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TCC ATUALIZADOPRONTO FLÁVIA BOMFIM

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
FLÁVIA BOMFIM DOS SANTOS
O TRÁFICO DE PESSOAS PARA FINS DE EXPLORAÇÃO SEXUAL NO BRASIL E NO MUNDO
Rio de Janeiro
2019.2
FLÁVIA BOMFIM DOS SANTOS
Artigo Científico Jurídico apresentado à Universidade Estácio de Sá, Curso de Direito, como requisito parcial para a conclusão da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso.
Orientador: MSC Profº: Ronaldo Figueiredo Brito
Rio de Janeiro
Campus Tom Jobim
2019.
RESUMO:
Este trabalho tem como objetivo principal identificar o impacto na analise do Tráfico de pessoas para fins de exploração sexual no Brasil e no mundo, que pode refletir na fonte principal a lei de Tráfico de pessoas 13.344/2016 que alterou o código penal, tendo como contribuição não só as vítimas, mas todos os cidadãos. Para realização deste trabalho, foram realizadas pesquisas por intermédio do levantamento bibliográfico e exploratório, e também com o auxílio de renomados doutrinadores, bem como jurisprudências e normas do sistema jurídico brasileiro. Ressalta-se, a ausência de um sistema eficaz e informatizado e de um fluxo de atendimento que facilite a integração entre os sistemas de Justiça, Segurança pública e assistência social as vítimas. Para combater fortemente a essa dinâmica local, onde estão baseadas as células criminosas, exercendo pressão direta ou indireta sobre os sistemas nacionais de segurança pública de diversos países. Assim, para cumprir a lei 133.444, é necessário que haja investimento, de modo que a privação de liberdade e o respeito, aos direitos fundamentos do ser humano.
Palavras-Chave: Exploração sexual; Legislação Brasileira; Tráfico de pessoas;
SUMÁRIO
1. Introdução; 2. Desenvolvimento; 2.1. Do Conceito do Tráfico de Pessoas e as Causas desse Crime; 2.2. Das Formas de Exploração Sexual; 2.3. Do Perfil da Vítima e o Perfil dos Aliciadores; 2.4. Das Formas de Captação das Vítimas; 2.5. Do Tráfico de Pessoas na Legislação Brasileira com o Advento na Lei 13.344/2016 e Legislação Internacional com o Advento no Protocolo de Palermo 3. Conclusão; 4. Referências.
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo único proporcionar uma reflexão sobre o impacto e consequências sobre o tráfico de pessoas para fins de exploração sexual no Brasil e no mundo. 
Entretanto, é possível trazer à tona uma questão que permeia e atormenta vários segmentos da sociedade, inclusive não só os operadores de direito, mas também todos aqueles que participam de alguma forma do quotidiano dessas pessoas, que saem em defesa das vítimas, buscando meios legais punitivos, postos com a finalidade de inibir o tráfico e cessar a violência sexual.
O delito de tráfico de pessoas é um fato que vem crescendo consideravelmente no Brasil e no mundo, tem sido apontado como uma das formas mais modernas de escravidão dos dias atuais. No entanto, é muito difícil identificar os agentes e aliciadores que formam a rede de tráfico. É possível afirmar que uma vez que eles se infiltram na sociedade de uma forma que é praticamente impossível de serem detectados e punidos. 	No entanto, esta preocupação é pertinente e relevante no contexto atual, e também, porque o conhecimento deve ser instrumento estratégico de transformação, que, assimilado de forma consciente e participativa pelos operadores de direitos.
Com efeito, este delito é motivado por muitos fatores, tais como a instabilidade econômica, pobreza, preconceitos em relação ao gênero e raça, guerras, leis sem eficácia, além da globalização, dentre outros. Sendo assim, o crime vai se ampliando e invadindo o mercado “negro”, se tornando um meio muito rentável para os agentes criminosos que gerenciam este crime que envolve principalmente o comércio internacional de humanos, cujo objetivo é explorar de todas as formas possíveis essas vítimas.
Por ser uma conduta muito complexa, tem relação direta com princípios morais e éticos, uma vez que destroem cruelmente a dignidade do indivíduo que é vítima deste crime, juntamente com a perda da liberdade de ir e vir e na grande maioria das vezes a sexual, que são atos considerados imprescindíveis para todas as pessoas. Portanto, o Estado possui a obrigação de proteger e cuidar desses indivíduos. Por isso é preciso que haja mais eficácia ao combate deste crime hediondo, não tratando este delito de forma objetiva e sim criando normas simples e conclusivas que ajudem a elucidar o tráfico de seres humanos. É o que explicam os autores Leal, Leal e Libório (2007) ao interpretarem que nos últimos cinco anos, no Brasil, as instituições, governos, universidades, e a sociedade civil, têm buscado soluções para identificar rotas, tráfico de pessoas e exploração sexual, além da dimensão jurídica.[1: LEAL, Maria Lúcia Pinto; LEAL, Maria de Fátima Pinto; LIBÓRIO, Renata Maria Coimbra. Tráfico de Pessoas e Violência Sexual. Org. pelo Grupo de Pesquisa sobre Violência, Exploração Sexual e Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes – VIOLES/SER/Universidade de Brasília. Brasília, 2007. p. 7. Disponível em:< http://www.andi.org.br/sites/default/files/legislacao/Tr%C3%A1fico%20de%20Pessoas%20e%20Viol%C3%AAncia%20Sexual%20(livro_Violes_UnB).pdf>. Acesso em:10/10/2019.]
Diante dessas pesquisas, aqui relatados possam servir de base, ao contribuir para novas pesquisas e teorias. Fica claro que esse trabalho se limitou por ser um tema muito amplo, e inesgotável, e que fique aberto esse processo de estudo para novas pesquisas para responder no tempo presente, no futuro próximo. Pode-se dizer que o Estado pode construir políticas públicas mais eficientes no combate a essa grave violação dos direitos fundamentais dos seres humanos.
Finalmente, é essencial esclarecer a relevância de uma análise mais profunda sobre este tema tão importante e complexo, refletindo sobre as muitas perguntas que envolvem o crime de tráfico humano, colaborando não apenas para uma melhor compreensão de suas particularidades. Não obstante, igualmente fazendo uma prevenção e combate ao crime de tráfico de pessoas, intervindo na esfera normativa, jurídico institucional e social em que este delito ocorre.
Entretanto, é preciso salientar os Dados que foram incluídos no relatório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) indicam que o tráfico na América do Sul, em que mais da metade (57%) das 4.500 vítimas de tráfico de pessoas foram recrutadas para fins de exploração sexual, durante o período. Além disso, cerca de um terço do total de vítimas foram tráfico transfronteiriço na região ocorre majoritariamente entre países vizinhos.[2: UNODC. Disponível em:< https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/frontpage/2017/03/quase-um-terco-do-total-de-vitimas-de-trafico-de-pessoas-no-mundo-sao-criancas-segundo-informacoes-do-relatorio-global-sobre-trafico-de-pessoas.html>. Acesso em:03/10/2019.]
