Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

MEDICINA LEGAL 
TRAUMATOLOGIA FORENSE 
 
Por Roberto Lobo 
 
 
 
 2 
SUMÁRIO 
 
1 CONCEITOS ........................................................................................................................................... 4 
2 ENERGIAS DE ORDEM FÍSICA .................................................................................................................. 5 
2.1 ENERGIAS FÍSICAS MECÂNICAS ....................................................................................................... 5 
2.1.1 INSTRUMENTOS PERFURANTES E SUAS LESÕES ....................................................................... 8 
2.1.2 INSTRUMENTOS CORTANTES E SUAS LESÕES .......................................................................... 11 
2.1.3 INSTRUMENTOS CONTUNDENTES E SUAS LESÕES ................................................................... 15 
2.1.4 INSTRUMENTOS PERFUROCORTANTES ................................................................................... 30 
2.1.5 INSTRUMENTOS CORTOCONTUNDENTES ................................................................................ 31 
2.1.6 INSTRUMENTOS PERFUROCONTUNDENTES ............................................................................ 32 
2.2 ENERGIAS FÍSICAS NÃO MECÂNICAS .............................................................................................. 49 
2.2.1 POR AÇÃO TÉRMICA .............................................................................................................. 49 
2.2.2 POR AÇÃO ELÉTRICA .............................................................................................................. 58 
2.2.3 ENERGIA BAROMÉTRICA (BAROPATIAS) ................................................................................. 62 
3 ENERGIAS DE ORDEM QUÍMICA ............................................................................................................ 64 
4 ENERGIAS DE ORDEM FÍSICO-QUÍMICA (ASFIXIAS) ................................................................................ 67 
4.1 CONCEITO DE ASFIXIA ................................................................................................................... 67 
4.2 CLASSIFICAÇÃO DAS ASFIXIAS........................................................................................................ 69 
4.3 SINAIS GERAIS DE ASFIXIA ............................................................................................................. 70 
4.3.1 MANCHAS DE HIPÓSTASE (LIVORES CADAVÉRICOS ESCUROS E PRECOCES) .............................. 71 
4.3.2 CIANOSE ................................................................................................................................ 71 
4.3.3 EQUIMOSES DA PELE, MUCOSAS E VÍSCERAS .......................................................................... 71 
4.3.4 SANGUE NÃO COAGULADO .................................................................................................... 71 
4.3.5 COGUMELO DE ESPUMA ........................................................................................................ 72 
4.3.6 PROJEÇÃO DA LÍNGUA E EXOFTALMIA .................................................................................... 72 
4.3.7 MAIOR QUANTIDADE DE SANGUE NOS ÓRGÃOS .................................................................... 72 
4.4 ASFIXIAS EM ESPÉCIE .................................................................................................................... 72 
4.4.1 SUFOCAÇÃO .......................................................................................................................... 72 
4.4.2 AFOGAMENTO ....................................................................................................................... 73 
4.4.3 ENFORCAMENTO ................................................................................................................... 76 
4.4.4 ESTRANGULAMENTO ............................................................................................................. 80 
4.4.5 ESGANADURA ........................................................................................................................ 81 
4.4.6 CONFINAMENTO ................................................................................................................... 82 
4.4.7 ASFIXIA POR MONÓXIDO DE CARBONO.................................................................................. 82 
4.4.8 SOTERRAMENTO ................................................................................................................... 82 
 3 
5 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 83 
 
 4 
ATUALIZADO EM 18/04/20171 
TRAUMATOLOGIA FORENSE 
Caros alunos do Ciclos, este é o assunto mais importante e também o maior de Medicina 
Legal. Portanto, bastante atenção para o tema. É muito importante no estudo dessa matéria a 
realização de questões. Apesar de eu colocar algumas no material, é importante que você também vá 
acrescentando na sua FUC questões que for errando ou que tiver alternativas relevantes. Bom estudo! 
 
1 CONCEITOS 
 
Primeiramente, é preciso que conheçamos alguns conceitos, antes de aprofundarmos no 
assunto. 
A traumatologia estuda: o trauma, a lesão resultante do trauma e o agente que transmite 
esta energia (que é chamado de agente vulnerante, ou seja, aquele que fere). 
Trauma é a atuação de uma energia externa sobre o indivíduo, suficientemente intensa para 
provocar desvio da normalidade, com ou sem expressão morfológica. Ou seja, há trauma que altera 
apenas funcionamento do organismo, sem ser insuficiente para causar lesão perceptível. 
Lesão é a alteração estrutural proveniente de uma agressão ao organismo. Daí que se 
denominem energias lesivas quaisquer formas de energia capazes de provocar lesões. 
Agentes vulnerantes são todos os instrumentos ou meios que atuam no organismo 
produzindo lesão. Logo, podem ser instrumentos ou meios: 
 Instrumentos - são objetos que transferem energias cinéticas (mecânicas) e 
 Meios - são todas aquelas situações que transferem quaisquer outras formas de 
energia (meios físicos, químicos, físico-químicos, etc). 
Para tornar mais didático o nosso estudo, segue tabela com todas as energias vulnerantes que 
estudaremos em seus respectivos grupos: 
 
1 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de 
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, 
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do 
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas 
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos 
eventos anteriormente citados. 
 5 
ENERGIAS VULNERANTES 
 
 
FÍSICAS 
 
MECÂNICAS 
Instrumentos contundentes, perfurantes, 
cortantes e mistos. 
 
NÃO MECÂNICAS 
Barométrica, térmica, elétrica, radiante, 
sonora e luminosa. 
QUÍMICAS Cáusticos e venenos. 
MISTAS (FÍSICO-
QUÍMICAS) 
Asfixias: impedem a passagem do ar e alteram o estado bioquímico 
do sangue 
 
2 ENERGIAS DE ORDEM FÍSICA 
 
2.1 ENERGIAS FÍSICAS MECÂNICAS 
As energias de ordem mecânica são aquelas que tendem a modificar o estado de repouso ou 
de movimento de um corpo no todo ou em parte. Agentes mecânicos são os que transferem energia 
cinética (de movimento) para a partedo corpo com que entram em contato. Por exemplo, se uma 
pedra for colocada na cabeça de uma pessoa, nada ocorrerá. No entanto, se ela for atirada, a energia 
gerada pelo movimento, transmitida ao organismo, provocará uma lesão. 
É chamado de agente mecânico porque, para ocorrer a lesão, tem de haver um movimento: 
ou o movimento do agente, ou movimento da vítima, ou de ambos. Blanco lembra que não é 
necessário que o agente vulnerante se movimente, pois o movimento pode ser da vítima. Inclusive, o 
próprio chão pode ser um agente vulnerante físico-mecânico, bastando que a vítima vá de encontro a 
ele. 
Em suma, podem ser: 
 Ativas - impacto de um objeto em movimento contra o corpo humano parado 
 Passivas - o instrumento encontrar-se imóvel e o corpo humano em movimento (chão) 
 Mistas - os dois se acharem em movimento, indo um contra o outro 
Seja ativa, passiva ou mista, tem de haver movimento para que o efeito lesivo se produza. É 
isso que significa energia vulnerante físico-mecânica. 
É a energia cinética que determina a intensidade do trauma. É o resultado da fórmula que 
leva em consideração massa e velocidade: 
 6 
 
Vejamos exemplos: se eu bato com um martelo na cabeça de uma pessoa, causo uma lesão. 
Se eu bato com um martelo de massa maior, a lesão é maior. Se eu bato com um martelo numa 
velocidade maior, a lesão é maior. Às vezes, o mesmo agente vulnerante, dependendo da velocidade 
que ele age, causa lesão maior ou menor. Às vezes, o problema não é a velocidade, mas sim a massa. 
Imagine ser atingido por um fusca a 40km/h. Agora, imagine ser atingido por uma carreta nos mesmos 
40km/h. Não há dúvida que a pancada com o fusca vai causar menor lesão que a pancada com a 
carreta. 
Existem três grupos de instrumentos: 
 Que atuam num único ponto – ex.: perfurantes; 
 Que atuam numa linha – ex.: cortantes; 
 Que atuam num plano ou superfície – ex.: contundentes. 
Os instrumentos podem atuar por pressão, percussão, tração, compressão, torção, sucção, 
explosão, contrachoque, deslizamento e distensão. Temos 3 (três) instrumentos básicos (perfurantes, 
cortantes e contundentes) e 3 (três) formas combinadas (perfurocortantes, perfurocontundentes e 
cortocontundentes). 
INSTRUMENTO LESÃO AÇÃO EXEMPLOS 
Perfurante Punctória ou 
puntiforme 
Pressão Alfinete, agulha, prego 
Cortante Incisa Deslizamento Navalha, gilete 
 
 
Contundente 
 
 
Contusa 
Pressão, percussão, 
arrastamento e 
tração. 
Cassetete, chão, muro, 
pau 
Perfurocortante Perfuroincisa Pressão e 
deslizamento 
Peixeira, faca, bisturi 
 
Perfurocontundente 
 
Perfurocontusa 
Pressão e penetração Projétil de arma de 
fogo, chave de fenda, 
ponta do guarda-
chuva 
 7 
Cortocontundente Cortocontusa Pressão e 
esmagamento 
Machado, dente, 
foice, facão 
 
#ATENÇÃO – AS BANCAS ADORAM MISTURAR O NOME DO INSTRUMENTO COM O DA LESÃO. Aluno 
Ciclos, aqui não podemos ser enganados pelo examinador. Nas provas, é muito comum trocarem o 
nome do instrumento pelo nome da lesão. Por exemplo, a questão pergunta qual o nome da lesão 
provocada por um dente; nas alternativas o examinador põe cortocontundente e cortocontusa. A 
resposta certa é cortocontusa, pois o que se pediu foi a lesão e não o instrumento. 
Veremos que as questões cobram mais características das lesões e características dos 
instrumentos, comparando uns com os outros. Portanto, o estudo será feito pensando nisso, além dos 
diversos nomes específicos de lesões que costumam ser cobrados. 
 INSTRUMENTOS VULNERANTES 
Aspecto da lesão Mecanismo da lesão Tipo da ação Superfície de contado 
como alvo 
Plano Pressão Contundente Sem gume nem ponta 
Ponto Pressão Perfurante Ponta 
Linha Deslizamento Cortante Gume 
 
#CUIDADO - O instrumento recebe o nome pela forma como ele age. No entanto, ele pode 
excepcionalmente agir de uma forma anômala. Por exemplo, ele pode exercer uma ação contundente, 
embora seja um instrumento perfuro-cortante. Já sabemos que o agente contundente nem tem 
ponta nem tem gume. No entanto, nada impede que um instrumento perfuro-cortante, como uma 
faca por exemplo, produza uma ação contundente. Basta que a faca, no lugar de atingir a vítima pela 
ponta ou pelo gume, atinja a vítima pelo cabo. No entanto, a faca não se torna um agente vulnerante 
contundente. Ela continua a ser um agente perfuro-cortante, porque ela tem ponta e gume. Essa é a 
sua maneira natural de agir. Agora, se ela excepcionalmente agir através do cabo, que não tem ponta 
nem tem gume, ela vai provocar uma ação contundente, embora ela não seja um instrumento 
contundente. 
Passemos ao conhecimento de cada um dos instrumentos e de suas respectivas lesões: 
 8 
2.1.1 INSTRUMENTOS PERFURANTES E SUAS LESÕES 
Características dos instrumentos perfurantes: 
 São instrumentos finos e pontiagudos: agulha, prego, picador de gelo, compasso etc 
 Atua através de uma ponta. 
 Atuam por pressão, afastando as fibras do tecido e, raramente, secionando-as. 
 A ferida produzida é punctória ou puntiforme. 
Os instrumentos perfurantes podem ser de pequeno ou de médico calibre: 
 Instrumento perfurante de pequeno calibre – Agulha, espinho 
 Instrumento perfurante de médio calibre – Picador de gelo, sovela do sapateiro 
Instrumento perfurante de grande calibre não existe. Essa classificação não existe, porque, no 
momento em que o calibre do instrumento for significativo, ele passa para uma outra categoria. Ele 
passa a ser um instrumento perfurocontundente. 
A importância em saber se um instrumento é de pequeno calibre ou de médio calibre é que 
eles vão produzir lesões diferentes. 
A pressão é a força sobre uma superfície. Se a superfície é pequena, eu não preciso de uma 
força muito grande para exercer uma pressão maior. Então, quanto menor for a superfície de contato, 
eu usando a mesma força vou conseguir obter uma pressão maior. 
Nossa pele tem a camada superficial que é a epiderme e tem a camada mais profunda que é a 
derme. Na derme, nós temos uma camada de fibras, chamadas fibras elásticas. Essas fibras elásticas 
conferem a elasticidade que nossa pele possui. Quando um instrumento perfurante penetra na pele, 
como ele não tem gume, como ele não corta, ele simplesmente afasta as fibras. Então quando o 
instrumento passa nessas fibras elásticas (que estão dispostas numa maneira transversal, todas elas 
ajustadas), se ele tem um calibre muito pequeno, apenas as afasta momentaneamente. O instrumento 
passa e, quando sai, essas fibras voltam para o lugar. Com isso, não há grande perda de sangue e o que 
nós vemos na superfície da pele é apenas um ponto. 
A lesão causada por instrumento perfurante de pequeno calibre é uma ferida puntiforme 
(representada por um ponto). Chama-se ferida puntiforme ou ferida punctória. Mesmo quando atinge 
um vaso, não costuma sangrar, porque, quando se retira o instrumento, as fibras se juntam 
novamente e não permitem o extravasamento de sangue. 
 9 
#DEOLHONOGANCHO - Muitas vezes, encontram-se feridas puntiformes no braço da vítima, no 
caminho das veias, que podem indicar que a vítima é usuária ou dependente de drogas. Às vezes o 
usuário ou dependente utiliza agulhas sem ser descartáveis, que acabam inflamando o caminho 
venoso do braço. Essas inflamações são chamadas flebites. Muitas vezes essas flebites são crônicas e o 
vaso começa a endurecer. Então, nós temos a fleboesclerose. Ou seja, a presença de flebites ou de 
fleboesclerose num braço que apresenta feridas punctórias indica que eu estou diante de uma pessoa 
que usa com muita frequência substancias introduzidas por meio de instrumentos perfurantes de 
pequeno calibre.Não quer dizer que a pessoa é usuária de drogas. É apenas um vestígio. 
Já um instrumento perfurante de médio calibre é um instrumento cilíndrico cônico. Ele 
também não corta. Ele só perfura. No que ele perfura, ao penetrar no corpo, ele atravessa as fibras 
elásticas. Nós já vimos que o orifício que o instrumento perfurante faz é circular e já vimos que, 
quando ele sai, a tendência é que as fibras voltem ao tamanho natural. Só que, quando o instrumento 
é de médio calibre, essas fibras foram esticadas além de um certo limite. Então, na hora que o 
instrumento sair, as fibras tentam fechar esse buraco, mas não conseguem. Então, o ferimento não vai 
ser em forma de ponto. O ferimento vai parecer como se fosse uma fenda, como se fosse uma 
botoeira. 
O observador pode confundir a ferida causada pelo instumento perfurante de médio calibre 
com a ferida causada pelo instrumento perfurocortante de dois gumes (punhal, por exemplo). Ambas 
possuem formato de fenda (círculo semifechado). Só que, na primeira ferida, os ângulos são agudos, 
cortados, e na segunda os ângulos são agudos repuxados. Na primeira houve corte e na segunda houve 
afastamento das fibras. 
Cada região do nosso corpo tem uma elasticidade própria, uma linha de força que puxa a pele 
num determinado sentido. No braço, elas puxam longitudinalmente, no abdômen lateralmente. Ou 
seja, a ferida produzida pelo instrumento de médio calibre é uma fenda que acompanha as linhas de 
força da região. Não importa a posição que o instrumentos entrou. 
 
 10 
Assim, quando o instrumento perfurante é de médio calibre, a forma das lesões assume 
aspecto diferente, em forma de fenda ou em botoeira, obedecendo às leis de filhos e langer. Tais leis 
diferenciam as lesões causadas por instrumentos perfurantes de médio calibre das causadas por 
instrumentos perforocortantes de dois gumes. São 3 leis (para decorar: SPE – semelhança, 
paralelismo e elasticidade) 
 1ª lei (semelhança) - As soluções de continuidade dessas feridas assemelham-se às 
produzidas por instrumento de dois gumes ou tomam aparência de “casa do botão”. 
 2ª lei (paralelismo) - Têm sempre a mesma direção numa mesma região do corpo. Na 
mesma região, as lesões produzidas por instrumentos perfurantes de médio calibre são paralelas entre 
si. 
 3ª lei (elasticidade) – Também chamada de lei do polimorfismo. Na confluência de 
regiões de linhas de força diferentes, a extremidade da lesão toma aspectos bizarros, podendo ser 
de ponta de seta, de triângulo ou mesmo de quadrilátero. 
As provas costumam comparar características das lesões punctórias com as características das 
incisas, que veremos adiante. Portanto, vamos a elas: 
 Abertura estreita, 
 Raro sangramento, 
 Pouca nocividade na superfície e, às vezes de grande gravidade na profundidade 
 Quase sempre de menor diâmetro que o instrumento causador, graças à elasticidade e 
à retratilidade dos tecidos cutâneos 
 
Em seu trajeto, os instrumentos perfurantes podem produzir dois tipos de lesões: 
1ª - Que terminam dentro do corpo, não têm saída, chamadas lesões em FUNDO DE SACO 
(também chamadas de lesões cegas). As lesões em fundo de saco podem ser em sedenho ou 
cavitárias. Cavitária é aquela em que se atingiu cavidade corporal. Por outro lado, em sedenho é 
aquela em que não se atingiu as cavidade corporal, apesar de subcutânea penetrante). 
 11 
2ª – Transfixantes. Que transfixam um segmento, resultando assim em dois orifícios: um de 
entrada e outro de saída. Nas transfixantes, o orifício de entrada tem formato de ponto e o de saída 
parece com o de entrada, entretanto suas bordas são discretamente evertidas. 
Esses instrumentos também podem apresentar o SINAL DO ACORDEÃO OU SINAL DE 
LACASSAGNE, cuja ferida, em virtude de ser comprimida, apresenta uma extensão maior do que o 
instrumento que a produziu. Isso acontece quando a região atingida apresenta uma depressibilidade 
dos tecidos, como no ventre. Digamos que o instrumento tenha 30 cm e a ferida 60 cm. Como pode? 
Lacassagne diz que existem regiões de maior depressibilidade. Por exemplo, o abdômen é uma região 
que contrai bastante. Se for feita muita pressão, o abdômen se aprofundará e o instrumento de 30 cm 
poderá alcançar o órgão que está localizado a 60 cm da pele. O instrumento não cresceu. Ele apenas 
utilizou uma pressão maior para deprimir a pele. 
 
