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Os ossos constituem a parte passiva do sistema locomotor e o seu conjunto, representado por aproximadamente 208 ossos, forma o esqueleto. O número exato de ossos vai depender principalmente da idade do indivíduo, em maior número nas crianças e em menor nos adultos. Fatores individuais e de critérios de contagem também podem influir. Alguns anatomistas desconsideram os ossos sesamóides e os ossículos do ouvido, outros os incluem na contagem. Os ossos além de constituírem a parte passiva do sistema locomotor têm outras finalidades, a saber: função hematopoiética (produzir células sanguíneas), sustentação e manutenção de posição das partes moles do corpo e proteção de outros sistemas como, por exemplo, o sistema nervoso central. EMBRIOLOGIA DOS OSSOS Assim como todos os tecidos conjuntivos, os tecidos ósseos e cartilaginosos se originam do mesênquima. As células do mesênquima se multiplicam, diferenciam-se e migram para as regiões apropriadas para a formação do esqueleto. Nesse sitio a formação dos ossos se faz a partir da ossificação das cartilagens. Então para formar ossos é preciso que primeiro se formem as cartilagens. A condensação das células do mesênquima dá origem a um tecido pobre em matriz extracelular, conhecido como pré-cartilagem. Com o tempo ocorre um acumulo progressivo de substancias extracelulares que afasta as células, elas retraem seus prolongamentos, adquirem forma esferoide e transforma-se em condrócitos. Nesses tecidos cartilaginosos ocorre o processo de ossificação endocondral, responsável pela formação da maioria dos ossos do corpo humano. Existe também o processo de ossificação membranosa, que é a origem de osso a partir de um tecido membranoso ou fibroso, um exemplo é a ossificação das fontanelas na criança. A coluna vertebral tem origem do esclerótomo. As células mesenquimais dessa região do somito migram em direção ao notocórdio, envolvendo-o, formando a vértebra primitiva. As costelas originam-se de expansões ventrolaterais dos esclerótomos. O esterno forma-se a partir de duas barras cartilaginosas que se unem na linha média ventral. Simultaneamente, as extremidades ventrais dos 7 primeiros pares de costelas juntam-se ao esterno em formação. Os ossos do crânio originam-se de processo de ossificação tanto intramembranosa quanto endocondral a partir do mesênquima presente na região cefálica do embrião e nos arcos branquiais. O crânio é dividido em neurocrânio, que constitui a caixa óssea que envolve e protege o cérebro, e o vicerocrânio, representado pelos ossos da face. Os ossos do esqueleto apendicular se originam do mesênquima presente no broto dos membros. Por volta da 7º semana esse mesênquima origina varias peças cartilaginosas com formas semelhantes aos ossos que irão constituir. Na 8º semana ocorre processo de ossificação endocondral (intracartilaginosa) dessas peças em sentido proximal-distal para formação dos membros. CLASSIFICAÇÃO DOS OSSOS Ossos Longos: Uma das dimensões excede as demais. O osso longo apresenta duas extremidades, as epífises e um corpo, denominado diáfise. Entre a epífise e a diáfise encontra-se a metáfise. Nas crianças encontramos a linha epifisária composta pela cartilagem epifisária, localizada na epífise. Essa cartilagem permite o crescimento ósseo no eixo longitudinal. Exemplo: Úmero e Fêmur. Ossos Chatos, Planos ou Laminares: Apresentam pequena espessura e equivalência entre o comprimento e a largura. Exemplo: ossos da calota craniana. Ossos Curtos: Suas dimensões, em todos os sentidos, são semelhantes. Exemplo: os pequenos ossos do carpo ou do tarso. Ossos Irregulares: Possuem uma caracterização muito específica, não havendo relação nenhuma entre suas dimensões. Exemplo: Vértebras. Ossos Pneumáticos: Apresentam em seu interior cavidade aerífera. São eles: maxilar, etmóide, esfenóide e frontal. Ossos Alongados: São longos, porém achatados e não apresentam canal medular. Exemplo: costelas COMPOSIÇÃO DOS OSSOS O tecido ósseo é um tipo especializado de tecido conjuntivo formado por células e material extracelular calcificado, a matriz óssea. As células são: os osteócitos que são células ósseas maduras, os osteoblastos que são células produtoras da parte orgânica da matriz óssea e os osteoclastos que são células gigantes, móveis e fagocitárias de tecido ósseo. São distinguíveis duas formas de osso: o osso compacto e o osso esponjoso. O osso compacto é uma massa sólida e contínua, na qual se pode apenas ver espaços com auxilio do microscópio. Na região de junção do osso compacto com o osso esponjoso observa-se uma gradual substituição de uma forma por outra, sem uma delimitação nítida. O osso esponjoso é constituído por uma trama tridimensional de espículas ósseas ramificadas (trabéculas), que delimitam o espaço ocupado pela medula óssea. Nos ossos longos, as extremidades ou epífises são formadas por osso esponjoso com uma delgada camada superficial compacta. A diáfise é quase totalmente compacta, com pequena quantidade de osso esponjoso na sua parte profunda delimitando o canal medular. Os ossos