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CASO CLÍNICO 02- TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR

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CASO CLÍNICO- TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR
Entende-se por traumatismo raquimedular (TRM) lesão de qualquer causa externa na coluna vertebral, incluindo ou não a medula ou raízes nervosas, em qualquer dos seus segmentos, sendo a região cervical e a transição toracolombar os seguimentos mais atingidos. As lesões medulares muitas vezes resultam em morte ou deficiência. (BRITO et al., 2011).
A lesão medular ocorre por um processo traumático ou não-traumático que acomete a medula espinhal, levando a alterações sensitivas, autonômicas, viscerais, reflexas e motoras. A paraplegia ou tetraplegia, decorrente da lesão medular, constitui uma grave sequela que acarreta profundas modificações na vida de seus portadores (BRECH; AMARAL; RESTIFFE, 2018).
A lesão da coluna ocorre predominantemente no sexo masculino, na proporção de 4:1, na faixa etária entre 15 e 40 anos. Acidentes automobilísticos, queda de altura, acidente por mergulho em água rasa e ferimentos por arma de fogo são as principais causas de TRM (BRITO et al., 2011).
O TRM é uma das mais graves síndromes incapacitantes, estando as disfunções vesicais decorrentes deste trauma entre as mais significantes causas de mortalidade destes pacientes, apesar dos avanços intervencionistas desta área (DINIZ et al., 2012). O TRM é considerado uma “das doenças mais devastadoras” da atualidade por atingir, principalmente, a população jovem economicamente ativa, apresentando grande impacto social (ANDERLE et al., 2010).
O tipo de TRM e sua localização determinam a natureza e a extensão da lesão, podendo ocasionar diversas disfunções, dentre elas a alteração do equilíbrio que, consequentemente influencia a marcha, alteração do tono muscular e da flexibilidade articular, que interferem de maneira negativa as atividades funcionais e a qualidade de vida de indivíduos com TRM (CITERO; MEDERDRUT; FONTES, 2012).
O TRM pode ser produzido de forma direta ou indireta. A lesão indireta decorre de forças aplicadas à distância, que se traduzem em flexão ou extensão anormais, além de tração, compressão ou rotação, e mecanismos combinados. A lesão direta é provocada por ação direta contra a coluna, podendo ser fechada (decorrente de lesão vascular, ruptura meníngea e laceração de substância nervosa com conseqüente isquemia e necrose), ou aberta (decorrente de lesão por arma de fogo ou armas brancas). As lesões esqueléticas encontradas são o acunhamento vertebral ou fratura por compressão, explosão vertebral, luxação com tração e rotação (ANDERLE et al., 2010).
A Associação Americana do Trauma Raquimedular (ASIA – American Spine Injury Association) desenvolveu padrões para a avaliação e classificação neurológica do paciente com lesão medular, que apresentou grande aceitação em nível mundial, a qual classifica a lesão medular em completa, quando as funções motoras e sensitivas encontram-se interrompidas abaixo do nível do trauma, e incompleta quando existe função sensitiva e/ou motora preservada abaixo do nível da lesão. (SILVA, 2017).
A avaliação da deficiência consiste em cinco graus de incapacidade: a- lesão completa (não existe função motora ou sensitiva nos segmentos sacrais S4-S5); b- lesão incompleta (preservação da sensibilidade e perda da força motora abaixo do nível neurológico, estendendo-se até os segmentos sacrais S4-S5); c- lesão incompleta (função motora é preservada abaixo do nível neurológico, e a maioria dos músculos chaves abaixo do nível neurológico apresentam grau menor ou igual a 3); d- lesão incompleta (função motora é preservada abaixo do nível neurológico e a maioria dos músculos chaves abaixo do nível neurológico tem grau maior ou igual a 3); e- normal (sensibilidade e força muscular normal) (SILVA, 2017).
A fisioterapia exerce um papel fundamental na assistência imediata e tardia do paciente, estimulando a recuperação funcional de modo a propiciar maior independência possível, e engloba vários procedimentos, dentre eles, a mecanoterapia que consiste em exercícios físicos e ou atividades terapêuticas realizadas com auxílio de instrumentos, eletroterapia, crioterapia e fisioterapia aquática (CITERO; MEDERDRUT; FONTES, 2012)
A piscina terapêutica é um recurso que propicia, ao paciente, uma combinação de efeitos fisiológicos e terapêuticos derivados da imersão, da ausência da gravidade, do calor da água aquecida e dos exercícios realizados, promovendo uma adequação do tônus e uma facilitação do movimento voluntário (BRECH; AMARAL; RESTIFFE, 2018).