Com efeito, as estatísticas mostram que o primeiro Diagnóstico Brasileiro sobre Tráfico de Pessoas, realizado pela Secretaria Nacional de Justiça e Cidadania, teve como base exclusivamente as estatísticas oficiais registradas no período de 2005 a 2011, em que já destacava a fragilidade dos sistemas de informação das instituições da segurança pública e justiça criminal no Brasil.[3: BRASIL. Ministério da Justiça. Relatório Nacional sobre o tráfico de pessoas: dados (2014 a 2016). 2017, p.28. Disponível em:< https://www.justica.gov.br/sua-protecao/trafico-de-pessoas/publicacoes/relatorio-de-dados.pdf>. Acesso em:03/10/2019.]
Diante dos resultados dessa ação, por ser uma problemática de contexto multidimensional, de caráter criminoso e velado, ao tráfico de pessoas e explosão sexual. E com isso, pode-se fazer a pergunta norteadora: Qual impacto na analise do Tráfico de pessoas para fins de exploração sexual no Brasil e no mundo, que pode refletir na lei de Tráfico de pessoas com base na lei nº 13.344/2016 no ordenamento jurídico?
Este trabalho tem como objetivo principal identificar o impacto na analise do Tráfico de pessoas para finsde exploração sexual no Brasil e no mundo, que pode refletir na fonte principal a lei de Tráfico de pessoas 13.344/2016 que alterou o código penal, tendo como contribuição não só as vítimas, mas todos os cidadãos.
Para facilitar a operacionalização da pesquisa, foram propostos os seguintes objetivos específicos: a) Identificar o conceito de tráfico de pessoas e as causas dessa violação; b) Descrever o perfil da vítima e dos aliciadores; c) Analisar o tráfico de pessoas na legislação Brasileira com o advento na lei 13.44/2016 e na legislação internacional com advento no protocolo de Palermo.
Para o desenvolvimento do nosso trabalho foi necessário estabelecer alguns referenciais que nos permitissem qualificar a abordagem do assunto. Desta forma, é preciso debruça sobre pesquisas contemporâneas na área jurídica sobre a maneira de apreender e problematizar no âmbito da Lei 13.344/2016, que trouxe para ordenamento jurídico inovações esclarecedoras, a partir dos direitos fundamentais, resguardado na Constituição de modo a utilizá-las para melhor apreender o processo jurídico.
Para realização deste trabalho, foram realizadas pesquisas por intermédio do levantamento bibliográfico e exploratório, e também com o auxílio de renomados doutrinadores, bem como jurisprudências e normas do sistema jurídico brasileiro. Sobre a metodologia utilizada cabe dizer segundo Gil (2002).que a pesquisa bibliográfica serve para alcançar os dados a partir de trabalhos publicados por outros autores, como livros, obras de referência, periódicos, teses e dissertações. [4: Gil, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4º. ed. São Paulo : Atlas, 2002.p.44.]
Em relação à pesquisa exploratória é de grande importância por proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses (GIL, 2002).[5: Ibid.,p.44.]
Através da análise das fontes bibliográficas consultadas espera-se que, este trabalho possa auxiliar na constituição de um recurso útil para os operadores de direito, bem como outras áreas que lidam com o assunto em questão.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. O CONCEITO DE TRÁFICO DE PESSOAS E AS CAUSAS DESSE CRIME
 
De acordo com o dicionário Aurélio online de português a palavra “Trafico” se refere principalmente ao comércio e ao negócio clandestino. Portanto, significando alguém que assumi as consequências ao Realizar operações comerciais clandestinas e ilegais. Desse modo, compatível com o tema aqui apresentado.[6: Disponível em:< https://www.dicio.com.br/pesquisa.php?q=TRAFICO+>. Acesso em: 14/09/2019.]
Sobre esse tópico referido o tráfico humano ou de pessoas é uma das atividades ilícitas mais lucrativas do mundo, que cresceu demasiadamente no século XXI, tendo em vista que na busca por melhores condições de vida, muitas pessoas são enganadas por agentes criminosos que muitas vezes oferecem falsamente empregos com alta remuneração. A respeito desse assunto, Verson e Pedro afirmar que:
O tráfico de pessoas é um conceito jurídico inventado no século XIX e que reapareceu entre nós no final do século XX. Este artigo trata de dotar de historicidade o conceito de tráfico que se utiliza hoje e de pensar as lutas políticas e as disputas de interesses que tornaram esse fenômeno novamente dizível e visível. (VERSON; PEDRO, 2013, p.62).[7: VENSON, Anamaria Marcon; PEDRO,Joana Maria Pedro. Tráfico de pessoas: uma história do onceito. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 33, nº 65, p. 61-83 – 2013 p.62. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/rbh/v33n65/03.pdf>. Acesso em: 15/09/2019.]
Diante do exposto, é importante ressaltar o Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional. Conforme a publicação da Revista do Ministério Público do Trabalho (MPT) aponta para o “Protocolo Adicional das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição ao Tráfico de Pessoa, em Especial Mulheres e Crianças”, o mais conhecido como “Protocolo de Palermo”, foi ratificado pelo Brasil em 2004, por meio do Decreto n. 5.017, de 12 de março de 2004. (BRASIL, 2013). No entanto, o Protocolo, no artigo 3º, define como tráfico de pessoas:[8: BRASIL. Ministério Público do Trabalho. Revista MPT, Brasília, Ano XXIII — N. 46 — SETEMBRO ,2013, p.218. Disponível em: < http://www.anpt.org.br/attachments/article/2697/MPT%2046.pdf#page=217>. Acesso em: 15/09/2019.]
 
O recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso de força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra, para fins de exploração. (BRASIL, 2013, p.6)[9: BRASIL. Relatório Nacional sobre tráfico de pessoas: Dados de 2013, p.6. Disponível em:< https://justica.gov.br/sua-protecao/trafico-de-pessoas/publicacoes/anexos-relatorios/relatorio-_2013_final_14-08-2015.pdf>. Acesso em:15/09/2019.]
Ressalte-se, porém, que esses agentes criminosos geralmente atuam em grande escala regional, nacional e também internacional, privando assim a liberdade de muitos homens, mulheres e crianças que geralmente são de origem humilde que sonham com um futuro melhor para si próprio e também de suas famílias.
Sintetizando essa visão de tráfico de pessoas nas palavras de Nogueira et al (2013)em que autores argumentam que a norma incorporada em nosso ordenamento jurídico, a partir da ratificação do Protocolo de Palermo, reconhecer na exploração sexual e no trabalho forçado as principais finalidades do tráfico de pessoas.[10: NOGUEIRA, Christiane Et al. Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo: Além da Interposição de Conceitos. Revista do Ministério do Trabalho, 2014, p.232. Disponível em:< http://www.anpt.org.br/attachments/article/2697/MPT%2046.pdf#page=217>. Acesso em:15/09/2019.]
