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OUT/01 INTRODUÇÃO AOS ANTIBIÓTICOS 1 O assunto “Antibióticos e Quimioterápicos” é mais profundamente estudado na cadeira de Farmacologia. Somente depois de adquirir conhecimentos básicos na referida disciplina, é que o estudante estará em condições de dominar a prescrição deste grupo de drogas. O assunto é abordado aqui em termos elementares, para possibilitar a compreensão dos mecanismos típicos de resistência bacteriana às drogas. BREVE HISTÓRICO As doenças infecciosas sempre foram uma ameaça à humanidade A História é repleta de relatos sobre epide-mias diversas, como as de peste, varíola, han-seníase, tuberculose, difteria, etc O homem sempre tentou tratar as doenças infecciosas com os mais diversos recursos MAI/2015 2 Fleming chegou a prever a aplicação da penicilina para o tratamento de infecções. OS PRIMEIROS ANTIMICROBIANOS Em 1929, o bacteriologista Alexander Fle-ming descobriu a penicilina, mas a droga só foi introduzida comercialmente por volta de 1940 Novo avanço na quimioterapia ocorreu quan-do Gehard Domagk descobriu as sulfonami-das, em 1935 MAI/2015 4 Fleming chegou a prever a aplicação da penicilina para o tratamento de infecções. As sulfonamidas são derivadas do ácido sulfanílico que, por sua vez, é um derivado da anilina (um corante). ETIMOLOGIA A palavra antibiótico deriva-se de antibiose Antibiose foi um termo criado por Jean Paul Vuillemin, para descrever uma relação ecológica desarmônica entre microrganismos. A antibiose era o oposto da simbiose Alguns autores referem-se à antibiose usando a expressão antagonismo microbiano. Antibiose tam-bém tem sido descrita como amensalismo (que é o oposto de comensalismo) MAI/2015 5 OUT/01 CAUSAS DA ANTIBIOSE Produção de ácidos Produção de enzimas digestivas Competição alimentar Produção de bacteriocinas Produção de antibióticos Outras? 6 OUT/01 pH pH 7 OUT/01 Hidrolases Enzimas digestivas Protease Polissacaridase Nucleasease Lipase 8 OUT/01 N0 Protoz/mL Tempo (horas) Paramecium caudatum Paramecium aurelia Competição alimentar Duas espécies de pa- ramécios disputam o ali- mento (bactérias) num mesmo tubo de ensaio 9 OUT/01 Inibição bacteriana por meio de bacteriocinas Bacteriocina Bacteriocinas são peptídios pequenos ou proteínas 10 Bacteriocinas são toxinas proteicas (ou polipeptídios, modificados quimicamente ou não) elaboradas por bactérias, com o propósito de inibir ou matar cepas bacterianas similares ou evolutivamente próximas. Há pelo menos 54 bacteriocinas conhecidas e seu mecanismo de ação é variável. Algumas afetam as funções de membrana (permeabilização para cátions monovalentes), outras degradam a mureína, outras degradam DNA e é possível que existam modos de ação adicionais. Embora tenham ação contra bactérias, estas substâncias não são usadas no tratamento de infecções bacterianas. Como diversas bacteriocinas são proteínas, seriam degradadas pelos sucos digestivos caso fossem administradas por via oral. Há outras razões para impedimento de seu uso em Infectologia. OUT/01 Antagonismo microbia- no devido à produção de antibióticos Os antibióticos interfe- rem no metabolismo de células microbianas 11 DEFINIÇÕES Antibióticos são substâncias antimicrobianas produzidas por microrganismos, capazes de agir como tóxicos seletivos em baixas con-centrações (µg/mL) Quimioterápicos, no contexto microbiológi-co, são compostos antimicrobianos produzi-dos pelo homem MAI/2015 12 DESCOBERTA Atribui-se a descoberta dos antibióticos ao bacteriologista Alexander