2.1.2 INSTRUMENTOS CORTANTES E SUAS LESÕES 
Características dos instrumentos cortantes: 
 Agem por um ou mais gumes: navalha, bisturi etc 
 Agem por deslizamento sobre os tecidos. 
 A ferida causada chama-se incisa (segundo o Hygino), mas outros autores, entre eles 
o França, preferem chamá-la de cortante. 
Características da ferida cortante/incisa: 
 Regularidade das bordas (pois não foi rasgada); 
 Regularidade do fundo da lesão 
 Ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida (sem escoriação e equimoses) 
 12 
 Hemorragia abundante, pois os vasos são seccionados. 
 Predominância do comprimento sobre a profundidade - extensão > profundidade; 
 Afastamento das bordas da ferida; 
 As vertentes (encostas) da lesão são emparedadas (regulares) e 
 Serão verticais se o instrumento agiu perpendicularmente e em forma de bisel se o 
instrumento agiu inclinadamente (oblíquo); 
 Sua profundidade é maior na porção correspondente ao terço inicial e a partir daí 
superficializam-se gradualmente para terminar em uma escoriação linear que indica a 
saída do instrumento (cauda de escoriação). 
 Cauda de escoriação voltada para o lado em que terminou a ação do instrumento; 
 
O instrumento cortante é aquele instrumento que tem uma lâmina e essa lâmina tem uma 
das extremidades afiadas. Se você olhar essa lâmina numa posição frontal, notará um formato 
triangular. Quanto mais afiado for esse gume, menos força será necessária, bastando o deslizamento. 
Esse gume afiado já é necessário para afastar as fibras. A ferida não é mais puntiforme, não é mais um 
ponto, mas sim uma linha. Agora a extensão vai ser maior do que a profundidade. Como o instrumento 
cortante age por deslizamento, a tendência da ferida é ter uma extensão maior do que a 
profundidade. Como a pele foi rasgada, suas bordas são bordas regulares, lisas, sem escoriações. Os 
vasos estarão seccionados, cortados, então eles sangram abundantemente. Essas feridas provocados 
por deslizamento do instrumento são chamadas de feridas incisas. 
Uma das características da ferida incisa é que, na hora que o agressor aplica o golpe, assim 
que o instrumento toca a pele, ele está exercendo uma força maior, que de depois vai diminuindo. 
Então, a ferida se aprofunda e depois vai se superficializando. A ferida vai ter uma profundidade maior 
no início e a ferida vai se superficialiando no final. O ponto mais profundo marca o início do golpe. O 
ponto mais superficial marca o final do golpe. As vezes o final é tão superficial que atinge apenas a 
derme e a epiderme. Não ultrapassa a derme. É uma escoriação. Um especialista chamado Romanese 
disse que essa escoriação que marca o final da ferida é chamada de cauda de escoriação. 
 13 
 
Nas feridas incisas, quando existem duas lesões cruzadas, é possível determinar qual a 
primeira e qual a segunda, pois a primeira foi feita sobre a pele íntegra e, na segunda, vai haver um 
degrau, porque foi feita sobre a lesão anterior. A esse “degrau” dá-se o nome de SINAL DE CHAVIGNY: 
angulação que se verifica na segunda ferida, na hipótese de duas feridas se entrecortarem.Feridas por ação cortante no pescoço (caem muito em prova): 
ESGORJAMENTO DEGOLAMENTO DECAPITAÇÃO 
Região anterior (frente) OU 
LATERAL do pescoço. 
Região posterior do pescoço 
(nuca). DeGOLAmento (lembrar 
de onde fica a gola, para 
decorar) 
Separação total da cabeça do 
corpo 
 
 
O perito, ao analisar a ferida do esgorjamento, vai ter que prestar atenção em alguns 
aspectos. Nós já vimos que a entrada é mais profunda e a saída é mais superficial. Então, se a vítima é 
destra e impunha o agente cortante com a mão direita, ele vai fazer o movimento de cima para baixo e 
de trás para frente. Eu devo encontrar uma ferida profunda na parte posterior esquerda e mais 
superficial na parte anterior direita. 
Agora, quando a pessoa está tentando se matar, normalmente há conflitos muito grandes na 
sua cabeça. Ela não tem muita convicção do golpe que vai dar no pescoço. Às vezes, ela antes tenta 
morrer cortando o punho. Aí você nota, na vítima, ao nível do punho, feridas superficiais agrupadas, 
não mortais, indicando que ela está procurando coragem para produzir o golpe fatal. Essas lesões 
múltiplas, pouco profundas, não letais, são chamadas lesões de hesitação. Mostrando que a vítima 
está hesitando em dar o golpe mortal. Depois ele vai para o pescoço. E vai fazendo a ferida aos poucos. 
 14 
Faz uma ferida com vários entalhes. Cada entalhe desse está dizendo para o observador que o golpe 
parou. O golpe veio e parou, veio de novo e parou de novo... indicando que a vítima não está convicta 
daquilo que ela quer fazer. Esses entalhes indicam hesitação e dão a entender que houve suicídio. No 
suicídio por esgorjamento, os múltiplos entalhes nas bordas da ferida, superficiais e paralelos à lesão 
principal, são chamados de lesões de hesitação. Normalmente, quando se trata de homicídio, você não 
tem lesões de hesitação. Mas isso é probabilidade e não certeza. 
#ATENÇÃO - As feridas incisas localizadas na mão ou no antebraço da vítima são chamadas de lesões 
de defesa. Afastam o elemento surpresa. Quando a pessoa tenta se defender numa luta, ela usa as 
mãos. Então, a pessoa leva o antebraço e as mãos para tentar parar o golpe. Por isso, é muito comum 
feridas incisas na borda ulnar do antebraço e também na região palmar. Essas feridas indicam que a 
vítima se defendeu. O perito vai estabelecer uma probabilidade maior de homicídio ou de suicídio analisando 
as lesões de hesitação e as lesões de defesa. 
Outras lesões por ação cortante com nomes próprios: 
ESQUATERJAMENTO ESPOSTEJAMENTO CASTRAÇÃO 
Ato de dividir o corpo em 
partes (quartos). 
Ato de dividir o corpo em várias 
partes irregulares (sem ser em 
4). 
Ato de retirada do órgão sexual 
masculino. Muitas vezes está 
ligada a vingança ou crime 
passional 
 
 
 Espostejamento 
 
 15 
#CUIDADO - Golpes dados através de pregas de pele podem causar mais de uma lesão (por exemplo, se 
pega nos dois seios da mulher e no meio dos seios não pega em nada; se pega no braço e no peito). O 
promotor pode dizer que foi mais de um golpe porque causou mais de uma lesão, excluindo o golpe 
culposo. E você prova que foi apenas um golpe, só que causando mais de uma lesão, porque havia uma 
prega de pele. Então, é muito importante verificar que nem sempre o número de feridas significa o 
mesmo número de golpes. Eu posso, com um golpe só, produzir várias feridas, desde que o golpe 
passe através de pregas da pele. Quanto mais enrugada for a pele, maior será o número de feridas que 
poderá aparecer através daquele golpe. Obs: Isso também ocorre com o disparo de arma de fogo. Às 
vezes, o projétil atravessa o braço e passa pela parte lateral do abdômen, por exemplo. 
2.1.3 INSTRUMENTOS CONTUNDENTES E SUAS LESÕES 
Características dos instrumentos contundentes: 
 Agem por pressão, compressão, percussão, arrastamento e tração. 
 A lesão é chamada contusa, tem vários estágios, dependendo da força ou do objeto. 
 Exemplos de instrumentos contundentes: martelo, soco, balaústre, veículo, escada etc. 
Faz-se necessária uma pequena explicação sobre a pele, antes de tratarmos de cada tipo de 
lesão contundente. A pele é o maior órgão do corpo humano. É a pele que exibe a maior parte das 
lesões, que apresenta o vestígio do agente vulnerante que a atingiu. A camada superficial da pele é 
chamada de epiderme. Embaixo da epiderme vem a derme. Na base da epiderme fica a camada basal. 
É a camada basal que fabrica as células da epiderme. A sua pele de hoje não é a mesma pele de 
amanhã. Na epiderme não existem vasos sanguíneos. Os vasos sanguíneos estão localizados na derme. 
Na derme estão colocados os dermos, na derme estão colocadas as artérias, na derme estão colocadas 
as veias. Ou seja, o sistema circulatório e o sistema nervoso começa a se apresentar no nosso corpo 
abaixo da camada basal. Essas saliências recebem o nome de papilas. Como são as papilas da derme, 
recebem o nome de papilas dérmicas. 
 Características das lesões contundentes: para fins didáticos, podemos dividir as lesões 
produzidas pelos agentes contundentes em fechadas e abertas, conforme esteja rompida, ou não, a 
pele. 
 Fechadas: rubefação, equimose, hematoma, bossas sanguínea e serosa, luxação, 
fratura e roturas. 
 Abertas: escoriação, ferida contusa, empalamento, encravamento, esmagamento, 
arrancamento, fraturas e luxações expostas. 
 16 
#ATENÇÃO - Outra classificação também cobrada em provas: 
 Superficiais: rubefação, edema traumático, bossas linfáticas e sanguíneas, hematoma, 
equimose, escoriação e laceração 
 Profundas: entorses e luxações, fratura, rotura visceral, esmagamento. 
I. LESÕES CONTUSAS FECHADAS 
A. ERITEMA OU RUBEFAÇÃO 
É mais simples. Não há lesão anatômica, somente uma mancha vermelha (hiperemia) 
transitória que não deixa vestígios. É provocado por impacto de baixa densidade, produzindo uma 
dilatação dos vasos sanguíneos. Enquanto existir, retrata com fidelidade o instrumento que a causou. 
Por exemplo, um tapa. 
Digamos que um agente contundente cause um impacto de baixa intensidade. Quando essa 
pressão age na epiderme, no indivíduo vivo, os vasos sanguíneos sofrem uma dilatação 
(vasodilatação). Se dentro do vaso sanguíneo circula sangue, se o sangue é quente e vermelho e o vaso 
sanguíneo, no lugar da pancada, dilatou, é natural que se compreenda que naquele lugar a pele vai 
ficar avermelhada e quente. Logo, há vasodilatação vascular, extravasamento de sangue e a pele fica 
vermelha e quente. Essa lesão recebe o nome de rubefação. Então, a rubefação é a lesão provocada 
pela ação contundente, que só pode atingir o indivíduo vivo, porque exige uma reação do corpo que é 
a vasodilatação. Em 30, 40 minutos, a depender do tipo de pessoa, esse vaso volta ao seu aspecto 
normal e a lesão desaparece. 
Logo, a rubefação é uma lesão fugaz, temporária e que só existe em pessoas vivas. 
Desaparece em 30, 40 minutos, variando de pessoa para pessoa. 
 
 
 17 
B. EQUIMOSE 
É a infiltração do sangue nas malhas dos tecidos. Vamos imaginar que a pancada foi um 
pouco maior. Se a pressão é um pouco maior, o vaso também se dilata, mas, além de ele se dilatar, se 
rompe. Desta forma, o sangue extravasa e derrama embaixo da pele. No momento em que o sangue 
derrama, quando o observador olha para a pele, embaixo do lugar onde houve a pancada aparece uma 
mancha. 
Aquela coleção de sangue, vista através de uma membrana, recebe o nome de equimose. 
Então, a rubefação (simples vasodilatação) é diferente da equimose (o vaso, além de dilatar, rompe e o 
sangue extravasa). Se o sangue extravasar, eu já não tenho mais rubefação, eu já tenho equimose.A equimose tem uma classificação, de acordo com sua forma. Temos que prestar atenção, 
porque nos laudos e também nas provas de concurso esses nomes aparecem. 
 Petéquias – Pontos avermelhados e pequenos. É uma equimose puntiforme 
(parecendo uma picada de pulga). O sangue extravasa e cada pontinho vermelho 
daquele na pele, ou em outra região do corpo, recebe o nome de petéquia. Pode ser 
uma pressão de fora, puxando para fora, ou uma pressão de dentro, empurrando para 
fora. Quando esse sangue começar a sair, ele vai sair na forma de petéquia. Só que as 
petéquias vão se aglomerar. Quando essas petéquias se aglomerarem, o nome dessa 
equimose será sugilação. 
 
 Sugilação – Conjunto de petéquias. Normalmente causada por sucção (chupão, por 
exemplo). 
 Sufusão – Mancha arroxeada consequente de sangramento mais intenso, mais larga. 
Quando a equimose é uma equimose lençol, quando é uma mancha que atinge a 
superfície do corpo, nós chamamos essa mancha de sufusão. Então, a sufusão é uma 
equimose extensa, que se espalha pela superfície do corpo. É muito comum quando a 
 18 
vítima é atingida por uma superfície plana e larga, quando a vítima cai sobre o solo e 
se forma aquela placa de equimose muito grande, por exemplo. 
 Manchas de Tardieu - Às vezes a petéquea é um pouco maior. Quando essa petéquea 
é um pouco maior, o perito chamado Tardieu lhe deu o nome de mancha de Tardieu. 
Todas as vezes que o cadáver apresentava mancha de Tardieu, Tardieu dizia que a 
pessoa tinha morrido de asfixia. 
#CUIDADO - Hoje já se sabe que essas manchas de Tardieu aparecem em vários tipos de morte, 
independentemente de ter sido por asfixia ou não. 
 Mancha de Paultauf - Quando há afogamento, a água penetra nos pulmões. No que a 
água penetra nos pulmões, ela rompe os alvéolos. Os alvéolos são bolsas de ar 
cercadas por pequenos vasos sanguíneos (vasos capilares). Esse nome capilar é porque 
lembram fios de cabelo, por conta da sua pequena espessura. Quando esses alvéolos 
rompem pela entrada da água, rompem também os vasos capilares, e ocorre 
hemorragia dentro do pulmão. Como o pulmão é forrado por uma membrana 
transparente chamada pleura, quando se olha o pulmão de um afogado, nota-se 
algumas equimoses espalhadas. Essas equimoses que aparecem no afogamento 
recebem o nome de mancha de Paultauf. 
 
#CUIDADO – No pulmão do afogado pode ter petéquea. No pulmão do afogado pode ter mancha de 
Tardieu. Mas no pulmão do afogado tem que ter mancha de Paultauf. Já uma pessoa que morreu de 
infarto, ou de eletropressão, ou de envenenamento, ela pode ter petéquea, ela pode ter mancha de 
Tardie, mas ela não vai ter mancha de Paultauf. Mancha de Pautauf é patgnomonica (é característica), 
Significa que a morte foi por afogamento com certeza. Ou seja, se você retirar um cadáver das águas e 
esse cadáver não tiver mancha de Pautauf no pulmão, você pode procurar uma outra causa de morte, 
porque seguramente não houve afogamento. Logo, a mancha de pautauf é uma equimose que 
 19 
aparece exclusivamente no pulmão, enquanto que as petéqueas e as manchas de tardieu podem 
aparecer em qualquer lugar do corpo. A petéquea e a mancha de Tardieu não significam um 
determinado tipo de morte. Já a mancha de Pautauf, significa mancha de afogamento. 
 Máscara de Morestin (também chamada de equimose cérvico-facial le dentu) - Às 
vezes, no tumulto, em jogos de futebol, as pessoas caem umas sobre as outras. Às 
vezes a pessoa está consertando o carro, o macaco desarma e o carro arria em cima do 
seu tórax. O fato é que um peso muito grande em cima do tórax impede que a pessoa 
possa respirar naturalmente. Impede que o coração possa bater naturalmente. Para 
que uma pessoa respire, é necessário que o tórax faça movimentos. O tórax tem 
movimentos de expansão e de retração, para que o pulmão deixe o ar entrar e para 
que o pulmão deixe o ar sair. O nosso coração fica apoiado em cima da coluna 
vertebral e abaixo do osso do peito (externo). No momento em que há uma 
compressão do tórax, o externo pressiona o coração contra a coluna vertebral e o 
coração não tem condições de se expandir normalmente. Ele bombeia o sangue, o 
sangue vai para o seu caminho natural, mas, quando esse sangue tem que voltar para 
o coração, o coração está comprimido, o coração não tem condições de receber esse 
sangue todo. Consequentemente esse sangue começa a se acumular na cabeça. No 
momento em que o sangue começa a se acumular na cabeça e no pescoço, em 
gotículas, ele começa a extravasar. Cada pontinho desse é uma petéquea. E aí, 
dependendo do tempo que ele ficar submetido a essa compressão, primeiro surgem 
petéqueas, depois sugilações e, mais para frente, a face e o pescoço estão totalmente 
tomados por uma máscara, como se fosse uma equimose única. Na verdade, não é 
uma equimose única, mas sim um conjunto de milhares de petéqueas, resultantes do 
extravasamento de sangue, porque o sangue está sendo bombeado e não está sendo 
recuperado completamente na volta. Assim, forma-se essa máscara, que recebe o 
nome de máscara equimótica de morestin. 
 
 20 
Observação: estudaremos novamente mancha de Paultauf e máscara de Morestin nas 
asfixias. 
Cinco observações sobre as equimoses: 
 1ª - Eventualmente pode denunciar o instrumento que a causou (lesões com 
assinatura). É o que acontece com os golpes de cassetete, pois a compressão dos 
vasos da área de contato provoca rotura vascular nas áreas adjacentes. Lesão 
conhecida como VÍBICE. 
 
 
 2ª - Podem aparecer no próprio local da ação ou à distância, como é o caso da 
compressão cervical (pescoço), que formam petéquias na conjuntiva ocular. 
 3ª - Ocorrem tanto na superfície do corpo como nos órgãos, como é o caso da mancha 
de Paultauf (nos pulmões). 
 4ª – A Equimose (≠ da rubefação) tanto pode acontecer no vivo como no cadáver. Para 
saber se a equimose foi feita em uma pessoa viva ou morta, abre-se o ferimento (com 
uma ferida incisa) e joga-se água. Se o ferimento limpar, a equimose foi feita em um 
morto. Por outro lado, se o ferimento não limpar, o sangue está infiltrado nos tecidos, 
a pessoa estava viva. 
 5ª - As manchas da equimose seguem uma evolução padronizada: é o ESPECTRO 
EQUIMÓTICO DE LE GRAND DU SAULLE. Sendo assim, sua cor permite saber o tempo 
da agressão. 
 
 
 21 
ESPECTRO EQUIMÓTICO DE LE GRAND DU SAULLE 
VERMELHA 1º DIA 
VIOLÁCEA 2º E 3º DIAS 
AZUL 4º AO 6º DIA 
VERDE 7º AO 11° DIA 
AMARELA 12º DIA 
DESAPARECIMENTO EM TORNO DO 15° AO 20° DIA. 
 
Quem trabalha na destruição da hemoglobina são os nossos leucócitos, são os nossos glóbulos 
brancos. Evidentemente, se tem muito sangue derramado, esses prazos vão ser maiores. Se tem pouco 
sangue derramado, esses prazos são menores. O importante é que o legista note o seguinte: se alguém 
comparece para exame e diz que ontem sofreu uma lesão, mas apresenta uma equimose esverdeada, 
ele pode até ter sido espancado, mas não foi ontem. Se ele diz que há 15 dias sofreu uma agressão e 
apresenta uma equimose avermelhada, não é verdade, porque uma equimose avermelhada é recente. 
O espetro equimótico permite ao operador do direito ter uma ideia aproximada do tempo da lesão. 
#CUIDADO - É preciso compreender que há determinadas regiões do corpo que são muito oxigenadas. 
Por exemplo, quando há um sangramento na conjuntiva ocular e o sangue derrama na parte branca do 
olho (esclerótica), nós temos uma equimose que fica embaixo da membrana doolho (em cima da 
parte branca, que é a esclerótica, fica a conjuntiva). O sangue derramado embaixo da conjuntiva é uma 
hemorragia subconjuntival. Como o olho é muito oxigenado, a hemoglobina recebe oxigênio e demora 
mais a se decompor. Logo, nas lesões subconjuntivais, a equimose começa vermelha, evolui vermelha, 
vai desaparecendo vermelha e acaba vermelha. Ou seja, no olho não vale o espectro equimótico de 
Lergran de Saullie. É muito importante que o operador de direito saiba isso, porque se ele aplicar o 
espectro equimótico na lesão do olho, ele sempre dirá que a lesão ocorreu hoje ou ontem. E não é 
assim. ela pode estar com 15 dias e permanecer vermelha, por conta da super oxigenação que ocorre 
nas lesões subconjuntivais. 
Exceções ao espectro equimótico: 
 Conjuntiva ocular - Em virtude de ser muito oxigenada. Fica vermelha até curar. 
 Escroto – Vermelho até curar. 
 Couro cabeludo – Vermelho escuro. 
 22 
Um outro aspecto muito importante é a precisa localização da lesão. A localização fornecerá 
aos operadores de direito uma ideia de qual foi o dolo do agente. Se, por exemplo, as equimoses estão 
localizadas no pescoço, eu penso na esganadura. Se as equimoses estão colocadas no rosto, eu penso 
numa agressão. Se as equimoses estão localizadas nas áreas genitais, eu penso num crime contra a 
dignidade sexual. Ou seja, juntando esses elementos (forma, tonalidade e a localização), o operador do 
direito vai fazer a sua presunção. Ele vai ter a sua ideia do que está acontecendo. 
C. TUMEFAÇÃO 
É a palidez e elevação da pele no local do impacto por edema (inchaço) 
D. HEMATOMA 
É a hemorragia que, pelo seu volume e velocidade de formação, afasta os tecidos vizinhos e 
OCUPA UM ESPAÇO PRÓPRIO, formando uma neocavidade (Se a cavidade já existia, não é 
hematoma – é hemorragia interna). Em geral, faz relevo na pele, tem delimitação mais ou menos 
nítida e é de absorção mais demorada que a equimose. 
Digamos que o vaso rompeu, o sangue extravasou e está se formando uma coleção de sangue 
naquela área. Se, por exemplo, é uma área corporal que não tem osso, o sangue se espalha para cima 
e para baixo, formando uma coleção e essa coleção de sangue recebe o nome de hematoma (hemato = 
sangue + oma = tumor). Hematoma é um tumor de sangue, uma bolsa de sangue. Essa bolsa de sangue 
se acumula numa cavidade que não existia. Foi o próprio sangue que criou aquela cavidade, para 
formar o hematoma. 
#CUIDADO - O hematoma é uma coleção de sangue numa cavidade neoformada. Se o sangue se 
acumular na cavidade pleural, se o sangue se acumular na cavidade pericárdica, isso não é um 
hematoma, mas sim hemorragia interna, pois não criou uma cavidade nova. 
 Hematoma 
 
 23 
E. BOSSA 
Diferencia-se do hematoma por apresentar-se sempre sobre o plano ósseo. Vulgarmente 
conhecida como “galo”. Pode ser sanguínea ou serosa: 
 Bossa Sanguínea - é uma coleção de sangue que faz saliência na pele. Para fazer essa 
saliência, ou seja, para a pele estufar, precisa estar em cima de um osso. Podemos a 
bossa sanguínea da que veremos a seguir (bossa serosa) através da cor. A bossa 
sanguínea é avermelhada, roxa, azulada. A serosa não tem cor. 
 Bossa Serosa ou Linfática – Se a coleção é de soro, linfa, se não é sangue, nós temos 
uma bossa serosa. 
 
