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Problema 4 – módulo IV – Sistema Nervoso Amanda Wosny Guimarães – MD2 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO Ø É independente, suas funções não possuem controle voluntário; Ø Exerce controle sobre as vísceras, órgãos internos. Faz parte do sistema nervoso visceral eferente; Ø É subdividido em simpático e parassimpático; • São diferentes anatomicamente; • Há situações em que um estará mais ativo que o outro: Parassimpático: está relacionado com as atividades rotineiras, como digestão; Simpático: relacionado a situações estressantes, como o aparecimento de uma cobra. Está associado a resposta de luta ou fuga: o encéfalo dispara uma descarga simpática maciça e simultânea em todo o corpo. Ex.: aceleração do coração; dilatação dos vasos sanguíneos dos músculos das pernas, dos braços e do coração; liberação de glicose pelo fígado. • Essa descarga simpática maciça é mediada pelo hipotálamo e é uma reação corporal generalizada em resposta a um evento critico; • A maioria das respostas simpáticas não são generalizadas, ou seja, a ativação de uma via simpática não ativara outras automaticamente; • O sistema nervoso simpático tem um papel importante nas atividades cotidianas. Ex.: controle do fluxo sanguíneo tecidual. Ø O controle autonômico das funções corporais funciona como uma gangorra entre as divisões simpática e parassimpática. REFLEXOS AUTONÔMICOS Ø O SNA trabalha em colaboração com o sistema endócrino e com o sistema de controle dos comportamentos; Ø A informação sensorial proveniente do sistema somatossensorial e dos receptores viscerais segue para os centros de controle, localizados no hipotálamo, na ponte e no bulbo; • Centros de controle: monitoram e regulam funções importantes. Ex.: PA, temperatura corporal e equilíbrio hídrico. Integração da função autônoma: Ø O hipotálamo possui neurônios sensores com osmorreceptores (osmolaridade) e termorreceptores (temperatura corporal); Ø Os impulsos motores do hipotálamo e do tronco encefálico produzem respostas autonômicas, endócrinas e comportamentais. Ex.: beber, procurar alimento e regular a temperatura (sair de um local quente, vestir um casaco); Ø Essas respostas comportamentais são integradas em centros encefálicos responsáveis pelos comportamentos motivados e pelo controle do movimento; Ø A informação sensorial integrada no córtex cerebral e no sistema límbico pode produzir emoções que influenciam as respostas autonômicas. Ex.: ficar vermelho de vergonha, sensação de frio na barriga. Obs.: a manutenção da homeostasia depende do controle hormonal e do controle autonômico dos sistemas corporais. Ø Alguns reflexos autonômicos podem ocorres sem a influência do encéfalo (reflexos espinhais). Ex.: micção, defecação, ereção peniana. MECANISMO DE CONTROLE ANTAGONISTA As divisões simpática e parassimpática apresentam 4 propriedades de controle da homeostasia: a) Preservação das condições do meio interno; b) Regulação para cima ou para baixo (up ou down regulation) por controle tônico; c) Controle antagonista; d) Sinais químicos com diferentes efeitos em diferentes tecidos. aferência sensorial sensores hipotalâmicos ponte; bulbo; hipotálamo resposta autonômica resposta comportamental resposta endócrina neurônios sensoriais somáticos sistema límbico, cortex cerebral Problema 4 – módulo IV – Sistema Nervoso Amanda Wosny Guimarães – MD2 Ø Muitos órgãos internos estão sob controle antagonista, ou seja, uma das divisões autônomas é excitatória e outra inibitória. Ex.: a inervação simpática aumenta a frequência cardíaca, enquanto a parassimpática diminui. Obs.: as glândulas sudoríparas e a musculatura lisa da maioria dos vasos sanguíneos são inervados somente pela divisão simpática e dependem do controle tônico, ou seja são exceções do controle antagonista. Ø As duas divisões autônomas atuam de modo antagônico no controle de um determinado tecido-alvo, porém podem atuar de modo cooperativo em diferentes tecidos para atingir um objetivo, ex.: o aumento do fluxo sanguíneo para ocorrer a ereção peniana pela via parassimpática e a contração muscular para a ejaculação do sêmen pela via simpática. Ø Em algumas vias autônomas, a resposta do tecido-alvo é determinada pelos receptores específicos para neurotransmissores. Ex: a maior parte dos vasos sanguíneos contém apenas um tipo de receptor adrenérgico, cuja ativação produz a contração da musculatura lisa (vasoconstrição). Contudo, alguns vasos sanguíneos possuem um 2º tipo de receptor adrenérgico que produz o relaxamento do musculo liso (vasodilatação). Ø Esses dois tipos de receptores são ativados pelas catecolaminas noradrenalina (NA) e adrenalina. Assim, nesses vasos sanguíneos, a resposta é determinada pelo tipo de receptor e não apenas pelo sinal químicos (neurotransmissor). VIAS AUTÔNOMAS Ø As vias autônomas simpática e parassimpática são formadas por dois neurônios em série: • O 1º neurônio (pré-ganglionar) sai do SNC e projeta-se para um gânglio autônomo, localizado fora do SNC; • No gânglio, o neurônio pré-ganglionar faz sinapse com um 2º neurônios (pós- ganglionar); • O corpo celular do neurônio pós-ganglionar está localizado no gânglio autônomo, e seu axônio projeta-se para o tecido-alvo. Ø A divergência é uma característica importante das vias autônomas: • Cada neurônio pré-ganglionar faz sinapse com 8 a 9 neurônios pós- ganglionares no gânglio; • Cada neurônio pós-ganglionar pode inervar um alvo diferente, logo um único sinal do SNC pode acertar diversas células-alvo ao mesmo tempo. Ø Os gânglios possuem neurônios que se localizam completamente dentro dos próprios gânglios: • Esses neurônios permitem que os gânglios autônomos atuem como minicentros de integração. Recebendo sinais sensoriais da periferia do corpo e modulando sinais motores para os tecidos-alvos. ORIGEM DAS DIVISÕES SIMPÁTICA E PARASSIMPÁTICA Principais diferenças anatômicas: a) O ponto de origem da via no SNC; b) Localização dos gânglios autônomos. Via simpática: Ø A maioria das vias simpáticas tem origem nas regiões torácica e lombar da medula espinhal; Ø Os gânglios simpáticos são encontrados principalmente em duas cadeias dispostas ao longo de ambos os lados da coluna vertebral, com gânglios adicionados ao longo da aorta descendente; Ø Nervos longos (formados pelos axônios dos neurônios pós-ganglionares) projetam-se do gânglios para os tecidos-alvos; Ø As vias simpáticas normalmente possuem neurônios pré-ganglionares curtos e pós-ganglionares longos. Via parassimpática: Ø Muitas vias parassimpáticas se originam no tronco encefálico e seus axônios deixam o encéfalo por nervos cranianos; Ø Outras vias parassimpáticas tem origem sacral e controlam os órgãos pélvicos; Ø Os gânglios parassimpáticos estão localizados muito próximos ou sobre a parede dos órgãos-alvos; Ø Neurônios pré-ganglionares possuem axônios mais longos que os pós- ganglionares; Ø A inervação parassimpática direciona-se primariamente para a cabeça, o pescoço e os órgãos internos; Ø O principal nervo parassimpático é o nervo vago (NC X), o qual conduz tanto informação sensorial do órgãos internos para o encéfalo quanto informações parassimpáticas eferentes do encéfalo para os órgãos. SINAIS QUÍMICOS As divisões simpática e parassimpática podem ser diferenciadas neuroquimicamente por seus neurotransmissores e receptores: a) Neurônios pré-ganglionares simpáticos e parassimpáticos liberam acetilcolina (ACh) como neurotransmissor que atua nos receptores colinérgicos nicotínicos (nAChR) dos neurônios pós-ganglionares; b) A maioria dos neurônios pós-ganglionares simpáticos secreta NA que atua sobre os receptores adrenérgicos da célula-alvo; c) A maioria dos neurôniospós-ganglionares parassimpáticos secreta ACh que atua sobre os receptores colinérgicos muscarínicos (mAChR) das células-alvos. Problema 4 – módulo IV – Sistema Nervoso Amanda Wosny Guimarães – MD2 Obs.: neurônios não adrenérgicos não colinérgicos: não secretem NA nem ACH. • Secretam como neurotransmissores: substancia P, somatostatina, peptídeo intestinal vasoativo (VIP), adenosina, oxido nítrico e ATP; • São associados as divisões simpática e parassimpática de acordo com o local que as fibras pré-ganglionares saem da medula espinhal. CONTROLE DOS MUSCULOS LISO E CARDIACO E DAS GLANDULAS Ø Alvos dos neurônios autônomos: a) Músculos liso; b) Musculo cardíaco; c) Glândulas endócrinas (algumas); d) Glândulas exócrinas; e) Tecido linfático; f) Tecido adiposo. Ø Sinapse entre um neurônio pós-ganglionar autônomo e a sua célula alvo -> junção neuroefetora; Sinapses autônomicas: Ø As terminações distais dos axônios pós-ganglionares possuem uma serie de áreas alargadas (dilatações bulbosas) que são chamadas de varicosidades e contêm vesículas preenchidas com neurotransmissores; Ø Os terminais ramificados do axônio estendem-se ao longo da superfície do tecido-alvo e liberam o neurotransmissor no liquido intersticial para se difundir até o local onde os receptores estão localizados; Ø A liberação difusa do neurotransmissor autônomo permite que um único neurônio pós-ganglionar afete uma grande área do tecido-alvo; Ø A liberação dos neurotransmissores autônomos pode ser modulada. Ex.: as varicosidades simpáticas contêm receptores para hormônios e para sinais parácrinos (como a histamina). Ø Esses moduladores podem facilitar ou inibir a liberação de neurotransmissores; Ø Alguns neurônios pré-ganglionares fazem a coliberação de neuropeptídeo e ACh. Esses neuropeptídios atuam como neuromoduladores, produzindo potenciais sinápticos lentos que modificam a atividade do neurônios pós- ganglionares. NEUROTRANSMISSORES Ø ACh e NA são sintetizadas nas varicosidades do axônios; Ø Liberação dos neurotransmissores: Obs.: a concentração de neurotransmissores na sinapse é importante no controle autônomo de um alvo. Quanto maior a concentração, mais potente ou mais duradoura será a resposta. potêncial de ação varicosidade canais de Ca dependentes de voltagem se abrem influxo de Ca o conteúdo da cesículas sinápticas é liberado por exocitose neurotransmissor difunde-se no liquido intersticial encontra um receptor na célula- alvo ativação do receptor termina neurotransmissor difunde-se