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TCC Corrigido ABANDONO AFETIVO

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O presente trabalho aborda o direito de família após a entrada em vigor da Constituição Federal de 1988, como essas mudanças interferiram nas relações familiares em relação ao abandono afetivo. O trabalho discute se a falta de amor do genitor acarreta a responsabilidade civil e se a falta da convivência com este, fere a dignidade da pessoa humana. Verifica-se ainda em quais situações deve existir o dever de indenizar por abandono socioafetivo e os requisitos necessários para essa responsabilidade, analisando as últimas decisões dos Tribunais para verificar o seu entendimento referente à responsabilidade de danos morais por abandono afetivo. No primeiro capítulo será analisado o conceito de família e sua evolução historica bem como os diversos tipos de família desde as épocas mais remotas até as mais modernas. Também realizado um estudo dos princípios atuais do direito de família, além de uma abordagem acerca das noções gerais de responsabilidade civil e o conceito de dano moral aplicável ao direito de família.
Palavras-Chave: Abandono afetivo. Responsabilação civil decorrente da filiação. 
ABSTRACT
This paper deals with family law after the Federal Constitution of 1988 entered into force, with the aim of interfering in the mothers' relationships in relation to affective abandonment. The work discusses a lack of love of the parent entails a civil responsibility and becomes a lack of coexistence with this, a dignity of the human person. To verify if they should be the objective of indemnification by partner partner and the missesheet the responsibility of responsibility inheritance, for the evaluation of tribunals to verify the their students regarding inheritance of inheritance by abandonment humans. In the first chapter we will analyze the concept of family and its history historically as well as family types from the most remote to the most modern. In addition, one of the current principles on family law, as well as an approach on the notions of civil liability and the concept of moral damage to family law.
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa apresenta um estudo acerca da responsabilidade civil decorrente do abandono afetivo dos pais. O abandono afetivo é a ausência de afeto de um ou de ambos os pais por motivos variados ou desconhecidos. Esta falta de afeto em determinados casos é causadora de prejuízos aos filhos no que diz respeito ao acompanhamento, cuidado, educação, pecúnia e etc...
A temática encontra-se delineada da seguinte forma: Abandono afetivo e a responsabilização civil decorrente da filiação. Com isso, busca-se investigar as consequências deste abandono e se este é passível de gerar dever de indenizar o outro sujeito da relação, o abandonado.
O abandono afetivo está intrinsecamente ligado à responsabilidade civil. Esta última é uma temática vasta e assunto central de livros jurídicos e até disciplinas em cursos de graduação, daí percebe-se a importância de sua abordagem, especialmente para compreender o abandono afetivo. Diante disto, o presente projeto terá como problemática a seguinte indagação: Quem comete abandono afetivo está obrigado a reparar o dano?
Ao longo do trabalho serão analisados quais os pressupostos da responsabilidade civil que são fundamentais para caracterizar o abandono afetivo indenizável por dano moral. 
Partiu-se das seguintes hipóteses: O abandono afetivo decorrente da filiação pode causar danos à vítima (filho). Estes danos podem ser das mais varias magnitudes. Por conseguinte, o direito civil busca restabelecer a paz social entre os particulares. Sempre que deveres forem descumpridos, a responsabilidade civil se encarregará de restabelecer o estatus quo anterior. Diante disso amar é facultativo e cuidar é dever? Ou será que o estado deve obrigar os pais a cuidarem dos filhos? Quais medidas o judiciário deve tomar para combater esta praxe? A jurisdição está inerte quanto a isto?
O objetivo geral deste trabalho é analisar de forma clara os pressupostos de admissibilidade para a propositura de ação de abandono afetivo perante a justiça comum. 
Como objetivos específicos têm-se: relacionar como os tribunais superiores têm se portado diante da temática; relatar o que os doutrinadores têm entendido como possibilidade de haver a indenização; dissertar acerca dos impactos do abandono afetivo na vida da vítima.