Conforme a publicação da repórter Carolina Gonçalves da Agencia Brasil (2018) onde descreveu que nem sempre o tráfico de pessoas ocorre de forma forçada. Na maior parte das vezes, o crime começa com a promessa de realização de um sonho: um pedido de casamento que pode mudar a vida de mulheres, a oferta de um emprego ou a chance de seguir a carreira de modelo ou de jogador de futebol. Só quando o sonho vira pesadelo é que as vítimas percebem que foram alvos de aliciadores, dizem autoridades que atuam no combate a essa prática. A dificuldade em perceber a prática do crime desde a origem tem sido um dos principais desafios no enfrentamento ao tráfico humano.[11: AGENCIA BRASIL. Tráfico humano: crime começa com promessa de realização de sonhos. 2018. Disponível em:< http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-07/trafico-humano-crime-comeca-com-promessa-de-realizacao-de-sonhos>. Acesso em: 15/09/2019.]
Conforme o Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o crime Organizado Transnacional relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, mais precisamente em seu artigo 3° “a” o tráfico Humano é conceituado: 
Por “tráfico de pessoas” entende-se o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou ao uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou de situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tem autoridade sobre outra, para fins de exploração. A exploração deverá incluir, pelo menos, a exploração da prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, a escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a extração de órgãos [...]. (ONU, 2013, p.3)[12: ONU. Protocolo de Palermo: Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade Organizada Transnacional relativo à Prevenção, à Repressãoe à Punição doTráfico de Pessoas, em especial de Mulheres e Crianças 2013, p. 2. Disponível em:<http://sinus.org.br/2014/wp-content/uploads/2013/11/OIT-Protocolo-de-Palermo.pdf>. Acesso em: 15/09/2019.]
 
Como já deve ter sido percebido o tráfico humano consiste no ato de comercializar, escravizar, explorar, humilhar, maltratar e privar vidas, ou seja, é uma forma de violação dos direitos humanos mais cruéis que pode existir. Note-se, ainda que normalmente, as vítimas desse crime são obrigadas a realizar trabalhos forçados sem qualquer tipo de ganho ou remuneração, tais como prostituição, serviços braçais, domésticos, em pequenas indústrias, minas de carvão, entre outros, além de algumas delas terem seus órgãos removidos e vendidos no mercado negro.
Como lembra Dias e Sprandel (2012) o Protocolo coloca desafios e dificuldades a governantes, operadores do direito e defensores de direitos de trabalhadores imigrantes. Subjacente a esta tensão está a dicotomia entre crime e direito, que perpassa as categorias apresentadas na definição de tráfico do Protocolo de Palermo. [13: DIAS, Guilherme Mansur; SPRANDEL, Marcia Anita. A CPI do Tráfico de Pessoas no contexto do enfrentamento ao Tráfico de Pessoas no Brasil, 2012, p.24. Disponível em:< https://www.acnur.org/portugues/wp-content/uploads/2018/02/Caderno-de-Debates-07_Ref%C3%BAgio-Migra%C3%A7%C3%B5es-e-Cidadania.pdf#page=23>. Acesso em:15/09/2019.]
Atualmente, esse crime se confunde com outras práticas criminosas e de violações aos direitos humanos e não serve mais apenas à exploração de mão de obra escrava. Portanto, essa preocupação, busca um critério que segundo Costa (2007) o aumento da circulação de pessoas e a facilidade de movimentação do fluxo de capitais propiciaram ao crime organizado especialização em atividades de grande lucratividade, como a mercantilização de pessoas e criação de redes de tráfico de seres humanos com alcance internacional.[14: COSTA, Débora de Souza Toledo. Tráfico de pessoas. Puc, RJ, 2007. Disponível em:< http://www.puc-rio.br/pibic/relatorio_resumo2007/relatorios/dir/relatorio_debora_toledo.pdf>. Acesso em:16/09/2019.]
Mais atuais do que nunca o tráfico de pessoas acaba alimentando, também redes nacionais e transnacionais de exploração sexual comercial, muitas vezes ligada a roteiros de turismo sexual, e organizações especializadas em retirada de órgãos. Entretanto, deve-se destacar que o tráfico de pessoas é um crime que cresce cada vez mais e por se tratar de uma prática delituosa desumana e degradante que ofende de forma brutal suas vítimas, nesse sentido é necessário levantar as seguintes questões: quais são as causas do tráfico de pessoas? Será que apenas a pobreza é a causa principal? 
Segundo a Secretária Nacional a Justiça, a pobreza é um dos fatores determinantes para este crime. A crise mundial, causa do aprofundamento da pobreza e das desigualdades, cria espaços para o fomento das mais diversas formas de exploração mediante o comércio de seres humanos. (SNJ, 2013).[15: BRASIL. Secretária Nacional de Justiça (SNJ). Tráfico de pessoas: uma abordagem para os direitos humanos. Brasília: Ministério da Justiça, 2013, p.16. Disponível em:< https://www.justica.gov.br/sua-protecao/trafico-de-pessoas/publicacoes/anexos/cartilha_traficodepessoas_uma_abordadem_direitos_humanos.pdf/view>. Acesso em: 17/09/2019.]
No entanto, esse reflexo acaba atingindo a maioria esmagadora das vítimas que possuem dificuldades financeiras e pertencem a comunidades marginalizadas. Mas, este não pode ser considerado o único critério que leva a tal prática, pois se trata, portanto, de um delito muito complexo e que demanda uma série de razões. 
Portanto, a Organização Internacional do Trabalho, elencou as estatísticas segundo a secretária Nacional de Justiça que elencou uma série de motivos que levam a circunstância de tal conduta, quais sejam: Globalização; pobreza; ausência de oportunidades de trabalho; discriminação se gênero; Instabilidade política, econômica e civil em regiões de conflito; violência doméstica; emigração indocumentada; turismo sexual; corrupção de funcionários públicos e leis deficientes. De acordo com a especialista em questões ambientais e gênero Priscila Siqueira, aplicou o tema sob análise, ao descrever que:
A OIT afirma que 43% dessas vítimas são usadas na exploração sexual comercial e 32% na exploração econômica. As demais — 25% dessas pessoas — são traficadas para uma combinação dessas duas formas de escravidão ou por razões indefinidas. Para a OSCE – Organização para Segurança e Cooperação na Europa, 2,6 milhões de pessoas são traficadas anualmente no mundo, sendo que 800 mil delas para mão de obra em trabalhos forçados.(OIT, 2005 apud SIQUEIRA,2013, p.26).[16: SIQUEIRA, Priscila. Tráfico de pessoas comércio infamante num mundo globalizado. Secretária Nacional de Justiça (SNJ). 2013,p.26. Disponível em:< https://www.justica.gov.br/sua-protecao/trafico-depessoas/publicacoes/anexos/cartilha_traficodepessoas_uma_abordadem_direitos_humanos.pdf/view>. Acesso em: 17/09/2019.]
