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G E O G R A FI A I 323PROENEM Aproxime seu dispositivo móvel do código para acessar a teoria 01 A EVOLUÇÃO DO CAPITALISMO E A DIT A DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO A DIT (Divisão Internacional do Trabalho) é o nome dado para a divisão produtiva em âmbito internacional. A Divisão Internacional do Trabalho direciona uma especialização produtiva global, já que cada país fi ca designado a produzir um determinado produto ou partes do mesmo, dependendo dos incentivos oferecidos em cada país. Esse processo se expandiu na mesma proporção que o capitalismo. Nesse sentido, um exemplo que pode ser usado é a montagem de um automóvel realizada na Argentina, porém com componentes oriundos de diferentes países, como parte elétrica e eletrônica de Taiwan, borrachas da Indonésia e assim por diante. Isso ocorre porque cada país oferece certos atrativos. Desta forma, o custo do produto fi nal será menor, aumentando os lucros das empresas. Os países emergentes ou em desenvolvimento que obtiveram uma industrialização tardia e que possuem economias ainda frágeis e passíveis de crises econômicas oferecem aos países industrializados um leque de benefícios e incentivos para a instalação de indústrias, tais como a isenção parcial ou total de impostos, mão de obra abundante, entre outros. Por conta disso, a Divisão Internacional do Trabalho provoca desigualdades. Os países emergentes ou em desenvolvimento, como México, Argentina, Brasil e outros, adquirem tecnologias a preços altos, enquanto que a maior parte dos produtos exportados pelos países citados não atingem preços satisfatórios, favorecendo os países ricos. Num primeiro momento, entre os séculos XVI e XVIII, a DIT tradicional era composta por dois grupos de países: o das metrópoles e o das colônias. Com isso, a lógica de comércio era bem simples (e desigual): as colônias vendiam matéria-prima por um preço baixo para as metrópoles, que os transformavam em produtos de maior valor agregado e os revendiam, acumulando mais capital. Tal panorama durou um longo período, mesmo com a independência de muitas colônias. Até a década de 50, os bens manufaturados eram oriundos restritamente dos países industrializados, como Estados Unidos, Canadá, Japão e nações europeias. Os países já industrializados tinham suas respectivas produções primeiramente destinadas ao abastecimento do mercado interno. Depois, o restante era direcionado ao fornecimento de mercadorias industrializadas aos países subdesenvolvidos que ainda não haviam ingressado efetivamente no processo de industrialização. Até aquela época, os países subdesenvolvidos tinham a incumbência de gerar matéria-prima com a fi nalidade de fornecê-la aos países industrializados. Após a Segunda Guerra Mundial, muitas empresas, sobretudo norte-americanas, começaram a instalar fi liais em diferentes países do mundo. Isso foi intensifi cado com o processo da globalização, que transformou muitos países subdesenvolvidos, que no passado eram meros produtores primários, em exportadores também de produtos industrializados, alterando as relações comerciais que predominavam até então. Ou seja, surgiu uma Nova DIT, mais complexa do que a anterior. Apesar da modifi cação apresentada na confi guração econômica, os países da América Latina, Ásia e África, ainda ocupam destaque na produção de produtos primários. O que os mantêm como produtores primários é principalmente o modo como os países subdesenvolvidos foram industrializados. Grande parte das empresas e indústrias existentes em países pobres é de nações desenvolvidas e ricas. Diante desse fato, uma das características da Nova DIT é a remessa de capitais: a maioria dos lucros adquiridos durante o ano não permanecem no território no qual a empresa se encontra, e sim migram para o país de origem da mesma. Em outras palavras, as empresas transnacionais normalmente buscam os interesses próprios sem considerar as causas sociais, econômicas e ambientais de onde suas empresas estão instaladas. 