Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. I – DO DIREITO ADMINISTRATIVO MILITAR 1) Conceitos importantes O Direito Administrativo é um ramo do Direito, constituído por um conjunto de normas e princípios que regem a Administração Pública, constituída por órgãos postos a serviço do Governo para a consecução dos objetivos políticos. O Direito Administrativo Disciplinar é o campo do Direito Administrativo que regula relações do Estado com seus servidores, isto é, regula a ordem interna do serviço público, as relações que o Estado mantém com os seus servidores, a conduta destes, bem como cuida da apuração das faltas cometidas por tais agentes e da aplicação das respectivas sanções, de modo a viabilizar o bom funcionamento da máquina administrativa. O Direito Administrativo Disciplinar Militar é mais especifico ainda, porque os militares possuem regime jurídico próprio, e sua carreira está regulada por diversas normas disciplinares, mesmo nas horas de folga. 2) Relações com outros ramos do Direito O Direito Administrativo se relaciona, de diversas formas, com vários ramos do Direito. Interessam para o nosso estudo em Direito Administrativo Disciplinar as relações com: Direito Constitucional – relação fundamentadora, pois a CF traz as linhas mestras da Administração. Direito Penal – relação reflexa, com vários bens tutelados penal e administrativamente. Direito Civil – originária, pois o Direito Administrativo é um desprendimento do Direito Civil Direito Processual - relação analógica, porque as disposições de normas processuais podem ser aplicadas na ausência de normas especificas do Direito Administrativo. O Novo Código de Processo Civil, em seu Art. 15, aduz que: Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente. Como exemplo, temos as regras para a publicação por edital no caso de revelia do policial militar submetido à Processo Administrativo Disciplinar. O Decreto n. 3.393/76, que regula o Conselho de Disciplina na PMAM, aduz em seu Art. 16 que: Art. 16. Aplicam-se a este Decreto, subsidiariamente, as normas do Código de Processo Penal Militar. Como exemplo, temos a realização do reconhecimento pessoal no PAD, ou a instauração do incidente de insanidade mental. POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. 3) Ilícito, sanção, direito administrativo disciplinar Define-se o ilícito como toda ação ou omissão que, descrita na hipótese normativa, constitua-se como o pressuposto de um ato de coerção estatuído no mandamento de tal norma (KELSEN, 1999, p. 124). O ilícito é gênero, do qual são espécies os ilícitos penal, civil, administrativo, trabalhista, conforme se considere a norma violada. O ilícito administrativo disciplinar, por sua vez, compreende toda ação ou omissão que envolva imputação de sanções a agentes administrativos, por se infringirem dispositivos contidos nos estatutos que disciplinam o regime jurídico de pessoal da entidade à qual o agente está vinculado (ARAÚJO, E., 1994, p. 27 e 100). [2] Faz-se necessário, ainda, recordar o conceito de sanção. Define-se esta, em sentido amplo, como toda consequência imputada pela norma a determinada conduta. Mister relembrar a existência das chamadas “sanções premiais”, que compreendem reações positivas a condutas conformes à norma. Sob tal conceito pode-se entender “(...) uma conduta face a um indivíduo, a qual geralmente é vista como um bem – conforme uma norma da ordem – que deve ser feito a um indivíduo que se conduziu de uma forma correspondente à ordem.” (KELSEN, 1986, p. 172). Em sentido estrito, tal como neste trabalho será tomada, sanção é a consequência onerosa de uma violação a uma prescrição normativa. Distinguem-se três tipos de sanção: a) penal – ônus imposto pela prática de ato tipificado como crime; b) civil – ônus que se dirige ao patrimônio de alguém, pelo descumprimento de uma norma; c) administrativa – ônus que recai sobre o vínculo específico entre sujeito e Administração, podendo ou não ter caráter patrimonial. SOBRE A INDEPENDÊNCIA DAS ESFERAS, VEJA-SE O QUE DIZ A LEI N. 3.278/08 Art. 3º. Pelo exercício irregular de suas atribuições, os servidores do Sistema de Segurança Pública respondem civil, penal e administrativamente, ficando sujeitos às respectivas sanções. Desta forma, podemos perceber que as esferas são independentes e o policial militar pode sofrer sanções independentes umas das outras. A independência entre esferas decorre da própria independência dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, um não podendo se imiscuir nas atribuições do outro, salvo o controle de legalidade dos atos administrativos feito pelo Judiciário, que será comentado mais à frente. Tomemos como exemplo o extravio de arma de fogo pertencente à PMAM. Antes de a sentença judicial que impuser pena (ilícito penal) transitar, o militar poderá ser punido após a devida apuração administrativa por meio de Formulário de Apuração de Transgressão da Disciplina (ilícito administrativo) e ter de ressarcir o valor do armamento (ilícito civil), após a apuração por meio do Processo Administrativo de Ressarcimento. POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. 4) Fontes do Direito Administrativo Segundo o Professor Leonardo Torres (2015, p.1), as fontes do Direito Administrativo são as responsáveis diretas pela criação, elaboração e aperfeiçoamento de toda ciência administrativista, produzindo, aprimorando e até justificando, suas Leis, normas internas e decisões judiciais. Em se tratando do Direto Administrativo propriamente dito, é importante ressaltar, dentre outras, quatro principais espécies de fontes jurídicas: a Lei, a doutrina, a jurisprudência e os costumes. • A Lei – considerada em seu sentido amplo, porque a Constituição Federa é a principal fonte de Direito Administrativo. Outras leis, regulamentos, as instruções normativas, as resoluções e até mesmos as portarias expedidas pela Administração Pública, também, figuram como fontes jurídicas para o Direito Administrativo. • Doutrina – é a intepretação dada pelos juristas a questões jurídicas. • Jurisprudência – são as decisões reiteradas dos tribunais, com destaque para a Súmula Vinculante editada pelo STF, nos termos do Art. 103-A da Constituição Federal, que vinculara a Administração Militar. • Costumes – podem ser utilizados para preencher lacunas no objetivo do ato ou adaptá-lo à realidade social e política vigente, mas NUNCA revogam a lei em Direito Administrativo. 5) Interpretações do Direito Administrativo Frequentemente, não bastalermos o texto da lei e cumpri-lo. Diversos fatores, como a edição de novas normas, alterações no entendimento do alcance da lei, mudanças históricas e sociais, falhas legislativas e o contexto no qual determinado texto está inserido na lei ou foi criado, fazem com que seja necessário extrairmos da norma que temos em mãos o seu real significado. Para tanto, existem técnicas de interpretação que devem ser compreendidas pelo Administrador, e que reunidas constituem-se a ciência da interpretação, a Hermenêutica. São classificadas, resumidamente, conforme segue: Segundo o método: o Gramatical: é a interpretação literal da lei. Este método interpretativo é o inicial de toda norma escrita, ou seja, buscamos primeiro ele para compreender a norma. o Lógica: é a interpretação sistemática da lei. Procura o significado da norma encaixando-a na ordem jurídica vigente. o Teleológica: interpreta a norma procurando o fim almejado por ela. o Histórica: interpreta a norma avaliando o momento e os institutos vigentes quando ela foi criada. Segundo o agente do qual emana a interpretação e o veículo pelo qual ela se expressa: o Autêntica: emana do próprio legislador. o Doutrinária: autores de obras de direito e exposições de motivos das leis. o Jurisprudencial: reiteradas decisões judiciais sobre o tema. POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. Segundo o resultado a obter: o Declarativa: o significado extraído condiz com a formulação da norma. o Restritiva: o significado extraído reduz a amplitude da formulação da norma. o Extensiva: o significado extraído alarga a amplitude da formulação da norma. Observe, entretanto, que não há hierarquia entre essas técnicas interpretativas, deve se levar sempre em conta a melhor obediência ao Direito e o satisfatório alcance da Justiça. Além disso, deve-se também levar em conta princípios norteadores da atividade interpretativa, a saber: A supremacia do interesse público; A desigualdade entre Administração e administrado; A presunção de legitimidade do ato da Administração. E