#ATENÇÃO - Quando essa bossa aparece na criança que acabou de nascer, chama-se “Tumor do Parto” 
e representa que a criança estava viva na hora que o parto começou. Logo, mesmo que ela tenha 
morrido antes de respirar, representa um nascimento com vida. O tumor do parto na cabeça quer 
dizer que o coração dela estava batendo; e se o coração dela batia, ao ponto de produzir o tumor em 
tela, ela realmente nasceu com vida. Perceba que, na hora que a criança está nascendo, se sair 
primeiro a cabeça, o colo do útero irá comprimi-la. Logo, esse tumor acontece em virtude da pressão 
que é feita pelo colo do útero na cabeça da criança na hora do parto, pois o sangue que está circulando 
e indo pra cabeça não consegue voltar completamente, ficando retido no couro cabeludo. Tanto vale 
para a bossa Serosa (linfática) como para a Bossa Sanguínea! 
Vamos ver agora entorse, luxação e fratura. Muita atenção, pois nas provas o examinador 
adora trocar os conceitos: 
F. ENTORSE 
É o deslocamento TEMPORÁRIO da articulação, com ou sem rotura ligamentar 
 
 24 
G. LUXAÇÃO 
É o deslocamento PERMANENTE das superfícies articulares. Articulação deixa de manter 
contato. 
H. FRATURA 
É uma SOLUÇÃO DE CONTINUIDADE DO OSSO. 
Pode ser completa ou incompleta: 
 Completa - seu traço separa uma parte do osso ou o divide em mais de um segmento, 
 Incompleta - não chega a dividir o osso. 
Pode ser direta ou indireta: 
 Direta - quando se verifica no próprio local do traumatismo, ou 
 Indireta - quando provém de violência numa região mais ou menos distante do local 
fraturado. 
Pode ser fechada ou aberta: 
 Fechada (subcutânea) 
 Aberta (exposta) - Nesse caso, é classificada como lesão contusa aberta. 
II. LESÕES CONTUSAS ABERTAS 
A. ROTURAS VISCERAIS 
As vísceras abdominais e torácicas podem ser rompidas como resultado de um impacto ou 
compressão. Lesões de órgãos situados nas cavidades do corpo. 
 
 
 
 25 
B. ESCORIAÇÃO: 
Significa arrancar o revestimento do corpo. O revestimento do corpo nada mais é do que a 
pele. Vejamos como se dá a formação de uma escoriação: 
Temos a epiderme (superfície), a camada basal e a derme. Na escoriação, há o arrancamento 
da epiderme. Então, a escoriação é uma lesão que resulta da ação contundente, arrancando a 
epiderme. Não sangra. Quando muito, vai aparecer um pouco de plasma. Esse plasma vai evaporar e 
depois, no lugar onde o plasma está evaporando, aparece uma crosta. Como o plasma é incolor 
(branco, amarelado), essa crosta é uma crosta branco/amarelada. Quando a escoriação tiver a crosta 
branco/amarelada (porque ali não há sangue), será crosta serosa. Crosta serosa é uma crosta formada 
sem sangue. Só tem linfa, só tem plasma, não tem sangue. 
No entanto, às vezes a escoriação se aprofunda um pouco mais e começa a atingir a derme, 
nas papilas dérmicas. Nesse ponto nós já temos alguns vasos. Então, nesse momento, a escoriação já 
tem soro e sangue. Se tem soro e sangue, começa a ficar avermelhada e não mais branco-amarelada. 
Então, vai se formar uma crosta, mas não mais uma crosta serosa. É uma crosta sero-hemática. Sero-
semática porque tem linfa+sangue. 
Ademais, às vezes a escoriação vai um pouco mais fundo. Atravessa a derme papilar e atinge a 
chamada derme reticular (mas não ultrapassa a derme). Quando a escoriação é mais profunda, os 
vasos sanguíneos são maiores, sangra mais; agora será uma crosta hemática. Repare que, de acordo 
com a profundidade da escoriação, a casquinha que vai ficar em cima da escoriação pode ter uma 
tonalidade branco amarelada, pode ter uma tonalidade um pouco mais avermelhada e pode ter uma 
tonalidade vermelha intensa. 
#PARAFIXAR - De acordo com a profundidade: 
 Epiderme – Crosta serosa (esbranquiçada/amarelada) 
 Crista papilar – Crosta sero-hemática ou serossanguinolenta 
 Derme reticular (derme profunda) – Crosta hemática. 
Repare que não chega a ultrapassar a derme, porque, se ultrapassar a derme, deixa de ser 
escoriação e se transforma em ferida (como veremos adiante). É muito comum essa pergunta em 
prova: diferença entre ferida e escoriação. Não é a extensão, mas sim a profundidade. Quando 
ultrapassa a derme, a escoriação se transforma em ferida. A escoriação,por mais profunda que seja, 
não chega a ultrapassar a derme. 
 26 
Como é a camada basal que produz as células que formam a epiderme, quando há uma 
escoriação, a camada basal que está sobrando regenera uma nova epiderme. Então, durante um certo 
período, a pessoa está lá com aquele machucado, aquela escoriação. Aí forma-se uma casquinha 
vermelha. Três dias depois, a casquinha começa a ficar castanha. Quatro a cinco dias depois, a 
casquinha começa a ficar preta. Mais 3 dias, a casquinha começa a soltar ao redor. A casquinha vai 
soltando da periferia para o meio. Embaixo daquela casca, tem uma epiderme cor de rosa, muito 
suave. Depois de dez dias, a pele está completamente regenerada. As escoriações regeneram. Elas não 
deixam vestígios. Porque tem uma camada basal na profundidade, capaz de regenerar as células da 
epiderme. 
Escoriação é diferente da ferida. Quando acontece uma ferida, por mais superficial que ela 
seja, ela atinge os planos inferiores. Nesse caso não tem como regenerar. Então, a evolução de uma 
ferida é através de uma cicatriz. Já estamos vendo aqui uma diferença da ferida para a escoriação. 
Enquanto a escoriação regenera, a ferida cicatriza. A ferida deixará uma marca para sempre, que é a 
cicatriz. A escoriação não. Ela só deixará marca durante um período. Depois irá regenerar e 
desaparecer. 
Isso é muito importante para o exame de corpo de delito. Se uma vítima de escoriação 
demora a ir ao médico legal, ela está arriscando já não apresentar mais nenhum vestígio. 
O que é importante na escoriação é que, através da crosta, eu posso estabelecer o nexo 
temporal. Eu posso saber aproximadamente há quantos dias essa escoriação foi produzida, de acordo 
com o aspecto da crosta. 
Então, é importante que eu examine a crosta, pela cor, pela consistência (se ela está 
soltando). Mais importante ainda do que o nexo temporal, é eu tentar estabelecer o nexo causal. O 
agente vulnerante pode deixar uma expressão, um decalque, uma forma. E, através do estudo da 
forma da escoriação, eu vou poder às vezes identificar qual foi o agente vulnerante. 
Se uma pessoa apertou o pescoço da outra. Essa lesão das mãos e dos dedos (das unhas) 
recebe o nome de estigmas ungueais (marca de unha). Se o agressor não tem unha, no lugar de 
estigmas ungueais, eu vou encontra estigmas digitais. Estigmas ungueais ou digitais têm uma 
determinada forma. E, em função da forma dessas lesões, eu posso imaginar o que foi que o agressor 
quis fazer. Se ele quis apertar o pescoço, se ele quis mexer em regiões de lascívia e cometer um crime 
sexual. Ou seja, pela forma e pela localização das escoriações, eu vou saber qual foi o dolo do agente. 
 27 
Então, em suma, escoriação é uma lesão superficial de atrito que rompe a epiderme, 
deixando a derme descoberta. O tempo necessário para a reparação depende da profundidade que 
atingiu. Forma uma crosta (crosta de escoriação), mas só em vivos (não em mortos). 
 
 
Dois conceitos que caem bastante: 
 Marca de escoriação - superfície de cor rósea, que fica embaixo da crosta, a qual 
desaparece em poucos dias e não deixa cicatrizes. 
 Estigmas ungueais – Já vimos que é a escoriações por unha 
Tempo da crosta: 
 Crosta Acastanhada (03 dias) → três dias depois, ela fica castanha; 
 Crosta Anegrada (+ 05 dias) → depois de cinco dias, ela começa a ficar preta; 
 Crosta em Destacamento (08 a 10 dias) → a casca começa a soltar; 
C. ESMAGAMENTO 
São lesões em que todos os planos anatômicos de um segmento do corpo são comprimidos e 
triturados pelo agente contundente. É chamada DE SÍNDROME DE CRUNSH. Quando há verdadeira 
trituração dos diversos planos do segmento atingido, com ou sem abertura da pele, a lesão é chamada 
de esmagamento. 
 28 
 
 
D. EMPALAMENTO E ENCRAVAMENTO 
EMPALAMENTO ENCRAVAMENTO 
Quando um objeto de longo eixo é introduzido 
no ânus ou no períneo. 
 
Penetração com permanência de objeto em 
qualquer parte do corpo (menos o ânus e o 
períneo) 
 
 Empalamento 
 29 
 Encravamento 
E. ARRANCAMENTO 
Produzida por tração violenta de segmentos corporais. São comuns em acidentes 
ferroviários, máquinas com polias ou acidentes em que a vítima fica com um dos membros preso. Um 
tipo especial de arranchamento, em o couro cabeludo é arrancado, é chamado de escalpo. 
F. SINDROME EXPLOSIVA (BLAST INJURY) 
Deve-se à expansão dos gases de uma explosão. 
G. Ferida contusa 
Como vimos ao estudar escoriação, é a solução de continuidade causada por ação 
contundente que ingressa todos os planos da pele, inclusive o subcutâneo. Não se regenera, deixando 
cicatriz. 
Características da ferida contusa: 
 Forma estrelada, sinuosa ou retilínea; 
 Bordas irregulares, escoriadas e equimosadas; 
 Fundo irregular; 
 Vertentes irregulares; 
 Presença de pontes de tecido íntegro ligando as vertentes; 
 Retração das bordas da ferida; 
 Integridade dos vasos, nervos e tendões no fundo da lesão. 
 
Alunos Ciclos, uma comparação que costuma cair sempre em prova é a que trata das 
diferenças entre a ferida contusa e a ferida cortante. Façamos, então, uma tabela para garantirmos 
esse ponto na hora da prova: 
 30 
CONTUSAS CORTANTES 
Bordas irregulares Bordas regulares 
Vertente irregular Vertente (encosta) regular 
Fundo irregular Fundo regular 
Bordas escoriadas e equimosadas Sem escoriação e equimoses 
Presença de pontes de tecido íntegro Hemorragia abundante 
Retração das bordas Afastamento das bordas 
Integridade dos vasos, nervos e tendões no 
fundo da lesão, Forma estrelada 
Predomina o comprimento sobre a profundidade. 
Sua profundidade é maior no início 
 
As contusões podem provocar ainda algumas lesões típicas, com nomes próprios, quando 
feitas por uma martelada na cabeça em sentido perpendicular. É a FERIDA DE STRASSMANN ou 
FRATURA EM SACA-BOCADOS. Apresenta duas características que também possuem nomes 
específicos: 
 Sinal do “mapa-mundi” de Carrara - pequenos círculos na região afetada 
 Sinal em “terraza” de Hoffmann - Quando o traumatismo se verifica tangencialmente, 
produz uma fratura de forma triangular com a base aderida à porção óssea vizinha e com o vértice 
solto e dirigido para dentro da cavidade craniana. 
#CAIUEMPROVA – Na prova da PC-RJ, em 2011, foi considerada CORRETA a seguinte afirmação: As 
fraturas cranianas tipo mapa-mundi são características de lesões causadas por instrumentos: 
contundentes. 
Vamos partir agora para o estudo dos instrumentos mistos: perfurocortantes, 
cortocontundentes e perfurocontundentes. 
2.1.4 INSTRUMENTOS PERFUROCORTANTES 
Características dos instrumentos perfurocortantes: 
 Possuem uma ponta e um ou mais gumes. 
 Agem POR PRESSÃO, através da ponta, e POR DESLIZAMENTO dos gumes. 
 Sua lesão recebe o nome de perfuroincisa 
Características da lesão perfuroincisa: 
 31 
 Predomínio nítido da profundidade sobre a extensão. 
 Forma varia de acordo com o número de gumes. 
o 1 gume - forma de botoeira, com um dos ângulos bem mais agudo que o outro 
o 2 gumes - forma de fenda e ângulos bastante agudos e semelhantes. 
o + de 2 - forma estrelada, com tantas pontas quantas forem as arestas do instrumento. 
Como vimos, as 3 leis de Filhós e Langer diferenciam a ferida do instrumento perfurante de 
médio calibre da ferida do instrumento perfurocortante de dois gumes. Revisar! 
#CUIDADO - Não confundir a lesão como instrumento. Como o instrumento é perfuro-cortante, a 
lesão é mais profunda do que extensa, desde que o instrumento aja também por pressão. Porque, se 
eu pegar um instrumento perfuro-cortante aplicar somente o deslizamento, eu vou ter uma ferida 
incisa. Eu tenho que ter cuidado porque, embora a ferida seja incisa, o instrumento não é cortante. Ele 
é perfuro-cortante de um gume que, no lugar de agir também por pressão, agiu somente por 
deslizamento do gume. 
2.1.5 INSTRUMENTOS CORTOCONTUNDENTES 
Características dos instrumentos cortocontundentes: 
 São dotados de grande massa: enxada, foice, facão, machado, guilhotina, DENTE. 
 Transferem sua energia por meio de um gume, que com ajuda da massa produz lesões 
muito profundas 
 A lesão recebe o nome de cortocontusa 
Atenção para os dentes. São instrumentos cortocontundentes. Essa pergunta cai bastante em 
prova!! 
Características das lesões cortocontusas: 
 Têm forma bem variável, dependendo da região atingida, da inclinação, do peso, do 
gume e da força de quem atua. 
 Sendo o instrumento mais afiado, predominam as características dos ferimentos 
cortantes. Quando o fio de corte não for vivo, prevalecem os caracteres de contusão 
dos tecidos. 
Toda vez que você tiver um seguimento ósseo separado do corpo, é porque ali atuou um 
instrumento cortocontundente. Já vimos decaptação, esquartejamento e espostejamento. 
Normalmente são causados por instrumentos cortocontundentes, exigindo uma massa maior para a 
 32 
separação de seguimentos ósseos. Na via urbana, o principal instrumento cortocontundente é a roda 
do trem. 
2.1.6 INSTRUMENTOS PERFUROCONTUNDENTES 
Os principais e mais cobrados em provas são os projéteis de arma de fogo, mas há outros 
instrumentos que podem produzir esse tipo de lesão, como a ponta de um guarda-chuva, um 
vergalhão, uma flecha. 
Vamos estudar detalhadamente as lesões causadas por projéteis. Os efeitos dos disparos de 
arma de fogo no corpo humano são divididos em primários e secundários. 
A. EFEITOS PRIMÁRIOS 
Produzidos exclusivamente pela ação mecânica do projétil. São característicos dos pontos de 
impacto, não dependendo da distância do tiro. Os efeitos primários resultam da ação do projétil 
contra um alvo animado ou não animado. No alvo animado o projétil atinge a pessoa produzindo orlas 
de impacto ou embate, formando as zonas de contorno seguintes: 
ORLA DE ESCORIAÇÃO OU 
CONTUSÃO 
ORLA DE ENXUGO OU 
LIMPADURA 
ORLA EQUIMÓTICA 
Epiderme é arrancada por sua 
ação contundente, resultando 
uma orla de escoriação ao redor 
do orifício de entrada. A derme, 
por ser mais elástica, é esticada 
em forma de dedo de luva por 
inversão e só se rompe quando 
o limite de sua elasticidade é 
ultrapassado, 
Produzida pela limpeza dos 
resíduos existentes no cano da 
arma (pólvora, ferrugem, 
partículas etc), ficando sob a 
forma de uma auréola escura 
em volta do orifício de entrada. 
No trajeto pelo tecido 
subcutâneo, o projétil rompe 
vasos de calibres médio e 
pequeno, o que provoca 
infiltração hemorrágica que se 
traduz externamente por uma 
orla equimótica ao redor do 
orifício 
Logo, o diâmetro de entrada é 
menor que o calibre do projétil 
Por vezes, a orla de enxugo só é 
observada nas roupas da vítima 
Serve para caracterizar a 
reação vital na ferida. SÓ TEM 
EM VIVO 
Não se pode afirmar o calibre 
da arma pelo diâmetro dos 
ferimentos 
ORLA EXCLUSIVA DOS 
ORIFÍCIOS DE ENTRADA. 
Essa orla não é constante nem 
exclusiva da entrada, 
podendo ser observada nos 
 33 
tecidos vizinhos ao orifício de 
saída. 
 
ATENÇÃO! O conjunto dessas três orlas é denominado ANEL DE FISCH! 
Nos casos em que o projétil incide de modo oblíquo, a orla de escoriação tem forma de faixa 
extensa com a mesma direção do projétil. Aumentando ainda mais o obliquidade, o projétil não mais 
penetra e causa uma ferida de bordas irregulares e escoriadas, sem orifício, em forma de canaleta ou 
apenas uma faixa de escoriação, nesses casos chamamos de lesões de raspão. 
Para facilitar a compreensão, uma explicação mais detalhada retirada da aula de Blanco: 
Como já estudamos anteriormente, a pele é o maior órgão do corpo humano, que reveste 
toda a superfície corporal. Tem uma camada externa que é a epiderme, mais rígida, e uma camada 
interna que é a derme, bem mais elástica. Quando o projétil chega, dotado de uma considerável 
velocidade, ele lesiona, ele destrói a epiderme com a qual ele impacta. Então, a epiderme é 
literalmente destruída no ponto de contato do projétil. Ora, mas a derme, sendo mais elástica, suporta 
um pouco mais essa penetração do projétil. Então, a pele, na sua parte mais inferior (na derme), sofre 
uma invaginação e o projétil tenta atravessar, como e fosse um dedo de luva. Nesse momento, a 
derme envolve o projétil e ele, que vem sujo de todos os elementos que estão dentro do cano da arma 
(pólvora, ferrugem, graxa, óleo), ao passar na derme, praticamente se limpa. Ele se enxuga e todo 
resíduo que estava dentro do cano fica impregnando a derme. 
Quando o projétil acaba de passar, fazendo a lesão de entrada, aquela derme que era elástica 
volta a sua posição normal. Com isso, o orifício de entrada normalmente é menor do que o calibre do 
projétil que o produziu. Quando olhamos a ferida, vemos o buraco, onde saiu a epiderme, mas dentro 
nós vemos uma parte da derme exposta. Essa parte da derme que ficou exposta está impregnada por 
aquele material que foi trazido de dentro do cano. Essa área de resíduos recebe o nome de orla de 
enxugo. Orla de enxugo é a orla de resíduos provenientes do cano da arma. 
 
