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ISSN 2176-1396 A CRIANÇA SURDA E O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM Daiane de Oliveira Neves1-UEMPR Maria de Jesus Cano Miranda2-UEMPR Eixo – Psicopedagogia, Educação Especial e Inclusão Agência Financiadora: Fundação Araucária Resumo Esta pesquisa é o resultado final do desenvolvimento de um Projeto Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Fundação Araucária e Universidade Estadual de Maringá (PIBIC/CNPQ/FA/UEM) na qual foram aprofundados conhecimentos acerca da educação da criança surda com ênfase na aquisição da linguagem nos primeiros anos de vida. O objetivo principal foi discutir a importância da aquisição da linguagem como forma de expressão na criança surda pequena. A metodologia adotada foi a da pesquisa de abordagem teórica e bibliográfica. Os pressupostos teóricos foram pautados nos princípios da Teoria Histórico Cultural defendida por Vigotsky (1989; 1996; 1997; 2000; 2009), a qual expõe que o psiquismo humano é desenvolvido histórico e socialmente por meio da apropriação da cultura, considerando a educação escolar um processo que contribui para formação das funções psicológicas superiores, sendo que a linguagem, uma função psicológica, é desenvolvida na criança ouvinte e surda da mesma forma, porém por vias diferentes na relação com o outro. Os resultados mostraram que o percurso da educação para o desenvolvimento da linguagem na criança surda houve longos períodos de lutas que proporcionar o alcance de conquistas pelos direitos das pessoas surdas. Também mostrou que houve o aprimoramento de metodologias que favoreçam o desenvolvimento da criança em seus diferentes aspectos, principalmente a capacidade de se expressar e se comunicar, passando do oralismo, comunicação total ao bilinguismo. Ao final da pesquisa, concluiu-se que as pessoas surdas têm uma comunidade própria com linguagem própria, sendo assim, as crianças surdas podem desenvolver a linguagem como as crianças ouvintes, mas em forma de sinais, meio pelo qual conseguem se comunicar e se desenvolver psiquicamente. Palavras-chave: Criança surda pequena. Aquisição da linguagem. Educação Especial. 1 Psicóloga, graduada pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Aluna do curso de Especialização em Educação Infantil do Departamento de Teoria e Prática da Educação na mesma universidade. Atua como profissional bolsista do programa Universidade Sem Fronteiras no projeto Educação Especial e Tecnologia Assistiva: formação de professores e processos criativos para inclusão escolar. E-mail: daianeoneves@gmail.com. 2 Doutora em Educação Escolar pela Universidade Estadual Júlio Mesquita Filho - UNESP/Araraquara SP. Professora Adjunto do Departamento de Teoria e Prática da Educação da Universidade Estadual de Maringá- UEM. E-mail: mjcmiranda00gmail.com. 989 Introdução Esta pesquisa de Iniciação Científica (PIBIC/CNPQ/FA/UEM) intitulada “O desenvolvimento da linguagem na criança surda” foi desenvolvida para aprofundar conhecimentos sobre o tema da educação de crianças surdas nos primeiros anos de vida com foco no desenvolvimento da linguagem destas crianças. A educação das crianças surdas passou por diferentes movimentos, ao longo dos tempos, como em outras áreas da educação especial, do preconceito, estigmatização e exclusão à inclusão escolar e social nos tempos atuais. No entanto, esta discussão tem apresentado avanços na medida em que envolve tanto os educadores como as pessoas que apresentam surdez. Ao tratar dessa temática foi oportuno retomar a história da educação dos surdos, em razão de ser fundamental para a compreensão do contexto de cada momento e suas características, dado que os surdos foram considerados em sua trajetória como alguém que não poderia pensar, aprender, bem como estar totalmente inserido na sociedade de forma que pudessem interagir sem dificuldades, uma vez que era um indivíduo diferente dos demais, com a limitação da audição, e em decorrência disso, da fala também. Por conta disso, até os profissionais e os demais em contato com os surdos terem o entendimento que a surdez não impossibilitaria esse indivíduo se desenvolver, se comunicar e interagir com o mundo, foi um longo processo. Nesse processo foram desenvolvidas filosofias educacionais com vistas ao desenvolvimento das crianças surdas. O estudo histórico sobre surdez norteou a contextualização das filosofias educacionais, as quais são, Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo e o modo como às crianças surdas foram atendidas, em termos de metodologias de ensino, em diferentes momentos da história dos homens até os dias de hoje. Posto isto, este estudo se justifica por dois motivos, por oportunizar uma discussão que promove um aprofundamento a respeito da importância da aquisição e desenvolvimento da fala na criança surda pequena, uma vez que, é por meio da linguagem que ocorre a transmissão das produções culturais. Pelo fato da temática ter sido relevante para esclarecer como se dá o desenvolvimento