Para a realização deste trabalho, foram utilizadas as concepções das seguintes fontes: Gonçalves (2013), que em seu manual de direito civil aborda a temática da responsabilidade civil à luz do condigo civil de 2002 e dá outros preceitos como o conceito e características da responsabilidade civil bem como sua evolução. Galgliano (2017), que em sua obra de direito civil aduz que a decomposição da responsabilidade civil enseja nos seguintes elementos, para que haja a real caracterização da responsabilidade civil: conduta humana, dano e nexo causal. Sílvio Rodrigues (2002), que dá sua perspectiva do que seja responsabilidade civil. Diniz (2003), tratando da responsabilidade civil, aborda as temáticas da conduta humana e do dano. Venosa (2003), que traz a definição do que seria o nexo de causalidade. Estatuto da Criança e do Adolescente, trazendo preceitos do que seja família constituída pelos pais, trazendo a tona da importância dos vínculos afetivos dentro do seio da família. A Constituição Federal de 1988, na qual aborda a mutação constitucional sobre a formação da família, levando em consideração que a partir desta carta maior, em seu artigo 226, parágrafos seguintes, são abordados a pluralidade familiar, princípio implícito. 
Quanto á metodologia, foi utilizado uma pesquisa bibliográfica, de natureza explicativa, embasado na abordagem qualitativa. Com o estudo acerca desta temática, possibilitou-se a construção de sentidos e de significados a cerca do fenômeno pautado.
A primeira parte deste estudo trata do instituto da responsabilidade civil no que diz respeito aos seus aspectos gerais, conceito, evolução e também pressupostos gerais. A segunda parte trata especificamente das relações familiares, sua evolução, deveres e o principio da efetividade. A última parte trata do abandono afetivo e dano moral e da filiação e paternidade e conclusão.
1 ASPECTOS GERAIS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
A responsabilidade civil busca nada mais que restabelecer a situação anterior ao dano ou restaurar a paz social anterior ao dano. 
De acordo com o pensamento de GONÇALVES (2013), a ação que causar danos, traz como reflexo, a temática da responsabilidade. Destina-se restituir a harmonia moral e patrimonial que foi ocasionado pelo titular do dano. É exatamente o interesse em restabelecer a harmonia e o estado anterior que foi violado, constitui a causa geradora da responsabilidade civil.
O legislador foi muito claro no artigo 186 do código civil ao dizer que “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Portanto é uma ilicitude violar o direito de alguém. E no artigo 927 o legislador quis expressamente que deve haver a reparação civil, pois este é um instrumento de pacificação social necessário.
Existe ainda a figura da responsabilidade jurídica e responsabilidade moral. O primeiro só se cogita quando há prejuízo. De acordo com GONÇALVES (2013, 20), “esta só se revela quando ocorre infração da norma jurídica que acarreta dano ao indivíduo ou à coletividade.” Portanto quem lesionou será obrigado a restabelecer o direito atingido. Este é o caso comum da responsabilidade jurídica.
Já a responsabilidade moral é aquela que atua no campo da consciência individual. É aquela que diz respeito à própria consciência individual ou a consciência do indivíduo perante Deus, conforma seja ou não religioso. GONÇALVES (2013) dispõe que esta não tem repercussão na ordem jurídica pelo fado de a consciência moral ser confinada à consciência ou ao pecado e esta não se exterioriza socialmente. Portanto esta responsabilização é inerente apenas ao próprioindivíduo.
Veremos a diante que atualmente existe a diferença entre obrigação e responsabilidade. GONÇALVES (2013, 20), dispõe que “obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor o direito de exigir do devedor o cumprimento de determinada prestação”. Esta obrigação deve ser cumprida sempre livre e espontaneamente. 
Quando sobrevém o inadimplemento, aí teremos a responsabilidade. Para GONÇALVES (2013, 21), “esta só surge se o devedor não cumprir espontaneamente a primeira”. Portanto fica evidente que a obrigação vem primeiramente, e, quando esta falha, sobrevém a responsabilidade. 
A responsabilidade é sempre subsequente a um descumprimento, seja de uma obrigação contratual ou de um dever de conduta.
A respeito da responsabilidade, o Art. 942 do código civil preceitua:
que os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. 
Fica claro que os bens do infrator não escaparão da apreciação judicial para restabelecer a pacificação social.
A responsabilidade civil recai sobre o patrimônio do ofensor e não sobre a própria pessoa desse ofensor.
1.2 CONCEITO E EVOLUÇÃO
De acordo com GONÇALVES (2013), responsabilidade é uma palavra de origem latina, spondeo, que significa: “eu prometo”. É, portanto em sua etimologia, uma obrigação assumida. A responsabilidade é meio harmonizador das relações humanas.