Consequentemente, são inúmeros os fatores que contribuem para a ocorrência do tráfico de pessoas. Entretanto, as raízes do problema encontram-se muito mais nas forças que permitem a existência da demanda pela exploração de seres humanos do que nas características das vítimas. Para Venson e Pedro (2013) ao depender da forma pela qual a ação foi dada, portanto, descreve como ‘coisificação’ de pessoas, de mulheres (tráfico, e não tráfego), não há como negar: em questões de objetificação, onde o jurista venceu o cafetão.[17: VENSON, Anamaria Marcon; PEDRO,Joana Maria Pedro. Tráfico de pessoas: uma história do conceito. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 33, nº 65, p. 61-83 – 2013 p.71. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/rbh/v33n65/03.pdf>. Acesso em: 15/09/2019.]
Em outras palavras a indefensabilidade da mulher e da criança, é muitas vezes mencionada ao se tratar do tráfico de pessoas, uma vez que eles são os elementos que levam a maior prática do crime em relação aos demais, haja vista que a mulher e a criança ainda hoje são reféns de uma sociedade patriarcal que não reconhece a sua igualdade perante os homens.
2.2. DAS FORMAS DE EXPLORAÇÃO SEXUAL
A definição de Exploração Sexual possui base legal no Protocolo de Palermo, que o conceitua de forma simples, uma vez que cada país apresenta uma compreensão diferente sobre o tema. Em seu artigo 3º, do mesmo dispositivo que define tráfico de pessoas, o mesmo traz a seguinte descrição sobre exploração sexual: 
Art. 3º, A exploração deverá incluir, pelo menos, a exploração da prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, a escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a extração de órgãos.[18: Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças (2000), p.3. Disponível em: <http://sinus.org.br/2014/wp-content/uploads/2013/11/OIT-Protocolo-de-Palermo.pdf>. Acesso em: 18/09/2019.. 2017.]
Diante do exposto, ao fazer análise de tal artigo, percebe-se que o Protocolo busca estabelecer conceitos gerais com a maior abrangência possível. Isto não ocorre de maneira diferente quando se trata da definição de exploração sexual, que inclui a prostituição, outras formas de trabalhos ou serviços forçados, escravidão ou práticas similares à escravidão, servidão e até a remoção de órgãos. Este crime decorre da cobiça ou mercantilização da atividade sexual, ou seja, a exploração sexual trata o sexo como um objeto a ser trocado por alguma vantagem, seja ela, financeira ou não.
Neste contexto, fica fácil entender que segundo Nucci (2009) que o quadro nascente, ao verificar a exploração sexual em uma conduta genérica, voltada para abusos, proveitos. Tendo vista, lucrar mediante fraude ou engodo dos indivíduos, visando-se a satisfação da lasciva. [19: NUCCI,Guilherme de Souza. Crimes contra a dignidade sexual: Comentários à Lei 12.015, de 7 de agosto de 2009.1ª ed. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2009. p. 57.]
É importante ressaltar que a exploração de seres humanos no crime de tráfico de pessoas ocorre das formas mais diversas possíveis e imagináveis, são incontáveis as possibilidades de violentar, humilhar, maltratar e discriminar uma pessoa. Posto que, a exploração sexual merece uma atenção especial, visto que profana cruelmente a dignidade da pessoa humana, que deveria ser livre para ir e vir e poder realizar suas próprias escolhas, tais como onde e com o que trabalhar, mas são submetidas a trabalhos sexuais para satisfazer o interesse pessoal e econômico de criminosos que não possuem medo algum de serem penalizados.
Ressalta-se, contudo, como se sabe existem algumas formas de exploração sexual, entre ela o Lenocínio que compreende a ação que visa a facilitar ou promover a prática de atos de libidinagem ou a prostituição de outras pessoas, ou dela tirar proveito. É uma conduta criminosa praticada desde o início na civilização humana, constituindo uma atividade que depende da prostituição.
Alguns autores, tal como Heleno Cláudio Fragoso é considerado um dos mais destacados advogados criminais e juristas do Brasil. No entanto para o autor o lenocínio é um crime torpe e fere profundamente a moral e os costumes ao presenciar ou usufruir da libidinagem alheia. (FRAGOSO, 1965). [20: FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal: parte especial – artigos 227 a 292. 2. ed. São Paulo: José Bushatsky, 1965. 3 v. p. 511.]
Todavia, existem posicionamentos diversos que entendem que a prática do crime de lenocínio não deve ser tipificada como crime desde que exista a autorização concedida por uma pessoa plenamente capaz. Como observa Guilherme Nucci ao afirmar: 
O favorecimento da prostituição é basicamente inaplicável, pois envolvem adultos e, consequentemente, a liberdade sexual plena. A prostituição não é delito e a atividade de induzimento, atração, facilitação, impedimento (por argumento) ou dificultação (por argumento) também não têm menor sentido constituir-se infração pena. (NUCCI, 2009, p.74). 
Neste sentido, para o autor, o princípio da intervenção mínima é claramente descumprido para com a pessoa “considerada vítima”, ao constatar o Lenocínio como crime, não havendo razão para o Estado intrometer-se na prostituição praticada por adultos que manifestam o livre arbítrio de praticar tal ato. Contudo, ele entende que a prostituição infantil deve ser examinada de forma diferente, tendo em vista que possui uma importância diversa da adulta, pois há o envolvimento de um vulnerável. 
Outra forma de exploração sexual é a Prostituição, em relação a esta conduta, muitas vezes o aliciador pratica este crime com o intuito de tirar proveito da prostituição alheia, que é uma das atividades mais antigas da história da humanidade. Atividade que é inclusive mencionada na Bíblia, mas que sempre foi reprovada pela sociedade de maioria conservadora, que entende que tal prática é imoral, uma vez que há comercialização de sexo diretamente envolvida.
A prostituição não é considerada crime no Brasil, pelo princípio da intervenção mínima, que diz que o direito penal deve ser aplicado em última rátio, ou seja, o direito penal somente deve ser aplicado em casos que atinjam os direitos e garantias previstos na Constituição Federal. Já nas ações de exploração da prostituição, como o lenocínio e o rufianismo, por exemplo, são tipificadas como crimes e há penas estabelecidas para estes citados delitos previstos no Código Penal. 
Nesta continuidade, declara a cartilha de Política Nacional de Enfrentamento do Tráfico de mulheres, elaborada pela Secretaria de Políticas para as Mulheres em união com a presidência da república que ressalta:
O que se pretende não é impedir o livre exercício da prostituição, mas sim garantir que em momento algum ocorra qualquer tipo de exploração e desrespeito aos direitos fundamentais e à dignidade dessas mulheres, nem tampouco de qualquer pessoa se beneficie da exploração da prostituição de outrem. (BRASIL, 2011, p.29).[21: BRASIL. Tráfico de Mulheres: Política Nacional de enfrentamento, Brasília: Secretaria de Políticas para Mulheres, Presidência da República, 2011.p. 29. ]
Por isso, é importante diferencia nesta cartilha a prostituição forçada e a prostituição voluntária. A primeira é efetuada sem o consentimento válido da vítima e é punida no Brasil. Já a segunda é aquela exercida por vontade própria e pode ser autônoma ou não. 
