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1 Centro Universitário Leonardo Da Vinci Curso Bacharelado em Serviço Social ROSÂNGELA MARTINS OZORIO SES0626 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL JUNTO AO PAIF DO CRAS IV DA CIDADE DE LAGES SC LAGES 2021 2 ROSÂNGELA MARTINS OZÓRIO A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL JUNTO AO PAIF DO CRAS IV DA CIDADE DE LAGES SC Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de TCC – do Curso de Serviço Social – do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Nome do Tutor Externo – Orientador Local Marta Tavares Castro. LAGES 2021 3 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL JUNTO AO PAIF DO CRAS IV DA CIDADE DE LAGES SC ROSÂNGELA MARTINS OZÓRIO Trabalho de Conclusão de Curso aprovado do grau de Bacharel em Serviço Social, sendo- lhe atribuída à nota “______” (_____________________________), pela banca examinadora formada por: _________________________________________________________ PRESIDENTE: ORIENTADOR LOCAL: MARTA TAVARES DE CASTRO ________________________________________________________ Membro: CRISLAYNE MOURA ____________________________________________ Membro: KELLIN ÁVILA LAGES 2021 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, pelo amor, incentivo e total apoio nessa jornada vitoriosa, aos meus filhos pelos períodos de ausência enquanto me dedicava a realização desse trabalho. Dedico também para minha amiga de turma e de trabalho Ana Miriam Boeira, pelo incondicional apoio durante todo processo. 5 AGRADECIMENTOS A Deus, pela luz contínua no caminho. A família, pela compreensão e apoio nas ausências necessárias. Aos mestres pela intermediação na construção do conhecimento. A orientadora local: Marta Tavares de Castro pela postura profissional firme, o que promove no aluno a busca pelo sabe fazer. A Supervisor de Campo – Roberta Florêncio Sanches, pelo apoio nessa caminhada. Aos colegas, pela convivência na caminhada e troca de experiências. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado. 6 RESUMO O PAIF é essencial para a proteção básica de Assistência Social, uma vez que assegura espaços de convívio, informa e garante acessos aos direitos socioassistenciais, contribui para a gestão intersetorial local, para o desenvolvimento da autonomia, o empoderamento das famílias e ampliação de sua capacidade protetiva. O objetivo geral desta pesquisa é descrever a atuação do Assistente Social junto ao PAIF do CRAS IV da cidade de Lages SC. O estudo é do tipo bibliográfico e documental. A pesquisa bibliográfica se caracterizou pela busca de referencial teórico para fundamentar a abordagem. As fontes foram publicações científicas dos bancos de dados disponíveis na Internet, também em livros e revistas que abordam o tema. A pesquisa documental consistiu na pesquisa de informações, realizada nos documentos disponíveis na instituição. As informações selecionadas foram registradas em diário de anotações utilizadas na construção do presente Trabalho de Conclusão de Curso. Concluiu-se que à medida que o processo de acompanhamento familiar for evoluindo e o Plano de Acompanhamento Familiar cumprir seus objetivos, ou seja, quando as vulnerabilidades sociais, motivadoras do processo de acompanhamento forem superadas, a família em conjunto com o profissional, após o processo denominado “avaliação”, pode optar pelo encerramento do acompanhamento familiar. Isso não impossibilita que as famílias continuem participando das ações do PAIF, isto é, não as impede de continuar sendo atendidas pelo Serviço. Palavras-chave: Programa de Atenção Integral à Família – PAIF. Atuação Profissional. Serviço Social. 7 ABSTRACT The PAIF is essential for the basic protection of Social Assistance, as it ensures spaces for social interaction, informs and guarantees access to social assistance rights, contributes to local intersectoral management, to the development of autonomy, the empowerment of families and expansion of their capacity protective. The general objective of this research is to describe the role of the Social Worker with the PAIF of CRAS IV in the city of Lages SC. The study is bibliographical and documentary. The bibliographical research was characterized by the search for a theoretical framework to support the approach. The sources were scientific publications from databases available on the Internet, also in books and magazines that address the topic. The documental research consisted of a search for information, carried out on the documents available at the institution. The selected information was registered in a diary of notes used in the construction of this Course Conclusion Paper. It was concluded that As the family monitoring process evolves and the Family Monitoring Plan fulfills its objectives, that is, when the social vulnerabilities that motivate the monitoring process are overcome, the family together with the professional, after the process called “assessment”, you can choose to close family monitoring. This does not prevent families from continuing to participate in PAIF's actions, that is, it does not prevent them from continuing to be assisted by the Service. Keywords: Comprehensive Family Care Program – PAIF. Professional Performance. Social service. . 8 LISTA DE ABREVIATURAS BPC – Benefício da Prestação Continuada. CAdUnico - Cadastro Único CNSS – Conselho Nacional de Serviço Social. CRAS – Centro de Referência de Assistência Social. CREAS - Centro de Referência Especializado de Assistência Social. CF/88 – Constituição Federal Brasileira de 1988. CRB – Constituição da República do Brasil. LBA – Legião Brasileira de Assistência. LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social. PAEFI – Serviço de Atendimento Especializado à Família e Indivíduos. PAIF – Serviço de Proteção e Atendimento Integral as Famílias. PNAIF – Plano Nacional de Atendimento Integrado à Família. RMA – Relatório Mensal de Atendimentos. SCFV – Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo. SMPM – Secretaria Municipal de Políticas para Mulher. SRAMSV – Serviço de Referência em Atendimento às Mulheres em Situação de Violência. SUAS – Sistema Único de Assistência Social. 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................10 2 APRESENTAÇÃO DO TEMA..................................................................................... 12 2.1. A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL DENTRO DA POLÍTICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL....................................................................................................12 2.2 PRINCÍPIOS CONTITUCIONAIS QUE FUNDAMENTAM O BENEFÍCIO DA PRESTAÇÃO CONTINUADA..........................................................................................14 3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E A RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL............................................................................................................................. 16 3.1 HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO ESTUDADA.....................................................…..22 3.2 RECURSOS HUMANOS QUE ATUAM NO SERVIÇO……………………………24 4 JUSTIFICATIVA.......................................................................................................….245 OBJETIVOS DA PESQUISA........................................................................................26 5.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 26 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................ 26 6 METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................................... 26 7. ANALISE DOS DADOS DA PESQUISA ...................................................................27 7.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS.................................................................................27 7.2 ANÁLISE DOS DADOS...............................................................................................27 7.3 RESULTADOS DA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL………………………28 7.3.1 ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL JUNTO AO PAIF DO CRAS IV DA CIDADE DE LAGES SC.....................................................................................................32 7.