Nos primórdios não havia método de pacificação social, pois ainda não existia o direito. Portanto qualquer dano provocava a reação imediata da prole. A forma humana primitiva (sem regras) reagia de forma brutal e instintiva quando era ofendida. Este foi o período da autotutela, na qual vencia o mais forte.
Logo depois veio o período da composição, na qual GONÇALVES (2013) assevera que o prejudicado passa a perceber as vantagens pela compensação econômica. Neste período ainda não se cogitava culpa. 
Já em um estado mais avançado da humanidade, quando já se tem uma autoridade soberana, as normas vedam a vitima de fazer justiça com as próprias mãos. Neste caso já existem métodos de reparação, mesmo que precários, mas o estado já começa a se preocupar com o bem estar da nação. Este é o período da Jurisdição. 
1.3 PRESUPOSTOS GERAIS
O direito visa em sua essência o restabelecimento da condição anterior ao fato, ou seja, o status quo ante, a paz social anterior, para que a harmonia entre os particulares possa ser restabelecida. 
Gonçalves (2009, p.4), afirma que, “todo o direito assenta na ideia da ação, seguida da reação, de restabelecimento de uma harmonia quebrada”. Desta forma, quando alguém causa um dano moral ou patrimonial, deverá esta pessoa, reparar o status quo ante.
Alguns autores tratam de alguns elementos que caracterizam a responsabilidade civil. Para tanto, o renomado autor GALGLIANO (2017), aduz que a decomposição deste tema enseja nos seguintes elementos, para que haja a real caracterização da responsabilidade civil: conduta humana, dano e nexo causal.
A “Conduta Humana” é toda e qualquer atitude que possa produzir efeitos. Pode ser comissiva ou omissiva (fazer ou deixar de fazer), ilícita ou licita.
A conduta humana é aquela ação ou omissão que resultou em prejuízo a alguém. Por este motivo o direito civil se encarrega através das normas, de pacificar as relações entre os particulares. Convencionou-se dizer no direito civil que, aquele que causa algum dano, deverá repar também. 
Portanto, o legislador foi muito claro e objetivo no artigo 927 do Código Civil quando diz: “aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. E seu parágrafo único: “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”. O parágrafo único deste artigo traz a figura da culpa, que também é levado em consideração, pois esta culpa pode ser uma negligência, imprudência ou uma imperícia que deu causa ao dano. 
A conduta humana é o ato de alguém que poderá ser comissivo ou omissivo, lícito ou ilícito, voluntário e cabalmente imputável, do próprio agente ou até de terceiro, que cause dano a alguém, acarretando o dever de satisfazer os direitos do lesado.
Já no Dano, o sujeito deve causar ou dar causa ao dano, de forma que prejudique a vítima e este prejuízo deve ser comprovado. Este elemento deve ser aqui entendido como qualquer ato prejudicial que ofenda a integridade moral ou patrimonial de alguém.
O dano pode ser moral quando ferir a honra subjetiva, ou patrimonial quando ferir o conjunto de bens da vítima. 
DINIZ (2003), apresenta o dano como a lesão que alguém sofre contra sua própria vontade, em algum bem ou interesse jurídico, patrimonial e moral”. E o artigo 5° da carta magna em seu inciso X, preceitua sua inviolabilidade, na qual: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. Tal preceito é direito fundamental e protetor da dignidade das pessoas.
Agora, tratando do Nexo de Causalidade, este é a vinculação necessária entre a conduta humana e o dano. A relação de causa e efeito é algo imprescindível para a responsabilidade civil.
VENOSA (2003), aduz que o conceito de nexo causal é o vinculo que liga a conduta do agente ao dano. É por meio do exame da relação causal que concluímos quem foi o causador do dano. Trata-se de elemento indispensável. 
Desta forma, vê-se, a importância da identificação do nexo de causalidade, para poder, desta forma, identificar o causador do dano. E esse infrator ser responsabilidade.
2. RELAÇÕES FAMILIARES
2.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
A família é considerado um grupo social básico e elementar, está localizado no terreno da cultura, e não da biologia, ou seja, a família é um fenômeno cultural de grande importância social.
No código civil de 1916, a família era casamentista, patriarcal e também hierarquizada e necessariamente heteroparental ou seja de sexos diferentes. Toda família era necessariamente biológica. E exemplo disso é que no código de 1916 o filho adotivo não tinha nenhum direito, principalmente à herança.