da linguagem na criança surda, quais seus enfrentamentos, tanto no âmbito psicológico como no educacional, já que, a sociedade em que vivemos é oral e ouvinte. Por esses motivos os questionamentos elaborados para aprofundar a temática foram: o que a história nos diz sobre a educação da criança surda? Como o oralismo, a comunicação 990 total e o bilinguismo têm contribuído para a educação da criança surda pequena e para o desenvolvimento da linguagem como forma de comunicação e expressão? Em que consiste a aquisição da linguagem na criança pequena de uma forma geral e na criança que apresenta surdez? Quais enfrentamentos a criança surda lida nesse processo de aquisição de linguagem e quais prejuízos pode lhe acarretar se houver um déficit nesse processo? Para responder esses questionamentos buscou-se refletir sobre a importância da aquisição da linguagem como forma de expressão na criança surda pequena com base nos pressupostos da Teoria Histórico Cultural. E, alcançar os objetivos de compreender a contextualização histórica do percurso da educação da criança surda ao longo dos tempos; pesquisar e analisar os principais pressupostos das diferentes tendências e metodologias para o desenvolvimento da linguagem, e da expressão da criança surda na educação de surdos, tal como: oralismo, comunicação total e bilinguismo; e investigar como se dá o desenvolvimento da linguagem na criança surda pequena. Metodologia A metodologia adotada para realização e desenvolvimento deste estudo foi a modalidade de pesquisa bibliográfica, seguida de análise documental, com enfoque qualitativo. A pesquisa bibliográfica é entendida pela consulta em material já publicado, ou seja, de acordo com o pensamento de Gil (1996, p. 29) “tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos”. Com relação à análise documental Gil (1996) defende que ela se vale de documentos elaborados com diversas finalidades, abordando dados qualitativos e quantitativos, documentos oficiais. O mesmo autor esclarece que o único ponto que ela se distingue da pesquisa bibliográfica é a natureza das fontes. Situando contextos e as tendências metodológicas da educação de surdos Retomando um pouco a história da educação dos surdos, na Alemanha, em 1750, com as ideias de Samuel Heinick, surgiram as primeiras noções da filosofia educacional oralista, a qual postulava que a linguagem oral era ideal para integrar o surdo na sociedade. Heinick foi o primeiro fundador de umaescola pública baseada na filosofia oralista, de acordo com Goldfeld (1997). 991 Abade Charles M. de L’Epée, francês, foi um dos primeiros a estudar uma língua de sinais, ao perceber que tinha bons resultados desenvolveu um método educacional e o denominou “Sinais metódicos” (LACERDA, 1998). Santana (2007) a autora afirma ainda que houve grande insatisfação com o método oral por parte dos educadores e dos surdos e, nesse momento, voltaram a usar língua de sinais e outros códigos manuais na educação das crianças surdas. Surgindo a comunicação total, que segundo Goldfeld (1997), utiliza além da linguagem oral, a língua de sinais, usada na comunidade surda e sinais gramaticais modificados e marcadores para elementos presentes na língua falada e não na de sinais. Quando se começou a utilizar a língua de sinais e outros códigos manuais, além da língua oral na educação dos surdos, Dorothy Schifflet, professora e mãe de surdo, utilizava o método que combinava a língua de sinais com a língua oral, leitura labial, treino auditivo e alfabeto manual. Ela denominou esse trabalho de Total Aproach, que traduzido “Abordagem Total”. Com essa filosofia os surdos puderam desenvolver mais a língua de sinais, e com as propostas de comunicação total, novas pesquisas sobre a língua de sinais foram desenvolvidas, surgindo mais alternativas educacionais, como a Educação Bilíngue. Essa filosofia defende que a língua de sinais é a língua natural dos surdos, a qual proporciona à criança surda um desenvolvimento cognitivo-linguístico ao verificado na criança ouvinte, podendo ter uma relação harmoniosa com os ouvintes, com o acesso a duas línguas, a língua de sinais e a língua majoritária3 na modalidade escrita. Assim, quanto mais cedo a criança é exposta à língua de sinais, mais rápido aprenderá a sinalizar, como as crianças ouvintes aprendem a falar, expõe Lacerda (1998). Depois de estudos, percebeu-se que a língua de sinais tem gramática própria e por ser visual/espacial é adquirida com facilidade pelas crianças surdas, permitindo que elas tenham um desenvolvimento linguístico, dos aspectos cognitivos, como também, dos aspectos sócio afetivo, emocional, consequentemente, proporciona uma identificação dessa criança com a cultura surda, além de ajudar na aquisição da língua majoritária na modalidade escrita (PEREIRA; VIEIRA, 2009). Essas autoras expõem que o aprendizado da língua majoritária acontece por meio da exposição a textos escritos, pois, a leitura é a base para o aprendizado da língua majoritária, e assim, o professor deve explicar o conteúdo do texto e mostrar quais as diferenças e 3 Segundo Pereira (2014) a língua majoritária é a língua oficial do país em que o surdo vive, sendo sua segunda língua, então no Brasil a língua majoritária é o português. 