01 A EVOLUÇÃO DO CAPITALISMO E A DIT 324 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO Na história da humanidade é possível observar distintos modelos de organização dos meios sociais, econômicos e políticos, que exerceram grande influência no modo de viver das sociedades e na organização do espaço geográfico. Dentre esses sistemas, aquele que mais realizou transformações no espaço e nas sociedades foi o capitalismo, a partir de um paulatino processo de desenvolvimento, sendo na atualidade o sistema hegemônico mundial, apesar de ter sofrido algumas transformações ao longo do tempo. De qualquer forma, o capitalismo possui um conjunto de características que o definem de modo geral. A mais importante delas está correlacionada ao maior objetivo do sistema, que é o lucro, ou seja, a reprodução do capital, que vai justificar todas as outras características. Outra marca importante é a estrutura de propriedade baseada na propriedade privada, na qual os meios de produção (terras, equipamentos, matérias-primas etc.) pertencem aos agentes econômicos, podendo ser privados ou estatais. Além disso, existe um predomínio do trabalho assalariado e de uma sociedade dividida em classes, de acordo com a concentração de renda. Considerando seu processo de desenvolvimento, costuma-se dividir o capitalismo em quatro fases: Comercial, Industrial, Financeiro-Monopolista e Informacional. Fim do século XV até a primeira metade do século XVIII: Capitalismo Comercial (1ª fase) Substituindo o Feudalismo, a primeira etapa do capitalismo foi marcada pela expansão marítima das potências da Europa Ocidental da época (Grandes Navegações), em busca de novas rotas de comércio, sobretudo para as Índias. O objetivo dessas nações era acabar com o monopólio das cidades italianas (como Veneza e Gênova) no comércio com o Oriente pelo Mediterrâneo. Esse processo resultou no descobrimento de novas terras e na apropriação de vastos territórios (colonialismo), além da escravização e genocídio de milhões de nativos da América e da África. O principal eixo econômico migra do Mar Mediterrâneo para o Oceano Atlântico. Forma-se um comércio triangular entre América, África e Europa. Expandiram-se os mercados consumidores e abastecedores, além da descoberta de novas jazidas minerais. São criadas companhias de comércio, como a Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC). A produção de mercadorias era essencialmente artesanal, em oficinas (o mestre artesão e os artesãos auxiliares eram produtores e donos dos meios de produção). O que realmente interessava era o comércio de especiarias, açúcar, tabaco, escravos, tapetes, sedas, perfumes, entre outros, com altíssimas margens de lucro. Naquele tempo já havia manufaturas rudimentares, onde o empresário era o proprietário dos meios de produção (fábrica e instrumentos) e pagava um salário em troca da força de trabalho do empregado. Porém, a força motriz era humana e manual. A acumulação primitiva de capitais pela burguesia (que se capitalizou) era resultado da troca de mercadorias, ou seja, do comércio - e por isso o termo capitalismo comercial para designar o período. Esse acúmulo de capitais era fundamentado na política colonial conhecida como mercantilismo (caracterizado por três pilares: metalismo, balança comercial favorável e protecionismo). A sociedade da época estava dividida em uma classe de proprietários de terras (clero e nobreza), uma classe de trabalhadores (servos, camponeses livres, assalariados, enfim, a massa popular) e uma classe burguesa (mercantil e manufatureira). Essa burguesia queria espaço social, político e ideológico, o que se tornou possível principalmente a partir do século XVIII. Quadro-resumo:Capitalismo Comercial ou Pré- capitalismo Segunda metade do século XVIII até a segunda metade do século XIX: Capitalismo Industrial (2ª fase) A Inglaterra foi pioneira no processo de Revolução Industrial. Cinco fatores podem explicar esse fato. Em primeiro lugar está a mão de obra abundante e barata proveniente da zona rural, devido aos cercamentos das terras que expulsaram milhares de camponeses das terras comunais. Formou-se, como diria Marx, um exército industrial de reserva: sempre existiam multidões às portas das fábricas, dispostas a trabalhar, não se importando com as condições. O segundo fator é a acumulação primitiva de capital proveniente das colônias inglesas e do comércio com o Oriente. O terceiro fator relaciona-se com a Revolução Gloriosa, que sepultou o absolutismo ao estabelecer a supremacia do Parlamento e inaugurou o Estado liberal inglês, pré-requisito para a plenitude capitalista burguesa. O quarto fator está ligado à existência de amplos mercados consumidores nas colônias, inglesas ou não, da América, África e Ásia. Por fim, o quinto fator refere-se à abundância de matérias- primas, especialmente de ferro, carvão e algodão. Foi uma era de invenções, primeiramente relacionadas com a indústria têxtil: máquina de fiar, tear hidráulico e tear mecânico. Todos esses inventos ganharam maior capacidade quando passaram a ser acoplados à máquina a vapor. Após o setor têxtil, a mecanização alcançou o setor metalúrgico. A descoberta do vapor como força motriz, além de impulsionar a produção industrial, atingiu também