A autônoma é considerada trabalho na Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério de Trabalho e Emprego (TEM), no item 5198 que estabelece Profissionais do Sexo como uma atividade profissional. Todavia, a cartilha ainda informa que existe a prostituição autônoma, muitas vezes realizada pela pessoa em razão da falta de oportunidades, o que facilita a sua exploração em razão de seu estado vulnerável.
Existe ainda o Turismo sexual, que é outra forma de exploração do sexo, onde o Brasil é mundialmente conhecido por tal pratica. O turista vem ao nosso país a procura do sexo desenfreado com mulheres, adolescentes e travestis. Esta pratica é bastante comum no nordeste do país, onde essas pessoas aliciadas ou não se vedem aos turistas que lá vão visitar. Por fim ainda existe a exploração sexual através da pornografia infantil e a própria pedofilia, são grandes os casos dessa pratica delituosa no Brasil. Onde crianças que usam a internet são aliciadas por adultos que se escondem atrás de um computador ou aparelho telefônico para incentivar crianças a enviarem fotos e vídeos pornográficos ou até mesmo marcarem encontros para poderem estuprar esses menores. E há também a pedofilia, geralmente esses crimes são cometidos por alguém da família ou é muito próximo do menor. Existe um problema grande na prática desses crimes, pois são cometidos por adultos contra crianças indefesas e muitos casos não são descobertos justamente, por essas crianças não saberem se expressar e dizer o que fizeram com ela. Na definição da UNICEF:
[...] a exploração sexual para fins comerciais trata-se de uma prática que envolve a troca de dinheiro ou favores entre um usuário/intermediário, aliciador/agente e outros que obtêm lucros com a compra e venda de serviços envolvendo o uso do corpo das crianças e/ou adolescentes, como se fosse uma mercadoria.[22: UNICEF. Direitos negados 2006, A Violência contra a Criança e o Adolescente no Brasil p.56. Disponível em:< https://www.unicef.org/brazil/media/4021/file/Direitos_Negados.pdf>. Acesso em: 18/09/2019.]
Acrescenta-se que o Ministério Público Federal (MPF) ao afirma que: 
No Brasil, estima-se que todos os dias centenas de crianças e adolescentes sofrem abuso sexual; os números são muito maiores do que os da violência sexual contra a mulher, inclusive porque apenas uma pequena parte das ocorrências se torna conhecida das autoridades policiais.[23: BRASIL. Abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. MPF,2018, p.05. Disponível em: http://mpf.mp.br/ms/sala-de-imprensa/docs/2018/cartilha-virtual-abuso-sexual>. Acesso em: 18/09/2019.]
Sem ignorar, como regra geral a exploração sexual está diretamente ligada à questão comercial, ao lucro, pois o ato compromete crianças e adolescentes a se submeterem como objeto sexual, em troca de remuneração em dinheiro. Ainda analisando a exploração sexual infanto-juvenil, em que nesta hipótese, é preciso pontuar que segundo os dados divulgados do portal do observatório 3ºsetor (2019): os dados revelam como as crianças brasileiras vêm sofrendo no país. Entre as crianças do sexo feminino com notificação de violência sexual, destaca-se que 51,9% estavam na faixa etária entre 1 e 5 anos, e 42,9% estavam na faixa etária entre 6 e 9 anos. Além disso, 46,0% eram da raça/cor da pele negra, e as notificações se concentraram nas regiões Sudeste (39,9%), Sul (20,7%) e Norte (16,7%).[24: OBSERVATÓRIO DO 3ºSETOR. 2019. Disponívelem:< https://observatorio3setor.org.br/noticias/51-das-criancas-abusadas-sexualmente-no-brasil-tem-de-1-a-5-anos/>. Acesso em:18/09/2019.]
Conforme exposto os dados mostram vulnerabilidade que as crianças brasileiras são exploradas sexualmente por pedófilos. Cabe aqui lembrar que a família da criança está muitas vezes envolvida. No entanto, o pedófilo pode ser qualquer parente ou vizinho mais próximo. Com efeito, somente o cuidado com as crianças jovens, sobretudo para protegê-las da exploração sexual, e a disseminação de Delegacias de Polícia e Promotorias de Justiça especializadas pode impedir a repetição desses fatos.
2.3. DO PERFIL DA VÍTIMA E DOS ALICIADORES 
De acordo com os dados de mídia, pode-se indicar que os homens (59%) aparecem com maior incidência no processo de aliciamento/agenciamento ou recrutamento de mulheres, crianças eadolescentes nas redes de tráfico para fins sexuais, cuja faixa etária oscila entre 20 e 56 anos. Com relação às mulheres, a incidência é de 41% e a faixa etária é de 20 a 35. (PESTRAF, 2000 apud LEAL; LEAL, 2002, p.62).[25: LEAL, Maria Lúcia, LEAL, Maria de Fátima P., Orgs. Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para fins de Exploração Sexual Comercial - PESTRAF: Relatório Nacional – Brasil, 2002, p.62. Disponível em:< http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/cecria/rel_nacional_pestraf_2002.pdf>. Acesso em:18/09/2019.]
Segundo autores observaram que em relação a configuração do tráfico de crianças, pode-se dizer que a incidência é bem menor se comparada ao de adolescentes e ao de mulheres.(LEAL;LEAL,2002).[26: Ibid.,p.62.]
Sobre tais ações a vítima é a pessoa sobre a qual recai um determinado ato tipificado como crime, provocando a intervenção do Estado. Em conformidade com inúmeras pesquisas e doutrinas a conduta delituosa incide, em sua maioria, sobre mulheres e crianças. 
As mulheres brasileiras são grandes alvos do tráfico de pessoas para fins de exploração sexual. Pois sobre tais ações, Sofia Neves considera que:
A pertença sexual, aliada à pertença étnica e de classe, é um fator de risco para o envolvimento em situações de exploração sexual. Assim, constata-se que as vítimas de tráfico para fins de exploração sexual são sobretudo mulheres estrangeiras, com idades compreendidas entre os 20 e os 30 anos, que provêm de países com nítidos contrastes sociais, onde as taxas de pobreza e de precariedade social são muito elevadas.(NEVES,2010, p.178).[27: NEVES, Sofia. Tráfico de mulheres Brasilieras para fins de exploração sexual em Portugal e interseccionalidade: um estudo de caso, Psicologia, Vol. XXIV (2), 2010, Edições Colibri, Lisboa, pp. 178. Disponível em:< http://www.scielo.mec.pt/pdf/psi/v24n2/v24n2a09.pdf>. Acesso em:18/09/2019.]
Portanto, a atividade criminosa de tráfico humano para fins de exploração sexual é tão rentável que não atrai apenas as profissionais do sexo, que ingenuamente pensam que vão ganhar muito dinheiro, esta prática atrai também as pessoas que incentivam este crime, que são os aliciadores, os cafetões e os chamados beneficiários indiretos, que são os donos de hotéis, boates, restaurantes, casas de massagem, etc. Eles são exemplos de membros integrantes de redes criminosas que facilitam e financiam o tráfico. 