para longe da sinapse é transportado ativamente para dentro das células para próximas sinapses metabolizado por enzimas no LEC se afasta da sinapse Problema 4 – módulo IV – Sistema Nervoso Amanda Wosny Guimarães – MD2 RECEPTORES: Receptores adrenérgicos: Ø Vias simpáticas. a) Receptores alfa: respondem fortemente a NA e fracamente a adrenalina; b) Receptores beta: • Beta1: NA = adrenalina; • Beta2 (não são inervados): NA < adrenalina; • Beta3 (encontrados principalmente no tecido adiposo e são inervados): NA > adrenalina. Vias associadas a receptores adrenérgicos: Ø Os receptores adrenérgicos são acoplados a proteína G -> início da resposta mais lento e mais prolongado; Ø Os diferentes subtipos de receptores adrenérgicos utilizam diferentes vias de segundos mensageiros (Tab. 11.2). Os receptores ativam a fosfolipase C, levando à produção de inositol trifosfato (IP3) e diacilglicerol. O DAG ativa uma sequência (“cascata”) de fosforilações de proteínas. O IP3 provoca a abertura de canais de Ca2_, produzindo sinais intracelulares com o uso de Ca. Em geral, a ativação de receptores produz contração muscular ou secreção por exocitose. Os receptores diminuem o AMP cíclico intracelular e produzem relaxamento da musculatura lisa (trato gastrintestinal) ou diminuição da secreção (pâncreas). Ø Todos os receptores _ aumentam o AMP cíclico e ativam a fosforilação de proteínas intracelulares. A resposta da célula-alvo, então, depende do subtipo de receptor e da via específica ativada na célula-alvo. Por exemplo, a ativação dos receptores intensifica a contração muscular cardíaca, porém a ativação dos receptores produz relaxamento da musculatura lisa de muitos órgãos. Vias parassimpáticas Ø Neurônios parassimpáticos liberam ACh sobre seus alvos; Ø Junções neuroefetoras possuem receptores colinérgicos muscarínicos; Ø Todos os mAChR são acoplados a proteína G; Ø A ativação desses receptores ativa vias de segundos mensageiros, algumas das quais produzem a abertura de canais de K ou de Ca. GLÂNDULA SUPRARRENAL Ø Região medular: tecido neuroendócrino associado ao sistema nervoso simpático; Ø Desenvolvimento: o tecido neural destinado a secretar catecolaminas é dividido -> divisão simpática do SN (secretar NA) + medula da glândula suprarrenal (secretar adrenalina), também chamada de gânglio simpático modificado; Ø Da medula espinhal saem neurônios pré-ganglionares para a medula da suprarrenal, onde irão fazer sinapse com neurônios pós-ganglionares. Esses não possuem axônios (células cromafins) e secretam adrenalina no sangue. PROTEÍNA G Ø Correspondem a uma família de proteínas que se fixam ao GTP e ao GDP, acoplando os receptores de sete segmentos trasnmembranosos aos sistemas efetores intracelulares, ex.: adenilato ciclase (AC), fosfolipase C do tipo beta (PLC-beta), fosfodiesterase do GMPc e determinados canais iônicos; Ø São heterotrimétricas, formadas por 3 subunidades: alfa, beta e gama (cada uma codificada por vários genes): Monoaminoxidase (MAO): enzima responsável pela degradação de catecolaminas. Problema 4 – módulo IV – Sistema Nervoso Amanda Wosny Guimarães – MD2 Ø Subunidade alfa: Faz o reconhecimento do receptor; Ø Contém o sitio ligante para o nucleotídeo de guanina (tanto no GDP quando GTP); Ø No estado inativo, o GDO encontra-se ligado a esse sitio; Ø Quando o receptor é ativado por um sinalizador químico ou um agente hormonal, ocorre uma alteração do GDP para o GTP na presença de magnésio; Ø A ligação com o GTP faz ocorrer a dissociação da molécula, deixando a subunidade alfa-GTP livre; Ø Nessas condições a subunidade alfa interage com outros efetores intracelulares, regulando suas atividades, como AC, PLC-beta ou canais iônicos (Ca e K); Ø Nessa subunidade são reconhecidos 4 domínios: a) Ligação do Mg-GTP (sitio de ligação do GTP); b) GTPase; c) Ligação com receptor e ativação dos efetores localizados na região carboxiterminal; d) Aminoterminal que interage com a subunidade beta-gama. Ø Todas as subunidades alfa são enzimas e possuem atividades intrínseca GTPase, hidrolisando o GTP a GDP e liberando o Pi. Ø As subunidades beta-gama são proteínas ligadas ao complexo e intercambiáveis na maioria das vezes; Ø A particularidade da atividade GTPase da subunidade alfa é tão relevante que a elevação da taxa de conversão do GDP-GTP resulta na diminuição da ativação. Isso faz o ciclo de transdução mediado por proteína G poder ser produzido e controlado; Ø Na ausência da substancia química, o receptor interage com o trímero da proteína G e a taxa de dissociação do GDP da subunidade alfa limita a atividade GTPase; Ø Na presença do agente químico e formação do complexo H-R ocorre a dissociação do GDP da subunidade alfa do trímero levando a ligação do GTP intracelular a subunidade alfa; Ø Gs: é estimulatoria. Ativa a AC, regula canais iônicos de cálcio dependentes de voltagem no musculo esquelético e inibe canais de sódio no musculo cardíaco; Ø Gi: é inibitória. Inibe a AC; Ø Gp: estimula a fosfolipase C, entre outros. SISTEMA AMPc Ø É constituído por 3 proteinaspresentes na membrana: o receptor, a proteína G