Buscar

APOSTILA filosofia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 62 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 62 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 62 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

4 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
Sumário
 
 
 
 
PLANO DE ENSINO ................................................................................................ 05 
 Ementa ............................................................................................................... 05 
 Objetivos ............................................................................................................ 05 
 Conteúdo programático ..................................................................................... 06 
 Avaliação ........................................................................................................... 06 
 
Aula 1 – INVESTIGANDO O QUE É FILOSOFIA .............................................. 07 
 1.1 Filosofia ....................................................................................................... 07 
 1.2 Quem pode ser o filósofo? ........................................................................... 10 
 1.3 Ética e Moral ............................................................................................... 11 
 
Aula 2 – O PROBLEMA DO CONHECIMENTO .................................................. 15 
 2.1 O que é o conhecimento? ............................................................................. 15 
 2.2 Relações indivíduo-natureza e conhecimento-cultura ............................... 16 
 2.3 Possibilidades de conhecimento ................................................................ 17 
 2.4 Os caminhos do conhecimento .................................................................. 17 
 2.5 Divisões do conhecimento ......................................................................... 18 
 2.6 Relações entre sujeito e objeto .................................................................. 20 
 2.7 Conhecimento e consciência ..................................................................... 20 
 
Aula 3 – HISTÓRICO DA FILOSOFIA ................................................................. 23 
 3.1 Caminho histórico da construção do conhecimento humano-filosófico e 
científico ............................................................................................................ 
 
23 
 3.2 Filosofia na Antiguidade ............................................................................. 25 
 3.3 Filosofia na Idade Média ............................................................................. 33 
 3.4 Filosofia na Modernidade ............................................................................ 41 
 
Aula 4 – A CRISE DA RAZÃO .............................................................................. 50 
 4.1 Contexto da Crise ....................................................................................... 50 
 4.2 Principais expoentes da crise ..................................................................... 52 
 4.3 O século XX e os desafios da filosofia ....................................................... 55 
 
Aula 5 – OS DESAFIOS DA FILOSOFIA NA PÓS-MODERNIDADE ................ 60 
 5.1 Pós-Modernidade ......................................................................................... 60 
 5.2 Refletindo sobre as novas tecnologias ........................................................ 62 
 
REFERENCIAS ....................................................................................................... 65 
5 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
PLANO DE ENSINO 
 
 
 
Ementa 
Nesta disciplina o aluno terá a oportunidade de construir uma 
compreensão sedimentada por princípios filosóficos e éticos voltados para o 
ensino do Serviço Social, com a finalidade de pensar criticamente a partir de 
diferentes aspectos que envolvem o indivíduo através de indagações e 
reflexões sobre os assuntos existentes em seu cotidiano, respeitando a 
diversidade de nossa composição social, mas despertando para o entendimento 
e reflexão sobre o conhecimento. 
 
 
o
b
je
ti
v
o
s
 
 
 
 Conceituar filosofia apontando suas relações com a vida em sociedade e 
seus significados subjetivos para cada ser social. 
 Contextualizar a antigüidade clássica a partir da identificação das 
características dos Sofistas, Sócrates, Platão, Aristóteles e do período 
helenista. 
 Identificar os principais paradigmas do pensamento filosófico medieval 
ligados à ética e à cidadania. 
 Caracterizar o pensamento de Santo Agostinho e Tomás de Aquino. 
 Identificar as características do liberalismo em John Locke e Jean Jacques 
Rouseau. 
 Contextualizar filosoficamente a ética iluminista de Immanuel Kant. 
 Compreender as principais características da pós-modernidade. 
 Caracterizar a contestação do poder da razão feita por Karl Marx e 
Sigmund Freud. 
 Analisar as concepções éticas de Jürgen Habermas e Jean-Paul Sartre. 
6 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
CONTEÚDO 
Programático 
 
 Aula 1 – Investigando o que é Filosofia. 
 Aula 2 – O problema do Conhecimento. 
 Aula 3 – Histórico da Filosofia. 
 Aula 4 – A Crise da Razão e a Filosofia. 
 Aula 5 – Os desafios da Filosofia na Pós-Modernidade. 
 
 
 
Avaliação 
 TIPO: Sumativa interna, Processual e diagnóstica. 
Participação; 
Desempenho individual; 
 INSTRUMENTOS Planejamento e execução dos trabalhos; 
Apresentação (argumentação e clareza); 
Avaliação e autoavaliação. 
 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO: 
 Organização das ideias (raciocínio lógico); 
 Clareza de expressão; 
 Domínio conceitual; 
 Desenvolvimento, coerência e adequação das respostas dadas às questões 
propostas; 
 Pontualidade (na frequência e entrega de atividades). 
 REGISTRO: Nota em diário (0 a 10 pontos). 
 
 
 
 
 
 
7 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
 
 
Investigando o que é Filosofia 
 
 
 
Metas da Aula 
 
Apresentar conceitos que possibilitem o entendimento da filosofia e sua 
importância para a construção do conhecimento sobre si mesmo e sobre o 
mundo. 
 
 
1.1 Filosofia 
Para início de conversa, leia, atentamente, este trecho do livro Alice no país 
das maravilhas de Lewis Carroll: 
 
O Gato apenas sorriu quando viu Alice. Ele parecia bem natural, ela 
pensou, e tinha garras muito longas e muitos dentes grandes, assim ela 
sentiu que deveria tratá-lo com respeito. “Gatinho de Cheshire”, 
começou, bem timidamente, pois não tinha certeza se ele gostaria de ser 
chamado assim: entretanto ele apenas sorriu um pouco mais. “Acho que 
ele gostou”, pensou Alice, e continuou. “O senhor poderia me dizer, por 
favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui?” “Isso depende 
muito de para onde você quer ir”, respondeu o Gato. “Não me importo 
muito para onde...”, retrucou Alice. “Então não importa o caminho que 
você escolha”, disse o Gato. “... contanto que dê em algum lugar”, Alice 
completou. “Oh, você pode ter certeza que vai chegar”, disse o Gato, “se 
você caminhar bastante” (Disponível em: <http://www.alfredo-
braga.pro.br/biblioteca/alice-3.html>). 
 
O termo filosofia vem do grego philos (amigo) e sophos (sabedoria, 
conhecimento). O filósofo é, portanto, o amigo do conhecimento. A maioria de 
vocês já deve ter ouvido falar da filosofia. Talvez alguns pensem que filosofia é 
algo difícil, “coisa de gente doida”, “ocupação de quem está no mundo da lua”. Isto 
não lhe lembra a história de Alice frente ao gato no início deste texto? Quem sabe, o 
filósofo, por se preocupar em pensar os problemas e buscar algumas respostas, 
ocupe no imaginário da sociedade um espaço reservado para estes problemas que 
parecem sem sentido. Esse tipo de pensamento a respeito da filosofia deve-se ao 
fato devivermos em uma sociedade em que o ato de pensar criticamente perdeu um 
A
u
la
 
1 
8 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
pouco a sua razão de ser. Na maioria das vezes, quando precisamos resolver algum 
problema, é comum recorrermos aos especialistas de plantão. Ou seja, há sempre a 
nossa disposição alguém que sabe mais do que nós e que pode pensar a solução do 
problema. Estes dias, ficamos sabendo da existência do personal organizer – que é 
um especialista em pensar soluções de organização para a bagunça de seus clientes. 
Vamos, aos poucos, perdendo o interesse em procurar por nós mesmos a solução 
para os nossos problemas. 
Na realidade, filosofamos o tempo todo no cotidiano, no plano dos valores 
pessoais, sociais, econômicos, políticos. 
Filosofar significa também uma forma de conhecimento que procura 
responder às grandes questões que os seres humanos se colocam, entre outras, são: 
por que existem as coisas e não o nada? Quem sou eu? O que devo fazer? 
Como devo agir em relação aos outros? Qual o sentido de tudo? A filosofia não 
é nem melhor, nem pior que as demais formas de conhecimento (religião, arte, 
ciência, senso-comum). O ponto de partida é o pensamento – aqui entendido como 
coerência lógica de seus argumentos e raciocínios. Diferentemente da teologia, que 
parte da fé e dos livros sagrados; da ciência, que utiliza a experimentação; da arte, 
que utiliza a intuição estética e do senso-comum, que parte do conhecimento vulgar 
e cotidiano, a filosofia utiliza-se da razão e busca manter a coerência de suas 
reflexões. 
Esses conhecimentos, no entanto, interrelacionam-se. Os pressupostos de uma 
ciência têm na sua base uma concepção filosófica. O senso comum é ponto de 
partida para filosofar, para o desenvolvimento das ciências. As religiões são 
analisadas pelos filósofos e demais ciências sociais, enquanto valores vivenciados 
pelas pessoas. Por exemplo, um grupo religioso, que por razões doutrinárias não 
pode receber transfusões de sangue, colaborou financeiramente para a invenção do 
sangue artificial. 
Para muitos, o exercício filosófico é complicado pela diversidade de respostas 
encontradas para questões sobre as quais não há um consenso. Ao contrário do que 
estas pessoas pensam, vemos que esta é a riqueza da filosofia, pois há sempre espaço 
para criar algo novo. Renée Descartes, pai da filosofia moderna e um dos mais 
9 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
importantes filósofos do século XVI, afirma “(...) na filosofia havia sobre um assunto, 
tantas opiniões quantas fossem as cabeças a pensá-lo” (DESCARTES, 1962, p. 46). 
 