Deve-se ainda observar que os aliciadores são as pessoas que mais lucram com tal pratica, usufruindo a maior parte do dinheiro ganho pelas prostitutas as quais, em muitos casos, vivem em sistema de semiescravidão, sendo maltratadas, com uso de violência e muitas vezes o uso forçado de drogadas, obrigadas a abrir mão de muitos de seus direitos, sofrendo discriminação, humilhações de todos os tipos possíveis, contribuindo assim para a perda de sua autoestima e dignidade. Diante destes fatos, o que levaria um grande número de meninas e mulheres a se tornarem vítimas desse crime? 
Para encontrar resposta a tal pergunta, é preciso analisar fatores sociais, econômicos e psicológicos conjuntamente, pois ela advém dos caracteres comuns encontrados nas vítimas. Por meio das pesquisas realizadas, os dados mais recentes apontam que a maior parte das pessoas é vítima do tráfico para fins de exploração sexual ou trabalho escravo, a maioria mulheres (Ministério da Justiça, UNODC e PNUD, 2018). Acrescenta que os números brasileiros corroboram o perfil das vítimas na América do Sul, cuja maior parte é composta por mulheres (51%) e meninas (31%). Regionalmente, 58% das vítimas são aliciadas para a exploração sexual, 32% para o trabalho escravo e 10% para outros propósitos. (UNODOC, 2019).[28: ONU. Nações Unidas Brasil.2019. Disponível em:< https://nacoesunidas.org/mpt-onu-brasil-e-parceiros-lancam-campanha-todoscontraotraficodepessoas/>. Acesso em:18/2019.]
Em relação a estatística, geralmente essas mulheres não possuem nenhuma perspectiva de melhoria de vida, em muitos casos não tiveram apoio familiar, muitas vezes essas mulheres foram até violentadas por pessoas próximas durante a infância e ao crescerem querem buscar um novo recomeço longe da família e da cidade natal, fatores estes que estão interligados na verdade e sem qualquer ajuda, elas acabam caindo diretamente nas mãos desses bandidos, que facilmente as enganam.
Entretanto, é nítido que há uma fragilidade maior quando se trata das mulheres e adolescentes que são usados para o tráfico de pessoas para fins de exploração sexual, porém já no que tange o trabalho semelhante ao de escravo, às vítimas prediletas dos agentes criminosos são os homens entre 21 e 45 anos, que não possuem escolaridade muitas vezes ou mal chegaram a cursar à 4ª série do ensino fundamental escolar. O aliciador é o membro que induz as vítimas a saírem de suas cidades, rumo a outras cidades mais desenvolvidas ou outros países, iludindo-as com promessas de ascender economicamente. 
Em geral, são homens, porém há muitas mulheres que também são agentes desse crime e atuam de forma significativa como aliciadores, representando 43,7%dos denunciados por tráfico e atuam predominantemente no aliciamento direto das vítimas, uma vez que as mulheres aparentemente passam a imagem de mais confiança e assim elas conseguem iludir as vítimas, através de conselhos para aceitarem a proposta do traficante. O perfil é ideal, tendo em vista que impede a punição ao tráfico, visto que muitos desses agentes do crime não atraem suspeitas sobre si mesmas, uma vez que eles usam de sua influência e poder que possuem, e assim trabalham livremente aliciando e traficando essas mulheres sem medo de serem pegos. Como observa Giovanni, afirma que:
Os governos têm interesse em combater o tráfico internacional, mas concentram esforços nas questões domésticas. ONGs são importantíssimas nesse trabalho conjunto, tratam das necessidades específicas das vítimas, resguardando seus direitos e atuando em campo na prevenção a novos casos de aliciamento. Outros organismos internacionais se concentram no tráfico humano, mas não do ponto de vista da justiça criminal. (QUAFLIA, 2008, p.40).[29: QUAGLIA, Giovanni. Tráfico de pessoas, um panorama histórico e mundial. Política nacional de enfrentamento ao tráfico de pessoas / Secretaria Nacional de Justiça. — 2. ed. — Brasília : SNJ, 2008.p.41. Disponível em:< https://www.unodc.org/documents/lpo-brazil/Topics_TIP/Publicacoes/2008_politica_nacional_TSH.pdf>. Acesso em:18/09/2019.]
 
Diante disso, fica claro diante do exposto que o combate ao crime de tráfico humano deve ser mais eficaz, tendo em vista que todas as pessoas podem estar sujeitas a esta pratica cruel e abominável, independentemente da cor da pele, da condição econômica, sexo, escolaridade ou idade, o importante é que se combata este crime, não permitindo que nossas mulheres, jovens e crianças sejam escravizadas para qualquer fim por estes aliciadores.
2.4. AS FORMAS DE CAPTAÇÃO DAS VÍTIMAS
Para a captação, existem duas formas diferentes de iludir a vítima que estar para ser traficada. A primeira forma é a proposta de algum trabalho bastante comum com um bom salário falsoenvolvido, sem qualquer envolvimento sexual sugerido no momento da oferta do suposto trabalho. 
Nos estudos feministas a definição de vítima é complexa e frequentemente rejeitada, já que pressupõe a passividade da mulher face às estruturas que a oprimem, designadamente o patriarcado. Para Santos; Gomes e Duarte (2009) explicam que o tráfico sexual levanta questões que acabam por o transcender nas questões éticas sobre a própria sociedade. Embora essas questões estão imbricadas nas consciências e nos paradigmas éticos pelos quais nos regulamos das quais são tabus na sociedade.[30: SANTOS, Boaventura de Sousa; GOMES, Conceição; DUARTE, Madalena. Tráfico sexual de mulheres: Representações sobre ilegalidade e vitimação. Revista Crítica de Ciências Sociais,2009, p.15. Disponível em:< https://journals.openedition.org/rccs/1447>. Acesso em:18/09/2019.]
Neste sentido a vítima é completamente ludibriada e sem questionar aceita a tal proposta achando que viajará para realizar um trabalho qualquer, como por exemplo, modelo, garçonete, “baby-sitter”, doméstica entre outros. 
Já, na segunda forma, a vítima aliciada geralmente já possui algum tipo de envolvimento com a prostituição e aceita a proposta do agente para realizar a atividade oferecida sem muitos problemas, já que ela acredita que será melhor para ela o trabalho oferecido. 
Precisos e contundentes, a esse respeito Santo; Gomes e Duarte (2009) acentuam que as preocupações com o tráfico de mulheres iniciaram‑se em finais do século XIX, com as ansiedades acerca das migrações individuais de mulheres para o exterior e a captura e escravatura de mulheres para prostituição.[31: Ibid.,p.25.]