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..............................................................................33 8 CONCLUSÃO..................................................................................................................38 REFERÊNCIAS..................................................................................................................42 ANEXOS..............................................................................................................................44 10 1 INTRODUÇÃO O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família – PAIF é oferecido em todos os Centros de Referência de Assistência Social - CRAS. O PAIF é essencial para a proteção básica de Assistência Social, uma vez que assegura espaços de convívio, informa e garante acessos aos direitos socioassistenciais, contribuindo para a gestão intersetorial local, para o desenvolvimento da autonomia e do empoderamento das famílias e ampliação de sua capacidade protetiva. Destaca-se a importância do Assistente Social dentro do CRAS/PAIF. O CRAS IV da cidade de Lages SC, tem como público alvo para atendimento, os usuários e famílias que se encontram em determinado nível de vulnerabilidade social e que reside no território de abrangência, caracterizados pelos seguintes bairros: Vila Esperança, Índios, Cristal, Moradas do Sol, Nossa Senhora Aparecida, CDL, Jardim das Camélias, Jardim Celina, Restinga Seca, Guadalajara, Guarujá, Interior, Bates, Pisani e Tributo. Referindo-se ainda ao público prioritário: famílias beneficiárias de programas de transferência de renda e aquelas que atendem os critérios de elegibilidade a benefícios assistenciais; Famílias em situação de vulnerabilidade em decorrência de dificuldades vivenciadas por algum de seus membros. Pessoas com alguma deficiência ou pessoas idosas que vivenciam situações de vulnerabilidade e risco social. A demanda surge em situações coletivas e compartilhadas. Mesmo quando se manifesta através de um único indivíduo ou grupo, a demanda é sempre social, estando ligada às condições de existência e devendo ser compreendida no âmbito da sociedade. Sendo e expressão de uma falta, a demanda já apresenta elementos de um projeto que busca responder a essa falta (LÉVY IN MACHADO et al., 2001) As seguranças básicas devem nortear todas as ações da área da política de Assistência Social, incluindo o PAIF, o que abrange o trabalho com grupos. Porém, é importante que a não existência da rede de serviços, articulada e integrada, traz dificuldades diversas para esta realização, incluindo para a afetiva utilização das atividades grupais e comunitárias (Afonso, Hennon, Carico & Peterson, 2013). As ações do PAIF devem ser de caráter preventivo, protetivo e proativo estabelecido intencionalmente a segmentos populacionais com maior índice de vulnerabilidade, de modo que sejam identificadas potencialidades e vulnerabilidades 11 bem como possibilidades para seu enfrentamento. Dessa forma, reconhecemos o PAIF como fundamental execução da Política Nacional de Assistência Social, pois decentraliza a responsabilidade do Estado no atendimento e acompanhamento das famílias, assegurando o acesso aos direitos e melhoria de qualidade de vida. O objetivo geral desta pesquisa é descrever a atuação do Assistente Social junto ao PAIF do CRAS IV da cidade de Lages SC. Esta pesquisa é do tipo bibliográfico e documental. A pesquisa bibliográfica se caracterizou pela busca de referencial teórico para fundamentar a abordagem. As fontes foram publicações científicas dos bancos de dados disponíveis na Internet, também em livros e revistas que abordam o tema. A pesquisa documental consistiu na pesquisa de informações uteis para a pesquisa, realizada nos documentos disponíveis na instituição. As informações selecionadas foram registradas em diário de anotações utilizadas na construção do presente Trabalho de Conclusão de Curso. O presente Trabalho de Conclusão de Curso se apresenta estruturado em capítulos, a saber: Apresentação do tema; Problematização do tema e a relação com a questão social; Justificativa; Objetivos da Pesquisa; Metodologia da Pesquisa; Análise dos dados da pesquisa. 12 2 APRESENTAÇÃO DO TEMA 2.1 A ATUAÇÃO DA ASSISTENTE SOCIAL DENTRO DA POLÍTICA PÚBLICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL O Serviço Social surgiu a partir de 1930, quando se iniciou o processo de industrialização e urbanização no Brasil. Na época a profissão estava relacionada a articulação dos poderes dominantes como: burguesia industrial, oligarquias cafeeiras, igreja católica e Estado Varguista. O objetivo era controlar as insatisfações populares dos trabalhadores e frear qualquer possibilidade de reivindicação. O Serviço Social no Brasil remonta aos primeiros anos da década de 30, como fruto da iniciativa particular de vários setores da burguesia, fortemente respaldados pela Igreja Católica e tendo como referencial o serviço social europeu. Evidentemente não pode ser entendido como uma simples transposição de modelos ou mera importação de ideias, pois suas origens estão profundamente relacionadas com o complexo do quadro histórico conjuntural que caracterizava o país naquele momento (IAMAMOTO, 2009, p.122). No momento atual, a Constituição Federal de 1988, foi um passo muito importante para reconhecer a Assistência Social como uma política pública e social em um nesse marco histórico da profissão, abordando a seguridade social. Art. 194 onde descreve que “A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à Assistência Social”. Porém, nos artigos 203 e 204 da CF/88, discutem sobre a disposição do Serviço Social com relação as ações que envolvem o custeio da seguridade social, trazendo a Assistência Social como base para a garantia dos direitos básicos do cidadão, expandindo os serviços prestados para a população descoberta. A questão social é uma das faces das desigualdades sociais em consequência do regime capitalista. Suas diversas manifestações são indissociáveis das relações entre as classes sociais que estreitam esse sistema e nesse sentido a questão social se expressa também na resistência e na disputa política (IAMAMOTO, 2009, p.3). 13 As políticas sociais representam neste contexto amenizar as desigualdades sociais. No desempenho do que propõem as políticas sociais o papel do assistente social no CRAS se torna fundamental na articulação de projetos de ação em acordo com os objetivos do PAIF como política social. (E assim foi criada a primeira grande regulação da assistência no país quando foi instalada o Conselho Nacional de Serviço Social-CNSS em 1938). Tinha como função subsidiar as organizações que prestavam amparo social, ou seja, o CNSS tinha como uma de suas funções analisarem adequações das entidades sociais e de seus pedidos de subvenções e isenções. A primeira grande instituição de Assistência foi a LBA - Legião Brasileiro de Assistência, que teve sua gênese marcada pela presença das mulheres pelo patriotismo (IAMAMOTO, 2009). A Assistência Social, de maneira lenta e efetiva, foi garantindo espaço no campo legal e jurídico, ainda que as práticas fossem exercidas de forma a serem reconhecidas como caridade e benevolência. Para desempenhá-lo dessas ações, a LBA procura auxilio juntamente às instituições de ensino de Serviço Social especializadas, o que facilitou para a aproximação de interesse em comum entre ela e o Serviço Social, pois seria necessário a atuação de um profissional técnico na área social, inclusive para autenticar a profissão. Durante o processo de ampliação, procura-se mobilizar e coordenar as instituições sociais nas esferas públicas e privadas, ao tempo em que por meio de ações próprias, tenta prover as defasagens apresentadas pelo sistema assistencial existente, [...] dessa forma contribui para a organização, ampliação e interiorização da Assistência Social, levando ao entendimento de princípios, métodos e técnicas do Serviço Social, bem como a contratação de profissionais da área considerando o ensino especializado. Nesta totalidade a Assistência Social começa a ganhar novas configurações e passa a ser debatida como um direito do cidadão, forçando o Estado a romper com a lógica da caridade e da benignidade para assumir a sua responsabilidade. As mobilizações democráticas estabeleceram práticas inovadoras na área social, dando enredo à intensa discussão a respeito da formulação das políticas públicas de Assistência Social. (IAMAMOTO, 2009). Percebe-se que os objetivos do Serviço Social vão se modificando de acordo com o tempo histórico e a demanda social. 14 A partir da Constituição Federal de 1988 os direitos básicos passam ser garantidos a todos os cidadãos. Art. 203. “A Assistência Social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.” Os profissionais atuam como objeto na intervenção das expressões da questão social que se expressam nas desigualdades sociais, frutos das contradições sociais presentes na sociedade capitalista que geram o agravamento das condições de vida da população. A questão social está equacionada e entendida como objeto sob o qual incide ação do profissional que está relacionado com o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura que tem uma raiz comum: a produção é cada vez mais coletiva, o trabalho tornar-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privado e monopolizado por uma parte da sociedade (IAMAMOTO, 2009, p.27). Os encargos do profissional de Assistência Social dentro do CRAS propõem a viabilidade perante as condições existentes, o estimulo sobre as potencialidades da população assistida no território de abrangência e perceber quais as necessidades para desenvolvê-lo da prática, buscando estimular o profissional, na busca de soluções viáveis dentro da problemática a ser convertida, no que se refere ao Serviço de Proteção Básica desenvolvido nas instalações dos CRAS. 2.