demais serviços podem ser também ofertados no Cras, desde que disponham 
de espaço físico, equipamentos e recursos materiais e humanos compatíveis, específicos para cada 
serviço, ou podem ocorrer em outras unidades públicas ou em organizações da sociedade civil (OSC), 
denominadas nos cadernos de orientações e demais normativas como entidades privadas sem fins 
lucrativos, prestadoras de serviços.
Se desenvolvidos por instituição pública ou privada, em espaço externo ao Cras, devem estar 
referenciados e articulados ao Paif.
Estar referenciado ao Cras significa receber orientações emanadas do 
Poder Público, alinhadas às normativasdo sistema único e estabelecer 
compromissos e relações, participar da definição de fluxos e procedimentos 
que reconheçam a centralidade do trabalho com famílias no território e 
contribuir para a alimentação dos sistemas da Rede Suas (e outros). Significa, 
portanto, estabelecer vínculos com o Sistema Único de Assistência Social 
(BRASIL, 2009b, p. 22).
A articulação dessa rede é um instrumento de gestão da política, uma possibilidade de ampliar 
o alcance das ações e “superar a fragmentação na prática dessa política, o que supõe constituir ou 
redirecionar essa rede, na perspectiva de sua diversidade, complexidade, cobertura, financiamento e do 
número potencial de usuários que dela possam necessitar” (BRASIL, 2005, p. 92).
O que significa que o Cras é a única unidade de serviço que, além de ofertar o Paif, é responsável 
por fazer a gestão da proteção social básica no seu território de abrangência, além de promover 
a articulação com a proteção social especial, por meio do Creas ou, na sua ausência, a quem for 
designado para coordenar a proteção social especial no município ou Distrito Federal (BRASIL, 2009b). 
Destacando a articulação da rede socioassistencial e da rede intersetorial e a busca ativa.
É a articulação da rede socioassistencial que promove o acesso efetivo da população aos serviços, 
programas, projetos e benefícios da política de assistência social, bem como a gestão integrada dos 
benefícios e programas de transferência de renda, estabelecendo fluxos e procedimentos pelo referencial 
das ações, contribuindo para definição de atribuições com vistas a evitar a sobreposição de ações, 
94
Unidade II
rompendo, assim, com a fragmentação das ações por meio do “estabelecimento de contatos, alianças, 
fluxos de informações e encaminhamentos entre o Cras e as demais unidades de proteção social básica 
do território” (BRASIL, 2009b, p. 21).
Nesse sentido, essa articulação compreende que todos os serviços da proteção social básica 
executados no território deverão estar referenciados no Cras; assim, caberá às equipes conhecerem 
o território, conhecer quem são as famílias atendidas nessa rede, quais as fragilidades e 
potencialidades apresentadas, se a oferta de serviços é suficiente ou não para atender à demanda 
do território, se os serviços prestados seguem ou não as diretrizes da política da assistência social, 
tanto no que tange à universalidade dos direitos sociais quanto às metodologias sugeridas pelo 
Ministério da Cidadania.
Contribui, ainda, para:
dar unidade aos objetivos e concepção do Suas; para alinhar os serviços 
socioassistenciais à PNAS, NOB-Suas, e para fazer cumprir as normativas 
de vinculação ao Sistema: instituições necessariamente reconhecidas pelo 
Conselho de Assistência Social, ofertando serviços de acordo com Tipificação 
nacional dos serviços socioassistenciais e com os parâmetros de qualidade 
estabelecidos. Contribui ainda para a definição da periodicidade de envio 
de informações para o Cras necessárias à alimentação da Rede Suas e de 
outros sistemas, bem como para o acompanhamento dos serviços (BRASIL, 
2009b, p. 23).
A articulação intersetorial permite o diálogo da política da assistência social com as demais políticas sociais, 
garantindo o acesso das famílias aos direitos sociais, definindo a prioridade de acesso e ampliando o potencial 
de resolutividade da situação pela resposta integrada a um objetivo comum. Demanda a abertura do diálogo 
das políticas na busca de uma resposta comum ao enfrentamento das dificuldades oriundas do processo de 
exclusão social, por meio da “superação da fragmentação dos conhecimentos e das estruturas sociais, para 
produzir efeitos mais significativos na vida da população, respondendo com efetividade a problemas sociais 
complexos” (BRASIL, 2009b, p. 26).
