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1 BIOTERÁPICOS Profª Ivana Maria Póvoa Violante Definição: • “Produtos não quimicamente definidos (secreções, excreções, patológicas ou não, certos produtos de origem microbiana, alérgenos), que servem de matéria prima para as preparações homeopáticas bioterápicas”. Farm. Francesa 10ª ed., 1985. Definição: • “São preparações medicamentosas obtidas a partir de produtos biológicos, quimicamente indefinidos: secreções, excreções, tecidos, órgãos ou microrganismos. Estes produtos podem ser patológicos (nosódios) ou não (sarcódios), elaborados conforme a farmacotécnica homeopática” Farm. Hom. Bras. 3 ed., 2011. Considerações de ordem teórica e prática: • Nosódio – Luesinum, Medorrhinum, Psorinum, tem experimentação no homem são, os demais tem apenas patogenesia clínica. Considerações de ordem teórica e prática: • O raciocínio analógico permite construir terapêuticas bioterápicas, todas elas apresentando quatro características: – Ser baseada em uma analogia – Empregar medicamentos diluídos e dinamizados preparados conforme farmacotécnica homeopática – Serem eficazes sem serem tóxicos – Favorecer uma reação de próprio organismo ao qual são administradas Hahnemann : 5 edição do Organon, 1833: • “...poderia admitir na verdade uma terceira maneira de empregar os medicamentos contra as doenças; a saber “o método isopático”, o de tratar uma doença pelo mesmo miasma que a produziu”. 2 BIOTERÁPICOS • 1967 - Dr. Robert Fludd, - preparação de escarro de tuberculose para tratar essa mesma doença. • 1823 - Lux, preparou medicamentos com a causa mórbida que provocava a enfermidade, esta nova terapêutica denominou-se isopatia, curar o mal pelo agente mórbido que o produz. • Hering nos EUA, Lucindo Cardoso no Brasil, Whuelher na Inglaterra. • 1966 - A farmacopéia Francesa incorporou os bioterápicos como sendo equivalentes a vacinas alopáticas Classificação Bioterápicos • CLASSIFICAÇÃO FARMACÊUTICA: 1. Bioterápicos de Estoque –Bioterápicos dito Codex –Bioterápicos Simplex –Bioterápicos Complexos 2. Isoterápicos –Auto-isoterápicos –Hetero-isoterápicos 1. BIOTERÁPICOS DE ESTOQUE: • São obtidos previamente a partir de secreções, excreções patológicas ou não, produtos de origem microbiana, soros e vacinas. 1.1. Bioterápicos ditos “Codex”: • Obtidos a partir de soro, vacinas, toxinas ou anatoxinas, inscritos na Farmacopéia Francesa e preparados por laboratórios especializados (Instituto Pasteur ou Mérieux). 1.1. Bioterápicos ditos “Codex”: • EX: Influenzinum: • Obtido a partir de vacina antigripal do Instituto Pasteur • Vacina obtida a partir das cepas do vírus da gripe asiática e da gripe comum, preparada especialmente para uso homeopático. • É atualizada a cada epidemia. – A prescrição de três doses de Influenzinum 9 CH, com sete dias de intervalo, no início do inverno, aumentam a resistência do indivíduo. 1.1. Bioterápicos ditos “Codex”: • EX: Tuberculinum: • Tuberculina bruta obtida a partir de culturas de espécies de Mycobacterium tuberculosis de origem humana e bovina. • Antiga denominação: tuberculina de Koch.(T.K). • É a tuberculina bruta do Códex, caldo de cultura, concentrado e filtrado, no qual foram cultivadas cepas de bacilos tuberculosos humanos e bovinos. • Tuberculinum encerra os produtos de secreção do B.K.. • É o medicamento do campo da doença e das manifestações tuberculínicas. • Deve ser manipulado com prudência. 3 1.2. Bioterápicos Simples: • Obtidos a partir de “vacinas estoques”, constituídas por culturas microbianas puras, lisadas e atenuadas em condições determinadas. • Ex: • Staphylococcinum: lisado obtido de culturas de Staphylococcus aureus, sem adição de anti- sépticos. • Streptococcinum: lisado obtido a partir de cultura de Streptococcus pyogenes, detoxificados (atenuados), sem adição de anti- sépticos. 1.2. Bioterápicos Simples: • A maior parte desses bioterápicos não foi matéria de patogênese completa e são utilizados no tratamento das enfermidades causadas pelos germes correspondentes. 1.3. Bioterápicos Complexos: • Definidos pelo seu modo de obtenção (secreções ou excreções patológicas) ou seu modo de preparação. • Abrangem ao mesmo tempo bactéria patógena retirada do homem ou do animal ao nível da lesão, e os produtos mórbidos reacionais resultando da proliferação dessa bactéria no organismo. 