Entretanto, essas pessoas enganadas pelos aliciadores, ao chegarem ao local destinado acabam descobrindo da pior maneira que nenhuma destas promessas feitas pelos sedutores agentes era verdadeira, então, retiram da vítima todos os seus documentos e ela é maltratada e muitas vezes trancafiada em algum lugar estabelecido pelos próprios traficantes, que não se importam com o bem-estar das vítimas e logo as forçam às mais abundantes maneiras de exploração e abuso, físico e mental. 
É importante e necessário salientar que o indivíduo que aceitou viajar com a intenção de se prostituir é enganado tanto quanto os outros, uma vez que as condições de trabalho oferecidas antes da viagem eram completamente o oposto do que ele encontrou ao chegar ao local de destino. 
Para Leal (2001) é preciso registrar que sofrem igualmente essas discriminações, explorações e violências, outros segmentos sociais vulnerabilizados ou em desvantagem social, onde se incluem também os transgêneros e determinados homens com características de homossexuais travestis e outros.[32: LEAL, Maria Lúcia Pinto. O tráfico de mulheres, crianças e adolescentes para fins de exploração sexual comercial. SER Social, 2001, p.173. ]
Por se tratar de um meio de crime muito rentável, a prática do tráfico de pessoas para fins de exploração sexual é muito elevada. E como o mercado é muito lucrativo, isso faz com que os traficantes sempre estejam à procura de novas garotas, contudo, não é tão fácil como parece, tendo em vista que neste ramo existe muitas singularidades dependendo do local de destino que as vítimas serão enviadas, uma vez que os clientes possui suas próprias preferencias, por isso é necessário a criação de “books”, que funcionam como uma espécie de catalogo, que vai ajudar o público alvo dessas vítimas de exploração sexual a escolher qual é o “produto que mais lhe agrada”. 
Vale aqui, ressaltar que o transporte dessas vítimas não é nada barato, pois o aliciador tem que fornecer a viagem da pessoa, a entrada em outros países e principalmente providenciar documentos falsos, principalmente se a vítima for menor de idade. No entanto, após a realização do transporte, esses agentes do crime passam a cobrar de suas vítimas os valores gastos com a viagem e ainda cobram delas as despesas como moradia e alimentação, eles fazem isso com o intuito de se beneficiarem e explorarem ainda mais essas pessoas. Assim, elas ficam cada vez mais a mercê dos traficantes e além de ficaram endividadas. 
Ainda sobre o assunto, a Federação Nacional dos Policiais Federais (FENAPEF), apresentaram o seguinte caso: 
Uma das garotas apresentou-se como “Cintia” e confirmou que estava aguardando a chegada de documentos a fim de embarcar para a Europa. Seu destino é Portugal. Mas, para pagar a viagem – documentos, passagens e hospedagens –, ela e outras meninas devem trabalhar pelo menos seis meses como prostitutas e repassar aos “chefes” 60% do que receberem. (FENAPEF, 2011). [33: BRASIL. FENAPEF. Tráfico de pessoas. 2011. Disponível em:< https://fenapef.org.br/35421/>. Acesso em: 18/09/2019.]
É importante salientar mais uma vez, que este crime é extremamente lucrativo, sendo muitas vezes mais rentável que o tráfico de drogas, uma vez que neste o agente tem muitos gastos com o cultivo, o refinamento e o transporte do material ilícito. Já no tráfico de pessoas, o a gente tem um gasto mínimo e ainda pode explorar como bem quiser sua “mercadoria” e assim sempre terá lucro com os serviços prestados pela vítima.
2.5. DO TRÁFICO DE PESSOAS NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA COM O ADVENTO NA LEI 13.344/2016 E LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL COM O ADVENTO NO PROTOCOLO DE PALERMO
Dada à profundidade do tema, e, principalmente, as infindáveis controvérvias que sempre gravitam em torno do dano moral da vítima. Vale registrar ao começar pela sua adoção, o Código Penal brasileiro em seus artigos 231 e 231-A, admite, muito embora restritamente a finalidade da exploração sexual através do tráfico de pessoas, contudo com a adoção da Lei n° 13.3344/2016. 
Esta lei não só altera o Código Penal brasileiro e revoga os dispositivos citados, mas provocou diversas mudanças no posicionamento brasileiro em relação ao crime, alterando também o Código de Processo Penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente, fazendo com que a legislação interna fosse adaptada à legislação internacional, aspirando com isso uma maior eficácia em domínio nacional e para tratar sobre o tema foi inserido à legislação penal brasileira o artigo 149-A.
Assim o artigo 149-A, possui uma abordagem completa em relação às normas anteriores, contendo a seguinte redação: Assim, preceitua o Art. 149-A:
 
Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; IV - adoção ilegal; ou V - exploração sexual. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. § 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las; II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência; III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função; ou IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional. § 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização criminosa. [34: Artigo 149-A. Disponível em:< https://brasil.mylex.net/legislacao/codigo-penal-cp-art149-a_90178.html>. Acesso em: 19/09/2019.]
A Lei nº 13.344, de 6 de outubro de 2016, diz em seu artigo 1º, parágrafo único, que: O enfrentamento ao tráfico de pessoas compreende a prevenção e a repressão desse delito, bem como a atenção às suas vítimas.[35: BRASIL. Lei Nº 13.344, De 6 de Outubro de 2016. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13344.htm>. Acesso em:19/09/2019.]
Neste contexto, a norma traz medidas diversas e eficazes sobre a prevenção e combate dotráfico de pessoas precisamente Art. 4º A prevenção ao tráfico de pessoas dar-se-á por meio:
I - da implementação de medidas intersetoriais e integradas nas áreas de saúde, educação, trabalho, segurança pública, justiça, turismo, assistência social, desenvolvimento rural, esportes, comunicação, cultura e direitos humanos; II - de campanhas socioeducativas e de conscientização, considerando as diferentes realidades e linguagens; III - de incentivo à mobilização e à participação da sociedade civil; e IV - de incentivo a projetos de prevenção ao tráfico de pessoas.[36: Ibid.,]
Acerca dos critérios de prevenção adotados pela Lei, nas palavras de Diego Luiz Victório Pureza ao citar Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto em que afirmam:
O tráfico de pessoas já estava localizado nos arts. 231 e 231-A, ambos do CP, restrito à finalidade de exploração sexual. Lendo – e relendo – os documentos internacionais assinados pelo Brasil, percebe-se que a proteção era insuficiente, pois o comércio de pessoas tem um espectro bem maior, abrangendo outros tipos de exploração, que não a sexual.[37: PUREZA, Diego Luiz Victório. O crime de tráfico de pessoas após a Lei nº 13.344/2016. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XX, n. 156, jan. 2017. Disponível em: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=18366>. Acesso em:19/09/ 2019.]
É importante afirmar que as medidas de repressão se encontram no artigo 5º e de proteção e assistência às vítimas, estão distribuídas nos artigos 6ºe 7º. Neste viés, o artigo 6º, que discorre sobre a proteção e o atendimento à vítima direta ou indireta do tráfico de pessoas compreende:
III - atenção às suas necessidades específicas, especialmente em relação a questões de gênero, orientação sexual, origem étnica ou social, procedência, nacionalidade, raça, religião, faixa etária, situação migratória, atuação profissional, diversidade cultural, linguagem, laços sociais e familiares ou outro status.[38: BRASIL. Art.6. Da proteção e da assistência às vítimas, 2016. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13344.htm>. Acesso em:19/09/2019.]