Fleming (1929) Fleming observou que colônias de Staphylo-coccus aureus situadas nas imediações de uma colônia de Penicillium notatum eram destruídas por algum produto solúvel elabo-rado pelo fungo MAI/2015 13 OUT/01 Dr. Alexander Fleming Descobridor da penicilina (1881 – 1955) 14 OUT/01 Colônias intactas de S. aureus Colônias lisadas de S. aureus Colônia do fungo Penicillium notatum 15 ESTRUTURA E PRODUÇÃO EM MASSA Dorothy Hodgkin Howard Walter Florey 16 Dorothy Crowfoot Hodgkin determinou a estrutura da penicilina em 1945. Howard Walter Florey empenhou-se com outros estudiosos para chegar à produção maciça do antibiótico (penicilina G). In 1941, a policeman named Albert Alexander, with a severe face infection, was treated with the new drug. His condition improved, but then supplies of penicillin ran out and he died. On March 14, 1942, the first patient was treated for streptococcal septicemia with US-made penicillin produced by Merck & Co. Subsequently, several other patients were treated successfully. UM TRATAMENTO EM 1948 17 In a monthly column for PBS NewsHour, Dr. Howard Markel revisits moments that changed the course of modern medicine on their anniversaries, like the development of penicillin on Sept. 28, 1928. Above: Jean-Claude Fide is treated with penicillin by his mother in 1948. Photo by Bert Hardy/Picture Post ORIGEM DOS ANTIBIÓTICOS Os antibióticos são produzidos por microrga-nismos, principalmente fungos e bactérias Fungos Penicillium Aspergillus Cephalosporium Bactérias Streptomyces Bacillus MAI/2015 18 1 2 3 4 5 19 Fungos: (1) Penicillium notatum; (2) Aspergillus spp (spp é uma abreviatura para “species”, o que quer dizer que a espécie não foi determinada por algum motivo); (3) Cephalosporium acremonium; Bactérias: (4) Streptomyces griseus e (5) Bacillus spp. ORIGEM DOS ANTIBIÓTICOS Muitos antibióticos usados atualmente são se-mi-sintéticos Algumas drogas podem ser obtidas agora por síntese química, como ocorre com o cloranfe-nicol, mas a designação de antibiótico perma-nece por razões históricas MAI/2015 20 NATURAL OU SINTÉTICO? MAI/2015 Cloranfenicol Streptomyces venezuelae Origem do nome do antibiótico: 1945-50; chlor + am(ido) + phe(n) + ni(tr)- + (gly)col. Em português, cloranfenicol. 21 NATUREZA QUÍMICA É preciso lembrar que os antibióticos não são proteínas São compostos de peso molecular relativa-mente baixo Do ponto de vista químico, são substâncias de função mista As fórmulas estruturais dos principais grupos de drogas serão apresentadas a seguir MAI/2015 22 PRINCIPAIS GRUPOS DE ANTIMICROBIANOS Betalactâmicos Tetraciclinas Aminoglicosídios Macrolídios Glicopeptídios Poliênicos Miscelânia MAI/2015 23 https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_antibiotics Miscelânia Cloranfenicol Lincomicina e Clindamicina Rifampicina Polimixinas Estreptograminas Oxazolidinonas (Linezolida) Lipopeptídicos (Daptomicina) Nitrofuranos Outros MAI/2015 PRINCIPAIS GRUPOS DE ANTIMICROBIANOS 24 Ciclosserina, Bacitracina e Fosfomicina são antibióticos pouco usados atualmente. PRINCIPAIS GRUPOS DE ANTIBIÓTICOS Compostos betalactâmicos Penicilinas Cefalosporinas Cefamicinas Carbapenêmicos Monobactâmicos C C C N O Todas estas drogas apresentam o anel heterocíclico betalactâmico MAI/2015 25 FAMÍLIA DE BETALACTÂMICOS (A) A penam. (B) A carbapenam. (C) An oxapenam. (D) A penem. (E) A carbapenem. (F) A monobactam. (G) A cephem. (H) A carbacephem. (I) An oxacephem. 