Dentro dessas relações familiares temos o agrupamento de pessoas (ideia de grupo) ligadas entre si por relações pessoais e patrimoniais resultantes do casamento, da união estável e do parentesco.
Parentesco são pessoas que descendem uma das outras e que descendem de um tronco comum, cônjuges e os parentes deste cônjuge.
O casamento também era indissolúvel, protegendo-se a instituição da família mesmo que com a indestrutividade do casamento. Hoje a família não é mais considerada uma instituição, ela se tornou algo instrumental.
O primeiro sentimento da infância, caracterizado pela "paparicação" surgiu no seio familiar na companhia das crianças. O segundo veio de uma fonte externa à família: os eclesiásticos ou dos homens da lei, e de um maior numero de moralistas no século XVII, preocupados com a disciplina e a racionalidade dos costumes. Esses moralistas haviam se tornado fragios aos acontecimentos antes negligenciado da infância, mas recusavam-se a conceituar as crianças como brinquedos, pois viam nelas pessoas frageis de Deus que era necessario ao mesmo tempo preservar e disciplinar. Esse envolvimento por sua vez passou para a vida familiar. (ARIES, 2006, p.163).
Os elementos contemporâneos da família são: Afeto, ética, dignidade e solidariedade.
2.2. EVOLUÇÃO DA FAMÍLIA
É inquestionável a importância da família para a vida em sociedade, os grupos familiares, podem ser considerados o início da própria vida em coletividade, mesmo anteriomente do período neolítico e do homem deixar de ser nômade, as pessoas com o ancestral em comum, permaneciam juntas em unidades sociais. É possível compreender claramente a força das entidades familiares com o aparecimentosdos clãs, grupos de pessoas unidas pela descendência de ancestrais comuns, que tinham o domínio de regiões.
Como as sociedades tornam-se cada vez mais numerosas e complexas, os laços sanguíneos ficaram cada vez mais dissolvidos, sendo praticamente impossível fazer a conexão entre até um ancestral comum.
A Constituição Federal de 1988 trouxe um tratamento especial ao Direito de Família, um capítulo que trata apenas desse ramo do direito (Capítulo VII do Título VIII), estabelecendo mudanças. Ao contrário do modelo absoluto e patriarcal trazido pelo Código Civil de 16, o modelo de família trazido do texto constitucional é fundado em princípios como a igualdade, solidariedade e da aceitacao à dignidade da pessoa humana, fundamentos e ao mesmo tempo intencoes do Estado brasileiro.
Grandes inovações foram o reconhecimento, como grupo familiar, da união estável entre o homem e a mulher, igualar o homem e a mulher na sociedade conjugal, e vedar todas diferenças de direitos, de qualificação ou de tratamento entre os filhos havidos na constância do casamento, fora dele ou por adoção.
A Constituição de 1988 realizou enorme aperfeicoamento na conceituação e tutela da família. Não aboliu o casamento como aspecto ideal de regulamentação, entretanto da mesma forma não marginalizou a família natural como realidade social digna de tutela jurídica.
Ao colocar no mesmo patamar dos filhos de origem sanguínea, os adotados e reconhecer a união estável como família, a Constituição Federal de 1988 foi o primeiro dispositivo jurídico brasileiro a reconhecer o afeto como formar de origem da família, sem distinção aos laços decorrentes do afeto ou de sangue.
Paulo Lôbo (2008) observa ainda que, diante das constituições de outros países, que poucos afirmariam sobre a família, deixando tais disposições para leis infraconstitucionais, a Constituição Federal foi diferente. A Constituição brasileira inovou, reconhecendo não apenas a entidade matrimonialiazada, mas outras duas explicitamente (união estável e entidade monoparental), além de permitir a interpretação extensiva, de modo a incluir as demais entidades implícitas. (LÔBO, 2004, p. 05-06)
Acrescenta ainda Lôbo (2004):
No caput do art. 226 operou-se a mais completa transformação, no tocante ao âmbito de vigência da tutela constitucional à família. Não há alguma referencia a definido tipo de família, como ocorreu com as constituições brasileiras anteriores. Ao suprimir a locução “constituída pelo casamento” (art. 175 da Constituição de 1967-69), sem substituí-la por alguma outra, incluiu sob tutela constitucional “a família”, ou melhor, qualquer família. (LÔBO, 2004, p. 06)
Após toda essa evolução no entendimento jurídico de família, alguns legisladores retrógrados e conservadores, tentam aprovar o chamado Estatuto da Família, que estabelece como família, a união de pessoas de sexos diferentes e seus descendentes, na tentativa clara de eliminar os direitos arduamente conquistados pelas famílias homoafetivas, chegando a atingir as famílias monoparentais, arriscando-se prejudicar ainda mais o sistema de adoção brasileiro.