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS QUE FUNDAMENTAM O BENEFÍCIO DA PRESTAÇÃO CONTINUADA A CRB - Constituição da República do Brasil estabelece a Seguridade Social, estabelece a garantia de direitos a vida diga e bem-estar social, conforme disposto no capítulo II, Dos Direitos Sociais, em seu art. 6º. 15 A Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS/93 foi desenvolvida com o objetivo de garantir a proteção aos usuários que estão em situação de vulnerabilidade social, devido a doenças concomitantes, sendo esses indivíduos, idosos ou pessoas com deficiências físicas que os impede de realizar a contribuição para a Previdência Social. Com o passar dos anos, o Benefício Assistencial de Prestação Continuada – BPC, conforme estabelecido pela Lei Orgânica da Assistência Social (Lei nº 8.742/93 – LOAS), vem sofrendo adaptações devido as constantes atualizações conceituais e estruturais. Sobre os princípios acerca da Seguridade Social, trata-se de uma balança social com o intuito de validar a igualdade quanto a garantia de direitos perante a sociedade, conforme definido pela Assistência Social, que pode possuir princípios básicos, como o acesso universal e solidário para todas as partes. Como forma de efetivar a assistência social, temos, no art. 20 da Lei 8.742/93, o benefício de prestação continuada (benefício assistencial), o qual visa o atendimento às necessidades básicas daqueles cidadãos que porventura estejam à linha da miséria. Curial apontar que resta evidente a prescindibilidade da contribuição à seguridade social, para fins de prestação da assistência social. Conforme dispõe o Decreto nº 6.214/07, que o regulamenta, integra a proteção social básica no âmbito do Sistema Único de Assistência Social - SUAS instituído pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, conforme o que fora estabelecido pela Política Nacional de Assistência Social – PNAS. Para tanto, conforme dispõe o art. 20, “a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social (...)”, sendo que, em seu inciso V, prevê-se “a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.” Como esposado, a garantia, portanto, será a de um salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. Ressalte-se que não se trata de benefício previdenciário, posto que não encontra-se previsto na Lei 8.213/91, mas sim, na Lei 8.743/93 (LOAS), prescindindo, portanto, de contribuição do beneficiário, bastando a comprovação da condição de necessitado. Apesar de não se tratar de benefício previdenciário, a concessão, o indeferimento e a manutenção do referido benefício se procedem através do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, Autarquia Federal. Conforme disposto em seu artigo 20, A Lei n. 8.742/93 refere-se sobre as condições indispensáveis para que o cidadão venha a usufruir do benefício http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11356438/artigo-20-da-lei-n-8742-de-07-de-dezembro-de-1993 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104422/lei-da-assist%C3%AAncia-social-lei-8742-93 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/94480/decreto-6214-07 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104108/lei-de-benef%C3%ADcios-da-previd%C3%AAncia-social-lei-8213-91 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/127583/lei-8743-93 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104422/lei-da-assist%C3%AAncia-social-lei-8742-93 16 assistencial. Porém para tanto, deve ser comprovada a incapacidade econômica, já que se trata de um benefício mensal para a pessoa idosa (com 65 anos ou mais) ou que tenha alguma deficiência. Fica estabelecida perante em seu artigo art. 20, § 3º, que para a liberação desse benefício,exige-se um limite econômico. Na presença deste aspecto, o indivíduo necessitado poderá fazer uso do benefício com base na renda mensal familiar, que tem por referência per capta a ¼ (um quarto) do salário mínimo. Quanto a condição de "deficiência", cumpre, agora, a realização sua análise, previsto na LOAS. Conforme dispõe o art. 20§ 2º, da Lei 8.742/93: "Art. 20 (...) § 2º Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas." O Enunciado da Súmula 29 da TNU estabeleceu que “Para os efeitos do art. 20, § 2º, da Lei n. 8.742, de 1993, incapacidade para a vida independente não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita de prover ao próprio sustento.” Cumpre esclarecer que a Assistência Social finalmente pode ser efetivada no Brasil, graças a promulgação da Constituição Federal de 1988, a 'Constituição Cidadã', que tem como um dos fundamentos a dignidade da pessoa humana, sendo o Benefício de Prestação Continuada principal vetor para a efetivação da Assistência Social, e que viabiliza toda uma política assistencialista que necessita a ser exercida pelo Estado Brasileiro, diante da sua latente desigualdade socioeconômica que, em algumas regiões do país, é demasiadamente preocupante. (LEITE, 2013). 3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E A RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL PAIF foi concebido a partir do reconhecimento que as vulnerabilidades e riscos sociais, que atingem as famílias, extrapolam a dimensão econômica, exigindo intervenções que trabalhem aspectos objetivos e subjetivos relacionados à função protetiva da família e ao direito à convivência familiar. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104422/lei-da-assist%C3%AAncia-social-lei-8742-93 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11356438/artigo-20-da-lei-n-8742-de-07-de-dezembro-de-1993 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11356378/par%C3%A1grafo-2-artigo-20-da-lei-n-8742-de-07-de-dezembro-de-1993 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104422/lei-da-assist%C3%AAncia-social-lei-8742-93 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 17 O PAIF teve como núcleo anterior o NAF - Programa Núcleo de Apoio à Família e o PNAIF - Plano Nacional de Atendimento Integrado à Família. No ano de 2004, o MDS- Ministério do Desenvolvimento Social. Realizou o aprimoramento desta proposta, com a concepção do PAIF- Programa de Atenção Integral à Família. Neste mesmo ano, com a liberação do decreto 5.085 da Presidência da República, esse sistema de atenção transformou-se em “atenção continuada de Assistência Social”, no qual passar a receber financiamento do Governo Federal. A Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, juntamente com o PAIF passou por uma renomeação, sendo denominado Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família, mas preservou a sigla PAIF. Fortalecendo o conceito de ação continuada, constituída em 2004, através da Lei no Art. 23 da Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS. Nessa gerência, o PAIF consolida o comparecimento e a responsabilidade do poder público e reafirma a perspectiva dos direitos sociais, constituindo-se em um dos principais serviços que compõem a rede de Proteção Social de Assistência Social, que vem consolidando no país de modo descentralizado e universalizado, permitindo o enfrentamento da pobreza, da fome e da desigualdade, assim como, a redução da incidência de riscos e vulnerabilidades sociais que afetam famílias e seus membros. (CADERNO DE ORIENTAÇÕES TÉCNICAS DO PAIF, 2012). Constituem usuários do PAIF as famílias territorialmente referenciadas ao CRAS, em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, do precário ou nulo acesso aos serviços públicos, da fragilização de vínculos de pertencimento e sociabilidade e/ou qualquer outra situação de vulnerabilidade e risco social. São prioridades as seguintes situações consideradas de maior vulnerabilidade social: As Famílias que convivem em territórios com acesso dificultado ao setor de saúde, à educação e aos demais direitos, especialmente com famílias chefiadas por mulheres, com filhos ou dependentes; Indivíduos recém-chegados ao território, sem parentesco comunitário local, com restrita rede social e sem acesso a serviços e benefícios socioassistenciais; Também se destina a famílias em situação de moradia precária sem saneamento básico adequado, espaço mínimo de convivência social domiciliar, em áreas de risco ambiental considerado de calamidade pública; 18 Indivíduos que habitam em território de conflito, sem instalações próprias, prioritárias a vida humana, dentro deste grupo pode-se destacar os ciganos, indígenas, extrativista, dentre outros; Famílias que convivem com a discriminação étnico-raciais e culturais, etárias, de gênero, por escolha sexual, por deficiência e outras; Usuários que residem em áreas violentas com forte presença do crime organizado, como o trafica de drogas e a prostituição; Indivíduos em situação de enfrentamento do desemprego, sem renda fixa com dificuldades para prover o sustento dos seus familiares; Crianças que são submetidas aos cuidados dos irmãos maiores, ou deixadas sozinhas na residência, dependendo de auxílio da vizinhança; Usuários que dependem de atenção e cuidado especializado, como no caso de dependentes com problemas relacionado a saúde mental ou doentes crônicos. Lembrando que nem todas as famílias do território de abrangência dos CRAS e que vivenciam tais situações precisam ser obrigatoriamente inseridas no PAIF, sempre respeitando o desejo familiar. 