 
 
 
 
 
Nessa linha de raciocínio, vamos analisar diferentes concepções do que seja a 
filosofia. Em seu livro Convite à Filosofia, Marilena Chauí (1997, p. 16-17) apresenta 
quatro conceitos: 
 visão de mundo: de um povo, de uma civilização ou de uma cultura. É um 
conceito muito amplo e genérico que não permite, por exemplo, distinguir a 
filosofia da religião; 
 sabedoria de vida: a filosofia seria uma contemplação do mundo e dos homens 
para nos conduzir a uma vida justa, sábia e feliz. Esse conceito nos diz somente 
o que se espera da filosofia (a sabedoria interior), mas não o que é e o que faz a 
filosofia; 
 esforço racional para conceber o universo como uma totalidade ordenada e 
dotada de sentido. Este conceito dá à Filosofia a tarefa de explicar e 
compreender a totalidade das coisas, o que é impossível; 
 fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas: a 
filosofia se interessa por aquele instante em que a realidade natural e histórica 
tornam-se estranhas, espantosas, incompreensíveis. Quando o senso comum já 
não sabe o que pensar e dizer e as ciências ainda não sabem o que pensar e 
dizer. 
Segundo Chauí, esse último conceito é o mais abrangente, pois concebe a 
filosofia como análise das condições das ciências, da religião, da moral, como 
reflexão sobre si mesma e como crítica das ilusões e preconceitos individuais e 
coletivos das teorias científicas, políticas. “(...) a Filosofia é a busca do fundamento e 
do sentido da realidade em suas múltiplas formas” (CHAUI, 1997, p. 16-17). 
 
O termo vulgar vem de vulgo, aquilo que diz respeito às pessoas em geral. 
Porém, o termo vulgar assumiu uma conotação moralista, o que lhe confere 
um sentido de baixaria, coisa feita por gente sem educação. Neste caso, 
utilizamos vulgar como aquilo feito pela maioria das pessoas, deixando de 
lado a questão moralista e resgatando o sentido original da palavra. 
 
10 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
 
 
 
 
 
Karl Marx afirma que a filosofia deve não só interpretar o mundo, mas 
transformá-lo. Isto é, a filosofia também pode ser compreendida como uma atividade 
que pode transformar o mundo por meio da ação de homens e mulheres preocupados 
em construir o futuro de acordo com seus princípios. 
 
1.2 Quem pode ser Filósofo? 
No século XX, Antônio Gramsci (1891-1937), filósofo italiano, afirma que 
todos os seres humanos podem ser filósofos. Acompanhe, a seguir, como Gramsci 
defende esta idéia. 
 
Deve-se destruir o preconceito muito difundido de que a filosofia seja 
algo muito difícil pelo fato de ser a atividade intelectual própria de uma 
determinada categoria de cientistas especializados ou de filósofos 
profissionais e sistemáticos. Deve-se, portanto, demonstrar, 
preliminarmente, que todos os homens são „filósofos‟, definindo os 
limites e as características desta „filosofia espontânea‟ peculiar a „todo o 
mundo‟, isto é, a filosofia que está contida: 1) na própria linguagem, que 
é o conjunto de noções e de conceitos e não, simplesmente, de palavras 
gramaticalmente vazias de conteúdo; 2) no senso comum e no bom-
senso; 3) na religião popular e, conseqüentemente, em todo sistema de 
crenças, superstições, opiniões, modos de ver e de agir que se manifestam 
naquilo que se conhece geralmente por „folclore‟ (GRAMSCI, 1995, p. 
11). 
 
A filosofia da qual fala Gramsci é, muitas vezes, inconsciente porque não é 
refletida e está permeada pelo viver cotidiano. Para que esta filosofia espontânea, 
isto é, vivenciada diariamente, possa contribuir para a construção de um sentido e a 
formação da consciência do sujeito, é necessário um segundo momento: o da crítica. 
Gramsci indaga esse momento nos seguintes termos: 
 
[...] é preferível pensar sem disto ter consciência crítica, de uma maneira 
desagregada e ocasional, isto é, „participar‟ de uma concepção de mundo 
„imposta‟ mecanicamente pelo ambiente exterior, ou seja, por um dos 
vários grupos sociais nos quais todos estão envolvidos desde sua entrada 
no mundo consciente (...) ou é preferível elaborar a própria concepção de 
 
O termo crítica vem do grego krínein¸ que significa julgamento, apreciação, bom 
senso. 
Saiba mais... 
11 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
mundo de uma maneira crítica e consciente e, portanto, em ligação com 
este trabalho próprio do cérebro, escolher a própria esfera de atividade, 
participar ativamente na produção da história do mundo, ser o guia de si 
mesmo e não aceitar do exterior, passiva e servilmente, a marca da 
própria personalidade? (GRAMSCI, 1995, p. 12). 
 
Essa é, como vocês podem perceber, uma das mais esclarecedoras definições 
de filosofia, pois a vê como essencial para a formação da consciência das pessoas. 
 
1.3 Ética e Moral 
É muito comum, no dia-a-dia, utilizar-se os termos ética e moral como se 
fossem sinônimos. Pretendemos demonstrar neste tópico que se trata de conceitos 
distintos. Em comum possuem o fato de regular o agir humano, mas diferem quanto 
ao modo como se dá esse processo.Para Heráclito, o ethos designa a morada do homem. O ethos é a casa do homem, 
onde surgem os atos humanos – o fundamento da práxis. Para Heráclito a ética está 
vinculada à índole interior, ao estado de consciência da pessoa. O ethos é o espaço a 
partir do qual a Consciência se manifesta no homem. É algo íntimo, presente nele e 
não assimilado do exterior. Não é algo introjetado, mas aquilo que está presente nele. 
A ação ética surge de dentro para fora, tendo a Consciência como fonte que 
impulsiona para o reto agir. Em termos de Educação temos a “escolha da consciência”. 
Para Aristóteles, o ethos diz respeito ao comportamento que resulta de um 
constante repetir-se dos mesmos atos. Hábito. Modo de ser ou caráter que se vai 
adquirindo ao longo da existência. Ethos-hábitos-atos. Para Aristóteles o ethos não é 
algo que já esteja no homem e sim aquilo que foi adquirido por meio de hábitos. A 
ação expressa aquilo que foi assimilado previamente do exterior. Por isso não é inato. 
A ação ética surge de fora para dentro. São atos repetidos. Em termos de Educação, 
 
Práxis: os gregos chamavam práxis à ação de levar a cabo alguma coisa: significa 
ainda o conjunto de ações que o homem pode realizar e, neste sentido, a práxis se 
contrapõe à teoria. No marxismo significa interpendência entre a teoria e a prática, ou 
seja, uma prática refletida e uma teoria que vise a transformar o mundo. 
 
12 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
temos o ensino – a formação de hábitos. Esse foi o ponto de partida para o uso 
posterior da palavra moral, os costumes que devem ser introjetados por meio da 
educação moral. 
Quando a palavra ethos foi transliterada – escrever com o nosso alfabeto uma 
palavra – predominou a conceituação utilizada por Aristóteles, ou seja, com o 
significado de hábito ou costume. 
Moral: Vem do latim mos, moris, que significa maneira de se comportar 
regulada pelo uso. Daí vem costume, com as palavras do latim moralis, morale, 
relativo aos costumes. 
Os costumes são diferentes em épocas e locais diferentes. A moral está vinculada 
ao sistema dominante, aos costumes daquela sociedade, e é relativa; já a ética é 
universal. Se os hábitos são diferentes em culturas diferentes, os princípios universais, 
a busca do bem, a preservação da vida, etc., são constantes e estão acessíveis, em 
qualquer lugar onde o homem estiver, pois ali estará sua mente. 
Por influência de Aristóteles, e devido à transformação do ethos como morada 
em costumes, a ética, no seu sentido primordial dado por Heráclito, acabou sendo 
confundida com a moral tradicional. Se no grego havia dois sentidos para o ethos, no 
latim foi usada só uma palavra – mores (costumes). E, assim, costumes, vinculados aos 
hábitos, foi o significado que prevaleceu. 
A ética é a ação em conformidade com a consciência. É uma ação sempre 
refletida e fruto da escolha livre e consciente – até para infringir uma norma, se for o 
caso. Não se trata de uma ação que vise apenas a seguir o senso comum ou o 
politicamente correto, para não ferir as aparências, a imagem ou aquilo que é externo. 
A ética é, antes de tudo, expressão da índole pessoal. Não defendemos com isto o 
relativismo, ou que tudo é lícito por ser fruto da deliberação pessoal, inclusive a 
violência. Pelo contrário, a ação livre e consciente está sempre de acordo com aqueles 
princípios universais, especialmente o respeito pela dignidade do outro como 
absolutamente outro em sua dignidade como pessoa humana. 
Por sua vez, a moral se expressa como um conjunto de normas, regras, leis, 
hábitos e costumes que definem de antemão o certo e o errado, o permitido e o 
proibido, desejado ou indesejado. Por ser um conjunto de regras externas a nossa 
13 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
consciência, deve ser cumprida necessariamente. Como não possui a adesão pessoal, 
seu não cumprimento resultará em algum tipo de sanção. 
Enfim, quando se percebe o clamor na sociedade por novos códigos de normas (e 
de sanções), não se discute a ética, mas apenas mais um código moral. Dessa forma, 
perde-se o espaço para a reflexão e tomada de decisões tendo em vista as 
conseqüências de nossos atos, e deixa-se a cargo de terceiro, com os méritos e 
deméritos, o papel de guardião da ética, enquanto exime-se de assumir a condução da 
própria vida. A ação moral é muito menos exigente porque o esforço em pensar novas 
possibilidades de ação não chega a ser cogitado. Viver no mundo da ética implica 
caminho muito mais espinhoso, mas recompensador, tendo em vista que podemos 
atuar de forma autônoma, construtiva e responsável. 
 
