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Alterações do Sistema Gastrointestinal em UTI Profa Ms Raffaela Angel Profa Ms Neisa Lourenço Prof Dra Fabiane Marui Pâncreas • Produção hormonal: insulina e glucagon • Produção de sucos pancreáticos: • Dissolver carboidrato (amilase pancreática) • Dissolver proteínas (tripsina, quimotripsina, carboxipeptidase e elastáse) • Dissolver triglicerídios nos adultos (lípase pancreática) • Dissolver ácido nucléicos (ribonuclease e desoxirribonuclease) Aguda o principal sintoma é a algia abdominal, com episódios de náuseas e vômitos Crônica, além da algia, pode haver diarréia com eliminação de gordura nas fezes. Pancreatite Aguda Doença que tem como substrato um processo inflamatório da glândula pancreática Decorrente da ação de enzimas inadequadamente ativadas, que se traduz por edema, hemorragia e até necrose pancreática e peripancreática Acompanhado de repercussão sistêmica que vai da hipovolemia ao comprometimento de múltiplos órgãos e sistemas e, finalmente, ao óbito 80% dos casos, à doença biliar litiásica ou à ingestão excessiva de álcool Pancreatite Aguda Na maioria das vezes, ela é autolimitada ao pâncreas e com mínima repercussão sistêmica → boa evolução → baixa mortalidade 10-20% dos casos, o quadro é mais intenso e com grande repercussão sistêmica, levando a índices de mortalidade de até 40%. O correto diagnóstico, estabelecido de forma precoce e a determinação de sua gravidade são fatores de fundamental importância para o adequado manejo terapêutico dos doentes Apresentação Clínica da Pancreatite Forma intersticial: “leve” ou “edematosa” Pancreatite Aguda Grave: • Conhecida como necro-hemorrágica ou “necrosante” • Geralmente implica em algum grau de necrose pancreática, peripancreática, ou ambas • Maior número de complicações: infecção da necrose, coleções fluídas peripancreáticas, abscessos, pseudocistos e, até mesmo, a falência de múltiplos órgãos. • Choque, insuficiência respiratória, insuficiência renal ou hemorragia digestiva. Pancreatite Aguda Grave (PAG) • Caracteriza-se por apresentar três ou mais critérios do escore de Ranson, oito ou mais pontos na classificação de Apache II (Acute Physiology and Chronic Health Evaluation II), complicações pancreáticas ou a presença de falência orgânica. FIGURA 1 - Categorias de gravidade segundo a Revisão dos Critérios de Atlanta PAG & Falência Pulmonar Inicio dos eventos inflamatórios das células acinares Síndrome de resposta inflamatória sistémica (SRIS) Complicações pulmonares são as mais frequentes e potencialmente mais graves. Alterações ventilação/perfusão Hipoxemia Síndrome da angústia respiratória aguda (SARA). Derrame Pleural: bloqueio linfático transdiafragmático e fístula pancreático-pleural por rotura do canal pancreático ou pseudoquisto. PAG • A falência da barreira gastro-intestinal com permissão da translocação de bactérias e endotoxinas é considerada como uma das grandes responsáveis para o desenvolvimento de infecção local e falência multiorgânica da pancreatite aguda grave Sinais e Sintomas - DOR Dor que se instala nos quadrantes superiores do abdómen, especialmente no epigastro, com um padrão típico de irradiação em cinturão, início súbito, constante, de intensidade progressiva, aumentando durante 30 a 60 minutos, estabilizando e tornando-se menos intensa a partir das 72 horas. A irradiação pode também atingir a região escapular. Esta dor agrava com decúbito ventral e alivia com a genuflexão. Há formas indolores Sinais e Sintomas Náuseas / Vômitos (aspecto biliar), pode evoluir para laceração gastro-esofágica→ hemorragia Alterações nível de consciência Derrame pleural – Atelectasia - IRpA Febre, taquicardia, taquipneia Icterícia, mesmo na pancreatite aguda não litiásica. Oligúria → hipovolemia, desidratação, hipotensão, choque Distensão abdominal, RHA diminuídos ou ausentes, presença de coleções, ASCITE. Hemorragia retroperitoneal → hematomas abdome Trombose da veia