992 semelhanças das duas línguas, pois ser bilíngue é conhecer os significados sociais e culturais das comunidades linguísticas pertencentes. Essa filosofia bilíngue respeita a comunidade e cultura dos surdos nas suas particularidades, não obrigando o surdo a se comportar como a comunidade ouvinte e também a se desenvolver como um ouvinte, pelo contrário, percebe que eles têm uma língua específica, bem como, uma comunidade e cultura, por meio das quais, se comunica, se identifica e se desenvolve harmoniosamente. O desenvolvimento e apropriação da linguagem na criança ouvinte e da criança surda na perspectiva histórico-cultural Para esse estudo, adotou-se como base teórica a concepção histórico-cultural de desenvolvimento humano defendida por Vigotsky4 e seus colaboradores que acreditam na premissa de que a instrução e o ensino se constituem como possibilidades de humanização dos indivíduos. Portanto este tópico será apresentado em dois sub tópicos, a saber: o desenvolvimento da linguagem na criança normal e o desenvolvimento da linguagem na criança surda. O desenvolvimento da linguagem na criança normal Nesta perspectiva Vigotsky (1989) considera que a aprendizagem também passa pelo processo das interações sociais, em que o papel do outro na apropriação do conhecimento pela criança é fator relevante, pois o desenvolvimento das funções psíquicas superiores da criança está ligado ao aprendizado e à apropriação da cultura de seu grupo. Para que a criança se aproprie desse patrimônio cultural, ela precisa da mediação de outros indivíduos mais experientes de seu convívio, oportunizando, assim, as trocas e o aprender juntos, deduz-se o importante papel da apropriação e desenvolvimento da linguagem na criança pequena, a partir da assimilação dos símbolos, signos e ferramentas culturais para o uso correto da expressão e da comunicação. A perspectiva Histórico-Cultural analisa o homem por meio do método materialismo histórico dialético, sendo esse homem datado, histórico, síntese de múltiplas determinações, e 4 A grafia do nome desse autor pode ser escrita de diferentes maneiras, dependendo da tradução da obra publicada, como Vigotski, Vygotsky ou Vigotsky, contudo, neste trabalho, procurou-se uniformizar a escrita para Vigotsky. 993 composto por três fatores os quais são filogênese, ontogênese e sociogênese. De acordo com essa perspectiva as crianças nascem com funções psicológicas elementares, que são atividades reflexivas, as quais servem para sua sobrevivência nos primeiros anos de vida. Depois, quando a criança por meio dos instrumentos se apropria dos signos culturais, e com a ajuda da mediação do adulto, ela desenvolve as funções psicológicas superiores (EIDT; FERRACIOLI, 2010). Eidt e Ferracioli (2010) afirmam que a criança nasce sem comportamento humano como também qualidades psíquicas que a caracterize como humano. É a relação da criança com a cultura que permite que se desenvolva como membro da espécie, sem a relação com a cultura humana nenhum indivíduo se caracteriza como tal. Portanto, para que um homem se humanize é necessário além do aparato biológico, das condições de vida e educação definidas. Quando a criança entra no mundo ela emite o seu primeiro som, o choro, que ainda não pode ser considerado como fala, mas como um reflexo da laringe. Esses reflexos são uma condição para a criança entender, posteriormente, que combinações desses sons podem substituir certos objetos e pode conseguir muita coisa, como quando ao dizer “am-am” pode conseguir comida e ao dizer “ma-ma” pode chamar atenção da mãe, relatam Vigotsky e Luria (1996). Vigotsky (2009) afirma que a fase dos balbucios, do grito até as primeiras palavras da criança, são estágios pré-intelectuais do desenvolvimento da fala, os quais são considerados comportamentos emocionais. Além dos balbucios, os comportamentos de risadas, gestos, movimentos, são meios de contato social a partir dos primeiros meses de vida. Vigotsky e Luria (1996) expõem que a criança com um ano de idade tem a tendência de imitar os sons que escuta e que os adultos emitem. A criança finge entender o que o adulto fala e vice-versa, começa a utilizar palavras inventadas ou que não sabem seu significado que são tentativas de utilização das palavras até formar o verdadeiro conceito. É dessa maneira que a criança começa a chamar o cachorro de “au-au” e a vaca de “mu”. Vigotsky (2000) expõe que nessa primeira fase do desenvolvimento da linguagem não está relacionada ao desenvolvimento do pensamento, tampouco com o desenvolvimento dos processos intelectuais. O autor ressalta ainda que a criança não descobre facilmente o significado da palavra, com um ano e meio a criança consegue dominar a estrutura externa do significado da palavra,ela assimila que cada objeto tem sua própria palavra, assim a criança 994 domina a estrutura