26 PENICILINAS Constituem uma classe de compostos relacio-nados. Todos compartilham a cadeia denomi-nada ácido 6-aminopenicilânico (6-APA) Existem vários tipos de penicilinas Exemplos (nomes químicos) muito conheci-dos dessas drogas são: Penicilina G, Penicilina V, Meticilina, Nafcilina, Oxa-cilina, Cloxaciclina, Ampicilina, Amoxicilina, Carbe-nicilina, Piperacilina MAI/2015 27 OUT/01 28 OUT/01 Benzilpenicilina (penicilina G) -aminobenzilpenicilina (ampicilina) 29 PENICILINAS G e V MAI/2015 AMPICILINA & AMOXICILINA MAI/2015 CEFALOSPORINAS Constituem uma classe de compostos relacio-nados. Todos compartilham a cadeia denomi-nada ácido 7-aminocefalosporânico (7-ACA) Existem muitas cefalosporinas As 5 “gerações” de cefalosporinas diferem entre si principalmente no que diz respeito a aspectos farmacológicos e bacteriológicos MAI/2015 32 OUT/01 Anel dihidro-tiazínico 33 OUT/01 Estrutura comum a todas as cefalosporinas 34 OUT/01 35 OUT/01 Estrutura das Cefamicinas Cefoxitina 37 As cefamicinas são uma variação das cefalosporinas de segunda geração. As principais drogas deste grupo são: cefoxitina, cefotetan e cefmetazole. A diferença em relação às demais cefalosporinas é a presença do radical metóxi, mostrado na elipse vermelha. Estas drogas têm excelente ação contra bactérias anaeróbias, como os representantes do gênero Bacteroides. OUT/01 Imipenem Outras drogas deste grupo são: meropenem, ertapenem e doripenem Imipenem CARBAPENÊMICOS 38 OUT/01 Aztreonam MONOBACTÂMICOS 39 OUT/01 Esqueleto molecular comum a todas as tetraciclinas Tetraciclina Oxitetraciclina Doxiciclina Minociclina Tigeciclina* São exemplos de tetraciclinas 40 (*) Tigecycline This antibiotic is the first clinically available drug in a new class of antibiotics called the glycylcyclines. It is structurally similar to the tetracyclines in that it contains a central four-ring carbocyclic skeleton and is actually a derivative of minocycline. Tigecycline has a substitution at the D-9 position which is believed to confer broad spectrum activity. Tetraciclina Oxitetraciclina Doxiciclina Minociclina Tigeciclina* TETRACICLINAS 41 Tetraciclinas Têm em comum uma estrutura formada por 4 cadeias carbônicas hexagonais homocíclicas condensadas, exibindo saturação variável. Assim como as penicilinas e cefalosporinas, as tetraciclinas formam um grupo de substâncias, diferenciadas entre si apenas pela natureza de alguns radicais químicos (3) presos ao núcleo principal. (*) Tigecycline This antibiotic is the first clinically available drug in a new class of antibiotics called the glycylcyclines. It is structurally similar to the tetracyclines in that it contains a central four-ring carbocyclic skeleton and is actually a derivative of minocycline. Tigecycline has a substitution at the D-9 position which is believed to confer broad spectrum activity. OUT/01 Canamicina Tobramicina Amicacina Neomicina Netilmicina Sisomicina Paromomicina AMINOGLICOSÍDIOS Estreptomicina e Gentamicina são os amino-glicosídios mais famososos 42 Aminoglicosídios Do ponto de vista químico, são compostos que apresentam um anel cíclico de 6 carbonos, contendo radicais –NH2 e –OH (grupo aminociclitol), ligado a dois ou mais açúcares. O anel aminociclitol da estreptomicina se chama estreptidina. Nos demais aminoglicosídios, o anel aminociclitol é a 2-desoxi-estreptamina. OUT/01 Eritromicina MACROLÍDIOS 43 Macrolídios Os macrolídios exibem uma cadeia carbônica heterocíclica, lactônica, com 12 a 16 átomos de carbono Um ou mais resíduos de açúcares estão ligados a este núcleo básico Os macrolídios mais importantes atualmente são: Eritromicina, Claritromicina, Azitromicina, Roxitromicina. OUT/01 Estrutura de um macrolídio 44 The macrolides are a group of drugs (typically antibiotics) whose activity stems from the presence of a macrolide ring, a large macrocyclic lactone ring to which one or more deoxy sugars, usually cladinose and desosamine, may be attached. The lactone rings are usually 14-, 15-, or 16-membered. Macrolides belong to the polyketide class of natural products. OUT/01 Vancomicina GLICOPEPTÍDICOS 45 OUT/01 Anfotericina B Nistatina POLIÊNICOS 46 OUT/01 Fórmula estrutural do cloranfenicol 48 OUT/01 Lincomicina Clindamicina Tem a mesma fórmula estrutural da lincomicina, exceto pelo segmento mostrado no retângulo vermelho 3 49 OUT/01 Fosfomicina Ácido cis-1,2-epoxipropil-fosfônico 50 QUIMIOTERÁPICOS IMPORTANTES Sulfonamidas Tuberculostáticos Isoniazida - Pirazinamida Etambutol - Ácido p-aminossalicílico Etionamida Quinolonas Mupirocina Metronidazol MAI/2015 51 OUT/01 Quimiterápicos 52 OUT/01 Isoniazida Piridoxina Tuberculostáticos A isoniazida é uma droga importante no tratamento da tuberculose 53 OUT/01 Ácido p-aminobenzoico Ácido p-aminossalicílico (PAS) Tuberculostáticos O PAS é utilizado no tratamento da tuberculose (PABA) 54 OUT/01 Tuberculostáticos Nicotinamida Pirazinamida (PZA) A isoniazida (INH), o ácido p-aminossalicílico (PAS) e a pira- zinamida (PZA) são exemplos de análogos metabólicos. Estas drogas tomam o lugar de substratos naturais, usados pelas enzimas bacterianas. 55 As quinolonas formam uma família de quimioterápicos QUINOLONAS Ácido nalidíxico Norfloxacina MAI/2015 56 OUT/01 QUINOLONAS Ciprofloxacina 57 EFEITOS DOS ANTIBIÓTICOS Efeito microbiostático Ocorre interrupção na capacidade proliferativa do germe. Livres da droga, as células voltam a se multi-plicar Efeito microbicida O germe é eliminado. Após exposição à droga, o mi-crorganismo não é mais capaz de se reproduzir ATENÇÃO!! A prática mostra que esses efeitos dependem da concentração da droga MAI/2015 58 OUT/01 Determinação da CIM A concentração é dada em microgramas/mL 59 DETERMINAÇÃO DA CIM No experimento anterior, a bactéria não cres-ceu nos tubos em que as concentrações da droga foram de: 100,00 – 50,00 – 25,00 – 12,50 – 6,25 g/mL A Concentração Inibitória Mínima (CIM) foi de 6,25 g/mL neste experimento MAI/2015 60 OUT/01 Neste tubo, as bactéri- as estão vivas ou mortas? 61 OUT/01 T U R V A Ç Ã O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 256 g 128 g 64 g 32 g 16 g 8 g 4 g 2 g Controle Estéril 2 3 4 5 Este experimento mostra que a inibição ou o crescimento de- pendem da concentração da droga. No tubo 4, cuja concentração é 64 g/mL, o germe não cresceu, e temos aí a CIM. Para sabermos se esta concen- tração é bacteriostática ou bactericida, temos que repicar as células para meios idênticos, mas sem antibiótico, e verificar se o germe cresce ou não. Neste experimento, o tubo 2 apresenta a concentração bac- tericida mínima (CBM), que é de 256 g/mL. 62 CIM & AUTOMAÇÃO 63 DETERMINAÇÃO DA CIM POR DIFUSÃO 64 IMPORTÂNCIA DA CIM Quando planejarmos um tratamento com an-tibiótico, é de suma importância que o esque-ma posológico permita a obtenção de concen-trações pelo menos iguais à CIM no sítio da infecção Embora as CIMs sejam determinadas “in vi-tro”, a prática mostra que a extrapolação para a situação “in vivo” é geralmente válida MAI/2015 65 MEANISMO DE AÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS A) Interferência na síntese da parede celular Penicilinas Cefalosporinas Carbapenêmicos Monobactâmicos