No entanto, faz-se importante ressaltar que apesar da articulação intersetorial depender de uma 
“ação deliberada, que pressupõe a ideia de conexão, vínculo, relações horizontais entre parceiros, 
interdependência de serviços, respeito à diversidade e às particularidades de cada setor”, não está sob 
a governabilidade da política de assistência social, ou seja, para que aconteça “é necessário um papel 
ativo do Poder Executivo municipal ou do DF, como articulador político entre as diversas secretarias 
que atuam nos territórios dos Cras, de modo a priorizar, estimular e criar condições para a articulação 
intersetorial local” (BRASIL, 2009b, p. 26).
95
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
 Saiba mais
Para saber mais sobre o assunto, leia:
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações 
técnicas: centro de referência de assistência social – Cras. Brasília: MDS, 2009. 
Disponível em: <http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_
social/Cadernos/orientacoes_Cras.pdf>. Acesso em: 2 jul. 2019.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. 
Secretaria Nacional de Assistência Social. Sistema Único de Assistência 
Social. Orientações técnicas sobre o Paif. Brasília, 2012. v. 2. Disponível em: 
<http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/
Cadernos/Orientacoes_PAIF_2.pdf>. Acesso em: 2 jul. 2019.
A busca ativa é um instrumento para as equipes obterem o conhecimento do território, fundamentais para 
planejar e elaborar o diagnóstico social, identificando as vulnerabilidades e potencialidades, compreendendo 
melhor a realidade dos usuários e possibilitando a proposição de ações contundentes e proativas.
A busca ativa refere-se à procura intencional, realizada pela equipe de referência 
do Cras, das ocorrências que influenciam o modo de vida da população em 
determinado território. Tem como objetivo identificar as situações de 
vulnerabilidade e risco social, ampliar o conhecimento e a compreensão 
da realidade social, para além dos estudos e estatísticas. Contribui para o 
conhecimento da dinâmica do cotidiano das populações (a realidade vivida pela 
família, sua cultura e valores, as relações que estabelece no território e fora dele); 
os apoios e recursos existentes e seus vínculos sociais (BRASIL, 2009b, p. 29).
Com o objetivo de prevenir situações de risco, desenvolver potencialidade e aquisições e fortalecer 
os vínculos familiares e comunitários, a proteção social básica visa atuar de forma preventiva, protetiva 
e proativa. Sendo que:
A ação preventiva tem por escopo prevenir ocorrências que interfiram no 
exercício dos direitos de cidadania. O termo ‘prevenir’ tem o significado 
de “preparar; chegar antes de; dispor de maneira que se evite algo (dano, 
mal); impedir que se realize”. Assim, a prevenção no âmbito da Proteção 
Social Básica (PSB) denota a exigência de uma ação antecipada, baseada 
no conhecimento do território, dos fenômenos e suas características 
específicas (culturais, sociais e econômicas) e das famílias e suas histórias. 
O caráter preventivo requer, dessa forma, intervenções orientadas a evitar a 
ocorrência ou o agravamento de situações de vulnerabilidade e risco social, 
que impedem o acesso da população aos seus direitos.
96
Unidade II
A atuação protetiva significa centrar esforços em intervenções que visam 
amparar, apoiar, auxiliar, resguardar, defender o acesso das famílias e seus 
membros aos seus direitos. Assim, a PSB deve incorporar em todas as 
intervenções o caráter protetivo, envidando esforços para a defesa, garantia 
e promoção dos direitos das famílias.
Já a atuação proativa está ligada ao reconhecimento, à tomada de 
responsabilidade e à intervenção frente a situações-problema que 
obstaculizam o acesso da população aos seus direitos, mas que ainda não 
foram apresentadas como tal. A proatividade é o contrário de reatividade, 
que é a propriedade de reagir aos estímulos externos. Assim, ser proativo no 
âmbito da PSB é tomar iniciativa, promover ações antecipadas ou imediatas 
frente a situações

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