**************************Atividades 
1. Qual o ponto de partida da filosofia? 
 
2. Apresente os quatro conceitos de filosofia definidos por Marilena Chauí. 
a) visão de mundo: 
b) sabedoria de vida: 
c) esforço racional: 
d) fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas: 
 
3. (Upe 2013) A filosofia, no que tem de realidade, concentra-se na vida humana e deve ser 
referida sempre a esta para ser plenamente compreendida, pois somente nela e em função dela 
adquire seu ser efetivo. (VITA, Luís Washington. Introdução à Filosofia, 1964, p. 20.) Sobre 
esse aspecto do conhecimento filosófico, é CORRETO afirmar que 
a) a consciência filosófica impossibilita o distanciamento para avaliar os fundamentos dos atos 
humanos e dos fins aos quais eles se destinam. 
b) um dos pontos fundamentais da filosofia é o desejo de conhecer as raízes da realidade, 
investigando-lhe o sentido, o valor e a finalidade 
c) a filosofia é o estudo parcial de tudo aquilo que é objeto do conhecimento particular. 
d) o conhecimento filosófico é trabalho intelectual, de caráter assistemático, pois se contenta 
com as respostas para as questões colocadas. 
e) a filosofia é a consciência intuitiva sensível que busca a compreensão da realidade por meio de 
certos princípios estabelecidos pela razão. 
 
14 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
4. Quanto a diferenciação entre moral e ética, responda o que se pede: 
a) Defina o que é ética? 
b) O que é ser ético? 
c) Por que é tão difícil ser ético? 
d) O que são valores morais? 
e) Por que a ética é essencial para que haja equilíbrio em uma sociedade? 
d) Qual a diferença entre ética e moral? 
 
5. Reflita sobre o texto a seguir “Muitos políticos vêm facilitado seu nefasto trabalho pela 
ausência da filosofia. Massas e funcionários são mais fáceis de manipular quando não pensam, mas 
tão-somente usam de uma inteligência de rebanho. É preciso impedir que os homens se tornem 
sensatos. Mais vale, portanto, que a filosofia seja vista como algo entediante” (JASPERS, citado 
por ARANHA; MARTINS, 1996, p. 77). 
Elabore um texto de 15 linhas sobre o seu posicionamento pessoal a respeito da reflexão 
abordada. 
15 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
 
 
O problema do Conhecimento 
 
 
Metas da Aula 
 
Apresentar conceitos que possibilitem o entendimento do conhecimento 
e de suas possibilidades problematizando a partir de situações cotidianas e 
existenciais. 
 
 
 
2.1 O que é o conhecimento? 
Uma frase para começar: “Conhece-te a ti mesmo?” Essa célebre frase atribuída 
o Filósofo Sócrates nos impulsiona ao caminho do conhecimento. 
O conhecimento constitui uma relação de ação e reação do indivíduo sobre o 
meio em que está inserido. O conhecimento está relacionado ao posicionamento frente 
a fatores como: limites, desafios e estímulos. 
O panorama acerca do conhecimento está voltado para a relação estabelecida 
entre o sujeito que pretende alcançar o conhecimento e o objeto conhecido que 
proporciona o conhecimento. 
Atualmente o fluxo de informaçõesque recebemos é constante, muitas vezes não 
damos conta de tantas novidades que adentram a nossa vida nos fazendo refletir sobre 
o mundo que nos rodeia. Não é algo novo a pretensão de alcançar o conhecimento. 
Mas, afinal o que é conhecimento? 
Quanta a origem do conhecimento percebemos que de acordo com estudos 
realizados ao longo de nossa história, podemos hoje contar com inúmeras hipóteses, 
ideias e conceitos sobre o conhecimento. 
Para os antigos gregos, anterior ao ordenamento existente havia o caos, que 
representava o abismo profundo. Portanto, refletir sobre o conhecimento e suas 
implicações nos insere em um universo composto por várias perguntas e 
A
u
la
 
2 
16 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
consequentemente reflexões sobre o que é realmente o conhecimento ou como 
podemos chegar a ele ou até mesmo como o absorvermos e posteriormente 
propagamos as ideias assimiladas. 
Com o tempo, o indivíduo com a finalidade de compreender e dominar passou a 
utilizar o conhecimento como ferramenta para assimilar as coisas que envolvem os 
processos da natureza e que por ele serão compartilhados ao longo de sua existência. 
Portanto, dentro desse contexto, a permanente e intensa busca pelo conhecimento torna 
possível a sobrevivência da espécie humana. 
A necessidade do indivíduo de sobreviver às adversidades encontradas no meio 
estimulou e continua estimulando a sua ação sobre ele. 
 
2.2 Relações indivíduo-natureza e conhecimento-cultura 
Para entendermos a relação entre o indivíduo e a natureza, é preciso compreender 
que o indivíduo a princípio tinha um comportamento instintivo, com o passar do 
tempo, suas atitudes sofreram um reformulação, o que possibilitou o desenvolvimento 
de sua inteligência, causando um aprimoramento de suas ações diante da realidade 
existente. 
Em muitos casos, a abordagem de um determinado assunto pode contar com 
recursos didáticos, como os filmes, que se forem utilizados de forma eficaz, será um 
instrumento que auxiliará no desempenho do conteúdo exposto pelo professor. 
As sociedades ao longo do tempo buscaram meios para se relacionar com a 
natureza, e o conjunto dessas práticas desenvolvidas, transmitidas e assimiladas entre 
os indivíduos de uma sociedade denominou-se cultura. 
Uma cultura não se sobrepõe a outra, cada cultura possui os seus elementos que 
são compartilhados com os membros integrantes. 
Na Antiguidade, o conhecimento predominante foi o conhecimento mítico. 
Posteriormente, os gregos desenvolveram bases teóricas e práticas favorecendo o 
desenvolvimento do conhecimento filosófico-científico. 
 
 
17 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
2.3 Possibilidades de conhecimento 
Mesmo em meio às crenças e aos sentimentos, podemos identificar em textos 
épicos de Hesíodo e Homero e também nos conhecimentos rudimentares dos gregos do 
século VI a.C, aspectos que envolvem a Astronomia, com a preocupação dos 
indivíduos com o entendimento do universo e da realidade existente. 
1. Conhecimento mítico: A palavra “mito” advém do grego mithos e quer dizer 
“fábula”. Sua utilização está ligada ao imaginário. O mito pode ser relacionado 
a um tipo de conhecimento que tem como característica o sobrenatural. Esse 
conhecimento tenta explicar a origem do mundo e seus processos naturais, 
assim como o comportamento humano. Nas sociedades em que o conhecimento 
mítico foi presente, ele era manifestado oralmente. A relação entre a sociedade 
e o mito que se estabelece nela, surge das raízes que sustentam tal sociedade, e 
o fato do questionamento seria uma forma de entender o próprio passado dessa 
sociedade, a sua existência. A partir disso, encontramos o dogmatismo. 
2. Dogmatismo: Corresponde a doutrina que atribui ao indivíduo à capacidade de 
alcançar a verdade, ou seja, encontrar o conhecimento. Dentro do aspecto 
religioso, associamos ao dogmatismo uma verdade considerada indiscutível. 
Muitas religiões têm seu princípio fundamentado na revelação divina. 
3. Ceticismo: Doutrina pela qual considera a incapacidade do indivíduo de 
encontrar o conhecimento. Porém dentro do ceticismo, podemos observar 
variações quanto as suas definições. Os céticos considerados moderados 
atribuem a capacidade humana de alcançar o conhecimento como algo relativo, 
em contrapartida os céticos radicais são inflexíveis em suas colocações 
afirmando a impossibilidade do indivíduo de chegar a uma certeza. 
 
2.4 Os caminhos do conhecimento 
O período que corresponde ao século VI a.C até o final do século V a.C, está 
relacionado ao período pré-socrático ou cosmológico, onde houve uma preocupação 
em desvendar os mistérios existentes e assim desencadear uma crise na tradição 
18 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
mítica, ocasionando o questionamento dos primeiros filósofos sobre a origem do 
universo, e consequentemente sobre o que é o Ser. 
Podemos fazer uma ligação entre esses acontecimentos e atribuindo assim o 
surgimento ou nascimento de uma preocupação com o conhecimento. 
Essa preocupação posteriormente passou a ser entendida como um problema a 
ser resolvido pelos primeiros filósofos. 
A capacidade de observar o mundo, suas possibilidades e assim adquirir o saber 
sem dependência do caráter religioso ou mítico, propiciou uma nova estrutura de 
posicionamentos frente ao desconhecido. 
Para os primeiros filósofos, era possível a explicação física e espiritual do mundo 
através da razão. Afinal, a palavra problema advém do grego obstáculo, e para eles o 
problema deveria ser superado. 
A manifestação do conhecimento pode ser compreendida de diferentes modos: 
afirmações ou negações, na tentativa de estabelecer uma relação indivíduo-mundo, 
respeitando as variações pertinentes ao tempo e ao espaço, tempo esse referente à 
época e espaço ao lugar. 
Com o surgimento da Filosofia, o indivíduo passa a utilizá-la como ciência do 
conhecimento, na perspectiva de solucionar os problemas cotidianos. 
A história cultural da humanidade nos mostra que o indivíduo através da práxis 
social, atividade coletiva ou política, sempre esteve ligada a busca do conhecimento. 
Afinal, é através da transmissão de seus valores que a sociedade transcende ao próprio 
conhecimento. 
Para entender o “conhecimento”, é preciso identificar os vários tipos de 
conhecimento. 
 