e a AC; Ø A ligação do agente químico ao receptor acoplado a proteína G estimula a atividade da proteína G, dissocia-se da molécula de GDP e associa-se a GTP e se desliga da subunidade beta-gama; Ø A subunidade G-a-GTP estimula agora a atividade da adenilato ciclase, que promove a conversão do ATP intracitoplasmático em 3' ,5' AMPc. Este é o segundo mensageiro formado intracelularmente (o primeiro mensageiro é o agente químico que se acoplou ao receptor), com capacidade de estimular diferentes quínases proteicas que irão fosforilar proteínas celulares especializadas. Ø As proteínas quinases representam os efetores intracelulares. Através da modificação na atividade das quinases a resposta biológica é efetivada. Este mecanismo de fosforilação e defosforilação é uma forma poderosa de modular o metabolismo celular. Ø AAC é regulada por dois subtipos de unidades a que estão acopladas ao complexo da proteína G: subunidades alfa s estimulatória, presente em todas as células do organismo, e alfa i inibitória, codificada por 3 genes diferentes, alfa i1, alfa i2, alfa i3. Também algumas formas de AC podem ser inibidas (tipo I e VIII) ou estimuladas (tipo li, IV e V) por beta-gama. Ø Assim, diferentes respostas podem ser conduzidas e/ou processadas: os agentes químicos podem estimular ou inibir a AC através da mediação a. ou a;, podem regular a atividade dos canais iônicos de cálcio ou potássio operados por receptor, genes podem ser expressos ou silenciados. Ø Na maioria das células eucariotas os efetores do AMPc são ativados devido à fosforilação de proteínas quinases específicas, dependentes do AMPc, as proteínas quinases A (PKA). Ø Três tipos diferentes de efeitos são mediados pelo AMPc: a) Agudo: Ocorre segundos após a estimulação hormonal. São efeitos que não requerem a síntese de RNA ou síntese proteica, estão atrelados à fosforilação rápida de proteínas seguida pela modificação enzimática de sua atividade. b) Expressão precoce de proto-oncogenes da famílias fos e jun: Este efeito não necessita de síntese proteica, é devido à fosforilação de fatores transcricionais presentes na célula que são ativados mediante a translocação da subunidade C da PKA no núcleo. Estes efeitos ocorrem minutos após o aumento do AMPc intracelular. 3 c) . Efeitos tardios sobre o crescimento e a diferenciação celular-Estes efeitos requerem a síntese de RNA e de proteínas. Para que isto ocorra, há a necessidade da presença de genes promotores e de seqüências nucleotídicas específicas denominadas CRE (c-AMP-responsive element: TGACGTCA) que unem um fator trans, denominado CREB (CRE binding protein), que pode ser fosforilado pela PKA ou pelas proteínas quinases ativadas pela calmodulina. SISTEMA TRIFOSFATO-INOSITOL (IP3) Ø Um segundo mecanismo de transdução hormonal é executado pelo metabolismo do fosfatidilinositol. A ativação do receptor com sete segmentos transmembrânico pelo agente químico horrnonal promove a ativação de uma fosfodiesterase da membrana, a fosfolipase C (PLC) que catalisa a hidrólise do fosfatidil inositol4 ,5 bifosfato, dando origem a dois segundos mensageiros: 1-4-5-trifosfato-inositol (IP3) e diacilglicerol (DAG). Problema 4 – módulo IV – Sistema Nervoso Amanda Wosny Guimarães – MD2 Ø A ativação da PLC-beta pelo receptor de sete segmentos é mediada pela proteína G; (que é bloqueada pela toxina pertussis) e pela GP (que é resistente a esta toxina). Ø A formação do DAG e do IP3 ativa duas vias de sinalização (Fig. 6-8). O DAG, devido à sua natureza hidrofóbica, permanece ancorado à membrana e ativa proteinas ser/thr quinase específicas, as proteínas quinase C (PKC). Ø O IP3 se fixa a receptores específicos localizados na membrana do retículo endoplasmático. Isto promove a abertura dos canais de cálcio e eleva a concentração citosólica de cálcio. Ø ndiretamente o IP3 regula a entrada de cálcio extracelular. Este evento parece estar ligado à ativação ou formação de um fator que se associa à membrana celular e influencia o influxo de cálcio extracelular. Ø A PKC é uma ser/thr quinase que requer a presença de cálcio, fosfatidilserina e DAG para a sua ativação. Ø Acredita-se que a elevação do cálcio citosólico, correlato à ação do IP3, estimule precocemente a PKC, deslocando-a do citosol para a face citoplasmática da membrana celular. Ø O aumento do cálcio citosólico, além de favorecer a ativação de certas isoformas de PKC, ativa outras proteínas quinases através da mediação da calmodulina. Esta enzima citoplasmática possui alta afinidade pelo cálcio e toma-se ativada quando seus quatro sítios ativos estão ocupados por este elemento. Quando a calmodulina é ativada ela pode ativar outras proteínas quinases e, com isto, vários efetores intracelulares: AC, fosfodiesterases, e sobretudo várias ser/thr quinases calmodulina-dependentes que têm uma especificidade de substrato muito estreita (fosforilase quinase, miosina quinase da cadeia leve da rniosina) ou uma atividade multifuncional (cálcio-calmodulina quinases I e IV). Ø A ativação das duas vias, PKC e calmodulina, pode ser reproduzida com Tratado de Fisiologia Aplicada