Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Gabriela Gomes – Resumo NP2 – NEURO RESUMO NP2 NEUROCIÊNCIAS NEUROPSICOLOGIA I – ÁREAS CORTICAIS O córtex cerebral é a parte do cérebro de evolução mais recente, associado a funções cognitivas complexas. Já a mente humana é um sistema complexo de processos em interações que gera, codifica, transforma e manipula informações de diversos tipos. Historicamente, vários estudos foram feitos a respeito do funcionamento cerebral e localização da mente humana, e o desenvolvimento da neuropsicologia acompanhou a evolução desses estudos. ARISTÓTELES E A HIPÓTESE CARDÍACA Na Antiguidade, essa era uma das hipóteses mais famosas que dizia que a mente estava associada ao coração. Os egípcios chegavam a embalsamar o coração dos mortos e jogar o cérebro fora, e os indianos e chineses sustentavam crenças semelhantes. Datado na época a.C, para Aristóteles o coração era a base da mente, enquanto que o cérebro uma espécie de radiador que resfriava a temperatura sanguínea. Ele defendeu a hipótese cardíaca com apoio da Igreja HIPÓCRATES E O CÉREBRO Também do período a.C, descreveu o cérebro como a localização da mente, e provou que ele originava as sensações, os movimentos e os juízos. Naquela época acreditava-se que convulsão nada mais era do que um espírito entrando no corpo, por isso era feito um furo no crânio para que o espírito “saísse”, já que era considerado como uma espécie de vapor. Até então, realizar necropsias era proibido, por isso o estudo do cérebro fosse em certo ponto limitado. GALENO E A HIPÓTESE VENTRIULAR Já d.C, quando era permitido fazer necropsia, Galeno realizou vários experimentos com o cérebro e propôs uma das primeiras teorias do funcionamento cerebral, que dizia que espíritos animais habitavam a mente. Esses espíritos eram, armazenados nos ventrículos cerebrais, e quando necessário, moviam músculos e transmitiam informações sensoriais do corpo para o cérebro. DESCARTES E O DUALISMO CARTESIANO Além de dissecações, Descartes usou da lógica para compreender o cérebro, desenvolvendo a primeira teoria influente de que o corpo/cérebro e a mente eram separados, porém, interligados. O corpo seria uma máquina orgânica governada pelo reflexo, que ele definia como uma unidade de ação mecânica, previsível e determinista. Por isso, o cérebro seria importante para o trabalho mecânico, mas a atividade mental dependeria da alma. E sua teoria de que o corpo/cérebro e a mente eram interligados pela glândula pineal ficou conhecida como interacionismo. Mas ela foi por água abaixo quando cientistas e médicos notaram evidências de que seres humanos com lesões na glândula pineal tinham mentes perfeitamente saudáveis. GALL E A FRENOLOGIA No século XVII, estava praticamente estabelecido que o cérebro controlava as funções do corpo, e a partir daí surgiu a ideia de relacionar estruturas com funções cerebrais. De acordo com Gall, se essas funções fossem bem desenvolvidas, as áreas correspondentes a elas formariam proeminências, e a observação dessas proeminências levaria a determinar diferenças individuais nas faculdades humanas. A NEUROLOGIA DO SÉCULO XIX A neurologia deste século foi dominada por duas visões, a localizacionista (funções específicas em áreas específicas) e a holista (o cérebro funciona como um todo). AS TEORIAS LOCALIZACIONISTAS DE BROCA E WERNICKE Broca foi o primeiro a convencer o mundo médico de que a função cerebral era localizada, ao atender feridos de guerra e notar que lesões do lado esquerdo do hemisfério cerebral estariam relacionadas à produção da fala. Mais tarde, Wernicke descreveu casos em que a porção posterior do giro temporal esquerdo resultava na perda de capacidade de entendimento da fala audível, área que