1.3. Bioterápicos Complexos: : • Luesinum: lisado de serosidades treponêmicas de cancros duros, preparados sem adição de anti-sépticos. Antiga denominação: Syphillinum. • Medorrhinum: lisado de secreções uretrais blenorrágicas colhidas antes de tratamento por antibióticos ou sulfamidas. • Psorinum: lisado de serosidades de lesões de sarna, colhidas de doentes sem tratamento prévio. – É um bioterápicos de origem orgânica não microbiana: – É o medicamento do psórico, auto-intoxicado, desmineralizado crônico, que sofre de enxaqueca e é muito friorento 1.3. Bioterápicos Complexos: : • Pyrogenium: lisado de produtos de decomposição provenientes da autólise de carne de boi, porco e placenta humana. – É um Bioterápicos de origem orgânica não microbiana: – Está na base do tratamento dos estados septicêmicos. • Oscillococcinum: auto-lisado filtrado de fígado e coração de pato (Anãs barbárie). • Oscillococcinum 200K – É uma especialidade (patente) dos laboratórios Boiron. – É dispensado somente nessa dinamização na França. 2. ISOTERÁPICOS • Definição: – São preparações medicamentosas obtidas a partir de insumos relacionados com a patologia do paciente, elaboradas conforme a farmacotécnica homeopática, sendo classificadas como autoisoterápicos e heteroisoterápicos. 4 2. ISOTERÁPICOS = Classificação • Auto-isoterápicos – “endógenos” (auto- nosódios): – São isoterápicos cujos insumos ativos são obtidos do próprio paciente (fragmentos de órgãos e tecidos, sangue, secreções, excreções, cálculos, fezes, urina, culturas microbianas e outros) e destinados somente a este paciente. • Hetero-isoterápicos – “exógenos”: – São isoterápicos cujos insumos ativos são externos ao paciente (alergenos, alimentos, cosméticos, medicamentos, toxinas, poeira, pólen, solventes e outros), que de alguma forma o sensibiliza. Diluições empregadas na isoterapia: • Os autoisoterápicos só poderão ser estocados em álcool 70% (V/V) e dispensados a partir da 12CH ou da 24DH. Aplicações Clínicas • Enfermidades Urinárias, • Enfermidades Cutâneas, • Enfermidades Respiratórias, • Perturbações Endócrinas, • Seqüelas de tratamentos medicamentosos diversos. Requisitos Mínimos para a Preparação de Bioterápicos e Isoterápicos Por se tratar, na sua maioria, de materiais contaminados com microrganismos, podendo alguns apresentar patogenicidade, o preparo dos bioterápicos e isoterápicos deve obedecer, as técnicas homeopáticas e ser realizado em laboratório que garanta segurança biológica, de acordo com a legislação vigente. Quando comprovada a inatividade microbiana, a preparação poderá ser realizada em área comum de manipulação homeopática. Requisitos Mínimos para a Preparação de Bioterápicos e Isoterápicos • No caso de material de origem microbiana, animal ou humana, medidas apropriadas devem ser tomadas a fim de reduzir riscos relacionados à presença de agentes infecciosos nas preparações homeopáticas. • Para tal, o método de preparação deve possuir uma ou várias etapas, que demonstrem a eliminação ou a inativação dos agentes infecciosos na matriz. Requisitos mínimos para a preparação de Bioterápicos: • Potência significativa de patogenicidade : – Deve obedecer, além das técnicas homeopáticas, também as técnicas corretas de assepsia. – Deve-se atentar para a efetividade da amostra considerando-se a forma da seleçãodo material patológico, sua coleta e transporte, bem como a sua adequabilidade, de modo a garantir a presença do agente causal. 5 Requisitos mínimos para a preparação de Bioterápicos: • COLETA: • Deve ser feita por profissional habilitado, em local apropriado, segundo legislação em vigor. Quando se tratar de material microbiano, deve ser realizada de modo a garantir a presença do agente etiológico a fim de que não seja confundido ou contaminado com microrganismos da microbiota (normal, secundária ou contaminante). Aspectos mais importantes nos procedimentos de coleta: • Toda amostra de origem biológica deve ser tratada como se fosse patogênica. • Observar e seguir as normas técnicas de segurança individual e de proteção (EPI: equipamento de proteção individual). • Descontaminar a parte externa do recipiente da coleta, quando se tratar de