Vancomicina Teicoplanina Bacitracina Ciclosserina Fosfomicina Betalactâmicos Glicopeptídios MAI/2015 66 COMO FUNCIONAM OS BETALACTÂMICOS? Lembremos que todas as bactérias de interes-se médico (exceto os micoplasmas) apresen-tam mureína na parede celular Para entender este processo, devemos conhe-cer alguns detalhes da biossíntese da mureína MAI/2015 67 OUT/01 68 OUT/01 69 OUT/01 Mureína em perspectiva Ligação clivada pela lisozima 70 OUT/01 D-ALA D-ALA 71 OUT/01 72 OUT/01 73 OUT/01 74 OUT/01 75 OUT/01 REÇÃO DE TRANSPEPTIDAÇÃO As ligações cruzadas são feitas por enzimas denominadas transpeptidases 76 OUT/01 REÇÃO DE TRANSPEPTIDAÇÃO 77 OUT/01 A molécula de um betalactâmico é muito semelhante ao resíduo de D-alanil-D-alanina terminal do penta- peptídio ligado ao NAM. Isto permite a ligação do antibiótico à transpeptidase, inibindo sua capacida- de de efetuar as ligações cruzadas. 78 OUT/01 Na presença do antibiótico, as ligações cruzadas não podem ser feitas 79 OUT/01 As transpeptidases têm por função a rea- lização das pontes cruzadas da mureína. Acidentalmente, têm afinidade por anti- bióticos betalactâmicos, e sua ligação a estes compostos é irreversível. Uma vez que estas enzimas podem ligar- se às penicilinas, elas também são denominadas de Proteínas Ligadoras de Penicilinas (PLPs) 80 O QUE ACONTECE COM A BACTÉRIA? Em geral, o citoplasma bacteriano é muitohi-pertônico em relação ao meio onde estão as células A ausência das ligações cruzadas leva à sínte-se de um tipo de mureína incapaz de evitar a lise osmótica das bactérias MAI/2015 81 OUT/01 A lise osmótica não ocorre se a parede celular (mureína) estiver íntegra 82 OUT/01 Na presença de inibidores da síntese da mureína, a parede celular é frágil e a célula é suscetível à lise osmótica 83 AÇÃO DOS BETALACTÂMICOS Todos os betalactâmicos inibem as PLPs Cada espécie de bactéria apresenta em média de 3 – 6 PLPs distintas, necessárias para a biossíntese da mureína Outro mecanismo de ação dos betalactâmicos é a ativação de enzimas autolíticas que costu-mam estar presentes nas paredes celulares bacterianas MAI/2015 84 A função das “enzimas autolíticas” é remodelar a mureína, ou seja, elas participam do processo de quebra do glicopeptídio já formado, para inserção das subunidades que chegam para o posicionamento em seus devidos lugares. RESISTÊNCIA AOS BETALACTÂMICOS Produção de beta-lactamases Pode ser decorrente da aquisição de plasmídio Modificação de uma PLP Causada por mutação Aquisição de uma nova PLP Por conjugação ou transdução Ex.: MecA Outros mecanismos MAI/2015 85 AÇÃO DE UMA BETA-LACTAMASE Se a enzima atua sobre uma penicilina, ela é uma penicilinase; se atua numa cefalosporina, é uma cefalosporinase; se for sobre um carbapenêmico, a enzima é uma carbapenemase. Beta-lactamases que atuam sobre uma gama muito ampla de compostos betalactâmicos são chamadas de betalactamases de espectro estendido ou ESBL (extended-spectrum beta lactamases). 86 COMO FUNCIONAM OS GLICOPEPTÍDICOS? Os antibióticos glicopeptídicos mais impor-tantes atualmente são vancomicina e teicopla-nina Estas drogas formam complexos com o resí-duo terminal de D-ALA do pentapeptídio, in-terferindo, assim, na formação das ligações cruzadas. Observe que estes antibióticos não interagem com as PLPs MAI/2015 87 OUT/01 Vancomicina 88 RESISTÊNCIA AOS GLICOPEPTÍDICOS Nas células resistentes, a última alanina do pentapeptídio precursor é substituída por ácido láctico e, assim, não há ligação adequada com o antibiótico. Ocorre a transpeptidação. 