2.3. DEVERES FAMILIARES
O Dever da família representa no cuidado com a criança e o adolescente em procedimento de evolucão e requer atenção principalmente na efetivação dos direitos fundamentais, coloca a família como ajuizado pelo cuidado, respeito e educação do menor que esta sob seus cuidados. O dever dos pais e da família nas precausoes com o menor não está somente no auxilio material.
A criança precisa de atenção, amor, carinho e compreensão a fim de que tenha um andamento saudável.
A família formada pelos pais e pelos filhos é aquela assimilada por família natural e se apresenta também como aquela feita por qualquer um deles e sua prole (art. 25 do ECA: Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.) Não importa como comecou a família, e sim os afetos a que foram constituídos durante a convivência familiar.
No caput do art. 226 operou-se a mais radical transformação, no tocante ao âmbito de vigência da tutela constitucional à família. Não há qualquer referencia a determinado tipo de família, como ocorreu com as constituições brasileiras anteriores. Ao suprimir a locução “constituída pelo casamento” (art. 175 da Constituição de 1967-69), sem substituí-la por uma outra, inseriu sob tutela constitucional “a família”, ou melhor, qualquer família.
A sociedade procura ter na escola uma instituição normativa que trate de transmitir a cultura, incluindo além dos conteúdos acadêmicos, os elementos éticos e estruturais. É a partir dai que constrói o currículo manifesto. (OUTEIRAL apud SIQUEIRA, 2002, p 01).
A Constituição Federal de 1988 alterou a formação de família, onde assegura através da dignidade da pessoa humana que todos os componetes da mesma família devem ser respeitados, sem diferenciacão a respeito se vinha ou não do mesmo pai ou mãe, ou adotivos. Existiu a igualdade de direitos entre os cônjuges, onde os dois seriam responsáveis pela cuidado da família e não apenas um como era determinado anteriormente.
https://jus.com.br/artigos/56132/principios-norteadores-do-direito-de-familia
https://jus.com.br/artigos/41665/a-familia-no-direito-civil-brasileiro
3. PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE
O Direito de Família procurar harmonizar a igualdade total entre os indivíduos, seja no objetivo de igualar homens e mulheres ou na igualdade de tratamento entre os filhos havidos ou não do casamento/união estável.
De acordo com a ideia de relação familiar que e á base da sociedade podemos concluir que seus princípios tem o objetivo de amparar o ordenamento jurídico, assim como o principio da dignidade da pessoa humana destaca o respeito e caráter no esfera da comunidade dos seres humanos.
Já o principio da afetividade se destaca por trazer um conceito de componente formado do modelo de família atual, pois ele possui a estabilidade das relações socioafetivas e na comunhão de vida.
Segundo Groeninga (ano) tornou-se comum, na doutrina contemporânea, declara que o afeto tem valor jurídico ou, por esse motivo, foi alçado à condição de verdadeiro princípio geral. Como bem pondera a juspsicanalista Giselle Câmara Groeninga (ano):
O papel cedido à subjetividade e à afetividade tem estado crescente no Direito de Família, que não mais pode excluir de suas considerações a qualidade dos vínculos efetivos entre os membros de uma família, de modo que possa buscar a necessária decisao na subjetividade inerente às relações. Cada vez mais se dá valor ao afeto nas considerações das relações familiares; aliás, outro princípio do Direito de Família é o da afetividade. (GROENINGA, ano2000,p.110).
Temos também o princípio do pluralismo das entidades familiares, que é encarado como o reconhecimento pelo Estado da existência de várias possibilidades de arranjos familiares. Além dos princípios citados, temos: Princípio da igualdade jurídica dos cônjuges e companheiros, Princípio da igualdade e isonomia dos filhos, Princípio do melhor interesse da criança e do adolescente, Princípio da paternidade responsável e do planejamento familiar, Princípio da solidariedade familiar.
Conforme as definições de cada princípio identifica-se que todos tem o mesmo aspecto em relação a assegurar os deveres e direitos de cada pessoa da família mantendo a cada um suas responsabilidades.