às Ciências Médicas -6' edição ésteres de forbol e os ionóforos de cálcio demonstrando que algumas respostas celulares a estímulos hormonais se realizam pelas modificações intracelulares de cálcio ou pela ativação da PKC. Ø 3 diferentes tipos de resposta: a) 1. Aguda-Está relacionada com a ativação ou inativação de várias proteínas por fosforilação b) 2. Expressão rápida de genes precoces da família dos proto-oncogenes fos e jun c) Transcrição gênica-Específica de cada célula. SONO E VIGÍLIA Ø Consciência = saber o que ocorre; • Capacidade de reconhecimento; • Concentração = prestar atenção. • Deixa o cérebro em condições de reagir com presteza; • Estado de consciência: conhecimento de si e do ambiente + atenção. Ø Vigília: estado fisiológico de consciência; Ø Sono: estado fisiológico de inconsciência; Ø Sonolência: estado de consciência muito leve, próximo ao sono; Ø Consciência residual: estado que permite manter a consciência do meio ambiente durante o sono; Ø Consciência onírica: experiências do individuo durante o sono (sonho); Ø Vigília: estado de alerta, excitação (excesso do estado de alerta) ou relaxada (pode passar facilmente a incosciencia). ESTADO DE VIGILIA Ø Apresenta-se durante o dia e coincide com as horas luminosas; Ø O ritmo sono-vigília é uma manifestação do ciclo circadiano; Ø Principal estrutura do ciclo circadiano: núcleo supraquiasmatico do hipotálamo, determina a hora de acordar e de dormir. Corresponde a um sincronizador de tempo (zeitgeber) do ritmo sono-vigília e se aproxima ao ritmo geofísico de dia- noite (luz-escuridão); Ø A formação reticular formadora ascendente (SARA) é ativada pelo zeitgeber da consciência; Ø A luz natural (durante o dia) excita a retina por meio de estímulos luminosos que agem nos receptores retinianos. Essas excitações propagam-se por vias especificas e enviam colaterais à formação reticular. Assim, a excitação visual aceita o sistema sensorial especifico e estimula a substancia reticular, ativando-a de forma difusa; Ø Ativação da formação reticular aumenta a atividade muscular que aumenta o tônus muscular (por meio de excitações descendentes sobre o γ-motoneurônio), que estimula os receptores proprioceptivos musculares os quais excitam o sistema da corno dorsal e estimulam, por colaterais, a formação reticular; Ø A atividade diurna produz ativação global da formação reticular; Ø As aferencias de conjunto, que ativam a formação reticular, são chamadas de mensageiros do despertar; Ø A nocicepção se comporta como mensageiro do despertar e é muito potente quando presente.Mecanismos: A excitação da formação reticular (Fig. 22-2), ao ativála globalmente, projeta-se para estruturas superiores do encéfalo através do sistema ativador reticular ascendente (SARA), como também para estruturas baixas pelo sistema retículo- espinal. O sistema ativador reticular ascendente comporta-se como um sistema inespecífico, que ajusta o nível de excitabilidade do córtex, núcleos da base, como também de outras estruturas do prosencéfalo. Projeta-se para cima, pelo sistema tálamo-cortical genereralizado (STCG). O SARA excita o tálamo, especificamente o núcleo intralaminar, o qual pode detectar ondas lentas, predominantemente negativas. Problema 4 – módulo IV – Sistema Nervoso Amanda Wosny Guimarães – MD2 Existe um envolvimento sináptico dos neurônios corticais com o sistema tálamo- cortical generalizado, evidenciando-se que, quando o tálamo apresentar descargas rítmicas lentas, através de ligação sináptica com o córtex, determinarse-á uma oscilação sincronizada cortical. Essa atividade talâmica representa um verdadeiro marcapasso talâmico. O ritmo talâmico produz a ritmicidade cortical sincronizada, que se apresenta nas situações de sono. Porém, quando o sistema reticular ativador ascendente excita o tálamo, o sistema tálamocortical generalizado é excitado, levando à dessincronização da atividade elétrica talâmica e cortical, características das situações de vigília o que determina o estado de consciência que, sob o ponto de vista elétrico, se caracteriza por ondas de alta freqüência, baixa voltagem e muito irregulares (dessincronização) MANUTENÇÃO A vigília é mantida através de um regime que opera por retroalimentação positiva (Fig. 22-1), tendendo a reforçar e, às vezes, a exagerar este estado de consciência. Este feedback positivo é mantido por excitações que retornam à formação reticular por colaterais sensoriais ou outros mecanismos que levam a manter a excitação da formação reticular ascendente (SARA). Estes mecanismos são: 1. A ativação cortical pela dessincronização do sistema tálamo-cortical generalizado, excita, por sua vez, a formação reticular que, agora ativada pelo próprio córtex através do STCG, dessincroniza novamente o córtex e assim sucessivamente. 2. Havendo maior atividade reticular pelo sistema reticular descendente facilitador, aumenta a atividade muscular (excitação da atividade tôníca), além disso, a ativação dos núcleos motores (córtex motor, núcleos da base, núcleo rubro, cerebelo) produz um aumento da atividade motora global. A motricidade exagerada na vigília excita proprioceptores musculares, articulares e tendinosos que, por sua vez, excitam a formação reticular. 