ficou conhecida como área de Wernicke. Dessa forma, enquanto a área de Broca era responsável pela expressão da linguagem, contendo os programas motores da fala (movimentos das cordas vocais, língua e boca), a área de Wernicke continha as representações auditivas da palavra; ligada a compreensão da linguagem. Perda de expressão da fala = afasia de Broca/expressão Perda da compreensão da linguagem = afasia de compreensão ÁREAS CORTICAIS Áreas do mesmo lobo se ligam por internúncios (fibras internunciais); áreas de lobos diferentes por fibras associativas. Já fibras projetivas começam no córtex e vão até as periferias do corpo. 2 Gabriela Gomes – Resumo NP2 – NEURO LOBO FRONTAL A- Giro pré-central (4 – movimentos motores voluntários) B- Giro frontal superior (6 e 8 – movimentos motores automáticos) C- Giro frontal de Broca (44, 45 – únicas áreas unilaterais, correspondem à parte cognitiva da fala e escrita. Lesão = afasia de expressão) D- Giro pré-frontal (9, 10, 11 – consciência e intelectualidade, hemisfério direito abstrato, hemisfério esquerdo empírico) LOBO PARIETAL A- Giro pós-central (3, 1, 2 – sensação) B- Giro parietal superior (5 – gnosia) C- Giro parietal inferior (7) D- Final do pós-central (43 – paladar e gustação) LOBO TEMPORAL A- Giro temporal superior (41, 42, 22 – a 41 recebe informação auditiva, 42 e 22 interpretam, fechando a gnosia) B- Giro temporal médio (Wernicke – precisão do estímulo auditivo: discrimina o som sem precisar enxergar de onde veio, por exemplo ao diferenciar voz de mulher e de homem fora do campo de visão) C- Giro temporal inferior *Amusia: incapacidade de reconhecer notas musicais LOBO OCCIPITAL Não tem giro, apenas áreas Área 17 (recebe informação visual), áreas 18 e 19 interpretam, fechando a gnosia. Visão envolve: movimento, objeto e cor. FUNCIONAMENTO ÁUDIO-VERBAL (ALGUÉM ME FAZ UMA PERGUNTA E EU RESPONDO) 41 (ouvi) 42, 22 (gnosia - interpretei) Wernicke (associei) 44, 45 (centro cognitivo da fala – ordenei o discurso) 9, 10, 11 (hemisfério direito ou esquerdo) 4 (início da fala) 6, 8 (continuidade da fala) FUNCIONAMENTO VISO-VERBAL (ALGUÉM ESCREVE PARA MIM E EU ENVIO UM ÁUDIO) 17 (vi) 18, 19 (gnosia - interpretei) 39 (associei) 44, 45 (centro cognitivo da fala – ordenei o discurso) 9, 10, 11 (hemisfério direito ou esquerdo) 4 (início da fala) 6, 8 (continuidade da fala) FUNCIONAMENTO SENSO-VERBAL (BRAILE PARA DEFICIENTES VISUAIS) 3, 1, 2 (tato - recebe a informação) 5, 7 (gnosia - decodifica) 40 (associa) 44, 45 (centro cognitivo da fala - ordena o discurso) 9, 10, 11 (hemisfério direito ou esquerdo) 4 (início da fala) 6, 8 (continuidade da fala) FIM DA AULA (22/10) NEUROPSICOLOGIA II – ÁREAS DE LÚRIA Para Lúria, áreas que recebem e emitem informações são chamadas primárias, já áreas que fazem o reconhecimento das informações são secundárias (gnozes). PRIMÁRIAS A- 3, 1, 2 B- 17 C- 41 D- 4 E- 6, 8 SECUNDÁRIAS A- 5, 7 B- 18, 19 C- 42, 22 D- 43 (é secundária porque interpreta, mas também é uma área primária) TERCIÁRIAS A- Wernicke B- 39 C- 40 D- 44, 45 3 Gabriela Gomes – Resumo NP2 – NEURO ÁREAS NOBRES I Nós temos três cérebros (triúnico): Reptiliano: instintivo (proteção, alimentação, reprodução); Sistema límbico: emocional; o giro do cíngulo está acima dessa região, responsável pelas emoções obres, e o giro parahipocampal encontra-se um pouco abaixo, responsável pelas emoções menos nobres. Cortical: pensante. *Quanto mais longe o cérebro estiver do córtex pensante, menos influência sofrerá. O reptiliano é o mais distante, por isso “agimos sem pensar”, ou seja, pelo instinto. *Quando a emoção parte do sistema límbico, às vezes é mediada pelo córtex. - O diencéfalo é formado pelo tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo.É chamado de diencéfalo porque as duas primeiras estruturas são as mais importantes; - O hipocampo é a estrutura ligada à memória e ele é bilateral. Áreas nobres estão localizadas dentro da massa branca TÁLAMO A- Recepção (de estímulos exógenos e endógenos) B- Filtração C- Distribuição 90% dos estímulos são deletados e não chegam ao corpo. A primeira função do tálamo é a de captação desses estímulos, a segunda é a filtração, em que ele seleciona os estímulos mais importantes e os encaminha para as áreas responsáveis por eles. São três pontos de recepção: visual (área 17), auditivo (área 41) e sinestésico (áreas 3, 1, 2). TIPOS DE MEMÓRIA A- Sensorial - receptor B- Curto prazo - istmo C- Longo prazo - corpo D- Semântica (história de vida) E- Episódica (um capítulo da vida) F- Seletiva G- Encobridora (camufla memórias recalcadas, acredito que vivi algo que eu não vivi) *Bebês só têm memória sensorial TIPOS DE AMNÉSIA A- Anterógrada (esquece memórias depois do trauma - filme “Como se fosse a primeira vez”) B- Retrógrada (esquece memórias de antes do trauma) C- Seletiva (esquece de um determinado fato) FIM DA AULA (29/10) NEUROPSICOLOGIA III E IV – ÁREAS NOBRES II E III HIPOTÁLAMO A- Homeostase orgânica B- Homeostase emocional O hipotálamo é a junção do soma com a psique. Quando estamos em conflito (diante de 2 opções contraditórias), uma energia chamada de entropia sobe para o hipotálamo, e se for muita, ele a encaminha para o SARA, que a manda para o sistema nervoso autônomo, ocorrendo um processo que chamamos de alostase (quando a homeostase orgânica é quebrada para equilibrar a homeostase emocional – sacrificando o físico em prol do psíquico). ESQUEMA Córtex Sistema límbico Hipotálamo (efetor das emoções) SARA Sistema nervoso autônomo Parassimpático Simpático Doenças do sentir Acetilcolina - pulmão e estômago Doenças do pensar Noradrenalina - coração, cérebro, artérias *Ser mais polinérgico (AC) ou mais noradrenérgico (NA) é um fator que vem da família SARA (SISTEMA ATIVADOR RETICULAR ASCENDENTE) É uma rede que se espalha por todo o córtex, responsável pela vigília e pelo sono REM e não REM. De manhã ativa a parte motora do corpo, de noite desativa a mesma. Durante a vigília: A- Exterocepção: voltada para fora do corpo – atenção principal e atenção secundária/reflexa; B- Interocepção: voltada para dentro do corpo; C- Introspecção: confabulação com nós mesmos O SARA também desbloqueia a área 4. 6 e 8 não, pois são áreas responsáveis pela motricidade automática, então pararíamos de respirar. Corpo Istmo Hipocampo 4 Gabriela Gomes – Resumo NP2 – NEURO SONO REM Conhecido por paradoxo do sono, quando o córtex está em pleno funcionamento (frequência respiratória e cardíaca aumenta, metabolismo alto, movimento rápido dos olhos), enquanto que o corpo (músculos), em estado de relaxamento total. Dura cerca de 20 minutos por período e é aqui que os sonhos acontecem. Para a neurociência, o sonho é o momento de restruturação neural, já para a psicanálise, se traduz em realização disfarçada dos nossos desejos; o sonho que relatamos é chamado de conteúdo manifesto, e aquilo que está encoberto por trás do manifesto é o conteúdo latente. Quanto mais angustiante for o manifesto, pior é o latente. SONO NREM É quando acontece o descanso profundo de fato, e diminuição da atividade neural. SISTEMA LÍMBICO Responsável pelas emoções. VISÃO DA PSICANÁLISE 1ª tópica de Freud Consciente Pré-consciente Inconsciente No consciente está aquilo que eu sei; O pré-consciente é o crepúsculo, está entre a luz e a noite. É aqui que grande parte das memórias é encontrada, e consta aquilo que eu posso saber; No inconsciente está aquilo que eu não tenho acesso no momento. O que é recalcado não deixa rastros na