3 ABANDONO AFETIVO E DANO MORAL
No terceiro capítulo deste trabalho tratar-se-á das relações afetivas e a paternidade, as possibilidades ou não da condenação por danos morais ao abandono afetivo relacionadas com o direito de família e a responsabilidade civil. Neste tópico serão apresentadas as reflexões sobre tema que têm sido objeto de discussão judicial na atualidade.
Como a maior parte dos fatos não foi objeto de manifestação consolidada de competência do Supremo Tribunal Federal, há muito o que amadurecer, para se poder falar em uma jurisprudência cristalizada em tal matéria.
3.1 FILIAÇÃO E PATERNIDADE 
A filiação é afinidadenatural ou legítima que une os pais aos filhos que geraram ou adotaram conforme ensina Gonçalves (2012, p. 318)
Filiação é a ligação de parentesco biológico ou consangüíneo, em primeiro grau e em linha reta, que liga uma pessoa a outra que a geraram, ou a receberam como se tivessem gerado.
A constituição prever em seu Art. 227: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. No. Já no parágrafo 6°, os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas á filiação. 
Para ser considerado o genitor pai deve fazer o reconhecimento dos filhos espontaneamente, registrando-o em cartório de registro civil. Nos casos em que o genitor não fizer o reconhecimento voluntário ou não puder fazer esse reconhecimento o Código Civil em seu Art. 1.597: 
Presumem-se concebido na constância do casamento os filhos: 
I - Nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;
II- nascidos nos trezentos dias subsequentes á dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento;
III- havidos por fecundação artificial homóloga,mesmo que falecido o marido;
IV- havidos, a qualquer tempo quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga;
V- havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.
Assim sendo, previstos nos incisos do artigo acima citados será considerado pai, aquele que se encontrar em uma das situações acima citadas, cabendo a ele provar que não é o genitor da criança.
Para um desenvolvimento saudável de uma criança ou adolescente existe a necessidade de estar a salvo de todas e quaisquer negligência, incluindo a psíquica uma criança ou adolescente que sofre abusos ou mau tratos e abandonos será um adulto insatisfeito e problemático. Tem o afeto familiar uma grande importância para o desenvolvimento saudável do indivíduo. Nesse seguimento esclarece (Madaleno (2007, p. 113)
Mostram o bom-senso e a lógica que as crianças e os adolescentes precisam ser nutridos de afeto dos seus pais, representado pela aproximação física e emocional, da qual os valores são fundamentais para uma vida saudável e um suporte psíquico e para a futura inserção social dos filhos. Apesar disso,Não importa qual sejam o vínculo de ordem genética ou não, civil ou socioafetivo, pois os pais tem obrigação de executar sua função parental. Assim sendo, de fundamental importância às relações de afetividade para um desenvolvimento psíquico e físico de uma criança e adolescente.
Nestes casos há possibilidade de condenar os pais ao pagamento de indenização por dano moral decorrente de abandono socioafetivo ? Veja as posições dos tribunais.
Analisando o recurso Especial de numero 757.411/MG (2005/0085464-3) relator Ministro Fernando Gonçalves, não cabe indenização por dano moral decorrente de abandono afetivo. A conclusão, por quatro votos a um, é da quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que deu provimento a recurso especial de um pai de Belo Horizonte para modificar a decisão do Tribunal de Alçada de Minas Gerais que havia reconhecido a responsabilidade civil no caso e condenado o pai a ressarcir financeiramente o filho num valor de 200 salários mínimos. 
Costa do processo que o filho mantinha contato com o pai até os seis anos de maneiras regulares. Após o nascimento de sua irmã, fruto de novo relacionamento, teria havido um afastamento definitivo do pai. Na ação de indenização por abandono afetivo proposta contra o pai, o filho afirmou que, apesar de sempre receber pensão alimentícia (20% dos rendimentos líquidos do pai), tentou varias vezes uma aproximação com o pai, pretendendo apenas amor e reconhecimento como filho. Segundo a defesa, recebeu apenas “abandono, rejeição e frieza”, inclusive em datas importantes, como aniversários, formatura no ensino médio e por ocasião da aprovação no vestibular. 