1) SEGURANÇAS PÚBLICAS No que se refere as seguranças pela Política Nacional de Assistência Social, elas se adequam em cinco classificações. a) SEGURANCA SOCIAL As mesmas são espaços públicos para atendimento ao serviço prioritário as condições territoriais de grande vulnerabilidade social, que oferecem escuta profissional, informação, referência, concessão de benefícios, de aquisições materiais, sociais e socioeducativas. b) SEGURANCA SOCIAL DE RENDA 19 Operação realizada através da concessão de Benefícios de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC, dentro dos critérios da lei, para cidadãos que não se enquadram no sistema contributivo de proteção social, que apresentem dificuldades ou incapacidades para uma vida independente, no qual possa manter seu sustento. c) SEGURANCA DE CONVIVIO FAMILIAR E COMUNITARIO Rede de atenção continuada que garante oportunidades e ação profissional para: construção, restauração e fortalecimento de laços de pertencimento (de natureza geracional, intergeracional, familiar, de vizinhança e interesses comuns e societários); exercício capacitador e qualificador de vínculos sociais e de projetos pessoais e sociais de vida em sociedade; d) SEGURANÇA DE DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA Refere-se ao desenvolver da autonomia do indivíduo, da família e da sociedade, tem que como objetivo o desenvolvimento de capacidades e habilidades para o exercício do protagonismo e da cidadania; a conquista de maior grau de liberdade, respeito à dignidade humana, a conquista de maior grau de independência pessoal e qualidade nos laços sociais para os cidadãos sob contingências e dificuldades; e) SEGURANÇA DE SOBREVIVÊNCIA Provisão de acesso estatal, em caráter transitório, de auxílios em bens materiais e em dinheiro, denominados de benefícios eventuais para indivíduos e 20 famílias em risco e vulnerabilidades circunstanciais e noscasos de calamidade pública. (BRASIL, 2012). Sobre como ter acesso às ações do PAIF são quatro as formas de acesso ao PAIF descritas pela Tipificação. Destaca-se dentre tais formas de acesso à busca ativa, pois é por meio dela que o PAIF consegue operacionalizar de modo mais efetivo a sua função protetiva e preventiva nos territórios, visto que é capaz de antecipar a ocorrência de situações de vulnerabilidade e risco social e não somente reagir passivamente às demandas apresentadas pelas famílias. (Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais). • Por procura espontânea; • Por busca ativa; • Por encaminhamento da rede socioassistencias; • Por encaminhamento das demais políticas públicas. (BRASIL, 2012). São as seguintes as diretrizes metodológicas para o trabalho social com famílias do PAIF: • Fortalecer a assistência social como direito social de cidadania; • Respeitar a heterogeneidade dos arranjos familiares e sua diversidade cultural; • Rejeitar concepções preconceituosas, que reforçam desigualdades no âmbito familiar; • Respeitar e preservar a confidencialidade das informações repassadas pelas famílias no decorrer do trabalho social; • Utilizar e potencializar os recursos disponíveis das famílias no desenvolvimento do trabalho social; • Utilizar ferramentas que contribuam para a inserção efetiva de todos os membros da família no acompanhamento familiar. (BRASIL, 2012). Conforme explicado anteriormente, compreende-se a importância que a ações do PAIF, estejam vinculadas junto as experiências vivenciadas pelas famílias. Portanto, ao coloca-las em pratica, cabe refletir sobre cada situação familiar a que se destina a ação programada. A fim de alicerçar o método de prevenção e proteção do sistema do PAIF, tanto no atendimento como no acompanhamento das famílias em vulnerabilidade, 21 afirma-se a necessidade de uma gerência organizacional do Trabalho Social, planejando cada detalhe que compõe essa organização: avaliação, planejamento, monitoramento e direção. Para uma reflexão mais apurada sobre o fazer profissional, usa-se certas diretrizes teórico-metodológicas qualificado, comprometido e ético, que devem ser observadas no desempenhar do trabalho social com famílias na esfera do PAIF. A materialização do trabalho social com os usuários se faz por meio de ações quer tendem a acolher e dar resolutividade, tornando fundamental para o enfrentamento desta demanda. A descentralização e territorialização do SUAS, estabelece essa função com exclusividade da Instituição do CRAS, que tem por meta o cuidado na prevenção juntamente com ofertas serviços socioassistenciais às famílias em situação de vulnerabilidade social. Fazendo parte desse serviço estão: a busca ativa, a articulação da rede socioassistencias de Proteção Social Básica referenciada ao CRAS e a promoção da articulação intersetorial. Perante essas demandas o Assistente Social atua em projetos e ações nas mais diversificadas intervenções e enfrentamento das problemáticas. É importante ressaltar que está estritamente vinculada às demandas construídas e produzidas no bojo das relações sociais de produção da sociedade capitalista, sendo o enfrentamento das expressões da questão social é assumido pelo Estado. A Assistência Social, desde a gênese do Serviço Social, tem sido um importante campo de trabalho dos assistentes sociais, sendo importante enfatizar que: O assistente social ingressa nas instituições empregadoras como parte de um coletivo de trabalhadores que implementa ações institucionais, cujo resultado final é fruto de um trabalho combinado ou cooperativo, que assume perfis diferenciados nos vários espaços ocupacionais. Também a relação que o profissional estabelece com o objeto de seu trabalho -, as múltiplas expressões da questão social, tal como se expressam na vida dos sujeitos com os quais trabalha, dependem do prévio recorte das políticas definidas pelos organismos empregadores, que estabelecem demandas e prioridades a serem atendidas (IAMAMOTO, 2012, p. 421). As ações do serviço de Proteção e Atendimento Integral as famílias - PAIF, objeto desta pesquisa, são: acolhida; oficinas com famílias; ações comunitárias; ações particularizadas; encaminhamentos. 22 Diante do exposto é que se questiona: como se desenvolve a atuação do assistente social junto ao PAIF do CRAS IV da cidade de Lages SC? 3.1 HISTÓRICO DA ENTIDADE Nome da Organização: CRAS IV – Mercedes Darodda Varela Data de constituição: 01.07.2008 CNPJ: 13.668.709/0001-01 Data de inscrição no CNPJ: 31/12/1996 Endereço: Eclair Padre Ludovico Kuck, snº Cidade/UF: SC Bairro: Tributo CEP: 88521-007 Telefone: 49-3019-7487 site/e-mail: lagescras4@yahoo.com.br Horário de funcionamento: 08:00 às 18:00 Dias da semana: Segunda a Sexta O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é a porta de entrada da Assistência Social. Trata-se de uma unidade pública municipal, integrante do SUAS, localizado em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social, destinado à prestação de serviços socioassistenciais de proteção social básica às famílias e indivíduos, e à articulação destes serviços no seu território de abrangência, e uma atuação intersetorial na perspectiva de potencializar a proteção social. O Centro de Referência em Assistência Social – CRAS IV – Mercedes Darodda Varela foi fundado em 01 de Julho do ano de 2008, localizado na Rua Eclair Padre Ludovico Kuck, snº no Bairro Tributo. A escolha de seu nome se deu através de reunião realizada com lideranças locais e comunidade no dia 07/02/2014 onde os nomes selecionados para votação foram: Manoel Bernadete de Lima que recebeu 03 votos, Mercedes Darodda da Silva recebeu 23 votos e Ivo Morgeinsten recebeu 02 votos. A Sra. Mercedes foi uma liderança comunitária reconhecida por prestar serviços de forma voluntária a comunidade dos bairros vizinhos ao CRAS IV. mailto:lagescras4@yahoo.com.br 23 O CRAS, enquanto instituição realiza ofertas de serviços na Proteção Social Básica, que possui como público alvo as pessoas em situações de risco social, decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e/ou fragilização de vínculos afetivos - relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). A Proteção Social Básica tem como porta de entrada do Sistema Único da Assistência Social os Centros de Referência de Assistência Social - CRAS. Serviços Ofertados: SERVIÇO DE PROTEÇÃO E ATENÇÃO INTEGRAL À FAMÍLIA - PAIF Ofertado necessariamente no CRAS, de caráter continuado, com a finalidade de fortalecer a função protetiva das famílias, prevenir a ruptura de seus vínculos e a violência no âmbito de suas relações, garantindo o direito à convivência familiar e comunitária. SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS. De caráter preventivo e proativo, realizado em grupos, de modo a garantir aquisições progressivas aos seus usuários, de acordo com seu ciclo de vida. Destina-se a crianças, adolescentes, idosos em situação de vulnerabilidade. IDENTIFICAÇÃO DO TERRITÓRIO PARA EXECUÇÃO DO SERVIÇO O CRAS IV – Mercedes Darodda Varela está localizado no bairro tributo, e sua área de abrangência conta com o atendimento dos seguintes bairros: Guadalajara, Jardim Celina, Pisani, Tributo (loteamento Cristal e Vila Esperança), Guarujá (loteamento Morada do Sol e Condomínio Moradas Lages), Bates, Índios localidades de: Cadeados, Lambedor, Macacos, Potreiros, Rancho de Tábuas e Três Árvores. Possuímos na data de hoje 05/06/2020 o total de 4.300 famílias 24 cadastradas sendo destas 88 em situação de acompanhamento pelas equipestécnicas do PAIF. 3.2 Recursos humanos que atuam no serviço Nome Cargo Escolaridade Carga horária semanal Vinculo: Efetivo/ Celetista 1 Psicóloga/Coordenadora Efetiva Pós Graduação Completa 30h Efetivo 1 Aux. Administrativo Superior (Cursando) 40h Efetivo 1 Assistente Social Pós- Graduação (Cursando) 30h Efetivo 1 Psicólogo Superior Completo 30h Contratado 1 Serviços Gerais Ensino Médio Completo 40h Efetivo 1 Educadora Social Superior Completo 40h Contratada 1 Assistente Social Superior Completo 30h Contratada 4 JUSTIFICATIVA O empenho no estudo dessa área de atuação, começou pelos olhares diferenciados perante a realidade, em decorrência da experiência vivenciada no campo de estágio do CRAS IV, onde se teve o contato inicial com o Serviço de 25 Proteção e Atendimento Integral à Família – PAIF, tendo