curtos têm o centro esponjoso, sendo recobertos em toda sua periferia por uma camada compacta. Nos ossos chatos existem duas camadas de osso compacto, as tábuas interna e externa, separadas por osso esponjo, que nessa localização recebe o nome de díploe. Na cavidade do osso esponjoso e no canal medular dos ossos longos encontramos a medula óssea. No recém-nascido toda sua medula óssea tem cor vermelha, devido a sua intensa hematopoiese (formação de células sanguíneas). Com o passar da idade a medula óssea vai sendo infiltrada por tecido adiposo. Formando a medula óssea amarela. Revestindo os ossos pela face externa encontramos o periósteo, uma fina camada de tecido conjuntivo que está em contato direto com o osso. Possui duas camadas, uma profunda e outra superficial. A camada profunda é também conhecida como folheto osteogênico, por participar da formação óssea pela diferenciação de suas células em osteoblastos. Corte coronal da extremidade de um osso longo, evidenciando o osso esponjoso e o osso compacto. ACIDENTES ÓSSEOS Os ossos apresentam saliências, depressões e aberturas que são os acidentes ósseos. As saliências ósseas podem ser articulares ou não, assim como as depressões. Saliências articulares – São elevações nos ossos que se articulam com outras estruturas. São as cabeças, côndilos, capítulos e trócleas. Exemplo: cabeça do fêmur e tróclea do úmero. Saliências não articulares – São elevações nos ossos que não se articulam com outras estruturas. São as bordas, cristas, espinhas, linhas, apófises ou processos, tuberosidades e tubérculos. Exemplo: crista ilíaca e espinha esquiática. Depressões articulares – São reentrâncias nos ossos que se articulam com outras estruturas. Temos as cavidades, as fóveas, as incisuras (essas podem ser ou não articulares) e os alvéolos. Exemplo: cavidade glenoide da escápula, a fóvea costal das vértebras e os alvéolos dentários da mandíbula. Depressões não articulares – São reentrâncias nos ossos que se não articulam com outras estruturas. São os sulcos e as fossas. Exemplo: sulco do nervo radial do úmero, fossa intercondilar do fêmur. Forames e canais – São aberturas nos ossos que permitem a passagem de qualquer estrutura anatômica. Essas aberturas podem ser formadas por um único osso ou por mais de um osso. Exemplo: forame nutrício dos ossos e canal óptico do osso esfenóide. Os ossos, assim como todo sistema esquelético, desempenham funções de extrema importância para o funcionamento do corpo humano. PRINCIPAIS FUNÇÕES DOS OSSOS - Sustentação do corpo; - Proteção contra impactos. Vários ossos protegem órgãos importantes do corpo humano. Um bom exemplo são os ossos do crânio que protege o encéfalo; - Atuação fundamental na locomoção (movimentação) dos seres humanos; - Armazenamento de energia: triglicerídeos são armazenados nas células de gordura da medula óssea amarela; - Produção de células sanguíneas: a medula óssea vermelha, presente na parte interna dealguns ossos, fabrica leucócitos, eritrócitos e plaquetas; - Armazenamento de minerais: o tecido ósseo é responsável por armazenar alguns minerais de fundamental importância para o corpo humano como, por exemplo, fósforo e cálcio. Quando ocorre a necessidade destes minerais, os ossos os liberam possibilitando a homeostase (equilíbrio mineral). OSSOS DA CABEÇA A cabeça é formada por 22 ossos sendo 8 do crânio (frontal, 2 parietal, 2 temporal, occipital, esfenoide, etmoide) e 14 da face (2 zigomático, 2 maxilar, 2 nasal, mandíbula, 2 palatino, 2 lacrimal, vômer, 2 concha nasal inferior). O pescoço é formado por 1 osso: hioide. OSSOS DO OUVIDO O ouvido é formado por 6 ossos, a saber: 2 bigorna, 2 martelo e 2 estribo. Vale lembrar que o menor osso do corpo humano é o estribo, localizado no ouvido médio que mede 0,25 centímetros. OSSOS DO TORÁX O Tórax é formado por 44 ossos sendo 24 costelas, 12 vértebras torácicas, 7 vértebras cervicais e 1 esterno. OSSOS DO ABDÔMEN O abdômen é formado por 7 ossos sendo 5 vértebras lombares, 1 sacro e 1 cóccix. OSSOS DOS MEMBROS INFERIORES Os membros inferiores são formados por 62 ossos: 2 na cintura pélvica, 8 nas pernas (2 fêmur, 2 patelas, 2 tíbias, 2 fíbulas) e 52 ossos nos pés: ossos do tornozelo, calcâneo, tálus, navicular, cuneiforme medial, cuneiforme intermédio, cuneiforme lateral, cuboide, metatarsais, falanges proximais, falanges médias, falanges distais. O fêmur, osso localizado na coxa, é o maior osso do corpo humano. OSSOS DOS MEMBROS SUPERIORES Os membros superiores são formados por 64 ossos sendo 4 na cintura escapular (2 clavículas e 2 omoplatas), 6 nos braços (2 úmeros, 2 ulna, 2 rádio) e 54 nas mãos: escafoide, semilunar, piramidal, pisiforme, trapézio, trapezoide, capitato, hamato, metacárpicos, falange proximal, falange média, falange distal. OSSOS DE UM RECÉM NASCIDO Um recém nascido possui mais ossos que um homem adulto, aproximadamente 300 ossos, uma vez que algumas regiões da cabeça do bebê, chamados de fontanelas ou "moleiras", com o passar dos anos se unem formando um só osso. Isso acontece para facilitar a passagem do bebê pela vagina na hora do nascimento.