 34 
Nós aprendemos que escoriação é o arrancamento da epiderme com exposição da derme. 
Como visto acima, também ocorreu o arranchamento da derme pelo projétil. Então, nós temos aqui 
também a chamada orla de escoriação. 
 
Diante de uma ferida ovalar ou circular, com uma orla de escoriação centralizada por uma orla 
de enxugo, nós podemos entender que por ali atuou um agente perfuro-contundente. Então, essa é a 
lesão clássica de projétil de arma de fogo: uma orla de enxugo, representada pelos resíduos 
provenientes do cano, e uma orla de escoriação, representada pela exposição da derme abaixo de um 
pedaço de epiderme que foi arrancado pela penetração do projétil de arma de fogo. 
 
A doutrina medico-legal chama essa estrutura de anel de Fisch. O anel de Fisch nada mais é do 
que a orla de enxugo e a orla de escoriação que denunciam a entrada de um projétil de arma de fogo. 
Estamos vendo a explicação de Blanco. Aqui há uma pequena divergência, pois para alguns autores o 
anel é a soma das 3 orlas. 
Alguns autores dizem o seguinte: quando o projétil passa, os vasos sanguíneos da derme são 
lesionados. No que são lesionados, eles sangram, e o tecido celular gorduroso, que fica embaixo da 
pele, fica infiltrado por sangue. A visão desse sangue através da pele mostra uma área de contorno 
que é a chamada orla de equimose. Então, em alguns casos, na lesão de entrada, nós não temos 
apenas o enxugo e a escoriação. Na lesão de entrada, temos o enxugo, a escoriação e a equimose. A 
equimose é o resultado da ruptura do tecido celular subcutâneo na passagem do projétil. Nem sempre 
aparece, mas, quando aparece, significa que o projétil de arma de fogo ou um agente perfuro-
 35 
contundente, com grande força viva. Essa é a lesão de entrada num disparo feito a uma determinada 
distância, que nós vamos chamar de disparo feito à distância. 
Se o disparo tem uma incidênciaobliqua, quando o projétil bater no corpo, o atrito feito com 
a porção do projétil que está mais próxima da pele vai ser mais intenso do que o atrito feito pela parte 
do projétil que está mais distante da pele. Os resíduos contidos no projétil vão ficar mais impregnados 
na parte onde o projétil tocou primeiro. Quando eu for olhar essa lesão de frente, o que eu vou notar é 
que a orla de escoriação não será concêntrica. Ela terá uma excentricidade. Ela vai ter um formato de 
uma meia lua crescente. Essa meia lua crescente é mais intensa no lugar de onde veio o projétil. Então, 
olhando para a orla de escoriação, eu tenho uma ideia se o projétil veio de cima para baixo, de baixo 
para cima, da esquerda para a direita... Uma parte dele vai sujar mais a pele do que a outra parte. 
B. EFEITOS SECUNDÁRIOS 
Os efeitos secundários resultam da ação explosiva contra um alvo animado ou não animado. 
Os efeitos secundários são os que resultam nos tiros à curta distância, assim como, da ação dos gases 
e resíduos da combustão da pólvora. A região atingida pelos efeitos explosivos compreende as zonas 
seguintes: 
ZONA DE CHAMA 
(CHAMUSCAMENTO/DE 
QUEIMADURA 
ZONA DE ESFUMAÇAMENTO ZONA DE TATUAGEM 
Produzida pelos gases 
superaquecidos e inflamados. 
Produzida pelo depósito de 
fuligem decorrente da 
combustão da pólvora 
(QUEIMADA). 
Produzida pela pólvora 
incombusta (NÃO QUEIMADA) 
ou parcialmente comburida. 
TIROS A CURTA DISTÂNCIA 
(=queima-roupa). 
TIROS À CURTA DISTÂNCIA 
(=queima roupa). 
Acima de 50 cm a quantidade de 
partículas sólidas diminui 
progressiva e rapidamente. 
 
 
X 
Formada pelos resíduos finos 
e impalpáveis aderidos ao 
plano do alvo. FACILMENTE 
REMOVIDOS POR LAVAGEM. 
Incrustam-se no alvo, NÃO 
REMOVÍVEIS POR LAVAGEM 
 
X 
Nos tiros perpendiculares, 
apresenta forma estralada. 
Nos tiros perpendiculares 
apresenta-se sob a forma circular. 
 36 
Nos inclinados tem forma elíptica. 
X X Traço característico do orifício de 
entrada 
 
#ATENÇÃO – Nos disparos a queima roupa, as zonas nem sempre estarão presentes. As vestes, muitas 
vezes, podem reter os grânulos de pólvora, impedindo que estes se incrustem no corpo. Se utilizado 
compensador de recuo também não haverá. 
Vejamos novamente a explicação do professor Blanco: 
Tomando-se a boca da arma como referência, no momento do disparo, o projétil parte 
impregnado pelas impurezas que estavam dentro do cano, mas, empurrando o projétil para frente há 
também uma nuvem de gás, proveniente da queima da pólvora que estava dentro do cartucho. 
Quando essa pólvora queimou, ela virou gás. E aí, nós temos aqui todo esse gás se espalhando na boca 
da arma. Esse gás se espalhando na boca da arma vai tomar a forma de um cone. Como esse cone 
resulta de material em dispersão, chamamos esse cone de cone de dispersão. Logo, cone de dispersão 
é o conjunto de todos os resíduos provenientes da queima da pólvora que estava dentro do cartucho. 
Assim que sai da boca da arma, nós vemos uma primeira camada, que são os gases 
superaquecidos. Esses gases superaquecidos saem da boca da arma como se fossem uma labareda, 
como se fossem uma língua de fogo. É a zona de chamuscamento. 
 
Um pouco mais adiante, os gases já não chegam mais, mas a onda de pólvora que queimou, 
que virou fumaça, sai da boca da arma na forma de grânulos mínimos, na forma de fumaça. Essa 
fumaça, como esses grãos são mínimos, é retida pelo ar atmosférico, pelo meio ambiente, sem 
alcançar uma distância maior. É a zona de esfumaçamento. 
 37 
 
No entanto, grãos de pólvora que não queimaram tem uma massa maior, logo alcançam uma 
distância maior. É a zona de tatuagem. Mas, mesmo os grãos de pólvora que não queimaram, num 
certo ponto não alcançam mais, são detidos pelo ar ambiental. Tudo para e só o projétil continua. 
 
Cone de dispersão = língua de fogo (gases superaquecidos) + pólvora que queimou e virou 
fumaça + pólvora que não queimou. 
Vamos tratar da distância do disparo: 
TIRO À DISTÂNCIA - Quando nós encontramos uma lesão provocada exclusivamente pelo 
projétil de arma de fogo, porque os elementos do cone de dispersão naturalmente não conseguiram 
chegar no alvo, eu tenho o tiro à distância. 
Porque estamos falando “naturalmente”? Porque, muitas vezes, a pessoa que atira, atira 
através de um lençol, de um cobertor, de um edredom, de uma toalha, de um travesseiro. E aí, aquele 
anteparo, colocado intencionalmente ou acidentalmente entre a boca da arma e a vítima, pode 
funcionar como filtro. E, se esse anteparo funcionar como filtro, ele pode reter os elementos do cone 
de dispersão. E aí, o perito vai encontrar apenas a lesão feita pelo PAF. Só que, nesse caso, o disparo 
não foi feito à distância. O disparo foi feito a curta distância. Esse disparo foi feito a uma distância tal 
que naturalmente o alvo seria atingido pelo projétil e pelos elementos do cone de dispersão. Só não foi 
atingido naturalmente porque o anteparo, dolosamente ou acidentalmente, foi colocado entre o alvo 
e a boca da arma. 
 38 
É preciso tomar cuidado porque às vezes o anteparo gera resíduos. Às vezes a pessoa é 
atingida através de um vidro, através de uma placa de madeira e os resíduos do vidro ou da placa de 
madeira vão se engastar ao redor do ferimento na vítima. Nós encontramos resíduos em volta do 
ferimento na vítima, mas não são resíduos provenientes do cone de dispersão. São resíduos do 
anteparo. Então, é preciso muito cuidado. O perito deverá analisar que tipo de resíduo está engastado 
ao redor do ferimento, para verificar se ele é do cone de dispersão ou se ele é resíduo de algum 
anteparo que foi interposto entre o disparo e a vítima. 
TIRO A CURTA DISTÂNCIA (OU QUEIMA-ROUPA) – é aquele que, além das lesões produzidas 
pela penetração do projétil, eu tenho ainda as alterações provocadas pelos elementos constituintes do 
cone de dispersão. Atenção!!! Queima roupa é sinônimo de curta distância. Não confundir com o tiro 
de cano encostado, que veremos adiante. 
Quando o tiro é feito a queima roupa, nós estamos dentro do alcance do cone de dispersão: 
zona 1 – zona de chama/ zona 2 – zona de esfumaçamento/ zona 3 – zona de tatuagem. 
Na zona 1, todos os elementos do cone de dispersão vão atingir a lesão. Então, eu terei uma 
área de queimadura. Quando se fala que nós temos uma queimadura no ferimento de entrada de 
projétil de arma de fogo, não é porque o projétil queima. O projétil não queima. Se tem uma 
queimadura na lesão, a queimadura foi feita pelos gases superaquecidos. E, se os gases 
superaquecidos chegaram a queimar a pele, ao redor do ferimento, é porque o alvo estava próximo da 
boca da arma. Junto com esses elementos de queimadura eu vou ter uma fumaça escura, ou mais clara 
(verde ou amarela), de acordo com a cor da pólvora. Essa fumaça vai mascarar o ferimento. Embaixo 
dessa fumaça, que eu só vejo se limpar o ferimento, eu tenho uma porção de granulações 
impregnadas na pele. E, por mais que eu limpe, essas granulações não saem. 
Então, eu tenho que diferenciar essas camadas. A camada de queimadura eu vou chamar de 
zona de queimadura (ou zona de chamuscamento). Aquele esfumaçamento, que ficou em volta, 
recebe o nome de zona de esfumaçamento (ou zona de tisnado). É a pólvora que queimou, a pólvora 
que virou fumaça. Depois que eu tiro o esfumaçamento, eu noto que a pele está toda impregnada por 
granulações. Essas granulações estão na derme. Elas ultrapassaram a epiderme e estão cravadas na 
derme (não saem de lá nem com lavagem). Esses grãos de pele entram na dermee fazem uma 
verdadeira tatuagem. E aí temos o nome de zona de tatuagem. 
 Se o tiro foi dado de muito perto = Queimadura, esfumaçamento e tatuagem. 
 39 
 Se a distância foi um pouquinho maior = A queimadura já não aparece, mas o 
esfumaçamento e a tatuagem aparecem. 
 Se a distância foi um pouco maior, mas ainda dentro dos elementos do cone de 
dispersão = O esfumaçamento já não aparece, mas a tatuagem ainda aparece. 
Ou seja, no tiro a curta distância ou a queima-roupa não é obrigatório que você encontre as 3 
orlas. Basta encontrar 1 ou 2. Agora, se eu só encontro uma, é a de tatuagem. Se eu encontro duas, é a 
de tatuagem e de esfumaçamento. Se eu encontro 3, é a de tatuagem, de esfumaçamento e a 
queimadura. 
Com isso, eu posso ter uma ideia, mesmo no tiro a curta distância, se foi de perto ou se foi de 
muito perto. Eu posso calibrar essa curta distância de acordo com as zonas de contorno que eu tenho 
ao redor do ferimento. 
TIRO À DISTÂNCIA TIRO À QUEIMA-ROUPA 
Tem a orla de escoriação, tem a orla de enxugo e 
acabou a lesão. Esse é o chamado anel de Fisch. 
Pode ter também orla de equimose. 
Se o tiro foi dado de muito perto = Queimadura, 
esfumaçamento e tatuagem. 
 
Se a distância foi um pouquinho maior = A 
queimadura já não aparece, mas o 
esfumaçamento e a tatuagem aparecem. 
 
Se a distância foi um pouco maior ainda, mas 
ainda dentro dos elementos do cone de 
dispersão = O esfumaçamento já não aparece, 
mas a tatuagem ainda aparece. 
 
Ou seja, no tiro a curta distância ou a queima-
roupa, não é obrigatório que você encontre as 3 
orlas. Basta encontrar 1 ou 2. Agora, se eu só 
encontro uma, é a de tatuagem. Se eu encontro 
duas, é a de tatuagem e de esfumaçamento. E 
se eu encontro 3, é a de tatuagem, de 
 40 
esfumaçamento e a queimadura. 
 
Quanto mais distante estiver o alvo, mais o cone vai abrir: 
 