os transportes: foram criados o barco a vapor e GEOGRAFIA I 325PROENEM a locomotiva a vapor. As redes de transporte terrestre e marítimo cresceram exponencialmente. O comércio não era mais a essência do sistema. Nessa nova fase, o lucro provinha basicamente da produção industrial de mercadorias. O proprietário dos meios de produção não é o produtor direto. A relação de trabalho que agora vigora é o regime assalariado, uma vez que o trabalhador assalariado apresenta maior produtividade que o escravo e tem renda disponível para o consumo. O uso de máquinas aumentou a produção e a produtividade enormemente. Acelerou-se o processo de urbanização: os operários viviam em cortiços imundos, sem saneamento, onde bactérias, ratazanas e surtos epidêmicos ceifavam muitas vidas. Aprofundaram- se as desigualdades entre ricos e pobres. As jornadas de trabalho chegavam a 16 horas, as fábricas eram insalubres, disciplina e hierarquia eram extremamente rígidas, os salários eram baixíssimos, era explorado o trabalho infantil e feminino, a expectativa de vida dos trabalhadores das fábricas e das minas muito difi cilmente ultrapassava os cinquenta anos, os acidentes de trabalho multiplicavam-se e a assistência médica e hospitalar aos trabalhadores praticamente inexistia. A miséria trazia em seu bojo uma série de males: o alcoolismo, o infanticídio, a prostituição, o suicídio, a loucura, a criminalidade e até o fanatismo religioso. Ao contrário do período mercantilista, o Estado não mais intervinha na economia, que passou a funcionar segundo a lógica do mercado, guiado pela livre concorrência. Por pressão dos burgueses, consolidava- se, assim, uma nova doutrina econômica: o liberalismo, defendido pelos economistas britânicos Adam Smith e David Ricardo. Quadro-resumo: Capitalismo Industrial Fim do século XIX até o fi nal da década de 1960: Capitalismo Financeiro Monopolista (3ª fase) Se na primeira fase da Revolução Industrial prevalecia o tripé carvão-ferro-vapor, a segunda revolução industrial (surgida por volta de 1860) incorpora a eletricidade, o aço e o petróleo. O desenvolvimento do motor à combustão interna permitiu o surgimento do automóvel e do avião, expandindo e dinamizando os transportes. A indústria química também experimentou expressivo desenvolvimento de novos elementos e materiais. Evoluem os meios de comunicação, com a invenção do telégrafo e do telefone. A industrialização não mais se restringiria ao Reino Unido, mas se expandiria para outros países como a Bélgica, a França, e posteriormente a Itália, a Alemanha, a Rússia, os Estados Unidos e o Japão. A especialização da produção aprofundou-se com o conceito de linha de montagem: esteiras rolantes levam peças e componentes padronizados. A fabricação do produto passou a ser dividida em etapas, onde as responsabilidades dos operários são bem específi cas. Henry Ford foi pioneiro nesse modelo de produção, aplicando-o em sua fábrica de automóveis. O fordismo também defendia que a empresa deveria dedicar-se a apenas um produto, além de dominar as fontes de matérias-primas. Também foi marcante o processo de concentração e centralização de capitais. Empresas foram criadas e cresceram rapidamente: indústrias, bancos, corretoras de seguros, casas comerciais etc. A acirrada concorrência favoreceu as grandes empresas, levando a fusões e incorporações que resultaram na formação de monopólios ou oligopólios em muitos setores da economia. Diversas associações capitalistas foram feitas e, com isso, surgiram Holdings, Trustes, Conglomerados e Cartéis. Grandes corporações da atualidade foram fundadas nessa época: British Petroleum (1909), Coca-Cola (1886), Exxon (1882), Fiat (1899), General Eletric (1892), General Motors (1916), IBM (1911), Mitsubishi Bank (1880), Nestlé (1866), Siemens (1847). Se na primeira revolução industrial os avanços tecnológicos eram resultantes de pesquisas espontâneas e autônomas, agora a ciência era apropriada pelo capital, isto é, estava a serviço da produção. As grandes corporações transnacionais (que atuam em vários países) formaram os primeiros laboratórios de pesquisa, que visavam desenvolver novas técnicas de produção. Era cada vez maior a necessidade de garantir novos mercados consumidores, novas fontes de matérias- primas e novas áreas para investimentos lucrativos. Foi nesse contexto do capitalismo, de acirrada concorrência entre as novas potências industriais, que ocorreu a expansão imperialista europeia na África. Na Conferência de Berlim (1884-1885) as potências da Europa retalharam o continente africano, partilhando-o entre eles. Porém as divergências entre os países não cessaram, levando a