que unifica a palavra e o objeto, de forma que a palavra se torne a propriedade do objeto. A formação de cada palavra tem uma história e cada palavra surge ligada a uma determinada imagem e depois a palavra existente dá origem a outras palavras. Sendo assim, a palavra não surge de forma arbitrária, mas em forma de signo natural relacionada a uma imagem ou uma operação. A criança recebe as palavras das pessoas que estão ao seu redor e ao receber faz uma conexão entre a palavra e o objeto, essa conexão acontece por um processo espontâneo, declara Vigotsky (2000). Nesse sentido, Vigotsky e Luria (1996) afirmam que a criança ao entender o sentido da palavra que ao ser expressada exerce controle sobre o que lhe é de interesse, a criança passa a fazer uso das junções das palavras com essa intenção. Depois de entender as palavras e como pode controlá-las, as crianças começam a buscar novas palavras dentro das circunstâncias, e ao perguntar várias vezes o nome de um objeto e repetir as palavras adquiri um novo repertório de palavras. A fala torna-se uma ferramenta cultural que influencia o pensamento, logo a mente da criança é reestruturada e reconstruída. A partir desse momento os mecanismos da fala, que antes eram expressos por sons agora se tornam inaudíveis sendo uma importante ferramenta auxiliar do pensamento, nas palavras de Vigotsky e Luria (1996). Diante desta perspectiva é notável que a linguagem é uma função psicológica superior com a função de comunicação e atua também como auxílio para o desenvolvimento do pensamento tanto na criança normal como na criança surda, ademais, o processo de desenvolvimento da linguagem que ocorre na criança normal é o mesmo que acontece na criança surda, conforme Vigotsky (1997). Desenvolvimento da linguagem na criança surda Segundo Vigotsky (1997) ser surdo significa apenas não ter uma via para formar vínculos condicionados com o meio ambiente, ou seja, o ouvido é chamado pela fisiologia de órgão receptor ou analisador e pela psicologia é chamado de órgão de percepção ou de sentido externo, dessa forma esse órgão percebe e analisa os elementos externos do meio, podendo separar essa realidade em partes singulares, em estimulações separadas que estão relacionadas com as nossas reações, auxiliando na adaptação do organismo ao meio. 995 Para esse autor o desenvolvimento da linguagem começa pelos comportamentos naturais como: balbucios, mímica e gestos naturais, que se estratificam na base da formação dos hábitos linguísticos. Nos surdos, quando estão aprendendo de forma tradicional da linguagem, esses comportamentos logo param de ocorrer, podendo ser porque se esgotam ou pela influência das condições externas desfavoráveis. Então, o desenvolvimento continua sem palavras e somente na idade escolar se começa a ensinar linguagem a criança e modular os sons. Com isso, a desenvolvimento da criança tem avanços, mas o ensino da linguagem por ser um trabalho lento se torna penoso e sem aplicação prática, porém, os hábitos de mímica e gestos estão mais desenvolvidos que a linguagem oral e assim o interesse na linguagem oral começa a diminuir, mas quando há severidade se consegue ensinar a falar. A respeito das formas que podem ser expressas a linguagem, Marques, Barroco e Silva (2013) destacam que a linguagem verbal pode ser expressa pelas vias oral, escrita e gestual. Sendo que a língua de sinais usa os meios visual e espacial para comunicação, esses meios são eficientes para comunicação, os quais são utilizados para estabelecer relações com outros surdos, transmitindo ideias, desejos, vontades e acontecimentos, favorece a apropriação de conteúdo. As autoras afirmam ainda que a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é fundamental para o desenvolvimento do surdo para se tornar humanizado. De acordo com os estudos de Quadros (1997) a aquisição da linguagem de sinais na criança surda acontece em quatro estágios: o período pré-linguístico, estágio de uma palavra, estágio das primeiras combinações e estágio das múltiplas palavras. Petitto e Marantette (1991 apud QUADROS, 1997) afirmam que no período pré- linguístico o balbucio ocorre tanto nos bebês ouvintes quanto nos bebês surdos, uma vez que esse fenômeno é uma capacidade inata, manifestada por sons e por gestos. Petitto e Marantette (1991 apud QUADROS, 1997, p. 70) observam que nos bebês surdos pode ser notado duas formas de balbucio, o silábico e a gesticulação: “O balbucio silábico apresenta combinações que fazem parte do sistema fonético das línguas de sinais. Ao contrário a gesticulação não apresenta organização interna”. Dessa forma, os bebês apresentam o balbucio oral e manual até um período, então, os bebês surdos até um determinado período balbuciam oralmente, do mesmo modo os bebês ouvintes, até um período utilizam as produções manuais e depois são interrompidas, já que, o input em um determinado momento privilegia um modo de balbuciar. 