finalmente: o Administrador deve, quando na dúvida, seguir o sentido literal da lei. II – DOS PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO MILITAR 1) PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS Segundo ensinamento do Professor Alexandre Mazza (2014, p. 57), ao conceituar Direito Administrativo, afirmamos que é o ramo que estuda “princípios e normas”. Cabe aqui um esclarecimento. Os estudos clássicos sobre o ordenamento jurídico tendem a adotar a expressão “regra jurídica” como um gênero que com porta duas espécies: os princípios e as normas. Assim, a regra jurídica seria todo comando de conduta estabelecido pelo Direito. Tais regras, por sua vez, seriam de dois tipos: a) princípios – regras gerais norteadoras de todo o sistema jurídico; b) normas – comandos específicos de conduta voltados à disciplina de comportamentos de terminados. Prossegue ainda o ilustre mestre (2014, p. 57): autores mais modernos, entretanto, têm preferido abordar o problema de forma diversa15. Norma jurídica seria um gênero, dividido em duas espécies: a regra (norma específica disciplinadora de comportamentos específicos) e o princípio (regra geral de conteúdo mais abrangente do que o da norma). A divergência não tem grande importância prática, mas é preciso reconhecer que esta última forma de classificar os comandos jurídicos tem uma vantagem: reforçar a ideia de que, assim como as regras específicas, os princípios administrativos também são normas dotadas de força cogente capaz de disciplinar o comportamento da Administração Pública. Portanto, desde que não se questione a força cogente dos princípios jurídicos (possuem força cogente máxima), não faz diferença denominar os comandos mais específicos como normas ou regras (MAZZA, 2014, p. 57). Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello (2005, p. 115), a Administração Pública não poderá proceder contra alguém passando diretamente à decisão que repute cabível, pois terá, desde logo, o dever jurídico de atender aos mandamentos constitucionais: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. Princípios Gerais Características, segundo Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 208-294) Legalidade O princípio da legalidade é o postulado basilar dos Estados de direito. A rigor, é dele que decorre a própria qualificação de um Estado como "de direito": todos, sem exceção, estão sujeitos ao "império da lei"; ninguém - nem os particulares, nem os agentes públicos - pode agir de modo a contrariar o ordenamento jurídico. O princípio da legalidade é tido como o de maior importância no Direito Administrativo, pois é o que assegura que somente os atos que estão postos em lei serão formalmente executados pela Administração, é o que “só permite a instauração do processo administrativo com base na lei e para preservá-la” (GASPARINI, 2005, p. 859). Ao revés, poderá ocorrer a invalidação do processo administrativo, caso haja o desrespeito a esse princípio constitucional. Impessoalidade Os autores tratam do princípio administrativo da impessoalidade sob dois prismas, a saber: a) como determinante da finalidade de toda a atuação administrativa (também chamado princípio da finalidade, considerado um princípio constitucional implícito, inserido no princípio expresso da impessoalidade); b) como vedação a que o agente público se promova às custas das realizações da administração pública (vedação à promoção pessoal do administrador público pelos serviços, obras e outras realizações efetuadas pela administração pública). Moralidade O princípio da moralidade toma jurídica a exigência de atuação ética dos agentes da administração pública. A denominada moral administrativa difere da moral comum, justamente por ser jurídica e pela possibilidade de invalidação dos atos administrativos que sejam praticados com inobservância desse princípio. Publicidade O princípio da publicidade apresenta uma dupla acepção em face do sistema decorrente da Constituição de 1988, a saber: a) exigência de publicação oficial, como requisito de eficácia, dos atos administrativos que devam produzir efeitos externos e dos atos que impliquem ônus para o patrimônio público; b) exigência de transparência da atuação administrativa. O princípio da publicidade é aquele que ora exige, ora permite a publicação de todos os atos do processo administrativo. A exigência de tal publicação está concernente com outro princípio, o da transparência na execução de atos emanados pelo Poder Público. A permissão, todavia, deve ser observada ante a falta de impedimento na publicação desses atos, haja vista que poderá haver processo administrativo que em face do seu conteúdo recebem o crivo do segredo de justiça, de forma que talvez não todos, mas alguns atos praticados não poderão ser publicados,consoante se depreende da leitura do art. 5º, XXXIII, LX. . Concernente com essa norma está o entendimento de Gasparini (2005, p. 861), ao dizer que “salvo se o interesse público exigir o sigilo, o processo administrativo deve ser instaurado e se desenrolar com o estrito atendimento do princípio da publicidade”. POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. Eficiência A ideia básica é que os controles a que está sujeita a administração pública, e os métodos de gestão que utiliza, acarretam morosidade, desperdícios, baixa produtividade, enfim, grande ineficiência, em comparação com a administração de empreendimentos privados. Propõe-se, por essa razão, que a administração pública se aproxime o mais possível da administração das empresas do setor privado. É esse modelo de administração pública, em que se privilegia a aferição de resultados, com ampliação de autonomia dos entes administrativos e redução dos controles de atividades- meio (controles de procedimentos), que se identifica com a noção de "administração gerencial", a qual tem como postulado central exatamente o princípio da eficiência. 2) PRINCÍPIOS EXPRESSOS EM OUTRAS NORMAS Além da observância das norma constitucionais, o processo administrativo rege-se por princípios que estão insculpidos no âmbito do Direito Administrativo, e têm-se os princípios da legalidade objetiva, oficialidade, informalismo, publicidade, dentre outros (GASPARINI, 2005, p. 859). Alguns estão previstos na Constituição Federal, outros na Lei n. 3.278/08 (Regime Disciplinar dos Servidores do Sistema de Segurança Pública) e outros no Art. 2º da Lei n. 2.794/03 (regula o Processo Administrativo estadual). Veja-se: Art. 5º (...) da CF: LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação LEI N. 3.278/08 Art. 73. Os procedimentos administrativos disciplinares serão conduzidos com observância ao devido processo legal e, em especial, aos seguintes princípios: I - publicidade; II - ampla defesa; III- contraditório; IV - equidade; V - imparcialidade; VI - celeridade; VII - independência; VIII - economicidade; IX - serenidade; e X – justiça POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. LEI N. 2.794/03 Art. 2.º - A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, prevalência e indisponibilidade do interesse público, presunção de legitimidade, autotutela, finalidade, impessoalidade, publicidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, devido processo legal, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, boa-fé e eficiência. a) Oficialidade (Impulsão) Esse princípio atribui poder à Administração para instauração do processo administrativo, instrução, decisão e revisão das decisões nesse mesmo processo, independentemente de provocação do administrado ou do particular, possibilitando a responsabilidade do servidor no caso de omissão. Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2001, p. 500): “O princípio da oficialidade autoriza a Administração a requerer diligências, investigar fatos de que toma conhecimento no curso do processo, solicitar pareceres, laudos, informações, rever os próprios atos e praticar tudo o que for necessário à consecução do interesse público”. b) Informalismo moderado Normalmente, a ideia de processo, no âmbito judicial, pressupõe a utilização de certos procedimentos formais, cristalizados no interior do aparelho judicial. Em relação ao processo administrativo, no entanto, essa assertiva não se faz necessária, tendo em vista a própria natureza desse instrumento. Daí dizer-se que o P. A., sem deixar de cumprir méritos legalistas, desfaz-se de uma concepção arraigada em purismos formalistas e toma-se para si uma acepção mais informal, se comparado aos processos judiciais, de forma que o P. A. “caracteriza-se pela flexibilidade e menor formalismo que o processo judicial” (STF, RDA, 127:221, apud GASPARINI, 2005, p. 860). c) Verdade material Segundo esse princípio, a Administração pode valer-se de qualquer ato administrativo lícito para consecução de provas, também lícitas, com o objetivo de buscar a verdade dos fatos. Hely Lopes Meirelles (2000, p. 632) define o princípio da verdade material como: “O princípio da verdade material, também denominado da liberdade na prova, autoriza a Administração a valer-se de qualquer prova lícita de que a autoridade processante ou julgadora tenha conhecimento, desde que a faça trasladar para o processo. É a busca da verdade material (como realmente ocorreram os fatos) em contraste com a verdade formal (resulta do processo). Enquanto nos processos judiciais o juiz deve cingir-se às provas indicadas no devido tempo pelas partes, no processo administrativo a autoridade processante ou julgadora pode, até o julgamento final, conhecer de novas provas, ainda que produzidas em outro processo ou decorrentes de fatos supervenientes que comprovem as alegações em tela”. d) Garantia de defesa Essa garantia de defesa, segundo Hely Lopes Meirelles (2000, p. 633), que engloba a ampla defesa e o contraditório, deve ser entendida não só como a observância do rito adequado, mas também como a ciência ao interessado POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. sobre o processo, a oportunidade para contestar a acusação, produzir prova de seu direito, acompanhar os atos da instrução e utilizar-se dos recursos cabíveis. No curso do processo disciplinar é preciso assegurar ao acusado o acesso aos autos, a possibilidade de apresentar fundamentos, produzir provas testemunhais ou periciais, e, ao final, de conhecer os fundamentos e a motivação da decisão proferida. Contudo, cabe a Autoridade administrativa, a possibilidade de recusar a produção de provas tumultuárias e protelatórias. Nesse sentido, o entrelaçamento do exercício de defesa com o do contraditório é tão evidente que não se pode imaginar a existência de um sem o outro. SOBRE A AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO, DIZ A LEI N. 3.278/08: Art. 73. Os procedimentos administrativos disciplinares serão conduzidos com observância ao devido processo legal e, em especial, aos seguintes princípios: (...) II - ampla defesa; III- contraditório; (...) § 1º Nenhuma punição disciplinar será imposta sem que sejam assegurados o contraditório e a ampladefesa. § 2º Para fins de ampla defesa e do contraditório, são direitos do investigado: I - ter conhecimento e acompanhar todos os atos de apuração, julgamento, aplicação e cumprimento da punição disciplinar, pessoalmente, por meio de advogado constituído ou por defensor nomeado, nos termos da Lei; II - ser ouvido; III - produzir e requerer a produção de provas; IV - requerer e obter cópias de documentos necessários à defesa; V - contrapor-se, por intermédio de advogado, às acusações que lhe são imputadas; VI - arrolar testemunhas e reinquiri-las por intermédio do presidente do feito; VII - utilizar-se dos recursos cabíveis; VIII - adotar outras medidas necessárias ao esclarecimento dos fatos; e IX - conhecer de decisão que fundamente, de forma objetiva e direta, o eventual não acolhimento de alegações formuladas ou de provas apresentadas. e) devido processo legal Segundo o Professor Mazza (2014, p. 119) A norma disposta no art. 5º, LIV, da CF prescreve que a privação de liberdade ou de bens só poderá ser aplicada após o devido processo legal. Historicamente a garantia do devido processo legal foi repartida em um âmbito formal e em outro material (ou substantivo). Os dois aspectos clássicos do princípio são válidos no Direito Administrativo: a) devido processo legal formal: exige o cumprimento de um rito predefinido na lei como condição de validade da decisão; b) devido processo legal material ou substantivo: além de respeitar o rito, a decisão final deve ser justa, adequada e proporcional. Por isso, o devido POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. processo legal material ou substantivo tem o mesmo conteúdo do princípio da proporcionalidade. Outro apontamento importante: nos processos administrativos, busca-se a verdade real dos fatos, e não simplesmente a verdade formal baseada apenas na prova produzida nos autos. Nota-se que o princípio do devido processo legal (due process of law, segundo a tradição do direito norte-americano) integra três elementos relevantes: o caráter “legal”, o “processual” e o “devido”. O caráter “legal” aponta para a indispensável necessidade de que o rito decisório esteja fixado previamente e acima da vontade da autoridade administrativa, isto é, no âmbito da legislação. Trata-se de garantia imposta pelo Estado de Direito e fundamentada na Tripartição de Poderes, segundo a qual não cabe ao administrador público definir ele próprio qual o caminho a ser adotado no processo administrativo, mas tão somente seguir o trilho já determinado pela lei. Quanto ao caráter “processual”, a garantia do devido processo legal impede a Administração Pública de praticar atos “do nada”, “de súbito”. Do mesmo modo como o Legislativo e o Judiciário não podem criar leis ou dar sentenças sem observar um rito prévio, a Constituição de 1988 passou a exigir também do Poder Executivo a instauração de um processo antes da expedição de suas decisões (atos administrativos). Trata-se da chamada “legitimação” (MAZZA, 2014, p. 119) f) vedação de provas ilícitas Segundo artigo de André Leão (2014, p. 2), “a vedação de provas ilícitas se encontra consagrada no Art. 5º, LVI, da Constituição Federal. Este princípio limita o direito à prova, o qual é corolário dos direitos de ação, defesa e contraditório, também garantidos pela Carta Magna (art. 5º, LV). São ilícitas em sentido estrito as provas obtidas com violação a alguma norma ou princípio de direito material, isto é, conseguidas através de conduta para a qual o direito penal, civil ou administrativo, por exemplo, imponha para o infrator uma sanção de natureza também material, em geral visando proteger às liberdades públicas e o direito à intimidade. Seria o caso das provas obtidas com violação ao domicílio (art. 5º, XI, CF) ou das comunicações (art. 5º, XII, CF); as conseguidas mediante tortura ou maus tratos (art. 5º, III, CF); as colhidas com infringência à intimidade (art. 5º, X, CF), dentre outras. As provas ilegítimas, por sua vez, são aquelas obtidas com violação a norma de direito processual. Com relação a essas provas, a própria legislação processual apresenta dispositivos que tratam do destino que será dado a elas no processo, prevendo, em regra, o seu afastamento. Tem-se, portanto, uma sanção de natureza processual. Em nosso ordenamento jurídico, por força do art. 5º, LVI, da CF, há uma equiparação entre as provas ilegítimas e as provas ilícitas em sentido estrito, na medida em que se cumula a estas, além da sanção de direito material eventualmente cabível, uma sanção de natureza processual, isto é, sua inadmissibilidade. Nas palavras de Grinover, Scarance Fernandes e Gomes Filho: „... ao prescrever expressamente a inadmissibilidade processual das provas ilícitas, a Constituição brasileira considera a prova materialmente ilícita também processualmente ilegítima, estabelecendo desde logo uma sanção processual (a inadmissibilidade) para a ilicitude material‟”. g) razoável duração do processo Segundo Denise Hartmann (2008, p. 2), “não basta a tutela formal do direito. É necessário que sejam colocados à disposição os meios concretos que permitam que a norma venha atingir o efeito desejado – a efetividade do processo - com a consequente redução do prazo de duração entre o ajuizamento do pedido e a eficaz POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. prestação jurisdicional. A atual complexidade social, caracterizada pelo surgimento de novos direitos e, portanto, novas demandas, exige que o Estado esteja suficientemente preparado para enfrentar os desafios da sociedade contemporânea, de forma a garantir a plena efetivação dos direitos consagrados. O Estado deve preparar-se a fim de que possa atender as novas exigências que lhe são impostas, vindo a obter êxito no atendimento das demandas que lhe são dirigidas e garantindo aos cidadãos o livre acesso à justiça. Cumpre registrar que não se estabeleceu o que e quanto seria exatamente o prazo razoável de um processo. Segundo FRANCISCO FERNANDES DE ARAÚJO, seria a correta observação dos prazos, evitando as etapas mortas do processo, verbis: "Dilações indevidas, aqui, devem ser entendidas como "atrasos ou delongas que se produzem no processo por não observância dos prazos estabelecidos, por injustificados prolongamentos das etapas mortas que separam a realização de um ato processual do outro, sem subordinação a um lapso temporal previamente fixado, e, sempre, sem que aludidas dilações dependam da vontade das partes ou de seus mandatários". III – DAS OBRIGAÇÕES E DEVERES MILITAR " A carreira militar não é uma atividade inespecífica e descartável, um simples emprego, uma ocupação, mas um ofício absorvente e exclusivista, que nos condiciona e autolimita até o fim. Ela não nos exige as horas de trabalho da lei, mas todas as horas da vida, nos impondo também nossos destinos. A farda não é uma veste, que se despe com facilidade e até com indiferença, mas uma outra pele, que adere à própria alma, irreversivelmente para sempre". (Gen. Octávio Costa) A deontologia policial-militar é constituída pelos valores e deveres éticos, traduzidos em normasde conduta, que se impõem para que o exercício da profissão policial-militar atinja plenamente os ideais de realização do bem comum, mediante a preservação da ordem pública. Aplicada aos componentes da Polícia Militar, independentemente de posto ou graduação, a deontologia policial-militar reúne valores úteis e lógicos a valores espirituais superiores, destinados a elevar a profissão policial-militar à condição de missão. O militar estadual prestará compromisso de honra, em caráter solene, afirmando a consciente aceitação dos valores e deveres policiais-militares e a firme disposição de bem cumpri-los: Art. 31 - Todo cidadão, após ingressar na Polícia Militar mediante inclusão, matrícula ou nomeação, prestará compromisso de honra, no qual afirmará a sua aceitação consciente das obrigações e dos deveres policiais-militares e manifestará a sua firme disposição de bem cumpri-los. Art. 32 - O compromisso a que se refere o artigo anterior terá caráter solene e será prestado na presença de tropa, tão logo o policial-militar tenha adquirido um grau de instrução compatível com o perfeito entendimento de seus deveres como integrante da Polícia Militar, conforme os seguintes dizeres: "Ao ingressar na Polícia Militar do Amazonas, prometo regular a minha conduta pelos preceitos da moral, cumprir rigorosamente as ordens das autoridades a que estiver subordinado e dedicar-me inteiramente ao serviço policial militar, à manutenção da ordem pública e à segurança da comunidade, mesmo com o risco da própria vida". POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. A Ética militar é o conjunto de regras ou padrões que levam o militar a agir de acordo com o sentimento do dever, a honra pessoal, o pundonor militar e o decoro da classe. Ela impõe, a cada militar, conduta moral irrepreensível. Para melhor compreensão, deve-se observar as seguintes conceituações extraídas do Vade-Mécum de Cerimonial Militar do Exército - Valores, Deveres e Ética Militares (VM 10): 1. Sentimento do dever – refere-se ao exercício, com autoridade e eficiência, das funções que lhe couberem em decorrência do cargo, ao cumprimento das leis, regulamentos e ordens e à dedicação integral ao serviço. 2. Honra Pessoal – refere-se à conduta como pessoa, à sua boa reputação e ao respeito de que é merecedor no seio da comunidade. É o sentimento de dignidade própria, como o apreço e o respeito que o militar se torna merecedor perante seus superiores, pares e subordinados. 3. Pundonor Militar – refere-se ao indivíduo como militar e está intimamente relacionado à honra pessoal. É o esforço do militar para pautar sua conduta como a de um profissional correto, em serviço ou fora dele. O militar deve manter alto padrão de comportamento ético, que se refletirá no seu desempenho perante a Instituição a que serve e no grau de respeito que lhe é devido . 4. Decoro da Classe – refere-se aos valores moral e social da Instituição) e à sua imagem ante a sociedade. Representa o conceito social dos militares. POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. Os valores podem ser extraídos dos Art. 26 ao Art. 30 da Lei n. 1.154/75 (Estatuto da Polícia Militar), a saber: TÍTULO II DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES POLICIAIS-MILITARES CAPÍTULO I DAS OBRIGAÇÕES POLICIAIS-MILITARES SEÇÃO I DO VALOR POLICIAL-MILITAR Art. 26 - São manifestações essenciais do valor policial militar; I - o sentimento de servir à comunidade estadual, traduzido pela vontade inabalável de cumprir o dever policial-militar e pelo integral devotamento à manutenção da ordem pública, mesmo com o risco da própria vida; II - o civismo e o culto das tradições históricas; III - a fé na elevada missão da Policia Militar; IV - o espírito de corpo, orgulho do policial-militar pela organização onde serve; V - o amor à profissão policial-militar e o entusiasmo com que é exercida; e VI - o aprimoramento técnico-profissional. SEÇÃO II DA ÉTICA POLICIAL-MILITAR Art. 27 - O sentimento do dever o pundonor policial militar e o decoro da classe impõem, a cada um dos integrantes da Polícia Militar, conduta moral e profissional irrepreensíveis com observância dos seguintes preceitos da ética policial- militar: I - amar a verdade e a responsabilidade como fundamento da dignidade pessoal; II - exercer com autoridade, eficiência e probidade as funções que lhe couberem em decorrência do cargo; III - respeitar a dignidade da pessoa humana; IV - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as instruções e as ordens das autoridades competentes; V - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na apreciação do mérito dos subordinados; VI - zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual, físico e, também, pelo dos subordinados, tendo em vista o cumprimento da missão comum; VII - empregar todas as suas energias em benefício do serviço; VIII - praticar a camaradagem e desenvolver permanentemente o espírito de cooperação; IX - ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua linguagem escrita e falada; X - abster-se de tratar, fora de âmbito apropriado de matéria sigilosa relativa à Segurança Nacional; XI - acatar as autoridades civis; XII - cumprir seus deveres de cidadão; XIII - proceder de maneira ilibada na vida pública e na particular; XIV - observar as normas da boa educação; XV - garantir assistência moral e material ao seu lar e conduzir-se como chefe de família modelar; XVI - conduzir-se, mesmo fora do serviço ou na inatividade, de modo POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. que não sejam prejudicados os princípios da disciplina, do respeito e do decoro policial-militar; XVII - abster-se de fazer uso do posto ou da graduação para obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para encaminhar negócios particulares ou de terceiros; XVIII - abster-se o policial-militar na inatividade do uso das designações, hierárquica quando: a) em atividades político-partidárias; b) em atividades comerciais; c) em atividades industriais; d) para discutir ou provocar discussões pela imprensa a respeito de assuntos políticos ou policiais-militares, excetuando-se os de natureza exclusivamente técnica, se devidamente autorizado; e e) no exercício de função de natureza não policial-militar, mesmo oficiais. XIX - zelar pelo bom nome da Polícia Militar e de cada um dos seus integrantes, obedecendo e fazendo obedecer aos preceitos da ética policial- militar. Art. 28 - Ao policial-militar da ativa, ressalvado o disposto no parágrafo 2º e 3º, é vedado comerciar ou tornar parte na administração ou gerência de sociedade ou dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou quotista em sociedade anônima ou por quotas de responsabilidadelimitada. § 1º - Os policiais-militares na reserva remunerada quando convocados, ficam proibidos de tratar, nas organizações policiais-militares e nas repartições públicas civis, dos interesses de organizações ou empresas privadas de qualquer natureza. § 2º - Os policiais-militares da ativa podem exercer diretamente, a gestão de seus bens, desde que não infrinjam o disposto no presente artigo. § 3º - No intuito de desenvolver a prática profissional dos integrantes do Quadro de Saúde, é-lhes permitido o exercício da atividade técnico-profissional, no meio civil, desde que tal prática não prejudique o serviço. Art. 29 - O Comandante-Geral da Polícia Militar poderá determinar aos policiais-militares da ativa que, no interesse da salvaguarda da dignidade dos mesmos, informem sobre a origem e natureza dos seus bens, sempre