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A EDUCAÇÃO DO CAMPO E O ÊXODO RURAL

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A EDUCAÇÃO DO CAMPO E O ÊXODO RURAL
Bárbara Cavalheiro Zoffoli
Discente do curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas.
RESUMO
Muito se discute sobre o papel da educação do campo na fixação do homem no campo, para os movimentos sociais é de extrema importância a educação voltada a realidade do campo, hoje já se tem muitas conquistas, como a criação do Decreto , nº 7.352/2010, porém a precarização da educação em áreas rurais ainda é nítida. O objetivo desta revisão é fazer um conexão entre a falta de educação no campo e o êxodo rural, que ainda é expressivo no país. 
INTRODUÇÃO
O crescimento urbano foi impulsionado pela industrialização e consequente efetivação do êxodo rural, fazendo com que as pessoas saíssem do campo a procura de melhores condições de vida na cidade. (ALVES, 2018). Por mais que seja uma questão histórica com o advento da industrialização atualmente ainda é grande o número de jovens brasileiros oriundos do campo que continuam a abandonar a agricultura e o meio rural. Os motivos do passado se misturam com os atuais, onde o êxodo rural neste caso, não é fruto apenas de uma lógica que dita que a urbanização é o mundo das possibilidades, enquanto o campo é uma área atrasada, colocasse na inviabilidade de questões materiais e estruturais predominantes no modelo produtivo agrícola do campo brasileiro, produzindo invisibilidade social para os jovens, pois a falta de políticas públicas exclui estes indivíduos da produção rural e minam suas possibilidades de ter uma vida digna no meio rural. (OLIVEIRA et al, 20014)
Os poderes econômico, social e político têm uma forte influência nas questões pertinentes à agricultura, isso muito contribuiu para o êxodo rural, é preciso refletir sobre a necessidade de um olhar mais cuidado sobre a educação de quem vive e trabalha no campo, como uma possível alternativa para fixar o homem no campo, sabendo da importância da agricultura no cenário político do pais (OLIVEIRA et al, 20014).
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
Conceber a educação como direito humano significa incluí-la entre os direitos necessários à realização da dignidade humana plena. Assim, dizer que algo é um direito humano é dizer que ele deve ser garantido a todos os seres humanos, independentemente de qualquer condição pessoal. Esse é o caso da educação, reconhecida como direito de todos após diversas lutas sociais, posto que por muito tempo foi tratada como privilégio de poucos. Por meio da educação, são acessados os bens culturais, assim como normas, comportamentos e habilidades construídos e consolidados ao longo da história da humanidade. Tal direito está ligado a características muito caras à espécie humana: a vocação de produzir conhecimentos, de pensar sobre sua própria prática, de utilizar os bens naturais para seus fins e de se organizar socialmente (HADDAD, 2012).
E não apenas devemos reconhecer isso, porque o acesso à educação de qualidade a quem vive no campo não é uma
realidade ainda. Dentre as graves carências, destacam-se: a taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais, que apresenta um patamar de
23,3% na área rural, três vezes superior àquele da zona urbana, que se encontra em 7,6%; a escolaridade média da população de 15 anos ou mais, que vive na zona rural, é de 4,5 anos, enquanto no meio urbano, na mesma faixa etária, encontra-se em 7,8 anos; as condições de funcionamento das escolas de ensino fundamental extremamente precárias, pois 75% dos alunos são atendidos em escolas que não dispõem de biblioteca, 98% em escolas que não possuem laboratório de ciências, 92% em escolas que não têm acesso à internet (MOLINA et al, 2009,). Também há problemas de insuficiência na oferta educacional, principalmente em relação aos anos finais de estudo. Essa desproporção na distribuição percentual das matrículas revela um afunilamento na oferta educacional do meio rural, dificultando o progresso escolar daqueles alunos que estariam almejando continuar os seus estudos em escolas localizadas nesse território. Outro grande problema é a falta de meios de transporte, para o transporte dos alunos e dos professores, que muitas vezes mudam de escolas, no mesmo ano letivo, devido a baixa remuneração e condições precárias de trabalho. É nítido o abandono das escolas rurais pelo Estado (MELINA & FREITAS,2011).