3.A ativação global encefálica ativa núcleos ligados à função simpática, como os núcleos simpáticos do hipotálamo posterior, locus coeruleus, do bulbo e do córtex cerebral. As fibras simpáticas estimulam a medula suprarenal, cujas células cromafins pertencem também ao sistema simpático (sistema simpático-adrenal), o que determina maior secreção de catecolaminas, particularmente adrenalina. A adrenalina circulante estimula a formação reticular. A existência destes mecanismos por feedback positivo é muito útil à fisiologia da consciência, porquanto permite a manutenção de um determinado estado de consciência, facilitando as funções neurais que persistem ativas durante tempos prolongados (16 a 19 horas diárias), sem lapsos de inconsciência que alterariam a execução de funções como as motoras, intelectuais, da memória, da atenção etc. Estado de sono I O sono, ou inconsciência fisiológica, apresenta-se em condições habituais à noite, ou seja, quando a luminosidade ambiental é muito reduzida ou ausente. tratar-se-ia de um relógio biológico como é o ciclo circadiano, próprio do sistema nervoso central, independente das variações da luz (mas influenciado por estas, em condições de exposição à luz). O ciclo estaria determinado por atividade rítmica do núcleo supraquiasmático do hipotálamo, cuja freqüência varia de acordo com a idade. MECANISMOS DO SONO PASSIVO teoricamente a ausência ou diminuição importante do Zeitgeber hipotalâmico ou, ulteriormente, dos mensageiros do despertar, leva à diminuição da ativação da formação reticular. falta de excitação do SARA, ou seja, ausência de excitação do despertar. A este propósito, vale a pena lembrar as experiências de Hess que, aplicando pulsos rítmicos de baixa freqüência (8Hz) nos núcleos talâmicos do STCG, é capaz de determinar um estado de sono. Em uma delas, denominada encéphale isolé, isolou o encéfalo, praticando um corte no nível do começo da medula espinhal; o gato que estava com o encéfalo isolado mantinha o ciclo sono-vigília porque conservava íntegra a formação reticular que pode receber aferências. Na outra intervenção, denominada cerveau isolé, isto é, cérebro isolado, faz-se a secção no nível subtalâmico, ficando o cérebro separado do mesencéfalo, ou seja, separado da formação reticular; assim, a formação reticular não pode ativar o tálamo, mantendo-se o marcapasso talâmico autógeno e o estado de sono permanente. Comprova-se, assim, que o sono pode ser produzido por desaferentação da formação reticular; embora no cerveau isolé persista a entrada das aferências olfativas e visuais, estas não são capazes de ativar a formação reticular, não podendo ativar estado de vigília. o estado de excitabilidade do prosencéfalo (SARA) determina o estado de consciência; sua depressão determina sono MECANISMOS DO SONO ATIVO Excitando as porções inferiores (bulbares) do tronco cerebral, como o trato solitário rostral e o núcleo reticular ventral, com estimulação de baixa freqüência (lO Hz), produz-se sono e sincronização eletroencefalográfica. Essa região que produz sono ativo quando excitada é denominada região sincronizadora bulbar. Ela é excitada fisiologicamente por mecanorreceptores cutâneos ou abdominais excitados por Problema 4 – módulo IV – Sistema Nervoso Amanda Wosny Guimarães – MD2 distensão abdominal, por exemplo, pósprandial (após urna refeição importante há tendência ao sono: sesta da tarde ou cochilo após uma refeição volumosa). Também excitam essa região bulbar estímulos chamados monótonos, com ritmos lentos e constantes de excitação auditiva, luminosa, tátil ou de outra natureza. Além disso, há fibras córtico-reticulares que partem especialmente do córtex pré-frontal, que podem excitar a área sincronizadora bulbar e que, quando lesadas, produzem insônia. Certas substâncias podem estimular o sono ativo, como a colecistocinina liberada após uma refeição. Contudo, atualmente considera-se fundamental a existência de genes determinantes do ciclo sono/vigília existentes no núcleo supraquiasmático do hipotálamo que, havendo a sua expressão fenotípica, desencadeariam seja o despertar, seja o sono, de acordo com a hora do dia. Um gene, o gene per, é ativado pela hora, de modo que pouco antes das 6 horas da manhã, o gene se expressa através da respectiva proteína per que, ativando processos secundários intracelulares, redunda na síntese e secreção de CRH, assim o CRH estimula na hipófise anterior a secreção de ACTH que, por via sangüínea, estimula a secreção adrenocortical e cortisol, cuja taxa se eleva no sono. A hipercortisolemia é capaz de ativar a formação reticular mesencefálica, precipitando o despertar e a vigília diurna, situação que pode persistir durante o dia Algo similar ocorre com o início do sono, mas agora ativando-se outro gene do núcleo supraquiasmático, o gene pill, cuja expressão fenotípica se inicia por volta das 18 horas. A proteína pill é capaz de ativar mecanismos intermediários que redundam na expressão de melatonina