que houver razões que recomendem tal medida. CAPÍTULO II DOS DEVERES POLICIAIS-MILITARES Art. 30 - Os deveres policiais militares emanam de vínculos racionais e morais que ligam o policial-militar a comunidade estadual e à sua segurança, e compreendem, essencialmente: I - a dedicação integral ao serviço policial-militar e a fidelidade a instituição a que pertence, mesmo com o sacrifício da própria vida; II - o culto aos símbolos nacionais; III - a probidade e a lealdade em todas as circunstâncias; IV - a disciplina e o respeito à hierarquia; V - o rigoroso cumprimento das obrigações e ordens; e VI - a obrigação de tratar o subordinado dignamente e com urbanidade. I Transgressão Disciplinar Transgressão disciplinar é qualquer violação dos princípios da ética, dos deveres e das obrigações policiais-militares, na sua manifestação elementar e simples POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. e qualquer omissão ou ação contrária aos preceitos estatuídos em leis, regulamentos, normas ou disposições, desde que não constituam crime (Art. 12 do RDPMAM) São transgressões disciplinares, de acordo com o Art. 13 do RDPMAM: 1) todas as ações ou omissões contrárias à disciplina policial-militar especificadas no Anexo I ao presente Regulamento; 2) todas as ações, omissões ou atos, não especificados na relação de transgressões do Anexo citado, que afetem a honra pessoal, o pundonor policial- militar, o decoro da classe ou o sentimento do dever e outras prescrições contidas no Estatuto dos Policiais-Militares, leis e regulamentos, bem como aquelas praticadas contra regras e ordens de serviço estabelecidas por autoridade competente Observe que não apenas são transgressão da disciplina as condutas descritas no Anexo I ao RDPMAM. Outras prescrições contidas no Estatuto dos Policiais Militares, leis e regulamentos, bem como aquelas praticadas contra regras e ordens de serviço estabelecidas por autoridade competente. II Quem é competente para acusar e aplicar sanção Um dos elementos de suma importância para que um processo de qualquer natureza exista é a competência. Só pode acusar o policial por infração administrativa, e puni-lo por ela, quem detém competência para isso. Caso contrário, o processo sequer pode ser considerado existente no mundo jurídico. O Art. 9º do Decreto n. 4.131/76 elenca as autoridades competentes para a aplicação das prescrições nele contidas: Art. 9.º - A competência para aplicar as prescrições contidas neste Regulamento é conferida ao cargo e não ao grau hierárquico. São competentes para aplicá-las: 1) - O Governador do Estado, a todos os integrantes da Polícia Militar. 2) - O Cmt Geral, aos que estiverem sob o seu comando. 3) - O Ch da Casa Militar, aos que estiverem sob a sua chefia. 4) - O Ch do EM Geral (Sub Cmt da PMAM), aos que servirem sob suas ordens. 5) - Comandante do Policiamento da Capital, Comandante do Policiamento do Interior, Comandante do Corpo de Bombeiros, Comandante de Policiamento de área, Diretores, aos que servirem sob suas ordens. 6) - Ajudante Geral, Comandante e Subcomandantes de OPM, Chefes de Seção, Serviços, Assessorias, Comandante de Subunidades, aos que servirem sob suas ordens. 7) - Comandantes de Pelotões e Destacados, aos que servirem sob suas ordens. PERGUNTA: Ao presenciar uma transgressão da disciplina, o superior deve apresentar uma parte do subordinado, enquanto o subordinado deve apresentar uma queixa do superior hierárquico? R: Não, pois o RDPMAM diz que todo policial militar que tiver conhecimento de um fato contrário à disciplina deverá participar. Veja: Art. 10 - Todo policial militar que tiver conhecimento de um fato contrário à disciplina deverá participar ao seu chefe imediato, por escrito ou verbalmente. Neste último caso, deve confirmar a participação, por escrito, no prazo máximo de 48 horas. POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. IV – DOS PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS Segundo a boa doutrina, é possível constatar que muitos doutrinadores utilizam as expressões “processo administrativo” e “procedimento administrativo” como sinônimas. Porém, tecnicamente as duas locuções possuem significados diferentes. Processo é uma relação jurídica, razão pela qual “processo administrativo” significa o vínculo jurídico entre a Administração e o usuário, estabelecido para a tomada de uma decisão. Ao passo que procedimento administrativo é a sequência ordenada de atos tendentes à tomada da decisão (MAZZA, 2016, p. 276). Podemos definir processo como um meio dialético de preparação de um ato administrativo. Portanto, ele contém um debate, uma discussão, um diálogo, entre as partes interessadas. Usualmente, no caso da Administração, as partes em debate são a Administração e o administrado. O procedimento administrativo, dependendo do contexto em que é empregado, pode assumir duas caracterizações distintas: processo possui vários procedimentos para que seja feito. Uma característica marcante de um processo, para que se diferencie do procedimento, é que o processo normalmente possui uma acusação formal. O processo administrativo disciplinar, pois, tem duas finalidades principais: r uma controvérsia disciplinar. servidor. 1) PROCEDIMENTOS E PROCESSOS ADOTADOS NA CORPORAÇÃO E O REGULAMENTO DISCIPLINAR Com base no que estudamos até aqui, podemos com clareza separar os processos adotados na Corporação dos procedimentos também adotados. São procedimentos, pois, a Sindicância, o Inquérito Policial Militar (IPM) etc. Veja que todos eles têm como características principais a ausência de defesa e contraditório: neles não há acusação, não há defesa, não há julgamento. São, todos eles, meros procedimentos para realizar investigações. E justamente por isso, não podem se prestar, por si só, a aplicar sanções disciplinares, por exemplo. Caso em algum deles cheguemos à conclusão de que alguém cometeu transgressão, teremos que instaurar um processo, com uma acusação formal, oportunidade de defesa, julgamento fundamentado e, de acordo com cada tipo de processo, direito a recursos. a) INQUÉRITO POLICIAL MILITAR: é a apuração sumária de fato, que, nos termos legais, configure crime militar,e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal. É presidido somente por oficiais da ativa. b) SINDICÂNCIA REGULAR: “modalidade de Processo Administrativo utilizada na apuração de atos e fatos que envolvam servidores da Instituição, antecedendo eventual aplicação de sanção não demissionária ou reformatória, bem como para a adoção de outras providências cíveis, criminais ou administrativas mais gravosas”. Na maioria das vezes, se divide em duas etapas: “etapa apuratória: desenvolvida quando ainda não existem as circunstâncias preliminares que indiquem o fato, a autoria e a POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. materialidade. É inquisitorial, tendo contexto destinado apenas a levantamentos, sem a exigência da ampla defesa ou do contraditório. Visa a busca do máximo de provas possíveis, que possam confirmar, ou não, a procedência da acusação; etapa acusatória: é desenvolvida quando já existe fatos que confirmem as circunstâncias preliminares que indicam o fato, uma possível autoria [ou a autoria propriamente dita] e ainda uma materialidade. É conceito processual em sua essência, sendo obrigatório a ampla defesa e do contraditório”. c) INQUÉRITO TÉCNICO: tem por finalidade apurar evento danoso, envolvendo bem patrimonial permanente sob administração militar, produzindo provas e esclarecendo circunstâncias, de forma a auxiliar decisão da autoridade competente, com a eventual e consequente imputação de responsabilidade ao seu causador, bem como subsidiar, se for o caso, a ulterior propositura de ação judicial d) ATESTADO DE ORIGEM: é um documento administrativo-militar destinado à comprovação de acidentes ocorridos em consequência de ato de serviço, em tempo de paz, os quais, por sua natureza, possam dar origem à incapacidade física temporária ou definitiva de militares estaduais. e) INQUÉRITO SANITÁRIO DE ORIGEM: é a perícia médico-administrativa realizada para comprovar se a incapacidade física temporária ou definitiva, constatada em inspeção de saúde, resulta de doença aguda ou crônica que tenha sido contraída em ato de serviço. Considera-se doença contraída em ato de serviço a que apresente relação de causa e efeito com sua realização. O Inquérito Sanitário de Origem será instaurado quando houver irregularidades insanáveis no Atestado de Origem ou inexistência deste somente pelo Comandante Geral da