2.5 Divisões do conhecimento 
O Conhecimento Assistemático é o Conhecimento empírico (vulgar) que pode 
ser denominado a partir de ações não planejadas, obtido por meio do acaso, através de 
experimentos e também observações. O conhecimento empírico também é conhecido 
19 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
como conhecimento vulgar, proveniente da cultura popular. Possui como 
características o pensamento intuitivo, inexato e imediatista. 
O Conhecimento sistemático pode ser divido em três: científico, filosófico e 
teológico. 
CONHECIMENTO TIPO CARACTERÍSTICAS 
ASSISTEMÁTICO 
Empírico (vulgar) 
 
 
Intuitivo 
Inexato 
Imediatista 
SISTEMÁTICO 
Científico 
 
Racional 
Sistemático 
Exato 
Verificável 
Filosófico 
 
Raciocínio 
Reflexão humana 
Teológico 
Formação moral 
Crença religiosa 
 
O Conhecimento Científico é baseado na verificação através da metodologia 
científica. O conhecimento científico está associado à sistematização e exatidão de 
dados pertinentes ao conhecimento. A sua aplicabilidade consiste em tornar 
inteligíveis questões que envolvem o universo e os indivíduos de maneira explicativa e 
lógica. Possui como características o pensamento racional, sistemático, exato e 
verificável. 
O Conhecimento Filosófico é caracterizado por conceitos subjetivos,através de 
provas especulativas. O conhecimento filosófico busca respostas para questões 
referentes ao universo e aos indivíduos, refletindo criticamente sobre esses fenômenos. 
A compreensão de valores que dão sentido as ações humanas também estão 
relacionadas a esse conhecimento. Possui como características de pensamento o 
raciocínio e a reflexão humana. 
O Conhecimento Teológico depende da formação moral e das crenças 
absorvidas pelos indivíduos ao longo de sua existência, refletem a sua maneira 
compreender o mundo. Em função da subjetividade que caracteriza esse tipo de 
conhecimento, é entendido que ele não deve ser confirmado nem negado, pois a sua 
origem prevê que sua adesão é atribuída as crenças de cada um ou de um grupo. Possui 
como características de pensamento a formação moral e a crença religiosa. 
20 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
2.6 Relações entre sujeito e objeto 
Como se dá a relação entre o sujeito e o objeto a ser conhecido? 
O conhecimento surge como mediação entre um objeto a ser conhecido e o 
sujeito que busca o conhecimento sobre o objeto. Sua efetivação não se dá somente 
através de experiências, no campo empírico, mas também no campo ideal de dados, a 
partir da nossa consciência com representações do nosso intelecto. 
 Campo empírico - experiência sensível entre o sujeito e o objeto. 
 Campo ideal - ideias e representações oriundas da consciência. 
O objetivo do conhecimento é buscar a assimilação intelectual de um objeto para 
o exercício de domínio e supostamente de utilização. 
 
2.7 Conhecimento e Consciência 
Podemos relacionar o conhecimento absorvido pelo indivíduo com a sua 
consciência. 
No ponto de vista das teorias do conhecimento, a consciência corresponde uma 
atividade que tem relações coma a sensibilidade e a intelectualidade de um indivíduo. 
Para melhor compreensão dessa relação apresentamos algumas denominações da 
consciência: 
1. Consciência mítica: está associada ao conhecimento do mito que narra os 
fenômenos referentes à criação. O mitos se relacionam com aspectos humanos 
como: medo, poder, esperança, felicidade, etc. 
2. Consciência religiosa: associa-se à consciência mítica. As duas retratam a 
existência e a importância do sobrenatural, chegando a dimensão do que 
consideram sagrado. 
3. Consciência intuitiva: corresponde ao saber imediato, pode ser denominada 
como insight. A intuição pode ser utilizada como uma verdade considerada 
provisória na busca por verdades científicas. 
4. Consciência moral e senso moral: a consciência moral refere-se aos valores 
assimilados durante a vida de um indivíduo. Podemos dizer que a consciência 
moral está presente nas relações interpessoais e intersubjetivas que derivam das 
21 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
relações familiares, das amizades, do âmbito profissional, etc. O senso moral é 
a maneira pela qual avaliamos a nossa situação e as dos demais indivíduos 
segundo conceitos de justiça ou injustiça, certo ou errado, etc. 
5. Consciência racional: é a relação com o conhecimento racional, ou seja, a 
passagem da intuição para a razão, assim como do senso comum para 
conhecimento racional. 
 
**************************Atividades 
1. Apresente as três principais possibilidades do conhecimento. 
 
2. Quanto as divisões do conhecimento enumere corretamente a 2ª coluna a partir da 1ª: 
( 1 ) Conhecimento 
científico 
( ) é caracterizado por conceitos subjetivos, através de 
provas especulativas. Busca respostas para questões 
referentes ao universo e aos indivíduos, refletindo 
criticamente sobre esses fenômenos. 
( 2 ) Conhecimento 
filosófico 
( ) é baseado na verificação através da metodologia científica. 
Eestá associado à sistematização e exatidão de dados 
pertinentes ao conhecimento. 
( 3 ) Conhecimento 
teológico 
( ) depende da formação moral e das crenças absorvidas 
pelos indivíduos ao longo de sua existência, refletem a sua 
maneira compreender o mundo. 
A sequência correta é 
a) 1 – 2 – 3. b) 3 – 2 – 1. c) 3 – 1 – 2. d) 2 – 1 – 3. 
 
 
3. Apresente as principais características (quanto ao pensamento) do conhecimento 
a) Científico: 
b) Filosófico: 
c) Teológico: 
 
4. Apresente as principais denominações da consciência. 
 
5. Como você se relaciona com a sua consciência? 
 
6. O Indivíduo e sua consciência: Estudo de casos. (Atenção: os casos mencionados são 
hipotéticos.) 
 
22 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
Caso 01 
Um pai de família honesto perante aos preceitos da sociedade, encontra-se 
desempregado, com 04(quatro) filhos e uma esposa com sérios problemas de saúde, 
carente de cuidados médicos.Então esse indivíduo recebe uma proposta de emprego,em 
um ambiente de corrupção, ao aceitar essa oferta,terá que se corromper diante do 
contexto.O que ele deve fazer? Aceitar o emprego e dar suporte a sua família, aceitando 
corromper-se? Ou deverá agir de encontro aos seus valores e recusar o emprego 
oferecido a ele? 
 
Caso 02 
Uma senhora presencia um furto em um pequeno estabelecimento comercial praticado 
por uma criança, sabendo que criança segundo o Estatura da Criança e do Adolescente 
(ECA), não comete crime, mas sim Ato Infracional, a Senhora identifica que essa criança 
encontra-se maltrapilha e aparenta fome.Qual deverá ser a sua atitude diante da situação? 
Ela deverá sinalizar ao responsável estabelecimento sobre o furto na tentativa de impedir 
a continuidade de mau comportamento? Ou silenciar diante do fato? A criança não é um 
marginal e correrá o risco de receber uma “punição” excessiva. Qual deve ser a sua 
atitude? 
 
Qual a sua opinião em relação aos casos apresentados? O que você faria diante dessas 
situações? 
 
 
 
 
 
 
23 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
Histórico da Filosofia 
 
 
 
Metas da Aula 
Apresentar os períodos da história da filosofia. Contextualizar a antigüidade 
clássica e identificar características dos Sofistas, Sócrates, Platão, Aristóteles e 
do período helenista. Analisar as características da filosofia na Idade Média e na 
Modernidade a partir da visão e produção dos principais filósofos desse 
período. 
 
 
 
 
3.1 Caminho histórico da construção do conhecimento 
humano-filosófico e científico 
Podemos dividir a História da Filosofia em 07 (sete) períodos. São eles: 
1. FILOSOFIA ANTIGA: (século VI a.c até VI depois de cristo) 
1.1 Período Pré-socrático ou cosmológico (Século VI a.C até o final do século V 
a.C): Compreensão e entendimento sobre a origem do universo e seus fenômenos, 
relacionado à explicação da natureza. 
1.2 Período Socrático ou antropológico (Século V a.C até o final do século IV a.C): 
Questões ligadas ao comportamento humano, como a ética e a justiça estão 
relacionadas a esse período da Filosofia. 
1.3 Período Sistemático (Final do século IV a.C até o final do século III a.C): 
Caracterizado pelo processo de sistematização de conceitos referentes a tudo o que foi 
pensado e refletido até esse momento. O personagem central é Aristóteles. 
1.4 Período Helenístico ou Greco-romano (Final do século III a.C até o século VI 
depois de Cristo): Momento caracterizado por transformações na cultura grega a partir 
da influência do Império Romano e posteriormente do Cristianismo. 
2. FILOSOFIA PATRÍSTICA (século I até o século VII): Questões relacionadas 
à religião tais como: criação, pecado original e temas ligados ao comportamento 
A
u
la
 