996 A respeito do estágio de um sinal, esse estágio tem início na criança surda aos 12 meses e vai até os dois anos. Nessa fase as crianças produzem gestos de diferentes sinais, e as primeiras produções da Língua Americana de Sinais (ASL) por volta dos 14 meses são palavras congeladas, que não sofrem flexões, “Mother”. Nesse estágio a autora evidência que a criança com a apontação, utilizadas para indicar objetos e pessoas, que tinha um caráter mais gestual no período pré-linguístico passa ser um elemento gramatical da língua de sinais do período linguístico (PETITTO 1987 apud QUADROS, 1997). Em relação ao estágio das primeiras combinações Quadros (1997) relata que inicia por volta dos dois anos. Nesse estágio as crianças em suas combinações utilizam a ordem sujeito-verbo, verbo-objeto ou sujeito-verbo-objeto (FICHER, 1973; HOFFMEISTER, 1978 apud QUADROS, 1997). Meier (1980 apud QUADROS, 1997) explica que há verbos em LIBRAS que não sofrem flexões, tem limitações lexicais e fonológicas para incorporar os pronomes, como o verbo “gostar” e “pensar” na LIBRAS, dessa forma a criança para fazer as relações gramaticas tem que incorporar os indicadores, com concordância verbal, a qual depende da aquisição do sistema pronominal e ordenar as palavras. Petitto (1987 apud QUADROS, 1997) declara que as crianças surdas nesse período, apontam para o interlocutor quando estão referindo-se a si mesma, assim, pode-se perceber que a compreensão de pronomes nessa fase ainda não é tão clara para criança surda dentro no sistema linguístico ASL. No estágio das múltiplas combinações corresponde aos dois anos e meio e três anos, quando a criança surda tem uma expansão no seu vocabulário. As crianças começam a fazer diferenciações derivacionais, como sentar e cadeira, além disso, elas começam a usar formas próprias para diferenciar nomes e verbos, mas o domínio dos recursos morfológicos ocorre quando a criança está mais ou menos com cinco anos (LILLI-MARTIN, 1986 apud QUADROS, 1997). A partir dos três anos as crianças conseguem usar o sistema pronominal quando a pessoa ou objeto não estão no contexto, contudo, ainda apresentam alguns erros, apesar de fazer concordância verbal elas flexionam verbos que não têm flexões na língua de sinais. Essa flexão generalizada dos verbos, como expõe Bellugi e Klima (1990 apud QUADROS, 1997), pode ser entendida como supergeneralização, da mesma forma que acontecem as generalizações verbais da língua oral, por exemplo, “ fazi”, “gosti”, “sabo”. Segundo Quadros (1997) com cinco anos e meio a seis anos e meio a criança surda quando adquire a língua de 997 sinaisfaz uso corretamente da concordância verbal, e nesse período o uso do sujeito e dos objetos nulos é mais comum. As crianças com quatro anos já conseguem usar configurações das mãos mais complexas, usar espaço para expressar relações entre argumentos, explorando movimentos incorporados aos sinais de forma estruturada. Elas conseguem também construir novas palavras ao combinar significados menores. Nota-se também que produzem sentenças mais complexas, como topicalizações, e assim as expressões faciais são usadas nas produções não manuais, das interrogativas, topicalizações e negações corretamente, dessa forma, o uso da direção dos olhos para concordância com argumentos fica mais claro, verificado também no jogo de papéis desempenhado por meio da posição do corpo quando relata a estória, segundo Quadros e Schmiedt (2006). É importante a criança ter um ambiente propício para aprender a língua de sinais, a qual é adquirida de forma espontânea, pois nesse ambiente a criança consegue ter um desenvolvimento socioemocional que auxilia na formação da sua personalidade, esse desenvolvimento deve ser oferecido na relação com os pais, pois assim a criança tem a oportunidade de criar sua própria visão de mundo por meio de suas experiências com o meio a sua volta, nas palavras de Quadros (1997). Dessa forma, ao prevenir o atraso da linguagem da criança surda também é prevenir seu desenvolvimento intelectual, pois essas crianças que convivem com interlocutores usuários da língua de sinais tem a possibilidade do acesso aos conceitos que organizam, representam, explicam e ordenam a realidade. Essa criança também precisa conviver com pares que também utilizam a língua de sinais para poder brincar, conversar, representar, “fazer de conta”, desse modo, essa criança terá a condição para o desenvolvimento social, cognitivo e emocional saudável, de acordo com Galuch, Silva e Bolsanello (2011). Resultados e Discussões Um indivíduo para se relacionar com outras pessoas utiliza a comunicação, a qual é realizada, quase que prioritariamente, pela linguagem oral. Desse modo, aprende-se muito sobre o mundo em que vive, assim, quando uma criança está inserida em um meio que lhe é proporcionado acesso a sua linguagem natural verbal em qualquer idioma na modalidade oral, escrita ou gestual de acordo com sua necessidade, ela tem a possibilidade de se apropriar da sua realidade, estabelecer relações, favorecendo seu desenvolvimento intelectual, emocional e 998 social. Para esse desenvolvimento é necessário