PMAM e terá como encarregado oficial médico. f) Processo de Ressarcimento (PARE): é o conjunto de ações realizadas com vistas a dar oportunidade ao responsável para que reconheça a dívida, mediante assinatura do Termo de Reconhecimento de Dívida (Anexo B), e autorize o desconto em contracheque, recolhimento via Documento de Arrecadação – DAR – ou o compromisso de saldar o débito; informar ao responsável que, havendo reconhecimento da dívida, o pagamento poderá ser efetuado de forma parcelada, observado subsidiariamente o disposto no Regulamento de Administração do Exército (RAE); no caso do não reconhecimento da dívida, possibilitar o exercício do contraditório, a ampla defesa e os recursos decorrentes no caso de apuração de irregularidade administrativa por intermédio de IPM, em atendimento às disposições contidas no inciso LIV, art., 5º, da Constituição Federal de 1988, quanto ao devido processo legal; e repor os valores devidos quando, no IPM, ficar constatado prejuízo à Fazenda Estadual e não for possível, por qualquer motivo, o ressarcimento. Apenas para conhecimento, a Lei n. 3278 elenca outros tipos de procedimentos disciplinares. Art. 52. São espécies de procedimentos administrativos disciplinares no âmbito do Sistema de Segurança Pública: I - a Transação Administrativa; II - a Sindicância Investigativa; III - a Sindicância Patrimonial; IV - a Sindicância Administrativa Disciplinar; V - o Processo Administrativo Disciplinar; POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. VI - o Termo de Ajustamento de Conduta; VII - o Processo Administrativo Disciplinar Sumário. VIII - o Auto de Infração Disciplinar; IX - a Sindicância Disciplinar; 2) PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR O Processo Administrativo Disciplinar é o instrumento de exercício do poder disciplinar, constituindo-se em uma conjugação ordenada de atos na busca da correta e justa aplicação do regime disciplinar para apuração e punição de infrações praticadas pelos servidores públicos no exercício de suas atribuições, ou que tenham relação com as atribuições do cargo em que se encontre investido. a) CONSELHO DE JUSTIFICAÇÃO: instituído por meio do Decreto nº 3.392/76, é destinado a julgar, através de processo especial, da incapacidade do oficial da Polícia Militar para permanecer na ativa, criando-lhe, ao mesmo tempo, condições para justificar. O Conselho de Justificação pode, também, ser aplicado ao oficial da reserva remunerada ou reformado, presumivelmente incapaz de permanecer na situação de inatividade em que se encontra. b) CONSELHO DE DISCIPLINA: instituído por meio do Decreto nº 3.393/76, o processo administrativo destinado a julgar a incapacidade ou não das praças integrantes das Forças Armadas e Forças Auxiliares (Polícia Militar e Corpos de Bombeiros Militar) com estabilidade assegurada, para continuarem na ativa, ou quando em inatividade a continuarem dignas de suas graduações, devido ao cometimento de falta disciplinar grave e outros atos previstos em lei, que as tornou incompatível com a função militar.” (ROSA, 2014, p. 1) c) SINDICÂNCIA DISCIPLINAR: instituído por meio da Portaria n. 171/DPJM- 98, é um Processo Administrativo Especial destinado a avaliar a permanência ou não nas fileiras da Policia Militar do Amazonas, de praças que não possuem estabilidade adquirida em conformidade com a Lei , que praticarem atos ou apresentarem uma conduta contraria aos preceitos de moral, hierarquia e disciplina existentes na Instituição policial militar. d) FORMULÁRIO DE APURAÇÃO DE TRANSGRESSÃO DISCIPLINAR: instituído por meio Resolução n. 001/2016/DJD/PMAM, de 10 de novembro de 2016, procedimento padronizado a concessão do contraditório e da ampla defesa nas transgressões disciplinares, que auxilia a autoridade competente na tomada de decisão referente à aplicação de punição disciplinar. DAS FASES DO PAD E DA GARANTIA DA AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO Qualquer punição funcional, segundo Carvalho Filho (2015, p. 74), mesmo de natureza leve, pressupõe a instauração de processo administrativo disciplinar – PAD-, no qual se assegure a garantia do contraditório e ampla defesa ao servidor acusado da prática de fato considerado pela lei como passível de punição. É o que reza, de modo peremptório, o art. 5º, LV, da Constituição. A doutrina majoritária aponta certa sequência lógica das fases que compõe o PAD. O início propriamente dito dá-se com despacho de autoridade competente que, assim que tiver ciência de irregularidade age ex officio, embasado no princípio da oficialidade. Se porventura essa irregularidade constituir ilícito penal, a comissão processanteé obrigada a comunicar às autoridades competentes e fornecer o material que tiver a sua disposição (DI PIETRO, 2004. p. 544). Na fase de instrução é assegurado ao sindicado a possibilidade de acompanhar o processo, pessoalmente, ou, por meio de seu advogado sendo-lhe permitido reinquirir testemunhas, produzir POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. provas e contraprovas (GASPARINI, 2008. p. 994), o que foi obedecido. Ultimada a instrução é assegurada a defesa, por expresso mandamento constitucional no art. 5°, LV "aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recurso a ela inerentes". Na sequência, segue-se a do relatório que, segundo (CARVALHO FILHO, 2013,p. 982) é peça formal elaborada pela comissão processante ou pelo servidor encarregado da condução do PAD, na qual deve ficar descrito tudo o que ocorreu no processo, tal como ocorre na sentença judicial. Por fim, a autoridade competente passa a decidir sobre o processo à luz dos elementos do relatório contidos no próprio processo (CARVALHO FILHO, 2013, p. 984). a) Instauração: Ato praticado privativamente pela autoridade competente, geralmente mediante edição de portaria contendo a descrição da infração e a designação de Comissão (servidores efetivos e com hierarquia ou qualificação igual ou superior ao investigado) para realizar todo o procedimento. PORTARIA A portaria inaugural conterá a exposição do fato a ser apurado, com todas as suas circunstâncias até então conhecidas, a qualificação do acusado e a classificação provisória da infração. É obrigatório o aditamento da portaria quando necessário: I – modificar a narração do fato imputado ao acusado; II – incluir fatos novos conexos com os anteriores; III – incluir outros acusados A descrição minuciosa dos fatos se faz necessária apenas quando do indiciamento do servidor, após a fase instrutória, na qual são efetivamente apurados, e não na portaria de instauração ou na citação inicial do processo administrativo. “O Relatório Final da Comissão Processante e o Parecer da Consultoria Jurídica do Ministério do Meio Ambiente individualizaram de forma consistente as condutas imputadas aos impetrantes, subsumindo-as aos tipos legais utilizados para embasar a sugerida pena de demissão. (STJ, MS 16581/ DF, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, Data do Julgamento: 26/02/2014)”. b) Certidão de Leitura de Base de Acusação ou citação inicial com cópia da portaria de instauração do PAD: A defesa prévia, fase subsequente a instauração do processo administrativo disciplinar militar, poderá ser realizada pelo próprio militar, por outro militar nomeado como defensor, ou por um advogado contratado pelo acusado para atuar como seu procurador. A defesa prévia, na maioria dos regulamentos disciplinares, tem o prazo de 5 (cinco) dias para a sua confecção e apresentação. O acusado tem a possibilidade de manifestar-se em defesa prévia, requerendo “a produção de provas, bem como poderá apresentar rol de testemunhas”. (COSTA et al 2007, p. 197). c) Defesa Prévia Fase onde se promoverá a colheita de provas, depoimentos de testemunhas, perícias e demais formas de prova admitidas em Direito. Após as provas, dá-se o interrogatório do acusado. É a fase de inquérito administrativo interno ao PAD. d) Inquirição das Testemunhas de Acusação e de Defesa: É aconselhável que o Conselho estabeleça, previamente à audiência para oitiva de testemunha, um roteiro com as principais perguntas, sem prejuízo de outras que vislumbre no decorrer da audiência. No caso de duas ou mais testemunhas, a inquirição será feita separadamente. É conveniente que as testemunhas sejam POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. ouvidas uma seguida da outra, preferencialmente no mesmo dia ou em datas próximas, para evitar, tanto quanto possível, que tenham conhecimento de antemão do depoimento umas das outras. Na audiência