89 OUT/01 OUTRAS DROGAS Bacitracina, ciclosserina e fosfomicina ini-bem etapas precoces da síntese da mureína Esta estrutura precursora da mureína é sintetizada dentro do citoplasma 90 Os antibióticos citados neste slide inibem as etapas iniciais de montagem do dissacarídio-pentapeptídio, dentro do citoplasma bacteriano. Estas drogas têm um emprego muito limitado na clínica, se comparamos ao uso dos outros inibidores da síntese da mureína. MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS B) Interferência nas funções da membrana Poliênicos Nistatina Anfotericina B Imidazóis Triazóis Polimixinas Colistina Antifúngicos Antibacterianos MAI/2015 91 OUT/01 ergosterol porina Íons K+ Antibiótico poliênico Meio Citoplasma 92 OUT/01 14--ergosterol 14--desmetilase ergosterol Membrana Imidazóis Triazóis 93 Os compostos chamados imidazólicos e triazólicos interferem nas funções da membrana dos fungos, mas por um mecanismo diferente daquele mostrado para os poliênicos. Eles bloqueiam a síntese de ergosterol. Há acúmulo de metil-esteróis e isto atrapalha o empacotamento das caudas apolares dos fosfolipídios da membrana. O resultado é a inibição do fungo, no mínimo. MECANISMOS DE RESISTÊNCIA Aos poliênicos Membrana deficiente em ergosterol Diminuição do ergosterol e surgimento de outros este-róis Outros mecanismos/Mecanismo desconhecido MAI/2015 94 MECANISMOS DE RESISTÊNCIA Aos compostos azólicos Alterações nas enzimas-alvo Superprodução das enzimas-alvo Diminuição da permeabilidade às drogas Ativação de bombas de efluxo Diminuição do conteúdo de ergosterol Colocação de outros tipos de esteróis na membrana MAI/2015 95 MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS C) Interferência na síntese proteica Aminoglicosídios Tetraciclinas Macrolídios Cloranfenicol Lincosamidas MAI/2015 96 MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS Interferência na síntese proteica Estas drogas atuam por meio de um ou mais dos se-guintes mecanismos: Bloqueio do complexo de iniciação Desvio do quadro de leitura Síntese de proteína errada Introdução precoce de um códon de parada Bloqueio da entrada do RNAt-aminoacil ativado Inibição da elongação da cadeia polipeptídica Desmonte dos polissomos MAI/2015 97 Complexo de iniciação normal Subunidade 30S 5’------------------------- AUG ----------------------- 3’ UAC IF3 Met IF2 MAI/2015 98 OUT/01 Subunidade 30S RNAm RNAt Proteína receptora de antibiótico IF3 IF2 Complexo de iniciação normal 99 IF3 IF2 100 OUT/01 Bloqueio da formação do complexo de iniciação IF3 IF2 101 OUT/01 Desvio do quadro de leitura Próximo códon 102 OUT/01 Bloqueio da entrada do RNAt-aminoacil 103 OUT/01 Reação de elongação normal 104 OUT/01 Bloqueio da reação de elongação 105 OUT/01 A síntese protéica normal depende da presença, na subunidade ri- bossômica 50S, de uma molécula de RNAr de 23S RNAr 23S 106 OUT/01 Devido à sua conformação es- pacial e natureza química, a molécula de RNAr 23S serve de receptor para os antibióti- cos macrolídicos, como a eri- tromicina Eritromicina RNAr 23S 107 OUT/01 O macrolídio interfere na reação de elongação e promove a dissociação do RNAt-peptidil, interrompendo, assim, a síntese protéica Eritromicina RNAr 23S RNAt-peptidil 108 MECANISMOS DE RESISTÊNCIA Aos antibióticos inibidoras da síntese protei-ca Alteração do receptor da droga MUTAÇÃO OU RECOMBINAÇÃO Diminuição da permeabilidade celular MUTAÇÃO OU RECOMBINAÇÃO Modificação enzimática da droga RECOMBINAÇÃO OU AQUISIÇÃO DE PLASMÍDIO MAI/2015 109 MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS D) Bloqueio da síntese dos ácidos nucleicos Do RNA A rifampicina bloqueia a ação da RNA-polimerase bacteriana Do DNA As quinolonas bloqueiam a DNA-girase bacteriana MAI/2015 110 MECANISMO DE RESISTÊNCIA Rifampicina A bactéria produz uma subunidade β de RNA-polimerase sem afinidade pelo fármaco Quinolonas A bactéria produz uma subunidade de DNA-girase sem afinidade pela droga MAI/2015 111 OUT/01 RESISTÊNCIA BACTERIANA Resistência intrínseca As células não possuem o alvo de atuação da droga, ou se encontram num estado metabólico refratário à ação da mesma EXEMPLO 1: os micoplasmas não apresentam parede celu-lar e são, por isso, naturalmente resistentes à ação de todos os compostos betalactâmicos EXEMPLO 2: as bactérias só sintetizam mureína durante o crescimento exponencial. Caso este polímero não esteja sendo sintetizado (fase estacionária), as células não são afetadas pe-los compostos betalactâmicos 112 OUT/01 RESISTÊNCIA BACTERIANA Resistência adquirida É detectada clinicamente na seguinte situação: Um esquema posológico reconhecidamente capaz de erradicar um processo infeccioso não mais apresenta o efeito desejado, ou seja, não ocorre a cura Observemos que, nesta situação, uma droga X – que vinha sendo usada com sucesso no tratamento de uma infecção causada pelo germe Y – não permite mais a eliminação do micróbio 113 OUT/01 RESISTÊNCIA BACTERIANA Resistência adquirida Na resistência adquirida, em geral os clínicos observam que o micróbio não pode ser erra-dicado mesmo quando doses maiores do me-dicamento são prescritas 114 OUT/01 EXPLICAÇÃO DO FENÔMENO O antibiótico chega ao sítio da infecção Neste local, as moléculas permanecem por um certo período, numa determinada concentração As moléculas do antibiótico entram nas células bac-terianas e vão atingir alvos específicos 115 OUT/01 EXPLICAÇÃO DO FENÔMENO Se a concentração intracelular é adequada, ocorre a inativação de um processo fisiológico específico O resultado é a inibição da proliferação do germe (efeito microbiostático) ou a morte do mesmo (efei-to microbicida) 116 A DROGA ANTIMICROBIANA ELIMINA APENASAS CÉLULAS SENSÍVEIS!! OUT/01 OUT/01 As moléculas do antibiótico chegam ao sítio da infecção 118 OUT/01 O antibiótico penetra na célula bacteriana Dentro da célula existe uma certa concentração da droga 119 RESISTÊNCIA AO FÁRMACO Se na população já existe uma célula resisten-te ao antibiótico, ela é selecionada quando a droga é empregada Observemos que a resistência é para a con-centração final atingida dentro da célula e que esta concentração depende do esquema posológico que foi adotado MAI/2015 120 OUT/01 121 OUT/01 122 OUT/01 123 OUT/01 124 OUT/01 Por que esta célula é resistente?? 125 OUT/01 Uma das causas da resistência é a diminuição da per- meabilidade à droga. Freqüentemente, este efeito é decorrente da presença de permeases (porinas) que transportam muito mal a droga. Bactéria sensível Bactéria resistente 126 MECANISMOS FENOTÍPICOS DE RESISTÊNCIA (1) Inativação enzimática da droga Produção de betalactamases (resistência aos betalac-tâmicos) Produção de cloranfenicol-acetiltransferase (resistên-cia ao cloranfenicol) Produção de acetilases, adenilases e fosforilases (resis-tência aos aminoglicosídios) MAI/2015 127 OUT/01 Benzilpenicilina (penicilina G) -aminobenzilpenicilina (ampicilina) Ligação clivada pelas betalactamases A ruptura desta ligação torna o antibiótico inativo 128 Existem muitos tipos de betalactamases e este tema não pode ser abordado aqui. Algumas betalactamases, capazes