Na proporção em que eu vou variando o tamanho do estojo onde está contida a pólvora, 
quanto maior for esse estojo, mais pólvora tem. Quanto mais pólvora tiver, mais gás tem. Quanto mais 
gás e fumaça tiver, mais longe vai o cone. Então, eu tenho disparos em que o cone só alcance 20 cm. 
Eu tenho disparos em que o cone alcança 30 cm, 50 cm, 75 cm. Ou seja, não existe um padrão absoluto 
para o alcance do cone de dispersão. Logo, dizer que a lesão está circundada por material 
pulverolento, quer dizer que o tiro foi de perto, mas há situações em que você precisa saber quanto de 
perto foi o disparo. E você só consegue saber quanto de perto foi o disparo se você tiver o parâmetro 
dizendo qual é o diâmetro dessa impregnação pulverolenta. 
TIRO COM CANO ENCOSTADO – A distância entre o alvo e a boca da arma é 0. O cano está 
encostado. Se o cano não estiver encostado, nós teremos o tiro à queima-roupa ou a curta distância. 
A boca da arma está firmemente apoiada na pele. Se a boca da arma está firmemente apoiada 
na pele, todo o material que sai do cano da arma não vai ter espaço para se expandir. Então, todo 
aquele material vai penetrar pela lesão de entrada. E nós teremos uma ferida circular, com uma orla 
de escoriação, com uma orla de enxugo e com uma queimadura ao redor. A queimadura ao redor é 
porque os gases superaquecidos passaram por ali e queimaram a pele naquela região. 
 41 
Cadê a pólvora circundante? Não tem. Cadê a tatuagem circundante? Não tem. E não tem 
porque todo esse material penetrou junto com o projétil. Foi tudo empurrado para dentro do corpo, 
uma vez que o cano estava firmemente apoiado na pele. 
Se eu for observar, no exame interno, eu verei um túnel e esse túnel estará todo impregnado 
pela pólvora (que no tiro à queima-roupa está por fora do ferimento). Então, no tiro com cano 
encostado, ele não tem material pulverulento por fora. Todo o material está por dentro. 
Agora, como o gás entrou com uma pressão muito grande, se nós usarmos uma lente de 
observação, nós veremos que as bordas dessa lesão tem uma série de pequenas fissuras. A pele fica 
fissurada, rachada, como se estivesse querendo romper. 
É importante tomar cuidado com o seguinte: às vezes o tiro é disparado à distância, mas a 
energia cinética do projétil é muito grande. E, quando ele impacta no alvo, embora seja um tiro à 
distância, podemos encontrar fissuras ao lado do ferimento. Basta olhar se o ferimento está 
impregnado com os resíduos para saber se foi de cano encostado ou à distância. 
Tiro com cano encostado com osso por baixo: 
Se você faz um disparo de cano encostado no crânio, por exemplo, quando o projétil entra, 
ele quebra o osso do crânio e vai embora. Quando os gases vem atrás, há um espaço entre o couro 
cabeludo e o osso do crânio. Os gases batem no osso e voltam. Como eles batem e voltam, eles voltam 
com uma pressão muito grande e o buraco de entrada, que seria um buraco proporcional ao diâmetro 
do projétil, agora se transforma numa cratera (num rombo). Mas quem fez essa cratera não foi o 
projétil. Quem fez essa cratera foram os gases provenientes do cone de dispersão que bateram no 
osso e refletiram. No que refletiram, arrombaram a pele para fora. E aí acontece o fenômeno da casca 
de banana. A pele está toda suja de pólvora, mas está toda suja de pólvora por dentro. Só que a parte 
de dentro está virada para fora, como se fosse uma banana descascada. Esse aspecto parecendo um 
rombo todo sujo de material pulverulento foi chamado, por um perito chamado Hoffman, de lesão em 
boca de mina (Boca de mina de Hoffman). Ou seja, parecia a boca de uma mina de carvão. Essa lesão 
é extremamente maior do que o calibre do projétil. 
Isso confunde o perito inexperiente, que aprendeu assim: a bala quando entra faz um buraco 
pequeno e a bala quando sai faz um buraco maior. Ele esquece que, se tem pólvora por dentro, isso 
não pode ser uma lesão de saída. Se está impregnado de pólvora, não pode ser uma lesão de saída. Só 
pode ser uma lesão de entrada. Então, a observação da boca de mina de Hoffman é uma exceção a 
essa regra (que diz que o buraco de entrada é menor). Ele é maior e evertido. 
 42 
A observação da boca de mina garante ao perito duas coisas: 
 Que o tiro foi disparado com o cano encostado 
 Que embaixo do local onde o tiro foi disparado tinha uma superfície óssea 
Nós vimos que a bala transfixou o crânio. O que acontece quando eu vou examinar o osso do 
crânio? Agora eu vou examinar o osso e não mais a pele. Então, eu vou rebater o couro cabeludo e, no 
momento que eu rebato o couro cabeludo para apresentar o crânio por fora, eu noto que o crânio tem 
um buraco de entrada. E eu noto que esse buraco de entrada está sujo de pólvora por fora. Esse 
resíduo de pólvora no osso do crânio chama-se sinal de Benassi. Então, normalmente, embaixo da 
boca de mina de Hoffman eu tenho o sinal de Benassi. A câmara de mina de Hoffman (aquela cratera 
toda suja de pólvora) é no couro cabeludo e o sinal de benassi é no osso, que fica impregnado por 
pólvora na sua superfície externa. 
Só que o osso do crânio é duplo. E, entre essas duas tábuas ósseas (uma interna e uma 
externa), a natureza colocou um tecido como se fosse um amortecedor. Quando a bala entra, ela faz 
um buraco e joga para dentro uma porção de fragmentos de osso. A bala, quando bate no osso, se 
desestabiliza e começa a bater na parte interna desestabilizada. Ou seja, ela vai fazer um buraco no 
osso que é maior na parte de dentro do que na parte de fora. Então, se nós pudermos olhar como fica 
um buraco de entrada de projétil no osso do crânio, não vai ser um cilindro. O que nós vamos ver é um 
buraco que tem o aspecto de um cone. Só que, no lugar de ser um cone com um vértice normal, é um 
cone truncado (que foi cortado). Logo, essafigura geométrica chama-se tronco de cone. A base do 
tronco de cone indica por onde a bala saiu. E as paredes do tronco de cone são divergentes do tronco 
para a base. A gente fala que as paredes estão cortadas em bisel (plano inclinado). Então, esse aspecto 
do crânio, esse tronco de cone, é o chamado sinal de Bonnet. 
Como eu estou apoiando a arma junto a pele, às vezes, no local onde o projétil penetrou fica 
impressa a imagem da boca da arma. A boca da arma fica desenhada no local do ferimento. Ora, se eu 
estou encontrando uma ferida de entrada de projétil de arma de fogo com o desenho da boca da 
arma, eu não tenho a menor dúvida de que aquilo é uma lesão de entrada de projétil de arma de fogo 
disparado com o cano encostado no corpo. Esse sinal da boca da arma, no tiro com cano encostado, é 
o sinal de Puppe-Werkgartner. 
Esses nomes são pedidos em prova. Eu tenho que saber o que significa a boca de mina de 
Hoffman, tenho que saber o que é o sinal de Benassi, tenho que saber o que é o sinal de Bonnet, assim 
como sinal de Werkgartner. 
 43 
#PARAFIXAR - Tomando-se por base os efeitos primários e secundários, classificam-se os tiros quanto 
à distância em: 
Encostado: 
 A boca do cano da arma se apoia no alvo produzindo lesão pela ação do projétil e 
gases resultantes da deflagração da pólvora 
 O orifício de entrada é irregular, amplo, em regra maior que o diâmetro do projétil. 
 NÃO HÁ ZONA DE ESFUMAÇAMENTO E TATUAGEM. 
 Boca de mina (mina de Hofmann) - A expansão dos gases será dentro do túnel aberto 
pelo projétil, ficando os bordos do orifício de entrada EVERTIDOS. A lesão apresenta 
prolongamentos radiados e internamente se manifesta por devastação intensa. 
EXCEÇÃO EM QUE A ORLA DE ENTRADA TEM A BORDA EVERTIDA. 
 Sinal de Benassi - No crânio, a orla de esfumaçamento aparece ao redor do orifício 
de entrada, superfície externa do plano ósseo (não sai nem quando vira esqueleto) 
 Sinal de funil de Bonnet: Quando um projétil transfixa o crânio, FORMA UM CONE NA 
ENTRADA E NA SAÍDA 
o ENTRADA - Base maior voltada para DENTRO 
o SAÍDA - Base maior voltada para FORA 
 Sinal de Werkgaertner - O disparo encostado pode também produzir a impressão do 
cano quente na pele. 
 Buraco de fechadura - Ocorre nos ossos do crânio, quando o projétil tem INCIDÊNCIA 
TANGENCIAL, porém com um mínimo de inclinação para penetrar na cavidade. 
Levanta um fragmento do osso e em seguida se verifica sua penetração. 
 Para um diagnóstico seguro do tiro encostado é importante encontrar 
carboxiemoglobina no sangue do ferimento, assim como nitratos de pólvora, nitritos 
e enxofre. 
À Curta Distância (QUEIMA ROUPA, NÃO CONFUNDIR COM ENCOSTADO): 
 Dentro dos limites da região espacial varrida pelos gases e resíduos de combustão da 
pólvora expelidos pelo cano da arma. 
 O orifício de entrada terá a forma arredondada ou ovalar (nos tiros inclinados), 
 Bordas invertidas, 
 Orla de contusão e enxugo, auréola equimótica e 
 As zonas de queimadura, esfumaçamento e tatuagem 
 44 
Distante (à distância): 
 Quando ela NÃO APRESENTA ZONAS, e por isso não se pode padronizar essa ou 
aquela distância. 
 O orifício de entrada tem forma arredondada (tiro perpendicular), ovalada (tiro 
inclinado) 
 Bordos invertidos, 
 Orlas de contusão e enxugo, auréola equimótica, sem as zonas. 
TIRO PRODUZIDO POR ARMA DE “ALMA” LISA (ESPINGARDAS, BALINS): 
Existem armas de cano liso. São armas que são feitas para a pequena distância. São as 
chamadas espingardas. A espingarda possui cano longo e liso. Essas armas são feitas para disparar um 
tipo especial de cartucho. Até agora nós aprendemos os cartuchos de projéteis únicos. O cartucho de 
projétil único é aquele cartucho que, cada vez que é deflagrado, deixa sair apenas um projétil. Mas nós 
temos também um cartucho que tem estojo, espoleta (material feito para soltar a faísca e começar a 
queimar a pólvora), mas, no lugar de ter um projétil, tem umas bolinhas de chumbo, chamadas de 
balins. No lugar de ter um projétil, está cheio de balins. Ora, quando eu queimar a pólvora e a pólvora 
virar gás, como os balins não são uma massa compacta, o gás vai passar pelos balins e os balins não 
vão ter força propulsora. Então, o fabricante coloca, entre o estojo e os balins, um disco de papelão 
(chamado de bucha). A função dessa bucha é não deixar que os gases passem entre os balins. E, para 
que os balins não caiam pela outra boca, o fabricante coloca outra bucha para tampar o cartucho. Esse 
é um cartucho de projeteis múltiplos. 
Na hora que você armar a sua espingarda e o percutor bater na espoleta, a espoleta soltar a 
faísca, a faísca queimar a pólvora, a pólvora transformar-se em gás, o gás empurrar a bucha e a bucha 
empurrar os balins e os balins empurrarem a outra bucha, na boca da arma o que vai sair não é um 
projétil, mas sim uma bucha, um conjunto de 9 balins, a outra bucha e uma porção de gases. Esses 
balins vão ser jogados ao acaso. O vento vai espalhar, mas aqui eu não pretendo alcançar grandes 
distâncias. Além do que, no momento em que esse disparo for efetuado e que o vento for batendo, a 
primeira coisa que acontece é a bucha cair. As buchas vão cair e os balins começam a se afastar. Ou 
seja, a medida que o alvo está colocado mais longe, como aquele grupo de balins se espalhou mais, 
menos balins vão atingir o alvo e mais distantes entre si. 
A concentração das lesões causadas pelos balins é inversamente proporcional à distância do 
tiro 
 45 
Tomando-se o diâmetro da boca do cano da arma e a dispersão dos chumbos ou balins 
esféricos no alvo ou a certa distância, pode-se traçar o cone de dispersão dos chumbos (ROSA DE 
TIRO DE CEVIDALLI – TIROS À DISTÂNCIA). Já nos de curta distância, haverá um orifício central, 
cercado de orifícios menores. 
Logo, em suma, quando os balins saem da boca da arma, eles começam a se espalhar. No que 
eles começam a se espalhar, o alvo vai ser atingido por uma quantidade maior ou menor de balins 
conforme a distância que o alvo esteja colocado. Quando eu encontrar a vítima, eu não vou encontrar 
uma ferida por projétil de arma de fogo. Eu vou encontrar uma ferida com um aglomerado de projeteis 
de arma de fogo. A esse conjunto de ferimentos de entrada de projeteis de arma de fogo disparados 
por cartucho de projeteis múltiplos (espingarda) eu dou o nome de Rosa de Tiro de Cevidalli. A rosa de 
tiro de cevidalli é o conjunto de ferimentos produzidos pela entrada de projeteis de arma de fogo 
disparados por cartucho de projeteis múltiplos. 
LESÕES DE SAÍDA 
Na lesão de saída é preciso uma atenção maior. O projétil, vindo de dentro para fora, atinge 
primeiro a derme. Como a derme é elástica, ela faz uma curvatura para fora. No entanto, a epiderme, 
que não é tão elástica, não consegue acompanhar a derme. Então, num dado momento, a derme 
rompe e o projétil arrasta com ele a epiderme e vai embora. Quando isso acontece, a derme volta para 
o lugar. No que a derme volta para o lugar, a epiderme volta junto. Nós vemos a epiderme rota e não 
conseguimos enxergar a derme por baixo. Significa que, se eu vejo a epiderme rota e não vejo a derme 
por baixo, eu não tenho uma orla de escoriação. Então, normalmente, a lesão de saída não tem 
escoriação. Como o projétil já veio de alguma outra parte do corpo para sair por aqui, ele já deixou 
todos os resíduos que ele trazia em algum lugar do corpo. Portanto, quando ele passa por aqui, ele 
não deixa o enxugo. Nós podemos dizer que o projétil de arma de fogo, ao deixar o corpo, produz uma 
lesão que é normalmente maior que a lesão de entrada, normalmente não tem escoriação, 
normalmente não tem enxugo. E a irregularidade da saída dependeráda maior ou menor estabilidade 
do projétil. 
Agora, às vezes, a vítima está deitada no chão. Às vezes a vítima tem um cinto, tem uma 
bolsa, tem uma carteira, a vítima estava encostada no muro... Ou seja, a vítima tem um anteparo 
qualquer no lugar onde o projétil vai sair. Esse anteparo dificulta a saída do projétil. Um projétil 
fazendo força para sair, atrita a epiderme contra o anteparo. No que ele atrita a epiderme contra o 
anteparo, a derme não tem como esticar, porque o anteparo está evitando isso. Então, a derme não 
vai, e aí o atrito da epiderme contra o anteparo faz com que eu veja uma orla de escoriação na saída. 
Portanto, a presença de uma orla de escoriação na saída está me dizendo que havia um anteparo 
 46 
dificultando a saída do projétil. Se o corpo estava deitado, você virou o corpo e encontrou uma bala 
cravada no chão, e a ferida de saída estava com uma orla de escoriação, significa que a vítima estava 
deitada na hora do disparo. Então, cuidado! A saída, normalmente, não tem escoriação, mas pode ter 
(nos casos de anteparo). 
Vejamos uma tabela contendo a diferenciação entre as lesões de entrada e de saída, já que 
caem bastante em provas: 
 
 ENTRADA SAÍDA 
Forma Arredondada (regular) Irregular 
Borda Invertidas (Invaginadas), 
salvo na mina de Hoffman 
Evertidas 
 
Elementos 
Orlas e Zonas (salvo se 
houver compensador ou 
roupa) 
Sem Zonas (pode ser orla 
equimótica e de 
escoriação, mas nunca de 
enxugo) 
Diâmetro Menor ou proporcional ao 
projétil 
Maior ou desproporcional 
Sangramento Pouco ou Ausente Muito sangue 
 
Observação: O mesmo acontece nas vísceras, exceto pela ausência da orla de enxugo, pois o 
projétil já se “limpou” antes de atingi-las. 
TRAJETO 
Primeiramente cumpre diferenciar trajeto de trajetória (pegadinha de prova): 
TRAJETO TRAJETÓRIA 
Caminho que o projétil descreve DENTRO DO 
ORGANISMO. 
Caminho percorrido pelo projétil NO ESPAÇO 
(FORA DO ORGANISMO). 
 
Logo, trajeto é o percurso que o projétil vai fazer dentro do alvo. No nosso estudo, o alvo é o 
corpo humano. 
 47 
Após a lesão de entrada, o projétil atravessa o corpo. Aí eu tenho que ver se ele vai pegar 
osso, se ele vai pegar fígado, se ele vai pegar rim, pulmão, cérebro... Ou seja, se acordo com a 
densidade do órgão, o projétil vai ter mais ou menos dificuldade para passar. 
No momento em que o projétil penetra no corpo, ele está cheio de energia. Na hora que ele 
encontra um osso pela frente, ele tem grande dificuldade para passar. Então, ele libera grande 
quantidade de energia no osso. A lesão no osso vai ser maior do que a lesão no pulmão. Por quê? O 
pulmão tem uma densidade muito menor, a elasticidade pulmão é muito maior que a do osso. Então, o 
pulmão não resiste ao projétil, ele passa com relativa facilidade. Como ela passa com mais facilidade, 
despende menor quantidade de energia. Então, a lesão no pulmão vai ser menos exuberante do que a 
lesão no osso. 
#CUIDADO – Não é que que a lesão no pulmão seja menos grave do que a lesão no osso. A 
exuberância da lesão é que no osso vai ser maior do que no pulmão. 
Mesma coisa com o fígado. Se eu atingir o fígado, como o fígado tem uma densidade (dureza) 
maior que a do pulmão e menor que a do osso, o mesmo disparo, com a mesma distância, com a 
mesma arma, no pulmão terá uma exuberância menor que no fígado. 
Então, a bala vai penetrar e pode atravessar ou não. Se ele penetrar e ficar, será um ferimento 
penetrante, também chamado de ferida cega ou em fundo de saco. Se ela penetrar e atravessar, será 
um ferimento transfixante. 
A lesão em fundo de saco ainda pode ser em sedenho ou cavitária. Em sedenho, quando não 
para em nenhuma cavidade do corpo. 
Quando o projétil passa dentro do corpo, ele cava um túnel permanente. Ele passa e deixa um 
rastro. Esse túnel permanente, que começa no orifício de entrada e termina no orifício de saída (se o 
tiro for transfixante), que vai dizer para mim qual é o trajeto. Esse túnel permanente é provocado pela 
passagem do projétil de arma de fogo. O trajeto pode ser retilíneo ou sofrer desvios (por exemplo, 
quando bate num osso). 
#PARAFIXAR 
 Aberto (transfixante) - quando tem orifício de saída 
 Cega (fundo de saco) 
o Em sedenho 
o Cavitária 
 48 
PROJÉTEIS DE ALTA ENERGIA 
Se o projétil é de alta velocidade, ele tem mais energia. Quando o projétil entra no corpo, ele 
empurra os tecidos para o lado (analogia com a lancha. Quanto mais rápido a lancha for, mais água ela 
joga para o lado, maior a marola). Quanto maior for a velocidade do projétil, essa força que empurra 
os tecidos para o lado é maior. Então, quando um projétil de alta velocidade passa dentro de um 
órgão, além de ele fazer o túnel permanente, ele empurra o tecido para o lado com uma força que 
pode causar lesões. Tais lesões não são produzidas pelo impacto direto do projétil, mas sim pela onda 
de pressão produzida pelo projétil. 
Então, o projétil de alta velocidade, além de produzir o túnel permanente, vai causar uma 
lesão paralela e essa lesão paralela depende da onda de pressão que ele traz com a sua velocidade. E 
aí, de acordo com a resistência maior ou menor desses tecidos que ficam em volta do túnel por onde 
passou o projétil, teremos lesões maiores ou lesões menores. 
#CUIDADO - As cavidades temporárias causam outras lesões além das causadas pelo projétil. São 
muito importantes nos projéteis de alta velocidade. No entanto, as cavidades temporárias também 
existem nos projéteis de baixa velocidade. Mas, como o projétil tem baixa velocidade, a onda de 
pressão do projétil de baixa velocidade é muito pequena, não sendo suficiente para causar lesões 
paralelas da mesma forma que causam os projéteis de alta velocidade. 
Consideram-se de alta velocidade os que viajam acima de 600m/s. 
#PARAFIXAR - Aqueles com velocidade acima de 600m/s, como por exemplo, o fuzil. 
 A ENTRADA na maioria das vezes são semelhantes às deixadas pelos projéteis comuns. 
o Bordas talhadas, irregulares 
o Orla de escoriação pode estar presenta, mas é difícil 
o Diâmetro pode ser menor que o projétil. 
 A SAÍDA normalmente é maior, equivalendo a um rasgo 
 O trajeto dos projéteis de alta energia difere do deixado pelos projéteis comuns por 
causa da maior potência das ondas de pressão que produzem. Produzem cavidades 
temporárias pulsantes. Uma boa comparação é com uma lancha veloz no mar. Ela 
passa em alta velocidade e deixa uma marola maior. 
 Há maior poder de parada! 
 Os projéteis de fuzil são construídos para transfixar o segmento do corpo humano que 
for atingido. 
 49 
IDENTIFICAÇÃO DO ATIRADOR 
A descarga de gases e a queima da pólvora atingem a pele da mão do atirador, mais no dedo 
indicador, a dobra entre este e o polegar e no dorso da mão. Muitas vezes esses resíduos podem ser 
encontrados nas mãos da vítima, em decorrência de luta com o agressor, dando falsa impressão de 
suicídio. Pode ficar na mão de 3 a 5 dias após o disparo. 
São frequentes resultados falsos positivos ou negativos, pois a prova da parafina identifica 
agentes oxidantes resultante da queima de qualquer dos componentes e não só da pólvora. Logo, a 
prova de parafina deve ser excluída para investigar a presença de pólvora na mão. Ademais, o atirador 
pode estar utilizando luvas. Logo, a ausência ou presença desses resíduos não pode ser encarada 
como elemento definitivo e não pode ser utilizada para diagnóstico de ser homicídio ou suicídio, 
servindo apenas como orientação 
A prova de parafina (difenilamina sulfúrica) foi excluída para uso em exames residuográficos, 
por apresentar inúmeras desvantagens. Hoje existem testesmais modernos, como absorção atômica e 
a microscopia eletrônica, apesar de radizonato de sódio (com uso de fitas) ainda ser usado. 
2.2 ENERGIAS FÍSICAS NÃO MECÂNICAS 
Alunos Ciclos, é sempre importante estarmos cientes do tópico que estamos estudando. Uma 
pequena revisão para nos situarmos: 
Agentes Físicos: 
 Mecânicos → É indispensável que haja movimento, seja do agente vulnerante (ação 
ativa), da vítima (ação passiva) ou de ambos (ação mista). São os agentes perfurantes, 
contundentes, cortantes, perfurocortantes, perfuro-contundentes e corto-
contundentes (JÁ VIMOS) 
 Não Mecânicos → aqui o agente vulnerante para agir não precisa de movimento: 
agente vulnerante elétrico; térmicos; sonoros; luminosos; barométricos; radiantes 
(eletricidade, calor, pressão, radiação) 
2.2.1 POR AÇÃO TÉRMICA 
I. CALOR 
O calor pode atuar de forma difusa (termoses) ou direta (queimaduras). Portanto, se a ação 
do calor age no organismo de forma difusa, nós temos uma alteração que recebe o nome de 
 50 
termonose. Não há contato íntimo entre a fonte térmica e o organismo. Por outro lado, se existe 
contato direto entre a fonte térmica e o organismo, nós temos a queimadura. 
Se eu encostei a ponta do cigarro, queimadura. Se eu fiquei perto de uma fogueira por muito 
tempo, eu vou sofrer uma termonose. 
TERMONOSE QUEIMADURA 
Sinais e sintomas decorrentes da ação térmica 
difusa. 
Sinais e sintomas decorrentes da ação térmica 
localizada: contato direto. 
 
A. CALOR DIFUSO 
São as denominadas TERMOSES. Estas se apresentam como: insolação ou intermação: 
INSOLAÇÃO INTERMAÇÃO 
O próprio nome sugere que é a lesão causada 
pela energia térmica, quando a fonte térmica é 
o sol. 
Se a fonte térmica não for o sol. Se for uma outra 
fonte térmica qualquer e produzir lesões, essas 
lesões recebem o nome genérico de intermação. 
 
Insolação é o calor natural (sol). Não exige a ação direta dos raios solares, pois pode 
desencadear-se em indivíduos abrigados do sol, sujeitos, todavia, ao calor intenso dos dias de verão. 
Quase sempre tem origem acidental. 
Quadro clínico subitâneo 
 Palidez, 
 Angústia precordial, 
 Forte dor na cabeça, 
 Transpiração, 
 Perda de consciência e 
 Coma. 
Há casos em que ocorre 
 RIGIDEZ DA NUCA (SINAL DE KERNIG), 
 Trismo (impossibilidade da abertura da boca) e 
 Convulsões, precedendo a morte. 
 51 
Intermação é a termose por outras fontes de calor. Se manifesta em espaços confinados ou 
abertos, sem o suficiente arejamento, quando há elevação excessiva do calor radiante. Lembre que a 
pessoa pode morrer também por asfixia, não só por intermação. 
Na intermação a sintomatologia surge paulatinamente (aos poucos), manifestada por 
 Mal-estar, angústia, nervosismo, taquicardia 
 Cefaleia, 
 Náuseas, 
 Pulso filiforme, 
 Sudorese, 
 Sede intensa, 
 Midríase, 
 Hipertermia (às vezes, hipotermia), e, 
 Coma e morte. 
Não há renovação do ar. O aumento do vapor d’água impede a transpiração. 
B. CALOR DIRETO 
São as QUEIMADURAS, de maior ou menor extensão, mais ou menos profundas, infectadas 
ou não, advindas das ações das chamas, gases, líquidos e metais aquecidos. 
Para se saber a gravidade, é preciso conjugar extensão e profundidade da queimadura. Mais a 
extensão do que a profundidade. Acima de 50% é perigo de morte: 
B.1. QUANTO À PROFUNDIDADE 
Classificação de Hoffmann, segundo alguns, ou de Lussena, conforme outros, que abrange 
apenas 4 graus: 
CLASSIFICAÇÃO DE HOFFMANN 
1.º GRAU Eritema simples, vermelhidão (SINAL DE 
CHRISTINSON); Pele descasca em 3 a 4 dias 
 
 
 
 
Vesicação, flictenas, bolhas (SINAL DE 
CHAMBERT). Apresentam líquido límpido ou de 
colorido amarelo rico em albumina e cloretos. 
Alguns autores dividem a queimadura de 2.º 
 52 
 
2.º GRAU 
grau em de espessura parcial superficial ou de 
espessura parcial profunda. 
De espessura parcial superficial - há uma 
pequena destruição da epiderme e de parte do 
derme, com preservação de grande quantidade 
células germinativas (camada basal da pele), 
capazes de regenerar espontaneamente o 
tegumento lesado, cicatrizando em 2 ou 3 
semanas. 
De espessura parcial profunda - são 
conservados apenas uma parte do derme e 
alguns elementos germinativos (ductos 
glandulares, folículos pilosos), o que explica por 
que a regeneração local do epitélio demanda 6 a 
7 semanas; 
 
 
3.º GRAU 
Escaras, escarificação, há necrose (morte de um 
grupo de células) de todo o tecido dermo-
epidérmico. Vai até o plano muscular, gerando 
placa de necrose dura e de cor preta ou vinhosa, 
que ao ser tirada deixa uma úlcera (ferida 
aberta). Para cicatrizar normalmente precisa de 
enxerto. Resulta em retração da pele, chamada 
sinéquia. 
 