o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, as quais são desenvolvidas, segundo Eidt e Ferracioli (2010) com a superação das funções psicológicas elementares, por meio da humanização do indivíduo, ou seja, se apropriando de sua cultura e dos bens materiais que a humanidade já produziu. Para essa humanização são utilizados signos e instrumentos mediadores como a linguagem, que é uma função psicológica superior, pois por meio dessa são transmitidos os conhecimentos construídos ao longo da história da humanidade, e para emancipação humana é necessário que os indivíduos possam se apropriar desses conhecimentos. Nesse sentido, pensando no desenvolvimento do indivíduo para conseguir viver e interagir com a sociedade, na trajetória histórica da educação dos surdos, pode-se entender que o objetivo das três metodologias para a educação dos surdos foi justamente esse, promover o desenvolvimento e a inserção do surdo na sociedade ouvinte, buscando minimizar as diferenças, em contrapartida, em alguns momentos essas metodologias (Oralismo e Comunicação Total) geraram prejuízos para os mesmos, pois não teve um meio ideal para se comunicar não conseguindo se desenvolver da maneira mais adequada, sendo em alguns momentos impedidos de se comunicar com uma língua que lhe seria natural. Percebe-se esse fato quando ao recorrer a trajetória histórica, também em nosso país, mostra que no Brasil, segundo Goldfeld (1997), o Instituto Imperial de Surdos Mudos, em 1911, seguia o oralismo puro como filosofia de educação, já que era a tendência mundial, entretanto, a língua de sinais prevaleceu nas salas de aula, nos pátios e corredores da escola até 1957, quando a língua de sinais foi severamente proibida. Na década de 60, no Brasil, era prevalente a ideia de que os gestos eram prejudiciais às pessoas surdas. Desse modo, o Ministério da Educação (MEC), assume em 1979, a proposta do Oralismo, entendendo que seguindo essa filosofia estaria preparando os surdos para uma efetiva participação na sociedade. Nessa época, a língua de sinais, era denominada linguagem mímica e era considerada simplificada e prejudicial para o desenvolvimento da escrita, com erros gramaticais, podendo ser transmitidas somente expressões concretas, de acordo com Albres (2005). Depois de muitas discussões o oralismo não tendo sucesso, surgiu a tendência metodológica comunicação total, a qual permitia o uso de sinais, uma vez que, sua preocupação era com os processos comunicativos entre os surdos e aprendizagem oral pela criança surda, mas ressaltava que os aspectos cognitivos, emocionais e sociais, não poderiam 999 ficar em segundo plano, por conta do aprendizado exaustivo da língua oral. Assim, a comunicação total promovia o desenvolvimento da comunicação mais efetiva entre os familiares e professores, como também a construção do mundo interno das crianças surdas, nas palavras de Lacerda (1998). Na década de 80 começa o Bilinguismo, no Brasil, com as contribuições das pesquisas sobre a língua de sinais da professora linguista Lucinda Ferreira Brito, relata Goldfeld (1997). Pode-se entender, de acordo com Albres (2005), que a proposta bilíngue não privilegia uma língua, mas dá condições das crianças surdas se desenvolverem em língua de sinais e depois na língua majoritária do país, na modalidade oral-auditiva ou na escrita. A língua de sinais é a primeira língua dos surdos, a língua de comunicação, identificação e instrução. A língua portuguesa, na modalidade escrita, é a segunda língua que possibilita o surdo de ter acesso a informação, conhecimento e cultura, tanto na comunidade surda, quanto na comunidade ouvinte, segundo Pereira e Vieira (2009). Com a filosofia da Educação Bilíngue foi delegado ao surdo o direito de se comunicar pela língua de sinais, como sendo sua língua própria, natural, a qual lhe proporciona o desenvolvimento cognitivo, emocional e social e, assim, ao adquirir uma identidade no interior de uma comunidade, que em questão é a surda, o indivíduo consegue de forma mais satisfatória se apropriar do mundo, e com o convívio com pessoas que usam essa língua tem uma compreensão maior da realidade, bem como desenvolve e aperfeiçoa suas funções psíquicas. Entretanto, a sociedade hoje, no século XXI, com todo o seu desenvolvimento, mesmo os surdos adquirindo sua própria identidade, sendo inseridos em uma comunidade própria, com toda a tecnologia de aparelhos cocleares, escolas especializadas para acolhê-los, com leis regulamentadas para uma total inserção da criança surda, ainda não está preparada para essa demanda, como para outras demandas de necessidades especiais. Então, é notável que em cada período, da forma que a sociedade estava organizada e com os recursos que possuía tentou contribuir com metodologias para o desenvolvimento da criança surda. Vigotsky e Luria (1996) afirmam que a criança entre um ano e meio e dois anos já utilizam as mãos para fazer uso de objetos para realizar algo de seu interesse. Pode-se pensar que a criança surda utiliza sua mão para interação, além de manipular