Diante destes questionamentos, muitos movimentos sociais, que visam o aprimoramento na educação do campo ganharam força e estão conquistando algumas medidas, entre elas pode-se destacar o decreto nº 7.352/2010, destacando o Art 1º:
Art. 1o A política de educação do campo destina-se à ampliação e qualificação da oferta de educação básica e superior às populações do campo, e será desenvolvida pela União em regime de colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, de acordo com as diretrizes e metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação e o disposto neste Decreto.
Além da garantia de educação aos moradores do campo pelo Decreto nº 7.352/2010, também há a intensão de permanência e continuidade, além de reconhecer as especificidades sociais, ambientais, políticas e econômicas do modo de vida campestre. Sabemos que segundo a LDB (LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996) , a educação não abrange apenas a transmissão de conteúdos teóricos e não é dever exclusivo da escola. Mas diante do cenário de educação do pais, principalmente no meio rural, a influência da escola é de grande relevância ao desenvolvimento da criança e do jovem do campo como cidadão, visto que muitas vezes os alunos são advindos de famílias analfabetas e que por questões culturais, não estimulam a educação dos filhos e também os filhos são mão de obra, auxiliam nas atividades agrícolas e domesticas. A falta de tempo exclusivo aos estudos, a falta de estimulo, familiar e do Estado, são grandes causadoras do processo de evasão escolar e de alguma forma estimuladora do êxodo rural.
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. 
CALDART (2004) confirmou que o grande desafio da educação do campo é o da práxis: avançar na clareza teórica e de projeto para poder dar um salto de qualidade na luta política e nas práticas pedagógicas, o que atualmente ainda é uma verdade. Para o autor o desafio de desdobra em três tarefas combinadas: manter viva a memória da Educação do Campo, continuando e dinamizando sua construção e reconstrução pelos seus próprios sujeitos; identificar as dimensões fundamentais da luta política a ser feita no momento atual; e seguir na construção do projeto político e pedagógico da Educação do Campo. Ou seja, não é apenas estabelecer leis é colocar em prática, desenvolvendo uma pedagogia voltada a realidade do campo. 
A pedagogia não pode ser responsabilizada pelo êxodo rural, pois não cabe a esta a incumbência de fixar o homem nesse ou naquele meio. Se as condições econômicas não forem favoráveis à manutenção dos trabalhadores rurais na roça, não há pedagogia que garanta sua permanência na área. Por ser a economia que determina, em última instância, as formas de organização de um povo, somente ela, mediada pela política, poderia fazer com que o trabalhador rural passasse a ter acesso à terra, aos equipamentos agrícolas e às condições de sobrevivência favoráveis que pudessem mantê-lo em sua atividade agrícola (NETO, 20--). Ou seja, não se pode ver como uma verdade absoluta a educação no campo como a grande responsável para fixar o homem no campo, se não for interesse do Estado garantir condições, neste caso, estimular e dar valor econômico as atividades agropecuárias e também oferecer educação de qualidade aos cidadãos rurais. 
REFERENCIAS
ALVES, M.A.S. Êxodo rural e crescimento urbano no município de Arara-PB. ( Monografia). UEMB, 2018
BRASIL, LDB. Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Disponível em < www.planalto.gov.br >
BRASIL. Decreto nº 7.352, de 4 de novembro de 2010. Dispões sobre a Política Nacional de Educação do Campo e sobre o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária. Diário Oficial da União, Brasília, 5 nov. 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7352.htm>.
CALDART, Roseli Salete. Educação do Campo: notas para uma análise do percurso. In: MOLINA, Mônica Castagna (Org.). Educação do Campo e pesquisa – II: questões para reflexão. Brasília: Nead. 2010a. p. 103-126
HADDAD, S. Dicionário da Educação do Campo. / Organizado por Roseli Salete Caldart, Isabel Brasil Pereira, Paulo Alentejano e Gaudêncio Frigotto. – Rio de Janeiro, São Paulo: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Expressão Popular, 2012.
MELINA, M.C; FREITAS, H. C.A. AVANÇOS E DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO Em Aberto, Brasília, v. 24, n. 85, p. 17-31, abr. 2011
NETO, L.B. avanços e retrocessos da educação rural no brasil . 20--. Disponível em http:<//www.histedbr.fe.unicamp.br/revista/revis/revis11/art15_11.htm>
OLIVEIRA, L.B; RABELLO, D; FELICIANO, C.A. permanecer ou sair do campo? Um dilema da juventude camponesa Revista Pegada – vol. 15 n.1. 2014

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