como oferta destes serviços em todas as unidades do CRAS. O PAIF é essencial para a proteção básica de Assistência Social, uma vez que assegura espaços de convívio, informa e garante acessos aos direitos socioassistenciais, contribui para a gestão intersetorial local, para o desenvolvimento da autonomia, o empoderamento das famílias e ampliação de sua capacidade protetiva. Destaca-se a importância do Assistente Social dentro do CRAS/PAIF. O CRAS IV da cidade de Lages SC, tem como público alvo para atendimento, os usuários e famílias que se encontram em algum nível de vulnerabilidade social e que reside no território de abrangência, caracterizados pelos seguintes bairros: Vila Esperança, Índios, Cristal, Moradas do Sol, Nossa Senhora Aparecida, CDL, Jardim das Camélias, Jardim Celina, Restinga Seca, Guadalajara, Guarujá, Interior, Bates, Pisani, Tributo. Refere-se ainda o público prioritário: famílias beneficiárias de programas de transferência de renda e aquelas que atendem os critérios de elegibilidade a benefícios assistenciais; Famílias em situação de vulnerabilidade em decorrência de dificuldades vivenciadas por algum de seus membros; Pessoas com deficiência e/ou pessoas idosas que vivenciam situações de vulnerabilidade e risco social. Na cidade de Lages SC até a presente data temos oito Centros de Referência de Assistência Social, cada um com sua abrangência, sendo CRAS I, Jandira Amorim, localizado no Bairro Popular, CRAS II, Maria Aparecida Gomes, localizado no Bairro Centenário, CRAS III, Eliane Aparecida Melo, localizado no Bairro da Penha, o CRAS IV, localizado no Bairro Tributo, CRAS V, João Machado Nogueira, localizado no Bairro Santa Mônica, CRAS VI Adão de Morais, localizado no Bairro Bela Vista, CRAS VII localizado no Bairro conta Dinheiro, e por fim o CRAS VIII localizado nos Bairros São Pedro/ Gralha Azul. Assim, no CRAS encontra-se uma equipe interdisciplinar, composta de vários saberes profissionais, estes atuam na oferta da proteção social básica, a partir do atendimento às demandas dos usuários, exigindo desses uma intervenção sensível e qualificada. A política de Assistência Social atualmente tem um caráter de avanço na perspectiva da cidadania, no campo dos direitos sociais, que se expressa no cotidiano da população que busca atendimento. Para alguns estudiosos, as diversas multirefrações da “questão social” nem sempre foi compreendida no campo dos 26 direitos sociais. A configuração da categoria “assistência”, em seu marco histórico, passou por entendimento direcionado na filantropia, na benevolência, no favor e não no reconhecimento enquanto conjunto fundante da ampliação de cidadania. Para tanto, entende-se que é necessária a leitura desta realidade, a qual possibilita a compreensão da totalidade, a fim de fazer uma análise reflexiva, com teor que favoreça o aprendizado do que se pretende alcançar. A categoria de totalidade significa que a realidade objetiva é um todo coerente em que cada elemento se encontra interligado entre si de maneira completamente diversa, mas sempre determinadas em realidades concretas. (IAMAMOTO, 2012). 5 OBJETIVOS DA PESQUISA 5.1 OBJETIVOS GERAL . Descrever a atuação do Assistente Social junto ao PAIF do CRAS IV da cidade de Lages SC. 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Descrever a atuação da assistente social dentro da política pública de assistência social; - Analisar os princípios constitucionais que fundamentam o benefício de Prestação Continuada. - Identificar as situações de vulnerabilidades e riscos sociais das famílias em acompanhamento. - Descrever a superação das vulnerabilidades sociais enfrentadas e a conquista da autonomia da pessoa com deficiência e da pessoa idosa. 6 METODOLOGIA DE PESQUISA Esta pesquisa é do tipo bibliográfico e documental. A pesquisa bibliográfica se caracterizou pela busca de referencial teórico para fundamentar a abordagem. 27 As fontes foram publicações científicas dos bancos de dados disponíveis na Internet, também em livros e revistas que abordam o tema. A pesquisa documental consistiu na pesquisa de informações uteis para a pesquisa, realizada nos documentos disponíveis na instituição. As informações selecionadas foram registradas em diário de anotações e são apresentadas na construção do presente Trabalho de Conclusão de Curso. 7 ANALISE DOS DADOS DA PESQUISA 7.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS PRINCIPAIS VULNERABILIDADES DO TERRITÓRIO (Diagnóstico). No ano de 2020 tendo como base os dados encaminhados à Vigilância Socioassistencial através do RMA - Relatório Mensal de Atendimentos, identificou-se através do perfil das famílias em acompanhamento PAIF – Serviço de Proteção e Atendimento Integral as Famílias, situações de conflito familiar em decorrência do uso de substâncias psicoativas, violência doméstica, idosos em situação de vulnerabilidade e risco social, evasão e defasagem escolar, deficiência mental e intelectual de alguns participantes do Serviço de convivência e fortalecimento de vínculos - SCFV, idoso em situação de abandono e risco, situações de vivência de violência e/ou negligência em sua grande maioria algumas situações de trabalho infantil e gravidez na adolescência, crianças em situação de acolhimento, (Dados RMA do ano de 2020). 7.2 ANÁLISE DOS DADOS O trabalho social com famílias do PAIF é materializado por meio de ações que convergem para atender determinado objetivo. 28 As ações do PAIF podem ser planejadas e avaliadas com a participação das famílias usuárias, das organizações e movimentos populares do território, visando o aperfeiçoamento do Serviço, a partir de sua melhor adequação às necessidades locais, bem como o fortalecimento do protagonismo destas famílias, dos espaços de participação democrática e de instâncias de controle social. Dentre as atitudes do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família – PAIF: Acolhimento, trabalhos em grupo, ações comunitárias e individuais e encaminhamentos. Ações comunitárias consistem em medidas, que consolidam o trabalho social com famílias do PAIF, têm por desafio materializar os objetivos do Serviço. Considerando esse aspecto, associamos a realização dessas atuações ao resultado almejado, realizando avaliações e questionamentos para garantir a sua eficácia. Como forma de avaliações, o PAIF – O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família, segundo a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, possui elementos a serem considerados ao se estabelecer o cuidado acolhedor, o planejar das oficinas com as famílias, o auxilio sobre as ações particularizadas e das análises dos impactos de uma ação comunitária ou de um encaminhamento. Os estudos de caso possibilitam a definição e estruturação de estratégias que visem a superação da situação apresentada, prevendo encaminhamentos, inserção nas ações do PAIF, articulação intersetorial, entre outros. Sobreos procedimentos necessários para viabilizar o trabalho social com famílias: A equipe de referência do CRAS precisa buscar estratégias que possibilitem a participação das famílias nas ações do PAIF, podemos citar: os responsáveis familiares que possuem crianças pequenas em casa e não têm com quem deixá-las. Neste caso, pode-se organizar uma atividade lúdica para as crianças pequenas, sob a responsabilidade de um orientador social do CRAS, enquanto seus responsáveis participam de alguma das ações do PAIF. A equipe de referência busca formar uma rede de apoio social, facilitando aos familiares, que exercem o papel de cuidador de pessoas com deficiência, idosas ou pessoas com doenças crônicas dependentes, possibilitando na participação das ações ofertadas no CRAS, enquanto outro responsável ou cuidador social, auxilia nos cuidados a essa demanda. 7.3 RESULTADOS DA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL 29 O Assistente Social no seu fazer profissional utiliza vários instrumentos técnicos operativos do Serviço Social, como entrevistas, análises sociais, relatórios, levantamento de dados, encaminhamentos, visitas domiciliares, pareceres sociais, contatos institucionais, entre outros. O assistente social é responsável por fazer uma análise da realidade social para poder intervir para melhorar as condições de vida do usuário. Nessa perspectiva, o Assistente Social assume o papel de articular as necessidades humanas com as políticas sociais, o que se dá através de diferentes ações. a) ACOLHIMENTO O ato acolhedor constitui na ação essencial do PAIF, pois é quando ocorre o início do vínculo entre o Serviço e a família, nesse momento o profissional busca compreender as inúmeras facetas das demandas e vulnerabilidades apresentadas pelos usuários, considerando que cada família deve ser envolvida como um todo, acolhendo o máximo de membros possíveis, respeitando suas narrativas, emoções ou sentimentos relatados pelos membros atendidos ou apreendidos pelos profissionais responsáveis pela acolhida. Esses relatos e percepções favorecerão a reflexão sobre a relação da família com o território, sua rede de apoio acessa a serviços, potenciais comunitários e dos membros pertencentes a esse grupo familiar. É nesse momento que o técnico utilizará instrumentais de coleta e registro de informações, como por exemplo, entrevistas, análise socioeconômica, estudo social e o prontuário da família. Estudo Social - análise tecnicamente qualificada sobre a família, determinante para explicitar a necessidade de inserção da família no atendimento ou no acompanhamento familiar. Neste momento, os profissionais responsáveis deverão, em conjunto com as famílias: enumerar as situações de vulnerabilidade social vivenciadas, buscando compreender suas origens e consequências; identificar as potencialidades e recursos que as famílias possuem; identificar/reconhecer as características e especificidades do território que influenciam e/ou determinam as situações de vulnerabilidade vivenciadas pelas famílias. 