3 
24 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
são características desse período. É marcada pela tentativa de harmonizar os 
conceitos do Cristianismo com o pensamento filosófico greco-latino. A 
Patrística teve em Santo Agostinho(354-430), o seu representante mais 
significativo. O filósofo procurou respostas para a resolução de questões 
conflitantes do cotidiano. Ele admitia que o conhecimento seria possível tanto 
pelo aspecto sensível quanto pelo aspecto inteligível.Segundo ele,o aspecto 
inteligível tinha um caráter mais elevado. Sua inspiração para as teorias é 
baseada na filosofia platônica. 
3. FILOSOFIA MEDIEVAL OU ESCOLÁSTICA (século VIII até o século 
XIV): A Idade Média foi caracterizada pela influência religiosa, baseada nos 
princípios e nos limites determinados pela Igreja Católica, o que causou um 
atraso no debate filosófico. O período também sofreu influências de conceitos 
platônicos e aristotélicos. A referência desse período na Filosofia, foi a 
Escolástica conhecida como a principal Filosofia medieval. A Escolástica 
representa à tentativa de conciliar fé e razão. O principal expoente da 
Escolástica foi São Tomás de Aquino (1225-1274), que através de seus 
pensamentos fez alusões aos conceitos aristotélicos. 
4. FILOSOFIA DA RENASCENÇA (século XIV até o século XVI): 
Historicamente o período é caracterizado pela transição do pensamento 
teocêntrico, centrado em Deus, para o pensamento antropocêntrico, centrado no 
homem. Outra característica é o resgate de obras de autores greco-latinos. 
5. FILOSOFIA MODERNA (século XVII até o século XVIII): Período 
caracterizado pela reflexão como elemento imprescindível para o raciocínio 
filosófico. A possibilidade de conhecimento e transformação pelos indivíduos 
são características marcantes desse período. 
6. FILOSOFIA DA ILUSTRAÇÃO OU ILUMINISMO (meados do século 
XVIII ao início do século XIX): O objetivo principal consiste em propiciar aos 
indivíduos a chamada “luz”, ou seja, a iluminação para uma nova realidade, 
rompendo com a mentalidade presente no período medieval baseada no 
Teocentrismo. Através da luz, o indivíduo atingiria a razão e por meio desta, 
alcançaria a liberdade. As transformações ocorridas influenciaram em vários 
25 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
aspectos da vida dos indivíduos, entre eles, a parte social, envolvendo a 
moralidade, o cotidiano, a técnica, além do contexto político e artístico. 
7. FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA (meados do século XIX aos dias atuais): 
As características que seguem a Filosofia Contemporânea são as questões que 
envolvem o indivíduo no contexto social. As transformações ocorridas desde 
meados do século XIX impulsionaram mudanças na mentalidade e no 
comportamento dos indivíduos em âmbito social. Podemos apontar como 
mudança no panorama histórico referente a esse período, a ascensão da 
Burguesia ao poder vigente, Guerras Mundiais e avanços científicos. 
 
3.2 Filosofia na Antiguidade 
No século V a.C., conhecido como Século de Péricles, auge da democracia, 
Atenas tornou-se o centro da vida cultural e política da Grécia. 
O ideal de educação aristocrática, baseado em Homero e Hesíodo, do guerreiro 
belo e bom em que a virtude (arete = ser bom naquilo que faz, excelência) maior era a 
coragem, é substituído pela educação do cidadão, a formação do bom orador, que é 
aquele que participa das decisões da pólis, argumentando e persuadindo os outros. 
 
3.2.1 O movimento Sofista 
Para educar os jovens desse novo período, surgem os Sofistas (sábios, 
especialistas do saber). Eles eram cidadãos da Hélade (toda Grécia), não só de uma 
cidade-estado. Os Sofistas elaboraram teoricamente e legitimaram o ideal da nova 
classe em ascensão, a dos comerciantes enriquecidos. 
Para os Sofistas, o pensamento dos filósofos até então estava cheio de erros, era 
contraditório e não tinha utilidade para a vida da pólis (cidade). É inútil procurar as 
causas primeiras das coisas, a metafísica, sem antes estudar o homem em profundidade 
e determinar com exatidão o valor e o alcance de sua capacidade de conhecer. O 
interesse dos Sofistas era essencialmente humanístico. 
 
 
 
26 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
 
 
 
 
A realidade e a lei moral, para os sofistas, ultrapassam a capacidade cognitiva do 
homem: ele não pode conhecê-las. Tudo o que o homem conhece é arquitetado por ele 
mesmo: “O homem é a medida de todas as coisas” (Protágoras). Não pode haver 
conhecimento verdadeiro, absoluto, mas somente conhecimento provável. O fim 
supremo da vida para os sofistas é o prazer. 
O movimento sofístico tinha como pilar de sustentação a opinião e a retórica, 
cuja técnica definia o homem público. E foi com essa idéia de formação dos jovens na 
técnica de instrumentos da oratória e retórica que se basearam os Sofistas, 
respondendo às necessidades da democracia grega. 
 
3.2.2 Sócrates 
Sócrates viveu em Atenas entre 469 e 399 a.C. O Oráculo de Delfos lhe revelou 
que era o homem mais sábio da Grécia. Sócrates concluiu que era o mais sábio porque 
tinha consciência da sua própria ignorância. Sua vocação era ajudar os homens a 
procurar a verdade. 
Seu objetivo era incitar os homens a se preocuparem, antes de tudo, com os 
interesses da própria alma, procurando adquirir sabedoria e virtude. Antes de conhecer 
as causas primeiras, os princípios metafísicos, é preciso conhecer-se a si mesmo, 
saber qual é a essência do homem. O homem é a sua alma. Alma é a razão, o lugar, 
sede de nossa atividade pensante e eticamente operante. É preciso educar os homens 
para que cuidem mais de sua alma do que do corpo. 
Dotado de espírito arguto e questionador, a grande preocupação de Sócrates era 
com a moral, era descobrir o que era justo, verdadeiro e bom. Assim as indagações 
filosóficas mais urgentes devem ser: O que é bom? O que é certo? O que é justo? 
Sócrates afirmava que o homem pecava por falta de conhecimento. Se tivesse 
conhecimento das coisas, não pecaria. Portanto, conhecimento era virtude, sendo a 
ignorância a maior causa do mal. 
 
Metafísica: do grego metâ tà physikò = depois dos tratados da física. Assim, a 
palavra significa literalmente depois da física (Metha = depois, além; Physis = 
física). É também definida como a parte da filosofia que procura os princípios 
e as causas primeiras. 
 
27 
Filosofia Professor Simão Cavalcante 
Para o conhecimento verdadeiro sobre o bem, o mal e a justiça, utilizava na praça 
pública, junto aos jovens e a todos os que o seguiam, inclusive Platão, o método de 
pergunta e resposta. Seu método foi posteriormente denominado maiêutica – 
parturição das idéias. Sócrates extraía aos poucos do interlocutor o conhecimento 
através da lógica, impregnada de ironia. Sócrates deixa embaraçado e perplexo aquele 
que está seguro de si mesmo, faz com que o homem veja os seus problemas, desperta 
curiosidade e o estimula a refletir, não ensina a verdade, mas ajuda cada um a 
descobri-la nele mesmo. Para ele, aprender não é coisa fácil, só lenta e 
progressivamente se chega ao conhecimento da verdade. 
 
 
Seu objetivo, por meio da dialética e da ironia, era desmascarar a falsa sabedoria 
e chegar a um conhecimento da natureza humana. Podia-se chegar ao conhecimento 
verdadeiro com muito trabalho intelectual. 
A ética socrática baseava-se no respeito às leis e, portanto, à coletividade. 
Vislumbrava nas leis um conjunto de preceitos de obediência incontornável, 
independentemente de essas serem justas ou injustas. Entendia o direito como um 
instrumento de coesão em favor do bem comum. É pela submissão às leis que a ética 
da cidade se organiza, já que a ética do coletivo está sempre acima da ética do 
individual. 
Os poderosos da época viram-se ameaçados pela atitude filosófica de Sócrates: 
ele provocava o pensamento crítico e os jovens poderiam começar a questionar as suas 
ações. Sócrates tornou-se uma figuramuito polêmica, amada e odiada por muitos. Foi 
preso sob acusação de corrupção da juventude e de não acreditar nos deuses da cidade. 
Seu julgamento ficou célebre e foi condenado com duas opções de pena: ou exilar-se 
ou morrer (ingerindo um veneno – a cicuta). 
 
Fanarete, a mãe de Sócrates, era parteira. Talvez 
daí venha a influência para o seu método. 
 
Saiba mais... 
28 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
Coerente com sua postura e sua filosofia de que “mais vale um homem infeliz no 
sentido de estar permanentemente inquieto com a busca da verdade, do que viver como 
um porco satisfeito”, Sócrates escolhe beber cicuta, ficando para a posteridade seu 
amor à verdade, ao desapego aos bens materiais, à postura ética frente a si próprio e a 
sua sociedade. Aceitou a morte como prova de que ele defendia o valor da lei como 
elemento de ordem do todo. 
Magee (2001, p. 23), ao falar sobre a postura de Sócrates, afirma que: 
 
[...] nenhum outro filósofo teve mais influência do que Sócrates, tendo sido o 
primeiro a ensinar a prioridade da integridade pessoal em termos do dever da 
pessoa para consigo mesma, e não para com os deuses, a lei ou quaisquer 
outras autoridades. Além disso, buscou, mais do que ninguém, o princípio de 
que tudo deve estar aberto ao questionamento – não pode haver respostas 
taxativas e inflexíveis, porque elas próprias, como tudo o mais, estão abertas 
ao questionamento. 
 
Desde então, o método de pergunta e resposta, instigando o aluno a pensar, para 
buscar a verdade, constitui, por excelência, o método pedagógico utilizado 
amplamente no processo de ensino-aprendizagem. 
 