Em primeira instância, a ação do filho contra o pai foi julgada improcedente, tendo o juiz considerando que não houve comprovação dos dados supostamente causados ao filho, hoje maior de idade. Após examinar a apelação, a 7ª Câmara Cível do Tribunal de Alçada de Minas Gerais, no entanto, reconheceu o direito á indenização por dano moral e psíquico causado pelo abandono do pai. A responsabilidade (pelo filho) não se pauta tão somente no dever de alimentar, mas se insere no dever de possibilitar desenvolvimento humano dos filhos, baseada no princípio da dignidade da pessoa humana. A indenização foi fixada em 200 salários mínimos, que equivaleram a 60 (sessenta) mil reais, atualizados monetariamente. 
No recurso para o STJ, o advogado do pai afirmou que a indenização tem caráter abusivo, sendo também uma tentativa de monetarização do amor. Alegou que a ação de indenização é fruto de inconformismo da mãe, ao tomar conhecimento de uma ação revisional de alimentos, na qual o pai prendia reduzir o valor. A defesa afirmou que, a despeito da maioridade do filho, o pai continua a pagar pensão até a data presente. Em seu parecer, o Ministério Público opinou pelo provimento do recurso do pai, aduzindo que não cabe ao Judiciário condenar alguém ao pagamento de indenização por desamor afirmou. Por maioria, a Quarta Turma deu provimento ao recurso do pai, considerando que a lei apenas prevê, como punição, a perda do poder familiar, antigo pátrio poder. 
Uma vez rescindida essa relação de admiração de afeto por um dos seus genitores sem justificativa, permitindo que seus filhos abandonados fisicamente e emocionalmente, os juristas e os doutrinadores têm entendido que pode haver a possibilidade de responsabilizar civilmente por abandono socioafetivo.
Em recente julgado do STJ, datado de 19 de fevereiro de 2018, os ministros da Quarta Turma do Tribunal decidiram que o pai que não paga pensão ao seu filho, apesar de ter recursos para tanto, comete ato ilícito, na medida que não proporciona ao menor condições dignas de sobrevivência, devendo indenizá-lo moralmente pelos danos causados à sua integridade física, moral, intelectual e psicológica. Veja-se:RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. ABANDONO MATERIAL. MENOR. DESCUMPRIMENTO DO DEVER DE PRESTAR ASSISTÊNCIA MATERIAL AO FILHO. ATO ILÍCITO (CC/2002, ARTS. 186, 1.566, IV, 1.568, 1579 e 1.634, I;  ECA, ARTS. 18-A, 18-B E 22). REPARAÇÃO. DANOS MORAIS. POSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO. 1. O descumprimento da obrigação pelo pai, que, apesar de dispor de recursos, deixa de prestar assistência material ao filho, não proporcionando a este condições dignas de sobrevivência e causando danos à sua integridade física, moral, intelectual e psicológica, configura ilícito civil, nos termos do art. 186 do Código Civil de 2002. Estabelecida a correlação entre a omissão voluntária e injustificada do pai quanto ao amparo material e os danos morais ao filho dali decorrentes, é possível a condenação ao pagamento de reparação por danos morais, com fulcro também no princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. 3. Recurso especial improvido. (STJ, REsp 1087561 / RS, Rel Min. Raul Araújo, 4ª Turma, pub. 18/08/2017) Concluindo, o genitor que dispõe de recursos financeiros e não paga pensão ao seu filho, pode ser condenado a indenizá-lo moralmente.
Destaco que me referindo apenas à figura paterna, haja vista que na maioria dos casos em nosso país a mãe fica com a criança e o pai paga pensão. Contudo, caso os papéis sejam trocados, a mãe que não paga pensão também pode ser condenada a indenizar o filho.
CONCLUSÃO
A família brasileira antigamente era no modelo patriarcal,onde somente o pai que é simultaneamente o chefe do clã e decidia o que era importante para a família. Com a Constituição Federal de 1988 a família progrediu para uma entidade familiar, onde todos os membros buscam o desenvolvimento familiar, buscando a realização individual para constituir um todo. 
Com esta evolução a criança passa a ser protegida de qualquer violência e negligência física e psíquica por parte da sociedade e principalmente dos seus genitores sob pena de ofenderem a dignidade da pessoa humana que é tão buscada pela nossa Constituição. 
Havendo ofensa a dignidade da pessoa humana, haverá ofensa à Constituição Brasileira, devendo o ofensor ser condenado a recompor o dano, e se não for mais possível recompor o dano será condenado ao pagamento de reparação pecuniária por dano moral. 