uma corrida armamentista que culminou na Primeira Guerra Mundial. Se consolidou a divisão internacional do trabalho, pela qual as colônias se especializavam em fornecer matérias-primas baratas para os países que então se industrializavam. Em contrapartida, esses países desenvolvidos vendiam sua crescente produção industrial. Essa divisão, inicialmente delineada no capitalismo comercial, consolidou-se na fase do capitalismo industrial. Diferentemente do colonialismo do século XVI, as empresas burguesas, e não o Estado, eram as principais agentes e benefi ciárias. No fi nal do século XIX também surgia uma potência industrial fora da Europa: os Estados Unidos da América, que exerceu seu imperialismo na América Latina baseado no controle político e militar. Torna-se cada vez mais difícil distinguir o capital industrial (também o agrícola, comercial e de serviços) do capital bancário. Uma melhor denominação passa a ser, então, capital fi nanceiro. Os bancos assumem um papel mais importante como fi nanciadores da produção. 01 A EVOLUÇÃO DO CAPITALISMO E A DIT 326 Afinal, bancos incorporam indústrias que, por sua vez, incorporam ou criam bancos para lhes dar suporte financeiro. Ao mesmo tempo vai se consolidando, particularmente nos Estados Unidos, um vigoroso mercado de capitais. As empresas vão deixando de ser familiares e se transformam em sociedades anônimas de capital aberto, ou seja, empresas que negociam suas ações em bolsas de valores. Isso permitiu a formação das corporações da atualidade,cujas ações estão distribuídas entre milhares de acionistas. Em geral, essas grandes empresas têm um acionista majoritário, que pode ser uma pessoa, uma família, uma fundação, um banco ou uma holding, ao passo que o restante (muitas vezes milhões de ações) está nas mãos de pequenos investidores. O liberalismo permanece apenas como ideologia capitalista, pois o mercado passa a ser dominado por grandes corporações em substituição à livre concorrência e ao livre mercado, característicos da fase industrial, na qual predominavam empresas menores. O Estado, por sua vez, intervém na economia (principalmente a partir da crise de 1929) como agente planejador, coordenador, produtor ou empresário. Nesse momento do capitalismo, em cada setor da economia – petrolífero, elétrico, siderúrgico, têxtil, naval, ferroviário etc. – passaram a predominar alguns grandes grupos. São os trustes verticais, que controlam as etapas da produção, desde a retirada da matéria- prima da natureza e a transformação em produtos até a distribuição das mercadorias. Quando os trustes, ou empresas de menor porte, fazem acordos entre si estabelecendo um preço comum, dividindo os mercados potenciais e, portanto, inviabilizando a livre concorrência num determinado setor da economia, criam um cartel. Diferentemente do que acontece no truste, no cartel não há a perda de autonomia das empresas envolvidas. O truste é resultado de processos tipicamente capitalistas (concentração e centralização de capitais), que levam a fusões e incorporações de empresas de uma mesma cadeia produtiva em determinado setor de atividade. Já o Cartel é consequência de acordos entre grandes empresas com o intuito de compartilhar determinados mercados ou setores da economia. Muitos trustes, constituídos no final do século XIX e início do século XX, transformaram-se em conglomerados. Resultantes de um amplo processo de concentração e centralização de capitais, de uma crescente ampliação e diversificação dos negócios, com o intuito de dominar a oferta de determinados produtos ou serviços no mercado, os conglomerados, também chamados grupos ou corporações, são o exemplo mais claro de empresas do capitalismo monopolista. Controlados por uma holding (conjunto de empresas dominadas por uma empresa central que detém a maioria ou parte significativa das ações de suas subsidiárias), eles atuam em diferentes setores da economia. O objetivo básico é a manutenção da estabilidade dos conglomerados, garantindo uma lucratividade média, já que há rentabilidades diferentes em cada setor. Os maiores conglomerados são norte-americanos e japoneses. Por exemplo, a General Eletric, uma das maiores e mais internacionalizadas empresas do mundo, atua em diversos setores e fabrica uma grande variedade de produtos: lâmpadas, fogões, geladeiras, equipamentos médicos, motores de avião, turbinas para hidrelétricas etc. Há outros exemplos de conglomerados que atuam em diversos setores e têm interesses globais: General Motors (EUA), Sony (Japão), Fiat (Itália), Nestlé (Suíça), Unilever (Reino Unido/Países Baixos), Hyundai Motor (Coreia do Sul) etc. No Brasil também há