3.2.3 Platão 
Diferentemente de seu mestre Sócrates, que nada escreveu, Platão escreveu cerca 
de duas dezenas de diálogos, verdadeiras peças literárias. Por meio desses diálogos, 
expõe, na primeira etapa, as idéias de Sócrates e, na segunda, suas próprias idéias. 
Fundou sua escola com o nome de Academia cujos estudos básicos eram 
aritmética, geometria, astronomia e as harmonias do som, cujo objetivo era preparar os 
jovens para se iniciarem nas indagações filosóficas. 
De sua obra, dois diálogos são considerados pelos historiadores os mais famosos: 
a República, que se ocupa, sobretudo, da natureza da justiça (e, portanto, da ética), no 
qual traça o plano do Estado ideal, e o Banquete, uma investigação sobre a natureza do 
amor. 
Platão acompanhou e vivenciou o drama da acusação de Sócrates e registrou o 
acontecimento nos diálogos: o Crítias, a Apologia e o Fédon. A Apologia narra o 
discurso feito por Sócrates em sua própria defesa em seu julgamento e é a justificativa 
de sua vida. 
29 
Filosofia Professor Simão Cavalcante 
Para você compreender melhor a concepção de Platão sobre ética, vamos 
explicar, resumidamente, algumas idéias desse filósofo sobre como conhecemos a 
realidade e o que é a realidade. 
Segundo ele, existem dois tipos de realidade: o mundo em que vivemos, do qual 
temos apenas um conhecimento sensível, aparente, e um mundo ideal, que são as 
essências com existência própria. 
 
 
 
 
 
 
 
A doutrina das idéias é a intuição fundamental de Platão da qual derivam todos 
os outros conhecimentos. Platão demonstra a existência do mundo das idéias da 
seguinte forma: 
a) Reminiscência: não tiramos as idéias universais da experiência, mas sim da 
recordação de uma intuição do que se deu em outra vida; 
b) O verdadeiro conhecimento: a ciência só é possível quando são trabalhados 
conceitos universais. Para isso, deve existir o mundo inteligível, universal; 
c) Contingência: idéia necessária e estática para que se explique o nascer e o 
perecer das coisas. 
As idéias, segundo Platão, são incorpóreas, imateriais, não-sensíveis, 
incorruptíveis, eternas, divinas, imutáveis, auto-suficientes, transcendentes. 
 
 
 
A República é um diálogo escrito no século IV a.C. por Platão. Nesse diálogo são 
questionados os assuntos da organização social. Nesta obra, Platão nos apresenta a 
alegoria da caverna (Mito da Caverna). Nela são apresentadas questões importantes sobre 
o viver, ação e ética. 
Visite o site <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito_da_caverna> e aprofunde as questões que surgirem após a 
reflexão. Tente aproximar isso de sua prática profissional. 
 
30 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
 
 
 
 
 
 
3.2.4 Aristóteles 
Aristóteles (384-322 a. C.) nasceu em Estagira, na Trácia, em 384 a.C., na 
fronteira com a Macedônia. Seu pai era médico e serviu a Corte da Macedônia. Aos 17 
anos, vai a Atenas e entra na Academia de Platão, na qual permanece por 20 anos, até 
a morte de Platão. Com a morte de Platão (347 a.C.) volta a Macedônia e torna-se 
preceptor de Alexandre Magno. Em 336 a.C., volta novamente a Atenas. Em Atenas 
abriu uma escola chamada Peripatética, pois dava suas lições em um corredor do Liceu 
(Perípatos). O interesse da Escola de Aristóteles está nas ciências naturais. 
Platão escreveu suas obras em forma de diálogo; Aristóteles, porém, preferiu o 
Tratado, pois permitia mais clareza, ordem e objetividade. A atividade filosófica, 
segundo Aristóteles, nasce da admiração. Os homens foram levados a filosofar, sendo 
primeiramente abalados pelas dificuldades mais óbvias e foram progredindo pouco a 
pouco até resolverem problemas maiores. O filosofar deve estar destituído de 
conotação utilitária e interesseira. A Filosofia é a ciência das causas primeiras, é de 
todas as ciências a única que é livre, pois só ela existe por si. As outras ciências podem 
até ser mais necessárias que a filosofia, mas nenhuma se lhe assemelha em excelência. 
Seu nome era Aristócles, mas pelo vigor físico 
e extensão de sua testa recebe o apelido de 
Platão, platôs em grego significa amplitude, 
largueza, extensão. Platão foi discípulo de 
Sócrates por cerca de 10 anos. Filho de família 
nobre, entrou na escola de Sócrates para se 
preparar para a política. Ficou, porém, 
decepcionado com as injustiças praticadas 
pelo governo e pela condenação de Sócrates à 
morte, abandonando sua aspiração à política. 
Com a condenação de Sócrates, Platão deixa 
Atenas e vai a Megara, temendo perseguições 
do governo de Atenas. Em 387 a.C., volta a 
Atenas e funda a Academia. A Academia é, 
por muitos, considerada a primeira 
universidade que existiu a estrutura do 
programa da academia era a geometria e a 
matemática. Durante séculos, a academia foi o 
centro de atração para todos os estudiosos. 
Platão morre em 347a.C. 
31 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
Aristóteles rejeitou a teoria das idéias de seu mestre Platão, privilegiando o 
mundo concreto. A observação da realidade, segundo Aristóteles, leva-nos à 
constatação da existência de inúmeros seres individuais concretos e mutáveis que são 
captados por nossos sentidos. 
Partindo da realidade sensorial-empírica, a ciência deve buscar as estruturas 
essenciais de cada ser. É a partir da existência do ser que devemos atingir a sua 
essência em um processo de conhecimento que caminha do individual ao universal. 
Para isso, ele elege a experiência como fonte de conhecimento, mostrando que as 
formas são a essência das coisas, que não há separação entre os objetos e as formas: 
essas são imanentes àqueles. As idéias não existem fora das coisas: dependem da 
existência individual dos objetos. 
Então, comparando as interpretações de Platão e Aristóteles sobre como podemos 
conhecer a realidade, constatamos que elas são radicalmente diferentes. 
Magee (2001) comenta que estas duas posições são 
 
[...] os dois arquétipos das duas principais abordagens conflitantes que têm 
caracterizado a filosofia ao longo da história.De um lado há filósofos que 
atribuem um valor apenas secundário ao conhecimento do mundo tal como 
apresentado a nossos sentidos, acreditando que nossa preocupação última 
precisa ser com algo que está por „trás‟, „além‟ ou „oculto sob a superfície‟ 
do mundo. Do outro lado, há os que acreditam que este mundo é em si 
mesmo o objeto mais adequado para nossa preocupação e nosso filosofar. 
 
Para efeitos de nossos objetivos, destacamos para você o eixo central do 
pensamento de Aristóteles sobre Ética e Política. 
 
3.2.5 O Helenismo 
Atualmente, percebe-se certa apatia das pessoas em relação às questões sociais e 
políticas. Para a maioria, o que importa é cada um se preocupar consigo mesmo e não 
se envolver nas questões coletivas. Vejamos o que esse cenário tem a ver com o 
assunto em pauta. 
No Século IV a.C. Atenas perde sua hegemonia e independência para os 
macedônios. Podemos datar esse período entre a morte de Aristóteles em 322 a.C. e o 
começo da Era Cristã. Nesse longo período a cultura e a língua gregas desempenharam 
papel preponderante nos três grandes reinos helênicos, a Macedônia, a Síria e o Egito. 
32 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
Após a decadência política e econômica da Grécia Antiga, com a invasão por 
Alexandre Magno da Macedônia, a cultura construída pelos gregos permanece e se 
expande por meio das conquistas de Alexandre, constituindo o fenômeno hoje 
conhecido por helenismo. 
Seu Império se estendia por quase todo o mundo conhecido pelos gregos antigos, 
da Itália à Índia, incluindo boa parte do que hoje é chamado de Oriente Médio, junto 
com vastas áreas do Norte da África. As cidades-estados gregas perderam sua 
independência e foram absorvidas pelo império de Alexandre, perdendo seu 
predomínio cultural. 
Entretanto, esse imperador, aonde chegava, fundava novas cidades e incentivava 
o casamento dos gregos com mulheres locais, tornando-se essas populações 
cosmopolitas. Mas seu ethos e sua língua permaneceram gregos em toda parte. 
Formam-se, então, populações multirraciais e multilíngües. Caem, desta forma, 
preconceitos racistas contra bárbaros e escravos, pois Alexandre instruiu milhares de 
jovens bárbaros na arte da guerra. Tentou equiparar os bárbaros e escravos com os 
gregos. A cultura helênica (grega) torna-se helenística na difusão entre os vários povos 
e raças. A Hélade teve que assimilar alguns elementos desses povos, dos romanos, por 
exemplo, a praticidade. 
A cidade mais importante deste império foi Alexandria, fundada por Alexandre 
no norte da África, capital cultural deste império e durou cerca de trezentos anos, 
desde a queda das cidades-gregas no século IV a.C. até o surgimento do Império 
romano no século I a.C. 
O declínio da pólis não corresponde ao nascimento de organismos políticos fortes 
capazes de ser referência moral e acender novos ideais. As monarquias helenísticas, 
nascidas após a dissolução do império de Alexandre (323 a.C.), foram organismos 
instáveis. De cidadão, o homem grego torna-se súdito. Das “virtudes civis”, passa-se a 
determinados conhecimentos técnicos que não podem ser domínio de todos, porque 
requerem estudos e disposições especiais. O administrador da coisa pública torna-se 
funcionário, soldado, mercenário. Há um desinteresse para com as coisas do Estado, da 
Política. 
33 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
O helenismo é pouco propício à profundeza e originalidade. Os três grandes 
filósofos de Atenas, Sócrates, Platão e Aristóteles se transformaram em fonte de 
inspiração para diferentes correntes filosóficas, sobressaindo a preocupação com a 
Ética. Após a perda da independência da pólis, o cidadão grego se sente inseguro e 
perdido. A via da salvação é refugiar-se em si mesmo, em sua solidão interior. As 
grandes perguntas do período são: o que é felicidade? Qual é o bem supremo? O 
mundo helenístico forma indivíduos. Quebra-se o laço entre ética e política, homem-
cidadão. Em 146 a.C, a Grécia perde totalmente a liberdade tornando-se uma província 
romana. 
 