para oitiva da testemunha, deve-se registar no termo: a) local, data e hora da audiência; b) identificação do Conselho e do processo administrativo disciplinar; c) identificação da testemunha (nome, cargo/profissão, órgão de lotação, naturalidade, estado civil, número do documento de identidade e do CPF, residência e domicílio), devendo ser solicitada, para conferência, a apresentação de seu documento de identidade ou outro documento pessoal com foto; d) que é vedado ao acusado ou a seu procurador, caso presentes à audiência, interferir nas perguntas feitas pelo Conselho e nas respostas das testemunhas, com a faculdade, porém, de que venha a reinquiri-las, por intermédio do presidente do Conselho, após promovida a inquirição por parte do Conselho; e) se a testemunha é parente, e em que grau de parentesco, se possui amizade íntima ou inimizade notória com o acusado, ou se há alguma circunstância que possa comprometer seu depoimento; f) que a testemunha foi advertida sobre sua obrigação de dizer a verdade, não podendo omiti-la, sob pena de incorrer no crime de falso testemunho; g) qualquer questão alegada pelo acusado ou seu procurador e a decisão exarada pela Conselho, na própria audiência; h) as respostas da testemunha às perguntas formuladas pelo presidente, pelos demais membros do Conselho, pelo acusado e pelo seu procurador; i) a explicação da testemunha sobre como teve conhecimento do fato e outras circunstâncias pelas quais o Conselho possa avaliar a credibilidade do seu depoimento; j) que, ao final do depoimento, foi questionado se a testemunha tem algo mais a acrescentar quanto ao fato apurado; k) indicação de que a testemunha se compromete a trazer aos autos determinado documento ou prova, em certo prazo, se for o caso; l) qualquer incidente relevante ocorrido na audiência; m) encerramento do termo, indicando-se que foi lido e achado conforme por todos; A testemunha poderá comprovar sua ausência total ou parcial ao serviço, no período em que esteve na audiência, requerendo ao Conselho que lhe conceda termo de comparecimento. Outros aspectos a serem observados pela Conselho quanto à audiência para oitiva de testemunha: a) o Conselho não deverá coagir ou intimidar a testemunha; b) “o depoimento será prestado oralmente e reduzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito” c) o acusado pode assistir ao depoimento da testemunha; d) para evitar constrangimentos, é recomendável que a testemunha não preste depoimento frente a frente com o acusado; e) o Conselho somente poderá impedir o acusado de assistir ao depoimento da testemunha em casos excepcionais, que justifiquem a sua não permanência no recinto85, devendo-se consignar os motivos no respectivo termo. Nessa hipótese, o acusado será representado na audiência pelo seu procurador; f) em que pese o caráter sigiloso do PAD, exceto ao acusado e aos advogados, o Conselho pode permitir que a testemunha obtenha vista de determinados documentos do processo administrativo disciplinar, caso necessário para o depoimento; POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTOE FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. g) pode haver pausa no depoimento da testemunha, caso seja necessário, com reinício da assentada no mesmo ou em outro dia, consignando-se no termo a respectiva data e/ou horário; h) a testemunha deverá ser instada a ler atentamente o termo de depoimento registrado, a fim de verificar se corresponde ao que declarou; i) é recomendável que os demais presentes também leiam atentamente o consignado na ata de audiência para conferência e eventuais retificações; j) não comparecendo a testemunha, será firmado termo de não comparecimento pelos presentes e informado ao seu chefe imediato, se servidor público; k) quando a testemunha, por enfermidade, ou por outro motivo relevante, estiver impossibilitada de comparecer à audiência, mas não de prestar depoimento, o presidente da comissão designará, conforme as circunstâncias, dia, hora e lugar para inquiri-la; l) caso a testemunha resida em local diverso daquele em que será realizada a audiência, a comissão processante poderá deliberar pelo deslocamento da testemunha, ou da comissão processante; ou pela adoção de formas alternativas de colher depoimento da testemunha (carta precatória e videoconferência). INVERSÃO DA ORDEM DAS TESTEMUNHAS A teor do art. 222, § 1º, do Código de Processo Penal, na hipótese de oitiva de testemunha por carta precatória, a expedição da carta "não suspenderá a instrução criminal". 3. O Superior Tribunal de Justiça já firmou o entendimento jurisprudencial de que a inquirição de testemunha de Defesa, por meio de carta precatória, antes da produção da prova oral acusatória não configura nulidade, mormente se não demonstrado o prejuízo. 4. Hipótese em que não houve qualquer prejuízo, pois as testemunhas da defesa limitaram-se a depor sobre o comportamento social do réu.(HC 74805, Re. Min. Maria Thereza de assis Moura, DJe 05.04.2010) e) Interrogatório do Acusado: o interrogatório constitui-se na oitiva do acusado. É considerado ato relativo à instrução do processo (produção de prova) e também exercício do direito à ampla defesa e ao contraditório. O ato de interrogatório do acusado, em regra, deve ser promovido como último ato da fase instrutória, ou seja, após produzidas todas as provas. É aconselhável que o Conselho já estabeleça, previamente ao interrogatório, as principais perguntas a serem efetuadas ao acusado (tendo por base as provas colhidas nos autos), sem prejuízo de outros questionamentos vislumbrados no decorrer da oitiva. O ato de interrogatório segue, com as adaptações necessárias, o roteiro estabelecido para oitiva de testemunhas, devendo ser registrada no termo: a) data, hora e local do interrogatório; b) identificação do Conselho e do processo administrativo disciplinar; c) identificação do acusado (nome, cargo, matrícula funcional, órgão de lotação, naturalidade, estado civil, número do documento de identidade e do CPF, endereço da residência), devendo ser solicitado, para conferência, seu documento de identidade ou outro documento pessoal com foto; d) que é vedado ao advogado do acusado, caso presente à audiência, interferir nas perguntas feitas pela Conselho e nas respostas do interrogado, com a faculdade, porém, de que venha a reinquiri-lo, por intermédio do presidente do Conselho, após promovida a inquirição por parte do Conselho; POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. e) se o acusado é parente (e em que grau), possui amizade íntima ou inimizade notória com qualquer membro do Conselho, testemunha, perito ou qualquer outro agente atuante no processo administrativo disciplinar; f) o direito do acusado de permanecer calado e de não responder as perguntas que lhe forem formuladas, e que seu silêncio não importará em confissão, nem será interpretado em prejuízo de sua defesa; Obs.: o acusado não prestará compromisso de dizer a verdade; g) qualquer questão alegada pelo acusado ou seu procurador; h) as decisões tomadas pelo Conselho; i) as respostas do acusado às perguntas formuladas pelo presidente, pelos demais membros do Conselho e pelo seu procurador; j) a explicação do acusado acerca do fato investigado e suas circunstâncias; k) as perguntas eventualmente não respondidas pelo acusado também deverão ser registradas na ata de interrogatório; l) que, ao final do depoimento, foi questionado se o acusado tem algo mais a acrescentar quanto ao fato apurado; m) indicação de que o acusado se compromete a trazer aos autos determinado documento ou prova, em certo prazo, se for o caso; n) qualquer incidente relevante ocorrido no interrogatório; o) encerramento da ata, indicando-se que foi lido e achado conforme por todos; p) as assinaturas de todos os presentes ao final do depoimento, com as respectivas rubricas em todas as folhas do termo. f) Elaboração formal da indiciação, que delimitará a acusação (fatos + dispositivos violados + provas que fundamentam a indiciação). Na instrução, o Conselho deverá juntar documentos, dando vista ao interessado, providenciar a oitivas das testemunhas, com a intimação prévia do notificado para poder acompanhar a assentada, requisitar perícia técnica, formulando os quesitos. Deverá fazer diligências, quando for necessário verificar in locu alguma situação fática que mereça esclarecimento. Sendo o ato mais importante: a realização do interrogatório do envolvido. g) Citação ou Libelo Acusatório: É o documento em que se sintetizam as acusações contra o acusado. É uma peça obrigatória