consciência, o que é reprimido sim. Um trauma recalcado não quer dizer “inativo”, ele pode sair do inconsciente, mas de forma disfarçada, como através de sonhos, características no caráter ou sintomas (angor - angústia). A angústia, para Freud, tem três destinos: A- Psique (química do cérebro – ansiedade, fobias, pânico, depressão) B- Soma (somatização de doenças) Doenças dos estados de alerta Ocorrem mudanças de função sem lesão (variação da pressão arterial, dor de estômago) Doenças dos estados afetivos Já tem a inscrição da doença no corpo (pressão alta, úlcera, asma) Doenças dos estados imunológicos AVC, derrame, câncer C- Espiritual (CID10). FIM DAS AULAS (05 E 12/11) ESTUDOS DE CASO PHINEAS GAGE Phineas Gage foi o caso que inaugurou a neuropsicologia, pois tornou evidente a ligação entre uma lesão cerebral e uma limitação da racionalidade. Em um acidente de trabalho, uma barra de ferro perfurou seu crânio, entrando por debaixo do olho esquerdo e saindo pelo topo da cabeça. Ele sofreu alterações comportamentais decorrentes dessa lesão frontal, em que áreas lesionadas foram 9, 10, 11, no giro pré-frontal, áreas correspondentes a consciência, intelectualidade, planejamento e também relativas aos processos decisórios e comportamento ético. Phineas mudou completamente, passando a ser irritadiço, grosseiro, profano, irreverente e impaciente diante de conselhos que seus amigos lhe davam. HENRY MOLAISON Uma queda quando criança danificou seu cérebro de modo irreparável, o que acarretou em um quadro de epilepsia severa. Um médico então queimou todo o seu hipocampo, que era o responsável por gerar o glutamato, substância que em excesso, causava as convulsões. De início, após a cirurgia estava tudo bem com Henry, mas ele começou com episódios de esquecimento, indicando uma amnésia anterógrada. Ele não conseguia mais criar novas memórias. O hipocampo, que transformava memórias de curto prazo em longo prazo, após retirado, fez com que isso não fosse mais possível. Além disso, o procedimento também provocou a amnésia retrógrada, com menos severidade, pois Henry só conseguia se lembrar com clareza de fatos ocorridos até 3 anos antes da cirurgia. Passaram a realizar uma atividade com Henry todos os dias: ele tinha que contornar uma estrela olhando num espelho, não diretamente no papel, e embora todos os dias eram “como se fosse a primeira vez”, o seu corpo se lembrava do que sua mente não poderia lembrar, e cada dia ele se saía melhor na tarefa. Isso contribuiu com um novo entendimento da neurociência acerca de dois tipos de memória: a procedural (capacidade de lembrar de procedimentos não declaráveis, que podemos fazer, embora sem saber explicar como – andar de bicicleta, dirigir) e a declarativa (coisas que você é capaz de declarar – lugares que foi, coisas que disse). 5 Gabriela Gomes – Resumo NP2 – NEURO CLIVE WEARING Clive contraiu uma infecção cerebral que danificou seu lobo temporal médio, e como consequência ficou com uma capacidade de recordar apenas os eventos ocorridos 10 segundos antes. O curioso é que sua habilidade musical permaneceu intacta, ele conseguia ler partituras, tocar piano e até reger seu antigo coral. Esse caso sugere que a memória musical pode ser armazenada de forma independente do lobo temporal médio. Um caso semelhante estudado foi o de um rapaz que contraiu a mesma infecção que Clive, mas a lesão foi no giro temporal superior, e ele perdeu toda a sua memória musical. Cientistas sugeriram então, que as estruturas do cérebro usadas para armazenar memória musical devem ser o giro temporal superior ou os lobos frontais. A novidade no caso da amnésia de Clive foi que mesmo com essa perda severa de memória, aindaexistam ilhas de memória intactas.
Compartilhar