CASO CLÍNICO
Paciente J.F.B., 65 anos, sexo masculino, natural de Quixadá. Foi admitido dia 25/09/2019 trazido em carro particular vítima de Traumatismo Raquimedular (TRM) torácico por queda da própria altura, apresentando, cefaléia, dificuldade para se comunicar, glasgow 13, ASIA A e luxação das vértebras C2-C3 indicando tetraplegia. 
O atendimento foi iniciado com a interpretação de exames laboratoriais e história clínica presentes no prontuário do paciente que apresentava as seguintes informações: pH: 74.68; PaCo2: 33; Po2: 100.8; HCO3: 23.4; BE: -1 indicando alcalose respiratória não compensada. Hemoglobinas: 8.4, Hemácias: 2.78 e Hematócritos: 27.1 indicando uma possível anemia. Leucócitos 4.500 e Plaquetas 180.000 sendo considerados valores normais. Paciente fazia uso de antibióticoterapia com Meropenem e Vancomicina e havia solicitação de diagnóstico para sepse. Exames radiográficos indicativos para pneumonia no pulmão direito. 
Na avaliação fisioterapêutica, durante inspeção, paciente encontrava-se sonolento, não contactuante, afebril, eupneico, em uso de Ventilador Mecânico no modo assistido-controlado, ciclado a volume (VCV). Foi identificado o uso de colar cervical e a presença de escara na região occipital com necrose. Paciente fazia uso de sonda vesical de demora.
FC: 80 bpm, FR: 18 irpm, SatO2: 97%, P.A: 130:70, ausculta pulmonar: som pulmonar positivo com roncos difusos á direita. 
A tabela do Medical Research Council (MRC) no paciente é não aplicável em decorrência de sua paraplegia.
Tratamento: O atendimento fisioterapêutico foi iniciado no dia 08/10/2019 com mobilizações passivas de MMSS (flexão e extensão de punhos, flexão de cotovelos, abdução e flexão de ombros) e MMII (dorsoflexão e flexão plantar, flexão de quadris e joelhos, mobilização patelar, abdução de quadril) para evitar os efeitos deletérios relacionados à imobilização prolongada drenagem linfática dos membros para redução de edema. Exercícios respiratórios: manobras de reexpansão pulmonar como bloqueio torácico, compressão e descompressão e manobras de higiene brônquica como AFE, seguida de aspiração de traqueóstomo (secreção de aspecto espessa, esbranquiçada) em grande quantidade e vias aéreas superiores (aspecto mucóide) para remoção de secreções.
O atendimento foi finalizado com uma nova realização da ausculta pulmonar, onde se pôde perceber uma melhora dos roncos ouvidos anteriormente, e evolução do prontuário do paciente.
Não foi observado melhora no aspecto motor do paciente, em decorrência da gravidade de sua lesão medular.
Mesmo assim, se faz necessária a continuidade do tratamento do paciente afim de manter a sua integridade articular e evitar possíveis complicações em decorrência do tempo de imobilidade do mesmo. 
REFERÊNCIAS
ANDERLE, D.V. et al. Avaliação epidemiológica dos pacientes com traumatismo raquimedular operados no Hospital Estadual “Professor Carlos da Silva Lacaz”. COLUNA/COLUMNA, v.9, n.1, p.58- 61, 2010.
BRECH, G.C; AMARAL, A.B; RESTIFFE, A.P. Lesão raquimedular: uso da piscina terapêutica para minimizar a espasticidade. Fisioterapia Brasil, v. 6, n. 2, p. 119-123, 2018.
BRITO, L.M.O. et al. Avaliação epidemiológica dos pacientes vítimas de traumatismo raquimedular. Rev. Col. Bras. Cir. v.38, n.5, p.304-309, 2011.
CITERO, E.M; MEDERDRUT, E.M; FONTES, S.V. Efeitos da fisioterapia com trampolim no traumatismo raquimedular: Estudo de caso. Revista Neurociências, v. 20, n. 2, p. 222-232, 2012.
DINIZ, I.V. et al. Caracterização das vítimas deacidente de trânsito que apresentaram traumatismo raquimedular. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, v. 16, n. 3, p. 371-378, 2012.
SILVA, S.G. Fisioterapia neurofuncional. Rio de Janeiro: SESES, 2017.

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