do apuratório, documento este que a defesa vai contrapor através da apresentação das Razoes Finais de Defesa, sendo que para isto deve-se dar vistas ao autos do processo para a defesa por meio de termo de vistas que conterá local, data e hora do recebimento, que também será assinado pelo recebedor. Pode-se entregar cópia dos autos desde que estejam em ordem e com as páginas devidamente numeradas e rubricadas, sendo que a defesa poderá solicitar juntada de documentos aos autos até a apresentação das Razões Finais de Defesa. h) Alegações Finais ou Razões de Defesa: Dá-se principalmente com o fornecimento do libelo acusatório ao investigado após o interrogatório. Ao investigado é assegurada a participação em todos os atos processuais, desde a instauração do PAD, podendo requerer realização de atos processuais e produzir provas. Ressalta-se que nas alegações finais, o acusado tem a última oportunidade de defesa, sendo sua apresentação obrigatória sob pena de anulação do PAD. Caso o acusado, ou seu defensor, não apresente esta peça, a autoridade processante deverá nomear um defensor para a sua elaboração. (COSTA, 2006). Parecer dos Membros do PAD ou relatório: Sendo este um ato do órgão colegiado designado para a realização da apuração da conduta do servidor, devendo conter breve relato e promover as POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crimeprevisto no Art. 184 do Código Penal. conclusões que os membros entenderem adequadas e, ao final, oferecer uma proposta de decisão. i) Parecer dos Membros do PAD ou relatório: Sendo este um ato do órgão colegiado designado para a realização da apuração da conduta do servidor, devendo conter breve relato e promover as conclusões que os membros entenderem adequadas e, ao final, oferecer uma proposta de decisão. O relatório conclusivo acerca da responsabilização ou inocência do acusado deverá conter, no mínimo: I – a descrição dos fatos imputados; II – os principais incidentes da instrução; III – o detalhamento das provas produzidas; IV – as razões do indiciamento; V – a análise das alegações da defesa; e VI – aspectos relacionados à prescrição administrativa. Observação importante: a sessão do relatório não é secreta, porque declarada inconstitucional pelo TJAM. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é clara ao indicar que não é necessária a intimação dos indiciados para que possam rebater os relatórios finais das comissões processantes, pelo que não se visualiza violação ao contraditório. Precedentes: RMS 30.881/DF, Relatora Min. Cármen Lúcia, Segunda Turma, Processo Eletrônico, publicado no DJe-212 em 29.10.2012; e RMS 30.502/DF, Relatora Min. Cármen Lúcia, Primeira Turma, publicado no DJe-163 em 25.8.2011 e no Ement. vol. 2573-01, p. 20.) (STJ, MS 16158/DF, Rel. Min. Humberto Martins, Primeira Seção, em 13/11/2013) j) Solução da autoridade delegante: a decisão ou julgamento, última fase do processo administrativo disciplinar, consiste no ato da autoridade competente que, de forma motivada, observada a regularidade e o conteúdo do processo administrativo disciplinar e ponderando a conclusão exarada no relatório final, resolverá pelo(a): a) arquivamento dos autos do processo; e) b) aplicação de penalidade ao indiciado; f) b.1) impossibilidade de aplicar penalidade (em razão de prescrição, decisão judicial, advertência e suspensão de servidor aposentado, etc); g) c) declaração de nulidade total ou parcial do processo administrativo disciplinar e necessidade de refazimento dos trabalhos da comissão processante; h) d) conversão do julgamento em diligência. i) Por ocasião do julgamento, serão determinadas eventuais providências sugeridas no relatório da comissão processante, nas manifestações prévias ao julgamento ou suscitadas pela própria autoridade julgadora. LEIAM OS ART. 73 a 117 DA LEI N. 3.278/08 ACERCA DOS PRINCÍPIOS E DAS REGRAS GERAIS NA CONDUÇÃO DE PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. V – DOS RECURSOS DISCIPLINARES 1) CONCEITO Ensina Cretella que o vocábulo “recurso” é de origem latina, filiando-se à forma recurso(m), acusativo do nome recursus, us, m., “curso retrógrado, corrida para trás, caminho de volta, volta, possibilidade de voltar, recurso”. 1 Prossegue o ilustre mestre definindo o recurso administrativo como o remedium juris que consiste na provocação a reexame de um caso, na esfera administrativa, perante a mesma autoridade ou outra de superior hierarquia2. Ensina Ronaldo João Roth que os recursos administrativos são os meios direto de corrigir os atos administrativos dentro do poder hierárquico da Administração, assegurando aos vários escalões de comando o seu poder de decidir e de rever os atos dos subordinados3. 2) FUNDAMENTOS E NATUREZA JURÍDICA Sobre os fundamentos e natureza jurídica dos recursos, ensina Coimbra Neves (2003, p. 371) que: quando do estudo dos recursos nos bancos acadêmicos, aprende- se que sua base jurídica está no próprio texto constitucional que, ao prever a organização do Poder Judiciário, trouxe a exaltação do princípio do duplo grau de jurisdição. Com efeito, não há razão para, similarmente ao que ocorre com o princípio da motivação das decisões em âmbito administrativo, negar-se a influência do princípio supracitado ao dar embasamento jurídico aos recursos administrativos disciplinares, ladeados também pela ampla defesa e contraditório, por ser o recurso um desdobramento da defesa apresentada4. Todavia, no Direito Administrativo Disciplinar um outro princípio fomenta, com maior robustez e clareza, a existência dos recursos disciplinares, qual seja, o princípio da autotutela, primorosamente explorado por Di Pietro5, segundo o qual a Administração pode rever seus próprios atos, anulando-os ou revogando-os, conforme o caso. Note-se que tal possibilidade, efusivamente declarada pelas súmulas 346 e 473 do STF, pode residir na iniciativa da própria Administração (ex officio) como também por provocação, onde se insere o recurso disciplinar 3) CARACTERÍSTICAS As características dos recursos disciplinares são: a) meio de impugnar decisões; b) voluntariedade; c) prorroga a mesma relação jurídica processual. 4) PRESSUPOSTOS Prossegue o mestre paulista (2003, p. 373) que os recursos disciplinares, a exemplo dos recursos em geral, para serem admitidos devem conter pressupostos que possibilitarão o ataque da decisão desfavorável pela via em questão. Sem tais pressupostos, que podem ser de ordem subjetiva ou objetiva (classificação tradicional), não deve o recurso ser admitido. Em outras palavras, verificada em juízo de admissibilidade a ausência de um dos pressupostos, a autoridade administrativa sequer discutirá o mérito, não conhecendo de pronto o recurso. 1 JÚNIOR, José Cretella. Curso de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 1992, p. 591. 2 Op. cit. p. 593. 3 O Efeito Suspensivo dos Recursos Disciplinares. Revista Direito Militar da AMAJME nº 9, Janeiro/Fevereiro, 1998, p. 37. 4 LUZ, Egberto Maia. Direito Administrativo Disciplinar. São Paulo: Edipro, 2002, p. 195. 5 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2002, p. 73. POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E FORMAÇÃO DE SARGENTOS DIREITO ADMINISTRATIVO INSTRUTOR: CAP PM ALMEIDA Este material é distribuído sem fins lucrativos, diretos ou indiretos, a policiais militares durante cursos de formação na PMAM. A violação aos direitos do autor e os que lhes são conexos constitui crime previsto no Art. 184 do Código Penal. Nessa linha, entende-se por pressupostos objetivos o cabimento, a adequação, a tempestividade e a inexistência de fatos extintivos ou impeditivos, ao passo que se enumeram como pressupostos subjetivos o interesse jurídico e a legitimidade. PRESSUPOSTOS OBJETIVOS a) Cabimento O recurso impetrado deve estar previsto neste Codex disciplinar, ou seja, deve ser previsto legalmente no rol taxativo (taxatividade dos recursos). Dessa forma, nada aproveita ao impetrante se ingressar com recurso inexistente no Regulamento Disciplinar, porquanto sequer será sua pretensão conhecida. b) Adequação Cada decisão pode ser atacada por um recurso adequado. A decisão atacável, porém, deve ser definitiva e não interlocutória, sendo efetivamente impositora de prejuízo ao recorrente, conduzindo à conclusão de que, em matéria disciplinar, vige nos recursos, dentre outros, o princípio da irrecorribilidade das interlocutórias. c) Tempestividade A interposição do recurso administrativo deve ser feita dentro do prazo estipulado pela lei. O recurso interposto fora do prazo não deverá
Compartilhar