3.3 Filosofia na Idade Média 
A Idade Média é o longo período que vai de 476 (queda do Império Romano do 
Ocidente) até 1453 (queda do Império Romano do Oriente, tomada de Constantinopla 
pelos Turcos–Otomanos). 
O antigo império romano foi se dividindo pouco a pouco em três espaços 
culturais diferentes. A cultura cristã de língua latina formou-se na Europa, cuja capital 
era Roma. Já na Europa oriental surgiu um núcleo cultural cristão de língua grega, 
cuja capital era Bizâncio. O norte da África e o Oriente Médio tinham pertencido ao 
Império Romano. Nessas regiões desenvolveu-se, na Idade Média, uma cultura 
muçulmana de língua árabe. 
Em conseqüência, a filosofia grega tomou três rumos diferentes. A cultura 
católico-romana no ocidente, a cultura romano-oriental e a cultura árabe. No período 
medieval, os únicos letrados, e que, portanto, tinham acesso ao conhecimento, eram os 
monges. Então a temática da época estava relacionada à tentativa de conciliar a fé com 
a razão. 
O Método da disputa era típico da filosofia medieval e consistia na exposição de 
idéias filosóficas em que a tese era apresentada e devia ser refutada ou defendida por 
argumentos tirados da Bíblia, de Aristóteles, Platão ou de outros padres da Igreja. Esse 
método era conhecido também como Princípio da Autoridade. 
34 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
O período medieval tinha a concepção de que o homem teria a natureza sujeita ao 
pecado e ao descontrole das paixões, o que exige vigilância constante, cabendo ao 
Estado intimidar os homens para que agissem corretamente. Há, dessa forma, uma 
estreita ligação entre política e moral, com a exigência de se formar o governante 
justo, que consiga obrigar, muitas vezes pelo medo, a obediência aos princípios da 
moral cristã. O Estado medieval tem em suas mãos o poder temporal, voltado para as 
necessidades mundanas. A igreja possui o poder espiritual, voltado para os interesses 
da salvação da alma, que é o objetivo e horizonte ético central do homem medieval e 
deve encaminhar o rebanho para a verdadeira religião por meio da força da educação e 
da persuasão. 
A fé popular nem sempre se manifestava nos termos pretendidos pela doutrina 
católica. Havia uma série de crenças e ações, denominadas heresias, que se chocavam 
com os dogmas da Igreja. O papa Gregório IX criou, em 1231, os tribunais da 
inquisição que tinham como objetivo combater as heresias. 
Os tribunais da inquisição atuaram em vários reinos cristãos: Itália, França, 
Alemanha, Portugal e, sobretudo, Espanha. Pressionada pelas monarquias católicas, a 
inquisição atuou no combate aos movimentos contrários à ordem social dominante, 
desempenhando também papel de repressão social e política. 
A formação da sociedade feudal–medieval se dá efetivamente com a instalação 
de um modo de produção: o feudalismo. A insegurança provocada pelas invasões dos 
séculos IX e X obrigou as populações a se protegerem. Muitas pessoas migraram da 
cidade para o campo. Construíram-se vilas fortificadas e castelos cercados por 
muralhas. Cada um se defendia como podia. Os mais fracos procuravam ajuda de 
nobres poderosos. Já os camponeses, que buscavam a proteção dos senhores de terra, 
foram submetidos à servidão. 
Um fator histórico relevante é que, com a decadência da escravidão, 
desestruturação do Império Romano e as invasões dos povos considerados “bárbaros”, 
há uma transformação nas relações de trabalho e na sociedade em geral que resultou na 
estruturação da sociedade feudal. 
O sistema feudal tem como características principais: 
 a terra é o principal meio de produção e pertencia aos senhores feudais; 
35 
Filosofia– Professor Simão Cavalcante 
 a sociedade é rigidamente hierarquizada, tendo como classes sociais: senhores 
feudais, clero e servos; 
 os trabalhadores tinham direito ao usufruto e à ocupação das terras, mas nunca à 
propriedade delas. Os senhores, por meio dos laços feudais, tinham o direito de 
arrecadar tributos sobre os produtos ou sobre a própria terra; 
 existência de um sistema de deveres entre senhores e servos. Os servos 
trabalhavam em regime de servidão, no qual não se goza de plena liberdade, 
mas, também, não se é escravo; 
 os servos eram os que efetivamente trabalhavam; os senhores feudais e o clero 
viviam do trabalho dos outros. 
A servidão na sociedade feudal perdurou um longo tempo porque havia forte 
solidariedade entre as famílias senhoriais, cumprimento irrestrito de compromissos e 
juramentos, e também pela presença da igreja sancionando esses compromissos, 
definindo claramente o lugar das classes servis nessa comunidade. Desse modo, os 
senhores conseguem não só manter pleno domínio da situação, mas também fazer com 
que essa dominação fosse aceita pelos dominados. 
Essa situação, que se manteve durante séculos sem contradições e conflitos, 
começou a mudar no século XIV. A crise da sociedade feudal foi fruto da fome, 
doenças (peste negra), Guerra dos Cem Anos (Entre Inglaterra e França), insurreições 
camponesas, etc. 
Com a desestruturação da sociedade feudal, surgem os primeiros sinais da 
constituição lenta e permanente de um novo modo de produção: o capitalista. 
Nesse longo período, portanto, a igreja romana dominava a Europa, ungia e 
coroava reis, organizava cruzadas à terra santa e criava, em volta das catedrais, as 
primeiras universidades e escolas. 
 
3.3.1 Patrística e Escolástica 
O grande problema enfrentado pela filosofia na Idade Média foi defender a fé 
cristã dos questionamentos feitos pela filosofia. Justificar racionalmente a fé e assim 
propagá-la ao mundo inteiro. 
36 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
Vejamos como os dois principais movimentos filosóficos do período – a 
Patrística representada por Agostinho de Hipona, e a escolástica, por Tomás de Aquino 
– se desdobram nessa tarefa. 
 
3.3.1.1 A Patrística 
Na primeira etapa de formação da Idade Média, em relação ao pensamento da 
igreja, destaca-se a filosofia chamada Patrística (entre séc. II e VII d.C), cuja principal 
figura é Santo Agostinho. É o período da história da filosofia caracterizado pelo 
esforço feito pelos apóstolos Paulo e João e pelos primeiros padres da Igreja para 
conciliar a nova religião – o Cristianismo – com o pensamento filosófico dos gregos e 
romanos, pois somente com tal conciliação seria possível convencer os pagãos da nova 
verdade e convertê-los a ela. 
A filosofia patrística tem a tarefa religiosa de evangelização e defesa da religião 
cristã contra os ataques teóricos e morais que recebia dos antigos. A Patrística foi 
obrigada a introduzir idéias desconhecidas para os filósofos greco-romanos: a idéia de 
criação do mundo, pecado original, encarnação e morte de Deus, juízo final, fim dos 
tempos e ressurreição dos mortos. Como pode existir o mal se tudo foi criado por 
Deus? 
Para impor as idéias cristãs, os padres as transformaram em dogmas que são 
verdades reveladas por Deus por meio da bíblia e dos santos. Por serem divinos, os 
dogmas eram considerados irrefutáveis e inquestionáveis. 
Quanto aos temas centrais do período, fé e razão, os pensadores assumiam três 
posições distintas. São elas: 
 fé e razão são irreconciliáveis: a fé é superior à razão; 
 fé e razão são conciliáveis: a razão é subordinada a fé; 
 fé e razão são irreconciliáveis: cada uma tem um campo de atuação 
específico. 
 
 
 
 
37 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
3.3.1.2 Santo Agostinho 
 
Agostinho nasceu em Tagaste, atual 
Argélia, norte da África em 354. Foi bispo de 
Hipona, também norte da África, por isso é 
conhecido como Agostinho de Hipona. Sua 
vida pode ser dividida em dois períodos 
distintos: antes da conversão e depois da 
conversão ao cristianismo. Antes da conversão 
Agostinho interessa-se principalmente por 
retórica e filosofia. Depois da conversão, 
concentra seu interesse, sobretudo, na Sagrada 
Escritura e na teologia. 
Santo Agostinho cria uma doutrina para conciliar a filosofia grega, 
principalmente o pensamento de Platão, com o cristianismo. Antes de sua conversão 
ao cristianismo, adotou a doutrina maniqueísta do profeta persa Mani, do século III d. 
C, que partia do princípio de que o universo é o campo de batalha entre as forças do 
bem e do mal, da luz e da treva. Considerava, esse profeta, que a matéria é má, mas o 
espírito é bom, sendo cada ser humano uma mistura de ambos, com uma luz que vem 
da alma que anseia libertar-se da matéria do seu corpo. 
Entretanto, Agostinho abandonou essa doutrina e buscou a fonte nos textos de 
Platão e de Plotino, também grego (204-269 d.C.), que seguiu o pensamento místico 
de Platão. Embora não professasse a religião cristã, Plotino exerceu enorme influência 
nos dois maiores filósofos cristãos, Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino. 
O cristianismo, centrado, sobretudo, nas práticas morais, não apresentava uma 
filosofia. Cristo não se preocupava em discutir questões filosóficas. Portanto, unir a 
filosofia platônica de um lado e, do outro, uma religião não-filosófica, abriu 
perspectivas para a união desses dois campos. 
Nos anos próximos de sua morte, Agostinho vivenciou o desmoronamento do 
Império Romano. O mundo civilizado que conheceu estava sendo destruído, entre 
outras razões, pelas invasões de hordas, chamadas pelos romanos de bárbaros. 
38 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
3.3.1.3 Escolástica 
No longo período histórico de formação da Idade Média (entre os séc. IV ao XIII 
- período áureo da Idade Média), grandes civilizações desenvolveram-se em outras 
partes do mundo. Nesse período, o Islã prosperou em todo o território do que fora o 
Império de Alexandre, disseminando-se pela África do Norte até a Espanha. Foi o 
mundo islâmico que preservou grande parte da cultura clássica, como, por exemplo, as 
obras de Aristóteles que, no século XIII, foram reintroduzidas na Europa, além de 
levar sua cultura com grande efeito transformador para o desenvolvimento intelectual 
europeu. 
Também, nesse longo período, a civilização chinesa desenvolveu amplamente 
sua cultura e, de igual modo, os japoneses. 
O período de reflorescimento da cultura européia é conhecido também sob a 
denominação de Escolástico. Nos séculos IX, X, XI e XII são debatidas muitas 
questões filosóficas que preparam o advento de ouro do século XIII. 
Por que Escolástico? Ao longo desse período, são criadas escolas, as futuras 
universidades, onde teólogos, professores e alunos debatem temas filosóficos à luz da 
religião. 
No século XIII, renasce o pensamento filosófico europeu, de forma sistemática, e 
refloresce a cultura. Ocorre um grande intercâmbio entre filósofos árabes e cristãos, 
são construídas as grandes catedrais góticas francesas; na Inglaterra, são fundadas as 
Universidades de Oxford e Cambridge, onde se iniciam pesquisas lideradas por 
Rogério Bacon. 
As universidades surgem também em Paris e em outras cidades importantes, 
onde se desenvolvem as disputas filosóficas à luz da teologia, ou seja, da fé católica, 
cujos pensadores, padres e alunos, buscam fundamentar os dogmas da Igreja com base 
no raciocínio filosófico. 
 