na glândula pineal, provavelmente através de um mecanismo intermediário representado pelo sistema cerúleo-simpático.O aumento do teor sérico de melatonina produz efeito inverso ao cortisol, ou seja, depressão da formação reticular mesencefálica, de modo que o SARA não pode manter a dessincronização do tálamo. Inicia-se, assim, o fenômeno da inconsciência fisiológica noturna que pode ser mantido Interessantemente, o mecanismo que ativaria ambos genes e que está ligado ao tempo, seja de manhã ou no crepúsculo, seria outro gene, denominado clock, existente também no núcleo supraquiasmático que, seletivamente, procede a ativar um gene ou outro, de acordo com a hora do dia. Caracteristicas elétricas do estado de sono Quando o sono é analisado sob o ponto de vista eletroencefalográfico (EEG), bem como condutual, podem-se determinar várias fases que têm características elétricas diferentes, e que se acompanham, também, de determinados aspectos comportamentais e funcionais diversos (Fig. 22-4). Etapa I Caracteriza-se por ser muito breve, em certos indivíduos até ausente, comparando-se o EEG com aquele da vígilia (ondas de baixa voltagem, alta freqüência e irregulares, dessincronizadas). Apresentam-se ondas de baixa voltagem, porém de freqüência baixa (1 a 2 Hz) e algumas ondas theta (4 a 6Hz). O limiar do despertar é baixo, fazendo com que o indivíduo acorde facilmente. Etapa li Caracteriza-se por descargas em fuso, de alta voltagem e de 12 a 14 Hz de freqüência. Apresenta-se freqüentemente o complexo K, isto é, um fuso seguido de 2 ou 3 ondas mais lentas e de alta voltagem promovido, em geral, por estímulos auditivos leves. O limiar do despertar é mais alto que na fase precedente. Tratado de Fisiologia Aplicada às Ciências Médicas -6t edição Fig. 22-2-Origem das fibras colaterais sensitivas que se dirigem para a formação reticular e sistema ativador reticular ascendente (SARA) e sistema tálamo-cortical generalizado (STCG). Etapa III Aparecem no EEG ondas lentas (1,5 a 3 Hz) de alta voltagem ou ondas delta, misturadas com fusos. Etapa IV A freqüência é baixa e de alta voltagem, constituindo as ondas delta que predominam amplamente no registro eletroencefalo gráfico. Essas quatro etapas, que de conjunto se caracterizam pela presença de ondas lentas, constituem o designado sono lento ou sincronizado, chamado assím porque há sincronização tálamo-cortical. Habitualmente se expressa como SOL ou sono de ondas lentas ou, mais recentemente, de sono não-REM (ver adiante). Após essas quatro etapas, começa uma fase de sono na qual novamente aparecem ondas rápidas, de baixa amplitude e de ritmicidade irregular, em tudo semelhantes às ondas alfa do estado de vigília: porém, o indivíduo está dormindo profundamente, porque é difícil acordá-lo, precisando-se de um estímulo despertador de alta intensidade. Esta fase do sono é conhecida como sono paradoxal ou sono dessincronizado. É paradoxal porque o indivíduo apresenta características eletroencefalográficas de vígilia, mas condutualmente dorme. É dessincronizado porque a atividade elétrica é irregular, como ocorre na dessincronização própria do sistema tálamo-cortical generalizado pela excitação do SARA (vigília). O sono normal Quando o sono é registrado à noite, existe uma certa seqüência; SOL I� SOL li� SOL III � SOL IV� REM � SOL IV� SOL III � SOL li� SOL III �SOL IV� REM e assim sucessivamente, ocorrendo ao redor de 4 a 5 ciclos durante toda a noite de 6 a 8 horas de sono; porém, esta seqüência pode alterar-se muito, exibindo outros esquemas, ou saltar algumas etapas, como, por exemplo, REM� SOL III � SOL IV� REM. o sono de manhã, pedia-se a pessoas que haviam dormido à noite que voltassem a dormir por mais duas horas; aquelas que podiam fazê-lo mostraram um padrão de sono totalmente diferente. Desaparece a etapa IV e há aumento da duração do sono REM, não sendo este precedido da fase IV, como parece ser de regra no sono noturno. Por outro lado, o sono da sesta (à tarde, cochilo após o almoço), se assemelha bastante ao sono das últimas horas da noite (madrugada), apresentando-se muito aumentada a fase REM e diminuídas as fases III e IV. Quando se dorme ao final da tarde (sono vespertino), o sono se assemelha mais ao das primeiras horas da noite, predominando o sono de ondas lentas, sendo que o sono REM, se houver, aparece só tardiamente. Poder-se-ia concluir, destes resultados, que os movimentos oculares rápidos, que somente ocorrem durante o sono dessincronizado, estariam de algum modo ligados à atividade onírica que se desenvolve na mesma fase do sono. Deve-se salientar Problema 4 – módulo IV – Sistema Nervoso Amanda Wosny Guimarães – MD2 que, muitas vezes, o indivíduo lembra sonhos que não são coloridos; isto é, em branco e preto, mas que são situações mais verdadeiras ou reais. Trata-se, nestes casos, de lembranças e não de sonhos, que o indivíduo está experimentando durante a fase li ou, mais freqüentemente, na etapa IV do sono de ondas lentas. Estas imagens recordadas com certa freqüência provocam medo ou susto e até pavor, determinando os pesadelos, ou o pavor noturno