Do mesmo modo, o artigo 2º desta citada lei, diz quais são os princípios que a regem. Em que no Art. 2º O enfrentamento ao tráfico de pessoas atenderá aos seguintes princípios:
I - respeito à dignidade da pessoa humana;
II - promoção e garantia da cidadania e dos direitos humanos;
III - universalidade, indivisibilidade e interdependência.[39: Ibid.,]
Nota-se, inclusive que há uma preocupação na lei em que se encontra um das mais importantes reflexões, que é o princípio da dignidade da pessoa humana, que estabelece um dos mandamentos fundamentais do nosso ordenamento brasileiro, que diante desse crime horrendo é assustadoramente transgredido pelas agentes do tráfico nacional ou internacional de seres humanos.
 	A questão do tráfico de pessoas tem permeado todo o direito internacional do último século. O mais recente e mais importante instrumento internacional que trata de tráfico de pessoas é a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional e seus dois protocolos (que ficaram conhecidos como Protocolos de Palermo). 
Neste sentido, Leal (2001) comenta que a banalização desta violência não é visível apenas nas relações de mercado, ela se entranha nas relações familiares, no Estado e na sociedade como se fosse uma relação natural, corroborando a omissão e o silêncio, que culturalmente se esconde sob o manto moralista, repressivo e patriarcal, dificultando a desmobilização da ação do usuário e das redes de comercialização do sexo.[40: LEAL, Maria Lúcia Pinto . O tráfico de mulheres, crianças e adolescentes para fins de exploração sexual comercial. SER Social, 2001, p.173. Disponível em:< https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-BR&as_sdt=0%2C5&q=formas+de+aliciamento+de+mulheres&btnG=>. Acesso em:19/09/2019.]
Outras palavras o tráfico internacional de seres humanos é um fenômeno que pode ser contextualizado dentro do avanço e desenvolvimento do crime organizado transnacional. Tendo o crime organizado como pano de fundo, foi a partir dos anos 90 que esse tipo de crime transnacional se expandiu, auferindo além de lucros econômicos, força política sem precedentes. Força esta que influencia fortemente a dinâmica local onde estão baseadas as células criminosas, exercendo pressão direta ou indireta sobre os sistemas nacionais de segurança pública de diversos países.
4. CONCLUSÃO
Diante do que foi apresentado neste trabalho, torna-se fundamental ampliar a discussão sobre a proteção de vítimas do tráfico de pessoas e consequente da exploração sexual. Entretanto, o delito de tráfico de pessoas é um fato que vem crescendo consideravelmente no Brasil e no mundo, e tem sido apontado como uma das formas mais modernas de escravidão dos dias atuais. No entanto, é muito difícil identificar os agentes e aliciadores que formam a rede de tráfico. Portanto, é indiscutível a relevância dessa temática para a sociedade, onde essa vitima do tráfico são privadas da sua liberdade, e que neste sentido, a quem atribuirá a autoria de ato infracional. Não obstante, dar visibilidade as operadores de direito é uma tarefa que não se encerra aqui e implica uma série de desafios.
Neste sentido, o presente trabalho teve como propósito identificar o impacto do tráfico de pessoas e a exploração sexual, tendo em vista, que os objetivos foram alcançados. Nesse primeiro momento, buscou-se trazer um resgate do conceito de “tráfico”, em que nesta trajetória do crime organizado. Sobre esse tópico referido significado sobre o tráfico humano ou de pessoas é uma das atividades ilícitas mais lucrativas do mundo, que cresceu demasiadamente no século XXI. Entretanto, as raízes do problema encontram-se inúmeros fatores que contribuem para a ocorrência que permitem a existência da demanda pela exploração de seres humanos do que nas características das vítimas.
A despeito da existência de crianças, adolescentes e mulheres brasileiras que são exploradas sexualmente por traficantes. Portanto, sem ignorar em regra geral a exploração sexual está diretamente ligada à questão comercial, ao lucro, pois o ato compromete crianças e adolescentes a se submeterem como objeto sexual, em troca de remuneração em dinheiro.
Tendo em vista que todos os indivíduos podem estar sujeitos a esta pratica cruel e abominável, independentemente da cor da pele, da condição econômica, sexo, escolaridade ou idade, o importante é que se combata este crime, não permitindo que nossas mulheres, jovens e crianças sejam escravizadas para qualquer fim por estes aliciadores. Constatam-se ainda hoje reflexos persistentes diante desses tratamentos dados por esses criminosos.
Não obstante, ainda que a lei nº 13.344/2016 reconhece que esses agentes devem ser punidos diante de um julgamento justo. Observam-se as garantias previstas, para que as vitimas seja exerçam os seus direitos fundamentais previsto na Constituição Federal e nas leis internacionais, de forma a permitir que seu desenvolvimento pessoal seja isento de traumas e sequelas emocionais. 
Ainda sobre os impactos, em que se leva em conta um acautelamento, e ausência de ações voltadas à manutenção da aplicabilidade da Lei 13.344/2016, em seu artigo 1º, parágrafo único, que dispõem a proteção das pessoas vítimas do tráfico e da exploração sexual.
Ressalta-se, a ausência de um sistema eficaz e informatizado e de um fluxo de atendimento que facilite a integração entre os sistemas de Justiça, Segurança pública e assistência social as vítimas. Para combater fortemente a essa dinâmica local, onde estão baseadas as células criminosas, exercendo pressão direta ou indireta sobre os sistemas nacionais de segurança pública de diversos países.
É preciso ressaltar que ao debruçar sobre um serio processo investigativo, onde foram aplicados os instrumentos metodológicos para análise de respectivas informações neste ciclo de pesquisa.Que permitiu utilizar diferentes embasamentos teóricos, ainda de uma forma limitada, pelo fato do tema ser amplo, e que de certa forma não esgotaria aqui. Mesmo assim, nos auxiliaram na compreensão do conteúdo, além de avaliar como essas ferramentas forma útil para nosso aprendizado. Quando a este aspecto, é fundamental que sejam efetuadas pesquisas e levantamentos sobre essa problemática.
Por fim, constatou-se, também, que é de suma importância à análise minuciosa dos institutos para apurar a realidade dos fatos, além do mais é de extrema relevância também que os operadores de direito conheça a rede de instituições e organizações não governamentais, sociais e comunitárias, dedicadas ao enfrentamento do tráfico de pessoas e a exploração sexual, além das desigualdades sociais. Assim, para cumprir a lei 133.444, é necessário que haja investimento, de modo que a privação de liberdade e o respeito, aos direitos fundamentos do ser humano, possam contar com profissionais capacitados, e operadores de direito para lidar com esse universo de exploração do tráfico de pessoas.
4. REFERÊNCIAS 
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