objetos, como forma de se comunicar, pois o mundo lhe é acessível,mas não pela audição, assim ele encontra outra forma de acessar e se relacionar com esse mundo. Diferente da criança ouvinte em que está 1000 aprendendo a falar quando compreende que combinações de certos sons modificam o meio, conseguem satisfazer suas necessidades, a criança surda, em convívio com pessoas que utilizam a língua de sinais, pode entender que combinações de sinais também modificam o meio, podendo seus desejos e interesses serem satisfeitos. Dessa maneira, tanto uma criança ouvinte como uma criança surda tem o desenvolvimento da linguagem semelhantes quando imersas em um ambiente propício para cada desenvolvimento linguístico. A partir da afirmação da Quadros (1997) que todos os bebês, surdos e ouvintes, apresentam balbucio, entende-se que todos os bebês têm reações vocais, como Vigotsky (2000) destaca que inicialmente são reflexos incondicionados, instintivo, sendo uma reação emocional indicando um desequilíbrio com o meio e depois passar a ser condicionado por meio das reações do adulto, sendo nesse segundo momento uma reação de contato social, mas é possível hipotetizar que essas reações vocais depois de um momento desaparecem no bebê surdo, como Quadros (1997) explica que nos surdos desaparece o balbucio e permanece os gestos e nos ouvintes desaparece os gestos e permanecem as reações vocais. Vigotsky (2009) entende que essa fase dos balbucios, dos gritos até emitir as primeiras palavras compreende o estágio pré-intelectual do desenvolvimento da fala. Quadros (1997) ao se referir ao desenvolvimento da linguagem na criança surda entende essa fase como o período pré-linguístico. É interessante notar que Vigotsky (2009) denomina esse período de pré-intelectual, pois um déficit no desenvolvimento da linguagem pode acarretar um prejuízo intelectual, como também emocional e social, uma vez que, a primeiras funções das reações vocais são emocionais e sociais, se a criança não consegue ser compreendida ela terá dificuldades de se compreender e apreender o mundo ao redor. Depois dessa fase ocorre o período das primeiras palavras, as crianças ouvintes com um ano e meio começa a imitar o que os adultos falam, ainda que não saibam os significados das palavras como seu verdadeiro conceito, e assim chama o cachorro de “au au”, de acordo com Vigotsky e Luria (1996). Já as crianças surdas, filhas de pais surdos, com essa idade estão no estágio de um sinal, as primeiras palavras são aquelas que não flexionam como “Mãe” e elas utilizam a apontação como elemento gramatical da língua de sinais. Nesse momento as crianças entendem que cada objeto tem sua palavra, elas unificam a palavra e o objeto, conforme Vigotsky (2000). 1001 Dessa maneira, por meio das mediações dos adultos as crianças ouvintes se apropriam dos signos e após entender o sentido da palavra, elas começam a fazer, como afirmam Vigotsky e Luria (1996) junções das palavras. Segundo os estudos de Quadros (1997) as crianças surdas com dois anos fazem as primeiras combinações de sinais utilizando a ordem sujeito-verbo, verbo-objeto ou sujeito-verbo-objeto, porém nessa fase ainda apresenta pouca compreensão dos pronomes, pois ao referir a si mesma aponta para o interlocutor. Quando as crianças entendem o sentido da palavra e que podem controlar o meio, elas começam a aprender novas palavras, aumentando seu repertório, pois começam a perceber os objetos com um sentido social. As crianças surdas, segundo Quadros (1997), também têm um aumento no repertório de palavras no estágio das múltiplas combinações, quando estão com três anos, fazem diferenciações derivacionais como “sentar” e “cadeira”, mas é por volta dos cinco anos e meio e seis anos e meio que as crianças surdas conseguem fazer uso corretamente do sistema pronominal, flexões dos verbos e da concordância verbal. É possível afirmar que da mesma forma que as crianças ouvintes conforme crescem aprendem a falar corretamente, construir fases corretamente, as crianças surdas aprendem gradativamente as sinalizações corretas, as configurações das mãos correta, as quais aumentam sua complexidade, além disso, simultaneamente fazem expressões faciais para indicar a intenção ou emoção. Vigotsky e Luria (1996) afirmam que a linguagem auxilia no processo de desenvolvimento do pensamento. Assim, com o desenvolvimento do pensamento e da linguagem tanto a criança surda quanto a ouvinte, entende que cada objeto tem um significado e um sentido dentro de um contexto social, entendem que por meio das palavras podem controlar o meio de forma inteligente. Como os surdos não podem desenvolver esse mecanismo pela fala por não ter a audição, ele pode desenvolver por meio de sinais, pois Vigotsky (1997) considera que surdo só não possui a via da audição para interagir com o meio ambiente, mas possui outros meios para isso, a visão e motricidade. À vista disso, quando a criança surda está inserida em um ambiente adequado para que aprenda a se comunicar pela língua de sinais, seu desenvolvimento se