conglomerados importantes como a Petrobras, a Companhia Vale do Rio Doce (Vale), a Votorantim, a AmBev, a Gerdau, a Brasil Foods, a JBS Friboi etc. Embora muitos grupos nacionais, como os citados, já tenham iniciado um processo de internacionalização, sobretudo na América Latina, ainda não se encontram no estágio de mundialização das corporações estrangeiras mencionadas. Quadro-resumo: Capitalismo Financeiro-Monopolista Anos 1970 até a atualidade: Capitalismo Informacional (4ª Fase) Com o advento da Terceira Revolução Industrial, também conhecida como Revolução Técnico-Científica ou Revolução Informacional, o capitalismo atinge sua fase informacional-global. Isso ocorre no pós-Segunda Guerra, sobretudo a partir dos anos 1970 quando, gradativamente, disseminam-se empresas, instituições e diversas tecnologias responsáveis pelo crescente aumento da produtividade econômica e pela aceleração dos fluxos de capitais, de mercadorias, de informações – robôs, computadores, satélites, aviões a jato, cabos de fibras ópticas, telefones digitais, internet etc. – e de pessoas. Nessa etapa de seu desenvolvimento, o capitalismo continua industrial e financeiro: industrial porque novas tecnologias empregadas no processo produtivo, a exemplo da robótica, permitiram grande aumento de produtividade e diversificação dos produtos; e financeiro por causa da desmaterialização do dinheiro que, em vez de circular fisicamente, cada vez mais se transforma em bits de computador, circulando rapidamente pelo sistema financeiro globalizado. Por isso mesmo, diversas questões de vestibular continuam a chamar a fase atual do capitalismo de financeiro-monopolista. Porém, é inegável que a característica fundamental da etapa atual do desenvolvimento capitalista é a crescente importância do conhecimento, do capital humano, isto é, o conhecimento e as habilidades que as pessoas acumulam por meio de educação, treinamento e experiência profissional. Por isso mesmo, diversos autores, textos e questões GEOGRAFIA I 327PROENEM se referem ao momento presente como capitalismo informacional. Se as revoluções industriais anteriores foram movidas a energia (a primeira a carvão e a segunda, a petróleo e eletricidade), a revolução em curso é movida pelo conhecimento. Não por acaso as primeiras indústrias desenvolveram-se em torno das bacias carboníferas e atualmente as instituições típicas da revolução informacional, as chamadas indústrias limpas, estão próximas a universidades e centros de pesquisa, onde se desenvolvem tecnopolos. Nesses centros industriais, típicos da Terceira Revolução Industrial, há grande concentração de indústrias de alta tecnologia: informática, telecomunicações, robótica e biotecnologia, entre outras. O tecnopolo do Vale do Silício, nos Estados Unidos, em torno da Universidade de Stanford, foi o primeiro a se formar; com o tempo outros foram criados: em Cambridge, perto da universidade de mesmo nome, no Reino Unido; na região metropolitana de Campinas, estado de São Paulo, próximo da Universidade de Campinas (Unicamp); no Japão (tecnopolo Tsukuba); em Munique, na Alemanha; em Paris (tecnopolo Axe-Sud), na França; entre muitos outros. Pode-se afi rmar que a globalização (o atual momento da expansão capitalista) está para o capitalismo informacional assim como o colonialismo esteve para sua etapa comercial ou o imperialismo esteve para o fi nal da fase industrial e início da fi nanceira. Trata-se de uma expansão que visa aumentar os mercados e (o lucro), que de fato move os capitais (tanto produtivos quanto especulativo) no mercado mundial. A incipiente opinião pública mundial, manifestada através de movimentos antiglobalização, movimentos pacifi stas e ONGs, também é resultado da revolução informacional e da globalização. Na era da globalização a expansão capitalista é silenciosa, sutil e efi caz. Trata-se de uma “invasão” de mercadorias, capitais, serviços, informações e pessoas. As novas “armas” são a agilidade e a efi ciência das comunicações, dos transportes e do processamento de informações, graças aos satélites de comunicação, à internet, à informática, aos telefones fi xos e celulares, aos enormes e rápidos aviões, aos supernavios petroleiros e graneleiros e aos trens de alta velocidade. A “guerra” acontece nas bolsas de valores, de mercadorias e de futuros em todos os mercados do mundo e em todos os setores imagináveis. As estratégias e táticas são traçadas nas sedes das grandes corporações transnacionais, dos grandes bancos, das corretoras de valores e de outras instituições e influenciam quase todos os países. No capitalismo informacionaldestaca-se também a questão do desemprego, como