 
 
 
4.º GRAU 
Carbonização. Quando a queimadura atinge 
também os ossos. Se o indivíduo for 
carbonizado enquanto vivo, ou logo após a 
morte, a retração dos músculos leva à POSIÇÃO 
DE BOXER, OU ATITUTE DE SALTIMBANCO, OU 
ATITUDE DE EPÍSTOMO, OU ESGREMISTA 
(SINAL DE DEVERGIE). 
 53 
 
Carbonização total = incineração! A 
CARBONIZAÇÃO AGE COMO ISOLANTE 
TÉRMICO E ELÉTRICO. A observação das 
queimaduras propicia saber se o indivíduo já 
estava morto ou não no momento da 
carbonização. Se morreu no fogo, o sangue dos 
pulmões e coração possui alta taxa de monóxido 
de carbono. 
 
 
 4º Grau - Carbonizado 
 Em um incêndio, para saber se o indivíduo foi carbonizado morto ou vivo, verifica-se a árvore 
respiratória (SINAL DE MONTALTI – FULIGEM E FUMAÇA NAS VIAS RESPIRATÓRIAS). 
 54 
 
Os diversos agentes causadores de queimaduras apresentam lesões com características 
diferentes. Vejamos: 
FOGO LÍQUIDO FERVENTE SÓLIDO 
INCANDESCENTE 
VAPOR 
SUPERAQUECIDO 
Lesões de todos os 
graus; 
 
Só queima em 1º, 2º e 
3º grau (não carboniza) 
Todos os graus; 
 
Só produzem 
queimaduras de 1º, 2º 
e 3º grau 
Mais geral do que 
local; 
 
Mais geral do que local Predominantemente 
localizadas; 
 
Mais geral do que 
local; 
 
Não é rara a 
carbonização; 
 
Não carboniza Não é rara a 
carbonização 
Não carboniza 
 
Pelos crestados; 
 
Não cresta os pelos Pelos crestados Não cresta os pelos 
Áreas íntegras em 
meio a outras 
gravemente 
queimadas; 
 
Lesões decrescentes à 
medida que o liquido 
escorre 
Reproduzem a forma do 
sólido; Geralmente 
criminosas 
 
Mais acidental do que 
criminosa 
Aspecto em Mapa 
Geográfico 
Pode deixar vestígios 
se mudar de estado 
(líquido para sólido) ao 
esfriar 
Lesões de Assinatura 
(Patognomônicas – Ex.: 
lesão feita em uma 
pessoa com uma ponta 
de cigarro; com um ferro 
de engomar) 
 
Perceba que é muito 
parecido com as dos 
líquidos 
 
Não pega parte 
coberta por roupa, 
diferente do fogo 
 
#CAIUEMPROVA – No concurso da PC-ES, em 2013, foi considerada CORRETA: Nas queimaduras por 
fogo, sob chama direta, os pelos estão habitualmente crestados. 
 
 
 
 55 
B.2. QUANTO À EXTENSÃO 
A classificação é feita de acordo com a extensão percentual da superfície corpórea lesada, em 
geral utilizando esquemas como o de Berkow e o de Lund e Browdwer, que levam em conta uns tantos 
por cento relativos às áreas de crescimento e conferem maior exatidão à determinação da região 
queimada, conforme a idade. 
Na falta desses esquemas, deve-se aplicar a REGRA DOS 9, DE PULASKI E TENNISON, que 
divide a superfíciecorpórea em áreas correspondentes a 9%, ou múltiplos de 9%, permitindo calcular a 
extensão da região atingida pela queimadura com certa aproximação. 
Assim, segundo a regra dos nove, a cabeça e o pescoço do adulto representam 9% da 
superfície corporal, cada membro superior 9% (9 + 9 = 18%), cada membro inferior 18% (18 + 18 = 
36%), o tronco anterior e o tronco posterior, respectivamente, 18%, e o períneo, 1%. No bebê é 
diferente: 
 
II. FRIO 
Assim como o calor, pode atua de forma difusa ou de forma direta. 
A. AÇÃO DIFUSA (TEMPERATURA DO CORPO CAI ABAIXO DE 35 GRAUS) 
O frio sistêmico (que não atua diretamente) faz diminuir as funções circulatórias e cerebrais. 
A ação do frio leva a: 
 Alterações do sistema nervoso, 
 Arritmia e parada cardíaca 
 Diminuição da função cerebral, sonolência, 
 Convulsões, 
 56 
 Delírios, 
 Perturbações dos movimentos, 
 Anestesias, 
 Congestão ou isquemia das vísceras, 
 Podendo advir a morte. 
Os cadáveres apresentam: 
 Pele e sangue mais claros, 
 A hipóstase é vermelho clara 
 A rigidez cadavérica é precoce 
 Extravasamento de espuma de sangue pelas vias respiratórias, 
 Infiltração hemorrágica na mucosa gástrica (SINAL DE WISCHNEWSKI), 
 Resfriam rapidamente e demoram mais para entrar em putrefação. 
 
B. AÇÃO DIRETA (GELADURAS) 
O frio também pode atuar diretamente sobre o corpo. Podem ocorrer GELADURAS. 
Quando o ambiente for frio, haverá a vasoconstrição. Os vasos vão se fechar, para dificultar a 
entrada do frio. Se o frio for extremo, muitos vaso de fecharão. Na proporção que o hipotálamo fecha 
esses vasos para defender o interior do corpo, para de circular o sangue nas extremidades. Para de 
circular o sangue nos pés, nas mãos, no nariz, na orelha. Assim. conforme essa demora na chegada do 
sangue nas extremidades, nós começaremos a ter lesões causadas pela falta de oxigênio nos tecidos 
(geladuras). Lesões causadas pelo frio. Surgem lesões que podem levar a perda dos dedos, da mão, dos 
pés, das extremidades. Pode levar a necrose, a destruição dos tecidos. 
As geladuras comportam-se em 3 graus: eritema, flictenas e necrose ou gangrena. 
CLASSIFICAÇÃO DAS GELADURAS 
 
 
 
1º GRAU 
Eritema (palidez ou rubefação): Inicialmente o 
frio provoca vasoconstrição acentuada nos 
capilares e palidez cutânea. Num segundo 
tempo, rubefação vermelho-escura entremeada 
de áreas lívidas na pele tensa e luzidia (com 
 57 
aspecto de pele arrepiada), decorrente da 
retenção do sangue pobre em oxigênio nesses 
pequenos vasos dilatados pela estafa da 
contratilidade vascular. 
2.º GRAU Flictenas, bolhas: aqui já há destruição da 
epiderme, pegando parte da derme. 
 
 
 
 
3.º GRAU 
Necrose ou gangrena: úmida ou seca, posterior à 
mortificação dos tecidos, por coagulação do 
sangue dentro dos capilares e perturbações 
isquêmicas, assestadas, indolores, lívidas ou 
azuladas, em qualquer área do tronco e/ou 
capaz de destruir parte ou a totalidade do 
membro. Com a vasoconstricção, não passa 
sangue para os tecidos, ocasionando úlceras 
(feridas). Chega ao músculo. 
 
 
#ATENÇÃO - Alguns autores consideram a classificação do 1º grau ao 4º grau, sendo a de 1º grau: 
palidez ou rubefação local; 2º grau: eritema; 3º grau: necrose e 4º GRAU: GANGRENA OU 
DESARTICULAÇÃO. Logo, a necrose continua sendo 3º grau. A gangrena que passa para o 4º. 
 
Vamos analisar algumas diferenças entre o frio e o calor: 
 
FRIO CALOR 
Vasoconstrição periférica Vasodilatação periférica 
Eriçamento dos pelos Abaixamento dos pelos 
Inibição da sudorese (para o suor) Liberação do suor 
Aumento do metabolismo (inicialmente) Redução do metabolismo (inicialmente) 
Tremores X 
 58 
Aumento do apetite Redução do apetite 
Cuidado com a vasoconstrição periférica, porque, 
faltando sangue nas extremidades, há 
probabilidade da necrose. 
Cuidado com a perda de água e de sais minerais, 
porque, na hora que faltar liquido no corpo, o 
cérebro é um dos primeiros a ser afetado. 
 
2.2.2 POR AÇÃO ELÉTRICA 
Primeiramente, é preciso esclarecer que a energia pode ser natural ou industrial. As lesões 
causadas vão variar conforme a energia causadora da lesão. 
I. AÇÃO DA ELETRICIDADE NATURAL 
É a energia elétrica representada pelo raio. Delton Cross faz a seguinte diferenciação: 
 Fulminação – quando raio mata 
 Fulguração - quando apenas gera danos corporais (internos ou externos) 
Às vezes aparece uma lesão externa com aspecto arborifome, conhecida como SINAL DE 
LICHTENBERG. É temporário. Tal sinal desaparece com o tempo, havendo sobrevivência. 
 
Também podem surgir outras, como alterações funcionais dos órgãos, queimaduras (se tiver 
em contato com objeto metálico, por exemplo), hemorragias musculares, fraturas ósseas, 
carbonização... 
Quando a eletricidade se transforma em calor, gerando queimaduras, ocorre o chamado 
EFEITO JOULE. O efeito joule nada mais é do que a transformação da corrente elétrica em calor. É 
aquilo que você vê quando liga o ferro de engomar, quando liga o chuveiro elétrico... Ou seja, nós 
 59 
podemos transformar a corrente elétrica em calor. Quando isso ocorre, temos o efeito joule. Como o 
raio tem uma voltagem alta, poderá haver carbonização. 
#CUIDADO - Às vezes, quando a vítima é atingida, ela cai no chão, podendo ser vítima de ação 
contundente. Logo, às vezes ela tem o sinal de Lichtemberg, mas o que lhe causou a morte não foi o 
raio, mas sim a ação contundente proveniente da queda. Logo, Lichtemberg não é um sinal obrigatório 
e, quando ele aparece, não significa que a morte foi por fulminação. Mas, na ausência de outras 
lesões, quando há essas características que vimos anteriormente, a presença do sinal de Lichtemberg 
vai permitir ao perito indicar que a morte pode ter sido por fulminação. 
II. AÇÃO DA ELETRICIDADE INDUSTRIAL (ELETROPLESSÃO) 
Eletroplessão é o dano corporal, com ou sem êxito letal, provocado pela ação da corrente 
elétrica industrial ou artificial, sobre os seres vivos. As lesões originadas por essa forma de eletricidade 
variam com a voltagem, a amperagem, a natureza da corrente (contínua ou alternada) e com 
condições peculiares ao próprio indivíduo a ela submetido. 
No lugar onde a pessoa encosta no fio condutor pode aparecer uma marca, que é chamada de 
marca elétrica Jellinek. Essa marca não é obrigatória, pode aparecer ou não. Quando ela aparece, não 
significa que a pessoa morreu de eletroplessão. Significa que a pessoa sofreu uma corrente elétrica. 
 Marca elétrica de Jellineck: 
 Aspecto circular, elíptica ou em roseta, 
 Branca amarelada 
 Seca e indolor 
 Não há flictema (despida de reações inflamatórias ou assépticas) 
 Nem sempre existe. Nem quer dizer que morreu da corrente, pois há outras causas, 
como veremos (morte cerebral, queda, morte resp...) 
 Tem valor médico-legal para indicar a porta de entrada da corrente elétrica no 
organismo. 
 
 
 60 
#CAIUEMPROVA – Na prova da PC-AL, em 2012, foi considerada INCORRETA a seguinte afirmação: 
Para a confirmação da causa morte de uma vítima fatal de eletroplessão o perito deve identificar, 
nessa vítima, a marca elétrica de Jellinek, que consiste em uma queimadura bem definida na pele. 
Diferença da marca de jellineck para a queimadura elétrica: 
MARCA DE JELLINECK QUEIMADURA ELÉTRICA 
Representa exclusivamente a porta de entrada 
da corrente elétrica no organismo. É indolor enão inflama. 
Pode ser cutânea, muscular, óssea e até visceral, 
dependendo do efeito (passagem da corrente 
elétrica) e da lei de joule. Essas lesões 
apresentam-se em forma de escaras negras, de 
bordas relativamente regulares, podendo ou 
não apresentarem as marcas do condutor. 
 
Outros mecanismos de morte da eletricidade: 
 
 
 Morte pulmonar – Asfixia por contratura dos músculos respiratórios (20 a 30 mA) 
 Morte cardíaca 
o Fibrilação ventricular, arritimia (a partir de 75mA). 
o Desfibrilação, causando sístole, contração (acima de 2A) 
 Morte cerebral 
 Contusão com a queda no momento do choque 
 
 Morte cardíaca = <120v 
 Morte respiratória = >120 e <1200v 
 Morte encefálica = >1200v 
O coração possui um sistema de condução, chamado nódulo sinusal. Esse sistema de 
condução manda, através de filetes nervosos, um movimento coordenado da musculatura cardíaca, 
para que ela se contraia, fazendo a sístole e a diástole. Então, existe uma organização nos batimentos 
cardíacos: 70 batimentos por minuto. Nas horas de maior intensidade, podemos ir até 150, 200 
batimentos por minuto. Nos atletas e nas horas mais tranquilas podemos ir até 40 batimentos por 
 61 
minuto. Então, nós temos um ritmo para o coração. Digamos que entre uma corrente elétrica que 
passe pelo coração. Essa corrente elétrica, que passa pelo coração, muda de sentido 60 vezes por 
segundo. Não há como a musculatura cardíaca entender o que está se passando. Ele está acostumado 
a bater cerca de 70 vezes por minuto e de repente entra uma ordem elétrica mandando ele funcionar 
a 60 vezes por segundo. Então, aquele movimento do coração, que é um movimento ritmado, se 
converte num movimento desordenado que é a fibrilação ventricular. E, sem capacidade para 
impulsionar o sangue, em 3 minutos, aproximadamente, essa pessoa vai morrer. 
Logo, a causa morte mais comum nas correntes elétricas de baixa amperagem é a fibrilação 
ventricular. No momento exato que a vítima cai, ela não está morta, está morrendo. É preciso que o 
socorro chegue e tente desfazer esse ritmo alucinante que é o ritmo da fibrilação. 
Só que às vezes a corrente tem uma amperagem maior. Assim, vamos buscar outra explicação 
para a morte. Para que você possa respirar, o movimento da musculatura respiratória é indispensável. 
Se você pegar num fio condutor que está levando uma corrente de média ou alta amperagem, a 
corrente entra pelo corpo e faz com que a musculatura periférica sofra um espasmo. Espasmo é uma 
contração que não se interrompe. Então, a musculatura que move as costelas fica paralisada. A 
musculatura que movimenta o braço fica paralisada. A mão que quer largar o fio condutor não 
consegue, porque a musculatura de flexão é mais forte do que a musculatura de extensão. Então, a 
mão fica flexionada em volta do fio condutor e a corrente continua passando. Enquanto a corrente 
passar, o espasmo se mantém e, mesmo que o coração esteja batendo, o indivíduo não consegue 
respirar. Em 5 a 7 minutos o indivíduo vai morrer asfixiado. 
Outras vezes, quando a corrente elétrica passa pelo corpo, além de causar o espasmo, pode 
passar pelo bulbo. O bulbo tem o centro cardiorespiratório. O bulbo tem a origem de filetes nervosos 
que vão dar movimento aos pulmões e ao coração. Quando a corrente passa pelo bulbo, se bloquear o 
centro cardiorespiratório, você vai ter uma morte por parada cardiorespiratória, mas não mais de 
origem periférica. Agora de origem central. 
 
 
 
 
 
 62 
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA CENTRAL X PERIFÉRICA: 
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA CENTRAL PARADA RESPIRATÓRIA PERIFÉRICA 
Se a corrente passar pelo tronco encefálico, lesa 
o bulbo, gerando a parada cardiorrespiratória 
Central 
Mas, se a corrente passar pelo tronco da vítima 
(perceba que não foi dito tronco encefálico. É o 
tórax), será caso de parada respiratória 
periférica; 
 