esplénica Sinal de Grey-Turner (equimose nos flancos) Sinal de Cullen (equimose peri-umbilical) Manifestações Clínicas Retinopatia de Purtsher é encontrada nos episódios de pancreatite aguda grave e corresponde à oclusão da artéria central da retina. Cianose e pele fria e pegajosa Comum a ocorrência de insuficiência renal aguda Ocorrem angústia respiratória e hipoxia Pode desenvolver infiltrados pulmonares, dispneia, taquipneia e valores anormais da gasometria Algumas vezes, observa-se ocorrência de depressão miocárdica, hipocalcemia, hiperglicemia e coagulação intravascular disseminada Diagnóstico da Pancreatite • Amilase: aumenta nas 24primeiras horas, mantém elevada entre 1-3 dias → valores normais entre 3 – 5 dias (exceto alguns casos) • Lipase (mantém elavada período mais longo) • HMG: leucocitose (10.000 -30.000) / hematócrito aumentado pelo sequestro de volume • PCR / Pró-calcitonina (PCT) • hiperbilirruminemia • Aumento dos níveis urinários de amilase • Hipocalcemia, hiperglicemia • Glicosúria • Hipoalbuminemia inflamatória • HB e HT para monitorar sangramento • Paracentese s/n Exames de Imagem • Achados na TC Tratamento Pancreatite Aguda Jejum & NPT Utiliza-se a aspiração nasogástrica para aliviar a náuseas e os vômitos e para diminuir a distensão abdominal dolorosa e o íleo paralítico Medicações dor / ATB Insulina se hiperglicemia Intervenção cirúrgica pode ser realizada para diagnóstico, drenagem, ressecção ou desbridamento do pâncreas necrótico e infectado Drenagem biliar Cuidados respiratórios Inibidores enzimas pancreativas Manejo de Enfermagem na Pancreatite • Processo de Enfermagem • Controle dos SSVV / Monitorização / DOR • Monitorização hemodinâmica Invasiva S/N • Atentar a dieta & jejum • Usar a aspiração nasogástrica para remover as secreções gástricas e aliviar a distensão abdominal • Manter o cliente em repouso no leito para diminuir a taxa metabólica e reduzir a secreção das enzimas pancreáticas • Manejo e monitorização respiratória • Acompanhamento dos exames laboratoriais • BH, controle de volume de infusão e excreção. Manejo de Enfermagem na Pancreatite • Cuidados com dieta SNE • Monitorar glicemia capilar • Monitoramento da pele e sangramentos • Monitorização Hidroeletrolítica • Monitorar rigorosamente o cliente quanto a sinais precoces de disfunção neurológica, cardiovascular, renal e respiratória • Estar preparada para a ocorrência de rápidas alterações no estado do cliente, tratamento e terapias; responder rapidamente • Cuidados VMI / Choque PERITONITES PERITONITES • Inflamação ou supuração do peritônio • Resposta peritoneal a agressão por bactérias, endotoxinas, bile ou suco gástrico, tendo como causas a perfuração de vísceras ocas, traumas abdominais, processos inflamatórios ou infecciosos abdominais e/ou pélvicos, isquemia visceral, mas também podendo ter origem desconhecida • Pode haver envolvimento de toda a cavidade peritoneal ou apenas uma porção do peritônio parietal ou visceral Fisiopatologia da Peritonite Extravasamento do conteúdo de órgãos abdominais para a cavidade abdominal, geralmente em consequência de inflamação, infecção, isquemia, traumatismo ou perfuração tumoral Início da proliferação bacteriana Há formação de edema dos tecidos, e ocorre exsudação de líquido em um curto período de tempo O líquido na cavidade peritoneal torna-se turvo, com quantidades crescentes de proteína, leucócitos, restos celulares e sangue. Resposta imediata do trato intestinal consiste em hipermotilidade, seguida, em pouco tempo, de íleo paralítico, com acúmulo de ar e de líquido no intestino Obstrução & Sepse PERITONITES- Diagnóstico Sinais e Sintomas : devido a manifestações reflexas • Dor: localizada e referida • Vômito: inicialmente reflexo. Mais tardiamente, por toxemia ou pelo íleo adinâmico • Diminuição da amplitude dos movimentos respiratórios abdominais • Descompressão abdominal brusca e percussão dolorosas • RHA diminuídos ou ausentes • Rigidez abdominal