decorrência da Terceira Revolução Industrial e do uso de altas tecnologias produtivas (robótica, informatização), ou como resultado da reformulação e otimização produtiva empresarial, incluindo-se o remanejamento e demissão de funcionários e o enxugamento estatal. Quad ro-Resumo: Capitalismo Informacional RESUMO A DIT corresponde a uma especialização das atividades econômicas em caráter de produção, comercialização, exportação e importação entre distintos países do mundo. A DIT tende a aprofundar as diferenças entre os países pobres que vendem produtos baratos e os países ricos desenvolvidos, que ganham dinheiro exportando produtos industriais de alto valor agregado e tecnologia. O surgimento da DIT veio no período do Capitalismo Comercial, marcado pelo Colonialismo e o Mercantilismo. Com o passar do tempo e com o surgimento da indústria, a produção de mercadorias e a exploração da mais-valia se tornaram as principais estratégias para acumulação de lucro, fazendo com que o capitalismo se tornasse industrial e o Estado passasse a ser liberal. Mais a frente, com o surgimento de grandes corporações e transnacionais, a economia passou a ser dominada por trustes, conglomerados e cartéis, prejudicando a livre concorrência e promovendo a formação de monopólios e oligopólios. Nos anos 1970, com o desenvolvimento da robótica e da informática, o aumento da circulação de informações deu ao capitalismo uma nova face, em que o conhecimento se tornou fundamental para o sucesso de empresas e a obtenção do lucro. Nesse cenário, as empresas ganharam mais autonomia e passaram a pressionar o Estado para obter benefícios como incentivos fi scais. Sendo assim, o cenário atual é marcado pelo capitalismo informacional e por Estados neoliberais, que muitas vezes atuam de acordo com os interesses das empresas privadas e reduzem gastos públicos e serviços estatais. 01 A EVOLUÇÃO DO CAPITALISMO E A DIT 328 QUESTÃO 01 (UESC) Nas últimas décadas, muitos países que tinham uma economia voltada basicamente para o setor primário têm recebido em seus territórios fi liais ou subsidiárias de multinacionais, fato que vem modifi cando profundamente seus perfi s econômicos e suas funções dentro da atual divisão internacional do trabalho (DIT). Com base nas informações do texto e nos conhecimentos sobre a DIT e suas implicações, é correto afi rmar: a) A implantação das multinacionais, nos países periféricos, gerou grandes lucros, porque o lucro era reinvestido no seu território, diversifi cando o processo produtivo. b) A nova DIT não alterou as desigualdades no processo produtivo, mas possibilitou o dinamismo da economia de todos os países do Terceiro Mundo, devido à interferência estatal. c) Os países de industrialização clássica, como o Brasil, o México e a Argentina, saíram mais fortalecidos que os demais países periféricos, porque os investimentos externos produtivos priorizam esses mercados. d) Essa nova Distribuição Internacional do Trabalho caracteriza-se pela mudança do perfi l econômico das nações periféricas e pela diminuição da dependência econômica dessas nações. e) Os países centrais, na nova Distribuição Internacional do Trabalho, fornecem produtos e serviços com alto conteúdo tecnológico e os países periféricos, produtos de primeira e segunda geração industrial QUESTÃO 02 (UFSCAR) “ O que chamo de a mais nova divisão internacional do trabalho está disposta em quatro posições diferentes na economia informacional/global: produtores de alto valor com base no trabalho informacional; produtores de grande volume baseado no trabalho de mais baixo custo; produtores de matérias-primas que se baseiam em recursos naturais; e os produtores redundantes, reduzidos ao trabalho desvalorizado (...). A questão crucial é que estas posições diferentes não coincidem com os países. São organizadas em redes e fluxos, utilizando a infraestrutura tecnológica da economia informacional (...)” Manuel Castells, “A sociedade em rede”. Considerando as informações contidas no trecho e as alterações no espaço geográfi co a partir da Revolução Informacional, é correto afi rmar que: a) a nova divisão internacional do trabalho é uma reprodução da clássica divisão, pois há espaços geográfi cos de alto valor informacional (países centrais) e outros de trabalho desvalorizado (países da periferia). b) o desenvolvimento tecnológico na área de informação, ao reorganizar os fluxos de capital e de pessoas, criou uma rede hierarquizada e cristalizada de novos países informatizados. c) as “cidades globais” Nova Iorque, Otawa e Rio de Janeiro são espaços geográfi cos exclusivos dos produtores de alto valor do trabalho