dá mesma forma que o desenvolvimento da língua falada na criança ouvinte, e ainda com um ambiente propício a criança além de desenvolver a língua de sinais, desenvolve o pensamento e lhe auxilia na formação de personalidade, de autonomia, bem como de uma visão de mundo. Quando há um déficit nesse processo, ela tem dificuldade para se apropriar dos 1002 conhecimentos, até mesmo da cultura, como em agir no mundo, pois o desenvolvimento do psiquismo ocorre pode meio de uma construção social. Já aqueles que estão inseridos em um meio de estimulação e de incentivo para aprendizagem dessa língua se desenvolvem de forma natural e possuem uma organização psíquica de forma que conseguem compreender o mundo, ter a formação de conceitos e apreender da realidade. Considerações Finais A partir do objetivo estabelecido para esta pesquisa que foi o de refletir sobre a importância da aquisição da linguagem como forma de expressão na criança surda pequena, pode-se dizer que o mesmo foi alcançado na medida em que foi possível estudar os diferentes momentos de lutas e conquistas de movimentos da categoria ao longo da história da humanidade até os dias de hoje, bem como compreender como se dá o desenvolvimento e aquisição da linguagem na criança surda. Tais movimentos empreenderam suas lutas para que as pessoas surdas pudessem ser reconhecidas como alguém com o mesmo potencial de aprender e interagir que as crianças ouvintes. Como bem mostra a história essas pessoas passaram por experiências de não aceitação, sendo excluídas, desconsideradas pela sociedade, pois essa minoria foge do que é considerado “normal”. Como outras minorias, também, não são reconhecidas como uma dificuldade social, mas somente orgânica e, assim, alguns tentam lidar com esse indivíduo que tem uma forma diferente de se comunicar com o mundo, outros por não entender e não saberem como agir, preferem excluir e em alguns casos não sabem que fazem isso, e outros, ainda, impunham que sua forma de entender o mundo é a certa, no entanto, outros lutam pela causa. Aos poucos a comunidade surda conquistou seu espaço, encontrou sua identidade, teve a implementação da língua oficial, é mais respeitada, mesmo a sociedade ainda não conseguindo acolher toda de uma forma melhor, mas da maneira que ela consegue já se pode considerar um grande avanço. Hoje, a comunidade surda ter o direito de uma educação bilíngue foi uma grande conquista, pois é o modo de educação que mais privilegia a condição de criança surda, sendo língua de sinais, que lhe proporciona a apropriação do conhecimento, aumentando sua compreensão da realidade e possibilitando uma maior humanização. Nodecorrer da sua história a criança surda não teve nenhuma dessas condições, pelo fato de no início serem forçados a falar oralmente, então não conseguiam se comunicar, como também adquirir 1003 conhecimentos, depois puderam utilizar sinais além da linguagem oral, ainda assim, não era sua língua própria. E depois de um tempo, com mais estudos e pesquisas estabeleceram que a forma mais apropriada para os surdos se comunicar é a língua de sinais, e assim, os profissionais entenderam que essa maneira de se comunicar é mais satisfatória. Percebeu-se pelos resultados dos estudos dos autores que fundamentaram a pesquisa que ser surdo é um problema mais social que orgânico porquê do modo como as crianças ouvintes desenvolvem a linguagem oral, por mediações dos outros adultos ouvintes, as crianças surdas também se desenvolvem com mediações de adultos surdos, cada um desenvolve a linguagem por meio dos órgãos de percepção destinados para este fim, e dessa forma, inseridas em um meio adequado para o desenvolvimento da linguagem, favorece o desenvolvimento do pensamento. Esse aspecto de poder se comunicar por outra via, foi mais um avanço da humanidade, no aspecto psíquico, pois coletivamente foi, aos poucos, sendo construído outros signos e instrumentos que propiciam a comunicação, os quais serão transmitidos aos próximos seres humanos. Representando o movimento da dialética, quando o meio se modifica, o homem se modifica, e quando o homem se modifica, o meio se modifica, pois com pessoas que não escutam as ferramentas para se comunicarem são outras, sendo já uma modificação do contexto, e aprendendo a língua de sinais é uma modificação no homem. Portanto, não é somente uma conquista para os surdos e sim para a humanidade, a qual tem evoluído e se desenvolvido psiquicamente, evidenciando que esse desenvolvimento não é estanque, mas sempre tem possibilidade de evolução. REFERÊNCIAS ALBRES, N. de A. A. Educação de alunos surdos no Brasil do final da década de 1970 a 2005: análise dos documentos referenciadores. 2005. 129f. Dissertação em educação - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, MS, 2005. EIDT, N. M; FERRACIOLI, M. F. O ensino escolar e o desenvolvimento da atenção e da vontade: superando a concepção organicista do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). In: MARTINS, L. 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