 
 
 
 
39 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
3.3.1.4 Tomás de Aquino 
 
Nasceu em Roccasecca, Itália, em 1225. 
Em 1239 entrou para a Universidade de 
Nápoles e poucodepois para a ordem dos 
dominicanos. Depois de obter o grau de mestre 
em teologia, ensinou essa disciplina na 
Universidade Sorbonne em Paris e mais tarde 
assumiu o cargo de teólogo papal na corte 
pontifícia. Passou seus últimos anos no 
convento de Nápoles, compondo a Suma 
Teologia, comentando Aristóteles e pregando 
ao povo. 
 
Tomás de Aquino sobressai nesta tarefa quando, ao estudar a filosofia de 
Aristóteles, introduzida pelos árabes, absorve-a e sistematiza o pensamento teológico 
da Igreja Católica. 
O problema das relações entre fé e razão é também a temática central do 
pensamento de Tomás de Aquino. 
Na obra Suma Teológica, Tomás de Aquino expõe sua doutrina básica no estudo 
do que significava a justiça como problema ligado à ação humana. No que se diz 
respeito à natureza humana, Santo Tomás definia que o homem é composto de corpo e 
de alma, sendo aquele o material para o aperfeiçoamento da alma, criado por Deus. 
Aperfeiçoamento que se dá porque a alma animal pode ser sensitiva ou intelectual. É 
na atividade intelectual do homem que ele particulariza e diferencia sua alma. 
Para ele, a filosofia deveria subordinar-se à revelação, que é critério único de 
verdade. Tomás definiu o termo justiça mesclado no conceito de ética, afirmando 
assim, com base nas influências aristotélicas, que justiça é uma vontade perene de dar 
a cada um o que é seu. Caracterizando a justiça como igualdade de pessoas, 
exteriorizada no comportamento dessas pessoas em poder discernir o que é seu e o que 
não é. 
40 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
No século XIX, a Igreja Católica escolhe sua obra para fundamentar o dogma 
cristão. Para Tomás, fé e razão não podem se contradizer na medida que ambas 
emanam de Deus. Em conseqüência, filosofia e teologia não podem apresentar 
verdades divergentes, apenas diferem pelo método: a filosofia parte das coisas criadas 
para alcançar Deus, enquanto a teologia tem como ponto de partida Deus. 
No âmbito de nosso estudo, vamos compreender a filosofia ética de Tomás de 
Aquino: O “bem” transcendental é objeto da ética. O bem é uma realidade que se 
apresenta como uma perfeição e que é, portanto, o fim de uma aspiração para um outro 
ser. 
Para Tomás de Aquino, o bem supremo, Deus, é contemplado com plena 
felicidade por determinação da alma racional, cujas virtudes o filósofo distingue entre 
teologais e cardinais naturais. 
 As Teologais só são acessíveis ao homem por meio da graça de Deus: fé, amor, 
esperança, em que o amor ordena todos os atos humanos para o fim divino 
supremo. 
 As Cardinais são definidas como perfeição das faculdades naturais. Assim é 
preciso buscar na razão a sabedoria e a inteligência; na vontade, a justiça; no 
esforço, a coragem; no desejo, a temperança. 
Para Tomás, as virtudes definem a atitude interior do homem; a ordem exterior e 
as ações são dirigidas pelas leis. O legislador supremo é Deus, pois é o legislador de 
todo o universo. A lei eterna é a sabedoria divina que tudo dirige. A participação da 
razão humana na lei eterna é pela lei natural. 
Por outro lado, a liberdade de querer não está limitada pela lei divina. Somente 
em relação à natureza destituída de razão é que a lei age por necessidade interna. Para 
o homem, entretanto, a lei assume um caráter de uma lei normativa e, nessa medida, o 
homem participa da providência divina, pois é capaz de prever para si e para os outros. 
É preciso fazer o bem e evitar o mal. 
Finalizando, Tomás de Aquino, ao elaborar seu tratado teológico com base na 
filosofia aristotélica, buscando também fontes no pensamento judaico e islâmico, 
demonstrou, na época, que havia compatibilidade entre pensamento filosófico e crença 
cristã. Procurou, entretanto, distinguir sempre filosofia e religião, razão e fé. 
41 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
3.4 Filosofia na Modernidade 
A partir do século XI, ou seja, na baixa Idade Média, a Europa passa por um 
processo de reurbanização provocado pela intensa atividade comercial desenvolvida 
com o oriente. Em torno dos castelos medievais, vão se formando pequenas 
aglomerações urbanas. Na maioria dos casos, são pessoas expulsas dos feudos devido 
ao excedente populacional. O comércio e outros ofícios passam a ser a ocupação 
dessas pessoas. A maioria desses centros urbanos nascentes encontra-se no caminho de 
grandes rotas comerciais. O que se percebe com isso é o fortalecimento das famílias 
comerciais, o crescimento dos centros urbanos, o enfraquecimento dos antigos 
senhores feudais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A burguesia, classe social emergente, sente-se prejudicada, pois, atrelada aos 
padrões tributários e políticos da sociedade feudal, não pode se desenvolver de forma 
satisfatória. Para que o capitalismo comercial, então, nos seus primórdios, possa 
progredir, a burguesia necessita de se desvincular do poder da Igreja e da estrutura 
feudal. 
Essas transformações, juntamente com as grandes navegações e a conseqüente 
conquista do continente americano, constituem o embrião da formação do capitalismo 
na Europa e nos Estados Unidos, a revolução econômica, cultural, social e política do 
mundo ocidental. 
Com a redescoberta das obras dos pensadores greco-romanos, foi possível 
retomar valores como o uso da razão e a vida política em uma sociedade republicana. 
Isso despertou o desejo de liberdade em relação ao poder teológico político dos papas 
Renascimento: o movimento intelectual e cultural que caracterizou a transição da 
mentalidade medieval para a mentalidade moderna ficou conhecido como 
Renascimento. Esse nome se dá porque muitos artistas, intelectuais e cientistas do 
século XV e XVI quiseram recuperar ou retomar a cultura antiga, greco-romana, que 
esmorecera na Idade Média, buscar novos caminhos para a investigação científica. O 
Renascimento iniciou-se na Itália, principalmente nas cidades de Florença, Veneza e 
Roma. 
 
42 
Filosofia – Professor Simão Cavalcante 
e imperadores. A cultura grega foi redescoberta, graças a um contato mais estreito com 
os árabes na Espanha e com a cultura bizantina. É aqui que se encontram, em uma só, 
as três correntes de pensamento que preservaram a cultura grega, as quais haviam se 
separado no início da Idade Média, quais sejam: cultura católico-romana no ocidente 
(Roma), cultura romano-oriental (Bizâncio) e cultura árabe. 
Para os renascentistas, Roma, Atenas, Esparta são tomadas como modelo de 
cidade, por representar o ideal republicano. Tê-las por modelo significa valorizar a 
vida ativa da prática política contra o ideal de contemplação e submissão imposto pela 
Igreja. 
 
 
 
 
 
Dessas atitudes, teremos, como conseqüência, as duas principais características 
do mundo renascentista: o humanismo antropocêntrico e o racionalismo. Para o 
humanismo antropocêntrico, o ser humano é o centro da vida política e cultural. Essa 
proposição tem um claro sentido de se opor ao teocentrismo (Deus como ponto de 
partida das explicações). Porém, não se quer afirmar o ser humano de qualquer 
maneira, mas como portador de uma racionalidade capaz de desvendar os segredos da 
natureza e colocá-la a serviço do homem. 
O racionalismo quer também promover os valores do indivíduo como alguém 
separado de qualquer sistema de dominação ou sujeição porque os renascentistas 
desenvolvem uma crença totalmente nova no homem e em seu valor, o que se opunha 
frontalmente à Idade Média, quando se enfatizava apenas a natureza pecadora do 
homem. O homem passou a ser visto, agora, como algo infinitamente grandioso e 
valioso. 
Essa nova visão de homem levou a uma nova concepção de vida. O homem não 
existia apenas para servir a Deus,

Continue navegando