30 Na acolhida, o profissional deve responsabilizar-se pela resposta às demandas e vulnerabilidades apresentadas pela família usuária, buscando, dessa forma, ampliar o caráter protetivo do trabalho realizado. 19 A acolhida deve ser pautada no respeito à dialogicidade e autonomia das famílias. Desta forma, o técnico precisará considerar a disponibilidade destas para responder às perguntas da equipe técnica ou para participação nas ações do PAIF. A atitude dos profissionais, nesse momento, deve expressar o dever do Estado em proteger e garantir o acesso das famílias aos serviços. Assim, as famílias não podem sentir-se intimidadas ou tuteladas no processo de acolhida ao Serviço. Caracterizada como o contato inicial com o PAIF, a acolhida deve ser cuidadosamente planejada, para que as famílias sintam-se respeitadas e apoiadas, reconhecendo o Serviço como um direito. Nessa direção, a acolhida é essencial para que as famílias compreendam o PAIF como um serviço de referência para o seu atendimento e acompanhamento no território. (Brasil, 2012, p.55) O acolhimento social pode ser realizado em quaisquer ambientes, tanto com visitas domiciliares ou na instituição do CRAS, garantindo um pesco acolhedor adequado, onde possa propor o bem-estar familiar onde as mesmas possas sentir- se confortáveis e respeitadas para colocarem a suas questões. Considerando as variáveis maneiras de acolhimento, pode-se levar em consideração, que, quando o usuário não possui meios de locomoção ou não concordam em procurar a instituição do CRAS, os profissionais, podem deslocar-se até o domicílio, dando preferência as famílias com crianças, adolescentes ou jovens de até 18 anos com deficiência, beneficiários do BPC e fora da escola. b) TRABALHO EM GRUPO FAMILIAR Oficinas de família é outro método de ação do PAIF, onde tem como objetivo instigar a reflexão sobre o assunto a ser trabalhado na questão familiar, levando em consideração as vulnerabilidades da família, e alimentando suas potencialidades, para fortalecer o vínculo familiar. Possibilitando o entrosamento dos usuários, na procura pela resolutividade das problemáticas a serem trabalhadas com a finalidade de promover a mudança necessária para a autonomia, na prevenção de ocorrências de risco social. A partir disto, acontece a priorização de trabalhar com o responsável familiar, pois este integrante tem maior possibilidade de intervir diretamente aos obstáculos da proteção familiar, sem configurar a ele a sobrecarga ou a culpa. Sendo assim, as 31 oficinas em grupo familiar podem sensibilizar os integrantes quando a distribuição de responsabilidades, a fim de estimular o redirecionamento das obrigações. É necessário realizar o registro das informações de cada encontro realizado, dados que são importantes para a avaliação da efetividade da ação do PAIF e seu aprimoramento, bem como para a devolutiva que os profissionais deverão fazer no encerramento das atividades da oficina. A opção pela utilização de ações particularizadas no atendimento às famílias deverá ocorrer em casos extraordinários e tem por princípio conhecer a dinâmica familiar mais profundamente e prestar um atendimento mais específico à família, como nos casos: de suspeita de situações de violação de direitos, entendimento e enfrentamento das causas de descumprimentos reiterados de condicionalidades do Programa Bolsa Família, beneficiários do BPC de 0 a 18 anos fora da escola e demais situações que pressupõem sigilo de informações e que podem gerar encaminhamento para a Proteção Social Especial ou para o Sistema de Garantia de Direitos. As ações particularizadas não preveem encontros periódicos, ao contrário do acompanhamento particularizado. É fundamental o planejamento das ações a serem realizadas no âmbito do PAIF, associando-as aos seus objetivos. O atendimento particularizado a uma família buscará atingir as finalidades do Serviço e não somente resolver o “caso” ou o “problema” de determinada família. As ações particularizadas não podem ser confundidas com atendimento psicoterápico. Conforme normatizado pela Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, o PAIF não possui caráter terapêutico22. As demandas em saúde mental devem ser encaminhadas para a rede intersetorial. (BRASIL, 2012. p. 23) A Ação Particularizada Domiciliar é o processo de atendimento individualizado prestado à família em sua unidade domiciliar. Essa forma de atendimento deve ser utilizada em situações específicas, nas quais a família, em especial o responsável familiar, apresenta dificuldades em comparecer ao CRAS por vulnerabilidades diversas. O deslocamento até o domicílio da família possibilita conhecer a realidade dos territórios, as formas de convivência comunitária, arranjos familiares - rol de informações muito importantespara adequar as ações do PAIF para o alcance do seu caráter preventivo e protetivo. O atendimento a domicilio deve ser uma estratégia utilizada com o intuito de aprofundar as intervenções que não são viáveis no coletivo, a fim de movimentar as redes sociais de apoio à família. 32 Nos casos em que se identifiquem membros das famílias com dificuldade de locomoção permanente ou que vivenciam outras situações que os impeçam de comparecer ao CRAS, é importante também documentar as dificuldades enfrentadas para auxiliar nas discussões e reflexões sobre a superação de obstáculos, para o aperfeiçoamento e operacional do PAIF. Lages- SC, cidade onde está inserido o campo de estágio aqui relatado (CRAS – IV) possui uma normativa editada em 2018 a qual inserimos nesta parte do estudo, dando uma visão geral do funcionamento do serviço social. 7.3.1 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL JUNTO AO PAIF NO CRAS IV DE LAGES SC As famílias incluídas no PAIF do CRAS IV foram inseridas através de uma análise realizada pela equipe técnica, Assistente Social/Psicólogo, considerando a situação de vulnerabilidade ou risco social de cada família. Com as famílias inseridas no acompanhamento é possível o Assistente Social realizar atendimentos pontuais referentes as potencialidades e recursos das famílias, observando e levando em conta as características do nosso território a qual possui forte influência das situações de vulnerabilidade. O Assistente Social que acompanha as famílias inseridas no PAIF, tem a missão de trabalhar com as famílias diversas questões. Começando lá do princípio quando a família chega para atendimento no CRAS, ou na realização da busca ativa, domicilio, o Assistente Social faz a escuta qualificada da demanda da família e os demais membros. Realizando então a um diagnóstico e identificando a demanda trazida pelos mesmos, é realizado a mobilização e sensibilização da família para os encontros/oficinas, são realizados, visitas domiciliares, atendimentos particularizados, relatórios, parecer social a inclusão dos usuários em programas sociais entre outros ofertados no CRAS IV. As questões a serem trabalhadas nos atendimentos específicos à família bem como usuários acompanhados pelo Assistente Social do PAIF, especificamente na Política de Assistência Social, é de suma importância porque provocará um efeito para além do social, atuando no campo do conhecimento quando orientados 33 sobre seus direitos e onde buscá-los, comportamentos, cultura e outros bens, para além daqueles objetivos, mas também subjetivos, interferindo na vida dos sujeitos. Cabe ressaltar que o Assistente social para estar à frente desse trabalho de acompanhamento, sendo a referência da família dando suporte e orientações sobre suas demandas, é preciso ser um profissional culto, crítico e capaz de formular, recriar e avaliar propostas que apontem para a progressiva democratização das relações sociais junto aos usuários. Exige-se, para tanto, compromisso ético – político com os valores democráticos e competências teórico - metodológica utilizando da teoria social crítica em sua lógica para explicação da vida social. 7.