informacional, representando, portanto, os ícones da nova divisão internacional do trabalho. d) as quatro posições descritas podem ocorrer simultaneamente num mesmo país, visto que a nova divisão internacional do trabalho não ocorre entre países, mas entre agentes econômicos organizados em sistemas de redes e fluxos. e) estão excluídos da nova divisão internacional do trabalho os países de economia dependente, porque não são capazes de produzir tecnologia de ponta, o que os impede de participar do sistema de redes e fluxos. QUESTÃO 03 “Cortando fronteiras com capital e tecnologia, as multinacionais otimizam mercados, recursos naturais e políticos em escala mundial. Uma nova forma de acumular lucros, uma nova divisão internacional do trabalho.” KUCINSKI, Bernardo. O que são multinacionais A nova divisão internacional do trabalho apresentada no texto tem como causa a seguinte atuação das multinacionais: a) aplicação de capitais em atividades agropastoris nos países periféricos; b) implantação de fi liais em países de mão-de-obra barata; c) participação em mais de um ramo de atividade; d) importação de matérias-primas do 3° mundo; e) exploração de novas fontes de energia. QUESTÃO 04 Assinale qual dos fenômenos abaixo NÃO representa uma consequência das atuais condições da Divisão Internacional do Trabalho. a) Intensifi cação da Globalização e dos meios tecnológicos. b) Descentralização industrial e produtiva. EXERCÍCIOS PROPOSTOS Acesse os códigos de cada questão para ver o gabarito GEOGRAFIA I 329PROENEM c) Expansão das grandes corporações para todo o mundo. d) Enfraquecimento das leis ambientais em países periféricos. e) Desconcentração das riquezas mundiais. QUESTÃO 05 “A industrialização ampliou a divisão do trabalho dentro da unidade de produção (a fábrica) e no interior da sociedade de cada país. Ao mesmo tempo, estabeleceu a Divisão Internacional do Trabalho entre os países industriais e as regiões fornecedoras de produtos agrícolas e minerais”. (LUCCI, E. A. et. al. Território e sociedade no mundo globalizado: Geografi a Geral e do Brasil. Ensino Médio. Editora Saraiva, 2005. p.56). Assinale a alternativa que NÃO expressa uma característica da Divisão Internacional do Trabalho (DIT). a) Os países desenvolvidos exportam produtos tecnológicos e os países subdesenvolvidos exportam matérias-primas. b) A formação da DIT está relacionada, principalmente, com os eventos ligados ao colonialismo. c) Conferências internacionais são anualmente realizadas para se defi nir qual tipo de produto cada país produzirá no contexto do comércio internacional. d) A Divisão Internacional do Trabalho envolve, entre outras questões, as relações desiguais entre o norte desenvolvido e o sul subdesenvolvido nos campos político e econômico. e) Os países desenvolvidos exportam produtos manufaturados e os países subdesenvolvidos exportam matérias-primas. QUESTÃO 06 (IFSP 2016) Observe a fi gura abaixo. A fi gura ilustra a Divisão Internacional do Trabalho(DIT). De acordo com Milton Santos (1996), a DIT corresponde às funções produtivas desempenhadas por cada Estado- nação no sistema internacional. Em relação ao Brasil, em que pese a condição ainda subordinada no que se refere à sua participação na divisão do trabalho (agora ainda mais internacionalizada), analise as assertivas abaixo. I. Devido ao fortalecimento de seu parque industrial, a participação do Brasil no cenário internacional como país exportador de matérias-primas (carne bovina, cana-de-açúcar, minério de ferro, soja etc.) tem declinado no comércio internacional. II. A participação do Brasil na DIT permanece estritamente agroexportadora, tendo o agronegócio como principal setor produtivo. III. O Brasil, apesar das signifi cativas transformações no seu parque industrial que ocorreram nas últimas décadas, continua sendo um país exportador de matérias-primas, como cana-de-açúcar, minério de ferro, soja etc. IV. Apesar da internacionalização crescente, o Brasil não participa da DIT, uma vez que possui tanto um parque industrial variado, cuja tecnologia de ponta é predominante, como uma forte agricultura. É correto o que se afi rma em a) II e IV, apenas. b) I e II, apenas. c) III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II, III e IV. QUESTÃO 07 (FGV 2014) A questão está relacionada ao gráfi co e ao texto apresentados. Desde 2007, os produtos básicos sinalizam uma estabilização no quantum importado, apresentando pequena variação entre as quantidades máxima e mínima em cada ano. Por sua vez, os produtos semimanufaturados, após período de estabilidade, começam a mostrar tendência de crescimento. Enquanto isso, as quantidades importadas de produtos manufaturados tiveram crescimento contínuo e foram fortemente aceleradas nos dois últimos anos, impulsionadas pela demanda doméstica e pela forte valorização do real. (http://www.aeb.org.br/userfi les/fi le/AEB%20%20Radiografi a%20 Com%C3%A9rcio%20Exterior%20Brasil.pdf. Adaptado) A leitura das características do comércio internacional do Brasil em dois momentos (1995 e 2007) permite concluir que: a) somente uma maior nacionalização da economia permitirá ao Brasil superar o atraso tecnológico, que o torna dependente da importação de produtos industrializados. 