difusa • Elevação da temperatura e do pulso; pode haver desenvolvimento de hipotensão arterial PERITONITES - Diagnóstico Diagnóstico Laboratorial: • Podem avaliar a gravidade do processo infeccioso e orientar a terapêutica • Hemograma com plaquetas, eletrólitos, coagulograma, gasometria arterial, amilase, provas de função hepática e renal • Cultura e antibiograma do sangue, urina, secreções respiratórias, feridas, líquido intra-abdominal, de preferência antes de se iniciar o antibiótico • Exames de imagem PERITONITES - TRATAMENTO • Peritonite Primária: tratamento essencialmente clínico, com a identificação do agente causal • Peritonite secundária: objetivos do tratamento cirúrgico: Remover o foco inicial da infecção, aspirar o líquido peritoneal infectado, prevenir a formação de coleções ou sepse • Anestesia* • Escolha da incisão • Lavagem da cavidade • Drenos • Peritoniostomia Manejo de Enfermagem • Monitorar a pressão arterial do cliente pelo cateter arterial na ocorrência de choque • Monitorar, com frequência, a pressão venosa central ou a pressão arterial pulmonar • BH + Controle SSVV • Monitorar a função GI e do equilíbrio hidroeletrolítico • Monitorar dreno e incisão cirurugica • Cuidados pré e pós operatório HEMORRAGIA GASTRO-INTESTINAL CAUSAS • Úlceras pépticas, gástricas ou duodenais são a maior causa de sangramento (mais da metade das hemorragias). • Varizes de esôfago. • Vômitos freqüentes (alcoólatras). 27 HEMORRAGIA GASTRO-INTESTINAL DIVIDIDA EM: HEMORRAGIA DIGESTVA ALTA (HDA) SANGRAMENTO INTRALUMINAL DE QUALQUER LOCALIZAÇÃO ENTRE O ESÔFAGO E O LIGAMENTO DE TREITZ; (PONTO ONDE TERMINAO DUODENO E SE INICIA O JEJUNO); HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA (HDB) HEMORRAGIA GASTRO-INTESTINAL SINAIS E SINTOMAS • Sangue vivo nas fezes ou no vômito; SANGRAMENTO • Maciço: perda de 20-25% do volume intravascular – comprometimento hemodinâmico (transfusão sanguínea); • Manifesto: sem comprometimento hemodinâmico; • Oculto: sem repercussão hemodinâmica aguda – anemia. Cuidados de Enfermagem • Urgência & Emergência • Monitorização das pressões enchimento das câmaras cardíacas direita e esquerda; • Realizar SNG Resfriamento intragástrico – lavagem gástrica se prescrito; • Mensurar as perdas; • Controlar rigorosamente as infusões; • Monitorização dos gases sanguíneos; • Administração adequada de O2; • Controle de SSVV + Monitorização + BH + Peso • Auxiliar durante a endoscopia digestiva alta – esclerose endoscópica; Cuidados de Enfermagem • Reposição intravenosa de líquidos através de cateter de grosso calibre. Soluções cristalóides ou colóides de grande quantidade. • Providenciar amostra sanguínea: tipagem, reação cruzada, estudo da coagulação; • Notificar banco de sangue quanto à necessidade de: concentrado de hemácia, plasma fresco congelado, concentrado de plaquetas; • Identificar rapidamente sinais clínicos de choque hemorrágico: taquicardia, taquipnéia, depleção mínima 40%, pulsos finos, volume sanguíneo circulante, hipotensão, pele fria e pegajosa, obnubilação mental Referência Bibliográfica 1. Ferreira AF; et al. Fatores preditivos de gravidade da pancreatite aguda: Quais e quando utilizar? ABCD Arq Bras Cir Dig 2015; 28(3):207-211. 2. Malaquias ARSP. Complicações da Pancreatite Aguda. Dissertação de Mestrado, 2008. 3. Santos,M.F e cols. Sistematização de nutrição parenteral :Rev.bras.cir 7 (4) :237-42,1982. Trabalho Desenvolvido no Centro de Nutrição da Universidade São Marcod e Centro de Adolescentes UNIFESP - Artigo Publicado no Jornal Brasileiro de Medicina (JBM), Edição de Julho/2001 - Vol.81 - N° 1. 4. Potter, PA; Perry, AG. Fundamentos de enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2004 5. Guyton, AC; Hall, JE. Fisiologia humana e mecanismos das doenças. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1997. 6. Brunner e Suddarth. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica
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