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Os encaminhamentos são os processos de orientação e direcionamento das famílias, ou algum de seus membros, para serviços e/ou benefícios socioassistenciais ou de outros setores. Tendo por finalidade o acesso aos direitos e a cidadania. Para que se efetive os atendimentos as famílias, faz-se necessário o primeiro encaminhamento da equipe técnica do CRAS, por meio de documentos e formulários, mantendo contatos posteriores com as unidades para o qual foi encaminhado. O documento para encaminhamento, deve descrever o usuário encaminhado, contendo dados como a unidade a que pertence e para qual será destinada, contendo a causa da conduta e a identificação do profissional que referenciou. Destaca-se que os encaminhamentos aos Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos devem ser realizados a partir da premissa de que tais serviços complementam o trabalho social com famílias em situação de vulnerabilidades. Nesse sentido, os Serviços de Convivência são respostas às necessidades identificadas no território e devem ser planejados de modo a materializar um percurso com objetivos a serem alcançados. Portanto, a inserção de usuários nos Serviços de Convivência deve ser uma prerrogativa do PAIF, garantindo o funcionamento da Proteção Social Básica do SUAS e contribuindo na materialização de uma rede de proteção social nos territórios. Para viabilizar a Gestão Territorial da PSB do território pelo CRAS, o gestor municipal, ou do DF, de Assistência Social deve garantir o estabelecimento dos fluxos de encaminhamentos, 34 organizando e facilitando o acesso às informações referentes aos serviços que compõem a rede de proteção social nos territórios - que não dependam mais da troca de informações entre profissionais de modo improvisado. (BRASIL, 2009). ATENÇÃO AS VULNERABILIDADES SOCIAIS DA PESSOA IDOSA E COM DEFICIÊNCIA NO ÂMBITO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL Em relação à oferta no domicílio pela Assistência Social, a Portaria nº 2.854/2000, ao instituir novas modalidades de atendimento à pessoa com deficiência e à pessoa idosa, previa o Atendimento Domiciliar, objetivando a ampliação desses segmentos, priorizando a família e incentivando ações que favorecessem a autonomia e a independência dos indivíduos envolvidos. A partir de 2005, com a implementação do SUAS e a aprovação da Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (2009), garante a oferta de proteção social no ambiente do domicílio, as pessoas idosas ou com deficiência. no âmbito da Proteção Social Básica e da Proteção Social Especial. A oferta no domicílio propõe aos beneficiados que, provisoriamente ou por longo período, que apresentam restrições ou impedimento ao acesso à rede socioassistencias, possam fortalecer os vínculos sociais, melhorar a qualidade do cuidado familiar, ampliar o acesso a direitos e estimular a autonomia e a participação social dos usuários e de seus tutores. As limitações podem estar incluídas à situação de cuidadores, ou pessoas com mobilidade reduzida ao ambiente domiciliar. A atuação do cuidador social de nível médio, que presta auxilio a pessoas com deficiência tem proteção na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência - Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015). Cabe ressaltar para o fato de que o ato de cuidar não caracteriza o cuidador de pessoas idosas ou de pessoas com deficiência como um profissional de saúde, por isso não cabe a este executar procedimentos técnicos que sejam de competência dos profissionais da saúde, tais como: aplicações de injeções, curativos complexos, instalação de soro, colocação de sonda, etc. (SAS/MS, 2009, p.10).” Também ao cuidador social previsto no SUAS não cabe executar 35 procedimentos de competência dos profissionais da saúde, para isso, é importante observar as atribuições contidas na Resolução do CNAS mencionada acima. Nesse sentido, a presença de cuidadores sociais nas ofertas no ambiente do domicílio, em acordo com o perfil dos usuários, sob a orientação de profissionais de nível superior, deve favorecer a promoção de atividades de suporte ao cuidador (a) familiar nas atividades de cuidados básicos, essenciais para a vida diária, e instrumentais, de autonomia e participação social dos usuários, a partir de diferentes formas e metodologias, assim como o acesso à informação e a serviços no território, contribuindo para o usufruto de direitos sociais. São utilizadores do serviço, os indivíduos com deficiência, independente da faixa etária e para pessoas idosas acima de 60 anos, que vivem situação fragilizada no convívio familiar e sociais e/ou pela ausência de acesso a possibilidades deinclusão, autonomia, independência, segurança, usufruto de direitos, de participação plena e efetiva na sociedade e de processos de habilitação e reabilitação à vida diária e comunitária (Resolução CNAS nº 34); Beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC); Membros de famílias beneficiárias de programas de transferência de renda. Com relação as situações vulneráveis, podem ser consideradas de maior necessidade de atenção, as concomitantes abaixo. Situações que podem potencializar as fragilidades de proteção das famílias para a busca ativa se houver necessidade. Famílias monoparentais com crianças com deficiência; Famílias com mais de um integrante com deficiência ou com mais de uma pessoa idosa, que estejam restritas ao lar. Crianças com deficiências associadas ao Zika Vírus; Famílias cujo cuidador familiar desempenhe sozinho o papel de cuidar da pessoa com deficiência e da pessoa idosa, essa condição supõe maior estresse; Famílias no qual o responsável familiar esteja sem condições de manter os cuidados da pessoa que necessita de atenção diária. Indivíduos com deficiência e pessoas idosas em situação de isolamento social ou com risco de sofrer violência intrafamiliar Pessoas com deficiência e pessoas idosas que moram sozinhas e com suporte familiar e social que não supri as necessidades necessárias; 36 Pessoas com deficiência severa totalmente dependente cuidados de terceiros; Pessoas com deficiência e pessoas idosas com demandas específicas associadas às questões de orientação sexual e identidade de gênero (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros). Pessoas idosas e pessoas com deficiência que retornaram ao ambiente familiar após acolhimento institucional ou familiar, a partir de encaminhamento do CREAS; Pessoas com necessidades de cuidados para as atividades da vida diária, cujo cuidador principal tenha idade igual ou superior a 60 anos, tenham deficiência, que já esteja convivendo com doença grave, ou apresente outras incapacidades para oferecer cuidados continuados; Pessoas com deficiência ou pessoas idosas que moram em territórios de difícil acesso, em longas distâncias ou sem acesso a transporte adequado para seu deslocamento. RESULTADOS Alcance dos objetivos do acompanhamento familiar: • Fortalecimento da capacidade protetiva da família; • Reconhecimento da função do Estado na garantia de ações com foco no aumento da capacidade protetiva das famílias; • Fortalecimento dos vínculos comunitários; • Prevenção da ruptura dos vínculos familiares; • Potencialização do protagonismo e autonomia das famílias; • Aumento da capacidade de organização e atuação das famílias no território; • Promoção do acesso a serviços socioassistenciais, transferência de renda, benefícios assistenciais e serviços setoriais. (BRASIL, 2012). Dada a complexidade das situações vivenciadas pelos grupos familiares e o caráter intrinsecamente qualitativo de indicadores para mensurar o êxito do processo de acompanhamento familiar, já se pode falar em parâmetros gerais, tais como: 1. O Estado ofereceu respostas adequadas às demandas e necessidades apresentadas pelas famílias; 2. A família cumpriu o estabelecido no planejamento de acompanhamento familiar; 3. A família avalia que as motivações para o acompanhamento familiar foram superadas, com concordância do profissional que a acompanhou; 4. As potencialidades e recursos das famílias foram identificados e potencializados; 5. Os itens elencados como aquisições esperadas do processo de acompanhamento familiar. (Brasil, 2012, p.81). 37 Acompanhar uma família no âmbito do PAIF significa, portanto, trilhar um processo de superação de vulnerabilidades e de acesso a direitos. É afiançar a segurança das vivencias garantidas pela Política Nacional de Assistência Social – estimulando a autonomia, a convivência familiar e social, incentivando do trabalho e renda familiar, para concretizar a eficácia da proteção aos direitos do cidadão. Zelando para que o cuidado e acompanhamento as famílias atendidas não pressuponha uma visão destorcida dos profissionais envolvidos, acerca das condições financeiras dos usuários. Ao contrário, devemos enfatizar que o acompanhamento é um direito da família e dever do Estado, cujo objetivo é o alcance de direitos e, consequentemente, da proteção social. Os profissionais devem atentar-se para não reproduzir atitudes policialescas, julgando comportamento, valores e crenças das famílias. Nesse sentido, o foco do acompanhamento familiar deve ser a abordagem cidadã e emancipatória, centrada no resgate dos saberes, superação de preconceitos, estímulo das potencialidades e enfrentamento dos conflitos familiares, de modo a respeitar as crenças e valores das famílias atendidas, valorizar o exercício da participação democrática, da tolerância, da cooperação, do respeito às diferenças, possibilitando a reflexão crítica sobre suas vulnerabilidades e possibilidades, estimulando projetos coletivos, desenvolvendo princípios e valores relacionados aos direitos, à cidadania e à democracia. Sobre a superação das fragilidades sociais enfrentadas e a conquista da autonomia da pessoa com deficiência e da pessoa idosa, se podem apontar avanços no que é refere a garantia de direitos e acompanhamento familiar. Com a Resolução do Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS nº 9, de 15 de abril de 2014, que apontam para as atuações de nível médio e fundamental de orientadores e cuidadores sociais, que auxiliam a rede de atendimento, preservando as práticas de proteção e cuidado no domicílio. 