01 A EVOLUÇÃO DO CAPITALISMO E A DIT 330 b) mesmo com os esforços desenvolvimentistas do Estado, o Brasil conserva sua vocação agrícola, já que a exportação de commodities é sufi ciente para custear a importação de produtos industrializados. c) embora o Brasil se equipare em termos de competitividade com outros países industrializados, o forte crescimento do mercado interno exige a importação de manufaturados. d) apesar da posição do Brasil na Nova Divisão Internacional do Trabalho, o país ainda mantém a dependência na importação de produtos de alto valor agregado. e) o fato de as atividades industriais manterem-se fortemente concentradas explica a baixa produção e a necessidade de importação de bens manufaturados. QUESTÃO 08 (UERJ 2010) A fusão da Sadia com a Perdigão, em maio de 2009, resultou na criação da Brasil Foods, décima maior empresa alimentícia do continente americano e segunda do país. Esse evento é decorrente de uma estratégia das grandes corporações e representa uma tendência mundial da atual fase do capitalismo. A denominação da atual fase do capitalismo e uma justifi cativa para a adoção dessa estratégia estão indicadas em: a) liberal - redução dos preços das mercadorias. b) monopolista - ampliação da participação no mercado. c) monetarista - diminuição dos custos de comercialização. d) concorrencial - aumento da escala de compras da companhia.s QUESTÃO 09 (UNAMA) Com o advento da Terceira Revolução Industrial, também conhecida como Revolução Técnico-Científi ca ou Revolução Informacional, o capitalismo atinge sua fase informacional-global. Isso ocorre no pós-Segunda Guerra, sobretudo a partir dos anos 70 do século XX, com a expansão de empresas multinacionais e diversas tecnologias no espaço mundial. (Adaptado de Moreira, J.C e Sene, E. Geografi a do Ensino Médio, p. 174) Sobre o assunto, é correto afi rmar que a) nessa fase do capitalismo, os países tornam-se cada vez mais vulneráveis aos interesses das grandes corporações internacionais, fato associado à crescente circulação de capitais, mercadorias, informações e pessoas, características importantes do processo de globalização. b) a característica mais importante e fundamental dessa etapa do desenvolvimento capitalista é a crescente importância do conhecimento, fato que tem gerado maior interdependência entre os países e diminuído a desigualdade econômica e social entre as nações. c) nessa fase do capitalismo, ocorre uma verdadeira “guerra” nas bolsas de valores e mercados futuros em diversos países do mundo como também em outros setores econômicos. Este período é também caracterizado pela igualdade competitiva entre empresas de países pobres e ricos. d) no capitalismo globalizado, a intensifi cação dos fluxos comerciais no espaço mundial é intensa e harmônica. Os produtos são transportados por enormes navios, trens, caminhões e aviões, que circulam por modernas e intricadas redes que cobrem grandes extensões da superfície terrestre. QUESTÃO 10 (UERJ) O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) do Ministério da Justiça condenou, ontem, as empresas Roche, Basf e Aventis. Segundo o Cade, essas empresas teriam restringido a oferta e elevado os preços no Brasil das vitaminas A, B2, B5, C e E, na segunda metade dos anos 90. Elas também teriam impedido a entrada de vitaminas chinesas, a preços mais baratos, no Brasil. As empresas já haviam sido condenadas por práticas semelhantes na Europa e EUA. Juliano Basile. Adaptado de Valor Econômico, 12/04/2007 Desde o fi nal do século XIX, tornou-se um aspecto marcante do modo de produção capitalista a formação de grandes empresas capazes de controlar a maior parte ou mesmo todo o mercado de um ou mais produtos. A notícia acima expressa a seguinte prática presente nessa realidade centenária, associada à seguinte característica do atual momento econômico: a) holding - fusão de companhias do mesmo setor. b) cartel - controle do mercado em escala planetária. c) oligopólio - padronização mundial das leis de concorrência. d) dumping - protecionismo para produtos de países emergentes.