A maldade é que, quando o candidato vê a palavra “tronco”, ele já pensa que é o caso de 
tronco encefálico; contudo, conforme vimos acima, são coisas diferentes 
2.2.3 ENERGIA BAROMÉTRICA (BAROPATIAS) 
As alterações provocadas no corpo humano pela permanência em ambientes de pressão 
atmosférica muito alta, muito baixa ou decorrentes de variações bruscas da pressão, são denominadas 
de baropatias. 
O corpo humano, quando é submetido sem a necessária adaptação a variações intensas de 
pressão, diminuição ou aumento, é passível de sofrer fenômenos chamados respectivamente de mal 
das montanhas ou dos aviadores; ou de doença dos caixões ou mal dos escafandristas. 
 A. ALTITUDE 
Mal das montanhas ou dos aviadores - Acima de 3.000 m o ar está rarefeito (tem menor 
quantidade de ar absoluto, mas continua tendo 21% de oxigênio; 78 % de nitrogênio; e 1% de outros 
gases). Tem gente que sente mais, tem gente que sente menos e tem gente que não sente nada. 
Quadro clínico agudo se traduz por: Náuseas, Dispneia, Escotomas, vertigens, desmaios, epistaxe, 
otorragia (soroche andino), podendo a morte sobrevir por hemorragia cerebral. 
Qualitativamente, podem-se resumir as mudanças funcionais com a altitude, para um 
indivíduo normal e não treinado e portador de boa saúde, da maneira seguinte: 
 Abaixo de 3.000m: não se detectam alterações cardiorrespiratórias; 
 Entre 3.000 e 4.600m: ocorre diminuição de eficiência na execução de tarefas 
complexas e discreto aumento na frequência cardiorrespiratória, motivada por hipóxia 
compensada 
 63 
 Entre 4.600 e 6.100m: sucede-se hipóxia manifesta por aumento considerável das 
frequências cardíaca e respiratória, debilidade muscular intensa, entorpecimento dos 
sentidos, letargia ou, então, excitação eufórica ou mesmo com alucinações; 
 Entre 6.100 e 7.600m, perda rápida do controle neuromuscular, inconsciência, apneia 
e morte. 
Só há uma maneira de evitar o mal das altitudes: a adaptação progressiva às regiões 
montanhosas. 
Doença de Monge - Recebe esse nome em homenagem a Carlos Monge. Algumas pessoas, 
mais sensíveis, que moram na montanha, adquirem essa doença, que apresentam as seguintes 
características: 
 Aumento da produção de glóbulos vermelhos (é um hormônio); 
 A função principal do glóbulo vermelho é transformar oxigênio (pega o oxigênio do 
pulmão e leva pra célula); 
 Quando tem pouco oxigênio no ar, esse hormônio - a eritropoietina – vai lá no osso (o 
osso é quem fabrica o sangue) e estimula a produção de glóbulos vermelhos, 
aumentando, desta 
 Em suma → a hipóxia (pouco oxigênio) estimula a produção do Eritropoietina (EPO); 
 Com esse aumento de glóbulos vermelhos para compensar a falta de oxigênio, 
aumentam os riscos de trombose 
B. BAIXO 
Doença dos caixões ou mal dos escafandristas - Causa jurídica habitualmente acidental, 
interessa particularmente à infortunística (acidentes laborais), por atingir mergulhadores que 
trabalham em poços de petróleo marítimos. Submetidos muitas vezes a pressão superior a cinco 
atmosferas. Suscetível de desencadear acidentes muito graves, traduzidos por ruptura do tímpano, 
vertigens, síndrome de Menière, otorragia, epistaxe, dispneia, perturbações passageiras da visão, 
epigastralgia intensa, hemorragia interna, edema pulmonar, parestesias e até a morte por embolias 
gasosas formadas pelo nitrogênio anteriormente dissolvido sob pressão no soro sanguíneo. 
Barotrauma do ouvido - é na descida, pois a água que entra no ouvido empurra o tímpano, o 
que pode gerar o trauma: A pressão aumenta. Manobra de Valsalva → Sempre que se faz uma descida 
(imersão) é necessário equalizar, isto é, equilibrar a pressão interna à externa, a fim de evitar ruptura 
do tímpano. Esta manobra pode ser exercida de várias formas, sendo a maisusual, a Manobra de 
 64 
Valsalva, que se realiza pressionando o nariz com o polegar e o indicador e obrigando o ar a "sair" 
pelos ouvidos. 
Afogamento – é na subida. Quando a pessoa mergulha, tem a pressão atmosférica mais a 
pressão da água (duas pressões). Para cada 10 m de água corresponde ao aumento de 1 atm 
(atmosfera); Você enche o peito de oxigênio e mergulha; continua nadando normalmente sob 
mergulho ao fundo ↔ aqui você não está mais respirando ar pra dentro, só está botando ar pra fora 
(está gastando o ar que você tem)! Quando a pessoa está lá em baixo, o corpo está sendo pressionado 
(pressão do ar e da água), mas ele ainda não sente a falta de ar, pois o pulmão da pessoa está 
comprimido; logo, o ar que tem dentro do pulmão continua passando para o sangue; O Perigo é Agora 
→ quando a pessoa resolve voltar à superfície (mesmo ainda tendo ar nos pulmões), a pressão começa 
a diminuir (pois a pessoa está subindo); quando se começa a subir o “pulmão começa a se 
descomprimir” , e aquele ar, que estava dentro do pulmão, que passava pra o sangue devido a 
compressão, não passa mais para o sangue, levando a pessoa a apagar (desmaiar), o que leva ao 
afogamento; 
Embolia traumática pelo ar – Subida muito rápida. Às vezes, por algum motivo, o retorno se 
dá de forma rápida (ex.: água gelada; medo de um tubarão). Nesses casos, acontece aquilo que ocorre 
quando se abre uma garrafa de refrigerante, ou seja, a espuma sobe (o gás que estava dissolvido no 
líquido vira espuma e se expande) DOENÇA DA DESCOMPRESSÃO (BEND) → é consequência das 
subidas incorretas (rápidas), as quais não chegam a levar a morte, mas somam bolhas (gases 
descomprimidos) nas articulações que se acumulam (causa contraturas dolorosas)! 
#ATENÇÃO - Apesar de praticamente não caírem em provas, luz e radiação também são energias 
físicas não mecânicas! As questões que perguntam apenas as elencam como energias físicas não 
mecânicas, não exigindo aprofundamento no assunto. 
3 ENERGIAS DE ORDEM QUÍMICA 
As energias de ordem química podem agir internamente ou externamente. 
3.1. AÇÃO INTERNA 
Produzida por venenos, que ingeridas, inaladas, ou em contato com a pele penetram no 
organismo causando dano. A respiração dos tecidos é afetada, causando cianose. A morte sobrevém 
por edema pulmonar e parada respiratória. 
Classificação dos venenos: 
 65 
 Quanto ao estado físico: líquidos, sólidos e gasoso; 
 Quando à origem: animal, vegetal, mineral ou sintético; 
 Quanto às funções químicas: óxidos, ácidos, bases e sais (funções inorgânicas); 
hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos, ésteres, aminas, etc (funções orgânicas); 
 Quanto ao uso: doméstico, agrícola, industrial, medicinal, cosmético e venenos 
propriamente ditos. 
 
ORGANOCLORADOS ORGANOFOSFORADOS 
Podem causar intoxicação aguda quando 
penetram no organismo em uma única dose 
elevada, ou crônica, se o acúmulo for gradual. 
Os primeiros sintomas são digestivos, como 
vômitos e diarreia, seguidos de manifestações 
neurológicas, como cefaleia, agitação, vertigens 
e convulsões. 
Atuação preferencial no sistema nervoso central. 
Altera o ritmo respiratório, oprime o tórax, além 
de afetar o aparelho digestivo e urinário. 
 
Entretanto, quase todas as substâncias podem agir como veneno. A análise é qualitativa, 
quantitativa e ainda da pessoa que ingeriu. 
3.2. AÇÃO EXTERNA 
São os ácidos e bases. É aquilo que queima. Para produzir calor, haverá uma reação química 
(reação exotérmica). 
Ácidos – Desidratam o tecido (LESÃO DURA E SECA, DAS CORES ABAIXO) 
 Ácido Sulfúrico (chamado também de vitríolo) 
o Crime de vitriolagem = jogar ácido sulfúrico em alguém com a finalidade de 
deformar (art. 129, §2º, IV, do CP). DEIXA A LESÃO NEGRA 
o Obs. - Se a prova disser o gênero ácido, pode marcar como crime de 
vitriolagem. Mas, se especificar o ácido, só é crime de vitriolagem se ácido 
sulfúrico. 
 Ácido Nítrico - DEIXA A LESÃO AMARELA! Embora também se enquadre no artigo da 
lesão de deformidade permanente, não pode ser chamado de vitriolagem. 
 66 
 Ácido Clorídrico (o ácido muriático) - DEIXA A LESÃO AVERMELHADA! Embora 
também se enquadre no artigo da lesão de deformidade permanente, não pode ser 
chamado de vitriolagem. 
Bases – Liquefazem/derretem o tecido (LESÃO MOLE E ÚMIDA, BRANCAS!) 
 Soda Cáustica 
 Potassa Cáustica 
 Outras, como fenol, ácido fluorídrico, etc. 
#PARAFIXAR - aspecto e tonalidade das escaras: 
 Escaras Anegradas e Secas → Ácido Sulfúrico (H2S04); 
 Escaras Amareladas e Secas → Ácido Nítrico (HN03); 
 Escaras Avermelhas e Secas → Ácido Clorídrico (HCL); 
 Escaras esbranquiçadas → Bases Soda Cáustica (NAOH) e Potassa Cáustica (KOH); 
 
ÁCIDOS BASES 
Desidratam o tecido Liquefazem o tecido 
Lesão dura e seca Lesão mole e úmica 
A lesão fica com as cores que vimos acima 
(preta, amarelada e avermelhada); 
Lesões na cor branca 
 
Substâncias cáusticas agem por coagulação ou liquefação: 
 Coagulação: desidratação dos tecidos com formação de escaras endurecidas Ex.: 
nitrato de prata, acetato de cobre. 
 Liquefação: Escaras úmidas, translúcidas e moles. Exemplos: soda, potassa e amônia. 
Cáusticos X Venenos 
CÁUSTICOS VENENOS 
-Atuam externamente -Atuam internamente 
-Lesões tegumentares -Ágricolas, industriais 
-Efeitos coagulantes ou liquefacientes -Podem ser ingeridos por diversas vias 
 67 
-Inclui-se álcalis, ácidos, sais -Veneno conhecido usado na 2º GM : cianureto 
de potássio 
-Lesão: Vitriolagem -função orgânica (aldeído, hidrocarbonetos...) ou 
não orgânica (óxidos, ácidos). 
 -líquidos, sólidos ou gasosos. 
 Fases - penetração, absorção, distribuição, 
fixação, transformação, eliminação, 
mitridatização, toxicidade, intolerância, 
sinergismo e equivalente tóxico 
 
#QUESTÃO - Ao estudar as energias de ordem química, deve-se conhecer a ação dos cáusticos e 
venenos. Assinale a alternativa correta. a) A ação dos cáusticos é principalmente interna, com 
alterações da coagulação sanguínea (externamente e lesões tegumentares) b) Os cáusticos, assim 
como os venenos, podem ser classificados quanto ao seu estado físico em líquidos, sólidos e gasosos, 
podendo agir internamente e externamente (cáusticos agem externamente e venenos internamente) 
c) As lesões descritas como vitriolagem são causadas por envenenamento crônico (vitriolagem é por 
ácido sulfúrico) d) São fases do percurso do veneno no organismo: penetração, absorção, 
distribuição, fixação, transformação, eliminação. e) São formas de se classificar os cáusticos: estado 
físico, origem, funções químicas e quanto ao uso (essa classificação é dos venenos) 
4 ENERGIAS DE ORDEM FÍSICO-QUÍMICA (ASFIXIAS) 
 
4.1 CONCEITO DE ASFIXIA 
Segundo Blanco, etimologicamente, asfixia significa falta de pulso. Embora todos nós 
entendamos que asfixia significa falta de ar. Quando eu falo em falta de ar, eu falo em um elemento do 
ar atmosférico que é importante, que é o oxigênio. Qual a importância do oxigênio? É porque todos os 
indivíduos que habitam a terra precisam respirar. Só que não é a respiração como nós conhecemos, 
que usa o aparelho respiratório, que usa as vias aéreas, que usa os pulmões, mas sim a respiração a 
nível celular. A respiração do interior da célula, onde o principal alimento é a glicose. Essa glicose vai 
ser queimada (oxidada) e essa oxidação da glicose tem como finalidade obter energia química. Essa 
energia química, obtida da queima dos nutrientes da glicose, vai ser armazenada num composto 
 68 
químico chamado adenosina trifosfato (ATP). Essa molécula de adenosina trifosfato nada mais é do 
que uma mistura química de energia, para prontautilização. Se eu quero andar, se eu quero me 
movimentar, se eu quero fazer qualquer função biológica, essa função biológica precisa de energia e 
essa energia é retirada instantaneamente das moléculas de ATP. Esse ATP vai sendo renovado graças a 
queima de nutrientes onde o principal é a glicose. Isso que vimos recebe o nome de respiração celular. 
 Respiração anaeróbia – Oxidação incompleta da glicose sem a utilização de oxigênio 
atmosférico. Produz pouca energia química (ATP). Típica dos seres inferiores. 
 Respiração aeróbia – Oxidação completa da glicose com a utilização do oxigênio 
atmosférico. Produz muita energia química (ATP). Produz uma maior quantidade de 
energia para ser capaz de permitir as mais variadas funções. Típica dos seres 
superiores. 
Nós temos um início de respiração anaeróbia, mas vivemos as custas da respiração aeróbia. 
Nos seres superiores nós temos as duas respirações. Já nos seres inferiores, só temos a respiração 
anaeróbia. 
Mas, para que a célula possa funcionar e possa receber esse oxigênio, eu preciso ter um 
conjunto de órgãos e tecidos que vão permitir que o oxigênio saia do meio exterior e vá até a 
intimidade das células. E agora vai começar um outro processo respiratório chamado respiração 
orgânica. A respiração orgânica envolve o aparelho respiratório, o aparelho circulatório, todos os 
caminhos que são utilizados pelo nosso organismo para permitir que o oxigênio do meio exterior 
chegue até a intimidade das células. Isso é a respiração orgânica. O oxigênio ainda não foi utilizado na 
metabolização. Quando ele começa a ser utilizado na metabolização, no interior das células, aí nós já 
temos a respiração celular. 
Então, o que seria asfixia? Quimicamente, só dizemos que é asfixia, em medicina legal, se 
houver concomitantemente, em nível celular: falta de oxigênio (hipoxia) e excesso de gás carbônico 
(hipercapinia ou hipercarbia). Só a hipoxia não é asfixia. Só a hipercapnia não é asfixia. Precisamos da 
combinação de hipoxia e hipercarpnia para que esse quadro seja chamado de asfixia. 
Podemos dizer que todo e qualquer ser vivo que existe na face da terra, para viver, precisa de 
nutrientes. E esses nutrientes precisam ser oxidados. Essa oxidação pode ser sem oxigênio (anaeróbia) 
e pode ser com oxigênio (aeróbia). O fato é que, se houver um procedimento tal que impeça que o 
oxigênio chegue aos tecidos, eu começo a ter hipoxia. Como o oxigênio vai queimar os nutrientes e os 
nutrientes são feitos à base de carbono, o carbono, queimado na forma do oxigênio, forma um gás 
 69 
chamado gás carbônico. Esse gás carbônico tem que ser eliminado. Ele é um resíduo e tem que ser 
eliminado. Se, por acaso, há um obstáculo qualquer impedindo a entrada do oxigênio, causando 
hipoxia, e esse obstáculo impede a saída do gás carbônico, causando hipercapnia, hipoxia + 
hiporcapnia vão causar a operação química que recebe o nome de asfixia. 
Asfixia = Hipoxia (falta de oxigênio) + Hiporcapnia (excesso de gás carbônico) 
Então, para morrer, não precisa ocorrer anoxia (falta completa de oxigênio). Basta que o 
oxigênio atinja nível insuficiente para manter a vida e, mesmo que não exista anoxia, a hipoxia já pode 
ser responsável pela morte. 
Asfixias são energias físico-químicas. Impedem a passagem de ar e alteram a composição 
bioquímica do sangue, produzindo asfixia. As asfixias alteram a função respiratória, inibindo a 
hematose (transformação de sangue venoso em sangue arterial), alterando a bioquímica do sangue. 
Asfixias são todas as formas de carência ou ausência de oxigênio, vital para o ser humano. Podem ser 
classificadas em naturais ou violentas. 
Já que vamos estudar asfixia mecânica e no final ela acaba numa reação química de hipoxia e 
hipercapnia, é uma energia físico-quimica. 
A asfixia que estudaremos é a primária (quanto ao tempo), violenta (quanto ao modo) e 
mecânica (quanto ao meio). 
4.2 CLASSIFICAÇÃO DAS ASFIXIAS 
Existem várias classificação de diferentes doutrinadores. Estudaremos a de França: 
1° Asfixias puras - são manifestadas pela anoxemia e hipercapnéia 
A. Asfixia em ambiente por gases irrespiráveis: 
 I – Confinamento 
 II – Asfixia por monóxido de carbono 
 III – Asfixias por outros vícios de ambiente 
B. Obstáculo à penetração do ar nas vias respiratórias: 
 I – Sufocação direta (Obstrução da boca e da narina e das vias aéreas mais inferiores) 
 II – Sufocação indireta (compressão do tórax e crucifixo) 
 III – Transformação do meio gasoso em meio liquido (afogamento) 
 70 
 IV – Transformação do meio gasoso em meio solido (soterramento) 
2° Asfixias complexas – Interrupção primária da circulação cerebral, anoxemia, hiporcapneia: 
Inibição por compressão dos elementos nervosos do pescoço (constrição cervical). 
A. Constrição ativa do pescoço exercida pelo peso do corpo: enforcamento 
B. Constrição ativa do pescoço exercida pela força muscular: etrangulamento 
3° Asfixias mistas – Graus variados dos fenômenos respiratórios, circulatórios e nervosos 
(esganadura) 
Vamos estudar cada uma delas: 
#CAIUEMPROVA: 
 – PC-MG/2011 - Constitui um exemplo de asfixia mecânica pura de interesse médico-legal: A) 
Sufocação direta. B) Estrangulamento típico. C) Enforcamento completo. D) Esganadura antebraquial. 
Gabarito: Letra A. 
– PC-PI/2012 - O termo “asfixia” designa um estado fisiopatológico, caracterizado pela supressão do 
fenômeno respiratório, na vigência da circulação. Dentre a classificação das asfixias estão as asfixias 
mecânicas por sufocação, que englobam todas as alternativas abaixo, EXCETO: A) obstrução dos 
orifícios oro-nasais; obstrução faríngea, laríngea ou traqueal por corpo estranho. B) enforcamento, 
estrangulamento e esganadura. C) espasmo ou edema de glote. D) compressão pela hipertrofia do 
timo ou da tireoide. E) obstrução faringo durante o coma. 
Gabarito: Letra B. 
4.3 SINAIS GERAIS DE ASFIXIA 
 
EXTERNOS INTERNOS 
Cianose na face (cor azulada ou arroxeada da 
face) 
Sangue fluido e escuro 
Cogumelo de espuma (não confirma por si só 
afogamento) 
Há equimoses viscerais, mais comuns na região 
subpleural (manchas de tardieu, que existem em 
qualquer asfixia, não são patognomônicas de 
afogamento) 
 71 
Projeção da língua para fora Maior volume de sangue nas vísceras 
Equimoses externas, com forma de petéquias, 
na pele e mucosas da face, sobretudo nas 
pálpebras e olhos (conjuntiva ocular) 
Hemorragia, edema e efisema pulmonar. 
Livores cadavéricos mais escuros e precoces X 
 
Vamos estudar esses sinais: 
4.3.1 MANCHAS DE HIPÓSTASE (LIVORES CADAVÉRICOS ESCUROS E PRECOCES) 
Nos casos de asfixia, as manchas de hipóstase são mais pronunciadas e mais precoces, porque 
o sangue está sem oxigênio, com gás carbônico. Essa tonalidade é diferente nas asfixias por monóxido 
de carbono (fica vermelha, pois as células morrem com bastante oxigênio). 
4.3.2 CIANOSE 
A cianose conhecida como “MÁSCARA EQUIMÓTICA E MORESTIN”, de observação mais 
frequente na asfixia por compressão do tórax (sufocação indireta), impede o sangue de voltar ao 
coração. Disseminadas no rosto, pescoço e tórax superior. TAMBÉM CHAMADA DE EQUIMOSE 
CERVICO FACIAL DE LE DENTU. 
4.3.3 EQUIMOSES DA PELE, MUCOSAS E VÍSCERAS 
Em consequência do aumento da pressão, os vasos se rompem formando as manchas 
equimóticas. No pulmão e no coração recebem o nome de Manchas de Tardieu. NÃO SÃO 
PATOGNOMÔNICAS de afogamento, aparecem nas asfixias em geral. 
 
4.3.4 SANGUE NÃO COAGULADO 
Nas asfixias o sangue tende a não coagular, tende a permanecer fluido. 
 72 
4.3.5 COGUMELO DE ESPUMA 
É formado de uma bola de finas bolhas de espumaque cobre a boca e as narinas e que 
continua pelas vias aéreas inferiores. Pode ser de coloração clara ou sanguinolenta. 
 