38 8 CONCLUSÃO Durante o desenvolver desse trabalho social com as famílias atendidas pelo PAIF e a atuação da Assistente Social, observamos metodologias diferenciadas, mas que integram esse contexto. A primeira trata-se da possibilidade de atendimento pelo PAIF na instituição do CRAS. Porém, a segunda metodologia envolve a escuta, atendimento inicial no PAIF, com o intuito de encaminhar a família para a resolução de determinadas demandas. O atendimento do Assistente Social engloba uma escuta acolhedora, mantendo a atenção aos detalhes que lhe são passados, transmitindo confiança às famílias. No que se refere ao acompanhamento trata-se de estar presente, orientando, com o sanar das dúvidas dos usuários, e mostrando os possíveis caminhos a serem seguidos. Estando atento aos detalhes sobre a real situação familiar, compreendendo suas necessidades, a fim de prestar atenção de forma íntegra por parte dos profissionais envolvidos na competência do SUAS. O acompanhamento familiar designa-se através de um conjunto de segmentos desenvolvidos de forma contínua, para a firmação de compromissos entre as famílias e os profissionais, que implica na construção de um Plano de Acompanhamento Familiar, encaminhamentos caso necessário, que tem como meta a realização das mediações recorrentes, estimulando a superação gradual das vulnerabilidades repassadas. O acompanhamento familiar do PAIF, assim como os atendimentos realizados no âmbito institucional, materializam o trabalho social com famílias e por isso consistem em um processo tecnicamente qualificado, executado por profissionais de nível superior, com base em pressupostos éticos, diretrizes teórico-metodológicas, conhecimento do território e das famílias que ali residem e pode ser: a) particularizado, se destinado a somente uma família ou b) em grupo, se dirigido a um grupo de famílias que vivenciam situações de vulnerabilidade ou têm necessidades similares. Com a evolução desse acompanhamento familiar, na percepção das melhorias diante das demandas trabalhadas forem superadas, a família em conjunto com o profissional, após o processo denominado “avaliação”, podeoptar pelo encerramento do acompanhamento familiar, mas esta opção não impede as famílias 39 de participarem das ações conjuntas realizadas no PAIF, nem impede de continuar sendo atendidas pelo Serviço. O acompanhamento não é um processo que visa avaliar os usuários, mas sim, sua organização interna, seus modos de vida, sua dinâmica de funcionamento. Ao contrário, é uma atuação do serviço socioassistencias, com foco na garantia das seguranças afiançadas pela política de assistência social e na promoção do acesso das famílias aos seus direitos, com vistas ao fortalecimento da capacidade protetiva da família, a partir das respostas do Estado para sua proteção social. No desenvolvimento dessa pesquisa vimos também que o acompanhamento familiar exige, portanto, um olhar singular para as composições bastante heterogêneas de famílias, uma abordagem adequada e sem preconceitos de novos acondicionamentos, bem como reconhecer o papel do Estado no fortalecimento destas famílias e na oferta de serviços que ampliem sua capacidade protetiva. Ao se iniciar o processo de acompanhamento familiar, é preciso que os profissionais que realizam o atendimento tenham em mente que as vulnerabilidades apresentadas pelas famílias são expressões de necessidades humanas básicas não satisfeitas, decorrentes da desigualdade social. Assim é preciso ultrapassar a lógica do atendimento “caso a caso” ou “caso de família”, que vincula a satisfação das necessidades sociais à competência individual das famílias. Portanto, é preciso redimensionar a lógica do trabalho com famílias na perspectiva dos direitos, coletivizando as demandas e reafirmando que o caminho para a concretização da cidadania via políticas públicas de responsabilidade do Estado. São acompanhadas todas as famílias que aceitam participar do processo de acompanhamento. O acompanhamento familiar constitui um direito, portanto, sua participação não deve ser de forma forçada pelos profissionais. A busca ativa no território de abrangência do CRAS, das famílias em situação de vulnerabilidade social, antecede o processo de acompanhamento familiar. Situação de acontece mediante as informações repassadas pela Vigilância Social, com o objetivo de motivar o comparecimento das famílias ao CRAS ou perante a visita domiciliar por um profissional, de modo a identificar, a partir do estudo social, quais famílias necessitam e desejam participar do processo de acompanhamento familiar. Estudo Social - análise tecnicamente qualificada sobre a situação de 40 vulnerabilidade social vivenciada pela família, que explicita a necessidade de inserção da família no atendimento ou no acompanhamento familiar. O acesso das famílias ao ambiente do CRAS também pode ocorrer por meio de demanda livre, onde os próprios usuários procuram a instituição para a resolutividade de duas demandas. Após uma escuta inicial, as famílias podem ser inseridas no processo de acompanhamento familiar. Consistem em diversas formas de acesso ao CRAS, que pode ser realizado por meio de encaminhamentos de outra unidade social, podendo ser feito pelas escolas, pela saúde ou qualquer outro serviço de prestação. O CREAS, também pode repassar em forma de contrarreferência, as famílias ao CRAS, redirecionando as mesmas após a constatação da resolutividade da demanda anterior. Após a decisão conjunta por parte da família e dos profissionais envolvidos sobre a necessidade do acompanhamento familiar, dá-se início aos procedimentos inter-relacionados que compõem o acompanhamento de uma família: Durante o primeiro contato é o momento no qual os técnicos recebem os usuários, escutam suas demandas, necessidades e apresentam os possíveis procedimentos a serem manejados, esclarecendo sobre as etapas de participação durante esse processo. É a partir desse encontro que se verifica a disponibilidade e preferência da família sobre o modo de acompanhamento a ser utilizado, ou seja, se a continuidade será realizada em grupo ou individualmente, com a intenção de colaborar com o resultado das possíveis respostas, com base nas demandas apresentadas pelas famílias. Os recursos territoriais podem ser movidos para auxiliar na superação das vulnerabilidades vivenciadas, levando em consideração as estratégias que podem ser seguidas conforme o compromisso familiar. Com relação a estas etapas de acompanhamento familiar, tem como interesse primário incentivar a reflexão das famílias sobre as vulnerabilidades enfrentadas, ajudando na superação das fragilidades e colaborando com potencialidades. Também há devolutivas do profissional sobre as respostas do Estado às demandas e vulnerabilidades enfrentadas pelas famílias, com a ampliação de espaços de diálogo e participação, aumentando a auto compreensão da realidade vivenciada, a partir da promoção do questionamento sobre o predomínio de uma ordem social desigual, com o resgate das trajetórias de vida e compreensão dos processos de vulnerabilidades vivenciados, que significa o reconhecimento das 41 potencialidades do seu grupo familiar, da condição de sujeito de direitos de cada um de seus membros, bem como da família como um todo. Vimos também no desenvolvimento desse trabalho como funciona a Atuação do Assistente Social junto ao PAIF no CRAS IV de Lages SC, que é o objetivo geral deste trabalho desde a acolhida das famílias em acompanhamento, identificando as demandas apresentadas e características do território e situações de vulnerabilidades, desde a chegada do usuário no CRAS ou busca ativa, analisando qual será o diagnóstico, demandas trazidas, colocando em prática as ações que compõe o PAIF: como oficinas com famílias, visitas domiciliares, atendimento particularizado, relatórios, parecer social e inclusão dos usuários em programas sociais entre outro ofertados no CRAS IV. São trabalhadas diversas questões específicas com os usuários acompanhados pelo Assistente Social do PAIF dentro das Políticas da Assistência Social, orientando e atuando na busca dos direitos, e onde busca-los e trabalhando sempre no fortalecimento de vínculos. 42 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL, Ministério de Desenvolvimento Social e Combate á Fome. Caderno de Orientações Técnicas sobre o PAIF – Volume 1 – O Serviço de Proteção Integral à Família – PAIF, segundo a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais.1 Ed. Brasília. MDS, 2012. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência Social – CRAS. Brasília: MDS, 2009. IAMAMOTO, Marilda V. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo: Cortez, 2009. IAMAMOTO, Marilda Vilela. Serviço Social em Tempo de Capital Fetiche: Transformações do Capital Financeiro, Trabalho e Questão Social. 2ª Edição, São Paulo: Cortez,2012. IAMAMOTO, M. V. O trabalho do assistente social frente às mudanças do padrão de acumulação e de regulação social. In: Capacitação em Serviço Social e Política Social. Crise Contemporânea, Questão Social e Serviço Social. Brasília, DF: UnB, Centro de Educação Aberta, Continuada a Distância, módulo 1, 2003. LEITE, André Ribeiro. Considerações sobre o Benefício de Prestação Continuada: do princípio da dignidade da pessoa humana à sua concessão judicial. 2013. Disponível em https://andreleite.jusbrasil.com.br/ Acesso em 13 set. 2021. https://andreleite.jusbrasil.com.br/ 43 MONTAÑO, Carlos. Terceiro Setor e Questão Social: crítica ao padrão emergente de intervenção social. 4.ed. São Paulo: Cortez. 2007. 44 ANEXO INSTRUÇÃO NORMATIVA
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