Desta forma o abandono afetivo dos genitores é um insulto a dignidade da pessoa humana, passível de gerar indenização por danos morais decorrentes do abandono afetivo e voluntário que resultou abalo psíquico aos abandonados.
A grande problemática constitui se é possível colocar um determinado preço no afeto, a maioria dos Juízes tem considerado que não se pode condenar alguém ao pagamento de indenização por desamor os doutrinadores que alegam que não se procura um valor monetário para o afeto, mas sim autuar condenar os genitores omissos com seus deveres de prestar assistência material, moral e psíquica. 
Sendo essa condenação pecuniária uma forma pedagógica para desmotivar o abandono afetivo dos filhos pelos seus genitores, visto que reparar o dano causado torna-se impossível num primeiro momento. 
A consulta jurisprudencial, nos principais Tribunais de Justiça do País, mostrou que a maioria dos acórdãos atuais são desfavoráveis em condenar os genitores ao pagamento de indenizações decorrentes de abandono afetivo, sob o argumentação que deve ter muito atençao em proferir decisões que coloquem valor no amor e no afeto e isso poderia provocar uma avalanche de ações sob o Poder Judiciário. 
Existem por parte dos julgadores receio em julgar procedente os processos de abandono afetivo, no decorrer da pesquisa de jurisprudências, interpretei que os julgadores sentem-se incomodados com o tema, creio que seja por identificarem-se com a situação de abandonamento, visto que são pessoas do alto nivel do Poder Judiciário e, que os cargos que ocupam lhes possuem o tempo integral, desta forma não conseguindo dar atenção necessária a sua família, essencialmente para os próprios filhos. Podem ter medo que os filhos venham lhes cobrar afeto a qual não podem oferecer por não terem o tempo livre para acompanharem pessoalmente a criação e educação dos seus filhos. 
No decorrer dos estudos do tema ficou notório que para se atribuir a responsabilidade aos genitores por abandono afetivo deve ficar claro o dano sofrido, visto que, o simples distanciamento não pode caracterizar o abandono afetivo. 
Visto que, em alguns casos, é melhor a mãe ou o pai estar afastado do lar, do que, os dois viverem presentes e tornando o ambiente conflituoso, nocivo e insalubre para o filho. 
Ainda assim, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça é favorável por a punição ao pagamento de indenização por dano moral decorrente ao abandono afetivo e compreendendo que além das obrigações materiais e morais os genitores têm a obrigação a responsabilidade de prestar a assistência material necessária no sentido de um bom desenvolvimento sadio da prole. 
No sentido de pacificar a doutrina a jurisprudência as decisões dos Tribunais há utilidade da mediação do Poder Legislativo. Encontra-se em andamento no Congresso Nacional uns projetos de leis entendido a respeito do direito de família e a obrigação de indenizar por abandono afetivo, o Projeto de Lei 700/2007 que tramita no Senado que sugere alterações na Lei nº. 8.06913 de julho de 1990, Estatuto da Criança e do Adolescente, para tornar o abandono afetivo como ilícito civil e penal, e da outras providencias 
Decisão: aprovada por Comissão em decisão terminativa 
Destino: Camara dos deputados 
Ultimo local: 16 de outubro de 2018.
REFERÊNCIAS 
Código Civil, Brasília, DF, Congresso Nacional, 2002. 
______. Constituição Federal, Brasília, DF, Senado Federal, 1988. 
______. Recurso Especial Nº 757.411\MG, Quarta Turma, Superior Tribunal de Justiça, Relator: Ministro Fernando Gonçalves Julgado em 29.11.2005. Disponível em:< https://www.stj.gov.br\portal_stj\publicaçao\engine.wsp?tmp.area=368&tmp.texto=80156&tmp.area_anterior=44&tmp.
______. Recurso Especial Nº 1.087.561- ( 2008\ 0201328-0) , Quarta Turma, Superior Tribunal de Justiça, Relator: Raul Araujo , publicado em 18/08 /2017 Disponível em:<https://ww2.stj.jus.br/websecstj\cgi\revista\REJ.cgi\ITA?seg=1575353&tipo=o&nreg=200802013280&yipo=0&nreg=200802013280&segcgrmaSessao=&codorgaojgdr=&dt=20170818&formato=PDF&salvar=false
_______. Senado Federal. Projeto de Lei do nº. 700, 2007. Disponível em:< http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=83516=>. Acesso em: 11.11.18
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