das crianças. Deve-se destacar que ambas as situações ocorrem na fase nãoREM. Privação do sono A privação voluntária global do sono leva a uma instalação brusca e progressiva de alterações psicológicas, com incapacidade crescente de adequação à realidade, despersonalização, caráter irritável, alucinações hipnagógicas etc., com aparecimento cada vez mais freqüente de interrupções passageiras da atenção, acompanhadas, às vezes, de perda de tônus muscular postural que são denominados "lapsos". A privação seletiva de sono REM pode ser produzida acordando-se o indivíduo quando passa eletroencefalograficamente à fase dessincronizada. Desta forma o sono é apenas SOL ou não-REM. Após certo tempo de carência de sono REM, o indivíduo se encontra psicologicamente alterado, com sintomas de ansiedade e irritabilidade, que o tornam pouco sociável e freqüentemente anti-social. A privação seletiva do sono de ondas lentas é similar, quanto à técnica, à privação de sono REM, mas nestes indivíduos não se apresentam casos de alterações psicológicas. Além disso, resulta um extremo cansaço físico, provocando necessidade de sentar- se ou deitar-se, com baixo rendimento muscular. Essas descobertas têm levado a pensar que os objetivos dos sonos de ondas lentas e dessincronizado seriam diferentes, assim como seus papéis funcionais: o sono lento cumpriria uma função relacionada com o equilíbrio somático, seria mais biológico, enquanto o sono dessincronizado (REM) relacionar-se-ia mais com o equilíbrio psicológico e mental, sendo então mais psíquico que biológico. Isto recorda a antiga asserção do neurologista von Economo, que distinguia entre o "sono do corpo" (SOL ou não- REM) e o "sono da mente" (REM). Aprendizado e memória Nas horas iniciais do sono noturno, quando predomina o sono de ondas lentas, é bastante fácil aprender e memorizar, mas quando a aprendizagem se realiza em horas mais próximas do despertar, em que predomina o sono REM, há um grau maior de "interferência", resultando em menor consolidação do aprendizado e memorização bem menos eficaz. Acredita-se que o cérebro, encontrando-se num estado de intensa atividade, inibiria, de algum modo, a capacidade de retenção. Contudo, os sonhos representariam pensamentos, às vezes complexos, na função cognitiva ativa do sistema límbico (amígdala e hipocampo), embora o cérebro apresente inconsciência. Substância S Quando o indivíduo é privado do sono durante períodos prolongados, seletivamente ou não, chega um momento em que ele não pode mais manter-se acordado, e cai em sono profundo; isto ocorre ao redor de 70 a 100 horas de privação total do sono. Tem -se interpretado este sono forçado como resulta do da produção de uma substância, pelo cérebro, em vigília mantida. Tal substância é denominada substância S ou Sleep Substance,isto é, substância do sono. Esta substância representaria uma reserva de sono, isto é, quando o indivíduo está privado de sono por períodos longos, a substância S vai sendo sintetizada até atingir, após várias horas (70), uma taxa suficiente para agir como indutor do sono ativo; porém, em condições habituais do ciclo sono-vigília não agiria, porque quando se inicia o sono fisiológico à noite, sua concentração no liquor é ainda baixa, não sendo ainda suficiente para provocar o sono que, nessa circunstância, é produzido pelos mecanismos neurais já descritos (sono passivo ou ativo). Distúrbios que aparecem no sono normal Sonambulismo: Apresenta-se, tal como os outros transtornos mencionados, durante a fase Ili ou IV do sono de ondas lentas, nãoREM, quando ainda existe certo grau de atividade tônica muscular, podendo, portanto, haver manifestações de fenômenos motores autornãticos como o andar. Bruxismo-É o fenômeno de ranger ou frender os dentes durante o sono. na fase Ili ou IV do sono de ondas lentas. Pesadelo-Apresenta-se mais no adulto, e consiste em um súbito despertar, acompanhado de angústia intensa, palidez, sudorese fria, taquicardia e dificuldade respiratória. O individuo relata sonho indutor de angústia ou medo. Ocorre também nas etapas lll ou IV, e não na fase REM, tratando-se, mais provavelmente, de recordações ligadas a fatos reais, que produzem reações de medo. Alteração do ciclo sono-vigília Insônia: pode manifestar-se como uma dificuldade para conciliar o sono, um despertar precoce, ou ainda o dormir fragmentário, com freqüentes despertares acompanhados da sensação de não ter dormido. Narcolepsia: Trata-se de uma hipersonia que pode aparecer em qualquer momento do dia. É de origem orgânica. Durante anos, o narcoléptico foi considerado histérico (simulador neurótico), ou epiléptico; porém, eletroencefalografia revelou interessantes fenômenos: l. As vigílias condutuais acompanham-se de sono eletroencefalográfico; 2. No começo do sono, o sono REM inicia-se de imediato; 3. Todas as crises que pareciam ocorrer durante a vigilia, em realidade ocorriam durante a fase REM; 4. O fenômeno narcoléptico parece estar intimamente relacionado com os mecanismos determinantes do sono dessincronizado
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