4.3.6 PROJEÇÃO DA LÍNGUA E EXOFTALMIA 
Pode ser por causa mecânica externa, como nos casos de asfixia por constrição do pescoço 
(CERVICAL) ou por edema postemortem. 
4.3.7 MAIOR QUANTIDADE DE SANGUE NOS ÓRGÃOS 
Órgãos que normalmente contêm sangue, como o fígado, ficam muito cheios. Isso também é 
chamado de congestão polivisceral. Esse mesmo aumento da pressão, durante a asfixia, pode 
provocar um aumento de sangue nos alvéolos dos pulmões e pode ocorrer ruptura de vasos dos 
alvéolos; por isso é comum a secreção sanguinolenta nos casos de asfixia. 
4.4 ASFIXIAS EM ESPÉCIE 
 
4.4.1 SUFOCAÇÃO 
Pode ser classificada como direta ou indireta. 
SUFOCAÇÃO DIRETA - causada pela obstrução dos orifícios ou condutos respiratórios. 
 Oclusão da boca e das fossas nasais 
 Oclusão das vias respiratórias por corpos estranhos impedindo a passagem de ar até 
os pulmões (popularmente conhecido como engasgamento). 
 73 
Pode-se encontrar a presença de marcas ungueais (estigmas ungueais) ao redor dos orifícios 
nasais e da boca nos casos de sufocação pelas mãos, faltando, no entanto, quando o agressor usa 
objetos moles como travesseiros. É também comum encontrar lesões na mucosa labial pelo 
traumatismo desta com os dentes. Poderá estar presente, na árvore respiratória, o corpo estranho 
causador da sufocação (no caso de engasgamento). 
SUFOCAÇÃO INDIRETA - causada pela compressão do tórax e abdome, impedindo os 
movimentos respiratórios, levando à asfixia. Pode ser causada por desmoronamento, atropelamentos 
de multidões, ação criminosa e crianças que dormem com os pais. Se, por acaso, você coloca um peso 
em cima do tórax, conforme o peso, a caixa torácica será mais ou menos comprimida. Se ela for 
comprimida a um nível que não permita nenhuma expansão, em 3 a, 5 minutos essa pessoa, sem 
poder respirar, será asfixiada. E a causa da morte será a compressão do tórax. 
No rosto da pessoa que tem o tórax comprimido começa a aparecer um pontilhado 
hemorrágico. Esse pontilhado hemorrágico está dizendo para gente que há uma compressão parcial do 
tórax, de maneira que impeça que ele se expanda. A sístole ocorre bem, mas a diástole está 
prejudicada. Com isso o sangue começa a acumular na parte alta da cabeça e a extravasar, graças a 
pressão interna que está crescendo. Esses pontilhados hemorrágicos vão escurecendo a face 
progressivamente. Esse aspecto recebeu o nome de máscara equimótica de Morestin, que já 
estudamos. A máscara de Morestin é um sinal especial que está sugerindo que houve uma 
compressão do tórax. 
#ATENÇÃO - SUFOCAÇÃO POSICIONAL PODE SER CONSIDERADA UMA SUFOCAÇÃO INDIRETA. O 
mecanismo de morte seria a fadiga aguda dos músculos da respiração, seguida de apneia e anoxia: 
 CRUCIFICAÇÃO ou 
 Quando o indivíduo é colocado muito tempo de “cabeça para baixo”. 
4.4.2 AFOGAMENTO 
Produzido pela penetração de um meio líquido ou semilíquido nas vias respiratórias. 
I. SINAIS EXTERNOS DO AFOGADO: 
 Baixa temperatura da pele 
 Pele anserina: a pele tem um aspecto chamado anserino - arrepiada pelo mecanismo 
pilo-eretor. Recebe o nome de Sinal de Bernt. 
 74 
 Contração de determinadas partes do corpo: os mamilos, a bolsa escrotal, pênis e 
clitóris são contraídos. 
 Maceração da pele palmar e plantar: a pele das mãos (mãos de lavadeira) e dos pés 
ficam maceradas (enrugadas) 
 A pele chega a descolar e permanece tão perfeita, destacada com tanta precisão 
(como uma luva), que é até possível colher as impressões digitais. 
 Cogumelo de espuma: espuma branca ou rosada que sai da boca e dos orifícios nasais. 
A PRESENÇA DE COGUMELO DE ESPUMA NO CADÁVER, POR SI SÓ, NÃO CONFIRMA 
O DIAGNÓSTICO DA MORTE POR AFOGAMENTO. 
 Lesões por animais aquáticos: são comuns nos afogamentos. Os animais têm 
predileção pelos lábios, pálpebras e nariz. 
 Escoriações e pequenas feridas nas polpas digitais: enquanto ainda vivo, o afogado 
tentar agarrar-se a qualquer coisa, assim pode sofrer atrito dos dedos em pedras ou 
materiais do meio 
 Dentes e unhas róseos (chamado de dentes róseos post mortem). Os dentes 
encontrados em algumas vítimas de afogamento e enforcamento apresentam-se de 
róseo-claro a vermelho pouco intenso. 
II. SINAIS INTERNOS DE AFOGAMENTO 
 Inundação das vias aéreas com líquido: Por meio do líquido pode-se analisar o meio 
aquático em que o indivíduo se afogou. Também ocorre aspiração de corpos estranhos 
que entram nos pulmões juntamente com o líquido (MATERIAL LODOSO NO NARIZ E 
BOCA). 
 Lesão dos pulmões: as manchas de Tardieu são raras, sendo mais comuns as manchas 
de Paltauf que são maiores e de contornos irregulares. As manchas de Paltauf são 
valiosas para o diagnóstico de afogamento, pois não são observadas em outras 
formas de asfixia (diferentemente da de Tardieu). 
 Presença de líquidos no aparelho digestivo: o indivíduo também engole água, além de 
inspirá-la. 
Um cadáver dentro da água, pela sua densidade, tende a afundar. Durante as primeiras 24 
horas, o cadáver fica submerso, depois disso ele vem à tona, porque o processo da putrefação produz 
uma enorme quantidade de gases (fase gasosa). Esses gases fazem com que o cadáver venha para a 
superfície. Já vimos em tanatologia. 
 75 
Observações sobre a tanatologia nos afogados: 
 Os livores hipostáticos do cadáver dos afogados tomam tonalidade mais clara que nas 
demais formas de asfixias mecânicas. 
 Os livores aparecem na cabeça 
 Nos afogados, a mancha verde aparece no tórax e não no abdômen 
III. AFOGADO BRANCO X AFOGADO AZUL 
AFOGADOS BRANCOS AFOGADO AZUL 
Chamados brancos de Parrot ou afogados secos. 
O indivíduo morre por inibição ao tocar na água. 
Quando não há líquido nos pulmões, porque a 
morte ocorreu por parada cardíaca reflexa. É a 
MORTE POR INIBIÇÃO, estando a respiração 
ausente quando o indivíduo submerge. 
Em que a morte ocorreu por entrada de líquido 
nos pulmões. Aqui sim é um afogamento 
 
IV. FASES DO AFOGAMENTO 
 Fase da luta – inicialmente tenta não se afogar, Sobe e afunda várias vezes e engole 
muita água 
 Fase da apneia (ausência de respiração) voluntária – Afunda e prende a respiração, 
chegando a vomitar a água engolida e ter convulsões 
 Fase da inspiração – Perde a consciência e inspira, permitindo que a água inunde os 
brônquios e alvéolos 
V. ÁGUA DOCE X ÁGUA SALGADA 
 
ÁGUA DOCE ÁGUA SALGADA 
Como é menos concentrada que o sangue, passa 
dos alvéolos para os vasos, diluindo o sangue 
(hemodiluição) e causando aumento do volume 
de sangue (hipervolemia). A morte no afogado 
de água doce se dá por parada cardíaca e não 
por asfixia. 
Como é mais concentrada do que o sangue, 
desloca a água do sangue para dentro dos 
alvéolos, os quais ficam encharcados tanto pela 
água aspirada como pela água do sangue. 
Levando á asfixia. Esse é o genuíno afogamento. 
A água do sangue passa para os alvéolos. Os 
 76 
A água dos alvéolos passa para o sangue, que 
começa a ficar diluído. Esse sangue diluído vai 
para o coração. Percebe-se o sangue do átrio 
esquerdo mais diluído que o do átrio direito. 
pulmões ficam abarrotados de liquido. O liquido 
em excesso começa a volta pela árvore 
respiratória e começa a sair pela boca e narinas, 
formando o cogumelo de espuma. No caso da 
água salgada, o sangue que vai para os átrios é 
mais concentrado, tem uma densidade maior. 
Aqui, a densidade do átrio esquerdo vai estar 
maior que a do átrio direito. Percebe-se o 
sangue do átrio esquerdo mais concentradodo 
que o do átrio direito. 
 
4.4.3 ENFORCAMENTO 
Primeiramente, é preciso uma explicação que vale para os 3 tipos de constrições cervicais: 
enforcamento, estrangulamento e esganadura: 
O pescoço tem a artéria carótida, a veia jugular, o nervo vago, a laringe, a traqueia, a coluna 
vertebral. No momento que o pescoço é apertado, nós podemos ter várias complicações: 
 
O pescoço é uma área nobre. Logo, a causa da morte na constrição cervical não é sempre a 
asfixia. Pode se dar por outras razões. 
Exemplo 1. O mata-leão. Você dá a gravata em volta do pescoço e a vítima imediatamente 
perde a consciência. Quando ele perde a consciência, não é porque está faltando ar no pulmão. 
Quando ele perde a consciência é porque o golpe no pescoço bloqueou a chegada de sangue ao 
cérebro. Ao bloquear a chegada de sangue ao cérebro, instantaneamente ele perde a consciência. Se o 
indivíduo largar, o sangue volta a circular e ele recupera. Se o indivíduo mantiver a constrição por 3 a 5 
minutos, a morte vai acontecer não por problema respiratório, mas por problema circulatório. 
Fa
to
re
s 
d
et
er
m
in
an
te
s 
d
a 
m
o
rt
e
Circulatórios arteriais 
e venosos
Respiratórios 
laríngeos e glóticos
Neurológicos vagais e 
seios carotídeos
 77 
Exemplo 2. O nervo vago, estimulado, em pessoas sensíveis, pode causar uma parada 
cardíaca. Às vezes, tentando apartar uma briga, é possível matar uma pessoa, estimulando seu nervo 
vago e acidentalmente causando uma parada cardíaca. 
A seguinte afirmativa já foi considerada correta em prova: Se um cadáver for encontrado 
semissuspenso por corda envolta no pescoço e amarrada em caibro de telhado, com as pernas 
dobradas no joelho e os pés tocando o chão, a causa da morte poderá ser justificada por mecanismos 
respiratórios, circulatórios ou nervosos. 
Vamos agora estudar especificamente o enforcamento. Enforcamento é: 
 Constrição do pescoço (CERVICAL) por um laço + 
 A força que constrange é o peso do próprio indivíduo. 
I. CARACTERÍSTICAS DO LAÇO 
 Mole quando é feito com lençóis, cortinas, gravata; 
 Duro quando feito com fios de arame, cordas; e semirrígidos quando feitos com cintos 
de couro. 
 Em geral o laço é formado por apenas uma volta e dotado de um nó que pode ser fixo 
ou deslizante, simples ou múltiplo. 
 Ao nó, opõe-se a alça do laço. 
II. ENFORCAMENTO TÍPICO X ATÍPICO 
ENFORCAMENTO TÍPICO ENFORCAMENTO ATÍPICO 
Se o nó estiver para trás, na nuca, e a alça para 
diante 
Qualquer outra posição 
 
 
 78 
III. ENFORCAMENTO COMPLETO X INCOMPLETO 
ENFORCAMENTO COMPLETO ENFORCAMENTO INCOMPLETO 
Corpo totalmente suspenso Algumas partes do corpo tocam o chão 
 
 Enforcamento incompleto 
IV. TEMPO PARA A MORTE 
A morte ocorre no prazo de 5 a 10 min, dependendo da intensidade da constrição. Às vezes é 
instantânea, decorrente de parada cardíaca (=morte por inibição). 
V. ENFORCADO BRANCO X ENFORCADO AZUL 
AZUL BRANCO 
Face fica cianosada e com aspecto aumentado, 
porque o laço, ao apertar o pescoço, comprime 
também a circulação. QUANDO A PRESSÃO DO 
LAÇO NÃO FOR EXAGERADA (pois o sangue sobe 
para a cabeça e fica comprometido na descida) 
A face fica branca e lívida, devido a FORTE 
COMPRESSÃO DO LAÇO, QUE OBSTRUI 
TOTALMENTE TANTO AS VEIAS QUANTO AS 
ARTÉRIAS. 
 
VI. CARACTERÍSTICAS DO SULCO NO ENFORCAMENTO 
No enforcamento e no estrangulamento, o laço que circunda o pescoço deixa uma marca 
característica, que se chama sulco. Tem grande importância médico-legal, tanto por ser constante 
como, via de regra, patognomônico. Vamos ver as características no enforcamento e mais na frente 
faremos a comparação com o sulco no estrangulamento. 
No enforcamento, o sulco é 
 Oblíquo ascendente, 
 Tem profundidade variável, 
 79 
 É interrompido no nó, 
 Fica por cima da cartilagem tireóidea. 
Sulco deixado por laços largos é menos profundo do por laços estreitos. 
Produzido por laço mole 
 Leito do sulco é mole, 
 Tonalidade é branca 
Produzido por laço duro 
 Leito do sulco duro, apergaminhado 
 De tonalidade pardo escura (linha argêntica), resultante da desidratação da pele. 
 
VII. LESÕES NECESSARIAMENTE VITAIS (ANTES DA MORTE) 
 Infiltrações hemorrágicas puntiformes no fundo do sulco = SINAL DE NEYDING 
 Vesículas sanguinolentas no fundo do sulco = SINAL DE LESSER 
Já as lesões decorrentes apenas do laço (duro ou mole, fino ou largo), como o 
pergaminhamento, podem estar também no morto. A PELE ENRUGADA E ESCORIADA NO FUNDO DO 
SULCO (SINAL DE AMBROISE PARÉ) RESULTA DO LAÇO FIRME COMPRIMINDO O PESCOÇO. 
VIII. LIVORES NO ENFORCADO 
No enforcado, os livores situam-se abaixo do umbigo. Livores cadavéricos em placas, por 
cima e por baixo das bordas = SINAL DE PONSOLD 
 
 80 
IX. LESÕES INTERNAS: 
 Sinal de Amussat – Rasgo transversal na túnica INTERNA da carótida 
 Sinal de Friedbeg - sufusão hemorrágica (equimose) da túnica EXTERNA da carótida 
Os sinais de Amussat e Friedberg são encontrados nas asfixias por constrição cervical. 
A POSIÇÃO DA CABEÇA SEMPRE SE MOSTRA VOLTADA PARA O LADO CONTRÁRIO DO NÓ. A 
face pode apresentar-se branca ou arroxeada (variando com o grau de compressão vascular). É comum 
a presença de líquido ou espuma pela boca e narinas (cogumelo de espuma). A língua é cianótica e 
está projetada além das arcadas dentárias 
#CAIUEMPROVA – PC-GO/2010 (questão boa para revisar) - Morte violenta produzida por asfixia, em 
que o laço é acionado pelo próprio peso da vítima, o sulco produzido pelo laço se apresenta oblíquo, 
de baixo para cima, interrompido ao nível do nó e com bordos desiguais, sendo o bordo superior 
saliente; a suspensão pode ser completa ou incompleta, e apresenta a vítima cianose facial, com 
protrusão de língua, trata-se de: A) estrangulamento B) esganadura C) sufocação D) fulminação E) 
enforcamento 
Gabarito: Letra E. 
4.4.4 ESTRANGULAMENTO 
No estrangulamento, o que constringe o pescoço é o laço acionado por uma força externa, 
geralmente homicida. Para determinar se a causa da morte foi enforcamento ou estrangulamento, é 
necessária a análise das características do sulco deixado pelo laço. 
Características diferenciais do sulco (Caem muito em prova!!!): 
ENFORCAMENTO ESTRANGULAMENTO 
Oblíquo ascendente Horizontal 
Variável segundo a zona do pescoço Uniforme em toda a periferia do pescoço 
Interrompido ao nível do nó Contínuo 
Em geral, único Frequentemente múltiplo 
Por cima da cartilagem tireóidea Por baixo da cartilagem tireóidea 
Quase sempre apergaminhado Só excepcionalmente apergaminhado, pois o 
agressor tende a afrouxar após a morte 
De profundidade desigual De profundidade uniforme 
 81 
 
#OBSERVAÇÃO: Existe também o estrangulamento antebraquial, em que ocorre a constrição do 
pescoço pela ação do braço e do antebraço sobre a laringe, conhecido como “golpe de gravata”. Há 
autores (Hygino e França) que consideram o golpe de gravata como estrangulamento antebraquial 
(como classifiquei nessa aula) e há autores (minoria) que o consideram como esganadura. 
4.4.5 ESGANADURA 
Tipo de asfixia mecânica que se verifica pela constrição do pescoço pelas mãos 
 É SEMPRE HOMICIDA. 
 HÁ DISPARIDADE DE FORÇAS ENTRE OS SUJEITOS. 
 Nos sinais locais notam-se equimoses e as escoriações produzidas pelas unhas do 
agressor, teoricamente de forma semilunar, apergaminhadas, de tonalidade pardo-
amarelada, conhecidas como ESTIGMAS OU MARCAS UNGUEAIS. 
 Petéquias na face= SINAL DE LACASSAGNE 
 Lesões do aparelho laríngeo por fraturas das cartilagens tireóidea e cricóidea e dos 
ossos estilóide e hióide (gogó) são mais frequentes que no estrangulamento e no 
enforcamento. 
 Face da vítima fica pálida ou cianótica, dependendo da intensidade da constrição 
 
 82 
4.4.6 CONFINAMENTO 
É caracterizado pela permanência de um ou mais indivíduos num ambiente restrito ou 
fechado, sem condições de renovação do ar respirável. É o caso, por exemplo, de crianças que ficam 
presas em automóveis fechados. 
Mecanismo de morte no confinamento (nem sempre é por asfixia) 
 Asfixias - sendo consumido o oxigênio pouco a pouco e o gás carbônico acumulando 
gradativamente. 
 Intermação – Aumento de vapor d’agua impede a perda de calor. 
4.4.7 ASFIXIA POR MONÓXIDO DE CARBONO 
O monóxido de carbono compete com o O2 na combinação com a hemoglobina, tendo 
finidade cerca de 250 vezes maior. Por isso, ele desloca o O2 da molécula de HbO2, de modo a formar 
um composto mais estável, a carboxiemoglobina (HbCO), impedindo o transporte de O2 aos tecidos. 
Daí se admitir não se tratar de uma morte por intoxicação, mesmo existindo uma ação química sobre a 
hemoglobina. Na verdade, o que se verifica é uma forma de asfixia tissular. Como esse gás é 
imperceptível para os sentidos – incolor e inodoro -, a vítima não reconhece a sua presença, nem 
percebe a sua inalação. 
Os sinais característicos são: 
 Rigidez cadavérica tardia, pouco intensa e de menor duração, 
 Tonalidade rósea da face (“como de vida”), 
 Manchas de hipóstases claras (vimos em tanatologia) 
 Pulmão e demais órgãos de tom carmim e sangue fluido e róseo. 
Os efeitos clínicos da intoxicação obedecem a uma concentração plasmática: - <10% - 
assintomático - 10 a 20% - cefaleia e vasodilatação - 20 a 30% - cefaleia, dispneia e dor aos esforços - 
30 a 40% - cefaleia intensa, náuseas, vômitos, alterações da visão, debilidade e torpor mental - 40 a 
50% - síncope, taquicardia e taquipneia - 50 a 60% - coma, convulsão e respiração irregular - > 60% - 
morte 
4.4.8 SOTERRAMENTO 
Soterramento é a asfixia motivada por obstrução por terra ou substâncias pulverulentas. É na 
sua maioria de natureza acidental causada por desmoronamento ou desabamento. É possível, 
 83 
também, o soterramento em grãos (soja, trigo etc.). A presença de material estranho nas vias 
respiratórias e digestivas é do mais alto valor no diagnóstico, porque depende essencialmente do 
ato vital de respiração e deglutição, não podendo, portanto, introduzirem-se tais substâncias post 
mortem. No soterrado sempre se encontram lesões traumáticas de várias espécies que por si só 
podem produzir a morte ou contribuir para tanto. 
 
Mecanismos de morte no soterramento (não só a asfixia): 
 Sufocação indireta (compressão do tórax) 
 Sufocação direta por partículas como lama e areia 
 Confinamento (fica preso sem renovar o ar) 
 Ação contundente 
 
5 BIBLIOGRAFIA 
Esse material é uma fusão das seguintes fontes: 
- Med Leg DC. Delton Croce & Delton Croce Júnior Manual de Medicina Legal 8. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2012. 
- Medicina Legal e Noções de Criminalística – Neusa Bittar – Editora Juspodivm 
- Livro de Genival Veloso França 
- Anotações pessoais de aulas 
- Figuras pegas na internet, por exemplo, no www.malthus.com

Mais conteúdos dessa disciplina