material patogênico. • Colher o material, sempre que possível, antes do início de qualquer tratamento. Aspectos mais importantes nos procedimentos de coleta: • O material utilizado na coleta deve ser, tanto quanto possível, descartável, sendo necessário para o seu descarte aplicar o PGRSS – Programa de Gerenciamento de Resíduo de Serviços de Saúde, de acordo com o material coletado e outras normas vigentes para segurança do manipulador. • O material reutilizável deve ser descontaminado, de forma que a biossegurança seja garantida. Instrumentos utilizados coleta: • Aspiração seringa e agulha possível delimitar, com exatidão, o local selecionado e o material delas decorrentes ferimentos de queimaduras, úlceras de decúbito, abscesso perianal, lesão gangrenosa, lesão periodontal, úlcera varicosa, etc. • Outros: alça bacteriológica (alça de platina), suabes (algodão, náilon, alginato de cálcio, “dracon”) maior possibilidade de erro, mesmo observando-se a especificidade dos diferentes tipos de materiais Aspectos mais importantes observados nos procedimento de coleta e preparação dos bioterápicos • Colher material, sempre que possível, antes do início de qualquer tratamento antimicrobiano. • Considerar o estágio em que se encontra a doença. • Todas as preparações de origem biológica devem atender aos requisitos de esterilidade, obedecida a legislação pertinente. • Os materiais biológicos provenientes de patologias de notificação compulsória (infecto-contagiosas) têm a sua manipulação legalmente proibida. Pontos de partida Bioterápicos Seguir a monografia específica. Quando inexistente, usar a Tabela de orientação para coleta de material a ser utilizado como insumo ativo na preparação de bioterápicos e isoterápicos. 6 Pontos de partida Isoterápicos Utilizar a técnica mais adequada às características do material. A preparação de heteroisoterápicos utilizando substâncias sujeitas a controle especial deve ser realizada por estabelecimento com Autorização Especial emitido pelo órgão sanitário competente. Porém, a preparação e dispensação de dinamizações igual ou acima de 6 CH ou 12 DH, não necessitam desta Autorização. Preparação: • Escalas: Centesimal, Decimal ou Cinquenta Milesimal • Método: Hahnemanniano, Korsakoviano e Fluxo Contínuo. Pontos de partida Os principais pontos de partida para a preparação de bioterápicos e isoterápicos são: alergenos, cálculos (biliar, dental, renal, salivar e vesical), culturas microbianas, escarro, fezes, fragmentos de órgãos ou de tecidos, pelos, poeira ambiental, pus, raspado de pele ou de unha, saliva, sangue, secreções, excreções, fluidos, soro sanguíneo e urina. Medicamento bioterápico pode ser preparado: • A partir de micróbios isolados do próprio doente por cultura em meio apropriado: – EX: estafilococos, isolados do pus de um furúnculo, enterococus, colibacilos ou proteus cultivados a partir de urina de um paciente sofrendo de cistite. Medicamento bioterápico pode ser preparado: • A partir de substâncias encontradas no ambiente dotadas de propriedades alergisantes. – Ex: bebidas e alimentos; produtos profissionais, tais como tinturas capilares, vernizes, tintas; produtos caseiros, produtos de toucador ou vestimentas; produtos de maquilagem; sabões e sobretudo detergentes para lavagem de roupa ou de louca, tinturas de roupa; têxteis sintéticos empregados na confecção de roupas íntimas, poeira da casa; pêlos e penas de diversos animais; especialidades farmacêuticas como antibióticos e corticóides, soros e vacinas, que podem causar no organismo humano reações do tipo anafiláticas ou alérgicas. Insumos inertes a serem utilizados: lactose, soluções alcoólicas em diversas graduações, água purificada excepcionalmente, solução glicerinada e solução de cloreto de sódio 0,9% (p/V). O insumo inerte selecionado deve ser compatível com a natureza do ponto de partida. 7 Dispensação dos Bioterápicos: • Para o aviamento de receita com material autógeno para auto-isoterápicos, o médico interessado deverá remetê-lo à farmácia juntamente com a receita e uma indicação em separado, da natureza do material a manipular,ao qual ficará arquivado na farmácia, obedecidas as demais exigências quanto ao receituário médico.
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