de atuar sobre uma gama ampla de compostos betalactâmicos (incluindo penicilinas e cefalosporinas, por exemplo) são denominadas betalactamases de espectro estendido ou ESBL (que significa a mesma coisa, em inglês). MECANISMOS FENOTÍPICOS DE RESISTÊNCIA (2) Diminuição da concentração intracelular da droga Diminuição da permeabilidade à droga Aumento do bombeamento da droga para fora da cé-lula Pela combinação destes dois mecanismos 129 MECANISMOS FENOTÍPICOS DE RESISTÊNCIA (3) Alteração do receptor da droga Metilação do RNAr 23S > resistência aos macrolídios Alterações nas proteínas ribossômicas receptoras de aminoglicosídios, cloranfenicol e tetraciclinas Alterações na subunidade da RNA-polimerase, ge-rando uma molécula sem afinidade pela rifampicina Alterações da DNA-girase, produzindo moléculas sem afinidade pelas quinolonas 130 MECANISMOS FENOTÍPICOS DE RESISTÊNCIA (4) Aquisição de um novo receptor O gene mecA de Staphylococcus aureus codifica uma PLP sem afinidade pelos betalactâmicos Este gene provavelmente foi adquirido de outra es-pécie de bactéria Os estafilococos dourados que abrigam o gene mecA são resistentes a todos os compostos betalactâmicos e descritos em inglês como MRSA (methicilin-resistant Staphylococcus aureus) MAI/2015 131 Os medicamentos alternativos para tratar infecções por MRSA são usualmente as drogas glicopeptídicas (vancomicina ou teicoplanina). MECANISMOS GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA Como aparecem os genes responsáveis pela resistência? Por mutação Por recombinação genética, decorrente de Transformação Conjugação Transdução Por aquisição de plasmídios Presença de transposons MAI/2015 132 COMO EVITAR A RESISTÊNCIA Na prática clínica, antes de prescrevermos um antibiótico ou quimioterápico, temos que conhecer a sensibilidade do germe Para isto, o microrganismo é isolado a partir do foco infeccioso (se possível) e identifica-do MAI/2015 133 COMO EVITAR A RESISTÊNCIA A identificação é importante para a escolha das drogas a serem testadas Um teste laboratorial denominado antibio-grama (ou TSA = teste de sensibilidade a an-timicrobianos) é solicitado 134 OUT/01 ANTIBIOGRAMA É um teste “in vitro” que nos permite saber o grau de sensibilidade de um germe aos anti-bióticos e quimioterápicos O teste é solicitado em certas situações (veja no próximo slide) 135 ANTIBIOGRAMA Trata-se de um germe cuja sensibilidade a drogas é desconhecida (vg, agente novo) Não é possível prever a sensibilidade da bactéria (vg, clones resistentes) Um tratamento em curso não produz o efeito desejado MAI/2015 136 ANTIBIOGRAMA - METODOLOGIA Há várias técnicas para a realização de testes de sensibilidade As mais usadas na atualidade são as de: Disco-difusão Diluição E-Test MAI/2015 137 ANTIBIOGRAMA - METODOLOGIA O método de difusão é muito usado, devido à facilidade de execução, baixo custo e confiabilidade (vide normas do CLSI = Clinical Laboratory Stan-dards Institut) O método de diluição (já adaptado à automação) é cada vez mais empregado e permite a obtenção da CIM, dado de grande utilidade clínica MAI/2015 138 MAI/2015 ANTIBIOGRAMA POR DISCO DIFUSÃO 139 COMBATE À RESISTÊNCIA Lave as mãos Imunize Conheça os perfis de resistência locais Não trate infecções virais com antibióticos Não use a droga de mais amplo espectro disponível Solicite antibiogramas Trate durante o menor tempo possível Não use vancomicina, a menos que seja obrigado Eduque e permaneça educado > ESTUDE!! MAI/2015 140
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